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quarta-feira, novembro 12, 2008

Brasil é 110º em participação da mulher na política

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A BBC Brasil informa que um relatório do Fórum Econômico Mundial (FEM) aponta o Brasil como o 110º do mundo em participação política das mulheres em relação aos homens (no Congresso e no Executivo) - em uma lista de 130 países. Prova disso, como bem observou o blogue parceiro Donas de Si, é que as mulheres não representaram nem 30% das candidaturas nas últimas eleições (cota estipulada por lei), segundo levantamento da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres da Presidência da República, com base em dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Um exemplo foi a região do ABC Paulista, berço político do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, onde, em sete cidades, não houve uma única candidata a prefeita, ao contrário de eleições anteriores.

No geral, segundo o FEM, o Brasil está apenas em 73º lugar no ranking que mede a igualdade entre os sexos. O relatório compara as oportunidades que mulheres e homens têm nas áreas de educação, saúde, economia e política. Na América Latina e Caribe, o Brasil é o país com o 17º melhor desempenho. A Argentina (24º no mundo) e Cuba (25º) são os países que mais promovem a igualdade entre os sexos na região. Já em comparação com os países emergentes do Bric (Brasil, Rússia, Índia e China), ficamos atrás da Rússia (42º no ranking) e da China (57º), mas superamos a Índia (113º). O relatório do FEM afirma que a Noruega é o país que melhor promove a igualdade entre os sexos, seguido por Finlândia, Suécia (que liderou o levantamento de 2007), Islândia e Nova Zelândia.

9 comentários:

Olavo Soares disse...

Não entendi essa parte das candidaturas femininas serem inferiores ao que estipula a lei. Isso não é obrigatório, algo como "se não tiver 30%, não entra"? Sempre achei que fosse assim...

Glauco disse...

Tem duas questões aí, Olavo. A primeira é que a legislação não estabelece sanção para quem desrespeita a cota. Aliás, a lei diz, textualmente, que "cada partido ou coligação deverá reservar o mínimo de trinta por cento e o máximo de setenta por cento para candidaturas de cada sexo". Ou seja, protege a igualdade e não faz referência ao sexo feminino especificamente.

A segunda questão é que existem dois subterfúgios: o primeiro é que um partido pode registrar até 150% dos candidatos correspondentes às vagas disponíveis no Legislativo; se for coligação pode registrar 200%. Ou seja, se São Paulo tem 55 vereadores, um partido pode registrar 55 mais 27, uma coligação, 110 candidatos.

O truque acima é que um partido registra 82 candidaturas, cumprindo a cota, mas efetivamente apresenta 50 candidatos "reais", por exemplo. E todos podem ser homens, enquanto as candidaturas femininas ficam em aberto mas não são pra valer.

Thalita disse...

tenho impressão de que no Brasil as mulheres na política são consideradas "acessório" e até ridicularizadas. Tô errada?

Glauco disse...

Acho que você não está errada, Thalita... Aliás, essa lei das cotas é uma adaptação de uma lei anterior, de autoria da então deputada Marta Suplicy.

Nicolau disse...

Talvez seja onde mais se manifesta o preconceito contra a mulher. Cargos políticos são considerados cargos de mando, e isso, claro, é coisa de macho. É triste, mas cabe às mulheres mudar essa situação, brigando dentro dos partidos e outras entidades e votando preferencialmente em mulheres. Não é razoável esperar que os homens desistam de poder, ele terá que ser tomado.

Thalita disse...

é claro Nicolau. Será assim na política como foi com todas as outras conquistas. Mas deve ser duro ser exposta do jeito que as políticas são por toda uma carreira, tendo que provar competência enquanto o senso comum diz que são incompetentes e não deveriam estar ali. Difícil...

Nicolau disse...

Difícil pra caramba, Thalita, uma porcaria que a situação seja essa...

Anselmo disse...

Acho que tem um papel pros homens também. No mínimo, se ofender ao presenciar cenas de machismo explícito. Principalmente em ambientes de movimentos sociais, de partidos políticos, em câmaras de vereadores e assembléias legislativas.

Ainda assim, é um papel coadjuvante.

Mas acho curioso o Forum Econômico Mundial fazer pesquisa para confirmar que existe desigualdade de gênero. Para comprovar que o mercado não produz igualdade de jeito nenhum.

Marcão disse...

Na região do ABC, que citei no post, o PT perdeu em duas cidades exatamente em locais onde os homens venceram quedas-de-braço com as mulheres.

Em Ribeirão Pires, a ex-prefeita Maria Inês Soares, que tinha sua eleição dada como certa, queria que o partido a oficializasse como candidata por consenso.

Houve um racha e a opção foi pela realização de prévias, fazendo com que Maria Inês desistisse publicamente pela disputa municipal. Resultado: o PT levou uma sova e Clóvis Volpi (PV) se reelegeu com sobras.

Outro caso notório foi o de Santo André, onde a vice-prefeita Ivete Garcia forçou a mão para ser a candidata do PT, com o apoio da maioria dos secretários municipais. Só que o prefeito João Avamileno preferiu apoiar o deputado estadual Vanderlei Siraque, vencedor das prévias contra Ivete.

O racha foi inevitável: o secretariado de Avamileno pediu demissão coletiva e boa parte do PT não fez muita questão de militar ativamente na campanha de Siraque. O PT perdeu a chance de liquidar a fatura no primeiro turno e Aidan Ravin (PTB) conquistou a Prefeitura no segundo.

Fica a pergunta: e se Maria Inês tivesse concorrido em Ribeirão Pires e Ivete Garcia em Santo André? Faltou crédito ou força política interna?