Destaques

sexta-feira, março 30, 2012

Goleada e nova marca de Neymar

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Sim, foi fácil. O Santos garantiu sua classificação com uma goleada de 5 a 0 contra o Guaratinguetá. Não igualou o resultado feito contra a Ponte Preta, mas valeu pela marca alcançada por Neymar, que fez a trinca – dois de pênalti – na partida. Chegou a 95 gols, superando Robinho e ocupando a quarta posição no rol dos maiores artilheiros pós Era Pelé. À frente dele, Juary, com 101 tentos, e João Paulo e Serginho Chulapa, com 104 cada um (a lista dos 25 maiores do Alvinegro aqui).

Com 4 a 0 antes do intervalo, a segunda etapa foi em ritmo de treino, ainda mais que o time do interior ficou com um a menos no final da primeira metade da partida. Belas trocas de passe, jogadas inspiradas de Neymar, boa atuação (principalmente ofensiva) de Juan e de Ibson, e a torcida com seu apoio quase incondicional a Elano, que entrou no segundo tempo.

Além disso, vários jogadores forçando cartão amarelo, como é praxe, para se pouparem contra a Portuguesa, que já não tem mais nada a fazer na competição. Aliás, poucos clubes têm. Naquele que é um dos campeonatos paulistas mais previsíveis e sem graça dos últimos tempos, os oito classificados já estão praticamente definidos, somente Ponte e Bragantino não asseguraram a vaga, apesar de estarem a nove e sete pontos do nono colocado, de nove pontos que restam ser disputados. Já na zona do rebaixamento, cinco times correm riscos mais evidentes, sendo que o Comercial, a cinco pontos de sair da degola, depende de um milagre.

Abaixo, os lances da partida:

quarta-feira, março 28, 2012

Copa 2014: entre a investigação e os números perdidos

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POR Thais Barreto *


Um pouco de dedicação e uma cuidadosa pesquisa já foram suficientes para concluir: quem quiser saber a fundo o que se passa nos bastidores de realização da Copa 2014 precisa estar sujeito e entrar num labirinto.

O repórter que queira fazer uma matéria levantando simples dados como: total de investimentos ou andamento da obra encontrará dificuldades. Ele perguntará a seus botões: onde está a transparência que o governo prometeu?

Os dirigentes responsáveis pela candidatura do Brasil como sede da Copa do Mundo FIFA 2014 alegaram, entre outras coisas, que a população poderia receber um grande legado de desenvolvimento urbano e social. Além disso, o pretexto para justificar os investimentos veio acompanhado de outra vantagem: o futebol mexe com a emoção e tem o poder de mobilizar boa parte dos brasileiros.

O consultor legislativo do Senado Federal, Alexandre Guimarães, afirmou que só saberemos o valor final do orçamento da Copa em 2015. Até agora, considerando apenas o primeiro ciclo (são três), o valor já chega em R$ 33, 1 bilhões, acompanhado do alerta “os valores não devem ser comparados aos investimentos finais”. Temos 12 cidades-sede, todos com obra para estádios. Segundo o relatório do Tribunal de Contas da União (TCU), estádio é o item que possui maior risco de obras com custo elevado.

Além disso, temos um agravante: a sociedade pouco usufruirá. Recuperando experiências de outros locais, podemos citar Portugal, que sediou em 2004 a Eurocopa. Gestores locais chegaram a discutir opção de demolir o estádio municipal de Aveiro. Isso aconteceu por conta das desvantagens entre a receita e as despesas. Essa é uma realidade que o Brasil não está imune.

O TCU apontou em quatro cidades-sede o risco de estádios se tornarem “elefantes brancos”. É o caso de Natal, Manaus, Cuiabá e Brasília. Experimente acompanhar essas obras. O Estádio Mané Garrincha, no Distrito Federal, possui relatórios desatualizados. Nos portais da Controladoria Geral da União e do TCU até a data referente ao início dessa obra está diferente.

Dificilmente será cumprido o prazo estabelecido para entrega dos estádios, o qual, de acordo com o relatório do TCU, elaborado em 2009, as obras estariam finalizadas em 31/12/2012. E agora, o que nos resta? É preciso encarar o desafio, não podemos nos limitar porque os dados nos confundem ou desestimulam o trabalho. O que resta aos repórteres-investigadores é tecer o fio de Ariadne, aquele utilizado no labirinto. Temos muitas perguntas a serem respondidas, vamos definir as pautas e encontrar nossas respostas que devem chegar ao interesse público. Há uma porção de números perdidos por aí.

* Artigo encaminhado à Abraji para conclusão do curso “Investigação em Esporte: Gastos com a Copa 2014 e Olimpíadas 2016”.

segunda-feira, março 26, 2012

Morte de um garoto macula virada corintiana

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Um garoto de 21 anos morreu. Levou um tiro na cabeça.





Era palmeirense, essa foi a razão por que morreu.

Vingança pelo menino corintiano que foi encontrado boiando no Tietê no penúltimo confronto?

Tanto pior.

O Corinthians virou deliciosamente sobre o Palmeiras, mas isso não tem a menor importância. O que importa é que hoje, por causa do futebol, um garoto levou um tiro na cabeça.

O jogo deveria ser anulado. Nenhuma morte deveria ser tolerada.
Em caso de agressão organizada pela torcida, o time deveria ser responsabilizado. O jogo deveria ser anulado e o time da torcida agressora, ceder os três pontos ao adversário.

Num caso como o de hoje em que as torcidas rivais tomam ares de milícias e se confrontam às centenas, o jogo não deveria acontecer e os dois times perderem pontos. Por mais infantil que pareça, só penalizando o time (razão de sua existência) esses imbecis vão parar de se matar.

domingo, março 25, 2012

Com homens-gol presentes, Santos bate Bragantino

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Pela 15ª rodada do Paulistão ou Paulistinha, de acordo com o freguês, o Santos venceu o Bragantino na Vila Belmiro por 2 a 0. O Peixe entrou com um time que não contava com Fucile e Edu Dracena, além de Borges e Ibson que ficaram no banco e entraram no segundo tempo. O Bragantino, que não tinha nada a ver com isso, começou assustando a um minuto, com uma bola que quase entrou. Foi ousado, tentou marcar o Santos no próprio campo, mas se viu acuado aos poucos, quando os donos da casa começaram a se impor.


O tento saiu aos 18, com o homem-gol reserva Alan Kardec, o quinto dele no campeonato. Os interioranos não se intimidaram e chegaram a finalizar duas bolas na trave, uma em escanteio e outra em uma cobrança de falta. Veio o intervalo e, nele, uma declaração interessante de Neymar sobre a peleja:

- Ele me bate e fala: “Deus abençoe”.

O atacante se referia a Junior Lopes, zagueiro do Braga, que se “justificou”: "Uma hora ele se irritou, disse que estavam batendo nele. Só que não é por maldade. Ele é muito rápido, então, as vezes você vai tentar tirar a bola e acaba acertando ele. Uma hora, ele me xingou e eu falei: 'Deus te abençoe'. Mas está tranquilo".

Na segunda etapa, não foi Junior Lopes punido pela violência, mas Jean Pablo, que tomou dois cartões amarelos por faltas em Neymar e foi expulso aos 8. O Santos já havia voltado melhor depois do intervalo e a partir daí só consolidou seu domínio. Para terminar a partida com “posse de bola de Barcelona”, como diriam alguns dos pouco inventivos comentaristas boleiros: 72% com a redonda nos pés.



