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sexta-feira, agosto 26, 2011

A zaga deveria ter medo do Jumar: Palmeiras vence o Vasco mas não se classifica

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Existem ironias que são divertidas. E outras que são trágicas. No dia em que o time estreiou um terceiro uniforme que aposenta o verde-limão-siciliano e resgata as listas brancas dos anos 1990 da era Parmalat, o Palmeiras venceu. Isso não acontecia havia seis jogos. Fez três gols, feito obtido pela última vez em 30 de julho, contra o Atlético-MG pelo Campeonato Brasileiro. E tudo isso na véspera de completar 97 anos

Mas não se classificou. É uma ironia. Mas a coisa piora.

Jumar foi um volante que esteve no time durante a última e nada saudosa passagem de Vanderlei Luxemburgo pelo time. Não era o pior dos jogadores para a posição, mas tampouco deixou boas lembranças. Foi daqueles jogadores que pareciam da "cota" do treinador, que também tem (ou tinha) suas saidinhas como empresário ou agente de jogadores.

Foi Jumar quem marcou o gol de honra do Vasco repleto de reservas. E foi um golaço de fora da área. É uma ironia mais amarga ainda.

Se Jumar fosse bom, se fosse craque, não estaria no banco de suplentes de Ricardo Gomes. Se fosse tão ruim quanto acredita o torcedor alviverde médio (aquele que tem medo do Jumar), possivelmente nem teria passado pelo clube paulista nem estaria no elenco cruzmaltino. Mas não era para ele fazer esse gol. Ele não

A exemplo do que ocorreu na primeira partida, quando o Vasco venceu por 2 a 0, a equipe de origem na colônia lusitana entrou sem titulares. Diferentemente daquela ocasião, encontrou um Palmeiras mais esperto e capaz de atacar.

Luan abriu o placar no primeiro tempo. Kléber rompeu o jejum de gols que durava dez partidas aos 8 do segundo tempo. Foi quatro minutos depois que Jumar diminuiu e começou a sepultar o ímpeto da equipe de Luiz Felipe Scolari. O terceiro foi no último minuto, por Marcos Assunção.



O Palmeiras está fora da Copa Sul-Americana. Para quem achou que essa seria a forma "mais fácil" de alcançar a Libertadores, melhor se preparar para ter trabalho.

Domingo tem confronto contra o líder do Brasileiro, no clássico contra o Corinthians.

quinta-feira, agosto 25, 2011

Um pouco de Jekyll e Hyde Tricolor

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Por Moriti Neto

Os extremos do São Paulo se apresentaram na noite de ontem, no Morumbi. Na partida contra o Ceará, válida pela Copa Sul-Americana, o time precisava inverter o resultado da primeira peleja – disputada em Fortaleza e que terminou 2 x 1 para a equipe nordestina. Porém, dada a dispersão mostrada na etapa inicial, a impressão era de que o Tricolor jogava a última rodada de um campeonato de pontos corridos estando lá pelo meio da tabela.   

Vagner Mancini propôs um ferrolho. Com o Vovô retrancado, tentando aproveitar a velocidade de Osvaldo no contragolpe, o São Paulo tinha que ir pra cima. Só que Adilson Batista escalou mal, pra variar. Colocou três volantes no meio – Wellington, Carlinhos Paraíba e Casemiro – e três homens rápidos e condutores de bola no ataque, Lucas, Dagoberto e Fernandinho. O resultado era um time de compartimentos estanques, com a bola passando sem a menor qualidade pela meia-cancha.

Até houve uma ou duas chances nos 45 iniciais, mas foram apenas fruto de jogadas isoladas. Lucas, que poderia ser o diferencial, continuava, como em partidas anteriores, mal posicionado, isolado no lado direito do campo.                              

Outra personalidade

O São Paulo volta para o segundo tempo e marca forte a saída de bola cearense. Aproxima os jogadores de frente. Assim, o passe melhora. Cícero, no lugar de Fernandinho, é o homem que, ao menos com condição razoável de transitar entre o meio e o ataque, liga o “nada a lugar nenhum” que a parte ofensiva do time se mostrava.      

São 19 minutos para fazer três gols e forçar o goleiro Diego a praticar defesas importantes. No primeiro tento, aos 10 minutos, lance principal da classificação são-paulina, a dupla de zaga do Ceará perde o tempo de bola quando Carlinhos Paraíba cruza e Cícero, dentro da área, mata bonito no peito e conclui de pé esquerdo, antes da bola tocar o gramado. 

O placar é suficiente pra classificar o São Paulo e coloca abaixo a proposta defensiva do Ceará. Vagner Mancini troca o lateral Boiadeiro por Felipe Azevedo. A vida Tricolor fica mais fácil.

Aos 16, Lucas aparece pro jogo. Recebe passe de Casemiro e, de três dedos, fora da área, amplia bonito. Aos 19, de novo ele. Lucas arranca, larga dois adversários pra trás, e toca para Dagoberto fazer 3×0.

Rivaldo entra aos 24, exatamente no lugar de Lucas, que ainda se recupera de uma  gripe. Aos 25, Cícero deixa Dagoberto livre, cara a cara com Diego, e vê o atacante, de atuação destacada no segundo tempo, chutar e ver a bola interceptada pelo braço do defensor rival. A redonda sobe, vai pra fora e nem escanteio o árbitro marca.   

27 minutos e Carlinhos Paraíba, de longe, obriga Diego a realizar outra boa defesa. Aos 28, o goleiro, outra vez de frente para Dagoberto, evita o quarto gol. O  domínio do São Paulo é total, um vareio no segundo tempo.

Classificação merecida no conjunto da obra. Contudo, é difícil entender o time. Sofre mais do que o necessário contra adversários frágeis e vacila em momentos essenciais. Fosse o Ceará um time pouco mais forte, os são-paulinos poderíamos ter saído já da Sul-Americana.



Não é que seja tudo, mas muito dessa situação parte do técnico. Que Adilson tenha convicções nem tão usuais para a prática do futebol é aceitável. Só que se quer jogar com três volantes, precisa de boa saída pelas laterais, coisa que não ocorre com Piris e Juan pelos lados. Sobre a criação no meio, é incompreensível que Lucas, o maior talento são-paulino, seja desperdiçado, tendo que correr atrás de tijolos rente à lateral. E se Rivaldo e o argentino Marcelo Cañete não têm condições de ser titulares, o primeiro deve estar mesmo muito mal fisicamente e o segundo, provavelmente, é ruim de doer. Não deveriam nem ficar no banco. Resta Cícero, que se não começa os jogos, também deve trazer algum esconso problema.

Esses são somente alguns dos enigmas. Depois,  a gente que não entende a instabilidade.

quarta-feira, agosto 24, 2011

Vida enlatada: Aperto do metrô de São Paulo, parte 1

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Era uma terça-feira de manhã do final de julho, fora do horário de pico. O trem para na estação terminal Butantã, da linha 4-Amarela. A porta abre, uma menina de uns nove anos, ladeada por duas tias, faz menção de desembarcar, como se espera de qualquer passageiro quando chega ao fim da linha. Mas elas ficam diante da conclusão de uma das moças:

– Não, a gente pode ficar aqui mesmo.

Elas voltam, da área das portas para a das cadeiras e se acomodam. Sobram assentos. Logo os vizinhos de vagão conhecer-na-iam pelo nome, Júlia, e pela argúcia.

– Mas... Se não tem motorista, como é que eles sabem que a gente tá aqui?

Parte interna do vagão também é amarela nos trens sem piloto


As tias desconversaram. A rigor, ninguém precisaria saber que estávamos ali; o percurso ocorreria do mesmo jeito. Ocorre que alguma delas deve ter avisado que a linha é automatizada, opera sem condutores – tecnologia "driveless", segundo se aprende olhando para as TVs de dentro dos trens. As outras linhas também são pilotadas remotamente, mas um condutor permanece ali na frente – por segurança, segundo a visão dos sindicalistas.

