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Destaques
quarta-feira, setembro 21, 2011
O choro em números
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terça-feira, setembro 20, 2011
20 de setembro, o dia em que o Palestra morreu líder e o Palmeiras nasceu campeão
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Por Paulo Donizetti
O palestrinos estavam com o São Paulo entalado na garganta. Segundo a reportagem apurou, a diretoria do jovem clube tricolor atuava forte nos bastidores não apenas para que o Palestra Itália mudasse de nome. Aproveitando o clima xenófobo vivido pela comunidade italiana em razão da Segunda Guerra, o desejo era que o time do então Parque Antártica fosse banido e que, de preferência, seu charmoso estádio fosse apropriado pelo clube do futuro Morumbi, então ainda em busca de endereço fixo.Era a penúltima rodada do Paulistão, os dois disputavam o título cabeça a cabeça. Para esquentar o clima de guerra, os futuros bambis preparavam apupos e vaias para quando o esquadrão palestrino adentrasse o gramado. Mas o time de Oberdan e Waldemar Fiúme foi a campo conduzindo uma bandeira brasileira, e as arquibancadas emudeceram, para em seguida irromper em aplausos. O jogo estava 3 x 1 quando o beque Virgílio derrubou Og Moreira na área aos 19 do segundo tempo. O árbitro assinalou o pênalti e expulsou o agressor. O São Paulo se retiraria de campo.
A data entrou para a história como Arrancada Heróica e ficou famosa como "o dia em que o Palestra morreu líder e o Palmeiras nasceu campeão". Lembro como se fosse ontem.
Foto: Reprodução
Foto do Palmeiras campeão
paulista de 1942. Consta que
Og Moreira foi o primeiro negro
a vestir a camisa do clube
Campeonato Paulista de 1942
Palmeiras 3 x 1 São Paulo
Data: 20/09/1042 - Pacaembu
Árbitro: Jaime Janeiro Rodrigues
Palmeiras - Oberdan; Junqueira e Begliomini; Zezé Procópio, Og Moreira e Del Nero; Cláudio Pinho, Waldemar Fiúme, Lima, Villadoniga e Echevarrietta. Técnico: Del Debbio.
São Paulo - Doutor; Piolim e Virgílio; Lola, Noronha e Silva; Luizinho Mesquita, Waldemar de Brito, Leônidas, Remo e Pardal. Técnico: Conrado Ross.
Gols: Cláudio Pinho aos 20, Waldemar de Brito aos 23 e Del Nero aos 43 minutos do 1º tempo. Echevarrietta aos 15 do 2º.
Paulo Donizetti de Souza é parmerista por influência da nonna, dona Marcelina (1918-2007), uma sábia. Jornalista, apreciador da plataforma temática do site, não é candidato a nada, seu negócio é madrugada e seu peito é do contra.
segunda-feira, setembro 19, 2011
De passado e de futuro: a sequência Tricolor
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Por Moriti Neto
A vitória do Santos sobre o Corinthians, o empate entre Botafogo e Flamengo e mesmo os resultados de Internacional (empate em casa) e Fluminense (derrota fora) foram ótimos para o Tricolor. Não dá nem para reclamar dos 4 x 0 do Vasco em cima do Grêmio, pois era esperado o triunfo carioca.
Não sou dos que acha que o clássico de quarta define o futuro do Tricolor na competição. O que decide, creio, é a sequência que começa por ele. Depois do Corinthians, tem Botafogo (fora) Flamengo (casa) Cruzeiro (fora) e Inter I(casa). Com a dificuldade das próximas cinco rodadas, se o time se sair bem, e com a volta de Luis Fabiano – que quando este texto era fechado acabava de marcar três gols no treinamento desta tarde – as perspectivas ficam bem interessantes.
domingo, setembro 18, 2011
Corinthians 1 X 3 Santos - Peixe tira Timão da liderança
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Após 17 (guarde esse número) rodadas seguidas e várias pelejas mal jogadas há pelo menos dois meses, o Corinthians saiu da liderança do campeonato brasileiro. A vitória do Santos no Pacaembu – a primeira derrota do Alvinegro paulistano após 17 (opa, olha ele aí de novo) clássicos no estádio, sendo que a última tinha sido para o próprio Peixe – fez o ex-líder cair para o 3º lugar, a dois pontos do Vasco e um do São Paulo.
