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terça-feira, setembro 09, 2014

'Mercado de notícias': ao colaborar com massacre midiático de Collor, PT fortaleceu golpismo da imprensa

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Fui ver "Mercado de notícias", documentário de Jorge Furtado que debate política e jornalismo. A costura de depoimentos de vários profissionais da comunicação sobre o comportamento e interesses da mídia, tendo como pano de fundo uma peça de teatro inglesa do século 17 (que dá nome ao filme), dá margem a vários tipos de crítica, comentários, interpretações e conclusões. De minha parte, saí do cinema com duas impressões: 1) de que, por ser jornalista com duas décadas de profissão em redações e assessorias de imprensa, não ouvi nenhuma novidade; 2) e de que, por outro lado, para uma pessoa leiga (e consumidora desavisada do noticiário midiático), o documentário é didático e revelador - para que ela passe a questionar notícia como "verdade".

Alguns dos jornalistas/ repórteres/ blogueiros/ donos de veículos de imprensa entrevistados até ensaiam uma defesa daquilo que se convenciona chamar de "jornalismo", da "verdade factual" e de outras funções aparentemente "imprescindíveis" dos profissionais de comunicação para a sociedade. Porém, no final das contas, creio que o documentário cumpre a função (louvável e necessária, em minha opinião) de levar a maioria dos espectadores a concluir que o noticiário divulga apenas versões, em vez de fatos - e versões que favorecem prioritariamente os interesses econômicos/ políticos das empresas de mídia. Como observei, penso que, para nós, jornalistas (veteranos e calejados), isso costuma estar mais do que claro. Mas, para quem não é jornalista, não está, não.

Entre outras coisas, os profissionais que aparecem no documentário dizem que: não existe imparcialidade no jornalismo; que os jornais são partidos políticos; que, por isso mesmo, críticas e denúncias (mesmo que infundadas ou irrelevantes) são sistemáticas e catastróficas contra determinadas pessoas e/ou grupos, ao mesmo tempo que quase inexistem ou são feitas de forma benevolente quando referem-se a outros grupos e/ou pessoas; que as redações desenvolvem "teses" (mesmo que irreais e/ou mentirosas) e depois mandam os repórteres colher informações e declarações que as justifiquem; que a maior parte das notícias é produzida sem que se faça a necessária e profunda apuração e checagem dos fatos; e que, por fim, tudo é um grande "balcão de negócios".

De certa forma, eles estão verbalizando, para plateias de milhares de espectadores, muitas das coisas que afirmei, há três anos, para um blog da minha terra natal, Taquaritinga (SP), que, óbvio, tem um alcance quase nulo. "A imparcialidade é um mito, não existe", cravei, naquela entrevista (leia a íntegra clicando aqui). "Dono de jornal não é jornalista, é empresário, que defende seus interesses, econômicos e políticos", prossegui. "A censura, hoje, não é política nem imposta pelo governo. A censura é econômica. Só consegue dizer o que quer quem tem dinheiro para ter um meio de comunicação", acrescentei. Pois exatamente tudo isso, de maneira menos simplória que minha abordagem, lógico, é dito, com outras palavras, no documentário "Mercado de notícias".

Outros "ecos" que ouvi se referem à necessidade de pulverizar a verba estatal para os meios de comunicação (no filme, há quem concorde e quem discorde) e, mais impressionante, o papel protagonista do Partido dos Trabalhadores na configuração do tabuleiro de interesses midiáticos. Na última década, gastei muita saliva - e a paciência da companheirada - nas mesas de bar e afins sustentando que, a partir de 2003, o governo Lula deixou a imprensa "nua", no sentido de que não consegue mais disfarçar seus reais interesses. No documentário, Janio de Freitas diz que, até 1964, cada jornal defendia um partido político; que na época do golpe militar todos se uniram para apoiá-lo; e que, depois da vitória de Lula, todos se unem novamente, só que no anti-petismo (bingo!).

