Destaques

segunda-feira, julho 22, 2013

Show dos veteranos

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Alex já fez 4 gols no Brasileirão deste ano
Assim como destacou o Glauco no post sobre o jogaço entre Santos e Coritiba na Vila Belmiro, em que o veterano Alex (35 anos) marcou dois gols, "o craque paranaense prevaleceu". Sim, craque. Como eu havia escrito aqui no blog, em janeiro, "eu prefiro Alex" a Paulo Henrique Ganso. E, já naquele início de ano, eu cravava: "Na minha seleção brasileira, o veterano meia, que encantou palmeirenses, cruzeirenses e turcos, seria titular absoluto." Continuo achando o mesmo. E o excelente desempenho do meia, sério candidato à destaque deste Brasileirão (pelo menos até o momento), confirmou minha impressão. É um craque total. Vale cada centavo pago por ele - e exatamente o oposto pode ser dito sobre o jovem (e improdutivo) Ganso...

Zé Roberto: fôlego de menino aos 39 anos
Outro que continua brilhando, sempre discreto e eficiente, é o meia Zé Roberto, do Grêmio. Joga para o time, é o tipo de "cérebro" do meio-campo que já não vemos com tanta frequência no futebol brasileiro (e quiçá mundial). Fez 39 anos no início deste mês mas parece o mais jovem do time, tanto em aparência quanto em forma física. E continua jogando uma barbaridade. É outro que, se fosse convocado para a seleção, não deveria espantar ninguém. Seria apenas justo. Mas é claro que, assim como Alex, enfrenta a barreira e o preconceito da idade. Uma pena. Fico imaginando um time com os dois no meio-campo. Seriam perfeitos numa equipe de garotos como o Santos atual. Zé Roberto é outro cracaço incontestável.

Nem os mais otimistas diriam que Seedorf jogaria tanto
Completando a lista de veteranos que estão dando show de bola neste Brasileirão, incluo um gringo: Seedorf. Comparo esta sua passagem pelo futebol brasileiro à do Ronaldo Nazário no Corinthians. Duas contratações muita badaladas mas que, quando anunciadas, ninguém imaginava que pudessem ser tão bem sucedidas. Nem o mais otimista dos botafoguenses poderia imaginar que o holandês/surinamenho de 36 anos pudesse mostrar tanto serviço com a camisa de seu time. E tem uma capacidade de liderança nata. Para mim, seria uma peça exata para se encaixar num time como o Internacional-RS, por exemplo. Mas, com ele, o Botafogo já está dando e ainda vai dar mais trabalho. Enfim, estamos muito bem servidos de veteranos, que enchem nossos olhos numa selva de cabeças-de-bagre. Vida longa para eles!

Sete derrotas seguidas. Série B se aproximando.

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Anatomia de um possível rebaixamento em notas telegráficas:

1 - São Paulo goleado pleno Morumbi Cruzeiro (pt.) Três gols "craque" Luan (pt.);

2 - Como derrotas Goiás, Santos, Bahia, todas dentro Morumbi, jogo terminou torcida sãopaulina gritando olé adversário pegava bola (pt.); Vaiando quando ela com Tricolor (pt.);

3 - Nove jogos competição, cinco derrotas, dois empates (pt.) São Paulo 8 pontos, dois jogos a mais Ponte Preta, primeira zona de rebaixamento, 7 pontos (pt.); Um jogo a mais Atlético-PR e Portuguesa, também 7 pontos (pt.);

4 - Derrota Cruzeiro sétima seguida, contando amistoso Flamengo partidas Corinthians decisão Recopa Sul-Americana (pt.) Dez jogos sem vitória (pt.);

5 - Próximo adversário Brasileirão forte Internacional, quarto colocado (pt.) Sequência, Corinthians, o derrotou três vezes no ano (mais empate sem gols e eliminação pênaltis semifinal do Paulistão), Pacaembu. Probabilidade derrotas mais que plausível (pt.);

6 - São Paulo não jogou Botafogo, Coritiba, primeiros colocados, melhores times Brasileirão (pt.) Cinco últimas rodadas, 13 novembro a 8 dezembro: Flamengo (casa), Fluminense (fora), Botafogo (casa), Criciúma (fora), Coritiba (casa);

7 - Time esfacelado, sem defesa, sem meio, sem laterais, sem ataque, viaja disputar Copa Suruga, adversários simplesmente Bayern Munique, Milan ou Manchester City (pt.) Depois, Copa Eusébio, Portugal, joga Benfica (pt.) Probabilidade vexames internacionais mais que plausível (pt.);

8 - Adalberto Baptista diretor futebol braço direito presidente Juvenal Juvêncio chefiará viagem amistosos (pt.) Criticou Rogérgio Ceni publicamente clima ruim ainda pior (pt.) Tentou desculpas antes treino (pt.) Piorou mais ainda situação (pt.) Elenco o detesta (pt.) Funcionários clube o detestam (pt.)

9 - Juvenal Juvêncio deu churrasco comemoração (?!?!) Morumbi domingo, após derrota Cruzeiro (pt.) Era exclusivo sócios Juvenal infiltrou membros torcida organizada (pt.) Sócios putos (pt.) Exibição vídeo Marco Aurélio Cunha cantando hino Santos no churrasco (pt.) Discussão pancadaria sócios torcida organizada (pt.) Juvenal mandando bater xingando torcedores (pt.) Seguranças separaram (pt.) Perda total controle direção (?!?!) clube (pt.) Situação política insustentável (pt.) Ambiente pior possível dentro fora campo (pt.) Instabilidade jogadores comissão técnica (pt.) Baixaria, bagunça, caos (pt.)

10 - Lúcio, Tolói, horrorosos, motivo piada (pt.) Denilson, Rodrigo Caio, idem (pt.) Douglas, inexistente (pt.) Ganso, idem (pt.) Osvaldo, péssima fase, atuações ridículas (pt.) Jadson, idem (pt.) Luís Fabiano, morto, desinteressado, jogou toalha (pt.) Aloísio, esforçado, porém grosso (pt.) Banco reservas, Edson Silva, Diego, Lucão, Lucas Farias, Lucas Evangelista, Caramelo, Juan, Fabrício, Reinaldo, Maicon, Ademilson, João Schmidt, Roni, Silvinho (pt.) PESADELO (pt.)

É isso, torcida sãopaulina. Perspectivas desesperadoras. Não duvido que Nelsinho Baptista deixe o Kashiwa Reysol e assuma o São Paulo até a 30ª rodada...


domingo, julho 21, 2013

Atlético PR e Corinthians empatam, mas chuva dá goleada

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Renato Augusto, o Zorro, jogou bem e resolveu mais uma (Felipe Gabriel/LancePress)
Joguinho horroroso entre Atlético PR e Corinthians, muito por conta da chuva torrencial que acabou com o gramado na Vila Capanema. Especialmente no primeiro tempo, porque no segundo os jogadores foram os maiores culpados pela ruindade do que se viu.

O Atlético PR abriu o placar no comecinho num belo passe de Paulo Baier, ele mesmo, para Marcelo, melhor jogador paranaense. A jogada mostrou o caminho aos donos da casa: um buraco no lado esquerdo da defesa alvinegra, formado pela conjunção entre a lentidão de Paulo André, a falta de ritmo de Maldonado (que recebe aqui o benefício da dúvida para não ser chamado de grosso mesmo) e, principalmente, a fraqueza de Fábio Santos na marcação. Por ali saíram as melhores chances atleticanas.
Pareceu combinado: ao gol, segui-se o aperto da chuva, rapidamente inutilizando o gramado. A bola não corria, o pessoal escorregava, o jogo não fluía e isso era muito bom para o Atlético PR.

O empate do Timão veio de uma das poucas jogadas organizadas no primeiro tempo. Renato Augusto arrancou pela esquerda e carregou a bola acossado por três defensores até conseguir descolar um cruzamento para Pato, que marcou seu décimo tento na temporada.

A segunda etapa trouxe alguma esperança para o futebol, com o fim da chuva. Mas a drenagem não conseguiu secar o campo e a coisa continuou feia, ainda que menos ridícula. Quem se aproveitou foi o Atlético PR, que controlou o meio campo e criou algumas chances, sempre no mesmo caminho encontrado por Marcelo. Tite agiu para corrigir o problema trocando Fábio por Alessandro, mostrando que lateral é um artigo cada vez mais raro no futebol brasileiro – lembrado aqui que o titular da lateral direita hoje é Edenilson, um meia adaptado. Antes, havia invertido a zaga, mandando o rápido Gil para a esquerda ajudar na cobertura da avenida Fábio. A combinação ajudou bem e travou o jogo.

