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Retrato do jogo: atletas não se entendem com a bola (Divulgação) |
Retrato do jogo: atletas não se entendem com a bola (Divulgação) |
Sem encantar, o Santos venceu o Avaí ontem por 2x1, na Vila Belmiro. Assim, o Peixe registra uma boa sequência de cinco vitórias consecutivas - quatro pelo Brasileirão e uma "vitória-derrota" contra o mesmo Avaí, pela Sul-Americana.
Neymar foi o principal jogador em campo. Pelo que mostrou de futebol propriamente dito - fez um gol aos 55 segundos, quando certamente muitos santistas ainda tomavam a última dose nos bares que circundam a Vila - e por mais uma vez ser tema de "polêmicas".
E o Brasileirão começa hoje. Muitos já criticaram, e com razão, o descaso da CBF com a competição, e mesmo o torcedor que ainda está com o time envolvido em outros torneios (Copa do Brasil e Libertadores) vai demorar pra se interessar de fato pela disputa. Ainda assim, é o campeonato mais importante – e longo – do país e vai monopolizar os papos de boteco do segundo semestre (ou alguém vai ficar comentando Copa Sulamericana no bar?).
A grande atração será certamente o desfile dos artilheiros. Curiosamente, três dos quatro atacantes da espezinhada seleção de 2006 estarão dando o ar de sua graça por aqui: Ronaldo, no Corinthians; Adriano, no Flamengo; e Fred, no Fluminense. Além deles, há os artilheiros da edição de 2008 que ainda estão no Brasil, Keirrison (segundo Nivaldo, apelidado de “Pipokeirrison” por palmeirenses da turma do amendoim); Kléber Pereira, o artilheiro dos gols perdidos, e o oscilante Washington, ainda em fase de aprovação no São Paulo.
Além deles, tem o rol dos “recuperados”, com Rafael Moura, o He-Man do Atlético (PR), e o renegado Diego Tardelli. Pedrão, goleador máximo do Paulista pelo Barueri, e os jovens Taison e Nilmar, do Internacional, também devem se fazer notar. Aliás, não é hora de dar uma chance a Nilmar não, Dunga?
Estava em São Vicente quando li no tablóide Expresso Popular uma matéria sobre o clássico de ontem dizendo que Fábio Costa e Kléber Pereira eram os “caras” do Santos, que poderiam determinar a vantagem do time contra o Palmeiras. Quase profético, o texto relembrava como os dois foram fundamentais para a classificação santista às semifinais. E, ontem, decidiram de novo.
Mais uma vez, Ronaldo Nazário (à direita) mostrou que não está para brincadeira e marcou mais dois com a camisa do Corinthians, chegando à excelente marca de um gol por partida disputada pelo clube até o momento. Apesar de estar oito tentos distante de Keirrison, do Palmeiras (à direita, abaixo), que lidera a artilharia da competição com 12 gols, ainda não é possível dizer que o "Gordo" não tem chances de superá-lo. Se fizer, como ontem, mais dois gols nas duas próximas partidas, por exemplo, entra no páreo. Porém, a saúde, a juventude e a fase de Keirrison dão poucas esperanças à concorrência. Para se ter uma ideia da superioridade do ex-atacante do Coritiba, o segundo artilheiro palmeirense no campeonato, Lenny, tem apenas seis gols marcados - exatamente a metade do artilheiro do Paulistão. E Chicão, o maior goleador do Corinthians, também marcou seis vezes. Como o Palmeiras já garantiu a classificação antecipada para as semifinais, Keirrison assegurou a oportunidade de ampliar a diferença. Mas tudo é possível no futebol...
Afinal, o Grêmio Barueri, do técnico Estevam Soares, ainda tem chances (remotas) de classificação entre os quatro primeiros. E seu principal atacante, Pedrão (à esquerda) é um dos três vice-artilheiros do Paulistão, com dez gols. Aliás, o Barueri tem outro "matador" em seu elenco, Thiago Humberto, que já marcou oito vezes. Juntos, Pedrão e Thiago marcaram quase 70% dos 26 gols que seu clube conseguiu fazer até o momento na competição. E, mesmo que não alcance as semifinais, a dupla ainda tem mais duas rodadas para disparar na artilharia. O mesmo vale para outro bom atacante, Zé Carlos, do Paulista de Jundiaí (à esquerda, abaixo), outro dos vice-artilheiros, com dez gols. É mais um exemplo de como alguns times do interior dependem fundamentalmente de um único atacante, pois os colegas de equipe que mais se aproximam dele são Alex Oliveira, Felipe e Léo, com apenas dois gols cada um. Ídolo pelo Jeonbuk Hyundai, da Coréia do Sul, pelo qual conquistou a Copa da Ásia, Zé Carlos participou do Mundial de Clubes no Japão, em 2007. Com o bom desempenho apresentado neste Paulistão, poderá reforçar algum time "grande" no Campeonato Brasileiro.
