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sexta-feira, novembro 07, 2014

PSDB torna ficção realidade muito antes do imaginado

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Em 1981, Ignácio de Loyola Brandão publicou seu livro "Não verás país nenhum", ficção na qual descreve uma megalópole brasileira (São Paulo?) no futuro. O autor conta a vida de Souza, que vive no meio do caos da cidade, destruída pelos avanços tecnológicos, onde não há água, verde, vida saudável e muito menos liberdade. O livro dá a entender que tudo piorou após a "Época da Grande Locupletação", alusão à ditadura militar brasileira - aquela mesma que muitos, agora, vão às ruas para pedir que volte (!). "Essa época de locupletação não existiu. Foi calúnia", garantia a direção da escola em que Souza dava aula, na ficção. "Fala-se muito, mas onde os documentos? Invenções, mitos", acrescentavam, de forma idêntica aos que negam que o regime militar tenha praticado torturas no Brasil. Mas vamos a alguns trechos literais do (incômodo) livro:
"Abro a porta, o bafo quente vem do corredor. Já estou melado, quando chegar ao centro estarei em sopa. Como todo mundo. A vizinha varre o chão, furiosamente. Como se fosse possível lutar contra a poeira negra, a imundície. Não fornecem água para lavar as partes comuns. (...)

[Souza vai ao trabalho mas, antes, encontra um amigo]
Através dos vidros encardidos, mal se percebe o salão. Cumprimento com um aceno, Prata me faz um sinal, gosta de uma prosinha. Inevitável, indolor.
— Tem água esta semana?
— E eu sei? Pergunte ao distribuidor.
— É que você tem aquele sobrinho.
— Não faço a mínima idéia.
— Desorganizaram as entregas, ou aumentaram os prazos.
— Ou os dois juntos.
— Vê se descobre. (...)

[Souza encontra o sobrinho, que é um soldado, ou "civiltar"]
— Tem comida?
— O normal.
— Vou tentar algo na Subsistência. Ah, quer fichas para água?
— Sempre é bom, jamais consegui me controlar, gasto mesmo.
— E não é para gastar?
— Mas tem o racionamento, para dividir melhor.
— Racionamento, tio? Pensa que é para todo mundo?
No fundo, não gosto dele. Uso suas facilidades. Penso que tenho direito a elas, contribuo para que o Novo Exército exista com todos os seus privilégios. Devo explorá-lo. (...)

A sua urina é comercializada. Com a falta de água, aparelhos recolhem os mijos saudáveis numa caixa central, onde se procede à reciclagem. Há mistura, tratamento químico intenso, filtragem, purificação, refinamento, transformação. A urina retorna branca, pura, sem cheiro, esterilizada. Dizem que dá para beber. Eu é que não vou experimentar. Nem o mijo meu, quanto mais o dos outros. Mas os Postos Apropriados têm uma capacidade limitada de recolhimento. Daí também a seleção apurada e o bom ambiente que se encontra nestes banheiros especiais, de luxo, para pessoas de fino trato. (...)"

Pois bem (ou melhor, pois MAL): procurei rever esses trechos do livro depois de ler mais uma notícia sobre o (des)governo de Geraldo Alckmin (PSDB) em São Paulo:


E outra notícia me lembrou a ficcional "Época da Grande Locupletação":


É isso. E enquanto o índice de roubos aumenta vertiginosamente no Estado de São Paulo, as pessoas vão para a Avenida Paulista pedir intervenção militar no... governo federal (!). Enquanto o governo do PSDB leva a USP à falência e tem o pior nível do Ensino Médio público dos últimos seis anos, as pessoas culpam Dilma Rousseff pela "situação da educação" (!!). Enquanto a epidemia de dengue no Estado de São Paulo já alcança quase 20 mil casos, as pessoas estão mais preocupadas com o Ebola (!!!). E enquanto observo essas pessoas babando e espumando de raiva e ódio contra o PT, concluo que o PSDB, infelizmente, vai tornando a ficção de Ignácio de Loyola Brandão uma trágica realidade em terras paulistas. Muito antes do que sequer poderíamos imaginar...


