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terça-feira, outubro 07, 2008

De novo, um dia de mesário

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A votação corria tranquilamente na seção quando, de repente, acontece aquilo que você acha que só pode ocorrer na zona eleitoral vizinha. A urna pára de funcionar. Os mesários correm e verificam a danada e a presidente de mesa chama alguém do cartório eleitoral para resolver a questão.

Os eleitores, que eram poucos, começam a se avolumar do lado de fora. Os bochichos começam e o primeiro mesário, por ser o único homem do local, é o responsável por organizar a fila. Avisa aos presentes o ocorrido e começa a sentir os olhares fulminantes. Quando volta para dentro da sala de votação, escuta a voz de um cidadão reclamando.

Nada de ajuda, nada da urna voltar a funcionar. Já se passaram dez minutos e a fila atinge a porta da seção vizinha. O burburinho aumenta, as pessoas esticam o pescoço para olhar a sala. O suor frio dos ameaçados serventes da Justiça Eleitoral mostra que é preciso agir. Acostumado a fazer e ver gambiarras de redes, computadores e quetais no lugar onde trabalha, o mesário tenta resolver do jeito que sabe. Muda a urna eletrônica de tomada e gira a chave da dita cuja para tentar religá-la. Ela demora, mas três minutos depois reinicia.

Ainda o burburinho e certa impaciência. O cidadão que reclamava agora já fala mais alto dizendo que todo ano (sic) é a mesma coisa. O mesário volta à fila e comunica aos primeiros que logo que a urna reiniciar, a votação volta. Procura quem é o exaltado. Um senhor de uns cinquenta anos e pouco mais de um metro e meio de altura. Chega perto dele e fala ao interlocutor do reclamão: “Tá tudo resolvido”. Olha para o cidadão, que cala. E assim permanece. Vinte anos a menos e trinta centímetros a mais às vezes resolvem impasses de forma rápida, sem discussão. Tudo em nome da democracia.

***************

O cidadão chega à fila da votação com todos os odores demonstrando que de fato a lei seca estava suspensa. Torto, pergunta se é ali o local em que ele vota, pois esqueceu o título.
- O senhor pode aguardar aqui que vou verificar.

- Pô, obrigado, irmão. Você é um abençoado, rapaz!

O mesário verifica a lista e vê que é ali mesmo que o ébrio vota. Comunica a ele e pede para que entre na fila. Quando chega a sua vez, o cidadão senta em frente à cabine. Demora, demora, fala consigo mesmo e não vota. A mesária pergunta se há algum problema.

- Esqueci os números. - comenta com a voz embargada, provavelmente lembrando que esqueceu a cola no balcão do bar.

- Não tem importância, o senhor pode consultar ali fora. - diz a mesária, apontando pra que o guardião da fila orientasse o cidadão, já que o voto dele estava em aberto e ninguém mais poderia votar se ele não o concluísse.

O mesário mostra a lista afixada para ele, que fica ali durante minutos, não sem antes agradecer de novo. Nova fila começa a se formar. Já vendo mais um momento crítico que se aproximava, o mesário vai até ele. 

- Não sei onde está o nome dos candidatos. – reclama, olhando para o papel onde estavam os nomes dos candidatos.

- Aqui estão os vereadores, e aqui, os prefeitos. O senhor precisa anotar os números. Os números... - orienta o mesário, já algo desesperado.

Ele começa a desenhar os algarismos no papel. Depois de anotar o número do vereador, o homem empaca.

- Mas não estou achando o nome do fulano pra prefeito. - protesta.

- Mas, senhor, ele é candidato a vereador, não a prefeito...

- Ah, tá. Então não dá pra votar nos dois.

- Não. Não dá pra votar nos dois... Os candidatos a prefeito são esses. - aponta o já impaciente auxiliar eleitoral.

O homem anota um número e volta a agradecer de forma enfática.

- Pô, cara. Tu é abençoado. Ainda bem que tu me ajudou porque estou com uma baita carga espiritual pesada...

O homem finalmente votou e o mesário adicionou ao seu vocabulário a expressão “Carga espiritual pesada” como sinônimo de embriaguez alcóolica. O bom das eleições é que a gente sempre aprende.

