Destaques

quarta-feira, setembro 10, 2008

Bebedeira trágica

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No último dia 6 foram completados 30 anos da morte do lendário baterista do Who, Keith Moon. Ele morreu dormindo, por overdose do medicamento que usava contra o alcoolismo. O apartamento onde ocorreu o fato, na Curzon Place, em Londres, pertencia ao cantor Harry Nilsson e era amaldiçoado: "Mama" Cass Elliot, vocalista do The Mamas and The Papas, havia morrido de ataque do coração no mesmo local, quatro anos antes. Mas o episódio mais bizarro nos curtos 31 anos de vida de Keith Moon foi mesmo a trágica bebedeira no pub Red Lion, em Hatfield, no dia 4 de janeiro de 1970. Quando se preparava para entrar em seu automóvel, o baterista foi cercado por skinheads que queriam linchá-lo. Apavorado, Moon empurrou sua esposa, a modelo Kim McLagan, para dentro do veículo e acelerou o máximo que pôde. Pouco depois, notou que alguma coisa estava sendo arrastada sob o carro. Era seu amigo e guarda-costas, Cornelius "Neil" Boland, que tinha sido jogado no chão pelos skinheads e Moon simplesmente passou por cima dele e o arrastou, espedaçando sua cabeça e seu corpo. O baterista foi declarado inocente posteriormente, mas nunca superou a culpa pela morte. Na foto acima, os dois aparecem em pé (Boland à direita), atrás de John Lennon e Yoko Ono, 20 dias antes do acidente fatal.

Som na caixa, manguaça! - Volume 24

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MINHA ÚLTIMA SERENATA

Waldick Soriano

Amigo, beba comigo
Quero brindar aqui minha desgraça
Amigo, hoje talvez
Seja minha última serenata

Amigo, hoje é meu dia
Já não suporto esta grande dor
Amigo, é muito triste
Amar alguém sem ter direito deste amor

Amigo, fui enganado
Ela jurou me pertencer por toda vida
Mas tudo não passou de uma mentira
Ela queria arruinar a minha vida

Amigo, beba comigo
E seja testemunha do meu fim
Amigo, leva esta aliança
E entregue àquela ingrata para mim
E diga que eu mandei pedir a ela
Que reze ao menos por mim

terça-feira, setembro 09, 2008

Humanidade virou sedentária para beber cerveja

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Todo o apoio recebido até agora pelo projeto Manguaça Cidadão, os milhares de emails e as reivindicações a políticos de todos os níveis da administração pública já eram esperados, dado o apelo popular do projeto. Mas agora a idéia ganhou também explicações científicas surpreendentes. De acordo com o biólogo e historiador natural alemão Josef H. Reichholf, em entrevista à Agência EFE, a espécie humana tornou-se sedentária e desenvolveu a agricultura não para conseguir alimentos com mais facilidade, mas sim para garantir a cerveja e se embriagar. A idéia é defendida no livro Warum die Menschen sesshaft wurden (Por que os homens se tornaram sedentários).

Ele defende que, em princípio, o cultivo de alimentos não apresentava nenhuma vantagem em relação aos métodos anteriores, como caça, pesca e coleta, já que as primeiras colheitas eram muito pequenas e o cultivo, muito trabalhoso. Assim, a caça continuava. A única vantagem de ficar parado em um lugar era a produção de álcool por meio de cereais.

"A agricultura surgiu de uma situação de abundância. A humanidade experimentou com o cultivo de cereais e utilizou o grão como complemento alimentício. A intenção inicial não era fazer pão com o grão, mas fabricar cerveja mediante sua fermentação", disse Reichholf à imprensa na apresentação do livro.

Todos os loucos do mundo sabem, mas o alemão fez questão de afirmar que isso aconteceu porque a humanidade sempre sentiu necessidade de alcançar estados de embriaguez com drogas naturais que "transmitem a sensação de transcendência, de abandono do próprio corpo".

É a filosofia manguaça rompendo fronteiras!

Lula, o responsável pela vitória da seleção

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O título acima não se refere a uma piada ou a um delírio megalômano petista, mas sim ao resultado de uma enquete feita pela ESPN Brasil a respeito do responsável pela vitória e o bom desempenho da seleção contra o Chile. Claro que o Futepoca, sempre antenado com a voz rouca das ruas, já havia antecipado tal diagnóstico e a sondagem só veio confirmar a impressão manguaça.

Segundo a última parcial, 3% indicavam Robinho como a maior figura da vitória, 9% ficavam com Dunga, enquanto 33% apontavam o atacante Luís Fabiano. A maioria, 55%, atribuiu o desempenho do escrete à bronca do presidente, que novamente verbalizou a vontade geral ao criticar jogadores que perdiam a bola e ficavam de braços cruzados.

Mas o resultado (que não tem valor científico, diga-se) suscita algumas questões. O fato de Lula liderar esse tipo de enquete mostra que:

  • a popularidade do presidente anda tão alta que qualquer coisa que dá certo (do pré-sal à vitória da seleção, passando pale punição de vilões na novela ds oito) é atribuída a ele;

  • a seleção anda tão carente de ídolos que qualquer um que não seja da delegação ou que vista a "amarelinha", como diria Zagallo, merece mais crédito que quem está lá;

  • o time precisa de um "motivador" (olha o Luxemburgo esfregando as mãos...) e não de um treinador de futebol;
  • os jogadores gostam de apanhar e um cilício à la Opus Dei (como na foto ao lado) seria mais funcional que treinos táticos e técnicos, ou

  • o brasileiro consegue rir de qualquer coisa e não perde a chance de tirar sarro mesmo quando está na lama?

