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Na sexta-feira, 16, chegou a salas de São Paulo e Rio de Janeiro o documentário Rita Cadillac, lady do povo. Em Belo Horizonte e outras praças, foi na semana anterior. O longa de Toni ventura foi produzido em 2007, teve uma versão preliminar exibida no SBT, e agora recebeu um novo corte para ir às telonas.
A ex-chacrete foi a única que se manteve no universo das celebridades, como cantora e dançarina, além de algumas pontas como atriz. Ela protagonizou situações incríveis, como shows sensuais para garimpeiros de Serra Pelada na década de 1980, e para detentos do Carandiru nos 1990. Uma mulher, ou uma bunda, em meio a mil ou 50 mil homens.
Todas as resenhas a respeito destacaram a tentativa de se desmistificar ou desconstruir a personagem, mostrar Rita de Cássia Coutinho como alguém diferente de Rita Cadillac.
Toni Ventura, o diretor, conseguiu depoimentos surpreendentes e uma empatia enorme com a protagonista. O resultado são muitas histórias divertidas, algumas assustadoras, e umas poucas sobre futebol, política e cachaça.
Do ludopédio, uma envolve Edson Arantes do Nascimento. Incentivada pela travesti Rogéria, ela teve um caso com Pelé na década de 1970. "Duas noites e foi só", ela revela.
Foto: Reprodução Cartaz
Outra diz respeito ao papel de Rita em Asa Branca, um sonho brasileiro, de 1981, um longa-metragem nacional que tem Edson Celulari no papel do personagem que dá nome ao filme. O diretor Djalma Limongi Batista colocou a ex-chacrete como esposa do presidente do clube, que tem um caso com o herói do filme.
Aliás, é Limongi Batista quem define Rita Cadillac como "lady do povo", embora ela deixe claro que é mais povão do que chique.
De cachaça, valem duas menções. A primeira é a opção de Ventura por começar o documentário com cenas de Rita Cadillac preparando um almoço que parece ser uma feijoada ou alguma versão do clássico culinário nacional, em que despeja uma latinha de Bavária Classic (afe!) no cozido, pretensamente para amolecer a carne.
A segunda relaciona-se com a avó da protagonista, que a criou no Rio de Janeiro. A mãe deixou a recém-nascida com a avó paterna, depois que o pai de Rita havia morrido. A senhora Coutinho "bebia uma garrafa de uísque por dia", o que gera uma empatia imediata com qualquer leitor do Futepoca.
Outro dado sobre a avó agrada mais à ala esquerdinha do Futepoca. Rita revela que a avó era uma militante de esquerda que, durante a ditadura militar, escondia "amigos" em casa. A adolescente Rita recebia orientações expressas de não comentar sobre os visitantes barbudos com ninguém. Sem entender nada à época, só descobriu depois do que se tratava.
A outra referência à política não está no documentário. Em 2008, Rita de Cássia Coutinho candidatou-se pelo PPS em Praia Grante (SP). A candidatura não emplacou, foi uma campanha de R$ 6 mil e poucos votos. Em entrevista, ela se sentiu usada pelo PPS.
Curioso é que o ressentimento que ela demonstrou a respeito do universo político, em debate após uma pré-estreia, em São Paulo, assemelha-se à relação que ela mantém com outro evento. Ao descrever a incursão no cinema pornô, com A primeira vez de Rita Cadillac, ela narra uma experiência mais sofrida do que ela achava que seria para ganhar dinheiro suficiente para comprar um apartamento.
Nem na política, nem no cinema pornô ela pretende repetir a experiência.