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Destaques
domingo, março 02, 2014
Futebol é coisa de macho
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sábado, março 01, 2014
Vinho de lei
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Já vi muita gente fazer promessa usando uma longa fase sóbria, sem beber, em retribuição à ajuda metafísica ou transcedental na busca por causas impossíveis. Só de um caso tive notícia de quem tivesse prometido passar uma temporada sem comer uvas.
E a tentação veio aos cachos, quando lhe ofereceram uma taça de vinho.
– Vinho é uva? – perguntava-se angustiado o incauto fiel. – Poderei tomar sem quebrar a promessa?
Fosse hoje, pela lei dos homens, a resposta seria sim.
Deu no Diário Oficial da União de segunda-feira, 24. Foi publicado decreto nº 8.198/2014, que regulamenta a lei do vinho, a nº 7.678/1988. E vinho não é uva.
Vinho é a bebida feita a partir de um fermentado de mosto de uva sã, fresca e madura. Mosto é sinônimo de um preparado para fermentação. Pode ser simples, concentrado, sulfitado ou cozido. No caso, sumo de uva com casca macerada ou "corrigido", repleto de açúcares naturais (ou adicionados, no caso dos exemplares menos nobres), pronta para a ação de micro-organismos anaeróbios. Ao crescerem e se multiplicarem, essas bactérias do bem convertem os açúcares em álcool.
Dias antes da publicação, a presidenta Dilma Rousseff havia antecipado a medida em Caxias do Sul (RS), na festa da uva de um dos polos produtores no país (há concentrações assim em 10 estados). Ela disse ser "uma parceira do setor" – quase igual à afinidade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva com temas afetos.
Vinho e derivados
O Brasil consome 1,26 litro de vinho por ano. O Vaticano, 74. Franceses tomam 57. Apesar da diferença proporcional, o crescimento do interesse dos brasileiros vem aumentando fortemente, e dobrou em 10 anos.Foram 25 anos de espera para delimitar o que pode receber a alcunha da bebida que remonta à antiguidade e até aos tempos e textos bíblicos. Quem está envolvido com a produção envase e comercialização do produto terá 180 dias para se adequar. A legislação define quem compõe a cadeia produtiva da bebida, o papel do Ministério da Agricultura e Pecuária e as divisões do estabelecimento, com finalidade de traçar regras sanitárias e de padronização.
Derivados como jeropiga, conhaque, bagaceira e grappa estão também no texto do decreto. Vinagre de vinho e espumantes (e seus tipos sec, demi-sec, brut e extra-brut) figuram pelas páginas do texto.
Mesmo as regras de fiscalização aduaneira e de testes de amostragem sobre produtos que desembarcam no país foram redefinidos. Vinhos de "excepcional qualidade", por exemplo, podem não precisar ser submetidos a verificações laboratoriais, a exemplo dos exemplares destinados a concursos e degustações.
Lei sóbria
A cachaça, a cerveja e destilados em geral também têm leis ou regulamentações específicas.Isso facilita a organização de empresas que desejam produzir, distribuir e vender esse tipo de produto, porque regra clara facilita o bom andamento do jogo.
Ao prever que adulteração do vinho ou das etapas de produção são infrações que ensejam responsabilização e punição, o ministério cria instrumentos para fiscalização. A rigor, a redação de um decreto assim é importante e atende a interesses dos produtores, embora terminologias como "reserva" e "gran reserva" ainda dependam de instruções normativas específicas. Não chega a compor uma política pública, apenas o regramento.
Fica longe do Manguaça Cidadão. Mas pode ser um passo.
quarta-feira, fevereiro 26, 2014
Nicotina na cerveja OU cigarros para beber
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Dia desses, numa barbearia em Brasília, ouvi uma conversa mais ou menos assim:
A pérola homofóbica com ares de preocupação ficou no ar. Não faltou vontade de sugerir que ele largasse mesmo o cigarro e fosse ser feliz. Ou que fosse feliz mesmo fumando. Mas foi melhor ter evitado o desaforo.