As outras mexidas de Tite foram curiosas: tirou os dois atacantes que tinha em campo, Romarinho e Pato, por Ibson e Douglas, meias. Acredito que o diagnóstico foi correto: o time não tinha toque de bola nem armação. Mas a solução foi, no mínimo, heterodoxa – e não muito funcional. Ficou 1 a 1, num jogo chato e esquecível.

Reforços

Um aparte para os dois principais reforços do Corinthians para a temporada, Renato Augusto e Pato. O primeiro é mais fácil de analisar: sempre que entrou jogou bem e se machucou logo depois de ganhar a titularidade ainda no Paulistão. Mais uma vez, resolveu um jogo complicado. Questão de ganhar sequência.


Pato é um pouco mais complicado. Chegou a ser titular ao lado de Guerrero na mesma época, mas passou por um jejum no Brasileirão e perdeu espaço para Sheik. Muita gente já chama o rapaz de mico, de fracasso, de dinheiro jogado fora. Mas cabe aqui dizer: ele já fez 10 gols na temporada e é o vice-artilheiro do time, atrás apenas de Guerrero, com 13 gols, e bem à frente de Danilo (6), Paulinho (5), Romarinho (4) e Sheik (3) - dados do confiável parceiro Retrospecto Corintiano.

Este último, que é o concorrente direto pela vaga, jogou muito bem contra o São Paulo na quarta e sempre ajuda muito o time – mas faz poucos gols. Pato, ao contrário, se mexe menos, marca pior, parece fugir de divididas – mas bota a bola pra dentro. Na minha cabeça, é titular.

Em jogaço, Santos perde chance de quebrar a invencibilidade do Coritiba

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A camisa dez, na Vila Belmiro, é sagrada. Quem a vestia pelo Peixe na partida contra o Coritiba era Montillo, o argentino que é o típico enganche, e não o meia clássico que arma o jogo, como Pita ou Ganso foi um dia, ou o ponta de lança capaz de carregar a bola, mas que faz quase tudo, como Pelé e, mais recentemente, Giovanni. No entanto, era o dez do Coritiba o personagem que mais chamava a atenção antes da partida.

Enquanto Claudinei Oliveira buscava o entrosamento mantendo o time que bateu a Portuguesa no último fim de semana. Sem Arouca, Alan Santos compôs o meio de campo com Cícero, Leandrinho e Montillo. Já o também novo técnico Marquinhos Santos ousou. Colocou somente um volante de ofício, Júnior Urso, junto com Robinho (ex-Peixe que, na Vila, era Róbson para não disputar o imaginário com a sombra do Rei das Pedaladas), Alex, Botinelli, Deivid e Geraldo, o artilheiro angolano.

O comandante do Coxa cantou a bola antes do início do jogo, ao dizer que os jogadores estavam ali não tanto para marcar em cima, mas para “ocupar espaços”. Embora o Alvinegro tenha assustado antes com cobrança de falta de Cícero, aos dois minutos da etapa inicial, o sistema paranaense começava a mostrar suas garras. O craque Alex deu o ar da graça aos 11, quando tocou para Deivid que passou para Robinho. O meia fez o corta-luz para o dez do Coritiba que finalizou na trave. A resposta veio aos 15, e a vez do dez santista mostrar que estava em campo. Sumido até então, Montillo arriscou um chute de longe que passou raspando o travessão de Vanderlei.

Mas quem fez jogada de um legítimo camisa dez foi o lateral-direito Galhardo, tirando com um lindo passe dois defensores do Coritiba e passando para Leandrinho, que teve habilidade para servir Neílton. O moleque finalizou de primeira, praticamente sem chance para Vanderlei.

O jogo mudou um pouco a partir daí. O Santos passou a controlar um pouco mais, mas o Coritiba continuou levando perigo, principalmente com bolas roubadas no meio de campo. Aí estava a “ocupação de espaço” do Coxa, com constante troca de posicionamento dos jogadores à frente, apostando em um jogador decisivo como Alex. Mesmo com erros não forçados, o Peixe ainda chegou com muito perigo com um passe de Léo para Montillo, que assistiu Willian José. Bola desperdiçada.

E, num dos inúmeros erros de passe alvinegros – foram 81,8% dos passes feitos de forma correta contra 92% dos rivais nos primeiros 45 minutos – Leandrinho deixou a bola passar e o Coritiba começou a armar o lance que resultou no gol de Alex, feito de forma fácil, por cobertura. Ao contrário de outros treinadores que queimavam os moleques, Claudinei animou Leandinho: “Levanta a cabeça”, pediu.

Reprodução
No segundo tempo, a equipe da casa voltou melhor, com menos passes longos, que tanta dor de cabeça deram na etapa inicial, e com mais desarmes que o Coxa. Aos dez, Monttllo teve uma grande chance na entrada da área, mas não acertou o alvo. Aos 15, Marquinhos Santos coloca Everton Costa e tira Geraldo, querendo dar mais mobilidade ao ataque alviverde. E, quase no mesmo minuto, a alteração deu resultado, quando ele sofreu uma falta e, na cobrança, Chico quase faz de cabeça, com Aranha tirando para escanteio. E, na cobrança, novamente o defensor acerta a trave.

Claudinei também substitui Willian José por Giva. Não é um alteração de seis por meia dúzia, já que o menino se movimenta e sai muito mais da área do que o ex-gremista, que é um atacante mais fixo. E a mudança surge resultado rápido. Em cobrança de falta, Galhardo cobra com perfeição para Cícero, sem marcação, cabecear e fazer.

O jogo é eletrizante, a ofensividade de ambos faz o Coxa partir pra cima, mas o Santos, com transição bem mais rápida da defesa para o ataque, é quem quase faz. São três chances em menos de 40 segundos, com Montillo acertando a trave e com o defensor Chico tirando e outra grande defesa de Vanderlei. Eram 24 e, aos 25, nova oportunidade com Giva desperdiçando na área.

O lateral-direito de ofício, mas que em muitas ocasiões fez as vezes de meia, Cicinho, estreou aos 30. Um minuto depois, Galhardo saiu para a entrada de Pedro Castro. Mais uma vez, o lateral saiu aplaudido na Vila, algo impensável há alguns meses. Léo fez grande lance aos 35, Giva chutou para a defesa de Vanderlei e Neílton, no rebote, perdeu uma chance inacreditável.

Fazendo inveja a Giva, Pedro Castro também desperdiçou, aos 39, em jogada frente a frente com o arqueiro do Coxa. O castigo veio aos 42, de novo, em lance de Alex. O meia tabelou com Robinho e finalizou sem chances para Aranha. O craque paranaense prevaleceu.

Os visitantes, mesmo jogando menos e já sem fôlego, acharam o empate no talento do dez. A experiência prevaleceu sobre um certo afobamento dos moleques para decidir. Mas o desempenho peixeiro dá esperanças para o torcedor santista em um jogo que foi um presente para quem gosta do futebol bem jogado. Um salve a Alex e outro aos meninos da Vila.

quinta-feira, julho 18, 2013

Cavalo arreado

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Terça-feira, duas horas da tarde. Naquela sauna, dois oficiais conspiram - e transpiram. O mais velho tentando impor a "linha dura"; o outro, quase cedendo a uma "abertura ampla, geral e irrestrita". No calor dos acontecimentos, enrolados apenas em toalhas sumárias, confabulam:

- Major, a hora é agora!

- Shhhhh! Tenente, já falei que, aqui dentro, meu codinome é Bilú!

- Perdão, majo..., digo, Bilú. Mas reafirmo: as condições se apresentaram.

- Tem certeza, Tetéia?

- Tetéia? Que Tetéia?

- É o teu codinome, energúmeno!

- Ah, sim! Bem lembrado, majo..., digo, Bilú.

- Exponha suas considerações.

- Maj..., Bilú, tenho observado atentamente as manifestações nas ruas e nas redes sociais. Como o nosso serviço de inteligência já tinha detectado, eles convergem diretamente conosco: querem derrubar o governo e fechar o Congresso. Só que fui além. Identifiquei dezenas deles e, pesquisando seus perfis e publicações na internet, descobri algo ainda mais significativo. Eles nos apoiam! Querem as Forças Armadas de volta ao poder!

- Shhhhh! Cala a boca! Tenente, nunca se esqueça: aqui dentro não existem Forças Armadas! Diga apenas Farofa-fá! Compreendido?

- Às ordens, senhor!

- Também não precisa bater continência! Mas prossiga, Tetéia. O que te faz crer que a juventude quer o nosso retorno?