O importante é que a Júlia vinha de Alterosa, no sul de Minas Gerais. Passava as férias na capital paulista onde uma das tias morava fazia seis meses, a trabalho. Da segunda tia pouco se conheceria. Durangas e sem muita ideia de onde levar a sobrinha na selva de pedra, decidiram que a primeira viagem de avião era insuficiente no rol de novidades para a menina.

O passeio partiu de Santana, na zona norte, via linha 1-azul, passou pela linha 2-verde e terminou na 4-amarela. A primeira viagem num metrô. O trajeto seguia até a estação Faria Lima. Ignorar a primeira pergunta não resolveria.

– Mas... Se não tem motorista, quem é que fica aí falando onde a gente tá?

Essa era mais fácil, e a recém-radicada na Pauliceia devolveu:

– E o computador de bordo entra onde, hein?

– Ah...

Júlia ainda questionaria sobre outros recursos da modernidade do meio de transporte metropolitano. As tias se encantavam até mais do que a menina com o virar dos vagões, que são interligados por dentro e permitem acompanhar o caraminholar das curvas da estrada de ferro. Até foto com o celular registraram. E também com o vídeo promocional que exibia a chegada dos trens fabricados na Coreia do Sul e desembarcados no Porto de Santos.

Um manguaça sentado à minha frente também se divertia com a inquietação da menina. Achou-se íntimo o bastante para assuntar.

– É moderna essa linha, né? Eu me lembro quando abriram a primeira aqui em São Paulo. Foi entre São Judas e Jabaquara, acho...

Segundo o Wikipedia, a primeira viagem foi entre Jabaquara e Saúde, mas isso é um detalhe.

– A Vila Prudente (na linha verde) é moderna, mas essa aqui (amarela) é mais... Bonita mesmo.

O cidadão assunta com a menina questões relacionadas à retomada das aulas, a viagem de volta no avião, elogia o tutu, o leitão e as cachaças de Minas (quando seus olhos mostram um cintilar especial)... E os carros alcançam a estação Paulista.

Quando eu já estava na porta, me preparando para os 300 metros até a integração com o restante do percurso, a Júlia perguntava para onde elas iriam dali. Provavelmente de volta para casa, refazendo o mesmo caminho. O novo amigo se despedia e alguma coisa (provavelmente inveja) me dizia que ele iria dali para o bar.

A porta abriu e os usuários, que já se avolumavam, começaram a movimentação mista de empurra-empurra com caminhar apressado me levou para longe dali. Preciso de férias. Ou de passar no bar. Ou dos dois.

segunda-feira, agosto 22, 2011

Choque Rei foi até melhor do que o esperado, mas deu empate

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Um dia depois de o Corinthians ter brindado os torcedores adversários com uma derrota em casa, diante do Figueirense, São Paulo e Palmeiras empataram em 1 a 1 no Morumbi. O jogo foi bem mais movimentado e com chances desperdiçadas do que sugeriria a má fase de ambas as equipes Mas não foi nada tão bonito de se acompanhar.

O Palmeiras começou o jogo melhor, deixou o Tricolor equilibrar e até sair na frente. Depois, na etapa final, voltou melhor, igualou o marcador e jogou mais bola (ou menos pior, para ser mais preciso). Poderia ter vencido se tivesse o que lhe falta há várias partidas anteriores, a capacidade de ser mais efetivo na frente.

O São Paulo completou três empates seguidos e quatro jogos sem vencer, incluída a Sul-Americana. Ficou em terceiro na tabela. O Palmeiras está a seis partidas sem marcar mais gols do que um adversário. Está na sexta colocação, fora da zona de classificação da Libertadores.

Dagoberto fez um belo gol ainda na primeira etapa, encobrindo Marcos, o Goleiro, no segundo revés sofrido por falha pelo guarda-metas palestrino. O empate veio em cobrança de falta de Marcos Assunção com desvio atrapalhado de Henrique, só no segundo tempo.

O curioso foi ver os times apostando em reforçar suas retaguardas. O Tricolor entrou com três zagueiros; o Verdão, com três volantes. Para quem anda empatando tanto, o mais razoável seria preocupar-se com o que acontece na hora de empurrar o esférico contra a meta adversária. Mas razão de torcedor é cerveja.

Na última rodada do primeiro turno, o São Paulo encara o Santos e o Palmeiras pega o líder Corinthians. Problema para ambos. Mas desafio mesmo é o que esperam os torcedores nas outras 19 partidas subsequentes.

domingo, agosto 21, 2011

Lupicínio pelo avesso

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Começa o show com o Arrigo Barnabé sentado ao piano, a voz maturada na cerveja se vingando na afinação, dá para pensar que vem pela frente uma soirée sofrível. Mas logo as coisas começam a fazer sentido. Ele se levanta e vai ao microfone, Paulo Braga se dirige ao piano, Sergio Espíndola pega do violão. A gravata rota como a voz, o cabelo amassado como a camisa vermelha, um paletó que ele deve ter usado na formatura do primeiro amigo, o conjunto formava o estranho cenário de um espetáculo iconoclasta (o que é estranho para um concerto homenagem).

A canção que abre, “Cadeira vazia”, é uma das mais conhecidas de Lupicínio. Descreve a volta da mulher à casa do amante abandonado, que a recebe pedindo que fique à vontade – é evidente que sua presença permaneceu no lugar, a cadeira dela ainda está vazia. Mas os versos que sintetizam o show que acaba de começar são: 

Voltaste, estás bem, fico contente
Mas me encontraste muito diferente


Com a voz e a cara de louco do Arrigo, nota-se que a “diferença” aqui é diferente do que as costumeiras interpretações da canção normalmente exploram: o cara não se prostrou deprimido, pegou uma tangente e surtou; não está imobilizado por ter desistido da vida, ao contrário, mandou ao inferno o bom senso e agora parece capaz de qualquer coisa. Essa é a tônica do sensacional show Caixa de Ódio – o universo de Lupicínio Rodrigues, a que assisti no sábado passado no “pequeño teatro” Casa de Francisca.




Um outro Lupicínio Rodrigues

Como se sabe, a fronteira entre o trágico e o cômico é tão precisa quanto escorregadia. Um fio além da medida e o mais terrificante dos destinos pode provocar gargalhadas; e, no entanto, a tragédia sempre nos seduz a ir mais longe.

Fato é que ninguém é trágico sozinho; quem está só sem qualquer outro que se identifique com sua tragédia pode esperar pelos risos certos. A velha fórmula não falha: tragédia é se acontece comigo; comédia é se acontece com os outros. Quem não souber fazer dos outros seus iguais, todos vivendo a mesma tristeza, há de despencar num irrisório ridículo.

Mas o herói trágico do Arrigo é um pouco distinto. No momento mesmo em que se sente no fundo do cinzeiro, resolve se descolar de si mesmo e observar-se à distância, desprendido de seu próprio destino, sem levar-se a sério (mas também sem eliminar as circunstâncias terríveis que sofre). Assim, o rei da fossa e seu irônico alterego convivem na mesma voz. É esse ponto de fritura – singular e bizarro – que Arrigo Barnabé descobriu em seu show.

O homenageado Lupicínio é pego pelo seu avesso numa manobra não exatamente simples. Pois ridicularizar sua dor-de-cotovelo seria inócuo, poeticamente improdutivo – neste caso, melhor seria ignorá-lo. Arrigo conseguiu descobrir o Lupicínio sarcástico que talvez nem o próprio compositor conhecesse em si mesmo; ao erigir sua láurea, acaba por subverter e bifurcar o homenageado, tornando-o mais múltiplo do que era antes.

Um bom exemplo é “Namorados” – breve canção em que os dois pombinhos se tornam gaviões depois de casados. Interpretada em dueto com Sérgio Espíndola, é digna de inspirar a criação de um Dia do Orgulho Hétero. Noutro caso, a excepcional “Vingança”, a peça é liberada de todo pudor:

Eu gostei tanto,
Tanto quando me contaram
Que lhe encontraram
Bebendo e chorando
Na mesa de um bar,
E que quando os amigos do peito
Por mim perguntaram
Um soluço cortou sua voz,
Não lhe deixou falar.
Eu gostei tanto,
Tanto, quando me contaram
Que tive mesmo de fazer esforço
Pra ninguém notar.