Lembrei-me, então, de uma informação que havia aparecido dias antes, em alguma leitura aleatória na internet – que finalmente aproxima o assunto do Futepoca.
Para muitos fumantes que tentam largar o hábito (ou o vício), a mesa do bar é entrave mais difícil do que o cafezinho, porque a cerveja e o papo chamam o cigarro.
A proximidade entre esses dois itens poderia ser ainda maior. E aqui vão exemplos.
Foto: @NicoShot

Três latinhas representariam um maço fumado, em quantidades da substância viciante presente no tabaco. Era uma "terapia de substituição de nicotina", semelhante ao chiclete.
O perfil da marca no Twitter deixou de ser alimentado em 2011, e o domínio NicoShot.com não existe mais. Aparentemente não houve sucesso em conseguir aprovação para venda do produto em mercados como Estados Unidos e Austrália.
Com menos pretensão, a italiana Birra del Borgo tempera uma ale porter com folhas de tabaco na Ke To Re Porter. Mas aqui o objetivo era meramente o de conferir sabor.
Fume cerveja
Da série "não vingou" vem a Cerveja Malboro.É que consta que uma das marcas que mais frequentemente povoam a mente dos tabagistas quase esteve nos rótulos de cervejas em prateleiras de vendinhas. A transposição do nome para as garrafas chegou a ser patenteada para comercialização em 1970. Este registro parece prova sólida o bastante para mim (porque, ao contrário do que ensinava Jânio Quadros, se fosse líquida...).
E não é (só) um fake produzido por um designer pouco ocupado.
Segundo o culturalmente irreparável Beer History, a empreitada sucedeu a aquisição, pela multinacional do tabaco Philip Morris, da Miller Brewing, de Milwaukee, em Wisconsin. A Miller pertence à SABMiller desde 2002, sendo atualmente a segunda maior fabricante de cerveja do mundo.
Mas, no fins dos anos 1960, fumar era "pra frente". Embora tenha permanecido como marca de cigarro, o climão de "venha para o mundo de Malboro" foi aplicado aos comerciais da Miller, na tentativa de levar a cervejaria do nordesde estadunidense ao topo do mercado. Brigou firme com a Budweiser, inserindo a tendência de comerciais de cerveja que falavam mais do bebedor do que da bebida.
Essa perspectiva permanece até hoje nas propagandas, com a diferença de que, no Brasil, adicionaram-se algumas doses nada moderadas de moças de biquini e decotes variados. Mas isso é outra história.
As fotos abaixo foram garimpadas de um site de classificados na gringolândia que, em 2010, tentou passar para frente exemplares dos supostos protótipos.
marca, consta que a cerveja Malboro nunca chegou
a ser comercializada.
Muricy completa 400 jogos como técnico do São Paulo
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Não discuta com os bêbados!
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segunda-feira, fevereiro 24, 2014
Descobriu a pólvora
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Muricy Ramalho, após o clássico sem gols contra o Santos, no Morumbi, ao justificar a decisão de colocar Paulo Henrique Ganso no banco de reservas (com toda razão, aliás).
E assim o São Paulo completou 12 clássicos - contra Corinthians, Palmeiras e Santos - sem vitória, desde o longínquo dezembro de 2012 (desde lá, foram sete derrotas e cinco empates).
Pois é, Muricy, que bom que você 'descobriu a pólvora' e, enfim, percebeu que o time (time?) vem jogando mal, muito, muito mal. Desde 2009 - eu acrescentaria...
domingo, fevereiro 23, 2014
Esqueceu de pôr no frizer? Cinco maneiras de gelar cerveja quente mais rapidamente
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Quase não acontece com os sóbrios. Mas com os bêbados, segundo a literatura, é comum. O churrasco está marcado para as 12h, ou o pessoal chegou para assistir o jogo, que começa em 10 minutos, ou o aniversário estava todo programado mas o cunhado Gervásio se atrasou e só chegou com a cerveja agora. E cada uma das latinhas ou das garrafas long neck está quente.