PS: o personagem da segunda história é exatamente o mesmo que propiciou outra cena nas eleições de 2006 .

segunda-feira, outubro 06, 2008

Balanço das eleições no ABC

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Antecipo-me ao Sartorato e faço um balanço do resultado das eleições na região do ABC paulista, área simbólica para o PT e de grande concentração de eleitores.

Começo por Mauá, a pérola deste pedaço de São Paulo. O candidato petista Oswaldo Dias recebeu 48,16% dos votos e foi para o segundo turno contra Chiquinho do Zaíra (PSB), que teve 27,20%. Os petistas mauaenses acreditavam vitória já no primeiro turno, o que gerou certa decepção, pelo que eu ou vi falar, mas acho que nada que acabe com as chances do candidato. Chiquinho é apoiado por forças conservadoras tradicionais da cidade, mas não conseguiu um discurso até agora que mobilize o eleitorado. Acho que Oswaldo volta para a cadeira que ocupou entre 1996 e 2004. Uma curiosidade sobre a eleição mauense está no terceiro vereador mais votado na cidade: o comediante Ivan Gomes, o popular Batoré, da Praça é Nossa. Ele conquistou 4.778 eleitores com seu brilhante slogan de campanha “Ah, vota, ô!”.

Em Santo André, Vanderlei Siraque (PT) também bateu na trave para encerrar a questão neste domingo, tendo recebido 48,9%. Fará segundo turno contra Dr. Aidan, do PTB, que foi escolhido por 21,76% dos eleitores. As pesquisas apontaram durante toda a campanha disputa acirrada pelo segundo lugar entre Aidan, Salles (DEM), que teve 19,01% e Oswaldo Brandão (PSDB), que terminou mais atrás, com 8,32%. Siraque não terá vida fácil no segundo turno, mas deve levar.

Em São Bernardo, terra de Lula, outra disputa que quase acaba domingo. Luiz Marinho (PT) teve 48,27%, contra 37,55% de Orlando Morando (PSDB). A disputa aqui tende a ser mais difícil. O PT só conseguiu governar a cidade uma vez, com Maurício Soares, eleito em 1988. Em 1994, deixou o partido e em 1996, volta à prefeitura pelo PSDB. É reeleito em 2000, se afasta por problemas de saúde em 2003 e deixa William Dib (PSB), que se reelege em 2004. Hoje, Soares retorna, qual filho pródigo, ao partido onde surgiu, e é coordenador da campanha de Luiz Marinho. Se conseguir levá-lo à prefeitura, terá consolidado sua vocação para campanhas vitoriosas.

Em São Caetano, nada de novo: mais um passeio do lado mais conservador, representado dessa vez por José Auricchio, candidato a reeleição, que recebeu a bagatela de 78,14% dos votos. O PT vem em segundo, com o inusitado candidato Jayme Tortorello, que teve 13,02%. A família Tortorello dominou a política de São Caetano por um bom tempo e o próprio Auricchio foi apoiado por eles em sua primeira eleição, mas rachou com o clã. Assim, o Jayme conversou com o PT e ali amarrou seu burro. Acabada a aventura eleitoral, veremos o que vira a aliança.

Por fim, em Diadema, Mario Reali (PT) levou de cara com 58,26% dos votos, a disputa contra José Augusto (PPS), que, segundo meu pai, é apelidado de Zé Preá. Acreditava-se que a briga ia ser mais feia, por conta da experiência de José Augusto.

Em Ribeirão Pires, Clovis Volpi (PV) reelegeu-se com 73,2%, assim como o tucano Kiko, em Rio Grande da Serra, que recebeu 80,99%. Os dois exageraram na votação, já que as cidades não têm segundo turno.

Surpresas na reta final

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Kassab (direita) passa como favorito, e Gabeira (PV) confirma ascensão


O prefeito Gilberto Kassab (DEM) decolou na reta final e virou a disputa em São Paulo. Se a virada sobre o terceiro colocado Geraldo Alckmin já estava consolidada, a superação da petista Marta Suplicy não foi sequer apontada pelas pesquisas de boca-de-urna. Tudo livre para o preferido de José Serra, que não mobilizou nem sua ampla calva pela campanha do correligionário de partido – aquele que dizia que "estava com o PSDB", ou seja, o próprio partido. Soninha também avisou que não vai de Marta nem que a vaca tussa.