Foram inúmeras chances perdidas na segunda etapa, três delas com Neymar. Mas foi Borges, que vivia um estio de bola na rede, que marcou após uma bola que bateu na trave, chutada por Maranhão. O Bragantino não ameaçou a meta de Rafael.

E o Santos segue na quarta colocação, a quatro pontos dos dois líderes. Com o mesmo número de pontos do Mogi Mirim, que faz uma campanha bravíssima. Ninguém mesmo vai começar a pensar em uma fórmula menos tediosa para o campeonato?

sábado, março 24, 2012

De olho na redonda - Viola no Barcelona, o rei Leão do Morumbi e os portugueses no Amazonas

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A notícia veio pelo Twitter. De acordo com o site oficial do São Paulo, Emerson Leão é o treinador que tem o melhor aproveitamento dentro no Morumbi entre todos que passaram pelo Tricolor. Desde a sua estreia no comando da equipe, em 2004, ele disputou 34 partidas, com 26 vitórias, sete empates e apenas uma derrota, para a Ponte Preta, em 2005. O aproveitamento em casa é de 85,2%. No seu retorno ao clube no fim do ano passado até agora foram nove vitórias e dois empates.

Viola deixará o showbol?
Viola no Barcelona?

Depois do ex-ídolo do Azulão Adhemar, a série C do campeonato carioca pode ganhar outro nome de peso. Viola, de 43 anos, que vem se destacando ultimamente mais nos jogos de showbol, pode ser a novidade do Barcelona-RJ. Segundo o presidente do clube de Jacarepaguá, o acordo já estaria firmado, faltando apenas mais um patrocinador para viabilizar o reforço. Já o empresário do atleta (?) nega a negociação.

Os portugueses “invadem” o Amazonas

Um dado interessante foi destaque do portal lusitano Mais Futebol durante a semana, a “invasão” de treinadores do país no futebol do Amazonas. Dos dez clubes da primeira divisão do estado, três têm técnicos portugueses.

“Quando vim, pensei que poderia abrir portas neste mercado. Felizmente, está a acontecer. Até 2014, é possível termos cá mais treinadores de Portugal, porque este é um mercado atrativo. Em Portugal há muitos treinadores por metro quadrado”, disse Paulo Morgado, treinador do Fast Club, terceiro colocado no Amazonense. “No Brasil, há 26 estados e 27 campeonatos. Há potencial no Amazonas e não só. Já se ganham valores acima de uma 2ª divisão em Portugal e permite ser profissional”, acredita.

Com a crise europeia e a mesmice tática dos treinadores brasileiros, a “importação” de técnicos pode ser uma saída para boa parte dos clubes pequenos e médios do Brasil.    

sexta-feira, março 23, 2012

Em jornada épica (dos torcedores), Santos vence Juan Aurich

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Caiu água no Pacaembu... (Foto Futura Press)
Pelo jogo de ida, parecia que ia ser fácil. Claro que o Juan Aurich viria mais fechado do que jogou em casa, mas a superioridade do Santos ficara evidente na partida de ida. O que não estava no roteiro era o temporal que caiu em São Paulo durante as mais de duas horas da partida (sim, com um intervalo de 45 minutos entre os dois tempos...). O time até que não sofreu tanto para conseguir o resultado: um 2 a 0 em que Rafael não foi ameaçado em nenhum momento. Já o torcedor...

Ser sócio facilita a vida para comprar ingresso, mas o torcedor comum pena. No Pacaembu, geralmente são abertos poucos guichês (às vezes um só), o que vira uma verdadeira festa para os cambistas que conquistam os espectadores que não têm tempo para passar duas, três, quatro horas em uma fila. Mesmo com a limitação de três ingressos por pessoa, tendo que se registrar o CPF de cada um, segue sendo um mistério como os “vendedores de rua” conseguem a sua carga.

Já no estádio, o santista se depara com a chuva que se inicia antes dos dez do primeiro tempo. E chove, como chove. Capas plásticas disputadas quase a tapa, daquelas que custam um real, vendidas por dez em função da velha lei da oferta e da procura (ah, o capitalismo...). No gramado, o time peruano, com três zagueiros e quatro volantes, marca o tempo todo atrás da linha da bola. O Santos tenta encurralar, vai todo à frente, troca passes como tem sido sua característica (o que muitas vezes faz o torcedor gritar o tradicional “chuta” pra qualquer um que aparece perto da grande área). Aciona pouco o lado direito, joga mais pela esquerda com a apoio de Juan e Neymar, que se movimenta pelos lados e no meio. Mas centraliza muito o jogo e erra passes demais por conta disso. E o Juan Aurich bate.

O gol sai em um escanteio cobrado pela esquerda. Edu Dracena, após cabeçada de Ganso que Penny não conseguiu segurar. Na primeira etapa, ficaria nisso. As poças já começavam a aparecer no gramado do Pacaembu e o intervalo foi premiado com um aumento do temporal. Os 15 minutos mais longos que eu já tinha visto em um estádio. Enquanto isso, uma marca de cerveja era responsável por jogar brindes aos torcedores por meio de uma “bazuca” (mas nada de bebida no estádio, ah, os bons hábitos...) que circulava no estádio. E o locutor pedia pra torcida “agitar”, como se todos estivessem num programa de auditório. A chuva sem cessar, e o cara não parava de falar. Até que a torcida se impacientou e iniciou o tradicional e flexível grito: “hei, bazuca, vai tomar...”.

Os times voltam. E, o intervalo que já era longo pra quem tomava chuva, iria se alongar de verdade. Parte dos refletores apaga, os times vão para os bancos de reservas e, de lá, após alguns minutos, vão para o vestiário. O torcedor fica sem saber o que vai acontecer, nada de o sistema de som do estádio informar algo. Alguns já vão embora, já que o dia seguinte é uma sexta-feira de trabalho. A maioria fica sem saber se vai haver ou não partida. E tome chuva.

Quanto o sistema de som anuncia algo, vem a voz de um locutor que começa a contar a “história do Pacaembu”. A vaia, previsível, o faz se calar. Só depois de algum tempo vem o anúncio de que o jogo continuaria. Os times voltam e o jogo se inicia 45 minutos depois do encerramento do primeiro tempo. E a chuva, que piorou no “intervalão”, fez aparecer muito mais poças no gramado.

Se a grama pesada e a água empoçada atrapalham o time que troca passes e trancam mais o jogo, também é verdade que é fatal para times que têm pouca técnica. Os peruanos conseguiam se defender, muito na base da pancada, que não foi punida pelo árbitro argentino Patricio Losteau, cujos cartões devem ter ficado em algum café de Buenos Aires. Com licença do juiz, o Juan Aurich bateu e não foi punido, mas não conseguiu chegar à meta santista.


(Esse Neymar...)

Ibson, pela direita, e Arouca abriram pelos lados, facilitando o ataque santista. Borges, que perdeu um gol incrível, segue a sina de garçom. Foi dele a jogada que resultou no segundo gol do Santos, marcado por Neymar, aos 13 do segundo tempo. E Neymar... Esse, faça chuva ou faça sol, sempre brinda o amante da bola com lances geniais (confira no vídeo, no 0:43 e no 3:11), mesmo caçado (no vídeo, no 1:05. avaliem que punição merece essa falta). Depois do segundo tento, ninguém ali duvidava da vitória àquela altura, mas a goleada não veio, muito em função da chuva e da pancadaria dos peruanos. Agora, o time lidera o grupo 1 da Libertadores, com nove pontos, dois a mais que The Strongest e Internacional.