- Muitos jovens, de boas famílias e íntegra procedência, postam fotos de tropas desfilando e de tanques, senhor, com frases como "É preciso botar ordem na casa", "Ocuppy Brasil" ou "A hora está chegando". E muitos deles dizem claramente, em postagens ou comentários, que querem que as For..., digo, querem que Farofa-fá tome conta da situação!

- Bom, muito bom. E eu que pensava que se tratava de meros baderneiros ou agitadores comandados pela corja vermelha.

- Não, maj... Não, Bilú! São patriotas. Apoiam Farofa-fá! Estão do nosso lado.

- Bem, Tetéia, também não precisa exagerar. Duvido que, se passasse uma lista no meio de qualquer uma dessas manifestações pedindo alistamentos voluntários, a gente arrumasse mais que meia-dúzia...

- É... Com certeza. Por outro lado, isso explica exatamente o motivo de nos convocarem para fazer o que eles querem.

- E o que nós também queremos.

- Exato, maj..., Bilú! Vamos ao golp..., digo, à Nova Redentora!

- Shhhhhhhh! Diabos, Tenente! Digo, Tetéia! Aqui nesta sauna não tem Redentora nenhuma! É Pimenta Malagueta! Pimenta Malagueta!

- Às ordens, às ordens! Perdão. Sem continência. Pois bem, vamos à Pimenta Malagueta! Sem refresco! E com o apoio da juventude manifestante! O gigante acordou!

- Mas será que acordou, mesmo? Quais são as condições? Só com a juventude, não faremos nada.

- Temos tudo na mão, maj..., Bilú. A Platinada, como sempre, promete apoio total. Ainda mais depois que alguns desordeiros resolveram protestar em frente ao seu prédio e que desencavaram uma história caluniosa sobre suposta sonegação de impostos.

- Que é tudo verdade, mas não é da nossa conta. Agora, apoio da Platinada é óbvio, não diz nada. É a mesma coisa que dizer que a revista dos carcamanos nos dá cobertura. Fora a mídia, o que temos de concreto, de sólido, no nosso braço político civil?

- Ótimas notícias. Tomei a liberdade de conversar com o Imortal.

- Que Imortal?

- O Sociólogo, major. Shhhhh! Perdão, perdão. Sem continência. Falei com o Sociólogo, Bilú. É que ele acabou de entrar pra Academia.

- Ah, sei. Mas ele também sempre foi nosso. O pai dele era nosso.

- Sim, sim. Só que eu perguntei se eles ainda têm esperança de vencer nas eleições do ano que vem ou estariam dispostos a compor com a gente para governarmos juntos.

- Governarmos juntos? Explique-se, Tetéia.

- É simples. O Imortal aprovou (e confidenciou que eles não vencem nas urnas nem que o tomate tussa!). É o seguinte: a gente derruba o governo mas dá a posse ao Vice. E aí implanta o parlamentarismo. O primeiro-ministro seria indicado pelo Imortal. No caso, seria o Mineiro. Que é perfeito para o posto de primeiro-ministro. Seu finado avô, inclusive, já tinha nos prestado esse serviço.

- Hummm. Engenhoso. Mas como assim "posse ao Vice"? Você está louco, Tetéia? O partido do Vice já manda no Congresso e, da última vez que mandou no governo, fez três planos econômicos desastrosos e chegou a 60% de inflação ao mês - sem contar o golp..., digo, a artimanha do mandato de cinco anos.

- É. E o homem mandava no Senado até outro dia. Só que o senhor não está atentando para um detalhe: nós vamos fechar o Congresso. E depois vamos extinguir as eleições diretas. Logo, quando acabar o mandato, o Vice, por nós investido de presidente, sairá de cena. E, a partir daí, só tomará o cargo quem nós quisermos. Já a função de primeiro-ministro, como combinado na conversa que tive, deixaremos para o partido do Imortal. Como o senhor disse, "nosso braço político civil".

- E os nossos superiores? Já sabem disso?

- Claro, senhor! Não leu os jornais? Eles andam escutando todo mundo, no mundo todo. Não tem telefone, computador ou informação de qualquer gênero que esteja a salvo. O Grande Irmão sabe de tudo. E, como sempre, também está do nosso lado. Com informações, propaganda, dinheiro ou até armamentos, se preciso for.

- Ah, não será necessário. Golp..., digo, revolução, nesse país, sempre foi pacífica. Reeditaremos a Pimenta Malagueta sem precisar dar um tiro sequer.

- E a Platinada e a revista dos carcamanos estarão a postos para justificá-la como a mais legítima forma de redemocratização. Como em Honduras. Ou no Paraguai.

- Tem razão. Excelente. Tetéia, gostei dessa sua sugestão sobre parlamentarismo. Porque primeiro-ministro não manda nada. Mas, ao mesmo tempo, sacia a vaidade do Imortal e do partido dele. Quem vai mandar, mais uma vez, somos nós! As For..., digo, Farofa-fá! Pode ser interessante, durante um certo período. Dá um ar de modernidade, de renovação, de primeiro mundo. O povo vai gostar. É capaz, até, de comemorar. E, com o tempo, mudaremos gradualmente essa configuração. Editaremos atos complementares, extinguiremos os partidos, concentraremos os mecanismos decisórios. Tenho planos, muitos planos. Está decidido! Vamos agir!

- Muito bem, maj.., Bilú!  Vamos à Pimenta Malagueta! Com Farofa-fá no comando! Vou iniciar as articulações com os Anonymous no Facebook. A Platinada e o Imortal cuidarão do resto. O cavalo está arreado e, mais uma vez, não vamos deixar ele passar.

- Ah, Tetéia, não me fale em cavalo...

- Por que, senhor? Também prefere o cheiro dele ao cheiro do povo?

- Prefiro a massa cheirosa. Mas não é bem isso.

- O que é, então? Que olhar é esse, senhor?

- É que cavalo me lembra montar...

- Bilú, Bilú...

- Ah, Tetéia...

E assim, com a juventude nas ruas e nas redes sociais, a Platinada brilhando e o Imortal operando, Farofa-fá já trama uma nova Pimenta Malagueta.

No do povo, é refresco.

'Anônimos'? 'Apartidários'? Os mascarados sabem muito bem o que querem...

Seis derrotas seguidas. E contando.

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Douglas: 'inexistente' seria elogio
O script foi idêntico ao do jogo de ida no Morumbi: o Corinthians não fez qualquer esforço e, como se treinasse uma jogada ensaiada, marcou um golzinho no primeiro tempo e outro no segundo. De forma burocrática, quase que bocejando. A única diferença no Pacaembu foi que, dessa vez, o goleiro Cássio não teve dó e resolveu defender o chute de Aloísio (praticamente a única finalização do São Paulo em 90 minutos). Quando o juiz apitou o fim do jogo, os corintianos pareciam até meio sem jeito de comemorar o título da Recopa. Parecia estranho levantar um troféu após dois "treinos" contra aquilo que se assemelhava a um time de várzea muito fraco. Assim como na primeira partida, se o Corinthians tivesse feito 15 ou 20 minutos de "abafa", teria goleado por cinco ou seis gols. Ou mais. E o fato de o time do Parque São Jorge ter se dado o luxo de poupar o adversário nos dois jogos configura humilhação ainda maior para o outrora autoproclamado "soberano" time tricolor. O Corinthians disputou essas partidas como uma equipe obrigada a cumprir as duas últimas rodadas de um campeonato por pontos corridos depois de já ter comemorado o título. Foi como se pudesse levantar o troféu com dois empates mas o rival era tão ruim que os gols saíram naturalmente, repito, sem esforço. No mais, parabéns ao Tite. Ele merece (muito).

Juan: o pior de todos os tempos
Quanto ao São Paulo, após seis derrotas seguidas e nove jogos sem vencer, até o mais otimista dos otimistas admite que a perspectiva a curto e médio prazo é a pior possível. No sábado, enfrenta o embalado Cruzeiro, quarto colocado na tabela do Brasileirão, que goleou o Náutico na última rodada. Depois, os comandados por Paulo Autuori enfrentam o... Corinthians - e novamente no Pacaembu. Ficou com dó? Calma, tem mais. Logo após essas duas pedreiras (com previsível possibilidade de derrotas), o time embarca para Munique, na Alemanha, para disputar a Copa Audi, torneio amistoso. E sabe quem é o primeiro - e, com certeza, único - adversário? O Bayern. Atual campeão europeu. Treinado por Pep Guardiola. Sim, o São Paulo, que perdeu bisonhamente para Goiás, Bahia e Vitória e só assistiu Santos e Corinthians derrotá-lo tranquilamente irá enfrentar o Bayern de Schweinsteiger com Lúcio, Tolói, Denilson, Ganso, Juan e Douglas. O que só confirma o alerta que fiz logo após o show de bola sofrido na goleada por 4 a 1 para o Atlético-MG, na eliminação da Libertadores: "A derrota de ontem não será o último vexame de 2013. Já que o clube é o da fé, vamos rezar muito". Não sei se o Bayern terá a mesma cordialidade do Corinthians. A iminência de um vexame épico é mais do que plausível.