Enfim, quem se dispuser a explicar, que o faça (ou vote).

Vice de McCain de rifle e biquini patriótico agita eleições

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Uma foto da candidata a vice-presidência na chapa do republicano John McCain adulterada no Photoshop está circulando por blogues e e-mails nos Estados Unidos. A governadora do Alasca, Sarah Palin, aparece em um inusitado biquini com tema da bandeira dos Estados Unidos e com um rifle. A imagem foi montada sobre uma foto de uma modelo. Segundo alguns blogues gringos, mulheres de biquini com rifles em punho são verdadeiros fetiches na internet.

Reprodução
O Urban Legends encontrou as duas imagens originais hospedadas no Flickr, serviço de publicação de fotografias gratuito. A da modelo é de Addison Godel e a da governadora do Alasca foi tirada na parada de 4 de julho (independência dos Estados Unidos) por Jeff Medkeff.

Dá-lhe Photoshop!

Em alguns dos e-mails, como no que chegou a mim, a mensagem diz que "esta é uma foto atual". Há relatos de mensagens que dizem ser "por isso que McCain a escolheu para ser VP [vice-presidente]". Se a foto chegou até e-mails brasileiros, é sinal de que o spam não tem limites.

Seja como for, a imagem aparece em meio a tentativa de popularizar o vice de Barack Obama, Joe Biden. Acontece que a moça de 44 anos tem chamado todas as atenções, apesar de não trazer novidades em seu discurso de indicação. Polêmica, ela se envolveu em casos estranhos, como o apoio ao projeto de uma ponte que ligava, segundo o próprio McCain, nada a lugar nenhum.

De rifle em punho ela já havia aparecido antes, até praticando tiro no Kuwait. Mas de traje de banho foi novidade.

Ela é a segunda mulher a disputar a vice-presidência, já que a democrata Geraldine Ferraro concorreu na derrotada chapa de Walter Mondale em 1984.

Tipos de cerveja 15 - As Mild Ale

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Ligeiramente maltada e com pouco sabor e aroma a lúpulo (daí vindo a designação Mild, que significa suave, ameno). "Estas cervejas são castanho-escuras e possuem pouco gás e espuma", resume Bruno Aquino, do site Cervejas do Mundo. Segundo ele, as Mild Ale são um tipo de cerveja difícil de achar e, mesmo na Inglaterra, seu local de origem, só é encontrado com mais facilidade na região das Midlands, perto da cidade de Birmingham. O blogue Doctor Beer acrescenta que o teor alcoólico varia de 3% a 3,6%, mas há excessões com até 6%. Exemplos desse tipo de cerveja são a Three Floyds Pride & Joy Mild Ale (foto), a Pitfield 1824 Mild Ale e a Bank Top Dark Mild.

Acusado de agredir Leão diz que só quis se "desfazer" de barra de ferro

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"Inquirido sobre o fato de aparecer nas imagens supostamente jogando o objeto em direção à vítima, ele (Higor) alegou que apenas teve a intenção de se desfazer do objeto. Que, por ser muito pesado, foi jogado para frente, em direção ao solo." Essa foi a justificativa de Higor Camilo Mendes Chagas, 19 anos, que arremessou... ops, se desfez de uma barra de ferro com concreto no lamentável episódio da agressão ao ex-técnico do Santos Emerson Leão.

Mais dois outros jovens, um de 18 e outro de 25 anos, foram ouvidos ontem no 3º Distrito Policial de Santos, depois que um adolescente de 16 anos (ao que parece, forçado pela mãe) identificou os autores da emboscada contra Leão. Os argumentos de defesa dignos de riso continuaram e os três disseram que o objetivo era “auxiliar” um “conhecido de vista”, no caso, o ex-segurança do Santos Marco Antônio Castelo, o Castelão, supostamente agredido por seguranças do clube e pelo advogado do técnico. Os acusados fazem parte de uma organizada, que também brigou com o ex-comandante santista e integrantes teriam inclusive apedrejado o carro de Leão quando o mesmo pediu demissão do clube.

A câmera interna do Santos não mostra isso. E o termo correto é “emboscada” mesmo, resta saber quem de dentro da Vila Belmiro passou as coordenadas da presença de Leão, que cobra uma dívida de R$ 700 mil do clube. Mas isso não é tarefa da polícia. Seria (veja bem, seria...) incumbência da diretoria, se ela se preocupa de fato em não ver o nome do Santos manchado, algo que ela parece não se esforçar muito em fazer desde que assumiu.

Mas o presidente Marcelo Teixeira, tal Pilatos, lavou as mãos, mesmo que não tenha conseguido limpá-las. Na quinta, declarou que o episódio era "um fato envolvendo dois ex-funcionários que não têm mais nenhum vínculo com o Santos", completando que "já havia um problema entre eles [Leão e um ex-segurança do Santos] e uma das partes quis tomar esclarecimento e gerou esse episódio triste e lamentável". Segundo o dicionário Teixeira, “tomar esclarecimento” e “agredir” são sinônimos? Ele gostaria de ter torcedores “tomando esclarecimento” dele desta forma. Seria igualmente inadmissível, mas ele não aparece se importar.