“Dizem que essa canção é triste? Ah, que é isso...”, riu-se o Barnabé. Fizeram em versão ieieiê, dando voz e presença ao personagem cuja alegria não lhe cabe na pele por finalmente comer fria a tão ansiada vingança. É, na realidade, o apogeu do contraste dos dois polos da manguaça. De um lado, temos ele, feliz a brindar com os comparsas a saborosa e redentora conclusão de uma mal-fadada história de amor; de outro, está ela, deprimida afogando-se na cana. Antes de Arrigo, prevalecia na interpretação o ponto de vista dela, triste, embora o locutor da história seja ele, para quem é uma canção festiva!

A canção-título do concerto traz um outro viés:




“Tem coisas que às vezes julgamos / que até nos achamos capaz de fazer / Até num coqueiro às vezes trepamos / depois não sabemos por onde descer” (?). A metáfora é bem interessante, mas a imagem de trepar no coqueiro e não conseguir descer permanece bizarra. Como muito bem apontou o Arrigo, há muitos indícios de que essa história de bom gosto era totalmente sem importância pro Lupicínio. “O outro lado da moeda”, definiu. Efetivamente, a riqueza de suas canções não deve nada a nenhum dos mestres da música brasileira, qual Noel ou Cartola; mas não se pode negar que em certos aspectos ele não respeita muito os limites do razoável.

Por essas e muitas outras, não se deve perder a oportunidade de ver esse show. Vez por outra ele ressurge em algum lugar (muitas vezes na Casa de Francisca).

Causo do Vavá


Numa dessas noitadas, o Marcão contou que viu um documentário em que aparecia o senhor Barnabé, lhe perguntavam sobre um lugar de São Paulo que achasse significativo, e ele de bate-pronto indicava o bar do Vavá. Depois do show, sentados todos à mesma mesa, puxei o tema e Arrigo logo reavivou recordações do saudoso Gardenburger, sob o olhar curioso de nossos colegas de mesa. Quem não viveu o bar do Vavá pode ter certa dificuldade em visualizar um chapeiro com dois bonés um sobre o outro, fazendo seu churrasco com queijo recheado de azeitonas pretas, em meio a uma profusão de pôsteres do Elvis, uma TV mumificada em durex e a imagem de João Paulo II abençoando, da porta de uma geladeira de cerveja, o caminho do banheiro. 

Arrigo não sabia da morte do Vavá (clique aqui para ler a entrevista do Futepoca com o Vavá), ficou bastante triste, e me perguntou sobre seu irmão João (o chapeiro), mas eu não tenho informações recentes. Ele então se lembrou de quando teve um problema de pele e um amigo lhe passou o telefone de um tal Washington, que vendia um unguento verde, natural, muito bom. Ao ligar, notou alguma familiaridade na voz, mas finalmente marcou de ir ao escritório do Washington na Teodoro Sampaio pegar o pote do remédio. Quando chegou e a porta se abriu, o susto: “Vavá!?”. Parece que o preparado do ex-árbitro e anfitrião de botequim, feito à base de pata-de-vaca, era excelente.

sexta-feira, agosto 19, 2011

Zero

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Por Moriti Neto

Horrorosa. Só encontro essa palavra para definir a atuação do São Paulo ontem, na cidade de Sete Lagoas, contra o América Mineiro, o lanterna do Campeonato Brasileiro. O empate por um 1 x 1 foi digno de sonolência e praguejares.

Time travado, burocrático. Referência no ataque? Zero. Finalizações? Zero. Para piorar, Adílson Batista não colaborou nas substituições. Zero pra ele.

O São Paulo, muito, mas muito por acaso mesmo, fez o gol, com Marlos, num bate/rebate horrendo, aos 40 minutos do segundo tempo, e conseguiu a proeza de sofrer o empate no lance seguinte. Certo que foi um golaço, de bicicleta, mas o autor, Kempes, teve tanta liberdade que só faltou aos atletas tricolores – que observaram, e só observaram, o lance muito atentamente – aplaudirem o feito.

Fazer uma análise detalhada da partida desgastaria demasiado este escriba e àqueles que leem o texto. As palavras acima resumem o que foi o jogo. Quem viu/ouviu, sabe bem o que digo. Já quem não passou pela experiência desalentadora, merece a seguinte explicação: o time do São Paulo é desinteressado, não vibra, e não tem nomes, a não ser os veteraníssimos Ceni e Rivaldo, que chamem a responsabilidade. O técnico é ruim. Posiciona mal, escala jogadores fora de posição. Por exemplo, matou o futebol do promissor volante Wellington, colocando-o para jogar adiantado demais.

No geral, o Tricolor joga (joga?) um futebol previsível, sem sangue e é mal treinado. Como bem definiu o camarada Menon, um “time de escolinha”. Vale uma olhada no texto completo aqui.

No domingo, pelo que estão jogando São Paulo e Palmeiras, tudo leva a crer que teremos um clássico modorrento e com cara de empate no Morumbi. Boa sorte para quem estiver ligado.

Palmeiras só no empate contra o Bahia

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Em meio a instabilidades no âmbito do Palestra Itália quase tão grandes quanto às que abalam os mercados financeiros dos países desenvolvidos, o Palmeiras ficou só no empate contra o Bahia no Canindé. Valdívia marcou um gol, no segundo tempo, mas logo veio a igualdade. Foi a quinta partida seguida sem vencer, mas pelo menos a equipe balançou as redes adversárias.

O time não foi mal, como nas partidas anteriores, mas tampouco se pode dizer que tenha se apresentado superbem. Criar oportunidades, até criou, como frisou Luiz Felipe Scolari. Pôr a bola para dentro da meta adversária continua a ser um problemão para turma de verde no gramado.

A torcida sentiu o clima ruim, com a diretoria fraca e tomada por impasses políticos: entoou o coro de "time sem vergonha" nas arquibancadas. A instabilidade se dá entre o presidente Arnaldo Tirone e o vice-presidente de futebol do Palmeiras, Roberto Frizzo. Eles trabalham juntos porque costuraram uma aliança política para garantir a eleição em janeiro. Mas o primeiro, hesitante, é levemente sabotado pelo segundo, que abusa de passar "quentinhas" sobre o time para a imprensa. Ao que parece, a distância, Frizzo anda mais afinado com empresários de alguns jogadores do que com o treinador da equipe.

Como o torcedor alviverde médio adora falar mal da própria diretoria – tô na média, fazer o quê? – e como boa parte das organizadas é campo de ascendência de alguns diretores, a coisa se amplifica. Tirone esteve na concentração do time antes do jogo para explicar pra Felipão que o clube não tem interesse na demissão do treinador – vai ver que leu os sete motivos do Futepoca ou então pensou na multa rescisória.

A defesa, que antes era o ponto alto do time, anda comendo mosca. Além do gol sofrido, fruto de falha de Marcos, o Goleiro, ainda mostrou-se frágil minutos antes, quando Diones, do Bahia, perdeu um gol feito.

O ataque mandou pelo menos duas bolas na trave (uma com Maikon Leite, que entrou no lugar de Dinei, machucado, e outra com Kleber) e ainda perdeu outras chances. Os homens de frente precisam se acalmar um pouco, se benzer ou adotar alguma outras estratégia – de ordem científica ou metafísica, está valendo – para redonda ultrapassar a meta dos adversários.

O sexto lugar parece mantido, com o mesmo número de pontos do Botafogo mas São Paulo e Corinthians são os próximos adversários para encerrar o primeiro turno.

quinta-feira, agosto 18, 2011

Corinthians: virada de campeão pra cima do Galo

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Às 22h25 desta quarta-feira, momento em que cheguei em casa após longa jornada de trabalho, o Corinthians perdia por 2 a 0 para o Atlético MG e colocava em grande risco a liderança do Brasileirão e o emprego do técnico Tite.