sexta-feira, setembro 26, 2014

Governo Alckmin: 'gestão', 'eficiência', 'competência'

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Alckmin vê o Sistema Cantareira e canta: 'Tudo em volta está DESERTO, tudo certo/ Tudo certo como 2 e 2 são 5'


Depois de acompanhar o violento despejo de sem-teto no Centro de São Paulo no início deste mês, vejo hoje uma notícia que comprova que a Polícia Militar do governo estadual não tem mais nada de útil pra fazer, além de espancar pobres, grevistas, estudantes ou manifestantes:


Alta foi de 11,7% na comparação entre oitavo mês de 2013 e deste ano. Homicídios caíram 12,6% no mesmo período de comparação. Na capital, roubos cresceram 13,6% e homicídios subiram 6,3%.


Realmente, é mais uma notícia "edificante" sobre o (des)governo do PSDB em São Paulo, que já beira 20 anos seguidos. E o povo quer mais: Geraldo Alckmin lidera as pesquisas e pode ser reeleito já no 1º turno. Esses eleitores parecem contentes com o ensino público estadual:

São Paulo tem o pior nível no Ensino Médio dos últimos 6 anos

Os resultados do Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do Estado de São Paulo, revelados mostram que os desempenhos dos estudantes dos alunos do Ensino Médio nas escolas estaduais pioraram em relação ao ano de 2013 e acabaram sendo os mais baixos desde o ano de 2008.

A satisfação também deve refletir as "boas" notícias da saúde pública paulista:

São Paulo registra 17.088 casos de dengue neste ano

O número de casos de dengue neste ano na cidade de São Paulo chegou a 17.088 nesta quarta-feira, dia 23. Na comparação com os 15.969 registrados até a última semana de julho, o aumento foi de 7%.

Ou então o "primoroso" transporte público gerido pelo governo de Geraldo Alckmin:

Metrô de São Paulo tem uma pane grave a cada 3 dias

Estatísticas do Metrô de São Paulo revelam que número de falhas graves no sistema dobrou nos últimos cinco anos. Em 2013, ocorreu uma pane grave a cada três dias, com grande transtorno aos passageiros. Foram 113 falhas de mais de 6 minutos de duração no ano. Os números indicam aumento de 105% das panes em relação a 2009.

Mas ninguém supera o PSDB na "excelência" do fornecimento de serviços básicos:


O nível dos reservatórios do sistema tem registrado quedas consecutivas e chegou nesta sexta-feira a 7,2% da capacidade. Em nota, a secretaria estadual de Saneamento e Recursos Hídricos informou que o esgotamento da primeira cota da reserva técnica só aconteceria "no pior dos cenários". São Paulo enfrenta a maior crise hídrica da história.
E pra quem acha que o "mérito" é de São Pedro ou dos usuários gastadores, preste atenção:


Faz pelo menos quatro anos que o Estado de São Paulo está a par dos riscos de desabastecimento de água na Região Metropolitana. Em dezembro de 2009, um estudo não só alertou para a vulnerabilidade do sistema Cantareira como sugeriu medidas cabíveis a serem tomadas pela Sabesp a fim de garantir uma melhor gestão da água. O aviso veio do relatório final do Plano da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê, feito pela Fundação de Apoio à USP.

Show de bola. Essas notícias sintetizam a "gestão", "competência" e "eficiência" (principalmente "eficiência"!) que os tucanos enchem a boca para pronunciar quando lambem as próprias crias. E para a população não interessa se todos estes serviços públicos são de competência do governo estadual. O problema da segurança, educação, saúde, transporte e até da falta de água é culpa única e exclusiva da Dilma e do partido dela. No estado de São Paulo, tudo segue "às mil maravilhas".

SÓ QUE NÃO.


segunda-feira, julho 22, 2013

Sete derrotas seguidas. Série B se aproximando.