Outra teoria que já despejei na orelha dos camaradas foi de que, no episódio "mensalão", o PT passou a pagar o preço por ter colaborado com o movimento golpista contra o presidente Fernando Collor de Mello. Pois, no documentário, Luis Nassif afirma com todas as letras que o "jornalismo" praticado (e louvado) hoje no Brasil, baseado em uma cascata de denúncias escandalosas que via de regra não possuem provas nem sustentação lógica, virou "padrão" ou "modelo" justamente na cobertura midiática que "enlameou" a carreira política e a vida de Collor, e que precipitou sua renúncia. Renata Lo Prete acrescenta, no filme, que muitos dos que hoje reclamam da postura da imprensa eram os que antes, quando estavam na oposição, forneciam informações e materiais para alimentar escândalos.

Por essas e por outras, recomendo o documentário "Mercado de notícias". Rende muito "pano pra manga" sobre um assunto que considero de fundamental importância no mercado jornalístico: o esclarecimento do receptor (leitor, ouvinte, espectador, internauta) sobre os métodos, artimanhas e interesses do emissor (as empresas que comercializam notícias). E, como sonhar não custa nada, ainda espero que, um dia, essa necessária "educação" sobre o consumo de mídia venha a fazer parte do ensino formal na escolas. Ou então nós mesmos, jornalistas, teremos que, voluntariamente, deixar o jornalismo "nu" para a população.

segunda-feira, julho 22, 2013

Visita do Papa: Joaquim Barbosa não cumprimenta Dilma. Quem ele lembra?

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Deu no Blog do Rovai (veja aqui). Na recepção ao Papa Francisco, o presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, cumprimentou o chefe religioso e ignorou solenemente a presidenta da República, que apresentou o ministro ao pontífice. A atitude me fez lembrar alguns momentos da história brasileira.



José Sarney não recebeu a faixa presidencial do último presidente da ditadura militar, João Baptista Figueiredo, que não tinha muito apreço pelo povo, pela democracia e muito menos por ritos institucionais. Já Sarney entregou a faixa a Fernando Collor. Muita gente tinha dúvidas se o então presidente estaria presente na cerimônia de posse a seu sucessor. Ele havia sido criticado por todos os candidatos à presidência, em menor ou maior grau, mas o presidenciável do PRN ia muito além da crítica. Cansou de desancar o mandatário não economizando no palavreado chulo e nos palavrões em comícios, tendo chamado Sarney de filho da p... e mais alguns termos nada elogiosos.  Achava que, sendo a "voz do povo", conseguiria amealhar votos.

Sarney entregou a faixa a quem cansou de xingá-lo

A postura pouco republicana de Figueiredo, que evitou se encontrar com um desafeto, e também a de Collor, podem ser identificadas na atitude de Barbosa. Do primeiro, tem o gosto pelo autoritarismo e a dificuldade em conviver com as diferenças, o que já se mostrou em inúmeras outras ocasiões. Do segundo, tem o oportunismo de fazer da falta de cortesia arma de propaganda política para si. Lamentável.

quinta-feira, março 25, 2010

As desculpas pelo bloqueio da poupança ou como Covas salvou Serra de ser ministro de Collor

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Cristina Gallo/Agência Senado
O senador por Alagoas e ex-presidente da República Fernando Collor de Mello parece hoje aquele veterano que joga mais leve e solto quando não tem a responsabilidade de atuar em uma equipe grande. Depois do período de "quarentena forçada", já que teve seus direitos políticos suspensos por oito anos, o parlamentar, em várias entrevistas, conta detalhes do passado (claro, sua versão dos fatos) e ataca antigos aliados e outros supostos colegas que negam tal condição. Em entrevista concedida aos jornalistas Cezar Motta e Adriano Faria, da Agência Senado, ele descreve episódios interessantes para quem se interessa pela história política do Brasil. Alguns episódios conhecidos, outros, reveladoras. Abaixo, alguns trechos:

Bloqueio da poupança

Eu nunca afirmei isso [que não iria mexer na caderneta de poupança]. Ao contrário, em um dos debates eu disse que o meu adversário é que iria confiscar as poupanças, justamente para evitar que a pergunta me fosse feita. O fato é que, quando todos da minha equipe viram que as contas correntes e a poupança receberam enormes aportes, concluímos que não bastava bloquear os títulos, não seria suficiente. E posso garantir que todos os candidatos tinham a mesma intenção. O PT, o PMDB. Tanto é verdade que, dois dias depois, economistas e políticos do PT paulista, alguns ex-colegas da ministra Zélia na Universidade de São Paulo (USP), a procuraram e disseram: "Era este exatamente o programa que queríamos aplicar. Só que, no nosso caso, o governo cairia no dia seguinte".

(Acima, Collor mostra seu senso de raposa política. Confessa ter posto Lula na parede para não ter que assumir que poderia mexer na poupança. Ou seja, acuse antes de ser acusado)

Fracasso do plano

Não, a população não sabotou. Ao contrário, uma pesquisa logo depois do plano mostrou que tínhamos 67% de aprovação. Erramos em uma série de pequenas coisas, que se tornaram grandes. Por exemplo, na administração da liberação do dinheiro no que chamávamos de "torneiras". Todo dia nos deparávamos com uma surpresa. Nossas reservas cambiais eram atacadas no mercado, e nós precisávamos delas. Muitas frentes estavam abertas, mas a grande resistência veio da Avenida Paulista, como disse, dos grandes industriais e empresários brasileiros, que não gostaram de perder suas reservas de mercado. Em nenhum momento tivemos problemas com sindicatos de trabalhadores ou partidos de oposição, embora o PT já fosse uma oposição forte e ativa. 

Quem sabotou foram os que queriam manter privilégios, aumentar preços e tarifas, a burocracia, os que se envolviam com a Cacex (Câmara de Comércio Exterior do Banco do Brasil, que estabelecia tarifas de importação e exportação). Enfim, era a mesma gente que me apoiou no segundo turno, que defendia a medidas que adotei. Mas logo percebi que defendiam as medidas em relação ao vizinho, mas não aceitavam que fossem adotadas em relação a eles próprios. Tanto que, quando o então presidente da CUT, Jair Meneguelli, foi ao Palácio falar sobre greves e movimentos contra o plano, eu lhe disse: "Não se preocupe, porque vocês, os trabalhadores, não desestabilizam o governo, mesmo com greves. Quem está realmente causando problemas são os seus patrões, os industriais".

(No trecho, Collor tenta se fazer de vítima da elite, discurso comprado por parte de seus ex-eleitores. A outra parte jura de pés juntos que votou nulo ou no Lula no segundo turno de 89... E sobre o apoio ao Plano, é fato. Muita gente não se indignou e, embora possa até ter ficado chateada por ter seu dinheiro bloqueado, só se mexeu de fato quando o Plano começava a fazer água.)

Delfim Netto

Recentemente, por exemplo, o Delfim Netto disse que não foi consultado na época do plano por ninguém da equipe. Realmente, ninguém da equipe o procurou, mas ele esteve comigo. Ele desmente e diz que, convenientemente, escolho só testemunhas já mortas. Mas há as esposas que estavam presentes. Este encontro foi na casa do ex-deputado Amaral Neto, e a d. Ângela, mulher dele, estava lá, um final de tarde, com o então deputado Ricardo Fiúza e o senador Roberto Campos. Eu os consultei sobre a situação da economia, e todos foram unânimes: com essa liquidez, nenhum plano anti-inflação dará certo. Disseram que seria decisiva a escolha do presidente do Banco Central. Era preciso um nome capaz, que o mercado respeitasse. Eu mencionei alguns nomes, e quando citei Ibrahim Eris, Delfim vibrou: "extraordinário nome, extraordinário nome, perfeito!". Já Roberto Campos não gostou: "Esse não pode, Delfim, é um fiscalista, seria um erro".