Maldade. Estão, provavelmente, à temperatura ambiente -- exceto pelas vezes em que o precioso líquido dourado descansou dentro do porta-malas sob o sol escaldante de um congestionamento metropolitano.
Antes de desejar ser um esquimó na próxima encadernação, ou de se aventurar a encarar as primeiras doses do fermentado de malte do jeito que está, em uma perigosa incursão no reino dos laxantes involuntários, conheça a luz no fim do túnel, o ar fresco dentro de um forno, o hipoglós da assadura...
Avalie as condições materiais disponíveis, considere que a necessidade é a mãe da inventividade e motor da inovação, e não estrague o convescote por tão pouco. Listamos, a seguir, cinco estratégias para sair dessa enrascada. Antes, um bônus -- que se fosse bom, viria no fim.
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Sempre há outras opções (Stefan Krause) |
Para quem não quiser ser tão radical, aplique as seguintes variantes autoexplicativas: "não beba cerveja até que gele naturalmente", "não beba cerveja até que alguém traga uma gelada da venda da esquina", "não beba cerveja, mas vinho", "não beba cerveja, mas destilados em shots cowboy" etc.
Método: Sobriedade OU Polivalência.
Ganho de tempo: 0 ou infinito.
Material necessário: Não se aplica
Cuidado: Se feita muito em cima da hora e a depender do que você tinha prometido a quem vinha, sua fama de organizador de eventos sociais pode terminar abalada ou correr o boato de que você se converteu a alguma religião nova...
Contra: Se eu estivesse pensando nisso, você não estaria lendo isso aqui, né?
1. Gelar cerveja embrulhada com papel toalha molhado no frizer
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Imagem ilustrativa. Merchan gratuito (Foto do Enfim Casada) |
É que a água em torno do vidro ou do alumínio faz uma função mais eficiente na condução térmica do que o ar de dentro do congelador. Mas há controvérsias.
Método: condutor térmico
Tempo total: 15 a 30 minutos
Ganho de tempo: 10 a 25 minutos
Material necessário: papel toalha, frizer, água suficiente para molhar sem deixar pingando.
Cuidado: É imperativo não esquecer tudo no congelador, já que estoura a garrafa ou fica choca a bebida sagrada. Isso quase não acontece (todo dia) com embriagados e esquecidos de plantão. Zelo também na apuração da temperatura ao medir com a mão se já está alcançado o patamar desejável, porque o papel toalha molhado dá a impressão de que o conjunto está pronto, por estar muito mais frio do que o conteúdo do embrulho. O tempo decorrido é indicador mais eficaz. Por fim, como sabem todos os que já receberam, na mesa do bar, uma garrafa gelada demais, acontece de a cerveja ter alcançado temperatura baixa demais para ser destampada de pronto, acarretando o congelamento ou até o derramamento no ato da abertura (por variação de pressão interna).
Contra: Independentemente das controvérsias, pouco tempo é poupado, há risco de esquecer tudo no frizer e estourar a garrafa ou a latinha, não resolve quando só está disponível um isopor ou cooler com gelo, e tem eficácia maior com menos unidades. Ainda é menos sustentável, mas quem tem sede por vezes não consegue se preocupar com as árvores.
2. Sal no gelo
O gelo é amigo, mas não dura muito (http://ashhurst8.blogspot.com.br/) |
Uma alternativa para pequenas quantidades é fazer a alquimia em uma bacia ou vasilha pequenas e deixar o processo andar dentro do congelador. O tempo vai ser mais ou menos o mesmo, com a vantagem de não precisar drenar a água derretida tantas vezes.
Método: Baixar ponto de fusão da água
Tempo total: 10 a 15 minutos.
Ganho de tempo: de 25 a 30 minutos.
Material necessário: Gelo, sal e, se quiser, álcool de cozinha, além de um recipiente para fazer a magia acontecer.