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Anatomia de um possível rebaixamento em notas telegráficas:

1 - São Paulo goleado pleno Morumbi Cruzeiro (pt.) Três gols "craque" Luan (pt.);

2 - Como derrotas Goiás, Santos, Bahia, todas dentro Morumbi, jogo terminou torcida sãopaulina gritando olé adversário pegava bola (pt.); Vaiando quando ela com Tricolor (pt.);

3 - Nove jogos competição, cinco derrotas, dois empates (pt.) São Paulo 8 pontos, dois jogos a mais Ponte Preta, primeira zona de rebaixamento, 7 pontos (pt.); Um jogo a mais Atlético-PR e Portuguesa, também 7 pontos (pt.);

4 - Derrota Cruzeiro sétima seguida, contando amistoso Flamengo partidas Corinthians decisão Recopa Sul-Americana (pt.) Dez jogos sem vitória (pt.);

5 - Próximo adversário Brasileirão forte Internacional, quarto colocado (pt.) Sequência, Corinthians, o derrotou três vezes no ano (mais empate sem gols e eliminação pênaltis semifinal do Paulistão), Pacaembu. Probabilidade derrotas mais que plausível (pt.);

6 - São Paulo não jogou Botafogo, Coritiba, primeiros colocados, melhores times Brasileirão (pt.) Cinco últimas rodadas, 13 novembro a 8 dezembro: Flamengo (casa), Fluminense (fora), Botafogo (casa), Criciúma (fora), Coritiba (casa);

7 - Time esfacelado, sem defesa, sem meio, sem laterais, sem ataque, viaja disputar Copa Suruga, adversários simplesmente Bayern Munique, Milan ou Manchester City (pt.) Depois, Copa Eusébio, Portugal, joga Benfica (pt.) Probabilidade vexames internacionais mais que plausível (pt.);

8 - Adalberto Baptista diretor futebol braço direito presidente Juvenal Juvêncio chefiará viagem amistosos (pt.) Criticou Rogérgio Ceni publicamente clima ruim ainda pior (pt.) Tentou desculpas antes treino (pt.) Piorou mais ainda situação (pt.) Elenco o detesta (pt.) Funcionários clube o detestam (pt.)

9 - Juvenal Juvêncio deu churrasco comemoração (?!?!) Morumbi domingo, após derrota Cruzeiro (pt.) Era exclusivo sócios Juvenal infiltrou membros torcida organizada (pt.) Sócios putos (pt.) Exibição vídeo Marco Aurélio Cunha cantando hino Santos no churrasco (pt.) Discussão pancadaria sócios torcida organizada (pt.) Juvenal mandando bater xingando torcedores (pt.) Seguranças separaram (pt.) Perda total controle direção (?!?!) clube (pt.) Situação política insustentável (pt.) Ambiente pior possível dentro fora campo (pt.) Instabilidade jogadores comissão técnica (pt.) Baixaria, bagunça, caos (pt.)

10 - Lúcio, Tolói, horrorosos, motivo piada (pt.) Denilson, Rodrigo Caio, idem (pt.) Douglas, inexistente (pt.) Ganso, idem (pt.) Osvaldo, péssima fase, atuações ridículas (pt.) Jadson, idem (pt.) Luís Fabiano, morto, desinteressado, jogou toalha (pt.) Aloísio, esforçado, porém grosso (pt.) Banco reservas, Edson Silva, Diego, Lucão, Lucas Farias, Lucas Evangelista, Caramelo, Juan, Fabrício, Reinaldo, Maicon, Ademilson, João Schmidt, Roni, Silvinho (pt.) PESADELO (pt.)

É isso, torcida sãopaulina. Perspectivas desesperadoras. Não duvido que Nelsinho Baptista deixe o Kashiwa Reysol e assuma o São Paulo até a 30ª rodada...


