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Ainda há quem não aceite que o futebol é, sim, um negócio profissional. O Brasil ainda não sabe conviver com o fato. Tem jogadores que recebem altos salários, cotas de patrocínios polpudas e, ao mesmo tempo, clubes juridicamente e administrativamente tratados como meras associações de bairro, em uma contradição das mais amplas.
De qualquer modo, para muitos aqui chamar o futebol de "profissional" é uma ofensa das piores. Espera-se que jogadores amem a camisa, chorem nas derrotas, desprezem os rivais, e por aí vai. Com esse hibridismo doentio que vivemos, há realmente margem para esse tipo de coisa.
Aí o Santos contrata Zé Roberto, principal jogador do Brasil na Copa de 2006. E a partir daí arrisco a dizer que o "profissionalismo" no futebol nacional ganhou outros parâmetros.
Zé chegou ao Santos ganhando um salário altíssimo. Não fez juras de amor à camisa santista. E, logo nos primeiros meses de clube, já sugeria que sua estada no Santos seria curta. O que ele vislumbrava mesmo era uma volta à Europa.
E o que aconteceu? Zé Roberto jogou muita, muita bola! Foi o melhor jogador do Brasil nesse primeiro semestre. Caso jogasse mal, choveriam contra ele adjetivos como "comprado", "mercenário", "vendido" e por aí vai.
Esse sim é o profissionalismo que precisamos. E, com base nesse exemplo, acredito que seja possível.
7 comentários:
O nosso Santos não precisa de você.
Perfeito...
Jogou muito e foi homem!
Olavo, o raciocínio é pertinente e lógico. Mas...
sabemos que hoje o chamado profissionalismo = poder econômico. Sabemos que o Brasileirão, em termos de jogadores, é disputado pela terceira divisão do futebol nacional (a primeira divisão está na Europa, a segunda no leste europeu e na Ásia). Isso é triste.
Enfim, tanto é profissional o Zé como o Fábio Costa, com a diferença que o Fábio apareceu na coletiva, como capitão, com os olhos vermelhos. Um capitão que chora por um título perdido acho um profissional de primeira.
Os santistas queremos agora o título brasileiro.
Cada um tem um estilo, Edu. Zé Roberto é mais contido, Fábio Costa, mais sangüineo. O que não quer dizer que, se o goleiro tivesse a oportunidade que o Zé tem, não faria a mesma coisa. É bom lembrar que pelo mesmo salário que ele ganhava no Santos, foi para o Corinthians. E, quando retornou para o Santos, foi ganhando mais do que lá.
Quanto ao Zé Roberto, foi o único atleta da seleção que chorou na desclassificação do Brasil em 2006. Outro detalhe, muito, mas muito importante, é que o Santos não fez sequer UMA proposta para que ele ficasse. Ou seja, acho que faltou mesmo profissionalismo do clube, que não assumiu que não poderia continuar pagando seu salário, enquanto o atleta assume para alguns a pecha de "mercenário".
Em minha modesta opinião, a relação custo-benefício do Zé Roberto compensou muito para o Santos, sim. É óbvio que sua contratação foi a cereja do bolo do plano prioritário de vencer a Libertadores e disputar o Mundial - o que, infelizmente, não ocorreu. Mas o show de bola do Zé Roberto aumentou ainda mais a auto-estima dos santistas e mobilizou a torcida de uma forma que nem nos tempos do Robinho se via com tal intensidade. Por isso, penso que, apesar dos pesares, foi um puta negócio.
não sei se esse é o profissionalismo que o brasil precisa. Ok, ninguém precisa fazer juras de amor desde que jogue muita bola.
concordo com o glauco quanto à falta de profissionalismo da diretoria do santos. Não acho que montar um time ou trazer um reforço para uma única competição seja a melhor estratégia.
mas...
claro que foi um puta negócio pro santos ter o zé roberto. o cara realmente jogou muito. ele já tinha calado minhas críticas durante a copa. na passagem pelo santos, mostrou que é craque, ainda que a comparação com o universo de atletas em atuação no país não lhe ofereça muitos pares.
Fora Zé Roberto!
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