Hoje, Castelão, demitido a pedido de Leão por ter, segundo o técnico, brigado com outro segurança no vestiário, vai prestar depoimento. O ex-funcionário do Santos prestaria serviços atualmente ao goleiro Fábio Costa.

segunda-feira, setembro 08, 2008

Ditadura enquadrava filhos de pais alcoólatras

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O camarada Jesus Carlos, do blogue Fotografia, Cachaça & Política, me alertou para um texto publicado pelo portal Terra na quinta-feira, dia 4, sobre a perseguição dos militares brasileiros aos filhos de pais alcoólatras, nos tempos da ditadura. A matéria conta que, durante pesquisas em arquivos da Universidade Federal da Bahia (Ufba), o antropólogo e professor Roberto Albergaria encontrou um documento "confidencial" elaborado em 20 de dezembro de 1974 pela 2ª Seção (setor de inteligência) da 6ª Região Militar. Na época, o informe datilografado, com carimbos do Exército, foi destinado ao reitor da Ufba e da AESI (Assessoria Especial de Segurança e Informação), braço do SNI (Serviço Nacional de Informações) na universidade. Entre outros absurdos, o documento dizia:

Para preservar as Universidades, as Escolas de Estudos Superiores e de Pós-Graduação do iminente perigo do terrorismo marxista e impedir que esses Centros Culturais continuem sendo refúgios e permanente instrumento de delinquentes políticos e focos de propagação de ideologias deletéricas e escusas, recomendamos as normas seguintes:

1°) - Investigar os antecedentes pessoais e familiares dos alunos, notadamente no que concerne a registros penais, políticos e psiquiátricos em membros de seus ascendentes e afim;

2°) - investigar sobre alunos provenientes de lares desfeitos ou de pais alcoólatras, contraventores, desidiosos ou de classe social muito baixa;


E por aí vai. O autor do texto do Terra, Claudio Leal, traduz o surreal informe de maneira sarcástica: "Leitura ao rés-do-chão: o militante político era levado à luta armada pela desagregação familiar, as sagatibas do pai e a pindaíba". O que nos leva a imaginar que, naqueles tempos nefastos, até nos butecos tinha agente infiltrado para observar casos "suspeitos"...

F-Mais Umas - Brasil x Grã-Bretanha: quinto round

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CHICO SILVA*

Como era de se esperar, a melhor pista do calendário proporcionou a mais emocionante – e imprevisível – corrida da temporada da F-1 até aqui. As curvas e retas da lendária Spa-Francorchamps (à esquerda), imortalizadas em "Grand Prix", filme de 1966 dirigido pelo estadunidense John Frankenheimer, garantiram um espetáculo que não terminou como de costume, na bandeirada final. Três horas após a eletrizante vitória de Lewis Hamilton, conquistada no braço após ranhida luta contra o ice-vodka Kimi Raikkonen, o inglês foi comunicado que ganhou, mas não levou. A direção da prova lhe aplicou uma punição de 25 segundos por considerar ilegal sua conduta na disputa com Raikkonen na saída da chicane Bus Stop, que ganhou esse nome por ser uma antiga parada para os ônibus que serviam as cidades belgas margeadas pelo circuito. Parte do traçado de Spa é feito de estradas que cortam a bela região das Ardennes, palco de uma das mais sangrentas e históricas batalhas da Segunda Guerra Mundial.

Azar de Hamilton, sorte de Felipe Massa (à direita), que viu uma vitória pela qual pouco fez cair literalmente no colo. O são-paulino da Ferrari guiou como um "bundão", como ele mesmo afirmou no final da prova. Mas a prudência o manteve em uma pista escorregadia e traiçoeira, ao contrário de Raikkonen, que encontrou um muro no meio do caminho. A pancada deixou o finlandês em situação delicada no campeonato. É quase certo que nas próximas corridas a Ferrari fará de Massa seu piloto número 1 na competição contra a forte McLaren – de um Hamilton sedento pela glória que lhe escapou pelas luvas no ano passado.

Esta será a quinta vez que brasileiros e britânicos duelarão diretamente por um título mundial da F-1. E até aqui a vantagem é toda nossa: 3 a 1. A primeira foi em 1972. Naquele ano, a bordo da legendária Lótus negra, Emerson Fittipaldi deixou para trás o escocês Jackie Stewart (à esquerda), da Tyrrel. Na temporada seguinte o britânico deu o troco e conquistou o último dos seus três títulos mundiais na F-1. Emerson foi vice. Quatorze anos depois, uma nova guerra. "Companheiros" de equipe na Williams, Nelson Piquet e Nigel Mansell protagonizaram um das mais ferozes disputas que se têm notícia. Em uma luta marcada por blefes, truques e pequenas sacanagens (como esconder o papel higiênico de Mansell depois de o inglês exagerar nas tortilhas mexicanas), Piquet se tornou o primeiro brasileiro tricampeão de F-1. Registre-se: contra a vontade da equipe, que trabalhou abertamente por Mansell.

