Compartilhe no Facebook
O Glauco tem razão. A imprensa paulista é de uma parcialidade vergonhosa a favor do clube do Morumbi. Até o Corinthians da Fiel foi ultrapassado pela máquina de notícias são-paulina que tomou conta da mídia. Se o São Paulo ganha, é porque é melhor. Se perde, é porque o São Paulo perdeu. Os adversários parece que nunca ganham. Mas no ano passado, o poderoso time do Morumbi precisou da ajuda do árbitro Wilson de Souza Mendonça para eliminar o Palmeiras da Libertadores. O Verdão era dado como galinha morta, o Mendonça foi lá, deu a mãozinha necessária e ninguém mais falou nisso.
Agora a onda é dizer que a Vila Belmiro não pode sediar clássicos. Pauta da assessoria são-paulina, provavelmente revisada pelo Marco Aurélio Cunha, que estava ontem na Vila Belmiro. Na Europa, todos os times mandam seus jogos em suas cidades e ninguém reclama. Lá é a tradição, aqui é a politicagem de bastidor de quem paga mais.
San-Sã0
O programa Band Esporte Clube, por (ou pior) exemplo, ficou não sei quanto tempo falando monocordicamente de um único aspecto do clássico de ontem: a suposta “ordem” de Vanderlei Luxemburgo para que seus jogadores batessem em Leandro, repetindo exaustivamente a caçada à pobre vítima.
Defesas sensacionais dos dois goleiros (especialmente de Fábio Costa, o melhor jogador da partida), jogadas bonitas, os gols, a emoção do clássico, a disputa pela liderança em meio à chuva, tudo isso ficou em segundo plano.
Ontem, pelo menos, no Bate Bola da ESPN Brasil o João Palomino falou algo que destoa desse são-paulinismo lamentável (citação de memória): “Eu sou a favor de mulher no futebol, acho ótimo que haja mulheres na arbitragem, mas não é porque a Ana Paula tem pernas bonitas que ela não vai ser criticada tecnicamente. Ela errou feio (no clássico)”. Palmas para o Palomino.
Justamente porque é tecnicamente boa, a Ana Paula é suspeita. Costuma errar em lances capitais de jogos importantes. São sempre erros estranhos e injustificáveis. Eu estava na Vila Belmiro ontem e o estádio inteiro viu que o gol do Jonas foi legal. Só a dona das pernas bonitas não viu. Lembrem-se do golaço de Tevez contra o Palmeiras anulado no Paulista do ano passado, por exemplo. Nunca vi “erro” tão estranho.
O pior é que sempre a voz majoritária quando acontecem esses lances é aquela que diz: “não acredito que houve má-fé, o juiz (a juíza, a bandeirinha, o bandeirinha) é humano (a)”.
Todo mundo sabe que há esquemas. Mas os donos dos ouvidos moucos da imprensa esportiva não sabem, não viram e têm raiva de quem sabe. Têm medo de dizer, porque o futebol é circo e a política do pão-e-circo é uma necessidade imperiosa. O show tem que continuar e nós, torcedores, que também somos consumidores porque compramos ingressos e assinamos TV a cabo, não passamos de inocentes palhaços.