Segundo relatos, até ali o time pouco criava. O Atlético, ao contrário, chegou várias vezes com perigo, marcando dois gols de bola parada. Um em cabeçada após escanteio, outro em pênalti bizarríssimo (e questionável) cometido por Jorge Henrique, que meio que dança uma quadrilha com um atacante atleticano.

O Galo, fiel aos preceitos fatalistas de Cuca, recuou, marcou e rezou. O Timão teve a posse da bola, tocou, criou pouco e chutou de longe. Na saída para o intervalo, o cenário não era dos melhores. Fiquei eu pensando no que Adenor faria para tentar uma chacoalhada no time. “No máximo, troca o Jorge Henrique pelo Emerson”, pensei.

Acertei metade. Tite, o retranqueiro, o “empaTite”, botou o Sheik em campo, só que quem saiu não foi um meia, não foi um outro atacante, mas Alessandro, lateral-direito de características marcadamente defensivas. Ele jogou o mais ofensivo Welder para a direita, JH para a lateral esquerda e segurou mais o Ralph para servir de limpa-trilho na frente da zaga. E foi pra cima do Galo. E teve quem duvidasse do motim...

Pensei eu: “ou vai ou racha, Adenor”. Citando Otto Glória, se desse certo, Tite seria bestial. Se levasse dois gols e contra-ataque do Galo, uma besta – e provável beneficiário do seguro-desemprego.

Pois deu muito certo. O Timão mandou no jogo na segunda etapa, atropelou o Galo, virou e podia ter feito pelo menos mais um. Emerson, jogando em sua posição de origem acho que pela primeira vez no Corinthians, acabou com o jogo. Fez o primeiro gol e sofreu um pênalti, convertido por Alex. Antes dos 10 minutos já estava empatado e o Galo com 10 em campo. Tocando a bola, surgiu o gol da virada, com Liedson (passe de cabeça do árabe), e mais um pênalti nele, Emerson, dessa vez desperdiçado por Alex – numa bela defesa do goleiro atleticano.

Tá certo que o Atlético não vem bem das pernas, mas a virada foi marcante. Virada de quem tem elenco pra encontrar opções, vontade de brigar e, enfim, gente que sabe jogar bola. Virada de quem briga pra ser campeão.

Numeralha e meu incorrigível otimismo

Com a vitória fora de casa, o Corinthians alcançou 37 pontos, mesmo número que acumulou em todo o primeiro turno de 2010 – quando terminamos em terceiro lugar e brigamos pelo título até a última rodada. Vencendo as duas rodadas finais – Figueirense em casa, mais provável, e Palmeiras em Presidente Prudente, com mando alviverde, pedreira – bate o recorde de aproveitamento no primeiro turno desde 2003, quando foram instituídos os pontos corridos.

Não resolve nada para o título, estamos nem na metade do torneio, mas demonstra uma campanha bastante boa. E, repito, em algum momento os rivais mais próximos terão sua cota de contusões e outros desfalques. As possibilidades são boas, enfim. Especialmente se o Corinthians conseguir manter a pegada e o nível técnico do segundo tempo de ontem.

terça-feira, agosto 16, 2011

Murtosa admite: falta centroavante ao Palmeiras

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No domingo da semana passada, um palmeirense chegou de manhã num supermercado na Pompeia, zona oeste de São Paulo, para fazer a compra do mês. Morador da Vila Mariana, na zona sul, ele se desloca mensalmente pela metrópole porque, contador de profissão que é, acha que vale a pena.

Mas naquele dia quem teria de percorrer gôndolas e prateleiras para garantir o abastecimento domiciliar seria sua mulher. Tão logo pôs os pés na loja, encontrou Murtosa, o auxiliar técnico de Luiz Felipe Scolari. Por mais ou menos meia hora, segundo seu próprio relato, interrogou o braço direito (ou seria bigode direito?) de Felipão sobre o que se passava com o Palmeiras.

O diagnóstico de Murtosa diante das queixas do torcedor foi simples: falta um centroavante que saiba fazer gols. Kléber, Maikon e Luan têm sua função, mas ninguém ali põe, por ofício, a bola para dentro da meta adversária, motivo por que o time não altera o placar. E, como se sabe, que não faz...

Ricardo Jesus, da Ponte Preta, artilheiro da Série B, chegou a interessar à comissão técnica, mas não encontrou concordância dos cartolas do time campineiro, segundo colocado da segundona.

E o Frédi, cheio de problemas no Fluminense? "Só cachaça, não vale a pena porque só dá problema", teria dito Murtosa. Por tal atributo, o Futepoca apoiaria a contratação.

Tem algum outro fazedor de gols que possa ser contratado para resolver o problema? No mercado brasileiro, não. Acessível ao Palmeiras, tampouco.

O Miguel, apontado como revelação na Copa São Paulo de Futebol Júnior, não poderia ascender ao time principal? "Só máscara aquele ali, acha que sabe tudo e não sabe de nada". O plano é emprestá-lo para algum time, talvez da série C, para ele entender como funcionam as coisas.

Então, cabe perguntar sobre as peças disponíveis. Será que o Dinei não poderia suprir essa carência? Murtosa não responde, só ri. Felipão escalou o atacante na última partida, contra o Vasco.

Outros temas foram as idas e vindas da diretoria e limitações do elenco. Murtosa diz concordar com boa parte as críticas da torcida, mas até acha que daria para fazer melhor.

Quem torcer, verá.

segunda-feira, agosto 15, 2011

Empate em casa com o Ceará. Motim à vista?

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“Para ser campeão temos de fazer um pouco mais o jogo todo, não só em um tempo”. A frase foi dita pelo meia Alex, autor de um golaço do meio da rua no empate em 2 a 2 deste domingo, no Pacaembu, entre Corinthians e Ceará. Ela resume bem o jogo e colocou uma pulga atrás da orelha deste corintiano sobre a situação do vestiário alvinegro.

O jogo, que acompanhei pelo rádio e pelos melhores momentos, foi isso aí: o Timão dominou e fez dois gols, um de Paulinho, cada vez melhor, na oitava assistência de Danilo, líder do campeonato no fundamento, e o outro numa bomba de Alex no ângulo, no meio da rua. E poderia ter feito mais dois, em chances claríssimas de William, que perdeu pavorosamente o gol, cara a cara com o goleiro Diego, e Jorge Henrique, que tentou colocar uma cabeçada – em mais um passe de Danilo. Tomou um, é verdade, numa cagada de Leandro Castán, que mandou um “deixa que eu deixo” com Chicão e acabou sobrando para o bom e rápido Osvaldo.

Na segunda etapa, no entanto, o Timão recuou e levou pressão do Ceará quase o tempo todo. Fenômeno recorrente, aliás. Já era assim na época já longínqua de Mano Menezes, mas acentuou-se intensamente sob a batuta de Tite. E o Ceará pressionou até empatar, numa falha meio coletiva num escanteio. Cabe reparar: na jogada, apenas Jorge Henrique não está dentro da área.



Nesse contexto, lembremos a frase de Alex: “Para ser campeão temos de fazer um pouco mais o jogo todo, não só em um tempo”. A pulga atrás da minha orelha vê três hipóteses para a frase: ou ele está falando do preparo físico, ou da falta de emprenho dele mesmo e de seus colegas, ou está reclamando publicamente das orientações táticas de seu treinador. Há um motim à vista?

domingo, agosto 14, 2011

Competição diferente, nova derrota do Palmeiras para o Vasco

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Na segunda partida em menos de três dias, o Vasco venceu o Palmeiras novamente, desta vez por 1 a 0. Desta vez com os titulares, a equipe cruz-maltina sofreu bem mais neste domingo, 14, do que na quinta-feira, 11, mas acabou vencendo do mesmo jeito.

A defesa fez melhor do que na quinta, quando não parou os reservas de Ricardo Gomes. E, desta vez, sobraram oportunidades de gol criadas pelo time de Luiz Felipe Scolari; falhas de monte na hora de chutar a gol. Kléber e Dinei perderam gols que não poderiam. Maikon Leite, quando substituiu Luan, fez o ataque verde melhorar, mas não a ponto de furar a meta do goleiro Ferando Prass.