Em 1991, o último duelo. Depois de vencer as quatro primeiras provas da temporada, Ayrton Senna sofreu para segurar Mansell e sua ascendente Williams-Renault. Porém, mais uma das típicas barbeiragens do inglês permitiu que Senna pudesse, enfim, comemorar seu terceiro – e último – título na categoria. Resta saber se vamos abrir vantagem ou ver os súditos da rainha encostar no nosso aerofólio. Para que isso não aconteça, Massa tem que deixar de ser "bundão" e botar pressão no pedal direito.

Eu quero meu ovo gema mole de volta!
Dias desses fui ao Boteco dos Pescadores, tradicional reduto etílico/cachaceiro da Zona Norte de São Paulo. Meu objetivo era traçar um contra-filé mal passado à cavalo. Como de costume, pedi ao garçom que tanto o bife como o ovo viessem mal passados. Qual não foi minha surpresa quando o cidadão mandou, assim, na lata: "Amigo, a casa não serve mais ovo mal passado. Você não assistiu o Fantástico?". Não. Eu não havia assistido ao Fantástico. Não tinha tomado conhecimento que a revista eletrônica semanal da Globo havia tornado o tradicional ovo com gema mole o inimigo público número 1 da saúde.

A Globo tem poder para eleger e derrubar presidentes. Mas nunca pensei que ela seria responsável pela extinção do ovo mal passado dos cardápios dos botecos brasileiros. Faço parte de uma legião de admiradores do popular "zóiudo". E sempre o consumimos assim, mal passado. Nunca vi ninguém cair duro depois de mandar uma gema mole com sal. Isso está me cheirando mais uma daquelas campanhas difamatórias e alarmistas. Portanto, aproveito o espaço para clamar pelo meu ovo com gema mole de volta! Espero manifestações. Levantem-se! Vamos lutar contra mais essa injustiça contra um dos patrimônios da gastronomia popular nacional!



*Chico Silva é jornalista, wilderista (fanático por Billy Wilder) e nelson-piquetista. Em futebol, 60% santista, 40% timbu pernambucano. Bebe bem e escreve semanalmente a coluna F-Mais Umas para o Futepoca.

A "bronca" de Lula, a seleção de Dunga, o Chile e a Argentina

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Apesar da resposta mal-educada e estapafúrdia do goleiro Júlio César, parece que a bronca do presidente Lula deu certo. Ao contrário de outras apresentações, a seleção mostrou uma aplicação bem maior ontem contra o Chile. Mas claro que não foi só esse o fator determinante da vitória verde-amarela.

Dunga parece ter seguido uma lógica elementar para escalar o time que jogou nas Cordilheiras. Se você não tem alas que atacam e defendem com qualidade, você os torna laterais, com mais funções defensivas que ofensivas. Com isso, anulou o esquema de três atacantes feito por Marcelo Bielsa e, com um homem a mais na frente, não perdeu poder ofensivo.

Pontos positivos e negativos. Josué atuou bem na marcação, assim como o criticado Gilberto Silva. Anderson e Lucas continuam como boas opções, mas parece que Mineiro não vai vestir mais a amarelinha. Outro que também não deu pra entender porque atuou foi Kléber. Contesto sua posição de titular até no Santos, quanto mais na seleção. Coroou sua performance com a expulsão, merecida.

O Chile é uma equipe frágil, mas como poucos apostavam na vitória da seleção, Dunga ganha sobrevida. Noves fora, Diego jogou bem, Robinho idem, apesar de um pouco dispersivo, e Luís Fabiano não tem rivais na posição. Ronaldinho Gaúcho ainda deve.

*****

Quem também foi muito aplicado, mas em excesso, foram dois queridinhos nas bandas de cá. Valdívia foi expulso em um lance desnecessário e no sábado Carlitos Tevez quase afundou a Argentina em pleno Monumental de Nuñez, ao ser eliminado ainda no primeiro tempo.

Aliás, o empate da Argentina com o Paraguai foi uma partida bastante sofrível. A equipe paraguaia saiu na frente em um gol contra grotesco de Heinze. Ele, junto com Coloccini, não passou confiança em momento nenhum (tanto que saiu de campo) e ambos no mano a mano por pouco não comprometeram definitivamente a partida na primeira etapa. Mas o Paraguai desperdiçou a chance.

Como não matou o jogo, o time guarani deu o espaço para os argentinos no segundo tempo. Ao invés de marcar pressão, como fizera antes, o Paraguai preferiu esperar em seu próprio campo e Messi, em um lance de Riquelme, deu uma bela assistência para Aguero empatar. Por pouco não aconteceu uma virada, mas a inferioridade numérica se fez notar no fim do jogo. Ao Paraguai, faltou ousadia; aos argentinos, competência. Um empate de bom tamanho.

E o time de Alfio Basile completou a quarta partida consecutiva sem vitória nas eliminatórias. Se no papel tem jogadores admiráveis, quando a bola rola parece um time para lá de comum e não comove a sua própria torcida. Qualquer semelhança com outra equipe sul-americana é mera coincidência (ou não). Será que Cristina Kirchner deveria elogiar Robinho?

domingo, setembro 07, 2008

As crias de Enéas

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Embora o médico cardiologista Enéas Carneiro, célebre pelo bordão “Meu nome é Enéas”, tenha falecido em maio de 2007, sua presença se faz notar ao menos no cenário político de São Paulo. Seus seguidores mais notáveis são candidatos nas eleições paulistanas, mas, curiosamente, todos fora do Partido da República (PR), resultado da fusão do Partido Liberal (PL) com a agremiação que Enéas ajudou a fundar, o Partido da Reedificação da Ordem Nacional (Prona).