terça-feira, maio 17, 2011

Sem dinheiro, Juvenal Juvêncio cria caos no São Paulo

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Tá tudo errado. Mas muito errado! Depois de Rivaldo dizer que foi humilhado por Paulo César Carpegiani, por não ter entrado no jogo contra o Avaí, e de o técnico ter insinuado que o veterano jogador não tem caráter, o presidente do clube, Juvenal Juvêncio, afirmou com todas as letras que era impossível os dois profissionais prosseguirem trabalhando juntos. E o que aconteceu na sequência? O treinador se isolou com a família em um balneário de Santa Catarina e avisou que, se fosse demitido, ia cobrar R$ 1 milhão referentes aos salários até o fim do ano, como manda seu contrato. Paralelo a isso, Cuca garantiu que não sairá do comando do Cruzeiro e a multa para tirar Dorival Júnior do Atlético-MG é proibitiva. Sem dinheiro e opções de treinadores no mercado, o que faz Juvenal, o "gênio"? Convoca Rivaldo e Carpegiani para "fazer as pazes" (só pra inglês ver, ou melhor, a imprensa ver, pois não há possibilidade de reconciliação). E o resultado é: elenco rachado, técnico desmoralizado e sem autoridade, atletas insatisfeitos e torcida em fúria, protestando e danificando automóveis na porta do Centro de Treinamento. Parabéns, Juvenal Juvêncio!

O mais impressionante, além da burrice e incompetência de Juvêncio, é a arrogância de Rivaldo (tradução do poder que tem dentro do clube), que disse não ter feito nada de errado, e a pusilanimidade de Carpegiani, que afirmou não se sentir ofendido com a entrevista do jogador/cartola, para quem ainda pediu desculpas (!). Tudo errado, absolutamente errado. As cenas dos próximos capítulos? Rivaldo será escalado "goela abaixo"; o time, que estava quase consolidando um esboço de padrão tático, voltará à estaca zero das indefinições (e ingerências da diretoria); os jogadores preteridos ou insatisfeitos vão aproveitar todas as oportunidades para esculachar o técnico, pois, mirando o exemplo de Rivaldo, já viram que não serão punidos; e Carpegiani vai se equilibrar na corda bamba do "não saio, daqui ninguém me tira", pressionado pela maior parte da torcida e dos diretores do clube e, principalmente, pela "dupla dinâmica" Juvenal/Rivaldo, até que uma derrota mais vexaminosa o obrigue a pedir demissão e/ou ser demitido de fato - pois trata-se de um demitido-tampão.

Diante deste cenário caótico criado pela presidência do São Paulo, ainda é preciso fazer algum prognóstico sobre o destino do time no resto da temporada? Se TUDO DER CERTO, não cairemos para a série B...

domingo, janeiro 23, 2011

Estilo de "vida"

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Às vésperas do aniversário desta (chuvosa) cidade de São Paulo, parei em um restaurante próximo ao Largo da Batata, com minha noiva Patricia e minha filha Liz, e, nem terminamos de almoçar, caiu (mais) uma tempestade, que nos deixou ilhados por duas horas no local - e eu tive uma boa desculpa para experimentar, finalmente, a tal cerveja Paulistânia (sintomático esse nome). Foi um caos: a energia caiu várias vezes, os trovões eram ensurdecedores e a rua alagou. Como sempre, começamos a disparar telefonemas para desmarcar tudo o que havíamos planejado fazer naquele dia, véspera de feriadão. De fato, é uma cidade inviável.

Ou, como disse o poeta Antônio Risério, num programa da TV Cultura, é a cidade "das impossibilidades": tudo longe, tudo difícil, tudo complicado, tudo caro, tudo excludente. Cimento, cimento, cimento, cimento. E nem o clima ajuda! Porém, o mais curioso, naquele nosso "retiro" forçado no restaurante, foi a Patricia olhar na parede e reparar, entre dezenas de fotos antigas de São Paulo, emolduradas, a de uma enchente da década de 1940, com calhambeques submersos até quase o capô.

Ou seja, é tão comum que dá até nostalgia: "Olha, que legal, foi naquela enchente que meu bisavô morreu afogado!". "Não, não! Acho que foi aquela que derrubou a casa da vovó!". Só tomando uma(s), mesmo...

Pra botar na parede: uma beleza de enchente no Túnel do Anhangabaú, em 1963

terça-feira, setembro 21, 2010

Soninha, cada dia mais "inha"

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Acho que falhas no metrô podem acontecer seja em época eleitoral ou não. O que se deve discutir é se as condições de funcionamento e segurança são adequadas.