Cuidado: Com esse procedimento, o gelo vai derreter mais rapidamente, e você vai precisar de mais, a depender da duração do evento. Precisará drenar o excesso de água mais cedo. Também é preciso cautela no uso do sal. Se for um churrasco, na sanha de breja gelada, pode-se terminar sem sal grosso para temperar as carnes (isso nunca me aconteceu) -- exceto se o público-alvo for de hipertensos, mas aí você não estaria tão preocupado com a cerveja, certo?
Contra: Gelo derrete mais rápido, e vai demandar a aquisição ou produção de mais gelo.
3. Serpentina
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Use com sabedoria |
O equipamento faz poucos milagres, e pode ser necessário esperar 15 ou 20 minutos para a temperatura baixar.
Houve quem tentasse produzir versão artesanal da traquitana, e apelado para sopros à lá Louis Armstrong em uma das terminações para conseguir fazer a cerveja sair do outro lado, sem muito sucesso.
Agora, se você achou uma dessas na garagem dos seus velhos, é bom lavar e revisar a mecânica antes de levar para produção. Sujeira, oxidação de cobre ou alumínio (menos provável) e mesmo alguma ruptura na superfície são hipóteses plausíveis em um trem que ficou jogado por 20 anos no esquecimento.
Método: Aumentar a superfície de contato com o gelo
Tempo total: 15 minutos, fora a montagem.
Ganho de tempo: de 20 a 30 minutos.
Material: Gelo, serpentina e
Cuidado: Vê lá onde você achou essa serpentina antes de pôr pra usar, hein?
Contras: Você vai precisar de bastante gelo. Se a serpentina tiver bomba manual, vai precisar fazer uma forcinha. Se estiver mesmo com cerveja, vai ter um líquido menos gasoso e com menos colarinho no final. E a limpeza é mais chata também, envolvendo sempre algum desperdício.
4. Expresso
Esta você não sabia porque, durante a aula de física do terceiro ano, ficou de conversinha na última fileira... A chave aqui é um spray de ar comprimido, um produto usado para limpar eletrônicos. O tubo sai de R$ 30 a R$ 50. Ao virar o dispositivo de cabeça para baixo e acioná-lo, a diferença de pressão do ar ao sair da lata faz com que o jato alcance temperaturas bastante baixas. Isso permite retirar, da cerveja, o calor que tanto incomoda.Abaixo são exibidos dois vídeos com métodos levemente diferentes. O primeiro, de um russo maluco que ensina pequenos hacks para se viver, sugere virar o tubo de cabeça para baixo e apontar o jato de ar diretamente sobre a garrafa. Quando você executar, convém praticar o sotaque usado pelo meliante no vídeo. Algo me diz que isso influencia no bom resultado da experiência.
Antes que alguém se lembre de que russos preferem vodca, há outro passo a passo em imagens no formidável Instructables com ares de maior racionalidade. Em uma vasilha com tampa, as latinhas ou garrafas são colocadas. Faz-se um pequeno furo para inserção do canal de onde sai o jato de ar. Com o tubo de cabeça para baixo e vedação no orifício e na tampa do pote. Parece que o consumo do produto fica menos intenso.
Método: Variação térmica por descompressão de ar.
Tempo total: 1 minuto ou menos.
Ganho de tempo: 40 a 60 minutos
Material necessário: Tubo de ar comprimido em spray, talvez uma vasilha plástica com tampa, fita aderente e furadeira, além de um convidado que mantenha uma oficina de reparo de eletro-eletrônicos em casa e possa ceder um tubo para a nobre finalidade.
Cuidado: Melhor evitar de pôr o dedo na frente do jato de ar frio. E é melhor não prosseguir borrifando o ar depois que a temperatura da cerveja tiver sido alcançada, sob risco de, quem sabe, passar do ponto.
Contra: O método só aplica-se a poucas unidades, do contrário a despesa torna-se elevada. Ademais, a técnica é nada ecológica.
