Destaques

quinta-feira, julho 26, 2007

Sobre as vaias

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook



Está em circulação no Rio de Janeiro uma camiseta que usa o mascote do Pan, Cauê, para fins não oficiais. Não é aquela, já conhecida, em que o solzinho segura um fuzil, feita por uma ONG para denunciar a violência da cidade. Esta já foi recolhida pelos digníssimos defensores da imagem do Rio de Janeiro, e os responsáveis pela confecção foram para trás das grades.

A novidade é uma peça anunciada na newsletter de César Maia, prefeito do Rio de Janeiro. No email do dia 24 de julho, depois de análises políticas (sic) diversas, seguem os seguintes links

CAMISETAS DE LULA NO PAN ESTÃO À VENDA PELA INTERNET! Clique abaixo.

http://www.camisaonline.com.br/estampa_info.php?imgF=
arquivos/cat/Esportes/jogos%20panamericanos/p/af_5514
_37263.jpg&a=100&l=100&img_id=37263&c=F


ou

http://www.camisaonline.com.br/estampa_info.php?imgF=
arquivos/cat/Esportes/jogos%20panamericanos/p/af_5514
_37262.jpg&a=100&l=100&img_id=37262&c=F



Trata-se (ou tratava-se, porque a camiseta acima não está mais disponível), de uma "brincadeira" com as vaias que Lula levou na abertura do Pan, no Maracanã. E usando o mascote oficial dos Jogos, vejam só. Alguém foi preso por isso?

E a propaganda feita por Cesar Maia significa que a vaia foi orquestrada por amiguinhos do prefeito? Impossível saber, é claro. E como um político, ainda por cima exercendo um cargo, faz propaganda de um produto desses, sem a grita geral da nação? Ok, essa resposta eu conheço.

Agora, como era de se esperar, está se dando uma guerra de versões. O texto do blog da redação do UOL (!) no Pan afirma quase categoricamente que o prefeito é o líder de variadas vaias nesse Pan.

"Quem duvidou que os apupos ao presidente na cerimônia de abertura dos Jogos foram orquestrados pelo inimigo político agora tem certeza - os simpatizantes de Maia também vaiaram as delegações da Venezuela e Bolívia, países que se envolveram em polêmica com a indústria petroleira brasileira, cujo epicentro é o Rio."

Já Gustavo Almeida, blogueiro do JB Online, acredita que a camiseta é uma reação popular ao acontecido - e aproveita para dar umas bordoadas em Lula.

"A vaia histórica que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva levou no Maracanã durante a cerimônia de abertura dos Jogos Pan-Americanos, na sexta-feira, já caiu no gosto popular do carioca. Além de já terem sido criadas comunidades no Orkut como A vaia que Lula levou no Pan, desde a manhã de sábado já há camisas sendo vendidas por camelôs na Zona Sul do Rio."

A situação é tão bizarra que é quase inacreditável.

16 comentários:

Glauco disse...

Comentei em um post do Bla Bla Gol que as vaias pareciam orquestradas. Tinha até "ensaio" no You Tube e no dia seguinte o alcaide César Maia já espinafrava o presidente. Persistiu no assunto, inclusive nessa newsletter em que anuncia a venda das camisetas voltou a falar das vaias. Praticamente virou uma marca do prefeito contra o Lula.

Anônimo disse...

Não consigo ver maldade nisso, na real. A oposição ao presidente existe e, num país desorganizado como o nosso, se traduz em manifestações desse tipo, cuja maior meta é fazer graça e dar ao participante uma sensação de "eu fiz a minha parte".

Não sei se o Maia orquestrou, mas mesmo assim não precisava. E com o FHC/Alckmin/Serra seria a mesma coisa, podem apostar.

Glauco disse...

Tyudo bem, Olavo. Mas então porque o César Maia foi aplaudido? Se o Brasil é tudo isso que você falou, pq o alcaide não recebeu as mesmas vaias? E porque vaiar as delegações da Venezuela e Cuba? Não me parece mera coincidência e nem algo "desorganizado"...