O gol vascaíno saiu a 35 minutos do segundo tempo. Se o Palmeiras jogou melhor do que no meio de semana, mas não dá para dizer que o time da casa não tenha ido bem. Criou boas chances também e ganhou em cobrança de falta de Bernardo, num dia em que Juninho Pernambucano não rendeu tanto.

O Palmeiras cai para a sexta colocação, atrás do Botafogo, a três rodadas do fim do primeiro turno. Continua a ser mais do que este torcedor esperava no começo da competição, mas o time pode render mais e ficar mais bonito na foto.

sexta-feira, agosto 12, 2011

Revés na Sul-Americana: misto do Vasco vence o Palmeiras

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O Palmeiras perdeu do time misto do Vasco por 2 a 0 em São Januário na noite de quinta-feira, 11. O time de Luiz Felipe Scolari vive situação difícil na Sul-Americana, já que precisa vencer por três gols de diferença na partida de volta.

Quando Marcos, o Goleiro, disse que era hora de o Palmeiras priorizar o campeonato brasileiro em vez de sonhar com uma vaga na Libertadores via torneio continental não estava imaginando que a escolha poderia se dar por falta de opção. Ainda há a partida de volta, claro.

Diego Souza, ex-Verdão, marcou o primeiro. Elton, o segundo. Ambos foram em cruzamentos na área. O Vasco jogou melhor, e o Palmeiras só esteve em campo na etapa final – no primeiro tempo, não mostrou a que veio.

O que era um teste feito pelo técnico Ricardo Gomes com os suplentes do Vasco virou uma derrota um tanto quanto vergonhosa para o Palmeiras. Domingo tem repeteco, também em São Januário, desta vez sem os reservas.

O Palmeiras continua apresentando oscilações, incluindo dias e noites em que pouca coisa dá certo. Maikon Leite e Kléber foram uma dupla de ataque até interessante, até são capazes de tabelar e de criar jogadas, mas também têm suas instabilidades – e alguma falta de pontaria.

A cada partida do time que assisto me surpreendo um pouco com a colocação do time no Brasileirão. E sinto uma falta danada de um pouco mais de qualidade (e um pouco menos de bolas divididas e espirradas).


quinta-feira, agosto 11, 2011

Empate xôxo fora de casa também é vitória?

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Corinthians e Santos empataram num jogo chato de ver nesta quarta-feira, na Vila Belmiro. O resultado, um zerazero, recolou o Timão na liderança, agora empatado com o imparável Flamengo, em 33 pontos, mas levando a melhor por ter mais vitórias que o rival. Mas futebol, que é bom, ficou-se devendo.

O primeiro tempo foi mais corintiano, com umas duas ou três boas chances em tabelas com participação de Emerson, Alex, Danilo e William. Nada de magnífico, mas dá um alento saber que o pessoal tem bola pra criar esse tipo de jogada. Faltou, como na partida anterior, pontaria pra colocar pra dentro, o que se explica em parte pela ausência de Liedson – sim, galerinha, não era só o Santos que tinha desfalques para a partida.

Na segunda etapa, o Santos veio melhor e o Corinthians não pareceu se incomodar muito. Recuou e marcou bem o desfalcado ataque peixeiro, que também criou as suas duas ou três chances. Também nada grave, especialmente após a saída de Elano, machucado e substituído por Adriano, num sinal claro de Muricy para Tite, dizendo algo como: “E aí, bora empatar?”. Adenor ouviu, compreendeu e respondeu: “Bah, guri! Não vim aqui fazer outra coisa!”

E mesmo após a troca de Diogo por Allan Kardec, que terminou de matar a movimentação de frente dos donos da casa, Tite foi conservador e trocou William por Elias, garoto habilidoso da base, mas que não ganhou uma de Léo. Outra substituição, anterior, é digna de nota: Fábio Santos caiu de mau jeito ainda no começo da peleja, deslocou a clavícula e fica fora do time por um tempinho. Sem Ramon, que não estava no banco não sei por quê cargas d’água, entrou Welder na esquerda – onde não comprometeu. Mas o que é digno de nota é a ausência do titular da posição para os próximos jogos. Como Dilma, prefiro ver na crise a oportunidade, e esperar por melhoria técnica na posição.

Enfim, empate fora de casa pode até ser vitória, mas dado o desenrolar do jogo, acho que dava pra ter apertado bem mais o Santos, especialmente no final do jogo. Na soma total, pegamos o Ceará em casa domingo, com as voltas de Liedson e Júlio César – ressalte-se que, ao contrário de Renan, o goleiro Danilo não comprometeu, dando razão a Tite e Olavo na discussão sobre queimar ou não queimar jogadores. Bola pra frente.

Reforço? – Carlos Cereto, da Sportv, afirma que Adriano estreia pelo Corinthians no dia 7 de setembro, quarta-feira, contra o seu ex-clube Flamengo. Marketologicamente, o Imperador entrar em campo no Dia da Independência, no Clássico das Multidões, é simpático. Agora, pergunto aos companheiros: o rapaz ajuda ou atrapalha?

segunda-feira, agosto 08, 2011

Timão: dois erros e um ponto no Paraná

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O Corinthians voltou do Paraná com um empate por 1 a 1 com o Atlético, numa partida em que até criou chances o bastante para merecer melhor sorte. Com isso, perdeu a liderança para o Flamengo, melhor time do campeonato até aqui, ainda que por um pontinho e com um jogo a menos que os rubro-negros. Jogo esse que será realizado nesta quarta-feira, na Vila Belmiro, contra o Santos, mas falemos disso mais abaixo.
O Corinthians foi ao Paraná com uma formação diferente. Alex ganhou lugar no meio campo, ao lado de Danilo e Jorge Henrique, com William deslocado para a referência no ataque. A ideia era ter mais a posse de bola e criar mais chances – o que até que aconteceu, com Danilo e o próprio Alex levando perigo ao gol atleticano. Na melhor delas, William perdeu gol feito e fez apertar no peito alvinegro a saudade de Liedson. Esse foi o primeiro erro corintiano.

O segundo aconteceu também na primeira etapa, perpetrado pelo lateral direito Welder. Ele tentou a saída de bola, perdeu a dita cuja para o ex-santista Madson e cometeu um pênalti babaca. Na verdade, acho que esse erro pode contar por dois. O também ex-peixeiro Cleber Santana cobrou e fez Furacão 1 a 0.
Na segunda etapa, Tite fez duas alterações. Sacou Jorge Henrique e botou Emerson, melhorando a movimentação do ataque. E tirou Weldinho para a entrada de Edenilson, volante improvisado na lateral.
Aqui um parênteses: Tite mostra-se implacável com os erros de seus comandados. Queima a meninada sem dó nem piedade, como fez com Welder agora, Renan antes do jogo, e, antes ainda, o próprio Júlio César. No mínimo, questionável. No máximo, covarde. Fecha parênteses.

O Timão cresceu na partida e pressionou até a bela tabela que levou ao pênalti sofrido por Paulinho e convertido por Alex, fechando o placar. Este, aliás, fez bela partida, e servirá de pretexto para minha teoria otimista quanto ao restante do campeonato. O negócio é o seguinte: os principais reforços do Corinthians para o Brasileiro estão entrando agora no time ou ainda nem chegaram lá. Falo de Alex, Emerson e, no caso dos que ainda demora, Adriano. São caras de grande qualidade técnica e que vão melhorar a qualidade geral do time, dando mais poder de decisão.