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Não cai, Neymar... Ricardo Saibun/Divulgação Santos FC |
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Abraço não durou 17 segundos. Ricardo Saibun/Divulgação Santos |
Ao fim, o Santos completou sete partidas sem derrota, uma sequência de cinco vitórias e dois empates, somando... 17 pontos. Para esse santista, nascido num dia 17, foi um dia numerologicamente feliz.
sexta-feira, setembro 16, 2011
A Beleza Americana e o Uno primordial: o bar
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por Maurício Ayer
A poeira da pedra filosofal, o éter onde as esferas navegam em perfeita harmonia. Que elemento mágico permeia esses dois filmes, tão distintos para um observador que se apegue a detalhes inócuos, mas que qualquer ser dotado de sensibilidade poderá identificar como emanações de um mesmo princípio, desdobramentos da Ideia, do Uno universal, ou, por que não?, o que parece óbvio, o amor que move o sol e outras estrelas?American Beauty - Flying Bag
O mais bebado de todos - bebado caindo - olha o que a cachaça faz
O emo que chora diante da dança do saco plástico não se comoveria diante do balé deste inocente cowboy de Boituva (ou de outra paragem, que importa, falamos aqui da essência), bom selvagem que se entrega de corpo e alma ao movimento do universo, que corporifica em si mesmo o ponto de mutação, seguidor involuntário de Confúcio ou Lao Tsé?
Se o princípio do belo é um só, será que ao presenciar o emotivo discurso de seu vizinho enquanto assistem às brutas mas profundamente belas imagens da dança do manguaça a menina iria com igual ternura tomar-lhe a mão como sinal do amor nascente e beijá-lo, para aplacar qualquer dúvida que pudesse macular a pureza desse instante?
Somente um garçom pode fornecer imediatamente os elementos necessários para encontrar essas respostas.
Doutor Sócrates mais vivo do que nunca
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quinta-feira, setembro 15, 2011
No 0 a 0 de Brasil e Argentina, Galvão Bueno merece uma nota
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Durante a Copa do Mundo de 2010, todo mundo se divertia com o Galvão Bueno nas transmissões da competição. Mas era um se divertir ruim, sarcástico, cheio de críticas, do Cala boca Galvão no Twitter. Nenhum problema com essa modalidade de humor mal humorado.
Mas nesta quarta-feira, 14, minha diversão na transmissão foi diferente. Achei o tantas vezes odioso Galvão Bueno divertido mesmo. Teve momentos em que me ocorreu a ideia de que Galvão tivesse tomado um vinho de Mendoza durante a cena em Córdoba, antes de ir ao Estádio Mário Alberto Kempes. Ou um Fernet Bianco, para descontrair.
O cidadão me soou mais leve e bem menos pretensioso do que o normal. Admitiu que não sabia o número do Casemiro porque "na lista não tem", mandou o comentarista de arbitragem Arnaldo César Coelho pastar (por duas vezes), tomou uns pedalas de volta, reclamou dos bons tempos em que os jogadores eram revelados na várzea, lamentou a atuação do árbitro, disse que Neymar "apanhou da bola"...
Como não assisto nem acompanho Fórmula 1, em cujas transmissões, consta, abundarem asneiras, nem sei se foi exceção ou se anda sendo nova regra.
Claro que pintaram bobagens, elogios desnecessários ao Mano Menezes, comentários sobre o futuro de Neymar (incluinco "bronca" do técnico Mourinho e as pretensas necessidades de driblar menos e de ganhar mais massa muscular). E menção a um suposto medo dos argentinos durante o jogo. Mas foi bem mais agradável do que eu imaginaria.
Jogo chato
Apesar de o Brasil ter colocado duas bolas na trave, com Leandro Damião, o jogo foi chato. Claro, se não fosse assim, o Galvão Bueno nunca teria ido parar no topo deste post. O melhor teria sido se a bola tivesse entrado na chance com direito a carretilha do atacante do Inter. Mas a defesa mostrou fragilidades, mesmo com três volantes. Enquanto o meio e o ataque tiveram dificuldade de fazer jogadas e permitir que se chegasse com qualidade no campo de ataque.
