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terça-feira, novembro 11, 2008

Governo francês quer clubes como empresas no futebol

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Seria a Lei Zidane? Ou a Lei Platini? Isso é um detalhe secundário e até improvável, mas o fato é que o governo francês apresentou um plano de 163 páginas que para transformar os clubes de futebol profissional em empresas. A legislação está prevista para sair em março de 2009, se tudo correr como pretende Nicolas Sarkozy. A notícia está no Valor Econômico (para assinantes).

No mês passado, Sarkozy anunciou que mandaria parar qualquer partida da seleção francesa em que o hino nacional fosse vaiado – no que foi duramente criticado por Michel Platini.

O cerne do projeto é implantar mecanismos de controle de gestão nos clubes, incentivar a construção de estádios privados e levar os times a funcionar como empresas. Clubes com dívidas serão impedidos de contratar novos jogadores, haverá limite de gastos e teto salarial para atletas contratados futuramente. A preocupação é com o crescimento do ordenado da turma da bola, que dobrou na França e cresceu 250% na Inglaterra.

Na parte de sanções aos clubes, a prática é bem diferentes das adotadas no Brasil, onde a Timemania foi a forma de se permitir arrecadar os recursos para pagar dívidas das agremiações com o INSS.

Tevê-dependência
O futebol francês é um dos que mais depende das cotas de TV na Europa, algo que lembra (com valores completamente diferentes) o que acontece no Brasil – com a diferença que, por aqui, a negociação de jogadores tem peso grande. Por isso, há medidas para melhorar os estádios e atrair mais torcedores. Eles ainda querem briga com a Comissão Européia, ao tentar restringir a cinco o número de estrangeiros de cada lado do campo.


O jornal faz uma comparação entre as receitas dos times da Inglaterra, Alemanha, Espanha, Itália e França. Os mais ricos são os ingleses, mas quatro clubes (Manchester United, Arsenal, Chelsea e Liverpool) detêm um terço dos 3,7 bilhõesde euros em dívidas, montante superior aos 2,3 bi de receita. Os italianos conseguem depender mais da cota da TV do que qualquer outro. Os alemães são os equilibrados que, proporcionalmente, mais faturam de promoção comercial (venda de patrocínio, de camisas e brindes, bem como do nome do estádio etc.). Na Espanha, 11 times caminham para a bancarrota.

Pelo jeito, não são só os brasileiros que sofrem com a crise. Mas que tipo de empresas seriam essas? O Blog do Santinha publicou ontem uma retrospectiva de dez anos da Lei Pelé e as divisões de base. O debate continua aberto.

5 comentários:

Olavo Soares disse...

Na lista de discussão por email sobre o Santos que eu participo, uma vez um colega fez uma observação interessante: nós deveríamos ter como ambição, em termos administrativos (e só administrativos, antes que alguém me xingue) não os clubes europeus de futebol, e sim as empresas do esporte dos EUA.

Lá a coisa é mais transparente, mais lógica. Cada dono administra seu clube visando obter mais lucro possível. E como ele vai ter lucro? Ora, montando bons times, ganhando campeonatos, vendendo mais camisas, etc..

Glauco disse...

Pois é, Olavo, mas aqui é bem complicado. Primeiro, como fica evidente no post, há uma disputa desigual com os clubes estrangeiros. E aqui já existe um incentivo legal para que os clubes se tornem empresas. O problema é que, aos dirigentes, isso não interessa pois seriam responsabilizados como dita o Direito Comercial. Imagine o que teria acontecido com Dualibs, Mustafás e MTs da vida...

Aqui falta o profissionalismo básico. O Santos teve uma geração inteira de craques à sua disposição e se aproveitou pouco disso. Com outros a situação foi similar.

Por conta das peculiaridades próprias do futebol de cá e de seu potencial, apóio a proposta aventada pelo Belluzzo: que a Petrobras e o Banco do Brasil banquem duas cotas gigantes de patrocínio, viabilizando a transmissão de jogos de todas as séries do Brasileiro por quem se interessar, garantindo assim uma concorrência menos desigual com os clubes de fora. Claro que seriam exigidas contrapartidas sociais dos clubes e de responsabilidade socio-econômica. Se não fossem cumpridas, adeus dinheiro.

Ou seja, protecionismo e apoio do Estado. Vamos salvar o futebol brasileiro!

Nicolau disse...

Acho que uma coisa não exclui a outra. A proposta Belluzzo-Glauco poderia ser um caminho para fazer a coisa começar a dar grana e intervir para livrar os clubes da bandidagem. Tendo como ambição chegar a ser empresas bem administradas e que dão grana.

Filipe Araújo disse...

"Sarkozy anunciou que mandaria parar qualquer partida da seleção francesa em que o hino nacional fosse vaiado"

Típica atitude de francês, né? Ô povo mala! jeje

Saludos!

http://gambetas.blogspot.com

Catedral de Luz disse...

Anselmo:

Todo trabalho de racionalização do futebol é bem vindo, mesmo que distante de nossa realidade. Sempre nos ensina, mesmo que espectadores.

Um dia, esta concientização chegará à "Terra Brasilis".

"Construir para poder conquistar! Acreditar sempre!"