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Pouco antes da segunda partida da final do Brasileiro de 2002, lembro de ter escutado no rádio um repórter dizendo que o treinador do Corinthians, Carlos Alberto Parreira, usaria o jogo aéreo para tentar derrotar o Santos e reverter a vantagem do primeiro jogo. O comentarista desdenhou, lembrando que o Santos tinha na dupla de zaga "as torres gêmeas" Alex e André Luiz.
O que o comentarista esqueceu é que um time não ataca só com dois na área. E os outros defensores do Santos, como Paulo Almeida e o lateral esquerdo Léo, eram baixinhos; Maurinho e Renato também não são atletas altos. Coube ao Santos matar a jogada antes do cruzamento. Qaundo a bola chegou na área, sempre perigosamente, o Timão marcou dois gols.
Ontem, Mano Menezes usou tática similar, abusando das bolas alçadas na área. E elas foram o terror da defesa santista. Willian (1,89), Fabinho (1,86), Diogo Rincon (1,85) e depois Acosta (1,88) são mais altos que qualquer jogador da zaga peixeira, Betão e Domingos têm 1,81. O mais alto jogador santista de linha, Sebástian Pinto, tem 1,85 e marcou Fabinho nas bolas paradas. Não é à toa que foi da cabeça do volante corintiano que surgiu o gol do time da capital. Qaundo Leão colocou Marcelo, a pressão diminuiu. Com a entrada de Fabão, mesmo com um a menos, a pressão foi estéril.
Aí entra a deficiência da equipe de Mano Menezes. O meio campo é pouco criativo e, tirando as jogadas aéreas, nem mesmo os chutes de longe levaram perigo a Fábio Costa. Dentinho jogou isolado e precisa de alguém que encoste pra jogar com ele, um atacante, um meia ou o lateral. Herrera é brigador, sabe se movimentar, mas jogou distante do companheiro de frente.
O Santos tem um ataque móvel, com o inconstante Molina que, quando faz uma jogada interessante, não é daquelas mais comuns. No futebol brasileiro, isso é um diferencial. Mas o time carece de uma saída de bola mais qualificada e é aí que Rodrigo Souto fez falta ontem. Quando pressionado, o Santos isolava a bola e, tirando Kléber e Kléber Pereira, os garotos como Adriano - nervoso e afoito demais - e Wesley não tinham tranqüilidade e rifavam a bola a todo momento, assim como Marcinho Guerreiro e Adoniran (nesses casos, pesava mais a falta de técnica).
Lances polêmicos
De novo, caímos na questão da interpretação no lance do Kléber Pereira. Ele vira e olha bola à direita, mas fica a impressão de que empurra Carlão, que o marca logo atrás. Conforme o ângulo da jogada, o lance parece uma ou outra coisa. Na Globo, o comentarista de arbitragem (que função!) José Roberto Wright defendeu que foi falta, enquanto o ex-jogador Caio achou que não foi. Achei que não foi, mas minha interpretação é enviesada.
Quanto ao "gol anulado", a jogada já tinha sido parada por falta antes do cabeceio, como mostra o replay, tanto que os jogadores do Santos nem se mexem para marcar. Já na expulsão de Betão, poderia até ser justa em função de um segundo amarelo, e não por um vermelho direto, já que não houve agressão propriamente dita. Herrera, no lance, não só "montou" em cima do zagueiro peixeiro como ainda, de forma pouco sutil, colocou o pé entre suas pernas, próximo a "partes sensíveis", quando levanta. Isso ocorreu do lado do bandeira. O corintiano também merecia o vermelho.