O terceiro vice-artilheiro do estadual é Washington, do São Paulo (à direita), que ontem marcou mais um, em Bauru, e também soma dez gols. Caso o Tricolor confirme a classificação às semifinais, poderá ameaçar a liderança de Keirrison. Desde o início do ano, Washington já fez 12 gols pelo São Paulo - quase os 14 que Dagoberto e Jorge Wagner fizeram desde 2007 no clube. E o chamado "coração valente" supera a soma dos outros artilheiros do Tricolor no campeonato, Borges e Hernanes, que fizeram quatro gols cada um. Sua única desvantagem é a hipótese de o técnico Muricy Ramalho decidir poupá-lo nas próximas rodadas, para priorizar a Copa Libertadores. Na terceira posição entre os artilheiros, Edno, da Portuguesa (à direita, abaixo), aparece com nove gols. O São Paulo tentou contratá-lo no final de 2007 e, com mais essa boa campanha, é outro que deve partir para um dos "grandes" no campeonato nacional. Na Lusa, o segundo artilheiro é o surpreendente lateral Athirson, que já marcou quatro gols. Depois de uma passagem apagada pelo Brasiliense, o jogador ressurge em grande fase, aos 32 anos.
Por último, destaco Danilo Neco, da Ponte Preta (à esquerda), que divide a quarta posição entre os artilheiros com o já citado Thiago Humberto, do Barueri, com oito gols. Trata-se de outra referência de ataque em times do interior, pois o segundo artilheiro da Macaca, Leandrinho (que fez um golaço ontem contra o Corinthians, por cobertura), só marcou três vezes. E termino o post falando sobre outro possível semifinalista, o Santos, que, ao contrário de seguidas competições passadas, em que sempre tinha atacantes brigando pela artilharia, dessa vez tem um ataque mais modesto. Kléber Pereira e Roni (à esquerda, abaixo) são seus principais matadores no Paulistão, com quatro gols cada um. Mas o garoto Neymar já começa a ganhar espaço entre os titulares e, ao que tudo indica, se o clube passar para a próxima fase, poderá multiplicar os dois gols que fez. Fabão, Molina, Paulo Henrique, Róbson e Rodrigo Souto também marcaram duas vezes pelo alvinegro praiano neste campeonato. Ah, e vale registrar, ainda, os que estão na quinta posição da artilharia do estadual, com sete gols: Alex Afonso, do Ituano, e Pablo Escobar, do Santo André - o segundo ainda sonhando com a semifinal.
Palmeiras.com.br
Em uma noite que faltou energia elétrica na Pompéia, bairro vizinho ao Palestra Itália, achei que ia faltar luz no estádio. Não foi o caso. Diante do Noroeste de Bauru, um dos times situados na zona de rebaixamento, Keirrison marcou dois e garantiu o placar ainda aos 20 minutos do primeiro tempo.
O trânsito provocado pela combinação de chuva, alagamentos, semáforos quebrados e falta de luz foi tão grande (201 quilômetros às 19h) que os jogadores do time da casa tiveram de ir de táxi ao estádio, porque o ônibus não conseguiu chegar a tempo ao hotel. Há quem tenha contado seis carros para 30 pessoas, o que quer dizer superlotação da maioria dos modelos de passeio.
A classificação para a fase final do Campeonato Paulista foi praticamente assegurada pelo Palmeiras na noite desta terça-feira, 17. Com mais cinco pontos, garante matematicamente a vaga, com nove, a liderança.
Jogando no esvaziado Palestra Itália, o time novamente entrou com dois zagueiros e Sandro Silva no lugar de Pierre. Novamente nada dos experiêntes Edmilson e Marcão. O Norusca não foi capaz de trazer perigo à oscilante zaga alviverde mais por falhas na finalização do que por boa armação da defesa. Aliás, Danilo até tentou entregar o ouro em um recuo estranhíssimo na fogueira para Bruno na segunda etapa.
A partida acabou com a história de o líder ter um jogo a menos do que os adversários. Isso explica os seis pontos de vantagem. A primeira fase da competição se aproxima do fim, faltam cinco rodadas.
O título poderia ser "Keirrison breca arrancada da Portuguesa", já que a equipe não perde desde a segunda rodada e vinha de duas vitórias. Mas o foco inevitável é no líder do campeonato e seu tropeço. O empate no Canindé entre Portuguesa e Palmeiras representou o fim do 100% de aproveitamento do alviverde no Paulista, depois de perder na Libertadores a invencibilidade na temporada em jogos oficiais. O time continua sem perder na competição e com um ponto a mais do que o segundo, Corinthians, ainda com uma partida a menos.
