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quinta-feira, outubro 02, 2014

Filho de Peixe, Peixinho é

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Há exatos 54 anos, mais um lance de efeito, no futebol, era batizado: o mergulho para cabecear uma bola, geralmente em direção ao gol, ganhava o apelido de "peixinho". No caso, o jogador conseguiu balançar as redes, e numa ocasião muito especial. Em 2 de outubro de 1960, o gol do ponta-direita Arnaldo Poffo Garcia, aos 12 minutos de jogo, foi o primeiro do estádio Cícero Pompeu de Toledo, o Morumbi - e decidiu por 1 x 0, a favor do São Paulo, o amistoso inaugural contra o time português do Sporting.

Peixinho mergulha e manda a bola para a rede do Sporting, na inauguração do Morumbi
 
Vista por outro ângulo, a cabeçada que batizou esse tipo de jogada com o apelido de 'peixinho'

Acontece que o jovem atleta, na época com 20 anos, era filho do ex-jogador Arnaldo Alves Garcia, conhecido como Peixe, artilheiro do Campeonato Paulista pelo Ypiranga no mesmo ano do nascimento do filho, em 1940. Por isso mesmo, ao seguir a carreira do pai, foi apelidado naturalmente como Peixinho. E, ao marcar o primeiro gol do Morumbi, de cabeça, acabou por batizar com seu apelido, involuntariamente, a jogada no jargão futebolístico brasileiro.Veja vídeo da inauguração e do lance histórico:


"Eu me lembro que o Fernando tocou para o Jonas, que cruzou. Estiquei-me inteiro para alcançar a bola, dando um verdadeiro mergulho", contou Peixinho, em 2010, para a revista oficial do São Paulo Futebol Clube. Cria das categorias de base do próprio São Paulo, o ponta-direita deixou o clube em 1961 e passou por Ferroviária, Santos, Comercial de Ribeirão Preto, Bangu, Deportivo Itália, da Venezuela, Coritiba e First Portuguese, do Canadá. Atualmente, mora em Piracicaba, interior de São Paulo.

Peixe (à esquerda) e Peixinho: pai artilheiro e filho autor de gol histórico

Na inauguração do estádio Cícero Pompeu de Toledo, o São Paulo jogou com Poy; Ademar, Gildésio e Riberto; Fernando Sátyro e Vítor; Peixinho, Jonas (Paulo), Gino Orlando, Gonçalo (Cláudio) e Canhoteiro. O técnico era Flávio Costa. Já o Sporting Lisboa disputou o amistoso com Aníbal; Lino e Hidário; Mendes, Morato e Július; Hugo, Faustino, Figueiredo (Fernando), Diego (Geo) e Seminário. O técnico era Alfredo Gonzalez.

Peixinho, o primeiro agachado, à esquerda, com o time do São Paulo no dia da inauguração

Naquela época, o São Paulo começava o período de jejum de títulos que duraria até 1970, com elencos sofríveis e poucos jogadores de destaque, numa década dominada com sobras pelo Santos de Pelé e, também, pelo Palmeiras de Ademir da Guia. Do time campeão em 1957, só restavam Poy, Riberto, Vítor, Gino e Canhoteiro (estes dois últimos já decadentes). O Sporting de Lisboa tinha sido campeão português na temporada 1957/1958 e voltaria a conquistar esse título na temporada de 1961/1962.

Cartaz da inauguração do estádio e Rogério Ceni homenageando Peixinho com uma placa


Ainda inacabado, o Morumbi foi inaugurado com a presença de 56.448 torcedores. Seria terminado somente em 1970. O recorde de público ocorreria em 9 de outubro de 1977, no segundo jogo da decisão do Campeonato Paulista, quando 146.082 pessoas viram a Ponte Preta derrotar o Corinthians por 2 a 1. Depois de reformas estruturais nos anos 1990, a capacidade caiu gradualmente, chegando aos atuais 68.000 lugares. A última partida da seleção brasileira no estádio, em 2014, contra a Sérvia, teve 63.280 pagantes.

Edição do jornal Última Hora que noticiou a vitória sãopaulina contra a equipe portuguesa

Depois do jogo contra o Sporting, o São Paulo ainda disputou outro amistoso no Morumbi, logo em seguida, em 9 de outubro de 1960. Num gesto de amizade, os "clubes co-irmãos", Corinthians, Palmeiras e Santos, decidiram ceder jogadores para reforçar o Tricolor. Mas, na vitória por 3 x 0 sobre o uruguaio Nacional, só jogaram o corintiano Almir Pernambuquinho e os palmeirenses Djalma Santos e Julinho Botelho. Escalado por Flávio Costa, a maior estrela, Pelé, contundiu-se em cima da hora e não jogou.