A Argentina jogou pouca bola e teve pouca vontade e disposição para ganhar. Com um pouco mais de qualidade, e o marcador teria sido alterado para o lado dos hermanos.
A ideia de ressuscitar a Copa Roca é legal, apesar de a partida só com jogadores que atuam nos respectivos países ter uma terrível aparência de vitrine para vender jogador. Ainda mais num período de crise econômica nos países ricos com falta de grana para contratações.
Dá o que pensar a história de que o troféu foi criado com nome de cartola paraguaio, Nicolás Leoz, e desenhado por um artista uruguaio, Carlos Páez Vilaró. Seria Mercosul demais?
E a rivalidade entre Brasil e Argentina já foi bem mais nervosa do que hoje. Muita cordialidade para um confronto de tanta história e tanta rusga.
quarta-feira, setembro 14, 2011
Marina e Heloisa Helena estarão juntas em “partido suprapartidário”
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A angústia de ficar sem a bola
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Por Moriti Neto
Nesta terça-feira, 13, o resultado de Barcelona x Milan, no Camp Nou, pela Liga dos Campões, empate em 2 a 2, não mostra nem de longe o que foi a peleja. O time catalão teve amplo domínio da situação e não venceu por que o futebol é um negócio estranho, como bem observou o Nicolau outro dia.O Barça teve mais de 70% de posse de bola. Chutou 14 vezes com perigo ao gol milanês. Só Messi finalizou oito vezes, mais do que o time italiano todo, que realizou seis arremates. Domínio mais que amplo e com bom futebol. Claro que não à altura do que os azul-grenás apresentaram na temporada passada, mas, salvo alguma anormalidade, ficou nítido que o Milan, para arrancar o empate, precisou jogar no limite. Não deve exibir muito mais no restante do ano. Já o Barcelona tem espaço para crescer consideravelmente. Talvez ao ponto em que chegou à finalíssima da Liga passada, quando protagonizou um dos maiores bailes da história numa decisão de torneio de expressão mundial. Os 3 x 1 contra o nada frágil Manchester United, na Inglaterra, foram uma aula de futebol.
Ainda ontem, o atacante do Corinthians, Emerson Sheik, em participação no Cartão Verde, da TV Cultura, dizia que assistiu a Barcelona e Milan e que, apesar do empate, a partida parecia um treino de ataque contra defesa.
A declaração me lembrou um Portuguesa e Flamengo, disputado lá em 1984, pelo Campeonato Brasileiro. A Lusa jogava no Canindé contra o Rubro-Negro de Júnior, Leandro, Andrade, Adílio, enfim, aquele timaço que, mesmo sem Zico (negociado com a Udinese, da Itália) jogava um bolão.
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Tá aí o Tite no Guarani, vice-campeão brasileiro em 1986 |
Como diz o Xico Sá, o Barcelona, em cada jogo, “não tem tempo de sentir saudade da bola”. Os adversários, ao contrário, devem ter sensação semelhante à de Tite: angústia por não conseguir tocar o grande objeto de desejo presente no campo.
Cachaças do mundo, uni-vos
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Em 13 de setembro de 1661, portanto há exatos 350 anos e um dia, pressionada pelos produtores e consumidores brasileiros, a Corte Portuguesa autorizou oficialmente a produção de cachaça no Brasil. Isso porque os portugueses haviam proibido a nossa caninha em privilégio da bagaceira, feita do bagaço da uva usada na produção do vinho. Por essa razão, tornou-se o Dia Nacional da Cachaça. Este símbolo nacional já foi do céu ao inferno, de bebida de barões a veneno de pinguço, e hoje retornou ao mais alto status.