Gols só saíram no segundo tempo, dois de Keirrison aos 8 (de pênalti) e aos 15. Com 2 a 0, os visitantes reduziram o ritmo e a Lusa acelerou. Edno, de pênalti, e Christian empataram a partida.
A produtividade mais baixa do Palmeiras, o nervosismo de Diego Souza e a falha da defesa no segundo gol da Portuguesa não podem ser atribuídos à derrota na partida contra a LDU.
Antes do clássico de hoje, a imprensa falou que essa seria a partida-teste para o Palmeiras, já que enfrentaria um adversário à altura. Mas, na verdade, o time da Vila Belmiro foi um sparring pobre e para os peixeiros foi de fato um teste para suas pretensões no ano. Teste no qual eles não passaram e em que ficaram evidentes as falhas de planejamento (sic) da diretoria local (e bota "local" nisso).
Com 11 minutos, o Palmeiras tinha chegado ao gol com chances claras de marcar por três vezes. O Santos, sequer tinha finalizado ao gol. O primeiro chute só viria aos 33, com o volante Germano. Pra fora. Vanderlei Luxemburgo fez o óbvio contra um time com dois zagueiros pesados, um tosco lateral improvisado como Adriano e Leo ainda fora de forma: colocou sua equipe para marcar pressão e tirar a saída de bola do Santos. Se Márcio Fernandes poderia até ter dado mais mobilidade no ataque com o meia Róbson no lugar de Roni, o que aconteceu na prática foi que Kléber Pereira ficou isolado, contra dois ou três zagueiros, enquanto o meio de campo peixeiro tinha três atletas que não marcavam: o próprio Róbson, Madson e o inoperante Lúcio Flávio.
Ficaram desnudas as deficiências do Alvinegro. Sem jogadores de marcação no meio, sem lateral direito de ofício e também sem Pará, expulso de forma infantil na partida do meio de semana, restou ao Palmeiras deitar e rolar. Isso, sem contar com a falha de Fábio Costa no primeiro gol e a grosseria de Adaílton no segundo.
Como nenhum time no mundo aguenta fazer marcação-pressão o tempo todo, nos últimos dez minutos o Santos pressionou. Mas as poças do terrível gramado do Palestra, uma defesa sensacional do goleiro Bruno e os zagueiros alviverdes fazendo milagres não permitiram que o time tivesse melhor sorte. No intervalo, restou a esperança, reforçada pela lembrança do clássico do Paulista de 2007, quando o resultado era o mesmo no final do primeiro tempo, mas o final foi um belo 3 a 3.
Mas, com menos de um minuto, vem outro gol de Keirrison, o nono contra o Peixe nas últimas três partidas. E o Santos perde uma, duas, três chances. O Palmeiras, recuado, conta com a sorte, além de tudo. Mas Kléber Pereira, em jogada de Madson, faz o dele. O torcedor teve esperanças, mas o jogo foi decidido em 46 minutos. Uma soma de fatores, a saber: elenco carente em algumas posições, um adversário mais bem entrosado, melhor tecnicamente e jogando em casa, mais contratações que não renderam decretaram a derrota santista. O quarto gol foi a pá de realidade na cova santista. Dessa vez, a culpa menor foi de Márcio Fernandes. Mas ele deve pagar o pato, justa e também injustamente.
Individualidades santistas
Quando o técnico Leão tirou Fábio Costa da partida contra o Barueri, em 2008, muitos chiaram. Claro que o treinador é chegado em confusões, mas será que ele estava errado? O goleiro voltou, como sempre volta, acima do peso, na ocasião, com cinco quilos a mais. E demora pra se recuperar, o que afeta a olho nu seu desempenho. Começo de Paulista é sempre garantia de falhas do arqueiro.
Lembra da partida contra o Marília em 2006? Do jogo contra o Mirassol ou mesmo contra o São Caetano, quando rebateu bolas para o meio da área? Hoje, nova rebatida que resultou no terceiro tento palmeirense, fora a falha no primeiro gol. Claro que o arqueiro tem crédito, mas é profissional voltar sempre com quilos a mais e demorar pra se adaptar e render para a equipe? Acredito que não.
Madson deu uma assistência, correu muito e, ao contrário de outras ocasiões em que foi bem improdutivo, dessa vez se salvou em meio à mediocridade. O triste é lembrar que era o único que se salvava no temerário Vasco do ano passado. Mau sinal.
Pra resumir, Adriano, que não consegue dar um passe de dois metros, não tem condições de ser titular do Santos nunca. Cães de guarda existem aos montes por aí. Não precisamos de mais um.
E como perguntar não ofende, algum santista, vendo o Lúcio Flávio jogar, não tem uma pontinha de saudades do Tabata?