Ps.: Segundo o blog de Paulo Vinicius Coelho, o São Paulo não perdia seis vezes seguidas desde 1936, primeira temporada após sua refundação. Naquele tempo, dois anos antes da fusão com o respeitado Estudantes, da Mooca, o Tricolor era um catado de jogadores medíocres, sem campo para treinar ou mandar jogos e nem local para se concentrar - o que às vezes só ocorria, por misericórdia, na torre da Igreja da Consolação, pois o padre era sãopaulino. Era um verdadeiro saco de pancadas, considerado inferior à Portuguesa e anos-luz atrás de Corinthians, Palestra Itália e Santos (terminou o Paulistão de 36 em oitavo e o de 37 em sétimo). Só viraria "gente grande" na década seguinte, após a chegada de Leônidas da Silva e a conquista de cinco títulos paulistas. Mas hoje, 77 anos depois, o São Paulo revive e regride à fase quixotesca de seu início. Parabéns, Juvenal Juvêncio. Você conseguiu.



(Fotos: Rubens Chiri/ SPFC)

quarta-feira, julho 17, 2013

Cachorradas nos batalhões

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Pichação 'Dilma sapata' em estrutura metálica da Praça do Patriarca, em São Paulo: feita no mesmo protesto em que gritavam contra Marco Feliciano e o projeto da 'cura gay'

"Há, em qualquer brasileiro, uma alma de cachorro de batalhão. Passa o batalhão e o cachorro vai atrás. Do mesmo modo, o brasileiro adere a qualquer passeata. Aí está um traço do caráter nacional." - Nelson Rodrigues
Sim, as manifestações de rua são livres e justas. Estamos num regime democrático. Mas é claro que, se o Stanislaw Ponte Preta (pseudônimo do finado escritor Sérgio Porto) ainda existisse, teria reunido farto material para mais duas ou três edições do "Febeapá - Festival de Besteiras que Assola o País". Abaixo, relato cinco fatos presenciados por mim que justificam a "alma de cachorro de batalhão" descrita por Nelson Rodrigues - ou que simplesmente ilustram a expressão "vergonha alheia":

1 - Em manifestação tipicamente "contra tudo e contra todos", no dia 1º de julho, um grupo de mais ou menos 100 jovens e adolescentes marchou do Largo da Batata até a Assembleia Legislativa de São Paulo. E exibiu orgulhosamente, para os deputados ESTADUAIS, uma faixa de uns 10 metros de comprimento com os seguintes dizeres: "FORA RENAN";

Faixa protestando contra Renan Calheiros: é possível até que os deputados estaduais se sensibilizem com a causa, mas talvez fosse mais produtivo se eles atuassem no Congresso Nacional...


2 - No mesmo protesto, lideranças de dois grupos formados em redes sociais - um era "Basta não-sei-o-quê" e outro, "Corrupção não-sei-das-quantas" - brigavam no megafone pelo comando dos manifestantes. Uns queriam que o grupo marchasse até a Avenida Paulista, outros, para a 23 de maio. Nisso, os que seguravam a faixa "Fora Renan" começaram a gritar: "23 NÃO VOU! 23 NÃO TEM METRÔ!";

3 - Passeata dos médicos, dia 16 de julho, reuniu diversos profissionais brandindo no ar, como se fossem cartazes, CAPAS DO JORNAL O ESTADO DE S.PAULO...

4 - Um amigo me conta que, no Rio de Janeiro, um grupo queria marcar uma manifestação na orla de Copacabana. E a principal discussão, entre os "organizadores", era sobre o ponto de encontro: qual posto seria melhor para, após o protesto, PEGAR UMA PRAIA.

5 - Numa postagem em rede social, alguém comenta orgulhosamente que estas são "as maiores manifestações de rua do Brasil em todos os tempos". Outra pessoa discorda e observa que talvez não tenham sido maiores que o comício das Diretas na Praça da Sé, em 1984, ou a Passeata dos 100 mil, no Rio, em 1968. O que deu margem para réplicas acaloradas e raivosas, dizendo, por exemplo, que o movimento Diretas Já não existiu (!) - "Foi invenção da mídia!" - ou que, melhor ainda, "MANIFESTAÇÕES IGUAIS A ESTAS SÓ EXISTIRAM NA INDEPENDÊNCIA DO BRASIL". Este comentário teve dezenas de pessoas curtindo/apoiando...


Propaganda de um filme pega carona nos 'Anonymous' que proliferaram pelos protestos Brasil afora - e o slogan 'o gigante acordou' remetia a uma campanha publicitária de uísque


segunda-feira, julho 15, 2013

Ameaça de rebaixamento em 5, 4, 3, 2...

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Autuori: pior que o time do Vasco, só o São Paulo
Paulo Autuori pulou da panela pra cair no fogo. Se o treinador considerou uma real possibilidade de rebaixamento para sair do Vasco, agora já deve ter percebido que a situação não é menos crítica no São Paulo. Com um jogo a mais em relação aos adversários (adiantou o confronto com o Bahia para poder viajar e disputar a Copa Suruga, no fim do mês), o Tricolor do Morumbi tem míseros 33,3% de aproveitamento, com apenas 8 pontos em 24 disputados, e já contempla a zona de rebaixamento como campo de batalha nos próximos meses. Afinal, ainda nem enfrentou Coritiba, Botafogo, Cruzeiro e Internacional, quatro dos cinco melhores times do campeonato até aqui. A derrota para o Vitória por 3 a 2, em Salvador, foi a terceira seguida no torneio - e a quinta em sequência se considerarmos o amistoso com o Flamengo e a primeira partida da decisão da Recopa contra o Corinthians. Queda livre em um abismo que nem chegou ao meio...

A realidade é assustadora. Tirando Rogério Ceni, Jadson e Osvaldo, nenhum outro atleta tem condições de ser titular do São Paulo. Ganso e Luís Fabiano só estão "jogando" com o nome. Aloísio, Rodrigo Caio e Denílson são perfeitos como reservas, para completar elenco - bem como Roni, Caramelo, Silvinho, Ademilson e Lucas Evangelista. Todos os outros poderiam rescindir contrato JÁ, IMEDIATAMENTE (ou melhor, nunca deveriam ter sido contratados): Lúcio, Edson Silva, Rafael Tolói, Maycon, Fabrício, Juan, Douglas, Lucas Farias, João Schmidt, Alan. Sobre o contundido Negueba, que nunca jogou, e o recém-contratado Clemente Rodríguez, que entrou em uma só partida, não dá pra opinar. E Wellington e Rhodolfo parece que já estão vendidos, graças a Deus! Ou seja: Paulo Autuori tem oito posições para preencher no time titular. OITO! O São Paulo vai de mal a pior e o técnico não tem zagueiros, nem volantes, nem laterais. Quando eu digo "não tem" significa NÃO TEM. Ninguém. Nenhuma opção. Nenhuma saída.

Começo a compreender o que os palmeirenses sentiam no Brasileirão 2012: DESESPERO.


Merval Pereira, o trabalhador, as manifestações e o que isso tem a ver com a democratização da comunicação

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Quem cantou a bola foi o Azenha nesse post do Viomundo. De fato, a conversa entre o “imortal” Merval Pereira e Carlos Alberto Sardenberg é daquelas memoráveis pelo que nem dá pra chamar de “atos falhos”, já que a opinião do membro da ABL já foi emitida, de outras formas, em ocasiões diversas.
O áudio está aqui, mas selecionamos os “melhores momentos”:

Sardenberg – As centrais sindicais tentaram pegar uma carona nessa onda de manifestações mas não se deram muito bem não, né?
Meval – Não, não, ficou muito claro que a capacidade de mobilização delas é menor do que a capacidade de mobilização das redes sociais. E também a adesão popular foi nula, praticamente. Porque também as reivindicações eram coisas muito específicas da classe trabalhadora, né? Jornada de 40 horas, fim do fator previdenciário, esse tipo de coisa que só mexe com quem está com esse problema, né?


Bom, primeiro que dizer que as centrais “quiseram pegar carona” dá a sensação de que o sindicatos não fazem mobilizações. Talvez porque a falta de cobertura da mídia tradicional dê uma impressão errada. As centrais fizeram, por exemplo, uma marcha no mês de março que reuniu 50 mil pessoas, ou 25 mil, de acordo com a PM, em Brasília. 