Ah, sim, no fim da partida, a chuva parou.

segunda-feira, março 19, 2012

SanSão: a defesa do Santos de Muricy lembrou Dorival... (Visão santista)

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Quando Muricy Ramalho chegou ao Santos, a demanda da época, apesar do tal “DNA ofensivo”, era fortalecer a defesa. Desde os tempos de Dorival Junior, passando por Martelotte e Adílson Batista, sempre foi o setor mais criticado da equipe. Mesmo com o ataque marcando inúmeros gols como em 2010, às vezes a falta de proteção custava caro, como foi o caso da derrota peixeira para o Palmeiras no Paulista daquele ano, por 4 a 3, ou o triunfo gremista na Copa do Brasil (devolvido com sobra na partida de volta) pelo mesmo placar.

Ontem, o Santos de Muricy lembrou no aspecto defensivo o de Dorival. A fragilidade pôde ser vista não só no contra-ataque que redundou no pênalti convertido por Luís Fabiano (com um a menos, o contragolpe veloz era a proposta de jogo do Tricolor) mas, principalmente, no lance do terceiro tento são-paulino. Lucas, destaque da peleja, pegou a bola tão sozinho, mas tão sozinho, que até olhou para o auxiliar pra saber se sua posição era legal. Não correu tanto, trotou sem marcação até chegar na área, onde hesitou diante de Rafael, deu um passe não tão bom para Cortez, que quase caído mandou a bola na trave para o próprio Lucas (em posição irregular) pegar no rebote. Nem em pelada de fim de ano o meia achou tanto espaço disponível, um erro crasso de marcação que fez lembrar as derrotas (poucas, diga-se) daquele time de Dorival.


Méritos para Leão, não só pelo puxão de orelha dado no camisa sete tricolor, que parece ter funcionado, mas pela marcação que impôs ao meio de campo santista no primeiro tempo. Ganso, o ponto de equilíbrio do novo jeito que o Santos tenta jogar, não conseguiu sair da marcação rival (segundo Muricy, talvez em função do desgaste da viagem de retorno ao Peru, feita na madrugada de quinta pra sexta), e Neymar também apareceu pouco na primeira etapa, embora tenha já conseguido ali cavar a trajetória da expulsão de Rodrigo Caio, que só aconteceria no segundo tempo. Sem Henrique e com Adriano tendendo sempre a ir mais pra trás do que devia, havia o garoto Paulo Henrique na lateral esquerda, sentindo a partida e sem se achar no jogo. O time perdia bolas na meia e o São Paulo tinha caminho quase livre para chegar à área de Rafael. Se saísse do primeiro tempo vencendo por 3 a 0 não seria nada anormal.

No segundo tempo, o Santos se impôs, mais ainda com a expulsão de Rodrigo Caio, aos 8 minutos. Ali, Elano já havia entrado no lugar de Ibson, que já tinha cartão amarelo. O domínio alvinegro se traduziu nos números finais de posse de bola, 62% contra 38% (de acordo com o IG), e outro dado também mostra a diferença tática e de proposta: 20 lançamentos certos (37 no total) do São Paulo e 11 certos (18 no total) do Peixe. Muricy, que substituiu o lateral Paulo Henrique por Alan Kardec e colocou Felipe Anderson no lugar de Adriano, não conseguiu evitar os contragolpes do São Paulo e as chances de gol santista surgiram, mas Dênis foi bem depois de ter falhado no gol de Edu Dracena. E Lucas foi melhor ainda com suas duas assistências.

Fim de jogo, bom para os são-paulinos que começam a ver um esboço de coletividade no time. Para os santista, fica a superstição: o 3 a 2 lembra outro, o de 2002, que teve um final feliz para o Santos.  

Dos Heróis Cotidianos

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Por Luciana Nepomuceno

Morituri te salutant, Kleberson.
Eu gosto das grandes histórias, das narrativas épicas, das gregas premonições. Gosto dos Heróis, aqueles que, impávidos, inscrevem-se no imaginário. Os generais, reis, imperadores, fazem bonito quando descrevemos o passado. Mas, muitas e tantas vezes, esqueço (esquecemos?) que não haveria general sem aquele exército que marcha a pé, cava buracos para seus excrementos, come pão duro e carne salgada. Esqueço (esquecemos) dos que ficam na linha de frente e são os primeiros a serem pisoteados pelos cavalos, a serem espetados com lanças, a serem vilipendiados quando derrotados e esquecidos quando vitoriosos. Esqueço (esquecemos?) dos Klebersons. Dos PaulosVictors. Esses jogadores do passe o sal, do cotidiano, os que vão na infantaria e raramente vemos pouco mais que seus capacetes, seu suor e quando caem, abatidos. Até que. Até que se tornam, numa das mais admiráveis características do futebol, heróis improváveis. Com feitos que parecem não coadunar com sua rotina. Como ficam imensos e cabem mal no seu próprio corpo. Olham de lado, sorriem constrangidos, balançam os ombros, divididos entre gozar a exótica admiração ou isolarem-se na usual invisibilidade.

Conta o Flamengo, a cada jogo, com a superação de um desses. Sem atuações memoráveis, sequer equilibradas, anda a depender de alguém que destroce sua própria armadura e, de peito descoberto, sangue nos olhos, desalinho na alma, faça do campo, sua batalha particular. São Pátroclos travestidos de Aquiles e bem sabemos o que lhes aguarda. Rodrigueanamente, lembro: "Qualquer indivíduo é mais importante do que a Via Láctea”.Em tardes de domingo, em que os invisíveis se alentam nações, só nos resta reconhecer: salve, Kleberson, os que vão morrer te saúdam. Agradecidos pelo alento.

Luciana Nepomuceno, flamenguista, é dessas. Dessas que reescrevem tudo, que gostam de ficar na rua vendo a lua virar sol, que riem alto, que borram o batom e que se exaltam. Tem o hábito de ser feliz. Se espalha em alguns blogs, quase sempre no Borboletas nos Olhos

quinta-feira, março 15, 2012

Santos supera gramado sintético e Juan Aurich por 3 a 1

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Foi de virada e com uma grande apresentação de Ganso que o Peixe superou o time peruano do Juan Aurich hoje. O tal gramado sintético, que foi palco de final de Libertadores em 2010, atrapalhou o time alvinegro, que demorou a se encontrar na peleja e só o fez após tomar o gol. Fucile empatou depois de cruzamento de Juan e Ganso cobrou uma falta que assegurou o resultado positivo ainda no primeiro tempo. Uma cobrança ousada, mas que contou com a providencial ajuda do goleiro Diego Penny.

Já a segunda etapa foi toda do Santos. Neymar foi caçado mais que o normal. Os peruanos já estavam dominados quando ficaram com um a menos em função da expulsão de Guadalupe aos 13, depois de falta feia em Arouca. E aí o que andava faltando, aconteceu. Borges, que vinha se movimentando muito e dando opções para a chegada do meio de campo alvinegro, marcou o seu primeiro tento na competição. Mesmo em fase escassa de gols, os dados não mentem: o maior artilheiro do Brasileirão de 2011 jogou 42 vezes pelo Peixe e fez 26 gols, quase dois a cada três partidas.

E se os números nem sempre traduzem o que foi um jogo, não é o caso dessa partida. De acordo com o Ig, Santos teve quase 59% de posse de bola, mesmo com o "apagão de adaptação" do início da partida. Trocou mais que o dobro do número de passes do rival, 305 a 149, ficando quase cinco minutos com a bola nos pés no final do jogo, teve dez finalizações certas e nove erradas contra quatro erradas e duas certas. Mas o que deve motivar os jogadores peixeiros na partida de volta é outro dado: foram 32 faltas peruanas contra 11 brasileiras, uma diferença abissal. Neymar, o mais "atingido" não deve esquecer o adversário...