Enéas apareceu na eleição presidencial de 1989, quando tinha parcos 17 segundos em cada programa do horário eleitoral. Mais tarde, em 1994, atingiria seu auge com o terceiro lugar na corrida presidencial, deixando pra trás figuras carimbadas da política como Leonel Brizola e Orestes Quércia. No entanto, sempre teve dificuldade em transferir sua popularidade para outros candidatos do seu partido.

A exceção é sua mais famosa cria, Havanir Nimitz (ao lado), que adotou de seu chefe o estilo algo agressivo e é detentora de um respeitável recorde: foi a deputada estadual mais votada da história de São Paulo e do país em 2002, tendo arrebatado 682.219 votos. Mas detém outra marca que não está em seu site. É provavelmente a parlamentar que tomou o maior tombo no espaço entre duas eleições. Saiu do Prona em 2005 e, candidata a deputado federal, com pouco espaço no PSDB em 2006, teve somente 10.517 votos, o que não a elegeria vereadora em São Paulo. Agora, foi para o Partido Trabalhista Cristão (PTC), que integra a coligação “Tostão contra o Milhão”, junto com o Partido Trabalhista do Brasil (PT do B). Talvez tenha aprendido que em partido pequeno é muito mais fácil cativar espaço quando se tem um certo nome. Aliás,seu jingle que utiliza a música da trilha de Rocky Balboa é um primor.

Outro “filhote” do doutor Enéas é Robson Malek. Aparecia no vídeo gritando e falando de forma ritmada como seu mentor, mas não convencia ninguém e parecia um padre de cidade do interior apresentando programa policial. Sua trajetória de derrotas é extensa. Ele tentou, em 1998, ser deputado estadual; depois, governador em 2002, sendo derrotado dois anos após em sua primeira tentativa de se eleger vereador. Em 2006, foi a vez de perder o pleito para o senado. Agora, mudou para o Partido da Mobilização Nacional (PMN), não grita mais, sorri como que libertado de um espírito maligno. Mas deve ser derrotado novamente.

Um pupilo, ou melhor, praticamente um “neto” de Enéas, foi recentemente alvo de uma representação da coligação de Havanir Nimitz. O PT do B e o PTC pediram a apuração de crime eleitoral e cancelamento de candidatura de Luciano Enéas Filho (PTN). O cidadão aparecia no horário gratuito imitando de forma descarada o falecido Enéas Carneiro, dizendo que ia “continuar a obra do pai”. Só que ele não é filho do ex-deputado. O pedido da coligação foi parcialmente aceito, o juiz auxiliar da propaganda da 1ª Zona Eleitoral de São Paulo Claudio Luiz Bueno de Godoy proibiu o dito cujo de usar a imagem, a fala, o bordão ou qualquer referência gestual do fundador do Prona. Em sua defesa, o candidato diz que se referia a seu pai na propaganda, o ex-vereador Osvaldo Enéas.

O pai de Luciano (na foto à esquerda, ao lado do então presidente do Prona) também foi criado no Prona e imitava em tudo o seu inspirador, segundo ele, incentivado pelo próprio Enéas. Foi eleito vereador em São Paulo em 1996, mas em 2002 saiu do partido brigado com seu criador. Candidatou-se a vereador em 2002, mas seu registro foi cassado e, adivinhem por que? O TRE avaliou que ele utilizou indevidamente a imagem de Enéas Carneiro, confundindo o eleitor. E não é que a história se repete como farsa?

sábado, setembro 06, 2008

Waldick Soriano: um manguaça de respeito

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Voltando a lembrar no blogue o saudoso Waldick Soriano, que morreu na última quinta-feira (dia 4) de câncer de próstata, reproduzo abaixo um testemunho impagável de Neil Son, do blogue Quase pouco de quase tudo:

Em uma de minhas vidas passadas, trabalhei em grandes gravadoras de discos. Uma das minhas primeiras tarefas era acompanhar Waldick Soriano em uma série de entrevistas e visitas a rádios do ABC paulista. Antes, é claro, coube também a mim, montar a agenda do cara, entrando em contato com todas as rádios, marcando os compromissos, confirmando tudo com o artista, etc. Finalmente, marquei com o Waldick de encontrá-lo às 8 da manhã de uma segunda-feira no lobby do glorioso Hotel Jandaia - São João, quase esquina com Barão de Limeira. Chego lá e o cara da recepção me diz: ‘Seu Waldick tá ali no boteco tomando café’. Atravesso a rua e fico pasmo ao constatar que o ‘café’ do nosso herói era o seguinte: três copos (três!) de caracu com ovo (casca e tudo), batido no liquidificador. Me disse: ‘três vezes por semana é isso: três copos que me garantem, três vezes por semana, dar três sem tirar!’ (...)