Anônimo disse...

Nada mais reacionário que um "seria a mesma coisa", essa tentativa de esvaziar o debate. Seria a mesma coisa em que condições? Com FHC/Alckmin/Serra sendo achincalhado pela mídia classe média (desculpem o trocadalho) por meses e por razões as mais canhestras, sendo acusados sem provas e sem fontes de todo tipo crime? Aí a gente poderia pensar... mas quando é que isso seria, nesse país desorganizado?

Anônimo disse...

Caras, eu não achei em nenhum momento que as vaias foram um "protesto". Eu as enquadrei como "gracinha".

Falei isso em outros fóruns que tinham opositores se vangloriando do ocorrido, achando que isso mostrava a nova consciência do brasileiro e blablabla.

Nós, que votamos no Lula, precisamos ter ciência que o presidente não é unanimidade. E que tem muita gente que não gosta dele e que o vaia com prazer. Isso, somado à tendência brasileira - e particularmente carioca - do deboche, fizeram com que grande parte do Maracanã o vaiasse. Grande parte composta por eleitores do Luiz Inácio, inclusive, que só queria criar caso e aparecer na TV.

fredi disse...

Olavo, adoraria acreditar, como você, que o mundo é justo, nada foi armado, que Papai-Noel e gnomos existem...

Mas acho mais plausível o golpe do Cesar Maia. Aliás o que falar do ensaio das vaias no Google? Coincidência...

A ingenuidade tem limite...

Anônimo disse...

O bizarro mesmo é terem feito camisetas com o Solzinho com armas. O Rio é uma cidade tão pacífica...

****

Acho também, que a vaia misturou tudo. Claque, gozação, turba, etcetera e tal. Nada demais, porém... fato que havia uma pré-disposição para que acontecesse. Repito que nenhuma claque faria um Maracanã inteiro vaiar ou aplaudir sem a predisposição.

****

Pode parecer incrível, mas o carioca gosta do Cesar Maia. Era mais ou menos aquela empatia estranha que o paulista tinha com o Maluf, que gerou o pernicioso lugar-comum : "Maluf rouba mas faz".

Anônimo disse...

A próxima camiseta sua será,"Cesar Maia pra presidente", ou "Volta FHC"(ou ACM), ou "Sou papagaio de tucano", ou ainda, "Pago pau pra jornalista"...vc precisa por um tucano no seu blog, ou filie-se com o DEM de uma vez

Anônimo disse...

Não estava no Maracanã e nem sequer assisti às imagens da mega-vaia. que bela opinião posso ter?

Se eu tivesse uma oficina de silk no rio de janeiro hoje, estaria produzindo camisetas do cauê com fuzil e com "eu vaiei o lula", uma das infindáveis paródias ao "eu fui" do rock in rio em que Sandy e junior cantaram e que se repetiu depois em Portugal.

digressões à parte, o eleitorado da capital fluminense votou em massa em Lula no 2o turno de 2002 (80,9%) e de 2006 (65%). A aprovação de Lula pode já ter sido maior e a irreverência carioca deve ser considerada.

os 250 pilas de entrada no maracanã selecionaram o público de classe média e alta que é majoritariamente anti-lula. Se é pró-cesar maia, não sei. O datafolha aponta menos de 1/3 de aprovação. no complexo do alemão parece que é bem baixa, já na zona sul, desconheço.

acredito que uma claque bem espalhada e numerosa que começasse e persistisse numa vaia ao presidente realmente levaria a massa à vaia.

O parceiro Victor escreveu bem, 90 mil é mta gente pra uma claque sem predisposição.

e a massa é engraçada. tem um pessoal que escreveu mto sobre o comportamento dela e sobre o poder do grupo (tema que implora uma mesa de boteco). mas acho que não precisava nem de tanta predisposição pra uma claque se fazer ecoar nem de tanta claque pra gerar predisposição.

insisto na teoria dos 250 pilas.

em edições da virada cultural de sp, vi o serra duas vezes, e ouvi duas vaias homéricas. ouvi outros relatos semelhantes. zero linhas no jornal (exceto da adolescente Brunna Rosa, no jt, que não vem ao caso).