Mas vai longe o tempo em que era preciso destruir o próximo para ser alguém neste mundo. O Dia Nacional deveria ter um correspondente próximo, o Dia Internacional das Cachaças, ou simplesmente Internacional das Cachaças, em que celebrássemos a diversidade das águas da vida de todas as culturas, em nome da mestiçagem universal, da nossa maior riqueza que é viver num mundo com tanta gente diferente capaz de tantas qualidades. Por que preferir por princípio e não por gosto a cachaça ao uísque, a vodca ao steinhaeger, a grappa ao pisco, o conhaque ao rum, o absinto ao aquavit? Já existe a Feira Mundial da Cachaça, mas quando vai haver o Fórum Sociomanguaça Mundial?
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Viemos da mesma fonte e envelhecemos na mesma essência. Foto: M. Ayer. |
Afinal, o espírito que ronda a Europa é o mesmo que atravessa as Alterosas ou os vales do Tennessee. A humanidade há de evoluir a isso: destilar a utopia do comunismo manguaça.
PS: Em anos passados, celebramos no Futepoca o Dia da Cachaça em Minas Gerais, 21 de maio (em 2007 e 2009), instituído pelo Pai do Real, Itamar Franco.
segunda-feira, setembro 12, 2011
Falta craque, falta sistema
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Por Moriti Neto
Pode ser problema meu, mas não entendo o esquema do São Paulo. Se é que existe algum. Não percebo jogadas de ataque ensaiadas, passagens pelos lados, pouca gente chuta a gol (como se ganha um jogo sem chutar em gol?).O Tricolor é um time confuso. E toma gols no meio da confusão. E perde pontos preciosos, principalmente no Morumbi. E joga com duzentos volantes, atletas de estilo parecido, como mandante ou visitante.
Certo que ontem, contra o Grêmio, no Olímpico, a equipe foi até mais aplicada do que quando atua em casa. Foi um jogo tenso, com um adversário batendo forte desde o início. Entre os problemas, faltam duas coisas essenciais ao São Paulo. Bolas menos quadradas no setor de meia cancha e um jogador responsável por fazer a referência na área, que possa ser acionado pelos rápidos e habilidosos Lucas e Dagoberto.
Adilson Batista tem as opções para resolver isso. Se quiser uma referência ao estilo mais pivô, o sujeito que sabe dominar bem a redonda e preparar com categoria para quem chega, o nome pode ser Rivaldo. Com ele, ainda teria o bônus de um homem de qualidade na finalização. Numa faixa mais restrita de campo, o veterano precisaria correr pouco. Outra possibilidade seria investir no jovem Henrique, dar pelo menos três partidas diretas ao garoto. É a opção mais próxima em estilo do tão aguardado Luis Fabiano.
Em qualquer uma das escolhas que fizesse, Adilson ganharia a solução para o outro problema: o da falta de qualidade no meio. Lucas seria recuado para a posição de origem, onde rende mais. O 7 são-paulino não é o típico meia-armador, mas é disparado o jogador mais talentoso do elenco, que pode levar a bola até os atacantes com mais frequência e eficiência.
Nos tempos em que dirigia o São Paulo – e quando pegou elencos até mais limitados que o atual, como o de 2008, ano em que foi tricampeão brasileiro – Muricy Ramalho dizia que, como não há muitos craques atualmente, o time precisa estar bem treinado para produzir bom resultado. Parece que isso está faltando ao Tricolor.
Inter faz 3 e a seca alviverde continua. Na descendente
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O Palmeiras perdeu do Internacional por 3 a 0 no Pacaembu, no domingo, 11. O desastre foi o primeiro revés como mandante no campeonato, o que não deixa de ser uma informação surpreendente para um time em queda de produção no campeonato. Outro dado terrível para o torcedor palmeirense é que o time não venceu desde o início do segundo turno. A última vez em que três pontos foram somados em um só jogo aconteceu em 28 de agosto, contra o Corinthians. Depois disso, duas derrotas, dois empates. A oitava posição mostra um agravamento da descendente em que se encontra a equipe.
Sem Kléber, sem Valdívia, sem Maikon Leite, o Palmeiras fez um jogo até que bom. Estava bem quando tomou o primeiro. No início do segundo tempo, teve momento muito favorável, só não conseguiu transformar cinco boas oportunidades, criadas nos quinze primeiros minutos da etapa final, em um golzinho sequer. Depois ainda poderia ter feito melhor, especialmente com as chances de Luan chutar, mas nada. Fernandão e Ricardo Bueno, atacantes contratados há pouco, estiveram em campo e, como revela o placar, passaram em branco. Pareceu desnecessária a saída de Vinícius, que vinha bem, mas era preciso mexer no time.
