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Foto: ONU Divulgação
O cenário para o presidente norte-americano George W. Bush está ruim. Muito ruim. Depois de
levar seu partido Republicano à lona nas eleições parlamentares, ter de
trocar o secretário de Defesa (saiu Donald Rumsfeld, entrou Robert Gates), reinventar a aritimética ao se preparar pra
mandar mais 20 mil soldados ao Iraque para preparar a retirada e assistir o
caos triunfar no país, vem mais uma.
Entrevista com um membro do serviço secreto de Marrocos,
divulgada pela rede de TV britânica BBC, revela que a rede terrorista Al Qaeda enganou os serviços de inteligência norte-americanos e britânicos. A "mentirinha" foi um dos alicerces da argumentação de Colin Powell, em fevereiro de 2003, na reunião do Conselho de Segurança da ONU (CS). Na ocasião, segundo dizem analistas, nem Powell acreditava nas "evidências" que apresentava sobre a presença da rede no Iraque, e o CS desaprovou a intervenção militar. Mas, no mês seguinte, serviu de base para o ataque das forças anglo-americanas e para as centenas de milhares de mortes no país.
A informação que surge agora é de que o integrante da Al Qaeda, Ibn Sheik al-Libi, fornecedor da informação, mentiu de propósito ao ser interrogado por milicos norte-americanos em novembro de 2001 no Egito, depois de ser preso no Afeganistão – onde de fato comandava um centro de treinamento da rede.
Libi, que não é meu primo, revelou sob tortura inexistentes treinamentos oferecidos pelo regime iraquiano de terroristas em manipulação de armamentos químicos e biológicos. De uma vez só, disse que Saddam tinha relações com o terrorismo e armamento químico e biológico à disposição. Tudo mentira como se descobriu depois.
O que a trupe de Osama Bin Laden queria era o que ocorreu. Tirar Saddam Hussein, promotor de uma sangrenta ditadura laica, e criar espaço para a disseminação do fundamentalismo religioso voltado para o terrorismo. "Libi necessitava que começasse um conflito no Iraque porque, meses antes, nos havia dito em uma mesquita que o melhor país para lutar a Guerra Santa era o Iraque, pela nação muçulmana mais fraca", disse o tal espião, que operava infiltrado em uma célula terrorista no Marrocos.
Powell citou, na ONU, que um "importante terrorista responsável por m dos campos de treinamento da Al Qaeda no Afeganistão" era a fonte da informação de que Saddam havia oferecido treino em "armas químicas ou biológicas". Bush e o vice Dick Cheney fizeram o mesmo.
A mentira sob medida de Libi soou como música para os ouvidos do governo norte-americano, que adorou acreditar nela. E quem diria, o inimigo do inimigo (o Bush, no caso) só foi amigo para Al Qaeda. No conjunto, pior para as vítimas da violência sem fim no país.