Almir, Djalma Santos e Julinho com a camisa do São Paulo, no amistoso contra o Nacional
O São Paulo que derrotou os uruguaios, com Julinho Botelho na ponta, no lugar de Peixinho

terça-feira, julho 29, 2014

20 anos sem Mussum: as origens do 'mé', do apelido e do 'dialétis'

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Mussum e uma garrafa: dia de homenagear o 'santo'
Todo butequeiro que se preze deve derramar um gole, hoje, em homenagem ao "santo" Antônio Carlos Bernardes Gomes, o saudoso mestre Mussum, morto há exatos 20 anos. Ícone do humor brasileiro, eternizado pelo grupo Os Trapalhões, foi também um grande sambista, compositor, músico e passista, tendo gravado vários discos com o grupo Originais do Samba e também em carreira solo. Anteontem, por coincidência (ou não), pois não me lembrava da data de morte do mito, comprei na rodoviária do Rio de Janeiro a biografia "Mussum forévis: samba, mé e Trapalhões", escrita por Juliano Barreto e publicada recentemente pela Editora LeYa. Embora eu considere que a rica e diversa vida de tal personagem mereça uma obra ainda mais "caudalosa", por assim dizer, com mais entrevistados, depoimentos, informações e infografia, o livro satisfaz algumas curiosidades que, com certeza, todo "mussunzista" deve ter. A elas:

A ORIGEM DO 'MÉ' - Já há muito tempo, a gíria "mé" é conhecida entre quem aprecia "molhar a palavra" ou "dar um tapa no beiço". Mas foi Mussum, indiscutivelmente, quem popularizou esse eufemismo para bebida alcoólica em escala nacional, no programa Os Trapalhões. Na biografia, Juliano Barreto conta que, em sua juventude na Mangueira, o carioca Carlinhos (como Mussum era conhecido), que trabalhava como mecânico e dividia um quarto de cortiço com a mãe a irmã, obviamente não tinha dinheiro para comprar conhaque ou uísque, suas futuras preferências. Por isso, "o drink preferido era a cachaça, mais barata e poderosa. Mas, para não beber a bebida pura, sempre rolava um xaveco para misturar a aguardente com algum ingrediente, para, pelo menos, suavizar seu gosto". Assim, naqueles anos 1950, o limão era a primeira opção da moçada mangueirense, seguido pela groselha e pelo mel. "Na primeira receita", prossegue o livro, "juntava-se a pinga com limão espremido e açúcar, o copo era chacoalhado e a mistura ganhava o nome de batida; a cachaça com groselha, por conta de seu tom vermelho opaco, ganhava o apelido de sangue; e a pinga com mel virou simplesmente o ". Bebedor "militante e profissional", Mussum tornaria-se um dos maiores "embaixadores" do "mé" e do prazer de "molhar a goela" (mesmo em um programa infantil!). Um dos momentos imortais, em Os Trapalhões, foi a paródia de uma propaganda de polivitamínico feita por Pelé, em que Mussum diz que o segredo da vitalidade "é que eu só tomo mé, MUITO mé!". Relembre:


A ORIGEM DO APELIDO - Mussum ainda era apenas um sambista, tocador de reco-reco e passista dos Originais do Samba, em novembro de 1965, quando o grupo foi convidado para ser figurante de um quadro fixo no programa de humor "Bairro Feliz", da recém-inaugurada TV Globo. No quadro, o ator Milton Gonçalves comandava um bloco de Carnaval e sempre se via em apuros para recusar algum samba-enredo horroroso que o mítico Grande Otelo insistia em lhe oferecer, toda semana. O programa era ao vivo, nas noites de terça-feira. Os Originais do Samba cumpriam o papel de figurantes, totalmente mudos, até que um dia Grande Otelo, que passava por fase instável na vida pessoal e vira e mexe aparecia bêbado, entrou em cena com um livro, dentro do qual escondera as folhas com o texto que não havia decorado. Só que, no ar, o veterano comediante tropeçou e derrubou o livro, espalhando folhas para todo lado. O (até então desconhecido) Carlinhos do Reco-Reco, ao fundo, não segurou sua irresistível gargalhada, o que, ao vivo, contagiou a plateia no estúdio e os telespectadores em casa. Furioso com a impertinência daquele figurante (e para disfarçar a gafe de não saber o texto e de ter sua malandragem de escondê-lo dentro do livro revelada ao vivo), Grande Otelo disparou, com sua voz esganiçada: "Tá rindo do quê, seu... seu... seu muçum!" O inusitado "xingamento" (muçum é um peixe parecido com uma enguia), somado a cara de espanto do sambista, completou a gargalhada do público - e tudo foi espontâneo. Para desespero do futuro Mussum, o apelido pegou forte no elenco e ele nunca mais seria chamado de outra maneira na vida. Veja vídeo do peixe muçum:


A ORIGEM DO 'DIALÉTIS' - Mesmo entre as crianças e adolescentes de hoje, que nem tinham nascido quando Mussum morreu, falar igual o personagem, colocando "is" no final das palavras - cadeiris, garrafis, carióquis - ainda é uma febre, e também em memes na internet e em camisetas. O que pouca gente sabe é que não foi o trapalhão quem inventou esse "dialétis". Depois da gargalhada espontânea no programa "Bairro Feliz", da Globo, que provocou a ira de Grande Otelo e o batismo de seu apelido eterno, Mussum saiu do anonimato e fixou-se como um cara engraçado, ganhando espaço para contar piadas e fazer palhaçadas nos shows dos Originais do Samba. Por isso, em 1967, foi convidado a integrar o novo quadro do programa "Chico Anysio Show", na TV Tupi, como aluno da "Escolinha do Professor Raimundo". Como precisava do dinheiro, pois, para sustentar mulher e filho pequeno, somava a carreira de sambista com a de cabo da Aeronáutica, Mussum aceitou. Mas ficou muito nervoso, já que, na experiência anterior na Globo, tinha sido só figurante e não precisava falar nada. Foi aí que o próprio Chico Anysio, que o convidou pessoalmente para o programa, bolou, junto com o redator Roberto Silveira, alguns bordões para ajudar o personagem Mussum a ter o que dizer na Escolinha: “Olha, crioulo, você tem três expressões para ganhar a vida: 'tranquilis', 'como di factis' e 'não tem problemis'. Esse vai ser o seu ganha pão”. De factis, foi isso mesmis que aconteceu. Muito depois, Mussum gravaria com Chico Anysio uma parceria do humorista cearense com Nonato Buzar. Ouça:


Passista: Mussum, de perfil, é o 2º a partir da esquerda
SAMBISTA E PASSISTA - Apesar de muitos ainda recordarem a vida musical de Mussum com os Originais do Samba e posterior carreira solo, poucos sabem sobre sua extraordinária habilidade como passista, que deslumbrou os mexicanos durante excursões por aquele país nos anos 1960. Para se ter uma ideia, Mussum foi um dos passistas de destaque do desfile da Mangueira no Carnaval de 1967, que contribuíram decisivamente para que a escola fosse campeã, depois de seis anos sem título. Ele apareceu até na capa da extinta revista O Cruzeiro. Foi a habilidade como passista de samba, aliás, que favoreceu sua estreia no mundo artístico: como o reco-reco, o instrumento que tocava, não era realmente imprescindível para um grupo de samba, foram os passos rápidos e acrobáticos que garantiram sua vaga nos Modernos do Samba, primeira versão dos Originais. Com o tempo, o bom humor, o jeito engraçado e a capacidade de fazer todo mundo rir seriam outras características que o tornariam insubstituível - e protagonista - no conjunto. E que o levariam ao "Chico Anysio Show", chamando a atenção de um outro cearense: Renato Aragão. O resto, como ele mesmo diria, "é históris". Avoé, mestre Mussum! Que esteja eternamente em paz, tomando um "mé" num buteco celestial. Vamos celebrá-lo com um pouco de Originais do Samba:


E (lógico) com Os Trapalhões, mostrando seus "dotes" de baterista e de cantor:


LEIA TAMBÉM:


Encerro o post registrando uma paródia de "Os seus botões", música do Roberto Carlos, que ouvi no programa Os Trapalhões quando tinha uns cinco ou seis anos (e que nunca mais me saiu da cabeça!): "O botão da calça/ Que o Mussum usava/ Era tão pequeno/ Não abotoava/ O dia que caiu/ Foi uma festança/ Todo mundo viu/ Sua preta poupança"

terça-feira, janeiro 26, 2010

Serra já tem projeto para enchentes

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O comentário do leitor Marco Antonio em um post do Conversa Afiada, de Paulo Henrique Amorim, é primoroso (e totalmente verossímil):

"O Serra já está pensando em uma maneira de cobrar pedágio de canoas, barcos e submarinos em São Paulo."

Em tempo: a partir da notícia de que encontraram um peixe num túnel de São Paulo, Amorim pergunta em uma enquete o que será encontrado da próxima vez. Três das sugestões são: "As obras completas, encadernadas, do FHC", "A bicicleta da Soninha" e "A caixa de remédios da Lucia Hippolito".