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Não, caro leitor, o título acima não é fruto de nenhum delírio ou ressaca mal curada. Pesquisando e realizando entrevistas para um material que será publicado na revista Fórum, em razão dos vinte anos da morte de Chico Mendes, surge uma revelação fantástica: o líder seringueiro encontrou um dos ícones da esquerda mundial em um estabelecimento etílico.
Após ter tido participação decisiva na Revolução Cubana, Che Guevara queria "exportar" o modelo para outros países. Teria mirado a Bolívia como um dos seus alvos mas, com a CIA no seu encalço, escolheu caminhos tortuosos para chegar ao país, daí sua estada no Acre. Não são poucos os acreanos que afirmam terem cruzado com Guevara, que teria abordado algumas pessoas para chegar até a fronteira com o país vizinho. E o encontro com Chico, narrado pelo próprio ao professor Pedro Vicente em história confirmada pelo jornalista Élson Martins, se deu desta forma:
"Naquele momento se falava no Guevara, mas eu não conhecia. Nunca havia visto seu retrato nos jornais, até porque não tinha nem revistas ou jornais no seringal. Tinha ouvido seu nome através da Rádio Central de Moscou, não me recordo bem o ano, creio ter sido nos meados de 65 ou 66, eu estava caminhando do seringal para a cidade. As pessoas costumavam fazer longas caminhadas pela BR-317, na estrada velha, em direção a Brasiléia ou a Xapuri. Passava muita gente. Eu estava cansado e parei no bar, no entroncamento, a 12 quilômetros de Xapuri. Naquele instante chegou um cidadão vindo das bandas de Rio Branco.
Che entrou na Bolívia como Ramón Benítez, comerciante uruguaio
Já no quarto do Hotel Copacabana, em La Paz, fez esse auto-retrato
9/10/67: Félix Rodríguez, da CIA, posa com Che em sua última foto vivo
13 comentários:
Só uma correção: Guevara foi morto na Bolívia em outubro de 1967 e, portanto, não chegou ao mítico ano de 1968.
Correção feita.
Aliás, a ida de Che para a Bolívia, no início de 1966, é cercada de mistério até hoje. Sabe-se que, antes de ir, ele passou um tempo na Tchecoslováquia, escondido (sua segunda esposa, Aleida, confirma que passou mais de um mês com ele lá). Depois disso, com passaportes falsos, ele passou por um sem número de países, numa rota insana, para despitar a CIA.
Sabe-se que esteve em São Paulo e que encontrou Carlos Lamarca. Dizem que pegou o famoso "trem da morte", com destino à Bolívia, e esteve na estação ferroviária de Campinas e de Bauru (calvo, com mechas grisalhas e dentadura, disfarçado como Ramón, um comerciante uruguaio). Em maio ou junho, já estava num hotel em La Paz, onde fez um auto-retrato apontando a câmera fotográfica para o espelho de um guarda-roupa.
Porém, há relatos de amigos e conhecidos garantindo que o viram em Santiago, no Chile. Cuba mantém absoluto sigilo sobre tudo isso, ainda hoje. Porque muitos guerrilheiros fiéis a Che - incluindo "Pombo", seu guarda-costas - sustentam que Fidel mandou Guevara para a morte, sabotando todo o plano de guerrilha.
A fazenda, que devia ser comprada no Norte da Bolívia, foi comprada no Sul, a área mais deserta (sem camponeses para serem cooptados) e vulnerável, cheia de militares; os aparelhos de comunicação nunca funcionaram; e, por último, Fidel leu em público as cartas de Che para os filhos e para o líder cubano, provocando um acesso de fúria em Guevara, que quebrou vários objetos a pontapés.
Explico: as cartas só deveriam ser divulgadas se confirmada a morte de Guevara. Quando Fidel leu, praticamente "avisou" Che de que, da Bolívia, ele não escaparia vivo. Prova disso é que Cuba nunca mandou guerrilheiros como reforço e também não trabalhou uma rota de fuga.
Fidel estava sendo pressionado pela União Soviética a acabar de vez com a "exportação" da guerrilha, para evitar um novo e fatal conflito como tinha sido a "crise dos mísseis", em 1961. Os russos ameaçavam cortar a compra de cana-de-açúcar e parar de investir na ilha caribenha.
E Che estava batendo forte no "imperialismo" russo, tendendo cada vez mais para os chineses. Por isso, muitos dizem que, entre rifar a revolução e rifar Guevara, Fidel teria ficado com a última opção.
impressionante!
"Marcão...um poço de cultura!!! rsrsrsr" Adorei a aula de História!
Geial o post, Faria! Vou aguardar o resto da história na Fórum.
Se bobear, o Che deve ter aparecido no Bar do Vavá também...
Parabéns pelo furo universal, Glauco
Falando em Che, o novo número da Recorde (Revista de História do Esporte) tem uma boa foto dele com o time do Madureira. Isso mesmo: o Madura, do Rio.
http://www.sport.ifcs.ufrj.br/recorde
Voce cita erroneamente um artigo publicado originalmente em meu blog e não em outro blog desonesto que não menciona a fonte: http://altino.blogspot.com/2008/03/che-guevara-fez-barba-no-acre.html
Corrigido, Altino. Infelizmente, tem muita gente na internet que ainda não aprendeu a citar fontes... Abraço!
Eu sei que quando foi condecorado pelo Janio Quadros em 61 depois antes de ir embora pra Cuba Che Guevara em uma motocicleta passou pelas ruas a noite em Maricá Paraná ao qual ficou encantado com o local.
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