Governo volta atrás e quer bebida fora dos estádios na Copa. Nova vitória da bancada evangélica?

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Ontem, uma reviravolta no encaminhamento da Lei Geral da Copa. O relator, deputado Vicente Cândido (PT-SP), declarou que vai retirar a liberação da venda de bebidas alcoólicas de seu parecer, decisão tomada depois de uma reunião dos líderes da base do governo com Ideli Salvatti, ministra das Relações Institucionais.

Trata-se de um recuo do governo nesse item que, segundo Cândido, teria concordado com a mudança anteriormente. A nova posição, segundo o parlamentar, "expôs não só o relator", mas outros deputados que votaram a favor da liberação na comissão especial da Lei Geral, além de ter surpreendido também o ministro do Esporte, Aldo Rebelo. "Não tinha óbice. Pelo contrário. A afirmação todo tempo era que tinha compromisso. E eu não assinei, nem a comissão assinou, compromisso com a Fifa. Quem assinou foi o governo", declarou, de acordo com o Valor.

Em dezembro, Vicente Cândido disse ao Futepoca que havia “muita hipocrisia” em torno da questão. "Pela cultura brasileira, não tem motivo para proibir a venda de bebidas, até porque, não se pode impedir a venda em volta do estádio", disse. E, se para muitos a alteração poderia se enquadrar na ação certa feita pelo motivo errado (uma submissão aos ditames da Fifa), sem dúvida se perdeu uma ótima oportunidade para discutir de verdade a Lei Seca nos estádios, já que muitos dos defensores da proibição nunca pisaram em um e não se deram ao trabalho de avaliar com dados se a proibição diminuiu a violência ou não. Continuaremos nos “achismos”. Agora, a bola vai ficar com a Fifa, que deve negociar diretamente com os estados. Será uma tarefa especialmente espinhosa em estados como São Paulo, cuja onda proibicionista inclui até um projeto do deputado estadual Campos Machado para proibir as pessoas de beberem nas ruas e praias do estado

Se quiser beber em estádio, brasileiro deve ir pro exterior
A dúvida é: o que fez o governo voltar atrás (ou dizer que foi mal entendido, não era bem assim, os deputados governistas que entenderam mal)? Em seu blogue, a Frente Parlamentar Evangélica já havia exposto sua opinião a respeito: “O presidente da Frente Parlamentar Evangélica, deputado João Campos (PSDB-GO), informou que o grupo vai votar contra a liberação do consumo de bebidas alcoólicas na Copa. Se todos os integrantes da frente seguirem a orientação de Campos, serão cerca de 70 votos contrários ao texto do governo, alguns deles de integrantes de partidos da base.”

João Campos dizia ainda que "a liberação é um tema suprapartidário e o governo vai enfrentar resistências em todos os partidos". O que é verdade, já que a oposição, da direita à esquerda, também se movia contra esse e outros pontos da Lei Geral da Copa. Mas o fato de este item específico ter mudado, causando constrangimento entre aqueles que defenderam a liberação, sugere que o grupo que fez mais pressão – no caso, a bancada evangélica – foi mais bem sucedido. Mais uma vez, já que o governo já voltou atrás depois de pressão da bancada em questões mais importantes, como a distribuição do kit anti-homofobia, o que valeu à presidenta Dilma o troféu Pau de sebo de maior inimiga dos gays em 2012, concedido pelo Grupo Gay da Bahia.

A impressão que se tem (e como isso conta em política...) é que o governo e o Congresso têm ficado muitas vezes de joelhos diante de pressões conservadoras. E não é pra rezar.


Atualização 16:25


E o governo voltou atrás mais uma vez... Leia aqui

terça-feira, março 13, 2012

De olho na redonda - "vazamento de fezes", Adhemar e o meio milhão do Independente-PA

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Com o perdão dos leitores mais sensíveis desse espaço, mas a expressão “jogo de merda” ganha nova conotação depois da (não) partida Carapebus x Artsul, válida pela Série B do campeonato carioca de juniores. Segundo o blogueiro Bernardo Pombo, do Pombo Sem Asa, o jogo, que não foi realizado por falta de pagamento de taxas, teve uma súmula que relatava condições, no mínimo, peculiares.
Relata a súmula do árbitro Robson Pereira Martins que “nenhum membro da comissão técnica do Carapebus estava no campo de jogo”, sendo que “o campo da partida estava sem marcação. Já o vestiário estava “em péssimas condições de higiene, apresentando vazamento de fezes, lixo espalhado pelo chão, água suja e com forte odor”. Pessoal podia pelo menos caprichar na limpeza, já que o resto faltou tudo...

A volta de Adhemar

Quem não lembra de Adhemar, vice-campeão brasileiro em 2000 pelo São Caetano, clube pelo qual é o maior artilheiro da história? Bom, talvez muitos não se lembrem, mas, depois de sete anos de aposentadoria, ele volta aos gramados pelo Serrano, da 3ª divisão o campeonato carioca.
O atleta mora hoje em Porto Feliz, interior de São Paulo, e vai para o Rio apenas na sexta-feira, para jogar no domingo. Durante a semana, vai treinar às vezes com o time sub-20 do Desportivo Brasil, de sua cidade. "Mas já avisei para eles terem calma, não fazerem muita correria para cima de mim, afinal eu já tenho quase o dobro da idade deles, né?", disse ao G1.
Levemente fora de forma, ele já avisou que vai ter que readaptar seus hábitos alimentares. "De cem jogadores que param de jogar bola, 95 ficam gordos e apenas cinco levam uma vida regrada e saudável. Hoje eu estou entre os 95, mas vou trabalhar para entrar na estatística dos cinco. Já estou me preparando para voltar ao mundo das folhas verdes e do purê de batata. Aliás, acho que dá para rebocar uma parede inteira com purê de batata de tanto que eu já comi isso na vida", disse.
O Futepoca não confirma que purê de batata emagrece (talvez o fato de a pessoa estar enjoada a faça comer menos). Segundo este site, 100 gramas do prato têm 112 calorias. A quem interessar, aqui tem uma receita de purê light pra aliviar a culpa.

Independente-PA fatura com Copa do Brasil

Muitas vezes um time pequeno assegurar que exista partida de volta na Copa do Brasil é algo muito comemorado por jogadores, comissão técnica e diretoria. Mas o motivo não é apenas o fato de ir jogar em uma grande capital ou a questão moral de forçar um segundo jogo. A grana fala alto também.
O Independente de Tucuruí, na peleja em que perdeu de 1 a 0 para o São Paulo, garantiu que a arrecadação de R$ 469.340 ficasse inteira nos seus cofres. Caso tivesse sido derrotado pelo Tricolor, 60% da renda ficaria com a equipe paulista.
Somando-se a renda líquida do jogo (R$ 365.546,82) e a cota de participação no torneio (R$ 120 mil), a equipe paraense ficou com quase meio milhão de reais a mais na conta. O clube reservou R$ 50 mil de premiação para jogadores e comissão técnica, separou R$ 120 mil para despesas como transporte, hospedagem e alimentação, e, ainda sobraram R$ 315 mil que devem ser investidos em no projeto de um Centro de Treinamentos.

domingo, março 11, 2012

Mano Menezes, que tal você ganhar experiência no exterior?