Outra história que encontrei foi a de Toinho de Zé Antonio, dono de um dos bares mais antigos e tradicionais da cidade de Sumé, na Paraíba, e fã incondicional de Waldick Soriano (na foto ao lado, aparece abraçado ao cantor). O admirador conta outra história sobre a predileção do recém-falecido pela manguaça: "Ele veio duas vezes para Sumé. A primeira não contou porque ele estava muito bêbado e sem fala, quem levou o show foi o Maurício Reis". No documentário que Patrícia Pilar fez com Waldick, o que mais aparece é copo na mão, como conta o pesquisador musical e colecionador Josué Ribeiro, do blogue Música Popular do Brasil, que foi conferir a obra no Ponto Cine, em Guadalupe, no Rio de Janeiro: "Com dez minutos de exibição, um estudante gritou: 'Vai pro AA, bebum!'. Daí por diante, em cada cena que Waldick entornava um mé, era aquele alvoroço. 'Larga o copo, tiozinho!', 'De novo, tio?'. Confesso que nada me distraiu, até mesmo quando um fã de Waldick, cheio de álcool até a tampa, dá seu depoimento, para diversão geral da platéia".

Pra encerrar o papo, antes de abrir mais uma cerveja, fiquem com uma frase de Waldick Soriano: "Digo sempre que cachaça e mulher não fazem mal a ninguém". Realmente, vai o homem, fica o mito. Ou o bafo! Salve, Waldick! E que no céu existam muitos butecos, cabarés e churrascarias para você cantar e seguir sua trilha etílica!

Campanha Manguaça Cidadão por banheiros públicos

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Uma das coisas mais comuns e desagradáveis, nos grandes centros urbanos, é passar por uma parede ou calçada completamente mijada, com o forte odor característico. Quando a cerveja filtrada aperta na bexiga, o manguaça não pensa duas vezes em desaguar na primeira árvore, muro ou mesmo no meio da rua. É uma coisa muito feia, geralmente obra dos marmanjos - tem mulher que também faz, mas, por questões físicas ou práticas (ou por vergonha, mesmo), em muito menor quantidade. Mas não é privilégio do Brasil, não. Na foto acima, à esquerda, vemos uma placa anti-mijão nos arredores da estação de trem de Pádua (Padova), na Itália. Um amigo que esteve lá (e fez a foto) me disse que o cheiro, no local, é absolutamente insuportável. À direita, vemos um aviso similar numa rua de Amsterdã, na Holanda.

Aqui no Brasil, esse tipo de folga provoca reações desesperadas da população, como a pichação num muro de Salvador, Bahia (à esquerda), e o cartaz numa árvore no subúrbio do Rio de Janeiro (abaixo, à direita). Contudo, apesar de saber que a maioria dos que fazem isso é mesmo sem educação, também sei que tem gente que recorre à prática condenável pura e simplesmente por não encontrar um banheiro para se aliviar. Hoje, não é todo dono de buteco que permite a um não-cliente, que está passando pela rua, usar o WC. Tem a opção dos shoppings, mas não tem shopping em todo lugar nesse país. Conclusão: falta banheiro público!

Esse é um tema que ninguém fala nas campanhas eleitorais. E é um serviço público de primeira necessidade (porque necessidade todo mundo "faz"). Proponho, então, mais uma campanha complementar ao Manguaça Cidadão: banheiro público já! Por ruas mais limpas e menos fedorentas! E pela manguaça responsável, cidadã e consciente!

sexta-feira, setembro 05, 2008

Mico Olímpico: quem ama cuida

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A decisão foi polêmica. Mas saiu o vencedor da promoção Mico Olímpico. à pergunta "Qual foi o maior mico brasileiro ou internacional da Olimpíada de Pequim 2008?", Elton Simomukay, de Ponta Grossa-PR respondeu:


O simpático mico foi retirado do blogue de Roni Chittoni

Um provérbio chinês diz que antes de dar comida a um mendigo, dá-lhe uma vara e ensina-lhe a pescar e a brasileira Fabiana Murer comprovou que com a vara alheia não se consegue pescar nenhuma medalha.Inconformada com o roubo da sua vara pessoal deveria aprender que quem ama cuida.
Ele ganhou um exemplar do Almanaque Olímpico SporTV, dos jornalistas Marcelo Barreto e Armando Freitas. Leva ainda um par de ingressos assistir Viagem ao Centro da Terra – o Filme. Todo o material será enviado pelo correio.O par de ingressos válidos de segunda a quinta-feira para qualquer cinema do país em que o filme estiver passando, exceto o Cinemark Iguatemi (São Paulo), Grupo Araújo (confira as salas aqui), Grupo Estação (Rio de Janeiro) e salas vips do Cinemark Cidade Jardim (São Paulo).

Os bilhetes são uma cortesia do parceiro Guia da Semana. O livro é cortesia da própria SporTV.

Campanha sobre DST/Aids mira público de buteco

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Meu colega de faculdade Eli Fernandes envia ao Futepoca um trabalho interessante desenvolvido em Campinas, que tem muito a ver com as propostas sociais do nosso projeto Manguaça Cidadão. Lá, o Programa Municipal de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST)/Aids produziu descansos de copo com imagens e material informativo para uso de camisinha como prevenção ao vírus HIV (foto acima). "O objetivo é atingir especificamente o público dos bares", afirma Eli, um butequeiro contumaz. O material está sendo distribuídos entre proprietários e gerentes de butecos do Centro, do bairro Cambuí e de Barão Geraldo (distrito que abriga o campus da Unicamp). "Queremos provocar a reflexão das pessoas de uma forma não invasiva. Os descansos proporcionam um mínimo de informação e chamam a atenção para o serviço público", observa Eli.