Para quem teve menos votos no primeiro turno do que em 2000 e 2004, Marta terá que achar um discurso melhor do que comparar gestões. Kassab tem entre 48%, a mesma de Marta na eleição de 2004, ao que consta, embora tenha terminado com mais. Como a campanha do prefeito tem o "apoio" de Kassabinho, o boneco, e agilidade para responder, será uma reversão difícil.


Quem vai ter de sambar é a Marta

Já Fernando Gabeira (PV) mostrava que ia disputar o segundo turno com Eduardo Paes (PSDB) nas pesquisas de sábado. Até o prefeito e ex-blogueiro César Maia previa o resultado. Quem diria, o peemedebista Eduardo Paes busca agora apoio de Lula. Gabeira deixou a pecha de "candidato da Zona Sul".

Em Belo Horizonte, a surpresa foi por haver segundo turno. Márcio Lacerda (PSB) tem o apoio formal de Fernando Pimentel (PT), atual prefeito, e apoio informal mas explícito até em propaganda eleitoral do governador tucano Aécio Neves. A solução foi a forma de viabilizar a articulação tucano-petista na capital mineira sem afrontar a determinação da Executiva Nacional do PT. Leonardo Quintão (PMDB) surpreende pelo crescimento no final.

Nas capitais, o PT fez cinco prefeitos em primeiro turno e tem mais quatro na disputa. O PMDB pode chegar a oito capitais caso vença nas cinco que disputa segundo turno. O PSDB também fez dois e pode chegar, no máximo, a quatro.

Vereador
Em São Paulo, candidatos como Sérgio Mallandro, Dinei, Ademir da Guia e Dr. Farah não aparecem entre os 55 primeiros. Gabriel Chalita (PSDB), que só saiu candidato, segundo ele próprio, pelo apelo de Geraldo Alckmin, de quem foi secretário de educação, foi o mais votado, e o único a alcançar mais de 100 mil votos. Senival Moura (PT) que já era vereador surpreendeu como o mais votado do PT, na frente de Arselino Tatto e Antonio Donato.

A coligação PT, PCdoB etc. fez 1 milhão de votos, seguida da PMDB-DEM com 927 mil, e do PSDB com 870 mil. No Rio, Democratas tiveram 450 mil, seguidos do PSDB com 250 mil e do PMDB com 234 mil.

Palpites
Qual o palpite para o segundo turno? Não vale dizer que é mais fácil prever os rebaixados do Brasileirão.

domingo, outubro 05, 2008

Enquanto isso, na eleição sem lei seca...

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Saio do local de votação e procuro um supermercado. Com uma ressaca dos infernos, pego uma garrafa de suco de laranja (denúncia!) e me dirijo ao caixa rápido. Na fila ao lado, uma senhora de uns 60 anos, alta, cabelo tingido, bem vestida e maquiada segura prosaicamente uma garrafa de Velho Barreiro na mão. À sua frente, outra senhora, de uns 80 anos, porta um picolé de morango. Nisso, a "Velha Barreira" fala para o rapaz que está em primeiro na fila:

- Moço, por favor, deixe esta senhora passar primeiro. O sorvete dela vai derreter.

E o rapaz, educado:

- Ah, claro! E a senhora, se quiser, pode passar na frente também.

Impávida, a elegante manguaça arremata:

- Não, obrigada, minha compra não derrete. Quer dizer, vai derreter só o meu estômago!

E dá uma gargalhada insana, para espanto dos sóbrios presentes no recinto...

sexta-feira, outubro 03, 2008

Baú de Campanha: as eleições paulistanas de 1988

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As eleições municipais de 1988 em São Paulo são tidas como uma das grandes zebras do período pós-redemocratização. O candidato do então PDS Paulo Maluf liderou durante a maior parte do tempo as pesquisas, enquanto o PMDB, fortalecido pela conquista do governo do estado em 1986, tentava vencer a eleição na capital após a derrota em 1985 . Por fora, estava o PT, que apresentava uma ex-integrante das Ligas Camponesas da Paraíba como candidata à prefeitura.