Para efeito de comparação, a mais vistosa manifestação em Brasília durante o mês de junho teve um público calculado de 30 mil pessoas, bem próximo ao da Marcha, que não depende de “onda” alguma, como sugere o comentarista da CBN. Mas talvez ele não tenha sabido da existência do evento. Busque no Google as referências a respeito na velha mídia, talvez não ache nada nas primeiras páginas. Mas você vai encontrar, fácil, fácil, cobertura de protestos “contra a corrupção” ou similares que reuniram 50, 100, 200 pessoas no máximo.

Mas o “melhor” momento é quando Merval fala que as reivindicações eram “coisas muito específicas da classe trabalhadora”. Ou seja, como o trabalhador, pelo silogismo mervaliano, não é “povo”, suas bandeiras não interessam ao resto da sociedade. Claro, o fator previdenciário não interfere em nada na rotina de quem ainda vai ingressar no mercado de trabalho, se isso não for explicado para ele. E os veículos tradicionais certamente não vão fazer questão de debater e explicar isso para a população. O mesmo vale para a jornada de 40 horas e outros pontos que precisam de debate e pressão popular (isso inclui trabalhadores, Merval) para fazerem parte da pauta do Congresso.

Sardenberg – Agora, por outro lado, quando a gente tinha feito aqui entrevista com sociólogo... O Renato Meirelles, do Datapopular, por exemplo, chamava a atenção que nas manifestações de junho você via classe média, né? Ele disse que era preponderantemente manifestações de classe média. Ontem não, ontem já tinha trabalhador, tinha mais negros, cara aí de trabalhador e tal.
Merval – O balanço é ruim pro governo, né, porque as reivindicações dos trabalhadores são em cima do governo, as reclamações são contra o governo, e as outras da classe média também foram contra o governo. Tem um problema sério que assim como rejeitaram os partidos políticos, também as centrais foram rejeitadas, a UNE, o MST. Quer dizer, nenhum tipo de organização formal está conseguindo capitalizar, cooptar, organizar a insatisfação na sociedade. Isso é que é preocupante, porque você tem que ter canais organizados para que essas inquietações sejam solucionadas dentro da normalidade, dentro da ordem pública e das instituições que existem.

Significativa a conclusão de que o balanço é ruim pro governo, porque “as reivindicações dos trabalhadores são em cima do governo, as reclamações são contra o governo, e as outras da classe média também foram contra o governo”. É evidente que o governo (federal) é alvo, mas não só ele. Antes que se esqueça disso na próxima esquina, o estopim dos protestos foi a questão do aumento da tarifa em inúmeras cidades e o que levou muito mais gente à rua em um segundo momento foi a indignação contra a violência policial em muitos locais. Ou seja, estamos falando de questões da alçada de prefeituras e governos estaduais.

Quanto às questões da pauta das centrais, a maior parte depende sim do empenho do governo, que se omite em boa parte desses pontos. Mas é o Congresso o campo principal dessas batalhas. O mesmo Congresso que, quando finge ouvir a voz das ruas, na verdade reage em relação à pressão da narrativa imposta pela mídia oligopolizada. Narrativa esta que é representada por Merval, praticamente aquele tradutor da voz dos donos que chega e diz “olha, se você não entendeu o que nossa linha editorial por meio do nosso noticiário quis dizer, eu explico”.

Aí sim o governo tem uma responsabilidade brutal. É a concentração midiática, questão praticamente intocada durante anos do governo Lula e também no governo Dilma, que permite que um poder que não se vê na maior parte dos países do mundo conte a História sem ouvir, por exemplo, os trabalhadores. Essa é, ou deveria ser, a pauta principal, a luta pela democratização da comunicação (que não tem a ver com censura, como muitos querem fazer crer).

E, talvez, essa luta já comece também a ganhar as ruas. Afinal, ao contrário do que diz o comentarista, não foram as centrais, o MST e UNE “rejeitados” nas manifestações, mas sim a Globo, alvo de protestos dos mais diversos, tanto meio às grandes concentrações de junho como agora, em eventos voltados especificamente para a democratização da comunicação. Uma batalha que certamente não será televisionada pelos canais de sempre.

domingo, julho 14, 2013

Sem meio nem estabilidade, Corinthians perde dos reservas do Galo

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Hoje não deu pro Pato, nem aqui, nem
acolá (Eduardo Viana/LancePress)
A enorme e variada lista de contusões no meio-campo cobrou seu preço neste domingo, quando o Corinthians perdeu para os reservas do Atlético MG em pleno Pacaembu. A completa falta de toque de bola no que deveria ser o setor pensante do time é sem dúvida a causa técnica para a derrota. Mas não é desculpa para um resultado tão vexaminoso.

Não que o time enviado a campo pelos mineiros seja tão ruim assim. Tinha, Réver, o goleiro Vitor, que fez umas três belíssimas defesas, Guilherme, autor do salvador gol de quarta-feira, por exemplo. E Bernard, que deu hoje o passe para Rosinei marcar o gol da vitória do Galo, marcando mais um ponto para o espírito dos ex-jogadores contra seus times passados. O gol contou ainda com uma marcação frouxa de Edenílson sobre o selecionável atleticano e uma cochilada imperdoável de Paulo André na pequena área.

Sem Douglas, Danilo, Renato Augusto e Emerson, A linha de três no meio campo foi formada por Ibson, Pato e Romarinho, Guerreiro na centravância. Em linhas gerais, o Galo se defendeu e explorou contra-ataques e o Corinthians tentou, tentou e tentou marcar o seu.

As melhores chances estiveram nos pés de Romarinho, que tem uma deficiência crônica no arremate. Pato, que destruiu contra o Bahia, não encaixou dois bons jogos em sequência, perdeu duas chances e foi homenageado às avessas pela torcida.

Sequência, aliás, parece ser algo impensável para o Corinthians neste ano da graça de 2013. Novos jogadores, contusões a granel e Tite que se vire. Ainda é cedo, o Brasileirão é longo. Mas sem estabilidade, não se disputa campeonato de pontos corridos.

quinta-feira, julho 11, 2013

O milagre cai duas vezes no mesmo lugar

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Quando o Tijuana foi bater o pênalti que desclassificaria o Galo nos acréscimos do segundo tempo, pensei comigo que a história de chegar muito perto de um título importante e ser derrotado aconteceria novamente. Pessimismo de quem se tornou atleticano para sempre na derrota para o São Paulo, no Brasileiro de 1977, na derrota nos pênalties.

Ontem à noite, o garoto de 12 anos voltou. À época, em março de 1978, a certeza da vitória. Hoje, décadas depois, mais calejado, com o pessimismo que a vida ensinou, novamente esperava o momento em que tudo daria errado. Não deu. Mesmo depois de Jô e Richarlyson errarem suas cobranças. Por incrível que pareça os argentinos também perderam. E de novo estava lá o goleiro Victor para fazer mais um milagre no momento decisivo, contra o craque do Newell´s Old Boys, na última cobrança.

Confesso que as visitas aos cardiologistas nos últimos anos e os remédios tomados cotidianamente para controlar a pressão funcionaram. O coração resistiu mais uma vez.

E resistiu num jogo tenso o tempo todo. O começo, com o gol de Bernard logo aos 3 minutos, foi enganoso.  O bom time argentino encaixou a marcação e sempre levou perigo com os atacantes Scocco e Maxi Rodriguez. O Galo teve boas chances com Bernard e Josué, mas o gol não saía. E nem adianta reclamar de dos pênalties não dados pelo juiz. Não vão marcar nada a favor de time brasileiro este ano mesmo.

Mas no segundo tempo o Atlético entrou visivelmente nervoso, errou demais, teve sorte de não tomar um gol e só reagiu a partir das mudanças de Cuca, com as entradas de Luan, Alecsandro e Guilherme. E a participação do ex-cruzeirense foi tão decisiva quanto a queda da luz. Finalizou bem uma primeira vez e a bola passou perto da trave. No segundo chute, fora da área, fez o gol mais decisivo de seus dois anos no Galo. O resto é história. Como foi histórico o apagão dos refletores. A luz voltou e o time se iluminou novamente nos minutos finais (não resisti ao trocadilho).

Por último, quem vive falando do azar do Cuca é bom mudar o lado do disco. Mesmo que perca a final (mangalô três vezes), não pode ser chamado de azarado depois de seu time se classificar duas vezes da forma como fez. Que venga el Olimpia. Por precaução, vou dobrar a dose dos remédios.