Logo depois, o Delfim foi ao Planalto, lépido e fagueiro, com aquele cabelo sempre bem penteado, bem barbeado, sorridente, e disse: "genial presidente, genial!! Nem eu com o AI-5 teria condições de fazer isso. Parabéns!" Hoje ele nega o encontro. Mas houve, e dou mais um detalhe da conversa. Ele me perguntou: "Mas esse dinheiro não vai ser devolvido, não é?" E eu respondi: "Sim, vai ser devolvido e com juros". Ele riu e duvidou: "Ah, mas isso eu quero estar vivo pra assistir".Pois o dinheiro foi devolvido e Deus permitiu a ele estar vivo para testemunhar. Ele desmente o encontro, mas explicou que apenas propôs o pagamento em títulos. Ou seja, sem querer, confirmou.


(Delfim que se explique, "nem no AI-5"...)

Acordo com o PSDB


Fechamos o acordo com o presidente do PSDB, o então deputado Franco Montoro, o partido nos apoiaria no Congresso, o Fernando Henrique seria chanceler e o José Serra seria o ministro da Fazenda. Viajei com tudo acertado, e quando voltei soube que o senador Mário Covas havia vetado tudo, anulado o acordo.

(Se o PSDB chegou à presidência, deve ao falecido Covas. Se dependesse dos luminares tucanos...)

terça-feira, março 16, 2010

20 anos do plano que calou os eleitores de Collor

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Aquela foi a festa de aniversário de criança mais desanimada que já presenciei. Eu estava vestido todo de preto, mas com sorriso de orelha a orelha. No dia 16 de março de 1990, a equipe econômica do presidente Fernando Collor de Mello, empossado no dia anterior, anunciava um plano econômico que congelava depósitos do overnight, das contas correntes e das cadernetas de poupança que excedessem a 50 mil cruzados novos, o equivalente, na época, a 1.300 dólares (quase 2.300 reais na cotação atual). Dezenas de milhares de pessoas ficaram sem qualquer dinheiro ou fonte de renda, perderam o que tinham, adoeceram ou simplesmente se mataram. Até a Veja assustou (foto). Ainda hoje não fizeram um levantamento documental mais detalhado da extensão daquele desastre chamado Plano Collor.

Mas basta dizer que, no segundo semestre de 1990, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro desabaria para -7,8% e, nos dois anos seguintes, a economia perderia 2 milhões de empregos. Muito por causa disso os 35 milhões de eleitores que levaram Collor ao poder não fariam a mínima questão, em 1992, de sair às ruas para defendê-lo quando a sequência da escândalos o levou à renúncia. Uma imagem célebre do engodo que todos os eleitores do Collor se tocaram ter caído foi a inacreditável entrevista da ministra da Fazenda, Zélia Cardoso de Mello, e do presidente do Banco Central, Ibrahim Eris, aos jornalistas Joelmir Betting e Lilian Witte Fibe. Ali ficou nítido que a equipe econômica do governo não fazia a menor ideia do que se tratava o plano que haviam acabado de impor ao país. Desesperador.

Pois então, foi naquele clima de estupefação geral da nação que eu fui com meus pais a uma festinha de criança na Associação do Banco do Brasil (AABB), na cidade onde nasci, em Taquaritinga (SP). Com 16 anos recém completos, eu havia acabado de tirar o título de eleitor e me preparava para votar em Plínio de Arruda Sampaio para governador. Nas eleições de 1989, Collor havia conquistado quase a totalidade de votos locais. Houve só uma passeata, dos colloridos, com metade da cidade. Eu e um amigo subimos no muro da minha casa para agitar uma bandeira do PT e levamos uns cascudos. Meu pai, que tinha um adesivo do Collor no carro, me deu uma sonora bronca. E todo mundo tirou sarro da gente quando o alagoano derrotou Lula.