Quem viu resultado nas substituições foi Dorival Júnior, porque os gaúchos passaram a segurar melhor a bola lá no campo de ataque depois que D'Alessandro saiu para Ilsinho entrar. E, quando sobrou para Leandro Damião, acabou-se o jogo com o 2 a 0 assinalado no marcador. O terceiro ainda sairia para a função pá de cal. Leandro Damião dominou, tirou o zagueiro. Deu um toque driblou o goleiro. Só não entrou com bola e tudo porque teve humildade. O mais incrível foi ver a torcida xingando mais o vice-presidente de futebol, Roberto Frizzo, do que a qualquer um. Apesar de toda a história de que o contrato de Luiz Felipe Scolari já não exigiria pagamento de multa rescisória milionária, o torcedor continua preferindo que o técnico permaneça no time.
A impressão é mesmo a de que, por um lado, falta pouca coisa para o resultado final ser diferente. Quando a movimentação e o posicionamento tático acontecem como pediu o treinador, compensa-se a falta de criatividade no meio de campo e todas as limitações. O time chega, mas não marca. Quando a turma cansa ou se desconcentra, nem reza brava resolve. O maior exemplo dessa limitação é que as esperanças de criação estão nos pés de Marcos Assunção (principalmente nas cobranças de falta e escanteio) e nos dos zagueiros Thiago Heleno e Henrique. Quando o que deveria ser elemento surpresa virar regra, preocupa. Ok, o Inter mostrou-se um bom time, com meias criativos e variação, além do artilheiro que resolve quando encrenca. O Palmeiras foi mais ou menos o oposto. Só que, por incrível que pareça, jogou bem e continuou mostrando o crônico problema de não conseguir fazer a redonda ultrapassar a meta adversária. Dureza.
sexta-feira, setembro 09, 2011
Virada sofrida e liderança garantida: como é bom ser corintiano!
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Até os 26 minutos do primeiro tempo, no Pacaembu lotado, o Corinthians jogava melhor, dominava o Flamengo e criava chances de gol. Felipe já tinha feito umas três defesas e outras chances apareciam. Era questão de tempo até que saísse o gol.
E ele veio, mas do lado errado, porque futebol é um negócio estranho. Thiago Neves chutou uma das poucas bolas do Flamengo e Julio Cesar mandou pra escanteio. Foram três batidos em sequência com aquele veneno que Ronaldinho Gaúcho tem na cobrança, até que o ex-corintiano Renato Abreu, autor do gol rubro-negro no 1 a 1 do primeiro turno, desviasse para a bola sobrar limpa para o também ex-mosqueteiro Deivid abrir o placar.
O Timão sentiu o golpe, desacelerou, e o jogo foi meio devagar até o fim da primeira etapa. O time jogava com Emerson (cada vez melhor) pela esquerda, Jorge Henrique,o atacante-volante, pela direita, Alex (em boa jornada) pelo meio. Paulinho, o desafeto de Leandro, mais uma vez fazia partida impecável, marcando e chegando até a área para finalizar.
No segundo tempo, Tite trocou Jorge por William, e deixou de marcar Junior Cesar para fazê-lo marcar alguém, e a pressão recomeçou. Até que o empate veio, aos 17 minutos, num belo chute de Liedson após lateral cobrado na área por Alessandro e mal cortado por Willians.
O gol aliviou, devolvendo a liderança pelo saldo de gols, mas não resolveu, e o Timão manteve a pressão. O nervosismo aumentava nas arquibancadas, segundo relatos, e aqui em casa. Chicão cobrou falta no travessão. Felipe fez milagres em chute cruzado de William e em cabeçada de Emerson. E nada dop gol.
Até que William cruzou da direita, Paulinho desviou e Liedson pegou de primeira, num quase voleio, indefensável. Eram 43 minutos do segundo tempo. Dois gols do centroavante e acabou ali a partida.
