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O prefeito de São Paulo Gilberto Kassab determinou, em lei, que os jornais gratuitos – febre nos sinais de trânsito e nas saídas de estações de Metrô da maior cidade do país –, devem ter pelo menos 80% de conteúdo editorial e apenas 20% de anúncios. A iniciativa faz parte da onda "Cidade Limpa" que o prefeito tenta emplacar como sua grande bandeira. Levantamento do Futepoca mostra que essas publicações terão problemas para se manter em circulação.
Assim como panfletos de propaganda estão proibidos, os jornais gratuitos, tendência em grandes cidades de todo o mundo, só tem a publicidade como receita. Os veículos tradicionais arrecadam cada vez menos por meio da venda de exemplares e assinaturas. Mas não há nenhum tipo de restrição prevista para os jornais pagos.
Se os distribuídos em semáforo terão problemas, os jornais de bairro, tradicionais aliados de vereadores e dos mais diversos grupos políticos presentes nas cidades, estão livres para emporcalhar a cidade.
Muito anúncio
Levantamento exclusivo do Futepoca com as edições dos três principais jornais gratuitos da cidade mostra que o espaço ocupado por anúncios varia de 35% a mais de 66%.
O Destak, franqueado português na cidade, é o que tem menos resultados de venda de espaço para anunciantes. Das 24 páginas desta sexta-feira, 26, 9 eram de publicidade (7 inteiras, 4 meias páginas, e uma página generosamente grande no acumulado de calhaus, sem incluir os classificados). Isso representa 35%.
O Publi Metro, do Grupo Bandeirantes, franquia de marca internacional presente em outras cidades européias, tem 11 de publicidade num total de 20, (9 inteiras e duas meias). Fazendo as contas: 55%.
No Metronews, o mais antigo e tradicional da modalidade – cuja editora produz o Jornal do Trem – a contagem se complexifica. Apenas uma página é totalmente de texto, e todas as outras tem pelo menos meia página vendida – quando não três quartos – entre anúncios e calhaus. São 11 inteiras e 15 páginas com mais da metade dedicada ao comercial (pelo menos mais 7,5 de publicidade), em um universo de 28. Resultado, o editorial não chega à terça parte do total.
Os três jornais citados têm tiragem superior a 400 mil exemplares por dia, superando os dois mais tradicionais impressos da cidade.
Se a moda pegasse, os jornalões teriam de se cuidar. O Estado de S.Paulo desta sexta-feira tem, em seu primeiro caderno, o mais nobre e caro em termos de tabela publicitária, tem 10,5 páginas de comercializadas, num conjunto de 20. Ou 55%. Historicamente, há um terço de anúncios na revista Veja. Estes veículos não poderiam ser distribuídos gratuitamente.
Interesses
Os blogues já levantam hipóteses mis sobre os interesses na lei. Alguns apontam o dedo dos jornalões, como Paulo Henrique Amorim, em seu Conversa-Afiada.
Os comentaristas que acusem o Serra e o Kassab.
(Colaboraram Nicolau e Glauco)