Mas aí veio aquele 16 de março fatídico. Na festinha, só as crianças brincavam e eu sorria, degustando cerveja. Os convidados, em sua maioria médicos, conservadores e eleitores do Collor, nada falavam. Os semblantes eram de velório. Meu pai não perdeu nada, pois não tinha dinheiro guardado. Mas travou seu discurso político conservador por mais de dez anos. E eu, alertado previamente para não tocar no assunto, só podia sorrir. Mas sorri bastante.

Ps.: Quem também deve ter sorrido naquele dia foi o aniversariante José Dirceu, integrante da coordenação da campanha de Lula em 1989.

quinta-feira, janeiro 28, 2010

Nara tinha opinião

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Dando continuidade ao post "Não é de agora que reconhecem o Lula", vi outra declaração interessante no livro "A onda que se ergueu no mar", do Ruy Castro (Companhia das Letras, 2001), espécie de continuação de "Chega de saudade", publicado pelo mesmo autor 11 anos antes. Numa conversa que Ruy teve com Nara Leão (foto) em janeiro de 1989, a cantora disparou:

"Se houvesse um pouco de moralidade, a coisa já melhoraria. Brizola, por exemplo, é charmoso, mas é também o campeão da demagogia. O único diferente desses políticos que andam por aí é o Lula. Ele é muito inteligente, mas teria de se cercar de pessoas preparadas."

Nara morreria seis meses depois, vítima de um tumor no cérebro, às vésperas da primeira eleição direta para a presidência da República em 29 anos, que levariam Lula e Fernando Collor ao segundo turno. E que deu no que deu.

quinta-feira, setembro 10, 2009

Collor, o imortal, também proibiu novela

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A notícia saiu no blog do Leonardo Ferreira e diz respeito ao presidente "impichado", e agora imortal da literatura sem ter escrito um livro sequer, Fernando Collor de Mello. Segundo informações do blog, José Louzeiro prepara um livro sobre os bastidores da proibição de sua novela “O marajá”, que seria exibida pela já extinta Manchete, em 1993. A trama contava a trajetória de Fernando Collor e foi impedida de ir ao ar poucas horas antes da estreia. Como consta a história, o ex-presidente conseguiu impedir na Justiça a exibição após ser alertado pela chamada de "O marajá". Nesta uma enfermeira levava numa bandeja de prata cheia supositórios com cocaína para o ex-presidente....
Curiosa com a novela, encontrei a sinopse, que vale a pena ser lida. Já o que diz respeito a valorosa historiografia noveleira do Brasil, o país mais uma vez mostra descuido com sua história. Acontece que as fitas da novela “sumiram”. Há quem diga que estão (ou estavam) escondidas sob judicie de Adolpho Bloch. Segundo Fernando Barbosa Lima, o ex-diretor-geral da Manchete, o próprio Bloch decidiu guardar as fitas, com medo que elas fossem roubadas, e a Manchete, prejudicada. "Ele ficou assustado com o poder de Collor", conta Barbosa Lima, que era amigo de Bloch.

Fica então a sugestão para o Fantástico, que já achou Belchior, pode encontrar o Serra e o Kassab, sumidos após as cenas de natureza selvagem que arrasaram São Paulo por estes dias, e quem sabe as fitas de “O Marajá”.

quarta-feira, setembro 02, 2009

Sem ter escrito nenhum livro, Collor é eleito imortal da Academia Alagoana de Letras

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O atual senador Fernando Collor de Mello (PTB) e ex-presidente do Brasil, foi imortalizado na manhã desta quarta-feira, 2. Ele, que ocupará a cadeira número 20 da Academia Alagoana de Letras, nunca publicou um livro mas afirma que está em vias de escrever "A Crônica de um Golpe”, a sua versão de tramoias que lhe arrancaram do Planalto. Já para se candidatar a cadeira de imortal, o senador entregou um amontoado de discursos. Mas o bom mesmo é saber que a a Academia Alagoana de Letras de Alagoas tem tanta vaga, que até quem nunca escreveu um livro tem a sua garantida....