O fundo do poço pode ser BEM mais fundo do que parece

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Luís Fabiano foi chamado de 'pipoqueiro' pela torcida. E agradeceu! (Foto: Leonardo Soares/UOL) 

No dia 9 de maio, depois de o São Paulo ser eliminado da Libertadores com uma goleada de 4 a 1 para o Atlético-MG (que saiu barato, em vista do volume de jogo do adversário), eu alertei aqui no Futepoca:
"Não sejamos ingênuos, sãopaulinos. A derrota de ontem não será o último vexame de 2013."
Dito e feito: ontem, o time quebrou mais um recorde ao completar, pela primeira vez em sua história, quatro derrotas seguidas em pleno Morumbi. E perdeu - de virada - para o Bahia, clube que enfrenta crise administrativa e é comandado atualmente por um presidente interino indicado pela Justiça. A diminuta torcida do Bahia presente ao estádio encerrou a partida aos gritos de "Olé! Olé! Olé!". E o time comandado interinamente por Milton Cruz só não levou mais gols pela falta de pontaria dos baianos em alguns lances.
"O São Paulo é um time de vagabundo, né, vamos dizer. Porque tem jogador lá que não merece usar a camisa do São Paulo."
Esta frase, dita pelo ex-jogador sãopaulino Haroldo Cristofani, 79 anos, em entrevista ao jornal Lance! (e que reproduzi aqui no blog no dia 3 de julho), resume muito bem o que é o time sãopaulino, hoje em dia. Não vou mais gastar palavras sobre a qualidade técnica do elenco. Pra mim, tirando Jadson e Osvaldo, nenhum outro é imprescindível. Falo, agora, sobre a POSTURA dos jogadores. Ficou nítido, contra o Goiás, o Corinthians, o Santos e o Bahia que os profissionais do São Paulo NÃO QUEREM jogar bola.

Porque, por mais grossos e limitados que sejam, nada justifica ANDAR em campo os 90 minutos, como quem aguarda o tempo passar, com certo enfado e impaciência. Nada justifica tantos passes errados, tantos passes de lado, para trás, tantos chutes a esmo, ridículos. Ninguém que chega a um time do porte do São Paulo é tão ruim nesse nível (tudo bem, É ruim; mas não tanto!). E esse é o maior perigo: o elenco jogou a toalha. Todos, ali, só estão esperando uma transferência. O São Paulo NÃO é o projeto deles.

Exemplo maior: Luís Fabiano, que quase não pegou na bola, tomou dois cartões amarelos e, pra NÃO variar, foi expulso. Certa vez, o camarada Glauco observou muito bem que o São Paulo tem "muita cobra criada". É verdade. Além de Luís Fabiano, Lúcio e Rogério Ceni têm o perfil de quem não vai acatar ordem nenhuma, nem de treinadores e nem da direção do clube. Para eles, o currículo e o salário servem como licença para fazerem o que quiserem - quando e SE quiserem. O resto do time é apenas fraco. Limitado.

Gol do Bahia. Rogério Ceni é uma das 'cobras criadas' do time. (Foto: Leonardo Soares/UOL)

O panorama, este ano, é muito mais preocupante do que nas quatro temporadas anteriores. Porque já deu para perceber que a situação do São Paulo não é "má fase", "crise temporária". É crônica! Estamos em julho, a apenas cinco meses do fim do ano, e não existe "time". Num campeonato como o Brasileirão, perder pontos dentro de casa para Goiás e Bahia pode custar muito caro no final. Leia-se: rebaixamento.

Exagero? Pois lembremos que, em 2013, o São Paulo venceu apenas UM jogo importante, os 2 a 0 contra o Atlético-MG no Morumbi, pela fase de grupos da Libertadores. Mas, convenhamos, o adversário já estava classificado e encarou como jogo-treino, tirou o pé totalmente. Na Libertadores, o São Paulo foi derrotado TODAS AS VEZES que jogou fora de casa. No Paulistão, na primeira fase, o time perdeu para Corinthians e Santos e empatou com o Palmeiras. Ou seja, só venceu os times pequenos, do interior.

E caiu na semifinal - sem que o adversário fizesse força. Assim como na primeira partida da decisão da Recopa, quando o Corinthians também não fez esforço algum para vencer dentro do Morumbi. Agora, assim como na Libertadores, quando foi enfrentar o Atlético-MG no estádio Independência, o São Paulo corre o risco de ser goleado mais uma vez nessa partida de volta, dentro do Pacaembu, dia 17. Será uma derrota que a torcida não vai perdoar, como cartão de "boas vindas" para o técnico Paulo Autuori. Que, com certeza, vai ouvir gritos de "É Muricy!" até o dia de sua demissão, mais do que previsível. 

Torcida do São Paulo, chegou a hora de ter mais fé do que nunca. Porque, com esse time aí, a perspectiva de mudança é quase nula. E o fundo do poço pode ser bem mais fundo. Palmeirenses sabem disso.


quarta-feira, julho 10, 2013

15 motivos para os rivais gritarem 'Juvenal eterno!'

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Paulistão de 1990 ainda causa polêmica: 'herança' de Juvêncio
No dia 23 de abril de 1990, Juvenal Juvêncio encerrou seu primeiro mandato como presidente do São Paulo Futebol Clube, iniciado dois anos antes. No período, conquistou um mísero Campeonato Paulista e um vice-campeonato brasileiro, ambos em 1989. Mas sua "herança" foi bem pior. Duas semanas antes de deixar a presidência do clube, Juvêncio derrubou o técnico Carlos Alberto Silva, após uma derrota por 2 a 0 para o Palmeiras, no Paulistão. Começava ali uma sequência de 17 jogos (8 vitórias, 6 empates e 3 derrotas) - 10 partidas comandadas pelo interino Pupo Gimenes e 7 pelo novo treinador Pablo Forlán - que marcaria uma das piores campanhas do São Paulo no campeonato estadual em todos os tempos e que causa polêmica até hoje - se deveria ou não ter sido rebaixado.

Juvenal pegou carona nas glórias de Gouvêa
Pois bem. O tempo passou e, em 2003, Juvenal Juvêncio voltou à cúpula do clube, como diretor de futebol. O sucesso da gestão de Marcelo Portugal Gouvêa, com as conquistas do Paulistão, da Libertadores e do Mundial de 2005 credenciaram Juvêncio a voltar à presidência, em abril de 2006. Antes de sair, Gouvêa deixou Muricy Ramalho como técnico, que seria o principal responsável pelo tricampeonato brasileiro conquistado entre aquele ano e 2008. O São Paulo tinha um bom elenco, havia recuperado seu prestígio com duas conquistas internacionais, conseguia fazer bons negócios aos vender e comprar jogadores, estava com dinheiro em caixa e, praticamente, já dava como certo o Morumbi sediar jogos da Copa de 2014. Mas "havia um Juvenal Juvêncio no meio do caminho...". E, a partir de sua reeleição, em abril de 2008, as coisas começaram a mudar (para muito pior) no clube.

Abaixo, 15 besteiras cruciais de Juvêncio nos últimos anos, que afundaram o São Paulo e fizeram os rivais gargalharem com a campanha "Juvenal eterno!":

1 - Briga no "Clube dos 13" (2007) - Pensando ter mais poder do que de fato possuía, Juvenal Juvêncio comandou uma insurreição para tentar mudar o estatuto do "Clube dos 13", grupo de grandes clubes brasileiros criado em 1987. Juvenal fez com que São Paulo, Atlético-MG, Botafogo, Cruzeiro e Flamengo comunicassem que, a partir de outubro de 2007, atuariam em bloco dentro do grupo. Excluído, o Corinthians aproveitaria discordâncias no pagamento de cotas de TV, em 2011, para sepultar o "Clube dos 13". Antes disso, Juvenal arruinaria as chances de o Morumbi sediar jogos da Copa de 2014 ao apoiar Koff numa eleição do "Clube dos 13" contra Kléber Leite, o candidato de Ricardo Teixeira, da CBF. Ou seja, o São Paulo não ganhou nada com isso. Só inimigos. E derrotas.

2 - Briga com a Federação Paulista (2008) - Reeleito presidente do São Paulo, Juvenal Juvêncio decidiu brigar com o presidente da FPF, Marco Polo Del Nero. A primeira confusão ocorreu na semifinal do Paulistão de 2008. Juvenal não queria jogar no Parque Antartica (o jogo do controverso episódio do gás). Depois, em dezembro, Del Nero enviou à CBF denúncia de um suposto esquema de favorecimento ao São Paulo contra o Goiás, pela última rodada do Brasileirão (o chamado “caso Madonna”). Brigado com a FPF, Juvêncio iniciou o isolamento político que culminou na exclusão do Morumbi da Copa de 2014.