Estranha que uma porta aberta possa ter gerado tal caos. E se fosse realmente um acidente, o que teria acontecido?

Essa resposta é mais importante que qualquer ganho eleitoral para qualquer um dos lados.

Mas não é que a tal Soninha Francine, chefe de campanha ou sei lá o que do candidato tucano José Serra tem coragem de publicar no twitter a seguinte frase:

"Metrô de Spaulo tem problemas na proporção direta da proximidade com a eleição. Coincidência? #SABOTAGEM #valetudo #medo [sic]", escreveu em seu microblog.

Nem posso dizer que tenha vergonha da figura, que agora aceita fazer qualquer papel para bebeficiar seu candidato. Apenas pena, porque está cada dia mais "inha".

Aliás, uma pergunta, ela é coordenadora da campanha tucana, mas continua na prefeitura, como admnistradora regional ou desincompatibilizou-se? Quem souber, por favor, responda.

Ah, a origem da informação do post no twitter é da Folha de S.Paulo, não preciso dizer mais nada.

segunda-feira, junho 21, 2010

"Governo de São Paulo: cada vez melhor"

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Por incrível que pareça (ou para o cúmulo da cara de pau), esse título do post reproduz o slogan da administração do PSDB em terras paulistas. Gostaria de saber o que os usuários do metrô, principalmente os que passam pela estação Sé (foto abaixo), comentam sobre essa "melhora progressiva"...

quinta-feira, fevereiro 25, 2010

Revolta no busão

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Agora há pouco, vindo de ônibus (Terminal Pirituba) da rua Teodoro Sampaio em direção à avenida Heitor Penteado, bairro Pinheiros, presenciei uma situação que nunca imaginei passar em todos os seis anos que já pago meus pecados nessa paulicéia alagada. Logo que subi no busão, abarrotado com umas 50 ou 60 pessoas, percebi um clima tenso de revolta. Todas as pessoas nervosas, resmungando, xingando. De orelhada, fui me informando de que, pelo que parece, diminuíram o número de veículos por linha.

- Agora tem cota de 21 ônibus por linha, não pode ter mais. E cortaram várias linhas diretas, tem que fazer baldeação nos terminais - comentava um rapaz que, pelo uniforme, parecia funcionário de alguma empresa de transporte.

- Onde já se viu? Esse homem é bizarro! E pensar que eu votei nele! Tive que acordar às 5 da manhã e ainda não cheguei. Não tem mais ônibus direto. Maldito Kassab! - reclamava uma senhora, muito transtornada.

- Mas ele vai pagar! - dizia outra. Meu dedinho tá coçando pra castigar ele na urna! Ele vai ver só!

- É vagabundo! Olha aí, tá tudo alagado, tudo sujo. Ele aumentou o IPTU, por que não limpa a rua? É vagabundo! Cachorro! Merece uma bela duma peia! - rosnava um homem de boné, os olhos saltados.

Nisso, a cobradora, que tentava dormir, despertou com o alarido das reclamações e não deixou barato, descascou um belo de um sermão:

- Vocês votaram tudo no Kassab, que eu sei! Vocês tem que se ferrar! A Marta fez corredor de ônibus, criou o bilhete único, trocou os ônibus velhos por novos, acabou com perueiro clandestino. E quando precisou de vocês, não teve nada! Vocês votaram no Kassab, tem mais é que se ferrar, mesmo!

Atônito, perplexo e sem palavras, eu ainda consegui ouvir duas coisas antes de me esgueirar para descer no ponto certo:

- Eu voto no PT. Eu sempre votei no PT, não votei no Kassab, não! - defendia-se um homem bem humilde, com o filho (ou neto) que levava para a escola.

- Mar-ta! Mar-ta! Mar-ta! - gritavam algumas meninas no fundo do busão.

Juro, isso aconteceu. Se o Kassab sair na rua hoje, apanha. Ou morre.

E se a Marta quiser fazer campanha para qualquer coisa, na rua, esse é o dia.

sexta-feira, fevereiro 19, 2010

Tem culpa eu?