é igual? não. analisado isoladamente é um crime, uma aberração, falta de democracia ou, ao contrário, manifestação de consciÊncia política? tampouco em nenhum dos casos.

Se o cesar maia armou, criou o fato político claro e objetivo. A tese da claque vai permanecer como conspiração mesmo se aparecer um cara que organizou a claque.

agora, comparar Cesar Maia a Maluf é curioso. gostaria de mais elementos para poder opinar. eu ouvi bar do vavá?

só não digo pros parceiros do Blagol pegarem a ponte aérea, pq é mancada. Ainda que eles leiam Veja. (confesso, nunca ter manifestado tanta consideração pública a leitores de Veja)

Edu Maretti disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Edu Maretti disse...

Bom, fechado o jornal, ainda tá em tempo. Precisa ter algo entre o maniqueísmo e a ingenuidade.

Num primeiro momento,achei as vaias justas. Porque estava muito presente na minha cabeça o episódio do Complexo do Alemão (e a imprensa já se esqueceu disso). Mas só num primeiro momento, porque evidentemente o lance das vaias foi uma coisa, sejamos claros, bem característica da direita. No ano que vem tem eleição e quase 6 mil municípios vão escolher seus prefeitos. Aquelas não eram vaias espontâneas do povo do RJ, eram evidentemente planejadas (aliás, anuncia-se uma passeata "Fora Lula" na av. Paulista para breve, parece).

Acho pertinentes as colocações do Victor e a comparação Maia/Maluf.

O tal "golpe midiático" se insinua assim, sutilmente... e, como dizia Caetano Veloso na época da Tropicália: "(ainda) é preciso estar atento e forte".

PS: o "omentario excluído" acima é meu. Tinha um erro de digitação prejudicial...

Netto de Deus disse...

Quando os jogos se forem, essa babaquice da vaia vai se transformar em choro com direito ao manjado "é armação!". Por quê? Prestação de contas do dinheiro gasto. Quem ri por último...

Anônimo disse...

Eu que não sou o ingênuo daqui, tenho certeza...

Glauco disse...

Acho que o post da Thalita trouxe fatos novos que não foram comentados aqui e mostram que de homem público, o César Maia só tem o "público". Mas, duas coisas:
1 - Não dá pra dizer que foram as 90 mil pessoas do Maracanã que vaiaram.
2 - Se as delegações da Venezuela e Cuba, na mesma ocasião, foram também vaiadas, por que durante as competições as vaias são centradas na delegação norte-americana, a ponto do alcaide carioca hoje, em seu blog, fazer a condenação de tais vaias. Não é o mesmo "povo" fluminense que vaia Cuba e Venezuela e depois vira a casaca e vaia os EUA? Não creio.
Estranho fenômeno de diferentes "espontaneidades"...

Marcão disse...

Uma salva de vaias para o César Maia.

Nicolau disse...

Participo atrasado. Olavo, pra mim a diferença é a seguinte: se tivesse claque para aplaudir o Lula todo mundo diria que é ridículo, artificial e golpe de marketing safado. Então, se teve claque para vaiar, também é tudo isso, uai! Claro que a claque não é de milhares de pessoas, mas é suficiente para coordenar um esquema, ainda mais num público predisposto como diz a teoria dos 250 pilas do Anselmo. Claro também que o Lula não é unanimidade positiva, mas também não é negativa, como sei lá quantas mil pessoas vaiando num evento que ele (enquanto governo federal) foi o maior financiador pode parecer, principalmente após a amplificação dada pela mídia. Você pode até achar que foi tudo bobagem, sem maldade e coisa e tal. Mas O Globo não achou, nem o Cesar Maia. Ignorar a relevância política dessa "bobagem" é ingenuidade, bem como dizer que dá no mesmo se foi orquestrada ou natural.