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O título deste post faz referência ao “conselho” dado técnico da seleção brasileira, Mano Menezes, a Neymar, entrevista ao jornal O Globo. Segundo o treinador: “Em relação a ambiente dele, à coisa aconchegante, a permanência é ótima. Mas, para um desenvolvimento final, para ganhar respeito maior, é importante passar pela Europa. Estando lá, não há a necessidade de se expor tanto. A permanência no Brasil exigiu contratos que tomam bastante o seu tempo. A gente vê que está exposto. Você precisa executar bem as três questões: treinar, se alimentar e repousar para estar bem”.

Precisa ir pra fora? (Ivan Storti/SantosFC)
Interessante a posição de Mano Menezes. Como um dos funcionários mais importantes da CBF, deveria zelar e agir para que houvesse um futebol brasileiro mais forte, com um campeonato nacional valorizado que tivesse grandes jogadores, que fosse mais organizado. E, acima de tudo, deveria manter alguma neutralidade em função do cargo que ocupa, não se imiscuindo em assuntos dos clubes. Sua declaração é um desrespeito ao esforço que o Santos teve que fazer para manter Neymar perto dos torcedores do Brasil, os mesmos que mal podem acompanhar a seleção que joga mais no exterior do que no país. Mano quer que eles vejam Neymar só pela TV.

Pra quem tem memória curta, é bom lembrar que outro sábio da bola tupiniquim deu conselho semelhante a um então jogador santista. Carlos Alberto Parreira declarou que o meia Diego deveria sair da Vila para adquirir experiência na Europa, quando o time da Vila recebia propostas de fora e tentava segurar o jogador. O jovem foi para o campeão europeu, Porto, mas, ao invés de evoluir, involuiu. Tanto que seu “conselheiro” Parreira deixou de convocá-lo para a seleção e Diego não foi à Copa de 2006. Treinador, quando dá tais “conselhos”, só pensa no próprio cargo, se o jogador cair em desgraça, azar o dele. Talvez por ter um comportamento diferente que Dunga tivesse moral entre seus comandados, o que não parece ser o caso de Mano Menezes, que tem um trabalho até agora muito inferior que seu contestado antecessor.

E, justamente por causa do pífio desempenho apresentado até o momento à frente da seleção, talvez seja o caso de Mano ir treinar uma equipe do exterior para “ganhar experiência”. Sim, porque é algo comum entre treinadores da seleção. Muitos fizeram isso, como Carlos Alberto Parreira, Sebastião Lazaroni, Zagallo, Carlos Alberto Silva, Emerson Leão, Telê Santana – que treinou o Al-Ahly –, e mesmo o grande fantasma que assombra o técnico da seleção, Muricy Ramalho. Dunga não treinou nenhum time antes de assumir o esquadrão verde-amarelo, mas possuía um largo histórico na seleção e já tinha jogado fora do país. Será que o treinador admitiria que tal falha no currículo lhe faria menos capacitado que seus antecessores?

Tendo treinado só duas grandes equipes na vida, Mano tem como título mais importante no currículo uma Copa do Brasil, além de dois estaduais gaúchos, um Paulista e dois campeonatos da Série B. Neymar, que tem uma carreira muito mais curta que o comandante, tem uma Libertadores, uma Copa do Brasil, dois Paulistas, um Sul-Americano pela seleção sub-20 de Ney Franco, e várias premiações de melhor jogador. Não sei se o treinador assiste a jogos no Brasil (talvez o campeonato russo lhe seja mais atraente, dadas as convocações de seu time), mas Neymar evolui a cada dia. Jogando aqui. Quem precisa de mais experiência mesmo, Mano?

*****

O comandante da seleção repete Ronaldo, que também declarou que o atacante alvinegro deveria jogar no exterior. O que a mídia não dizia, apesar de ter conhecimento, é que o hoje ex-atleta era parte interessada na ida de Neymar para a Europa, já que era intermediário do Real Madrid para tentar levar o peixeiro. Opinião nada neutra pois, a não ser que ele estivesse fazendo isso só por paixão ao clube espanhol. Aliás, o futebol brasileiro é feito só de gente “apaixonada” e desinteressada...

***** 

Não é a primeira vez que Mano Menezes palpita sobre Neymar. Pouco antes da Copa América, o técnico disse que Neymar não cobrava bem pênaltis. A eliminação do Brasil na competição mostrou que outra das virtudes do treinador é avaliar quem bate bem penalidades...

sexta-feira, março 09, 2012

Meninos, Eu Vi!

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...só que ao contrário.
Pois recuso a vida que não pode ser sonhada.

Por Luciana Nepomuceno



Flamengo 1 X 0 Emelec. Mas não se deixe enganar pelo placar, esse foi um daqueles jogos épicos em que até a rodrigueana moça com narinas de cadáver suspende a expressão e se deixa envolver pela magia. Sigamos a jornada, bem do princípio. O Engenhão estava tendo seu dia, ou ainda, sua noite, de Maracanã. A torcida rubro-negra, empolgada, chegava em grande número. Cantando, mesmo antes dos times entrarem em campo, já apresentava o cenário. Faltavam protagonistas e enredo, eles logo chegaram, com seu sentimento-homenagem feito camisa.

Desde o apito, o time do Flamengo tomou as rédeas do jogo, uma defesa bem posicionada, avançada na marcação, um meio de campo criativo e colaborativo e, claro, a inspiração e precisão de Ronaldinho e Vagner Love. A bola demonstrava claramente suas preferências, deixava-se enrodilhar, mansa, nos pés brasileiros, ignorando os desesperados convites da equipe adversária. A bola e o pé, desenhando, no verde espaço, figuras de geometria incerta, reinventando as belezas da ocidental civilização. Um time misto, onde centauros e poetas se alternavam na construção da impossibilidade para o adversário. Épico, o jogo, disse eu, e confirmo: mesmo com o completo domínio rubro-negro, o destino tinha seus caprichos. Bolas na trave em randômica sucessão. Escanteios. Defesas milagrosas. O gol não se deixava fazer. E, aos 28 minutos, o engenho cede à biologia. Léo Moura, que vinha desfilando na avenida direita do campo, sente um estiramento da coxa. Lágrimas, dele, nossas. Entra o arisco Negueba, improvisado. E isso é só mais uma forma de jogar por música, logo todos percebemos o jazz sendo feito. Ritmo, baby. Irritados, os jogadores do Emelec promovem a caça às pernas dançantes e, assim, De Jesus, após um lance de forte pegada, é expulso. São 47 minutos do primeiro tempo, espetáculo feito, respirações suspensas, olhos cativos, mas nada de gol. Respira-se. E, logo que o jogo recomeça, a pintura. Ronaldinho, artífice, em lento planejamento e em explosiva execução, oferece a bola como se fosse um presente, um mimo, com um passe que só a quem a bola concede o dom pode pleitear. E a perna de Vagner Love, aparentemente autônoma em relação ao corpo, habitada por um portento, realiza o chute. O amor fica no ar, por uns instantes, acompanhando a decisão da bola em se fazer resultado. Gol. Goollll. Gooooolllllllllllll. O canto, místico, aprofunda-se em religioso transe.

Daí pra frente, intervenção dos deuses, pois claro. Ainda a beleza, o élan que ilumina cada jogador vermelho e preto, o suor feito louros, mas os deuses temem que a soberba se espalhe e mantém o ilusório 1 X 0. Que importa? A bola sabe a quem serve. Ao fim do jogo, os jogadores do Emelec traziam a vazia expressão de quem não entende direito o que lhes aconteceu. Não se sabe o que ainda vai acontecer na Libertadores, mas, ontem a noite, via-se a moça grã-fina, de narinas de cadáver, recusando-se a deixar a arquibancada, de pé, aplaudindo o que nem se sabia ser possível ver: a felicidade.


Fronha devidamente babada...