Taí uma idéia: o Manguaça Cidadão poderia atuar, também, na prevenção de DST/ Aids. O "beneficiado" pelo programa poderia se comprometer a carregar materiais desse tipo para o buteco, por exemplo. E cabe registrar aqui outra frente de combate da campanha campineira, destinada aos locais de venda de alimentos. O alerta para uso de camisinha falando em lingüiça (foto à direita) tem tudo a ver com a fama daquela cidade (e de seus habitantes)...

Luxemburgo é freguês de Nelsinho. E o Palmeiras do Sport

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Uma chapuletada. A primeira derrota no Palestra Itália na temporada foi no pior estilo. Um três a zero para o Sport, fora o baile.

Méritos de apostar nas bolas aéreas, o maior motivo de tensão do torcedor alviverde é a frágil zaga. O Palmeiras não mostrou volume de jogo nem conseguiu esboçar pressão. Pior, depois do primeiro gol, ficou perdido, fez um primeiro tempo de pesadelos

– Ah, o primeiro gol tava impedido – alguém pode lembrar.

Mas foi três a zero. Com dois gols de Roger, ex-Palmeiras. Que tristeza.

Freguesia
E Nelsinho Baptista venceu mais uma. Agora são 11 vitórias do injustiçado pelo Futepoca diante do badalado pela mídia Vanderlei Luxemburgo. O atual treinador do Palmeiras venceu oito.

O detalhe é que no jogo de ida do Brasileirão, na Ilha do Retiro, nove reservas do Sport fizeram 2 a 0. Agora, com os titulares, como visitante, foi 3 a 0. Faz sentido.

O consolo é que, na história, o time paulista leva vantagem. Só não ganha desde 2003, ano que eu prefiro esquecer.

Cruzeiro e Grêmio
Além da partida, o Palmeiras perdeu a segunda posição. O próximo jogo é que vai separar "os hômi dos minino", já que o segundo colocado enfrenta o terceiro. E o Verdão vai sem o ataque titular, suspenso.

Enquanto isso, o Grêmio ganhou licença para perder do Fluminense no Maracanã e deixar tudo como está. Ou abrir oito pontos de vantagem.

A estabilidade do Grêmio comparada com a irregularidade dos rivais explica a tabela.

Promoção Praga do Zé

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O Futepoca lança mais uma promoção. Agora, é a Praga do Zé.

Zedocaixao


Três pessoas vão levar um exemplar do livro Prontuário 666, da Editora Conrad. Para ganhar, é preciso mandar uma praga contra um time de futebol, uma torcida, um dirigente, a federação de futebol, o que quiser.

Vale todo tipo de manifestação: texto, poesia, vídeo, áudio, podcast, charge, desenho ou o que for.

Os sete melhores vão a votação popular no próprio Futepoca. É o leitor que vai decidir os três primeiros colocados, que ganharão um exemplar do livro cada.

Prontuário 666 é uma adaptação para os quadrinhos da saga do personagem Zé do Caixão, e se passa entre o filme Esta Noite Encarnarei no teu Cadáver e o recém-lançado Encarnação do Demônio. Nesse período, ele ficou preso na Casa da Detenção de São Paulo, realizando experiências macabras com toda sorte de detentos. Os piores fascínoras tiveram que encontrar seus próprios medos e culpas diante do contato com o temido Zé.

Faça já sua praga e mande para nós!

Se precisar de inspiração, confira as pragas que o próprio Zé gravou para o Futepoca.

Vídeo contra os anti-corintianos.

Vídeo contra quem não prestigia o Futepoca e o Diplô.

quinta-feira, setembro 04, 2008

Sucesso não garantiu a vida da Ulbra

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Um time de futebol é fundado. Logo em seu primeiro ano, conquista o título da segunda divisão local. Pula para a elite e, em três anos de disputa, mantém impressionantes 100% de aproveitamento, com o tricampeonato. Tal desempenho faz com que esse time tenha que continuar cada vez mais forte e ampliar sua trajetória, certo?


Errado.

O time em questão é a Ulbra Ji-Paraná, da cidade homônima de Rondônia. A Ulbra, como todos sabem, é a Universidade Luterana do Brasil, que nasceu no Rio Grande do Sul e vai se expandindo para outros cantos do país. Em Rondônia inclusive. O futebol apareceu como bom meio de fortalecimento da marca e fez com que a Ulbra dominasse o estado e até conquistasse certa fama nacional, como o ocorrido nesse ano após eliminar o Santa Cruz da Copa do Brasil.

Mas os dirigentes da universidade declararam que, na ponta do lápis, o futebol profissional não estava valendo a pena. E anunciaram na terça-feira seu licenciamento do Campeonato Rondoniense. É um licenciamento por tempo indeterminado e há até a possibilidade que a Ulbra volte a jogar o estadual daqui a alguns tempos; mas o mais provável é que o time deixe realmente seus torcedores na saudade.

Caso realmente tenha dado um adeus derradeiro ao mundo do futebol profissional, a Ulbra de Rondônia encerrará aí uma trajetória de um time que, talvez, seja o mais vitorioso da história, em termos proporcionais. Quatro títulos, sendo três de primeira divisão, em quatro anos, não é pra qualquer um não.