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Quando a Secretaria de Segurança Pública (SSP) de São Paulo divulgou, no início do mês, os dados da criminalidade no estado em 2009, mostrando que a maioria dos índices piorou muito em relação ao ano anterior, houve uma verdadeira "operação abafa" para "maquiar" as informações e dizer à população (e aos eleitores) que o Serra, digo, o diabo não é tão feio quanto pintam. Prova disso foi a reverberação (séria) da estapafúrdia "justificativa" do (des)governador de que o aumento do crime foi causado pela crise econômica mundial.

Nos locais em que o aumento dos roubos foi assustador, como na região de Sorocaba, por exemplo, onde o índice subiu 60%, a SSP apressou-se a explicar que "a comparação de roubos e furtos entre os últimos trimestres de 2008 e 2009 torna-se equivocada se não levada em conta a sub-notificação". Traduzindo: ano passado os roubos e furtos não aumentaram naquela região porque, em 2008, houve o mesmo tanto de crimes mas a greve da Polícia Civil gerou menos registro de boletins. "O ‘efeito greve’ representou uma subnotificação de 21% das ocorrências", disse a assessoria da SSP.

Ué, mas não houve sub-notificação também de homicídios e latrocínios? Com a palavra, a SSP: "(esses crimes) são considerados de maior gravidade e foram registrados nas delegacias". Ah, tá! Quanta ginástica! O engraçado é que a desculpa da sub-notificação também foi usada para responder sobre o aumento de 16% dos homicídios no interior do estado - e esquecida em outros locais que tiveram queda no número de furtos e roubos. Enfim, "a ocasião faz o ladrão", um ditado muito apropriado para notícias sobre violência e criminalidade. Como listaram a Brunna e o Anselmo num comentário de outro post, no império tucano de São Paulo, a culpa da violência é da crise econômica, do caos das chuvas e enchentes é da natureza (e do povão, que joga lixo na rua), e da péssima educação pública é culpa dos professores.

Agora eu completo: a culpa dos altos índices de criminalidade é dos policiais grevistas! Ê, governo bão: não faz nada, mas não tem culpa, não!

terça-feira, fevereiro 09, 2010

Solução para paulistanos virá da Escócia

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Olha aí, prefeito Kassab, uma grande solução para as enchentes na cidade de São Paulo: a capital escocesa, Glasgow, está testando um novo ônibus anfíbio (fotos abaixo, da AFP) para atender às comunidades de Renfrew e Yoker, que precisam atravessar o Rio Clyde de balsa. O ônibus, construído na Holanda, pode carregar até 50 passageiros em viagens sem interrupções no asfalto e na água. E se não quiser gastar com os ônibus anfíbios, Kassab, bem que você poderia trazer outra medida paliativa da Escócia: uma caixa de garrafas de uísque legítimo para cada manguaça descontente da Paulicéia Alagada!

quarta-feira, fevereiro 03, 2010

Dona Sabesp, agora entendi

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Num texto em que alega-se que em outubro do ano passado o Inpe já alertava para o excessivo nível dos reservatórios, que transbordariam com as previsíveis chuvas do final/começo do ano (veja aqui), mais interessante é ver a resposta da assessoria de imprensa da Sabesp.


Questionada sobre o motivo de não ter vertido as águas dos reservatórios mesmo com a previsão de chuvas, a empresa disse: "A função primordial da represa é o abastecimento. Quando está com os níveis normais, não há por que descarregar a água, sob pena de afetarmos o abastecimento. Somente quando as chuvas se intensificam e o nível da represa ultrapassa o volume operacional é que há necessidade de iniciar o descarregamento. Durante o período de chuvas, é preciso manter um nível de água suficiente para garantir o abastecimento nos meses de estiagem."

A Sabesp ainda afirmou que, "no que se refere à previsibilidade de fenômenos naturais como as chuvas, na média, eles são cíclicos, porém, ao longo do tempo, têm comportamento aleatório, não podendo se afirmar - sem riscos - o comportamento futuro. Assim, a operação realizada foi aquela que representava o menor risco". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo."