Luciana Nepomuceno, flamenguista, é dessas. Dessas que reescrevem tudo, que gostam de ficar na rua vendo a lua virar sol, que riem alto, que borram o batom e que se exaltam. Tem o hábito de ser feliz. Se espalha em alguns blogs, quase sempre no Borboletas nos Olhos

Ricardo Teixeira

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A licença médica de Ricardo Teixeira do comando da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) é uma das melhores notícias sobre a Copa do Mundo de 2014 desde o anúncio que o Brasil sediaria o vigésimo mundial do ludopédio da história. Mas é uma notícia que pode durar seis meses.

Curiosa foi a escolha do e-mail como forma de avisar sobre a condição de saúde ganhar os títulos das primeiras notas que davam conta do afastamento. Curioso também que, na página da CBF na internet, não há menção ao fato. E, no organograma da firrrma, nem sinal de afastamento no nome do ex-genro de João Havelange.

Em uma outra crise política envolvendo a CBF, em 2000, durante a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Nike, ele se afastou. Como em 2002 a seleção venceu a competição disputada na Coreia do Sul e Japão.

Mau sinal.

Foto: Ricardo Stuckert/CBF

Ricardo Teixeira, animado na volta do carnaval


Houve ainda licenças médicas por problemas, digamos, médicos. Consta que, em outubro de 2011, o cartola ficou internado com diverticulite. E ele tem problemas cardíacos.

Coincidência interessante lembrar que o relator daquela CPI era o atual ministro do Esporte, Aldo Rebelo (PCdoB-SP). Para além do talendo de fazer rugirem moto-serras por aí, ele se diz amigo de Teixeira.

Mas a pressão vinda de investigações em Zurique, todo o imbroglio do tio demitido com indenização milionária e mesmo as caneladas desastradas de Jêrome Valcke e nossos traseiros chutados formam um quadro curioso.

O lado ruim é que o afastamento tem toda a cara de manobra política para reduzir a pressão, que incluía denúncias pululando aqui e ali. Se havia possibilidades de se desvendarem suspeitas de desvios e condutas questionáveis por parte do comandante da CBF desde 1989, elas ficam menores. Se sequer existia essa chance, muda pouco no futebol brasileiro.

quinta-feira, março 08, 2012

Um Santos mais organizado e o "imparável" Neymar

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Já de antemão recomendo a leitura dos posts do santista Edu e do colorado Daniel Cassol aqui e aqui. Isto posto, um rápido comentário sobre a peleja da Vila Belmiro ontem, que envolveu cinco títulos da Libertadores, acompanhada pela internet, com narração em espanhol, graças à disputa de monopólios de comunicação que priva a maioria dos torcedores de espetáculos como esta partida.

O show de Neymar pode ofuscar a nova organização tática santista, mas é preciso ressaltar que o time é outro. Conta com um meio de campo mais móvel, colaborativo ofensivamente e na marcação, com Ganso imprimindo o ritmo tanto mais atrás quanto próximo à área. Essa condição física que lhe faltou em 2011 faz com que todos os seus companheiros rendam mais, com Arouca se soltando para conduzir a bola com velocidade e Ibson chegando para finalizar. Henrique também tem se tornado um marcador que não foi no ano passado. Assim, mesmo com uma defesa lenta, o Peixe alcançou sua oitava vitória seguida, mantendo o tabu de nunca ter sido derrotado pelo Internacional na Vila Belmiro.



Dorival Junior tentou minar o meio de campo/ataque santista ocupando o setor com três volantes. Mas, com todos marcando atrás da linha da bola, propiciou que sua equipe fosse amplamente dominada no primeiro tempo, quando poderia ter ido para o intervalo perdendo não de um, como foi, mas de três. Equilibrou um pouco mais no segundo tempo e, quando ameaçou de fato o time da casa, o Internacional sucumbiu moralmente diante do terceiro gol de Neymar. Quando foi chamado, decidiu.

O atacante marcou seu 90º gol pelo time da Vila Belmiro, e já é o quinto maior artilheiro pós Era Pelé, a quatro do próximo na lista, Robinho, e a 14 de João Paulo e Serginho Chulapa, que estão no topo. Fora os bailes, como o dado no segundo e terceiros gols ontem, que levaram o locutor Pedro Ernesto Denardin, da Rádio Gaúcha, a se curvar diante do talento do menino. Claro, com o devido exagero que caracteriza o narrador gaudério:



"Todas as pessoas aqui na Vila Belmiro deveriam se ajoelhar, estender as mãos ao céu e agradecer ao Senhor que mandou pra Vila Belmiro um jogador dessa categoria. Todos deveriam se ajoelhar e agradecer a Deus. Que jogador extraordinário! 19 minutos, o Inter recém tinha feito o gol e ele escapou pela meia esquerda, ganhou de todo mundo e fez mais um gol como já tinha feito o segundo. Ele é 'imparável', 'imarcável', ele é demais, torcedor! (...) Neymar faz 3 a 1, é ruim para o Inter, mas o futebol... Ah, o futebol! O futebol sabe das valências, o futebol sabe da qualidade, e Neymar dá um show extraordinário de bola"

Exagero, sim, mas que dá gosto de ver... Como dá.

quarta-feira, março 07, 2012

Os "alternativos" da Copa do Brasil 2012

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E a Copa do Brasil já começou. A partida que terminou em 0 a 0 entre Boavista (RJ) e América (MG) abriu a segunda competição nacional mais importante que, pela última vez, não contará com os times que disputam a Libertadores.

Como em geral só se fala das equipes do mainstream do futebol brasileiro, vamos dar um panorama de como estão alguns dos clubes que são candidatos a zebra (animal que costuma dar as caras na competição) por meio de alguns dos parceiros do Série Brasil.

O ABC-RN enfrenta o Trem-AP e deve repetir a formação que empatou no campeonato potiguar contra o Corinthians local, sendo que a única mudança é o possível retorno do lateral-direito Murilo. Já pelo lado amapaense, o desentrosamento pode ser fatal para que a peleja seja única e encerre sua participação no torneio. O campeonato amapaense só tem início no dia 30 de março e em um recente amistoso contra o Paysandu o time levou um 3 a 0. O vencedor do confronto pega o melhor de Vitória e São Domingos-SE.
Estádio do Espigão, cidade em que teria nascido Mauro Beting

Por falar no Paysandu, a equipe paraense vai ter pela frente o Espigão-RO, de Espigão D'Oeste, cidade que tem menos de 30 mil habitantes. O esquadrão rondoniense é um clube novo, com três anos de vida, e participa pela primeira vez do torneio. Se resistir ao Paysandu, que conta com o meia Harison, ex-São Paulo, o clube de Rondônia enfrenta o vencedor de Sport e 4 de Julho-PI.

Clássicos

Um desavisado pode olhar a tabela da Copa do Brasil e pensar: um clássico local logo na primeira rodada? Mas o Náutico não vai enfrentar o Santa Cruz do seu estado, sim o xará do Rio Grande do Norte. O pernambucanos estão em terceiro no Estadual e não têm empolgado a sua torcida. Caso vençam, podem fazer, aí sim, um clássico regional com o Fortaleza, que enfrenta o Comercial-PI.

O rival do Náutico, Santa Cruz, vai a Manaus enfrentar o Penarol-AM. O Santinha, de Dênis Marques e dos ex-santistas Dutra, Geílson e Luciano Henrique, está preocupado com o clima da capital amazonense, o que motivou uma preparação especial dos atletas (não, não consta que houve qualquer hidratação etílica específica, leitor). O Penarol, que no último domingo perdeu a vaga para a final do 1º turno do Estadual para o para o Princesa, deve optar pela cautela. Em treino realizado ontem, segundo o Futebol do Amazonas Estatísticas, “o técnico Roberto Oliveira aproveitou para treinar exaustivamente o posicionamento da defesa e saída de contra-ataque, além de aperfeiçoar o toque de bola e finalização dos jogadores de frente”. Quem sair vitorioso pega o melhor da disputa entre Atlético-MG e Cene-MS.