Se já surpreende a imortalidade de Collor, as coisas ainda podem piorar. O poeta Ledo Ivo, único acadêmico alagoano membro da Academia Brasileira de Letras, apoia a indicação nacional de Collor. "Ele tem qualidades para ser indicado e eleito para a ABL", garante Ledo.

E é assim que temos mais um imortal na política, Sarney e Collor, os literatos. O que diria o escritor alagoano Graciliano Ramos em uma situação destas? Talvez isso:

"Bichos. As criaturas que me serviram durante anos eram bichos. Havia bichos domésticos, como Padilha, bichos do mato, como Casimiro Lopes, e muitos bichos para o serviço do campo, bois mansos. Os currais que se escoram uns nos outros, lá embaixo, tinham lâmpadas elétricas. E os bezerrinhos mais taludos soletravam a cartilha e aprendiam de cor os mandamentos da lei de Deus."

(Graciliano Ramos - São Bernardo)

terça-feira, agosto 25, 2009

Pedro Simon dá o tom em vídeo divulgado por boletim do PSDB

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Chegou em uma de minhas contas de e-mail um boletim do PSDB com o assunto: "Lula, Collor, Sarney – você viu o que eles disseram?‏" A mensagem é assinada por Eduardo Graeff, cientista político e ex-assessor da Presidência da República.

A mensagem faz parte de uma sequência que o partido tem enviado aos contatos de seu site pedindo atualização de cadastro e apoio para a eleição de 2010. Quem mandou pedir notícias sobre a legenda?

O objetivo da ação é atrair simpatizantes para "virar o jogo" das eleições de 2010, na busca pela "a melhor equipe de apoiadores", "capaz de combater a máquina do Governo e do PT".

Para isso, usam o vídeo O Brasil não é problema deles, uma montagem de trechos de discursos de José Sarney (PMDB-AP), presidente do Senado, Fernando Collor de Mello (PTB-AL), senador e ex-presidente, Lula e Dilma Rousseff (PT-RS). A estratégia é colar os petistas aos ex-mandatários da nação.

Até aí, tudo normal, estratégia de partido de oposição que também já está com os dois pés nas eleições do ano que vem. Pode-se criticar o vídeo ou elogiar a montagem ou dizer o que se quiser. Não fosse por um detalhe.

Quem dá o tom crítico à edição, aquele que manda as estocadas e ironias é ninguém menos que o tucano... Pedro Simon (PMDB-RS)?

Ué!? O senador gaúcho refere-se a seu partido como o "MDB", para lembrar que ele está lá há muito tempo. Não tem oficialmente nada de PSDB, mas está lá no vídeo como o único que não leva pedrada. E nenhum outro tucano está no vídeo. Onde estão Arthur Virgílio (AM), Tasso Jereissati (CE), Álvaro Dias (PR)? São 13 os membros do partido no Senado, e recorreram a um (pra lá de crítico) integrante do partido de José Sarney para fazer o trabalho.

Será que, sob os olhos do diretório nacional do PSDB, os senadores tucanos estão fora do tom?

Confira:

quarta-feira, agosto 05, 2009

Simon, Renan e Collor: le rendez-vous

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Genial. Não há outro adjetivo que exprima com tanta clareza o bate-boca entre Pedro Simon (PMDB-RS), vestal e profeta dos pampas que prega contra os maus costumes; seu colega de partido Renan Calheiros, ex-presidente do Senado cujas relações privadas foram expostas até em revista masculina; e Fernando Collor, senador alagoano pelo PTB que dispensa apresentações.

Na primeira sessão depois do recesso da casa (não, ninguém teve a ideia de prolongar o ócio por conta da gripe suína), o senador Simon pediu a renúncia de Sarney da presidência do Senado. Eufóricos devem ter ficado as pseudo-celebridades do Twitter, "hey, esse velhinho tá dizendo uma parada que tá falando um lance certo", deve ter exclamado o dublê de músico e metade de dupla popstar ao sapear o controle remoto.