Luiza Erundina emigrou para a capital paulista em 1971, por conta da repressão ao movimento no campo pela ditadura militar. Tornou-se presidente da Associação Profissional das Assistentes Sociais de São Paulo e foi chamada por Lula, junto com outras lideranças sindicais, para fundar o Partido dos Trabalhadores em 1979. Dentro do partido, começou sua trajetória de conquistas na política. Em 1982, foi eleita vereadora na capital paulista e, quatro anos mais tarde, deputada estadual.

Para ser candidata do PT à prefeitura de São Paulo, Erundina teve que disputar uma prévia onde enfrentou o então deputado federal Plínio de Arruda Sampaio, candidato da corrente Articulação e apoiado pelos caciques do partido, inclusive pelo próprio Lula. Mesmo assim, teve 5.544 votos enquanto Plínio ficou com 3.982 votos. Curioso que, à época, o adversário de Erundina era considerado mais à direita, defendendo inclusive a necessidade de alianças, o que contrariava o curto histórico do partido. Mais tarde, sairia do PT e migraria para o PSol, após ser derrotado no PED de 2006.

A vida de Erundina e de seu partido não era fácil, como se pode notar nesta entrevista ao programa Roda Viva, logo depois de sua candidatura ser oficializada. O jornalista Boris Casoy é dos mais virulentos contra a petista, repetindo uma pergunta que, para ele, é “clássica”, sobre a crença da parlamentar em Deus. Uma de suas dóceis questões é “Deputada, a senhora fala em espaços democráticos e democracia, prevê obediência à lei. A senhora tem apoiado, quando não promovido, invasões de terrenos urbanos em São Paulo ao arrepio da lei. Como a senhora pretende tratar esta questão das invasões, se é que a senhora vai parar de invadir, na prefeitura de São Paulo, se a senhora for eleita?”.

Ao final do programa, telespectadores telefonaram reclamando do tratamento dispensado a Erundina. A mídia, já anti-esquerda por natureza, se deparava com uma candidata mulher e nordestina. A eleição seria complicada...

A campanha

O hoje deputado federal Aldo Rebelo (PCdoB) participou da empreitada de Erundina. Foi a primeira vez que os comunistas se aliaram ao PT em São Paulo, junto com o PCB. Antes, haviam se coligado com o PMDB (apoiando FHC em 1985). No livro No Olho do Furacão, Rebelo conta como estava o clima da campanha em 14 de setembro. À época, o pleito era disputado em turno único e a votação seria no dia 15 de novembro.

Maluf dispara nas pesquisas e chega perto de 40%, enquanto o índice de Erundina sofre uma pequena queda. Mas é o bastante para que a campanha, ainda em busca de afirmação, entre em zona de turbulência. Argumentamos que o crescimento de Maluf e o nosso ligeiro declínio não têm maior significado. Maluf cresce no vácuo das forças conservadoras que, entre ele, Leiva e a alternativa PSDB, depositam mais confiança no ex-governador de São Paulo.”

O candidato tucano era José Serra e o partido recém-criado utilizava da bandeira da ética para se diferenciar da agremiação-mãe, o PMDB. O jingle serrista trazia versos com trocadilhos feitos com o nome do candidato (Serra, serra, serra essa mamata...) e seu principal adversário era justamente o peemedebista João Leiva. A estratégia era chegar ao segundo lugar nas pesquisas e desbancar o ex-secretário do governador Quércia, canalizando os votos anti-malufistas. Mas, com a ajuda da máquina, Leiva já era o segundo colocado em outubro.

Com um Leiva estagnado e um Serra sem discurso, Erundina começa a subir nas pesquisas. A cinco dias da eleição, ela tem 19% e está empatada com o peemedebista; Maluf tem 28%. Um dia antes, uma tragédia. Trabalhadores da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) que ocupam a empresa são reprimidos pelo exército e pela PM. Em meio ao que se convencionou chamar de massacre, três operários mortos e uma centena de feridos.