3 - Politicagem para o lado errado (2008) - Após as eleições municipais, em 2008, Juvenal chamou o vencedor Gilberto Kassab para entregar uma camisa do clube com a porcentagem de votos obtida por ele. Foi um "tapa na cara" da candidata derrotada Marta Suplicy e do PT - e um afago no então governador José Serra (PSDB), de quem Kassab era pupilo. Resultado: nem Serra nem Kassab fizeram as obras de mobilidade que poderiam garantir o Morumbi na Copa. E o PT se aproximou do Corinthians.

4 - Perda de bilheteria no Morumbi (2009) - Chateado com a iniciativa do São Paulo de disponibilizar apenas 10% da carga total de ingressos para o Corinthians em um Majestoso disputado no Morumbi, em fevereiro, o presidente do clube alvinegro, Andrés Sanchez, decidiu não mandar mais jogos no estádio. Logo depois, o Palmeiras tomaria a mesma atitude. Com isso, além de perder somas consideráveis com o aluguel do estádio aos dois rivais, Juvenal Juvêncio isolou ainda mais, politicamente, o São Paulo.

5 - Demissão de Muricy Ramalho (2009) - Tudo bem que é difícil segurar um técnico depois de seu quarto fracasso consecutivo na Copa Libertadores. Mas Muricy era tricampeão brasileiro (com responsabilidade fundamental nestes sucessos) e cumpria outras importantes funções: valorizava/revelava jogadores e indicava/barrava contratações, impedindo/consertando besteiras de Juvenal. Muricy seria campeão brasileiro pelo Fluminense e paulista e da Libertadores pelo Santos. O São Paulo, nada disso.

6 - Baciada de "reforços"/refugos (2010) - A confirmação de que Muricy freava a insanidade de Juvenal veio no início da temporada seguinte, quando, sem consultar a comissão técnica, o clube trouxe 11 "reforços" (um time inteiro!). A maioria nunca justificou o investimento: André Luis, Xandão, Alex Silva, Rodrigo Souto, Carlinhos Paraíba, Léo Lima, Marcelinho Paraíba, Fernandinho, Cléber Santana, Cicinho e Fernandão. O "balaio" sepultou a intenção do técnico Ricardo Gomes de definir um time titular.

7 - Arouca no Santos (2010) - Nessa leva de transações feitas "na baciada", Juvenal Juvêncio cometeu um dos maiores desatinos do futebol brasileiro em todos os tempos: entregou o volante Arouca, que tinha feito um ótimo Brasileirão em 2009, para o Santos - em troca do também volante Rodrigo Souto (!). Resultado: Arouca foi uma peça fundamental do time santista tricampeão paulista, campeão da Copa do Brasil e da Libertadores. E tem sido convocado para a seleção. Outra burrice foi ter liberado Jean para o Fluminense. Foi campeão e considerado um dos melhores volantes do Brasileirão de 2012. E também está na seleção. 

8 - Perda do craque Oscar (2010) - Enquanto investia dinheiro alto em uma dúzia de "craques" como Cléber Santana, Léo Lima e Marcelinho Paraíba, o São Paulo deixava de valorizar suas jóias. No fim de 2009, início de 2010, sem perspectivas de chegarem ao time de cima, quatro jogadores das categorias de base entraram na Justiça para pedir rescisão de contrato. Entre eles, o meia Oscar, que foi para o Internacional e acabou vendido ao inglês Chelsea por R$ 80 milhões. Ah, e é titular da seleção brasileira.

9 - Morumbi fora da Copa (2010) - Essa foi a derrota mais sonora de Juvenal Juvêncio nos bastidores (porque, dentro do campo, foram tantas de 2009 para cá que ficaria extenso compilar). Oficialmente, a Fifa descartou o estádio por falta de "garantias financeiras". Mas, como exposto antes, ficou claro que a briga de Juvenal com a Federação Paulista, com o "Clube dos 13" e com a CBF foram preponderantes para o clube perder o que parecia certo. Pior: o rival Corinthians ganhou um estádio novo e sediará jogos da Copa, inclusive a abertura.

10 - Reforma do estádio emperrada (2010-2015) - Juvenal tinha tanta certeza de sediar jogos da Copa no Morumbi que engatou um plano de reforma total do estádio. Na cabeça dele, com certeza entraria dinheiro do governo federal - e alguma coisa da Prefeitura e do governo estadual. Deu com os burros n'água e, hoje, enquanto assiste os rivais Corinthians e Palmeiras construírem casas novas e modernas, não tem de onde tirar R$ 300 milhões para prosseguir com uma reforma da qual não tem mais como voltar atrás.

11 - Golpe no estatuto do clube (2011) - Com a desculpa de que precisaria ser mantido no poder caso o Morumbi sediasse jogos da Copa de 2014, Juvenal articulou um golpe para permitir seu terceiro mandato como presidente do São Paulo. Em fevereiro de 2011, a oposição conseguiu uma liminar para impedir a votação no âmbito do Conselho, pois qualquer mudança estatutária só poderia ocorrer por meio de uma Assembléia Geral. Juvenal aprovou o golpe e venceu na Justiça, consolidando sua "ditadura" no clube.

12 - Debandada de profissionais (2010-2011) - A "dinastia" Juvêncio também afastou vários profissionais do São Paulo. Em julho de 2010, o fisiologista Turíbio Leite de Barros, que estava no clube há 25 anos, foi demitido. Em dezembro do mesmo ano, foi a vez do preparador físico Carlinhos Neves ser dispensado (hoje é um dos responsáveis pelo time do Atlético-MG estar "voando baixo"). Logo em seguida, em janeiro de 2011, Marco Aurélio Cunha pediu demissão do cargo de superintendente de futebol. Já em abril de 2013, o clube demitiu o fisioterapeuta Luiz Rosan, um dos criadores do Reffis, núcleo de reabilitação de ponta. O último foi o vice-presidente administrativo, Ricardo Haddad, que pediu demissão para apoiar Marco Aurélio Cunha. 

13 - Má escolha e fritura de técnicos (2009-2013) - Quando Muricy saiu, a escolha de Ricardo Gomes mostrou que, a partir dali, Juvenal só apostaria em técnicos "dóceis". Gomes não teve voz para impedir a "baciada" de contratações que inviabilizou seu trabalho. Para o seu lugar, veio o "funcionário" Sérgio Baresi, que recebia ordens até do Rogério Ceni. Depois, Carpegiani, que teve que engolir Rivaldo, outra contratação unilateral de Juvenal. Adilson Batista chegou - e saiu - sem respaldo. Aí ressuscitaram Leão, desautorizado publicamente no "caso Paulo Miranda". E Ney Franco, que aceitou calado os sete expurgos de Juvenal.

14 - Expurgo e desvalorização de jogadores (2013) - Depois de eliminações seguidas em duas competições (Paulista e Libertadores), em maio de 2013, Juvenal baniu sete jogadores do São Paulo. Entre eles, o até então titular Cortez, que custou R$ 7 milhões e, depois do expurgo, deverá ser vendido por R$ 5 milhões ao português Benfica (sendo que, no fim de 2012, teve oferta de R$ 19,5 milhões do ucraniano Metalist, recusada por Juvenal). Cañete, que custou R$ 4,7 milhões, foi emprestado à Portuguesa.

15 - Desperdício de dinheiro (2010-2013) - Somente nas últimas quatro temporadas, Juvenal trouxe 28  jogadores (sem contar o recém-chegado Clemente Rodríguez), por um custo estimado em R$ 91,9 milhões. A despesa com contratações subiu de R$ 18 milhões, em 2010, para R$ 68,6 milhões em 2012, de acordo com o balanço do clube. Em 2011, o custo foi de R$ 57,7 milhões. Paulo Henrique Ganso, contatado por R$ 24 milhões, não é nem sombra do que era em 2010. E nem merece ser titular. Luís Fabiano, que custou R$ 20 milhões, não teve proposta nem de R$ 15 milhões para sair. Só por causa disso, ficou.