Pouco depois, meu pai ligou. “Como é bom ser corintiano, filho!’, exclamou. Não tem como discutir com o pai.
quinta-feira, setembro 08, 2011
A política e o real peso da corrupção
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O que acho interessante é o peso que se atribui aos “malfeitos” com o dinheiro público, para usar termo caro à presidenta, para explicar os problemas do país. Seria esse o “ralo” onde escorre a grana dos impostos altíssimos (para o pessoal mais à direita) que deveria financiar saúde, educação e diminuição da desigualdade (para o pessoal mais à esquerda).
A Folha, no domingo, antecipando os protestos e incentivando a onda “pró-faxina” que tem animado a mídia, deu uma manchete meio dramática: “Brasil perdeu uma Bolívia em desvio de cofres públicos” (aqui no site do PPS, o que sem dúvida e sintomático). Trata-se de levantamento feito por economista da FGV com dados de órgãos de controle (como PF, TCU, CGU e outros) que aponta desfalque de pelo menos R$ 40 bilhões em sete anos nos cofres federais, o equivalente ao PIB da pátria de Evo Morales.
Coisa séria, sem dúvida. Mas será que é esse o maior dos problemas do Brasil? Vejamos um exemplo: o orçamento do Ministério da Saúde em 2011 foi de mais de R$ 70 bilhões. Quase o dobro do que se estima de perdas para a corrupção em sete anos. Ou seja, se a corrupção tivesse zerado nesses sete anos, nada se perdesse, e tudo fosse destinado à saúde, a pasta ganharia menos de R$ 6 bi por ano, menos de 10% em relação ao orçamento atual.
Ajudaria? Sem dúvida. Resolveria? Duvido bastante.
Outro exemplo, mais assustador. No Correio Brasiliense da segunda-feira, um grupo de entidades empresariais de vários setores publicou um anúncio intitulado “Menos juros, mais investimentos e empregos!” (assim, com exclamação mesmo - inflamados os empresários).

Para deixar mais claro: por decisões políticas absolutamente dentro da lei, em 16 anos R$ 2 trilhões deixaram de ser aplicados em saúde, educação e sei lá mais o que e foram destinados ao pagamento de juros da dívida pública. Em sete anos, numa conta sem sofisticação (ou até meio burra, de proporção), seriam R$ 875 bilhões gastos com juros – quase 22 vezes mais que as perdas estimadas com a corrupção.
E o PIB da Bolívia, de repente, ficou menorzinho...
Claro que o combate à corrupção é fundamental e a punição dos crimes deve ser feita com o rigor previsto em lei. Ninguém aqui nega isso. A questão é tratar essa necessária vigilância contra os malfeitores como a panaceia para livrar o país de todo o mal. Há decisões políticas tomadas legalmente que definem o destino de muito mais dinheiro do que o perdido para a corrupção – e sem nenhuma participação, consulta ou manifestação da população. A discussão desses temas na sociedade é tão ou mais importante do que cobrar medidas contra a corrupção.
E é politizante: força as pessoas a pensarem no que querem para o país, qual o melhor destino para os recursos, avaliar a posição do governo, de cada partido, de cada parlamentar, de cada entidade de classe. O debate é sobre o que é feito da coisa pública.
Jogar todos os males na corrupção cria a impressão de que, fechando o tal “ralo”, teríamos automaticamente grana para resolver tudo. Mas é simplificar demais o que é complexo e deixar as pessoas no escuro sobre o que está realmente em jogo.
Democracia é, também, isto: um jogo de pressões em que os grupos sociais se organizam para decidir o destino do bolo de recursos arrecadado pelo Estado. Os agricultores vão cobrar medidas de financiamento da lavoura; os empresários pedem redução de impostos; os trabalhadores pedem proteção ao emprego e outros direitos; o movimento da saúde pede mais grana para o SUS; o dos pesquisadores, mais grana para ciência e tecnologia. É no jogo de pressões que se determinam as prioridades, com o filtro da agenda do governo eleito.

