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por Vitor Nuzzi
Morreu Enzo Bearzot, técnico da seleção italiana de 1982, campeã mundial. Com quase 18 anos e praticamente só ligado em futebol naquele período, tive uma das primeiras grandes decepções esportivas ao ver a nossa seleção perder para a Azzurra, na chamada tragédia do Sarriá, referência ao estádio já demolido e que foi palco do Brasil 2 x 3 Itália em 5 de julho daquele ano. Só não digo que foi a primeira decepção porque, no ano anterior, tinha visto o São Paulo perder em casa a final do Brasileiro para o Grêmio, com um golaço do Baltazar (para nós, tricolores, um "baitazar", diria a piada infame).
Mas o óbito do treinador italiano é um bom pretexto para lembrar que aquele jogo teve duas e não uma só injustiça. É claro que o time comandado por Telê Santana era bem acima da média, com dois bons zagueiros (Oscar e Luisinho), bons laterais (Leandro e Júnior) e um meio de campo para não deixar dúvida: Cerezo, Falcão, Sócrates e Zico. Na frente, Serginho Chulapa era um razoável coadjuvante e Éder mandava bem do lado esquerdo. O nosso goleiro, Waldir Peres, era irregular - tanto podia fechar o gol como tomar um frango daqueles, como na estreia, contra a União Soviética. Doeu ver aquele time ser eliminado, principalmente após o baile contra a Argentina do infante Diego Maradona - mas, naquele jogo contra os italianos, a sensação era de que se o Brasil fizesse o terceiro, o Paolo Rossi faria o quarto, e assim por diante. Não é à toa que anos depois ele lançaria um livro cujo título é "Fiz o Brasil chorar".
Agora, a outra injustiça, menos falada, é dizer que o nosso time perdeu para ninguém. A Itália, ainda que viesse trupicando, pra variar, tinha um belíssimo time, começando com Dino Zoff no gol. Na defesa, Gentile, Colovati, Cabrini, Scirea. O meio com Oriali, Tardelli, Antognoni (meia da Fiorentina que jogava muito) e o ataque: Conti, Graziani e Rossi. Deste último, a piada que circulou depois da Copa falava do lançamento da espingarda Rossi, tão eficiente que, com três tiros (os gols do jogo contra o Brasil) matava uma zebra, 11 canarinhos e 120 milhões de patos.
O time verde-amarelo merecia ir adiante. Mas, para quem não viu e só ouviu falar, valeria a pena ver o taipe daquele jogo - e constatar que havia dois times em campo.
* Vitor Nuzzi gosta de futebol em qualquer época. Pôs os pés num estádio pela primeira vez aos 10 anos (tem 45) e não pretende tirá-los tão cedo, façam o que fizerem com a pobre bola. A sua seleção do São Paulo, time do coração, que viu jogar seria: Rogério; Zé Teodoro, Oscar, Dario Pereyra e Serginho; Chicão, Cafu, Raí e Pedro Rocha; Careca e Serginho Chulapa.
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