5. Rotação no gelo
A modalidade consiste em fazer a embalagem da cerveja, mergulhada em água a 0ºC, girar em seu próprio eixo a velocidade baixa e uniforme. Com isso, aumenta a superfície de contato com a água, intensificando trocas de temperatura entre o recipiente e o meio, favorecendo um resfriamento rápido e de forma homogênea. Ao girar tão direitinho, o gás carbônico se espalha, evitando riscos de explosões.A ferramenta foi desenvolvida por dois (ébrios) engenheiros da universidade da Flórida que se cansaram de ficar improvisando para gelar logo a cerveja.
Desenharam uma adaptação em uma parafusadeira e, diante disso, levantaram dinheiro em uma vaquinha virtual (via plataforma de crowdfunding) para pôr o produto na rua. Custa US$ 30 no site. O dispositivo pode ficar dentro da água gelada e faz o serviço em 30 a 60 segundos.
De novo, o vídeo é autoexplicativo mesmo para quem não entende inglês.
Método: Convecção OU parafusadeira maluca
Tempo gasto: menos de 1 minuto.
Ganho de tempo: 40 a 60 minutos
Material necessário: Parafusadeira, adaptada com uma terminação que se encaixe na latinha ou na garrafa; ou o respectivo protótipo vendido a US$ 30 em lojas virtuais da gringolância e, principalmente, uma máquina do tempo para providenciar isso umas seis horas (ou 30 dias do tempo de espera do frete) antes de esquecer de pôr a cerveja para gelar.
Cuidado: Sem testar antes, a geringonça pode fazer você passar vergonha. Embora a promessa seja a de risco zero de estouro ou de cerveja espirrada para todas as direções, é saudável um pouco de parcimônia na hora de abrir o envólucro.
Contra: Indisponibilidade no Brasil. E, todas as vezes em que precisei contar com uma máquina do tempo, me dei mal. Tirando isso, é tudo tranquilo.
E você? Conhece algum método para gelar mais rapidamente a cerveja?
sexta-feira, fevereiro 21, 2014
'Biriteiros, travestis, trambiqueiros e o quengal em geral'
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terça-feira, fevereiro 18, 2014
Nada é tão óbvio que não possa ser redundante
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segunda-feira, fevereiro 17, 2014
Feito para você, reacionário
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A suposta agenda do banco Itaú: 'revolução' para designar o golpe militar de 64 |
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Protesto contra o banco Itaú: campeão nacional de lucros e demissões em 2011 |
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Roberto Setúbal, presidente do Itaú-Unibanco, e José Serra: 'camaradagens' |
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Até o macaco sentado no ombro do Huck sabe que ele é chapa do Aécio e do Barbosão |
domingo, fevereiro 16, 2014
Também nos roubaram o futebol
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O texto abaixo originalmente diz respeito à realidade do futebol espanhol, mas é possível perceber que suas análises também podem ser estendidas para a modalidade de uma forma geral. Em muitos casos, a semelhança das mazelas de lá com as de cá são incríveis, e de modo algum são meras coincidências.
(Miguel Ruiz-FCB) |
Por Ángel Cappa, no La Marea
O futebol, que nasceu plebeu e pertencia à classe trabalhadora, era uma festa que os povos davam a si mesmos até que o negócio se apoderou dele e o transformou em um gigantesco objeto de consumo, que gera lucros incalculáveis e também serve como entretenimento e distração das maiorias oprimidas. Ao fim e ao cabo, "o futebol é uma metáfora da vida", como dizia Sartre, e o que acontece neste âmbito é mais ou menos o que se sucede também na sociedade. O tsunami neoliberal levou à crise provocada pelos especuladores financeiros para arrasar com quase todos os bens e os direitos das pessoas. O lucro rápido, como valor máximo do capitalismo, pode ser comparado ao "ganhar do jeito que for" de um futebol que deixou de lado o gosto pelo jogo para dar valor única e exclusivamente ao resultado.