Ahn, como? Não entendi nada. Se a competência para administrar água e esgoto for a mesma para escrever notas de resposta, está explicado o caos vivido nessa minha sofrida sampaulo.

terça-feira, janeiro 26, 2010

Serra já tem projeto para enchentes

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O comentário do leitor Marco Antonio em um post do Conversa Afiada, de Paulo Henrique Amorim, é primoroso (e totalmente verossímil):

"O Serra já está pensando em uma maneira de cobrar pedágio de canoas, barcos e submarinos em São Paulo."

Em tempo: a partir da notícia de que encontraram um peixe num túnel de São Paulo, Amorim pergunta em uma enquete o que será encontrado da próxima vez. Três das sugestões são: "As obras completas, encadernadas, do FHC", "A bicicleta da Soninha" e "A caixa de remédios da Lucia Hippolito".

quarta-feira, maio 06, 2009

Melhor escola estadual de SP é a 2.596ª do país

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Alertado pelo camarada DeMarcelo, dei uma espiada na entrevista que a Folha de S.Paulo (argh) fez com Camilo da Silva Oliveira, diretor da melhor escola da rede estadual de São Paulo no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), a E.E. Lúcia de Castro Bueno, em Taboão da Serra (Grande São Paulo). Detalhe principal: ela foi apenas a 2.596ª no ranking geral do país (média 58,5, em 100 pontos). Não há melhor raio-x para o desmonte que o PSDB do (des)governador José Serra (foto) conseguiu fazer em terras paulistas. Para se ter ideia da discrepância, a melhor escola estadual do país, o Instituto de Aplicação Fernando Rodrigues da Silveira, mantido pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), teve média 75,11 - ficando na 19º posição no ranking geral. Convenhamos que a diferença entre a 19ª e a 2.596ª colocação, não só pela gigantesca distância numérica, mas por tratar-se de estabelecimentos de ensino da mesma região (Sudeste), é pra lá de gritante. Pior ainda quando lembramos que São Paulo é o estado mais rico do Brasil.

Mas essas comparações nem a Folha e nem ninguém da "grande imprensa" se dispõe a fazer (pra variar). Pré-candidato assumido à Presidência da República em 2010, José Serra e seu governo catastrófico no estado de São Paulo continuam blindados pelos mais influentes meios de comunicação. Mas, de vez em quando, sai alguma coisa interessante. Como essa entrevista de Camilo Oliveira, diretor da escola de Tabão da Serra, que desabafa, com todas as letras: "O governo do Estado só me atrapalha". E prossegue: "Aqui é uma escola maldita, que vai contra os modismos de cada secretário. Depois da Rose Neubauer [gestão Mario Covas], em que as escolas perdiam aulas para treinamento de professores em horário de serviço, veio um que nem sabe o que é rol de conteúdos [Gabriel Chalita, gestão Geraldo Alckmin]. A escola, que já não funcionava, ficava uma semana em feira de ciências ou excursões para zoológico. Melhora o ensino? Vi que era fria e tirei a escola disso. No governo Serra, temos o terceiro secretário em dois anos e meio. Se o meu projeto dependesse do governo, estaria esfacelado".

E Oliveira diz mais: "O governo não tem a menor ideia do que fazer com as escolas. Deveríamos nos preocupar com o que realmente interessa, que é a aprendizagem dos alunos. Depois se acerta a burocracia. Hoje, os diretores ficam mais preocupados com as atinhas, e o aluno não tem aula. É uma inversão. É triste (...) esse caos em São Paulo". Questionado sobre o novo secretário paulista de Educação, o ex-ministro (de triste memória) Paulo Renato Souza, o diretor escolar já suspeita de suas intenções. "Ele [Paulo Renato] se tornou político. O problema é saber se o objetivo dele é eleger o Serra presidente ou melhorar o ensino. Se ele chegou apenas com visão política, as escolas vão seguir esfaceladas, sem conteúdos. Ele vai ser mais um". A Secretaria da Educação do governo Serra não respondeu as críticas.