Mas Renan Calheiros abordou o colega em defesa da honra do dono do Maranhão. Especializado que se tornou no desnudamento dos vícios privados, resolveu revelar o que só é sussurrado nas coxias e bradou que o parlamentar gaúcho sofria do mesmo mal que acometeu o alucinado Bentinho, aquele da Capitu. Simon sofria de ciúmes de Sarney por ter perdido a vaga de vice-presidente na chapa de Tancredo Neves.

A reação gaúcha foi a trivial. "Mentira", repetiu algumas vezes o ofendido. E, para manter o nível de erudição elevado, resolveu atacar pelo mesmo flanco dizendo que Calheiros havia abandonado seu colega Fernando Collor quando este era presidente da República, entregando-o aos vermes pouco antes do conterrâneo ser apeado da cadeira presidencial. Também citou um tal acordo feito na China, o que levaria a uma série de trocadalhos e ilações que não merecem espaço nesse post.

Mal sabia o franciscano senador que mexia em um vespeiro. O furioso Collor tratou de expor seu ferrão por meio de olhos vidrados, arregalados, tal qual Lugano quando jogava no São Paulo. Arfava como um amante no meio do coito e vociferava: "Suas palavras, o senhor vai ter que as engolir. E digira como quiser". Ameaçou revelar mais intimidades que comprometeriam seu oponente, nomeou-o de parlapatão mas não deu sequência ao diz-que-me-disse que caracterizava o alegre convescote.

Resumidamente, vale a pena ver o vídeo. Uma  aula que em poucos botecos brasileiros se pode ver. 

quinta-feira, julho 24, 2008

Quando a melhor defesa NÃO é o ataque...

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Segue abaixo um "causo" que tirei do livro "Mil dias de solidão" (Geração Editorial, 1993), de Cláudio Humberto Rosa e Silva, ex-porta-voz do presidente Fernando Collor de Mello (na foto, ao centro). Consta que o fato ocorreu em 28 de dezembro de 1992, na famosa Casa da Dinda, em Brasília. Collor ponderava a hipótese de renunciar ou não à presidência da República, o que de fato faria no dia seguinte. Estavam presentes o assessor pessoal Luís Estêvão, os senadores Affonso Camargo, Odacir Soares e Ney Maranhão, o deputado federal Roberto Jeferson (ele mesmo), o governador de Alagoas Geraldo Bulhões, o jornalista Etevaldo Dias, o embaixador Marcos Coimbra e o advogado José Moura Rocha. Segue a história:

Risonho, Collor contou uma história marcante do treinador que contratara para o CSA, Hélio Miranda, professor de educação física, seu amigo, irmão de comunistas históricos como o jornalista Jayme Miranda, líder do Partido Comunista Brasileiro (PCB), preso, torturado, assassinado e esquartejado pela ditadura militar.
- Conseguimos colocar o CSA no Campeonato Nacional e o jogo de estréia foi contra o Operário, de Campo Grande, Mato Grosso, na casa do adversário. Não tivemos tempo nem dinheiro para formar um time competitivo.
Collor lembrou sua perplexidade com a única instrução do técnico aos jogadores, no intervalo, após o término do primeiro tempo:
- Vamos nos fechar na defesa para segurar o zero a zero. Vocês estão proibidos de tentar fazer gols. Retranca, vejam bem, só quero retranca!
Logo nos primeiros minutos do segundo tempo, um atacante do CSA, Misso, goleador inveterado, não teve alternativa senão driblar sozinho toda a defesa do Operário e marcar gol de placa.
O estádio parecia um túmulo.
Só quem ficou feliz foi o próprio Misso, que correu para o silencioso banco de reservas à procura do abraço agradecido do treinador.
Hélio Miranda estava uma fera. Recebeu o autor do gol aos gritos:
- Por que você fez isso? Por quê? eu não disse que o time estava proibido de fazer gols?
Durante os 45 minutos finais, os jogadores do Operário, com brio, conseguiram não apenas empatar a partida como também virar o placar e impor uma goleada de 5x1 ao CSA.