O vencedor sempre tem razão, do mesmo modo que os que têm dinheiro fazem o que querem. Dois conceitos impostos pela ideologia dominante para justificar as obscenas desigualdades que gerou. Até a década de 60 do século passado, aproximadamente, o futebol tinha valores tão importantes que até pensadores como Camus, que foi jogador também, se atreveu a dizer que tudo o que sabia sobre a moral e as obrigações dos homens devia ao futebol, ou intelectuais comunistas como Antonio Gramsci, que definiu o esporte como o "reino da lealdade ao ar livre".
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Di Stéfano: sem comemorar gols de pênalti |
Hoje em dia, em que se festeja efusivamente até gols contra feitos pelos rivais, é muito raro encontrar alguém do futebol que faça uma declaração como a de Iniesta: "Ensinaram-me que é preciso ganhar, mas não de qualquer maneira". Ou seja, não é comum encontrar jogadores, treinadores ou mesmo jornalistas que valorizem o “jogar” pelo menos tanto quanto o resultado.
Uma das primeiras coisas que fez o negócio quando interveio decisivamente no futebol (e em outros esportes também) foi tirar do jogador o prazer de jogar. A palavra "trabalho" substituiu "treinamento" e "sacrifício" fez o mesmo com " jogar". Tudo o que passou a importar desde então foi o êxito, e o sucesso nesse contexto tem apenas um significado: ganhar. O prazer foi identificado com a indiferença e à diversão se deu o caráter de irresponsabilidade, ambos inaceitáveis para os critérios comerciais que tudo mercantilizam.
A enxurrada de dinheiro foi tão grande que os jogadores também perderam o sentido de pertencimento e já não sabem mais a quem representam quando entram em campo, nem para quem jogam. Isso foi fatal porque eles começaram a pensar como profissionais e se esqueceram ou confundiram o amor ao jogo com os privilégios da fama e o aparente poder que lhes dá a abundância econômica. Em outras palavras, deixaram de se sentir como amadores. Claro que sempre há exceções, como Xavi Hernández, que confessou que lhe dói mais um passe mal feito do que um gol perdido, palavras que são incompreensíveis para a maioria de seus colegas e fãs. Porque, como o filósofo polonês Zygmunt Bauman diz, também "as pessoas tinham um sentido de pertencimento e de solidariedade" que já não têm, atomizados pela filosofia do capitalismo neoliberal ultra-individualista.
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Para a Fifa de Blatter, importa o tamanho dos lucros |
E, como na sociedade as desigualdades são cada vez mais escandalosas, acontece o mesmo entre os clubes mais poderosos e o resto. O preço de um jogador do Real Madrid ou do Barcelona equivale ao orçamento anual de vários equipes da primeira divisão espanhola. A concorrência está praticamente desnaturada e as diferenças são cada vez mais acentuadas. Apenas em direitos da televisão, Real Madrid e Barcelona recebem anualmente 100 milhões de euros a mais do que as outras equipes.
Os preços dos ingressos, sempre excessivos – ainda mais nessa época dura para os trabalhadores – e os horários dos jogos que a TV fixa de acordo com a sua conveniência, juntamente a outros detalhes como o desconforto para os torcedores e o excessivo número de partidas jogados quase que diariamente, muitas vezes afasta as pessoas dos estádios e as leva para a televisão e para os anunciantes, que, finalmente, têm seu objetivo alcançado.
O futebol era nosso e agora é deles, que não o respeitam nem o querem, mas apenas usam-no em seu benefício e o esvaziam de sua identidade. Muitas vezes quiseram matá-lo – e outras tantas ele ressuscitou – mas parece que desta vez é sério. Contudo, sempre nos restará alguma jogada magnífica, coletiva ou individual, que nos devolva a esperança. Sempre haverá um Iniesta, um Xavi um Silva, um Valerón, que ameacem fazer um lance para executar outro, recuperando a essência do jogo. Sempre haverá um Messi que deixe sentados os defensores, sem saberem por onde passou. Ou um Ronaldo que sacuda as redes de qualquer meta e nos deixe assombrados. Sempre haverá um Oliver ou um Jesé para seguirmos acreditando. E sempre haverá uma equipe modesta que nos lembre a dignidade deste jogo trocando dez passes seguidos.