Junte a eles o retorno iminente de Liedson e Alessandro e fica claro porque não creio que o Corinthians venha se afastar do pelotão de frente até o fim do certame. O problema aqui, claro, está no banco de reservas. É Tite quem vai ter que realizar essa remontagem do navio com o cruzeiro em andamento, festas no convés, bêbados a estibordo, coisa e tal. Há quem diga que o time encaixou neste começo de campeonato mais por sorte que competência de Adenor. Vejamos como se sai nessa missão mais espinhosa.
De todo jeito, brigamos até o fim. Contra o Santos, na quarta, no jogo adiado, os convocados Ralph, Neymar e Ganso ficam fora – o que motivou novo pedido de clemência por parte de Muricy Ramalho, dessa vez ignorado. Para possível consolo do trabalhador técnico, estamos todos baleados e desfalcados. Um empate e alcançamos o Fla. Uma vitória, e estamos de volta à dianteira isolada.

sexta-feira, agosto 05, 2011

“Vai cair a educação de Pinochet”

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Em um painel publicitário do metrô de Santiago, Chile, os lindos olhos de uma mãe querem expressar toda a preocupação revelada pelo texto logo abaixo: “EU MORRO se meus filhos não puderem continuar estudando”. Em seguida, sugere-se ao cidadão que contrate um seguro: “O negócio mais importante de sua vida”. Por fora dos tubos que percorrem as entranhas da cidade, milhares de estudantes e professores saíram às ruas para defender uma outra proposta para se garantir a educação dos jovens chilenos.

E foram recebidos com bombas de gás lacrimogêneo e jatos d’água. Os conflitos nas ruas em torno da reforma da Educação no Chile já duram meses e tiveram um primeiro ápice no final de junho, quando as passeatas reuniram mais de 400 mil pessoas, o que resultou na queda do então ministro da Educação, Joaquín Lavín, dias depois. Com uma nova proposta em que cedem em vários pontos ao movimento estudantil, o governo declarou que “o tempo das marchas se acabou”, mas estudantes e professores discordam e marcaram duas grandes passeatas “não autorizadas” para a quinta-feira, 4 de agosto, uma de secundaristas outra de universitários. Ao final do dia havia 874 manifestantes presos e cerca de 30 feridos.

Pelo que afirma o movimento estudantil, o governo do presidente Sebastian Piñera está mais alinhado com a mamãe preocupada da publicidade. As diversas propostas do então ministro Lavín, que é um grande empresário da área de educação, mais reforçavam que reformavam o perverso sistema educacional chileno. Com leis escritas num gabinete de Pinochet e impostas no início dos anos 80, o sistema não apenas tornou pagas (e caras) as universidades públicas como criou uma série de repasses estatais ao sistema privado. Mesmo sendo o lucro ilegal para as instituições privadas, mecanismos simples permitem aos proprietários lucrar e muito. Para citar um exemplo recorrente, o reitor muitas vezes é também dono do prédio onde está a faculdade e o aluga à instituição.

A pedra fundamental da “reforma” de Lavín era um plano que levaria 70 mil bolsas de estudo a secundaristas, repassadas às instituições. Algumas faculdades privadas já haviam começado a oferecer “benefícios” como vales transportes para que os bolsistas as prefiram e assim possam incorporar o investimento público às suas receitas. Como era parte diretamente interessada (nos lucros), estudantes e professores recusaram o ministro como interlocutor, o que levou a sua queda.

As 21 propostas apresentadas pelo governo nesta segunda procuram incorporar exigências do movimento. Os manifestantes consideraram entretanto que o governo não toca no fundamental – a mercantilização da educação – e convocaram as passeatas para um dia antes do prazo que teriam para dar uma resposta. Declaração de Camila Vallejo, presidente da Federação dos Estudantes da Universidade do Chile, foi retomada por muitos: “é mais do mesmo com uns pesos a mais”. Para se ter uma ideia, hoje é possível que uma universidade que não siga padrões mínimos de qualidade definidos pelo Ministério sigam funcionando; a ideia é deixar que os “consumidores” terminem por escolher as melhores e que o mercado trate de eliminar as piores. Há então hoje universidades “acreditadas” e “não-acreditadas”, todas elas autorizadas a funcionar.


As manifestações foram duramente reprimidas em todo o país. Tropas de carabineros realizaram verdadeiras operações de guerra para abafar o movimento; preparados, os manifestantes armaram-se de celulares para contra-atacar pelo Twitter e bexigas com tinta colorida para pintar o arsenal dos pacos. Para o governo, a decisão de dar uma “prova de força” pela força das armas se mostrou uma catástrofe política. A aprovação a Piñera caiu ao nível mais baixo já alcançado por um presidente desde que se começou a medição, há 20 anos, atingindo menos que 30%; pela repressão desmesurada, os estudantes agora pedem a renúncia do ministro do Interior, Hinzpeter.

As reformas



Carteiras e cadeiras enganchadas nas grades das escolas indicam adesão aos protestos. Foto: El Post.




Nos últimos dias, estive em Santiago, Valparaíso e La Serena (no norte do país), e o que se observa é uma impressionante coesão das escolas e universidades em torno do movimento. As escolas de ensino médio trazem carteiras enganchadas nas grades externas, como forma de dar a ver a adesão à paralisação, e as universidades trazem grandes faixas com dizeres como “Isso não é uma brincadeira” ou “Universidade pública e gratuita”.

O que exigem os estudantes e professores não é pouca coisa: querem retomar o sentido da educação pública que havia no período pré-Pinochet. E a resposta da sociedade foi impressionante, tornando-o “mais que um movimento estudantil, um movimento cidadão”, segundo as palavras da líder estudantil Vallejo.


Na raiz das reivindicações está a exigência de reforma do texto constitucional para que a Educação seja declarada como “direito e bem público, sendo o Estado responsável por provê-la assegurando gratuidade e qualidade geral”. A subvenção do governo, dizem os estudantes, deve ser feita às instituições públicas por meio de incremento no orçamento e não como “assistência” – isto é, de forma marginal e complementar por meio de bolsas de estudo, como é a proposta do governo. As escolas devem ser administradas publicamente e ligadas diretamente ao Ministério (hoje muitas são geridas por agências ligadas aos municípios), e todas as universidades devem seguir padrões que permitam sua acreditação. Entre outros pontos.

A síntese se ouvia como grito de guerra pelas ruas de Santiago: “Se va a caer / se va caer / la educación de Pinochet”.

Bombas, jatos d’água e o delicado retinir das panelas


Foto: Maurício Ayer 

Por volta das 18h cheguei à Praça Itália, local de onde tradicionalmente saem as marchas de protesto pela Alameda, principal avenida da cidade. A presença militar era fortíssima, com uma quantidade enorme de soldados, e também de caminhões e viaturas blindadas e de todos os tamanhos. Todas as áreas foram cercadas com grades, oficiais falavam em rádios constantemente, como se aguardassem na trincheira a investida de um exército.

Estive em vários pontos do centro durante a tarde e, como sobra dos confrontos da manhã com os secundaristas, toda a região recendia a gás lacrimogêneo. Várias viaturas estavam pintadas de manchas coloridas, marcas das tintas jogadas pelos estudantes nos protestos. Em frente à Universidade de Santiago, pedras e paus cobrem as ruas, e o acesso ao metrô estava bastante dificultado.

Chegando o horário marcado, 18h30, via-se que estudantes começavam a aceder ao redor das áreas cercadas, os policiais trataram de tirar-nos das calçadas para as ruas, restando uma única área em que estudantes e imprensa não disputavam espaço com os carros. Os policiais pediam que saíssemos: “Por favor, caminen hacia allá” (por favor, andem para lá). Diante de tamanha delicadeza, um homem que preferia permanecer no seu lugar contestou um fleumático “no gracias”. A policial mais próxima parou um segundo, mas seguiu coagindo a que todos se movessem.

Tudo permanecia tranquilo, não se viam maiores sinais de agressividade de nenhuma parte. De repente, sem qualquer aviso, um caminhão parado no canto da praça disparou um potente jato d’água que derrubou alguns manifestantes que permaneciam parados diante de uma linha de carabineiros. Um jipe blindado passou em seguida soltando uma nuvem de gás. A polícia montada criava outra linha, encurralando ainda mais os estudantes, que instados pela repressão acenderam os protestos. Estudantes cantavam e produziam uma infinidade de imagens – que fez que as manifestações chegassem ao topo mundial do Twitter. 