A vontade de mudança tomava corpo e Erundina crescia na reta final. Aldo Rebelo conta uma história exemplar do engajamento que vinha naturalmente para a petista às vésperas da eleição. “Alexandrina, Irene e Conceição são pernambucanas, moram no fundão da Zona Leste e ganham a vida fazendo faxina e costurando para famílias de classe média. Ontem, elas receberam uma oferta para ganhar cinco mil cruzados cada uma para fazer boca-de-urna para o candidato do PDS, Paulo Maluf. São quase 15 horas e só agora elas estão tomando a primeira refeição do dia: um sanduíche de queijo que recebem na porta do colégio. Mas estão satisfeitas. Rejeitaram a oferta de cinco mil cruzados e fazem boca-de-urna, de graça, para Luiza Erundina e para o candidato a vereador do PCdoB”.

Sem urna eletrônica, a apuração é lenta. Os primeiros votos a chegar são das regiões mais nobres e centrais. A apuração na periferia começa a dar a vitória para a primeira prefeita de São Paulo, como conta Rebelo. Em Guaianases, ela tem 41% dos primeiros votos apurados, João Leiva fica em segundo com pouco menos de 20%, e Paulo Maluf fica em quarto, depois dos votos em branco.

Erundina vence com 29,84% dos votos, seguida por Maluf que fica com 24,45%. Leiva vem a seguir com 14,17% e o tucano Serra tem 5,59%, quase empatado com o candidato do PL João Mellão, que alcança 5,39%.

segunda-feira, setembro 29, 2008

Pérolas do debate da TV Record

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O debate entre os principais candidatos a Prefeitura de São Paulo (à esquerda) na noite de ontem, organizado e transmitido pela TV Record, mostrou o esperado: Geraldo Alckmin (PSDB) e Gilberto Kassab (DEM) se engalfinhando. Depois que o tucano apareceu 4 pontos abaixo do adversário na briga por uma vaga no segundo turno, de acordo com pesquisa da Datafolha, os dois passaram o tempo todo se provocando. Alckmin insistiu em associar Kassab ao malfadado governo de Celso Pitta (PPB) - do qual o atual prefeito foi secretário de Planejamento. O "democrata" reagiu com uma revelação embaraçosa: a de que foi convidado por Alckmin para comparecer a duas reuniões - uma na casa do presidente municipal do PSDB, José Henrique Lobo, e outra na do candidato a vereador tucano Gabriel Chalita - para negociar uma possível desistência de sua candidatura. Geraldo negou com veemência, mas Kassab sustentou a indiscrição de bastidores.

No mais, como também já era esperado, o debate foi mais quente que o anterior, da TV Bandeirantes. Afinal, falta pouco para o dia da eleição e a tendência era mesmo que a "luta livre" imperasse. Candidato a reeleição, o prefeito Kassab levou bordoadas de todos os adversários. Preferiu responder com polidez e louvar seus "feitos", mas pareceu muito mais nervoso, gaguejante e atrapalhado do que no debate anterior. Alckmin parecia desesperado, porém, é tão insosso que suas tentativas de ataque soavam inofensivas e sem graça. Marta Suplicy (PT), primeira nas pesquisas, evitou confrontos o quanto pôde, mas, na hora do aperto, bateu mais em Kassab. Quando Ivan Valente, do PSol (acima, à direita), questionou a postura do PT de imitar a "direita" com privatizações e tercerizações, Marta não respondeu. Preferiu listar suas promessas.

Mas o show da noite, pra variar, foi mesmo Paulo Maluf (PPB). Logo de cara, escolheu alguém para saco de pancadas: a vereadora Soninha, candidata a prefeita pelo PPS. Na bucha, sem rodeios, o ex-prefeito disparou: "-Candidata, como a senhora vai coibir a venda de maconha nas escolas?" (referindo-se ao episódio em que Soninha assumiu seu apreço pela marijuana). A candidata engasgou e disse que isso é assunto para a polícia mas, no penúltimo bloco, Malufão voltou a carga, dessa vez mostrando a revista Época, de 2001, com Soninha na capa (foto à esquerda) - no que foi advertido pelo apresentador Celso Freitas, pois as assessorias dos candidatos haviam concordado que nenhum material seria mostrado para as câmeras.