Outro sintoma é a vilanização de partidos políticos, sindicatos e outros movimentos, que foram deixados de fora das marchas contra a corrupção. O pessoal se pretende “apartidário” e acaba sendo “apolítico” e, no limite, antidemocrático. Disse alguém aí que “o destino de quem não gosta de política é ser governado por aqueles que gostam”. Melhor o pessoal tomar cuidado e começar a se meter nas reais decisões sobre seu dinheiro.
Mais que mil
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Por Moriti Neto
Quarta-feira, 7 de setembro de 2011. Feriado de Independência. Portão 15 do estádio Cícero Pompeu de Toledo, o Morumbi. Caminhamos até o setor da arquibancada amarela. Este escriba é familiarizado com o ambiente. Para a esposa, Viviane, grávida de cinco meses, é a primeira vez. A filha mais velha, Luara, do alto de seus oito anos, está no templo pela segunda oportunidade, mas ainda não gritou gol ao vivo e a cores, já que só viu um São Paulo 0 x 0 Palmeiras, em 2009. Gerações diferentes movidas pelo mesmo motivo: ver um personagem.Quem disse que a torcida tricolor não lota o Morumbi? |
Os 2 x 1 levam o Tricolor à liderança, ao menos até que se saiba o resultado de Corinthians e Flamengo, nesta quinta. Porém, a partida é muito mais do que isso. É dos momentos mágicos que fazem a paixão independer de títulos. Ceni saúda e é reverenciado nos quatro cantos do estádio. É a vitória de um grande clube. É a vitória de um mito. E, para este pai e torcedor, vale mais que mil. É o orgulho de compartilhar com a geração que me é seguinte a história tão bela de uma camisa em três cores e a alegria de saber que mais um torcedor está por chegar.
segunda-feira, setembro 05, 2011
Hora de mostrar qual é
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Por Moriti Neto
Santa Catarina. O São Paulo, com 12 desfalques e muitos garotos em campo, enfrenta um perigoso Figueirense, no estádio Orlando Scarpelli. Prosseguindo a rotina da campanha como melhor visitante do Brasileiro, o Tricolor vence. Não dá para dizer que foi uma atuação de gala, mas, considerada a somatória dos resultados da rodada, os três pontos são algo de trazer alento ao torcedor.A partida
Totalmente travada. É como se mostra a partida no começo do primeiro tempo. Com medo de atacar, os dois times concentram as ações no meio de campo. Aos 5 minutos, um lampejo. Boa troca de passes e o lateral-esquerdo Henrique Miranda, ao ver-se perto do gol, assusta-se e perde o tempo da bola. O Figueira responde, aos 10, mas, dentro da pequena área, o ataque catarinense manda fora. Dois lances que são exceções e confirmam a regra do jogo escasso em criatividade e ousadia. A partir dos 15 minutos, a torcida da casa pressiona para que o Figueirense vá ao ataque. O mandante tenta a jogada ofensiva, mas, de efetiva, só uma, que acaba na trave de Ceni. Já o São Paulo, até os 32 minutos, não dá sequer um chute a gol. O único lance são-paulino que se pode chamar de perigoso é uma falta cobrada por Casemiro. A bola sobra nos pés do zagueiro João Felipe na pequena área, mas falta intimidade para fazer algo mais do que ganhar o escanteio. O jogo era chato. Os zeros pareciam que não sairiam do placar na etapa inicial. Abria a terceira cerveja quando, aos 42 minutos, na primeira finalização de fato, o Tricolor marca com Cícero, de cabeça, após cobrança de falta de Carlinhos Paraíba. Uma chance rara, um gol. Nada de muitos méritos.
Para o segundo tempo, Adilson Batista volta com Rivaldo no lugar de Henrique. Sim, em um time que está ganhando fora de casa é interessante ter alguém que segure bem a bola, mas o atacante a sair deveria ser William José, lento, e não a peça ofensiva mais rápida, que poderia ser útil nos contra-ataques. De cara, o Tricolor apaga. Primeiro lance ofensivo do Figueirense no retorno ao gramado e vem o empate. Claro, tome pressão. Só que a coisa muda um tanto em termos de aplicação. Com certa surpresa, confesso, vejo a garotada com relativa calma e suportando a correria do adversário. Mais surpreendente ainda é o que ocorre aos 18 minutos. O bom volante Casemiro faz belo lançamento para Rivaldo que, de centroavante (olha aí, Nicolau!), mostra a conhecida categoria e anota um golaço. Novo cenário de apagão. Principalmente de Xandão. Rogério salva uma cabeçada à queima-roupa. Vem o abafa natural dos catarinenses. O São Paulo também se mostra ao natural. Encolhe-se e busca os contragolpes. Depois da momentânea sonolência, a marcação acerta o prumo e segura a vitória. Os 2 x 1 garantem 38 pontos na classificação e a secação geral de domingo.