E nós sempre estaremos, como disse Eduardo Galeano, implorando pelos estádios: "uma jogadinha bonita, pelo amor de Deus."
sexta-feira, fevereiro 14, 2014
O homem que tem uma cervejaria dentro do corpo
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Mathew Hogg fica bêbado comendo pão |
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Ao ingerir carboidratos, Hogg sente-se como se tivesse 'bebido o bar inteiro' |
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Enquanto sua namorada bebe vinho, Matthew 'bebe' pães |
quinta-feira, fevereiro 13, 2014
Som na caixa, manguaça! - Volume 75
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(Composição: Silvia Machete)
Silvia Machete
Cheguei em casa
Toda descabelada
Completamente arrependida
Do que aconteceu
Tomei cachaça
E fumei como maria fumaça
Completamente arrependida
Do que aconteceu
Não teve a menor graça
Tudo isso eu sei que passa
Mas não passou...
Eu não sou nenhuma santa
Eu não sou nenhuma santa
Eu não sou nenhuma santa
Eu não sou nenhuma santa
Cheguei em casa
Toda descabelada
Completamente arrependida
Do que aconteceu
Tomei cachaça
E fumei como maria fumaça
Completamente arrependida
Do que aconteceu
Não teve a menor graça
Tudo isso eu sei que passa
Mas não passou...
Eu não sou nenhuma santa
Eu não sou nenhuma santa
Eu não sou nenhuma santa
Eu não sou nenhuma santa
Eu não sou nenhuma santa...
Toda bêbada canta!
(Do CD 'Bomb of Love', Digipack, 2006)
terça-feira, fevereiro 11, 2014
Polícia criativa
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Estou com dificuldades para escrever o que quer que seja sobre essa nota da Polícia Militar de Goiás sobre a prisão de um acusado de tentar furtar dois CD's. Deixo o texto e o link, para provar a veracidade do fato.
"Um homem foi preso hoje (11/02/14), por volta das 14:36, na Livraria Saraiva, situada no piso 03 do Shopping Flambyant. De acordo com informações repassadas por policiais militares que chegaram ao local para fazer a condução do suspeito, Cxxxx Cxxxx Pxxxxxx Axxxx (06/02/75), de 39 anos, tentou sair do estabelecimento acima citado com dois discos da cantora norte americana Beyoncé. O suspeito escondeu os produtos em uma sacolinha do Bretas mas foi surpreendido pelo segurança quando tentou deixar a loja sem pagar pelo produto. Contudo a escolha do produto não foi aleatória. O suspeito disse que é dançarino e por isso queria se apropriar do objeto. Um dos policiais militares que está encaminhando o suspeito para a delegacia comentou que Cxxxx Cxxxx realmente dança muito bem, e que o talento que lhe faltou na habilidade de subtrair objetos sobrou na dança. O certo é que Cxxxx Cxxxx será agora encaminhado ao 8º DP e, caso fique preso, terá que dançar na cadeia. Mais informações com Soldado Melquisedeque: 9628-xxxx."
Duvida? Veja aqui.
segunda-feira, fevereiro 10, 2014
Um minuto de não silêncio para Nico Nicolaiewski, de Tangos & Tragédias
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Gomez e Nicolaiewski em ação (Ramiro Furquim/Sul21) |
Além das canções sbørnianas, Gomez, ao violino, e Nicolaiewsky, no acordeon e piano, também apresentavam "obras de compositores brasileiros mundialmente esquecidos ou ignorados, como Vicente Celestino, Alvarenga & Ranchinho e Cláudio Levitan", conforme eles próprios definiam.
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Nicolaiewsky ao piano (Raul Krebs/Divulgação) |