A um ritmo regular, cada par de minutos a polícia avançava com novas ações de coação. Os cavalos adiantaram-se um corpo, causando grande tumulto. Aí vieram as bombas. A multidão escapou pelo canal de vazão deixado pela polícia, para o qual a impulsionava. As entradas do metrô estava todas fechadas. E dá-lhe bomba de gás, por trás vinha o caminhão mandando água pra cima dos garotos. Pernas pra que te quero.

À meia-noite, quando terminava de escrever este post, ainda se ouviam panelas retinindo nas janelas e sacadas dos prédios ao redor do bairro de Las Condes, e pelo site El Mostrador se via ao vivo que o panelaço soava por todo o país como signo de repúdio à repressão. Repressão que tratou de fortalecer o movimento, que agora, mais que nunca, coloca o governo contra a parede.

quinta-feira, agosto 04, 2011

Vasco 2 X 0 Santos - uma sequência infeliz

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O Santos foi a São Januário e encontrou sua terceira derrota consecutiva no Campeonato Brasileiro. O 2 a 0 evidenciou falhas peixeiras que já ocorreram nas duas pelejas passadas: um meio de campo que não marca e uma defesa que, quando confrontada, não hesita em errar.

Tendo essas três partidas na conta, o Santos sofreu dez gols, quatro decorrentes de jogadas de bola parada (tudo bem, pode tirar dessa conta o do Ronaldinho Gaúcho) e cinco gols de cabeça. Os avanços dos adversários pelas laterais, principalmente pelo lado esquerdo da defesa, também foram uma constante. Outro ponto em comum foram jogadores rivais que costumam decidir ficarem praticamente livres de marcação, encarando defensores no mano a mano. Foi o caso de Ronaldinho Gaúcho, no jogo contra o Flamengo, e de Diego Souza, no primeiro tempo da partida contra o Vasco. Claro que a qualidade do atleta conta, mas tentar dificultar a vida dele não é pecado...

Não ter Danilo pela direita, com Pará no seu lugar, e não poder contar com o limpa-trilho Adriano, que se tornou um jogador de qualidade nas mãos de Muricy, faz diferença. Mas só isso não justifica o desempenho pífio da defesa. Ontem, Durval falhou ao tentar tirar a bola na área, o que propiciou a bela finalização de Diego Souza. E Rafael, que fez a diferença em algumas partidas da Libertadores, falhou mais uma vez ao não dividir a bola com o zagueiro Dedé, autor do segundo gol do Vasco.

Muricy, nessas três pelejas, fez somente duas substituições. A postura do comandante demonstra, no mínimo, uma relativa insatisfação com o elenco. Não sei se isso ocorre porque ele não tem à disposição algumas peças que estão temporariamente fora (Felipe Anderson, como Danilo, está na seleção sub-20) ou se ele pretendia reforços que não chegaram. Mas o que sei é que, nesse contexto, vai ser muito difícil alguém convencer o treinador a abrir mão de uma das 23 vagas para o Mundial para que Pelé seja inscrito, como se cogita. Mas não tenho dúvida que o Rei, 70 anos, teria um desempenho melhor ontem do que o do Dez Ganso, que fez sua atuação mais pífia desde o seu retorno pós-contusão.


Ressaca da Libertadores?

O Peixe tem três jogos a menos que a maioria das equipes do Brasileirão, o que não é motivo para relaxar, até porque as partidas que faltam não serão nada tranquilas. O aproveitamento até agora também não inspira confiança ao torcedor, são 33,3% de aproveitamento, similar ao Atlético-GO, 16º colocado, próximo a Grêmio, 35,9%, e Atlético-MG, 35,7%.

Mas outros campeões da Libertadores tiveram problemas ao encarar o campeonato nacional depois de uma conquista. O São Paulo, em 2005, só saiu da zona do rebaixamento na 20ª rodada, quando conseguiu finalmente uma vitória (sobre o Fortaleza) depois de cinco derrotas e três empates pós-título. Àquela altura, o Tricolor do Morumbi chegava a 20 pontos, um aproveitamento de 35%. O time terminou o Brasileirão daquele ano em 11º lugar.

Ou seja, não há motivo para desespero. Mas é triste ver o Santos quase abrir mão do Brasileirão tão cedo. Espero estar enganado.

Excesso de otimismo

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Achei o Nicolau muito otimista quando, no comentário a um post provocação meu logo antes do jogo do Corinthians contra o Cruzeiro, disse acreditar numa substituição à altura dos jogadores que desfalcariam o time nas rodadas seguintes. Em particular, via dificuldade em substituir Liédson e Julio César, goleiro que aprecio, mesmo com um frango vez ou outra. Se o elenco é bom e está ganhando, aí seis vale meia-dúzia. Mas no caso do Corinthians, que tem um elenco no mínimo limitado, a excepcional série de vitórias com que o clube abriu o campeonato deve-se mais a um conjunto que “encaixou”, o que faz de qualquer subsitiuição uma perda real.

A quebra na sequência de vitórias deu um baque: foram duas derrotas consecutivas, sendo uma delas para o Avaí. Segundo comentários que li, o Coirinthians ainda penou pra vencer apertado o lanterna América MG. Abaixo se veem os lances dos gols.



Fato é que o Corinthians neste momento não tem time para manter a liderança por muito tempo, ainda mais com os times que têm Flamengo, Santos (que vai demorar até brigar por espaço), São Paulo... Estamos lá na frente só esperando para logo mais passar o bastão.

Entretanto, a tabela mais próxima é agora favorável ao Timão, em que enfrentará o vice-lanterna Atlético Paranaense, o Ceará, entre outros fracos. Mas esperar que o Tite encaixe de novo o time, aí acho que já é entrar no campo do excesso de confiança.

Empate bom, jogo feio do Palmeiras com Coritiba

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O Palmeiras empatou com o Coritiba em 1 a 1 no Couto Pereira. O torcedor alviverde paulistano que esperava algum tipo de vingança contra a sova da primeira partida pela Copa do Brasil, viu apenas maus tratos à redonda.

A exemplo do que aconteceu na semana passada, diante do Figueirense e em outros jogos do time de Luiz Felipe Scolari, o time jogou pouco futebol.

Considerando o que o alviverde paranaense realizou, o empate foi ótimo. Como Thiago Heleno ainda foi corretamente expulso no segundo tempo, faltou pouco para congelar o ânimo palmeirense no frio de Curitiba.



Os 26 pontos somados deixa o time provisoriamente entre os quatro primeiros – o São Paulo só precisa superar o Bahia (Bahea, minha porra!) para ultrapassar o Verdão. A menos de um mês do fim do primeiro turno, a coisa vai bem.

Quando Maikon Leite não joga, o time depende de Kleber e de Valdívia. Eles protagonizam bons lances, boas jogadas, mas nem sempre salvam. O time tem Marcos Assunção para bater faltas e evitar o pior – como nesta quarta-feira, 3.

Marcos fez seus milagres, Henrique estreiou, Gerley não está à altura de Gabriel Silva e Luan continua o mesmo. Marca bem, vai mal ao ataque. Se a zaga foi mal no gol dos paranaenses, se garantiu depois perante a pressão dos donos da casa.

segunda-feira, agosto 01, 2011

Justa derrota e prejuízo duplo

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Por Moriti Neto

Até os 20 da primeira etapa, esperança. No Morumbi, o São Paulo cria boas jogadas e envolve o Vasco da Gama. Rivaldo, Lucas e Dagoberto tocam a bola rapidamente e acham espaços na defesa carioca. O bom goleiro Fernando Prass faz ao menos três defesas importantes. Estreante, o lateral-direito paraguaio Piris está bem na partida. Com o ritmo, a sensação é de que o Tricolor logo abrirá o placar. Ilusão.

Da mesma forma que deu pinta de avassalador, o São Paulo vai parando. Curioso é que o adversário não precisa de muito esforço para ganhar campo. Nenhuma mexida tática agressiva no Vasco. Não há avanço da marcação ou algo que o valha. Sim, é natural que o dono da casa diminua a velocidade, mas a mudança é extrema.