O Sampaio Corrêa pega o Atlético-PR e terá novidades no ataque, em relação à equipe que derrotou o Maranhão no último fim de semana, com a entrada de Júnior Chicão. Como lembra o Maranhão Esportes, as duas equipes já se encontraram quatro vezes em competições nacionais, sendo que os paranaenses sempre levaram a melhor. Na Copa do Brasil de 2010, foram um empate e uma vitória atleticana em casa. No campeonato maranhense, o Sampaio vem de uma sequência de cinco vitórias consecutivas. Embalado.

Rogério Ceni vai pra Macapá?

Mais uma vez vamos fazer o exercício já realizado em 2011, em memória à declaração do humilde goleiro são-paulino que, depois de um jogo do Brasileiro de 2008, disse: "Com todo respeito à Copa do Brasil, mas eu não consigo me ver jogando em Macapá [capital do Amapá], e sim em Maracaibo".

O goleiro está contundido, mas nada impede que viaje com os companheiros de time para dar aquele apoio moral, né? Como no torneio de 2011, a chance do São Paulo ir a Macapá é se o Tricolor e o Trem-AP chegarem até as semifinais.

Veja outros times que podem surpreender na Copa do Brasil aqui

domingo, março 04, 2012

Santos supera ex-invicto na volta da Vila (visão santista)

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Vice-artilheiro do Santos no campeonato, Ibson começa a se afirmar
A partida entre o atual campeão da Libertadores e o atual campeão brasileiro marcou a volta do santo gramado da Vila Belmiro ao futebol em 2012. Se não foi um grande espetáculo, a partida marcou a sétima vitória consecutiva do Peixe no ano, quebrou a invencibilidade corintiana e a quinta partida em sequência sem derrota do Alvinegro Praiano contra o coirmão da capital dos negócios. Em outros tempos neste Futepoca, menos que isso já configurou “freguesia”, mas o santista é um torcedor humilde, não tem a arrogância dos adversários...


O adversário veio a campo sem supostos setes titulares (digo “supostos” porque para termos certeza é necessário ver com que time o Corinthians vai entrar em campo na quarta-feira). O Santos entrou com seus titulares, não só por ter um elenco menos numeroso em termos de qualidade (para os esquemas adotados) do que o rival, mas pela simples justificativa apresentada por Muricy Ramalho antes da peleja. “Os torcedores pagaram o ingresso pra ver Neymar e Ganso, é brincadeira o treinador não colocar.” Vejam só, alguém pensou (ou diz que pensou) no dito torcedor.

As propostas das equipes eram claras. O Santos tomava a iniciativa e o Corinthians contra-atacava. Esse é o padrão de Tite que fez do Timão campeão do último Brasileiro, mas o padrão santista em partidas fora de casa também é priorizar a defesa. Entretanto, já é possível observar um tal “efeito Barcelona” na equipe da Vila, ainda que comentaristas que não veem jogos do Santos insistam na tese da “Neymardependência”. E vejam, Neymar nem jogou grandes coisas hoje... Muricy tenta fazer da equipe um Alvinegro menos óbvio, com os jogadores trocando de posição de acordo com a circunstância, o que também evidencia a novo posicionamento dinâmico de Paulo Henrique Ganso, que atribuiu sua recuperação a Muricy Ramalho. 

E mudar o estilo de se jogar não é fácil de se fazer, exige treino e certa perseverança do treinador, dos jogadores e da diretoria. Mas é só ver os gols santistas, melhor ataque do campeonato, e comprovar a tese. As bolas paradas têm sido fundamentais, com diferentes batedores: Neymar, Ganso e Elano (reserva). Ibson, autor do vitorioso gol de hoje, já marcou indo pela direita e pela esquerda do ataque. E também por isso ganhou a vaga do Elano.

Mas Neymar e Ganso jogam mais próximos pela canhota. Juan, que vem em um desempenho bem acima do apresentado no Tricolor Paulista, às vezes aparece na ponta, em outras na meia. O time toca mais a bola, sem perder a vontade de atacar e sem vergonha de tocar a pelota atrás na hora em que é preciso. As estatísticas da peleja mostram isso: o Peixe trocou 363 passes certos e 32 errados, segundo o IG, enquanto o rival trocou 286 passes certos e 44 errados. O Santos também desarmou mais, e continua como a equipe que mais foi eficiente nesse quesito até o momento no Paulista, algo que quase o time não fez contra o Barcelona na final do Mundial.

Ao fim, vitória merecida de quem foi mais à frente e teve mais chances (incluindo dois gols justamente anulados) e que dá esperanças para a partida contra o Internacional quarta-feira, na Libertadores. Um novo Santos parece estar em gestação e o torcedor merece esse novo time.

***** 

Há pouco vi um desses comentaristas esportivos dizer, com toda pompa e circunstância, que Tite é mais "maduro" que Muricy por poupar alguns titulares em vista de uma partida a Libertadores na quarta-feira. O dito douto não deve lembrar que os titulares da Vila, em 2012, voltaram mais tarde que os dos outros times paulistas, e que, por poupar titulares na reta final da temporada de 2011, muitos comentaristas criticaram Muricy depois da derrota para o Barcelona, dizendo que a equipe perdeu ritmo de jogo. Discordar sobre a atitude de um treinador ou da diretoria é uma coisa, já adjetivar alguém só porque não fez algo que está longe de ser uma receita pronta é só uma amostra de arrogância.

Outro ponto foi o mesmo comentarista criticar Neymar por ter feito "gracinhas" quando estava a partida em zero a zero. Oras, o que se critica de boleiros que fazem "gracinhas" é que eles só o fazem quando o placar lhes está favorável. Jorge Henrique, por exemplo, caiu bem menos ou quase nada quando sua equipe perdia a partida, e não prendeu a bola como costuma fazer para irritar rivais. Normal. O fato de Neymar fazer "gracinhas" mesmo quando o placar é adverso siginfica que ele pode achar que, em dado momento, tal lance seja a melhor saída, prova de que a estratégia em si não é para demoralizar ou enfezar o rival. Coerente.

*****

Emerson Sheik, que devia estar preocupado com outras coisas. Não foi desta vez.

sexta-feira, março 02, 2012

A versatilidade do cinema nacional

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(Via Thiago Balbi)

quinta-feira, março 01, 2012

Onde Você Está?

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Por Luciana Nepomuceno


Hoje é aniversário do Rio de Janeiro. Eu, como uma devota de janela, fico aqui imaginando a beleza das pessoas, das ruas, do mar, aquela lagoa linda, tudo em quase festa. Quase eu digo, porque ontem o Flamengo jogou. E perdeu. E é assim...

“Quando o Flamengo vence, há mais amor nos morros, mais doçura nos lares, mais vibração nas ruas, a vida canta, os ânimos se roboram, o homem trabalha mais e melhor, os filhos ganham presentes. Há beijos nas praças e nos jardins, porque a alma está em paz, está feliz. O Flamengo não pode perder, não deve perder. Sua derrota frustra, entristece, humilha e abate. A saúde pública, a higiene nacional exigem que o Flamengo vença, para bem de todos, para felicidade geral, para o bem-estar nacional."