Maluf ainda disse que Marta "é honesta" e classificou Kassab e Alckmin como "farinha do mesmo saco", pois "brigam na sala e fazem as pazes na cozinha". Por fim, Renato Reichmann (PMN) também colaborou para que o debate ficasse mais divertido, ao propor, como solução para o trânsito, que fiscais da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) pegassem caronas diárias com helicópteros das equipes de TV. Depois, afirmou que, nas creches, é preciso que a Prefeitura saiba até "quando a criança faz cocô" (nesses termos). Já o "Rolando Lero" Ciro Moura (PRN) é tão mala que suas bravatas nem merecem detalhes. Pelo o que aparenta, vai estar com Kassab no segundo turno, assim como Maluf. Reichmann e Soninha tendem mais para Marta. Valente e - principalmente - Alckmin são as grandes incógnitas. E se quem passar para o segundo turno for o PSDB, por favor, invertam os nomes de Kassab e Alckmin nas frases desse final de parágrafo.

sexta-feira, setembro 26, 2008

Ressentimento de Alckmin será o fiel da balança

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Numa noite dessas, entre espetos e garrafas num fórum adequado, eu e os camaradas comentávamos sobre a cristianização do tucano Geraldo Alckmin na disputa pela Prefeitura de São Paulo. Todos sabem que o colega de partido José Serra, governador do Estado, boicota sua campanha em favor da reeleição do atual prefeito Gilberto Kassab (DEM). E este será um fator determinante para definir qual dos dois enfrentará Marta Suplicy, do PT, no segundo turno. Na última pesquisa da Datafolha, ela apareceu com 37% das intenções de voto. Kassab e Alckmin (foto acima) estavam empatados com 22%, mas o primeiro só cresce.

A briga é antiga e o possível desfecho era exatamente o tema de nossas conjecturas na mesa do bar: no segundo turno, se passar o democrata, Alckmin apoiará? E se passar o tucano, Kassab subirá no palanque? O palpite consensual, no buteco, foi de que ambas as hipóteses são bem improváveis. Porque o fiel da balança será o nível de ressentimento de Alckmin, nem um pouco desprezível caso fique fora do segundo turno - afinal, ser fritado publicamente pelo próprio partido, que detém a máquina do estado mais rico do país, é coisa muito séria. Significa que, se permanecer no PSDB depois disso, sua carreira política será de coadjuvante para baixo.

E o tal ressentimento de Alckmin já começou a dar as caras. Primeiro, lançou uma provocação em sua campanha: "Em 96, Kassab estava com Pitta; em 98, Kassab estava com Maluf; em 2008, Kassab está com Quércia. Na mesma época, Geraldo estava com Serra, com Covas e, agora, com o PSDB" (notem que ele diz que estava com Serra, e agora está com o PSDB...). O democrata - com evidente bênção de Serra - rebateu com adesivos dizendo "Sou tucano, voto Kassab". Alckmin cogitou produzir outro adesivo, com golpe baixo: "Não existe meio tucano nem meio traidor". Kassab cutucou novamente a ferida, hoje, ao declarar que seu governo "também é tucano, sim".

No frigir dos ovos, se a imolação política de Alckmin for confirmada com sua ausência no segundo turno, podemos ter três situações bem interessantes. Segundo o camarada Glauco Faria, Geraldinho pode optar por apoiar Kassab (mas nenhum de nós acredita nisso), ou enfiar o rabo entre as pernas e declarar que não apóia ninguém, ou chutar o pau da barraca de uma vez e apoiar Marta. Este seria o primeiro passo para abandonar o PSDB e desembarcar em outro partido que lhe trate com um pouco mais de respeito, como o PTB, por exemplo. Concordamos todos que a idéia, para ele, não é ruim. Mas estaria Alckmin tão ressentido assim? Façam suas apostas.

quarta-feira, setembro 17, 2008

Enquanto isso, na Praia do Sossego...

