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Marcello Casal/Ag Br A visita de “El Diablo” ao Brasil está deixando alguns jornalistas embasbacados e incontidos diante de tamanha honra. Entre aqueles que se viram em uma entrevista concedida pelo presidente dos Estados Unidos, publicada no Estadão de hoje, a correspondente do jornal em Washington, Patrícia Campos Mello, demonstrou ser quase uma tiete de Bush filho.
Terá ela pedido autógrafo ao entrevistado? Isso não posso saber, mas o textinho que ela assina em negrito na página A4 do jornal é de uma mediocridade atroz. É ridículo. E meigo. “Uma conversa com Jorge Doblevê”, diz o título da matéria, procurando passar uma intimidade suspeita, num jornal sério.
“Seu nome é George W. Bush e ele é o presidente mais poderoso do mundo”, começa ela, entusiasmada tiete, como se começasse uma daquelas redações que escrevíamos no ginásio depois das férias. “Querida professora, nas minhas férias...”
Informando que o presidente se dirigiu a um jornalista mexicano como Joe, e acrescentando que “Bush adora inventar apelidos”, ela vai dizendo: “Com essa e outras piadinhas, o presidente norte-americano deixou o clima mais leve na imponente sala Roosevelt, na Casa Branca”. Isso é que é complexo de vira-lata, o resto é bobagem. Imagino (desculpem a livre-associação óbvia) como deve estar leve neste momento o clima na capital do Iraque.
E a matéria da Patrícia continua: “Foram 45 minutos (de entrevista), muitos sorrisos, gestos e incontáveis palavras em espanhol”, informa a repórter. “Bush sorriu até mesmo quando veio a ‘universal pergunta’ sobre (Fidel) Castro’, como ele (Bush) chamou a indagação infalível sobre o líder cubano”, escreve Patrícia, e posso ver até o sorrisinho de satisfação, quase entre suspiros, com que a moça olhava a tela do computador enquanto digitava essa pérola do jornalismo brasileiro.
Depois, ela encerra com uma fala de seu herói sobre Fidel Castro: “Vamos ver, disse Bush em espanhol (esclarece Patrícia, orgulhosa do líder poliglota, ou pelo menos “biglota”), quanto tempo ele vai permanecer sobre a Terra. Isso é Deus Todo-Poderoso quem vai decidir”, termina a correspondente. Quiçá com lágrimas nos olhos.