Fora esses erros, ainda há o "estilo Juvenal Juvêncio" de ser. Falastrão, arrogante, preconceituoso, ridículo. O que também ajuda a entender a quantidade de bobagens feitas em sua administração e a velocidade com que conseguiu transformar o São Paulo de melhor do país em motivo de piada. Em abril de 2010, Juvenal afirmou que o time do Santos era "de médio para pequeno" (sim, o Santos que estava dando show naquela época, com Neymar, Ganso e Robinho, e que eliminaria o São Paulo por três anos seguidos na semifinal do Paulistão). Em outra ocasião, "matou" Ricardo Teixeira, dizendo que tinha posições contrárias a ele "quando ele estava vivo" (detalhe do mau gosto: Teixeira está doente). Seu preconceito também se direcionou ao estádio do Corinthians: "Para você chegar lá (Itaquera) precisa chamar o corpo de bombeiros. Se você pega a Angela Merkel, da Alemanha, ela não chega lá. Se tiver de sair, também não sai". Em 2011, tentou ofender Andrés Sanches dizendo que seu problema era "o mobral inconcluso". E voltaria à carga em 2012, chamando-o textualmente de "analfabeto".  Mas foi aí que o ex-presidente do Corinthians colocou Juvenal em seu lugar, ao recordar que "ele era presidente da Cecap em um escândalo de anos atrás". Juvenal foi dirigente da companhia habitacional Cecap (atual CDHU) quando Laudo Natel era governador - e essa foi sua ponte para alçar vôo no São Paulo. Naquela época, dizem que Natel usou recursos públicos para terminar o Morumbi.

Bem, é claro que todos os cartolas, de todos os times, erram. E que Juvenal Juvêncio teve seus méritos no São Paulo. Mas os 15 tópicos acima ajudam a entender como o clube despencou tão vertiginosamente dentro de campo, nos últimos anos. Juvenal representa o que existe de mais atrasado, centralizador, prepotente, preconceituoso, arrogante e reacionário no futebol brasileiro. É por isso que o São Paulo, hoje, é isso que está aí. E não vai adiantar mudar técnico nem jogadores. FORA, JUVENAL!

terça-feira, julho 09, 2013

Jornalistas, uni-vos contra o autoritarismo do governo Dilma Rousseff

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(Luiz Filipe Barcelos/ UnB Agência)

Atenção, jornalistas!
A gente precisa fazer alguma coisa urgente!
Já pensaram se a ditadora da presidenta Dilma resolve obrigar todo jornalista recém formado a trabalhar por dois anos na EBC, ganhando R$ 10 mil por mês?
Onde vamos parar, categoria?
Precisamos nos unir aos médicos antes que essas medidas totalitárias também atinjam a nós!!!!!!!!


(Via Vinicius Souza)

domingo, julho 07, 2013

Deu Claudinei Oliveira no duelo de interinos OU Problema do São Paulo não é o técnico

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Durval levou a melhor sobre Luís Fabiano (Ivan Storti/LANCEPress)
O Santos conseguiu uma boa vitória por 2 a 0 contra o São Paulo, fora de casa, e mostrou que pode ser uma boa insistir no técnico interino Claudinei Oliveira (ou transformá-lo em auxiliar de um eventual novo treinador). Na segunda etapa, o treinador decidiu o jogo ao colocar em campo os garotos Giva - que abriu o placar - e Pedro Castro, somando-os a Leandrinho, Neilton e Gustavo Henrique. Este último anulou completamente o centroavante Luís Fabiano e comprovou que a nova safra de moleques da Vila pode, com alguma lapidação, mostrar resultados bem consistentes. Pontos positivos, também, para o goleiro Aranha, que impediu com duas defesas de cinema que o São Paulo abrisse o placar no primeiro tempo, quando teve o domínio da partida; e para Montillo, meia que teve lampejos dos bons tempos de Cruzeiro.

O São Paulo, derrotado novamente em pleno Morumbi (onde já havia perdido para o Goiás), mostrou que, definitivamente, seu problema não é treinador. Milton Cruz, que comandou interinamente o clube após a demissão de Ney Franco, na sexta-feira, até tentou imprimir um toque pessoal: colocou Ganso como ponta-esquerda e desviou Osvaldo para o lado oposto do ataque, com Jadson centralizado na armação e Luís Fabiano na frente. Foi triste ver Osvaldo perder todas as bolas para o veterano Léo e Ganso praticamente não pegar na bola, consolidando-se, cada vez mais, como um peso morto no time e candidato ao banco de reservas com todos os "méritos". Luís Fabiano e Osvaldo perderam gols feitos no primeiro tempo, Jadson perdeu outro no início da segunda etapa e o ditado "quem não faz, toma" prevaleceu...

Mas é gritante a RUINDADE do time do São Paulo. A zaga pesada, lenta e mal posicionada formada por Lúcio e Rhodolfo conseguiu tomar dois gols de cabeça de jogadores que não deveriam superá-los em estatura (pelo menos isso). Rodrigo Caio levou um baile na lateral-direita tricolor, de onde vieram os cruzamentos para os gols. Juan é NULO na lateral-esquerda. O volante Wellington está virando motivo de piada no meio. Denílson, Ganso e Luís Fabiano praticamente não entraram em campo. Aloísio, Maycon e Ademilson não servem sequer como opções no banco de reservas. O locutor radiofônico Nilson César definiu muito bem: Ney Franco fez milagres com esse time enquanto o comandou. Arrisco dizer que 80% dos atletas que ali estão não deveriam nunca ter vestido a camisa do São Paulo - nem em teste.

Qualquer um que venha, Paulo Autuori (o mais provável) ou Muricy Ramalho, terá um imenso "abacaxi" nas mãos. Porque terá que trocar toda a zaga: Lúcio, Rhodolfo, Tolói e Edson Silva são tenebrosos, absolutamente inaproveitáveis. Porque terá, além da (ainda) incógnita Clemente Rodríguez, Reinaldo (que era vaiado recentemente no Sport) e o grosso Juan na lateral-esquerda. Terá que ser virar com o hediondo Douglas e os esforçados Rodrigo Caio e Mateus Caramelo na lateral-direita. Porque suas "opções" como volantes são Denílson (mediano), Wellington (ruim), João Schmidt (fraco) e Maycon (lento e improdutivo). Porque será obrigado, como todos os antecessores, a escalar o NULO Paulo Henrique Ganso. Porque terá Aloísio, Ademilson, Lucas Evangelista, Roni e Negueba no banco, quando pensar em mexer no ataque.

Ou seja: pesadelo. E, enquanto Juvenal Juvêncio for o presidente, NADA mudará. Mais vexames virão. Mais "reforços" inúteis chegarão. E mais técnicos serão trocados, ao sabor dos inevitáveis fracassos.




Corinthians 2 x 0 Bahia: Pato aqui, Pato acolá

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No bar, a comemoração que ninguém entendeu fez
lembrar Scorpion e Bane (Rodrigo Coca/Fotoarena)
Alexandre Pato passou dez jogos sem marcar pelo Corinthians. Aí, voltou contra o Bahia e meteu logo dois golaços, mostrando qualidades diversas em cada um, e ratificando sua condição de vice-artilheiro da temporada até aqui. Terminou 2 a 0 o jogo, sem muitas chaces para os donos da casa e nem muito desgaste para os visitantes, como tem sido a tônica desse econômico (preguiçoso?) Corinthians.

Todas as menções elogiosas vão para Pato, que jogando na ponta esquerda mostrou mais vontade e a qualidade de sempre, aparecendo em todas as posições do ataque. Todas as jogadas perigosas do Timão passaram por seus pés, como o lançamento em que deixou Guerrero na cara do gol para limpar o zagueiro Titi (o mais difícil) e tocar sem muito jeito nas mãos de Marcelo Lomba.

A essa altura, Titi já havia feito um gol bem anulado pela arbitragem por impedimento, numa falta cobrada na área. Uma das poucas, bem poucas chances do Bahia.

Antes disso, Pato havia recebido lançamento de Guilherme, matado no peito tirando dois zagueiros e tocado na saída de lomba. Bateu na trave, mas voltou no pé de Pato, sem trocadilhos, que dessa vez não perdeu.

Também já tinha pego o rebote dado pela zaga do Bahia após uma interessante tabela do Timão pela direita, que Romarinho interrompeu com um lançamento meio tosco para a área. A zaga tentou cortar e ela veio direto para Pato, que enfiou uma de três dedos de primeira, no ângulo. Golaço.

Feita a conta, o Corinthians recuou e esperou. Teve mais três ou quatro chances claras de ampliar contra zero do adversário. Jogo tranquilo.

De negativo, e bota negativo nisso, Renato Augusto saiu de campo com suspeita de fratura no osso esquerdo da face, que já machucou antes. Fruto de divi
dida com o ex-alvinegro Souza, que escolheu a pior forma possível para manter a sina de ex-jogadores que ferram seu time antigo.

Junte com as contusões de Danilo e Douglas - esta fruto da cavalice do sãopaulino Welington - e resta ao Timão o recém-chegado Ibson para jogar no meio-campo. Um problema, sem dúvida. Mas não maior do que a maldade dessa fase zicada de Renato, um bom meia que, com uma sequencia de alguns meses, fatalmente disputaria um lugar nas listas de Felipão, pelo menos como reserva de Oscar. Triste.