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Gretchen, a eterna rainha do bumbum, já percebeu que se aproveitar da fama para fazer carreira política também tem seu preço. Candidata à prefeitura de Itamaracá (PE) pelo PPS, ela foi agredida na noite de ontem quando saía de um comício na Praia do Sossego (que de sossegada, como se percebe, não tem nada). "Tinha acabado o comício. Quando entramos no carro e andamos alguns metros, começamos a ser agredidos com várias pedradas, desferidas quando entramos na estrada do Sossego, que é cercada de mato e sem iluminação. Não tenho dúvidas que foi um crime político", disse a "cantora"/ "atriz" pornô/ candidata, que nada sofreu. Dois veículos tiveram os vidros destruídos e o motorista do carro de som machucou levemente o braço. Gretchen, que já sofreu outra agressão polêmica, foi à delegacia de Paulista, terra do Rivaldo, registrar a ocorrência.

quinta-feira, setembro 11, 2008

Me esquerda que eu gosto! - Caso de polícia

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DIEGO SARTORATO*

São Bernardo do Campo (SP), menina dos olhos do presidente Lula nas eleições deste ano, não pára de ferver: já teve tiroteio de vereador, cavalo invadindo diretório político, pancadaria em universidade e agora deu até Polícia Federal. O vereador Dr. Alberto (foto à esquerda), do PSB - mas tucano de coração, idêntico ao prefeito William Dib -, foi preso na manhã desta quinta-feira (11) com mais dois assessores durante a operação Providência, que investiga fraudes na concessão de benefícios da Previdência (incrível: A PF fez trocadalho!). Alberto Lopes Raposo Neto é médico perito licenciado há quase oito anos, quando foi eleito vereador pela primeira vez, e teria participado do esquema que desviou R$ 200 milhões dos cofres da União.

Claro que não deve ter nada a ver, mas o curioso da história é que Luiz Marinho, candidato a prefeito pelo PT na cidade, é ex-ministro da...Previdência Social. E seu adversário direto é Orlando Morando (PSDB), apoiado por...Dr. Alberto. Ou seja: querendo, a imprensalona pode fazer algumas ilações bem inconvenientes (e ela sempre faz). Mas, afinal de contas, com tanta baixaria, fica difícil adivinhar qual será o próximo capítulo da batalha épica que está sendo travada lá no ABC Paulista. Alguém arrisca?

A "eficiência" do setor privado
Deixando o ABC de lado, também nesta semana o presidente Lula resolveu dar uma escorregada: autorizou o ministro da Defesa, Nelson Jobim (à direita), a dizer pra quem quiser ouvir, que o governo federal pode privatizar os aeroportos de Viracopos, em Campinas (SP), e Tom Jobim, o Galeão, no Rio de Janeiro. A notícia de que o governo do PT inaugura suas primeiras privatizações já é absurda, mas o excelentíssimo ministro de Estado, cargo que também exerceu no governo FHC, não perdeu a oportunidade de botar a cereja no bolo: usou o argumento da suposta "eficiência administrativa superior" do setor privado e dos "benefícios da concorrência" para a prestação do serviço público. Será que só eu estou com medo do "Vale a pena ver de novo" que começa a ser orquestrado pelo núcleo peemedebista do governo?!??



*Diego Sartorato é jornalista, corintiano e bebe Zvonka. Filiou-se ao PCdoB, trabalha para o PT e simpatiza com o PCO. Às vezes, desconfia que não foi boa coisa "ser gauche na vida". "Mas é melhor que ser de direita", resume.

quinta-feira, setembro 04, 2008

Me esquerda que eu gosto! – Tiro no pé no ABC

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DIEGO SARTORATO*

Repercutiu na Folha, no Estado e no portal de notícias da Globo, entre outros: o lançamento do plano de governo do ex-ministro e atual candidato a prefeito Luiz Marinho, do PT (à esquerda), em São Bernardo, terminou com briga entre militantes e estudantes da Universidade Metodista. O evento ocorria no salão nobre da instituição, onde estavam presentes também a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, e o senador Aloizio Mercadante, ambos do PT.

A baixaria começou quando Mercadante falava sobre o desenvolvimento do país durante o governo Lula. Um grupo de estudantes de Filosofia – cerca de dez deles, capitaneados por Glauber Leite, 20 anos – resolveu interromper o discurso com gritos insistentes de "ladrão" e "mentiroso". Não precisa de muita criatividade para imaginar como a militância petista reagiu (havia mais de 500 pessoas para o ato): os alunos, em especial Leite, foram expulsos a empurrões e pontapés pela escadaria curva do salão de gala. No calor do momento, especulou-se que o aluno seria um infiltrado a mando de Orlando Morando, candidato tucano à Prefeitura de São Bernardo.