É tudo que o time de Ricardo Gomes quer. Com jogadores ao estilo de Juninho Pernambucano e Diego Souza no meio, o onze carioca aprecia a cadência. Vem o equilíbrio na posse de bola. Não há mais chances claras de lado a lado. No entanto, uma tendência aponta. O Vasco trabalha mais e melhor a redonda, ainda que sem agudeza. Algo de destaque para Rivaldo, que rouba uma bola no campo de defesa são-paulino e faz lançamento em profundidade para Dagoberto. O atacante domina pela direita do ataque, entra na área, mas se enrola com o zagueiro Anderson Martins. Dagoberto cai, pede penâlti. Acertadamente, o árbitro nada marca. Final dos 45 iniciais.

Segundo tempo. A tendência vai se confirmando. O Vasco tem Felipe em campo para melhorar o passe. Lento, o São Paulo pouco cria. E pouco marca. Lucas perde bola na frente. Contra-ataque. Diego Souza tem todo o espaço do mundo para olhar o jogo, pensar e lançar rasteiro para Eder Luis. O vascaíno recebe nas costas do jovem Henrique Miranda e chuta cruzado para fazer 1 x 0.

Uma amostra de que a coisa não está bem: o Tricolor cambaleia e a torcida pede... Marlos. De fato, não há muitas opções. Ainda assim, Adílson Batista se atrapalha. Atende ao pedido, mas mexe errado. Saca Piris. O paraguaio mostra queda de produção, aliás, como o time todo, mas é da posição e, considerada a conjuntura do jogo, faz estreia razoável. Ocorre o inevitável. Jean vai para a lateral. Carlinhos Paraíba recua. O que estava ruim, piora. O Vasco tem cada vez mais o controle das ações. Nos últimos minutos da peleja, Jumar rola para Felipe, que bate no alto, sem chance para Rogério. 2 x 0. Justo.



Das motivações

Depois de vencer Cruzeiro e Internacional, parecia que o São Paulo iria decolar. Nos últimos três jogos, fez dois no Morumbi. Em casa, de seis possíveis, somente um ponto. Joga melhor fora? Pode ser. Tem homens rápidos para contra golpear. Porém existe uma coisa comum como mandante e visitante. Seja no empate com o Atlético Goianiense, na vitória sobre o Coritiba ou na derrota de ontem, o time despenca na etapa final. Talvez fosse hora de rever a preparação física.

O técnico

Desde o início, não gostei da contratação de Adílson Batista. Se Carpeggiani inventava demais, a impressão é de que o atual treinador vem na mesma batida. Em todos os jogos que fez, escalou e mexeu mal. Nas duas partidas em casa, independentemente do nível do adversário, optou por três volantes. Lucas tem jogado no ataque, perto demais da área, sem tanto espaço para enxergar o campo. O garoto rende mais vindo do meio, de onde pode arrancar com a bola. Certo que a equipe não tem centroavante de ofício (volta logo, Luis Fabiano!), mas sacrificar o maior talento não é inteligente.

Duplo prejuízo

Se vencesse domingo, o São Paulo se igualaria ao líder Corinthians em número de pontos. Difícil outra oportunidade assim. Ainda deixou o Flamengo passar, perdendo a vice-liderança. Palmeiras e Vasco encostaram. Ruim.

sábado, julho 30, 2011

Bebia-se no Rio de Janeiro de 1900

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O título do post faz referência ao capítulo 17 de Antologia da Alimentação no Brasil, livro de Câmara Cascudo que trata dos hábitos, rituais, receitas, pratos e quetais que ajudaram a constituir a identidade brasileira. Como já comentou o Anselmo aqui, o trabalho do historiador e antropólogo, resgatava aspectos da cultura brasileira que nem sempre eram destacados por estudiosos das Ciências Humanas à época, e mesmo hoje. Aliás, Cascudo morreu há exatos 25 anos...

Voltando ao capítulo da obra, trata-se de uma excerto publicado originalmente em O Rio de Janeiro do meu tempo, de autoria do também historiador Luís Edmundo, um apaixonado pela terra de Estácio de Sá, nascido em 1878 e falecido em 1961. Ele descreve de forma saudosista o início do século XX na cidade, em especial da vida noturna daquele já longínquo 1900:

Só os ricos podiam criar, para viver, ambientes agradáveis em matéria de conforto, a grande massa da população vivia mal, sobretudo durante o estio, quando a casa de residência se transformava numa verdadeira estufa, sem os naturais recursos de defesa que em outras partes do mundo já então se empregavam para suavizar os rigores da estação.

Assim, segundo Edmundo, as mulheres e crianças ficavam em casa, enquanto os homens saíam para “espairecer” e diminuir os efeitos deletérios do calor carioca.

Somente, por essas noites de espairecimento e alívio, em qualquer desses lugares, diga-se de passagem, bebia-se muito, bebia-se demais, bebia-se como talvez não haja ideia de se haver bebido no Brasil. Bebia-se pelas compoteiras!

Segundo ele, à época dava-se preferência às bebidas trazidas pelos portugueses, os vinhos vindos do Porto e da Madeira, e a aguardente de cana. Embora o calor exigisse bebidas mais frescas e menos pesadas, “o que se procurava beber, quase sempre, era o corrosivo de 14 graus, ou mais, que malbaratava o fígado, causticava o estômago, pondo em perigo de miséria todo o sistema vascular, os rins e o coração”. Conforme Edmundo, “mais que a febre amarela, endêmica, matava o abuso do álcool. A displicência dos poderes públicos, em questões de saúde, corria, então, parelha com a ignorância do povo”.

Mas por que a população não tinha desenvolvido ainda o hábito de tomar uma cervejinha? Um dos motivos era o boicote e a campanha difamatória dirigida por negociantes de vinho, que também atuavam contra produtores nacionais de vinho no Paraná, Rio Grande do Sul e São Paulo. Essa explicação, na verdade, não consta do trecho do livro de Cascudo, mas do original de Edmundo.

Se não era cerveja a bebida mais consumida, o vinho, principalmente o português, era quem dominava o cenário etílico do Rio. Também se fazia campanha contra a bebida de outros países como França, Espanha, Alemanha, Itália e Áustria, tanto que se criou a expressão “de dar azia em caixa de bicarbonato” para esses vinhos, exaltando-se a qualidade supostamente superior do exemplar lusitano.

As estatísticas oficiais de 1900 dão uma mostra do quanto se bebia no país (e no Rio) naquela época. Com 22 milhões de habitantes, importávamos de Portugal 43,4 milhões litros de vinho só de Portugal. Isso é mais do que o Brasil importou, levando-se em conta vinhos e espumantes, em 2005.

Bebida gelada

Havia outra dificuldade para a popularização da cerveja como bebida nacional no Brasil do século XIX e início do XX. O gelo industrializado só chegou ao Rio em 1835 (e a primeira geladeira doméstica veio apenas em 1913), como lembra Câmara Cascudo no capítulo Esfriando Bebidas e havia um preconceito contra as bebidas geladas. Ainda vigorava entre as pessoas a noção difundida pelo médico judeu Isaac Cardoso, que em Madri publicou, em 1637, contra-indicando a ingestão de líquidos frios. Aliás, tal noção de que isso “faz mal” ainda é bastante popular nos dias que correm...

Para “esfriar” (não se falava em “gelar”) as bebidas, as técnicas eram várias, de acordo com o lugar. A garrafa de vinho era metida numa meia grossa ou pano úmido e borrifava-se de novo quando secava, ficando ao relento da noite e depois coberta com areia molhada ou serragem. Outra estratégia era deitar em grandes bacias de alumínio ou enterrá-la na beira de córregos e rios (com certeza em áreas montanhosas isso funciona). Já em locais onde ocorrem geadas e chuvas de granizo, a solução era armazenar e usar sal de cozinha para conservar por mais tempo a garrafa em baixas temperaturas.

Quando for tomar uma gelada, agradeça – e muito – pela geladeira existir...