Santos, Vitória e o equilíbrio do Brasileirão

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Ontem, Santos e Vitória fizeram uma partida na Vila Belmiro que mostrou uma certa inversão de papéis em relação à campanha de ambos no Brasileirão. Vendo a peleja, uma pessoa que não acompanha o torneio perguntaria, e com razão: mas qual dos dois estava no G-4 e quem estava na zona do rebaixamento? Prova do equilíbrio do Brasileirão em 2008.

O Peixe começou marcando pressão e, em 15 minutos, não só tinha marcado seu primeiro gol como Kléber Pereira já tinha perdido outras três chances claras. Aliás, KP é mesmo um atacante curioso. Desloca-se com facilidade e por isso cria muitas oportunidades de gol (como é a dura a vida dos aritlheiros...). Em média, desperdiça de duas a três pra marcar uma. Mesmo assim, é artilheiro do Brasileirão. Daí o irritado torcedor santista pode praguejar: “É, mas ele podia perder menos gols...”. Mas cada um é que o que é, se KP fizesse todos os gols que perde, certamente seria quase Pelé.

O domínio peixeiro vigorou durante todo o primeiro tempo de forma quase absoluta. O Vitória só chegou uma vez com Rodrigão. No segundo, a toada seguia a mesma, mas com a saída de Michael e a entrada de Molina, o Santos perdeu duplamente. Em marcação e em velocidade, já que o meia colombiano, ex-xodó da torcida, se mostrou omisso e dispersivo durante boa parte do segundo tempo. O Vitória passou a pressionar de forma esporádica, mas chegou com perigo duas vezes, exigindo grandes defesas de Douglas.

Mas Márcio Fernandes corrigiu isso com a entrada do estreante Pará no lugar de Cuevas. Aliás, um fato a se destacar do jogo de ontem foi o incrível número de impedimentos marcados de Kléber Pereira (um deles, erroneamente). Foram oito, mas o que pode evidenciar um certo desleixo do atacante e a tática do Vitória de adiantar sua linha defensiva, também mostra que o atacante não tem um companheiro à altura. Cuevas errou muito e apareceu pouco para receber a bola no ataque. Naturalmente, KP era a única referência ofensiva de qualidade, o que fez com que os lançadores sempre o procurassem.

O jovem treinador santista, junto com Serginho Chulapa e Nenê Belarmino, permanece invicto no segundo turno, com três empates e duas vitórias. É pouco para quem quer sair definitivamente da zona da degola, mas as três últimas partidas mostraram um time bem mais consistente, aplicado e marcando forte. Prova de que, se houvesse opções de mais qualidade antes, o Alvinegro poderia estar em situação menos intranqüila. Wendel e Bida entraram bem na equipe e Douglas ontem também passou segurança no gol. Mas a volta de Rodrigo Souto, com ânimo redobrado, foi fundamental para dar o toque de qualidade que o Santos precisava. Que continuem assim.

Mais que nunca, temos que beber o morto!

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Bares, cabarés, mafuás e puteiros de Norte a Sul desse país estão de luto hoje: morreu, no Rio de Janeiro, o célebre Waldick Soriano (acima), o ex-garimpeiro que tornou-se autor e intérprete dos melhores e mais importantes clássicos do cancioneiro de dor-de-cotovelo e dor-de-corno universais. O maior exemplo de sua verve, lógico, é "Eu não sou cachorro, não", um verdadeiro hino lançado no mítico LP - sigla de long playng, o popular bolachão de vinil, crianças - "Ele também precisa de carinho", da RCA, em 1972 (foto à direita). Outras pérolas de sua autoria são "Torturas de amor", "Paixão de um homem" e "Eu também sou gente", entre muitos outros bolerões que fazem o cidadão roer suas misérias até o último gole de pinga disponível.

E Waldick também tem a ver com política: "Eu não sou cachorro, não" virou jargão no país, quase que como um desabafo dos excluídos e marginalizados contra seus opressores (o patrão, a polícia, a elite etc), como conta o pesquisador Paulo César de Araújo num ótimo livro que foi batizado, por sinal, como "Eu não sou cachorro, não - Música popular cafona e ditadura militar" (Editora Record, 2002). Pelo título pouco apropriado para os tempos de chumbo da política brasileira, "Tortura de amor" chegou a ser censurada e proibida. Mas "Eu não sou cachorro, não" é mesmo a top de linha. Para Araújo, a canção está cravada "na memória coletiva nacional como 'Asa Branca', 'Mamãe eu quero' e 'Luar do sertão', entre outras ". Na década de 1990, o cearense Falcão, cantor/compositor de uma nova geração brega, fez uma versão bem-humorada para "Eu não sou cachorro, não", intitulando-a "I'm not dog no". Por falar no Ceará, aliás, Waldick morou em Fortaleza justamente na época em que eu morava lá. Infelizmente, porém, não pude ver nenhum show do cabra. Na foto à esquerda, ele aparece tomando seu uisquinho numa churrascaria da capital cearense.

Pois então, manguaçada: vamos beber o ilustre morto porque, quem nunca chorou as mágoas com um bolero dele, que aproveite a ocasião! Ao bar! E avoé, Waldick! A música de zona nunca mais será a mesma sem você.

Homenagens retiradas do YouTube:

O Bem Amado: O Dia em que Waldick Soriano foi à Sucupira


Waldick Soriano no Caravele