E nem foi um rubro-negro que disse isso aí, viu. Foi um torcedor do América. É claro que nem as contingências nem o Joel estão muito preocupados com a saúde pública a felicidade e o bem-estar nacional. Porque, se estivessem, não se veria o que se viu ontem. O acaso, esse pândego, fez a parte dele: não estavam em campo Leo Moura, Airton e Ronaldinho. Mas, semana após semana estão aí dizendo que o Ronaldinho não faz nada (e, convenhamos, o Bottinelli jogou bem) e o Airton não é, exatamente, um craque. Esforçado, muito. Mas impreciso e limitado. Já a ausência do Léo Moura é mais significativa. O Galhardo tem muito potencial, é rápido, apoia e marca com consistência, mas falta-lhe o élan que tem dominado menino Léo. Dito isso, a parte do leão no resultado, menos que ao acaso, deve ser creditada (um tanto ao Boa Vista, bem arrumado) ao Joel e sua lógica: pra que gol? pra que jogo? Bom é o resultado.

O começo foi até animado pros rubro-negros, Deivid – em evidente tentativa de superação do lance rodrigueano do último jogo – chutou de longe, forte, a bola bate na trave, volta na direção de Vagner Love que se atrapalha todo mas, como a marcação estava surpreendentemente ausente, se recupera e acerta um bom chute. Gol. Daí o time se coloca na postura vamos-jogar-na-metade-do-campo... só que erra a metade e fica no seu, ao invés de ocupar o campo adversário. E erra, generosamente, passes. De curta, média e longa distância, sem distinção. E o acaso resolve participar mais ativamente e em um dos vários lances mais duros do Boa Vista, sai o Williams com o tornozelo em pandarecos. Entra Maldonado, coitado, e já vai mostrando sua lentidão: penâlti. Daí pra frente ladeira abaixo, o Joel trocou muito mal, o Boa Vista fez outro gol, o Diego Maurício entrou bem desconcentrado, o time perdeu as estribeiras e o Renato foi expulso (confesso, comemorei). Ainda teve o lance na área do Flamengo que dá pra todo mundo reclamar, Galhardo faz pênalti não marcado, jogador do Boa Vista toca com a mão na bola. Uma farra, eu diria, se não estivesse tão entristecida. Sabe, o duro não é perder, isso acontece. Mas é ficar aqui imaginando o tanto que o jogo poderia ser outro.

Disse o Nelson, uma vez: “há de chegar talvez o dia em que o Flamengo não precisará de jogadores, nem de técnicos, nem de nada. Bastará a camisa aberta no arco. E diante do furor impotente do adversário, a camisa rubro-negra será uma bastilha inexpugnável”. Então, contingências, deuses da bola ou o que quer que seja que espie e cuide dessa bagaça: não é que o Flamengo não precisa dos tais jogadores, técnicos e tal. É que a gente tá sem, mesmo. Não dá pra aliviar e deixar a camisa resolver? Lembra aí que é tempo de festa no Rio de Janeiro e andamos, todos, precisando mesmo de mais beleza e felicidade...


Ah, meu Mengo, onde você está?


Luciana Nepomuceno, flamenguista, é dessas. Dessas que reescrevem tudo, que gostam de ficar na rua vendo a lua virar sol, que riem alto, que borram o batom e que se exaltam. Tem o hábito de ser feliz. Se espalha em alguns blogs, quase sempre no Borboletas nos Olhos

quarta-feira, fevereiro 29, 2012

Pitacos sobre Brasil 2 x 1 Bósnia

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- Acompanho o consenso: Ronaldinho Gaúcho, não dá mais. Os únicos argumentos que vi para manter suas convocações, ainda antes do jogos, foram a experiência e o de segurar um pouco a onda do Ganso. Mas para as duas situações prefiro Kaká, que pelo menos jogou a última Copa.
- Além dele, David Luiz e Sandro foram muito mal. O primeiro possivelmente por um dia infeliz, o segundo por ser o que é: um volante marcador que só tenta passes curtos. Não acho que ele caiba no tipo de jogo que parece ser objetivo dos torcedores e do técnico. Já de Fernandinho eu gostei. Marca, distribui bem o jogo e deu alguns passes em profundidade interessantes.
- Thiago Silva é realmente um Monstro, como definiu já há algum tempo o pessoal do Blablagol. Sério, rápido e praticamente sem erros. E os laterais jogaram demais. Estamos muito bem, obrigado, nesse quesito. O Tostão sugeriu outro dia na Folha que poderia ser uma boa colocar mais um zagueiro para liberar de vez Daniel Alves e Marcelo. Pode ser, mas acho que valeria a pena tentar liberá-los sem o tal zagueiro para ver o que acontece.
- A entrada de Elias e Ganso melhorou bastante o time. A questão para mim é a seguinte: é preciso conseguir desacelerar o jogo para controlá-lo. Se ficarmos sempre correndo com a bola e tentando definir rápido a jogada, perdemos muito rápido o controle das ações (nessas, não gostei muito de Leandro Damião, que chutou de qualquer lugar e não participou coletivamente). Ganso vai melhor que Gaúcho por conseguir dar essa cadência sem perder a visão de jogo. Não teve ainda o passe em profundidade, inesperado, mas o filé vem depois do feijão com arroz.
- Nesse sentido, a dupla de volantes não pode ser tosca. Tem que ser opção ofensiva quando tivermos a posse da bola, saber tocar com ciência, prender a bola, acelerar se necessário. Se não, o meia centralizado (seja ele Ganso, Danilo ou Zidane) fica emparedado entre dois ou três marcadores que não tem mais ninguém com quem se preocupar. Bons volantes-armadores aparecem Espanha (Xabi Alonso e Busquets) e Alemanha (Schweinsteiger e Khedira), atuais referências. No caso brasileiro, como os laterais vão descer muito, os volantes precisam ainda ser muito rápidos para a cobertura. Assim, fora Sandro e Lucas Leiva. Os volantes titulares deveriam ficar entre Hernanes, Elias, Arouca e, pelo jogo de ontem, Fernandinho pode disputar uma vaga.
- Hernanes, aliás, jogou na ponta/meia direita do 4-2-3-1 ontem. O PVC disse que ele já atuou assim na Itália e foi bem. Não foi mal, mas acho que acrescenta mais à Seleção com seu bom passe no meio campo.
- A relação mistura x guarnição citada acima também vale pra Neymar, que jogou bem, se mexeu, trocou bons passes, mas não fez nenhuma das jogadas que, bem, resolvem o jogo, como costuma fazer no Santos. Acho que é só questão do ajuste coletivo, mas cabe a ressalva: será a defesa da Bósnia melhor que a média enfrentada pelo atacante no Brasil?
- O Mauro Beting diz que não se pode cornetar escalação sem dar opção. Então, aí vai uma proposta: Daniel Alves, Thiago Silva, David Luiz e Marcelo; Arouca, Hernanes e Ganso; Neymar, Damião e Robinho. No banco, de diferente, teria Kaká para o lugar de Ganso. Vai sem goleiro porque não tenho muita convicção de nenhum. Gostei de Jefferson quando jogou, mas não acho um absurdo apostar em Júlio César.
- Acho uma boa resgatar Robinho. Ele sempre foi bem na Seleção e está num momento muito bom no Milan. Além disso, conhece Neymar e Ganso e está adaptado a ajudar na marcação, o que será necessário em qualquer proposta de jogo ofensiva que se apresente. Do Milan, aliás, assim que possível viria Pato, que acho ter mais a ver com o estilo desse ataque que Damião.
Aguardo as cornetas – de preferência, com as respectivas alternativas.