Embora o candidato da direita seja citado por rivais como adepto da prática de usar apoiadores para tumultuar reuniões alheias, não foi o caso. Leite já é apontado por três fontes do movimento sindical do ABC Paulista ouvidas por este jornalista como "cavalo de tróia" do PSTU, partido que está coligado com o PSol nas eleições de São Bernardo. Não seria, segundo essas fontes, sequer a primeira vez que ele provoca "os instintos mais primitivos" dos militantes do PT: há cerca de quatro anos, durante uma visita do então ministro da Fazenda Antônio Palocci ao Sindicato dos Metalúrgicos, o estudante teria protagonizado a mesma cena – e recebido o mesmo tratamento.

Nos comentários do artigo, Glauber Leite nega de forma veemente os fatos, alegando não pertencer a agremiações políticas e contestando o episódio de 2003.

Para completar, o tumulto envolvendo estudantes e militantes do PT "coincidiu" com o tiroteio envolvendo o candidato a vice de Morando em São Bernardo, Edinho Montemor (acima, à direita), do PSB.

Os episódios, com certeza, não vão puxar o gatilho da vitória de Aldo Santos (à esquerda), candidato da coligação PSol-PSTU, que tem apresentado resultados entre 0% e 2% nas pesquisas eleitorais da região. Talvez – e apenas talvez – propulsionem a candidatura do PSDB, que já comanda a cidade há quase 20 anos. A candidatura de Marinho é a primeira desde 1988 com condições reais de tirar a cidade das mãos da direita. A esquerda radical diz não ver diferença entre PT e PSDB, mas quem viveu neste país (e partircularment no ABC, como eu) nos últimos seis anos sabe que não é bem assim. E quem conhece o perfil de Morando sabe melhor ainda.

Pergunta que não quer - e não deve - calar: se for pra servir de bucha de canhão de um dos dois na disputa eleitoral (que o PSTU diz sequer reconhecer como legítima, aliás), a escolha natural não seria pelo outro lado?


*Diego Sartorato é jornalista, corintiano e bebe Zvonka. Filiou-se ao PCdoB, trabalha para o PT e simpatiza com o PCO. Às vezes, desconfia que não foi boa coisa "ser gauche na vida". "Mas é melhor que ser de direita", resume.

sábado, julho 26, 2008

Além de chegar aos mil gols, Túlio quer ser vereador

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O rei da mídia Túlio Maravilha, autor, de acordo com suas próprias contas, de mais de 840 gols em sua trajetória boleira, vai ser candidato a vereador em Goiânia. O atacante do Vila Nova e vice-artilheiro da Série B com nove tentos vai sair pelo PMDB, partido do prefeito Iris Resende, que lidera as pesquisas de intenção de voto na capital goiana.

Sempre debochado, o artilheiro espera receber votos de todas as torcidas, inclusive dos fãs do Goiás, rival do Vila, e onde Túlio se projetou para o futebol. "Quando recebi o convite para entrar na política fiquei meio inseguro, mas pensei bem e aceitei o desafio. O futebol tem a divisão de torcidas, mas sou um patrimônio do Estado de Goiás e não de um time. Espero que o apoio venha de todos os lados e que eu possa ter uma boa votação", discursou à Agência Estado.

Se eleito, promete trabalhar em dois turnos, já que nem mesmo o dever cívico irá demovê-lo da meta de fazer mil gols na carreira. Para isso, conta com a mesma estratégia de Romário, incluindo os tentos feitos nas categorias menores. Ao ser contratado pelo time goiano, em maio último, Túlio declarou: "Se o Romário contou os gols nas categorias de base, eu também posso." Ele tem 57 pelas categorias de base do Goiás e 6 pela Seleção Brasileira de novos.

Caso não logre êxito em sua empreitada política na capital, o atacante poderá tentar a sorte na próxima eleição em Senador Canedo, onde o time local, a Canedense o trouxe para jogar o campeonato goiano de 2007. Á época, a federação estadual contratou atletas e os “leiloou”no Projeto Craques do Goianão 2007. A equipe recebeu apoio de 37.170 telefonemas, correspondentes a 38,26% do total de ligações, e teve o direito de ser o primeiro time a escolher um atleta, contratando Túlio. Já é uma boa base eleitoral...