A secação valeu, mas qual é a do São Paulo?
Pelos desfalques, pela mudança de postura em relação ao jogo contra o Fluminense – ao menos no que se refere à disposição – e essencialmente pela ótima rodada, a torcida ganha ânimo para a sequência do campeonato. O São Paulo, de uma tacada só, passou Vasco, Botafogo e Flamengo, e, de quebra, diminuiu para dois pontos a diferença do líder Corinthians. O problema é que essa história já foi vista. Se continuar a jogar em casa na proposta de três volantes e três velocistas na frente, sem conseguir se impor no campo ofensivo, o time corre o risco de desperdiçar, contra o Atlético Mineiro, no Morumbi, aquilo que ganhou em Florianópolis. Só que o próximo jogo, por várias condições, é especial. Feriado, partida de número mil de Rogério Ceni com a camisa do clube, estádio cheio e chance de assumir a liderança. É hora de mostrar, definitivamente, o que o Tricolor pode fazer na competição. Momento de se afirmar, de vencer um dos piores times do certame dentro de casa e passar a ser um anfitrião tão chato quanto é como visita.
sexta-feira, setembro 02, 2011
O que veja fará nesta semana?
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Não deveria perder o tempo dos futepoquenses com essa ex-revista, mas ficaram algumas perguntas sobre a "matéria" que fez sobre José Dirceu na edição passada e a expectativa se eles vão continuar ou o assunto "morrerá".
quinta-feira, setembro 01, 2011
Quase uma clínica de reabilitação
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Por Moriti Neto
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Corra, Rivaldo, corra! |
Tomando cuidado com as delongas, até para não irritar o já chateado torcedor são-paulino com obviedades, a análise que segue, pela repetição de situações mostradas nos últimos tempos, é mais uma “análise de conjuntura” do que simplesmente a história de outra derrota dentro do Morumbi, ontem, contra o Fluminense, por 2 x 1.
Um pouco do mesmo
A equipe teve duas alterações em relação ao jogo com o Santos. Na lateral-direita, Jean no lugar de Piris, convocado pela seleção paraguaia. No meio, Rivaldo substituía o suspenso Carlinhos Paraíba.
No começo de jogo, o São Paulo começava com posse de bola, mas a objetividade era baixa. Com sistema de marcação bem definido por Abel Braga, o Fluminense marcava forte, por pressão, e, aos 6 minutos, já assustava. Em jogada de Fred, Ciro obrigou Ceni a fazer boa defesa. O Tricolor das Laranjeiras pressionava a saída dos donos da casa, que não sabiam o que fazer com a redonda. Aos 8 minutos, Wellington salvou o São Paulo de tomar o primeiro gol, travando, no último instante, chute do argentino Lanzini.
E só o Fluminense jogava. Aos 18 minutos, numa falha de marcação do meio de campo são-paulino, a bola sobrou de novo para Lanzini, que dessa vez finalizou sem chances para Rogério. Flu 1 x 0.
O visitante se propunha a jogar nos contra-ataques. Contudo, como contragolpear um time que não atacava? O São Paulo não oferecia nenhum perigo ao onze carioca e o jogo ficou morno até o final do primeiro tempo.
Para a segunda etapa, Adilson Batista voltou com Willian José no lugar de Rivaldo. Não funcionou. O atacante não segurou uma bola no ataque, não deu um cabeceio, nenhum um chute. Nada.
Aos poucos, o jogo se mostrava o mesmo da etapa inicial. No primeiro contra-ataque encaixado pelo Fluminense, gol de Rafael Sóbis, que recebeu passe de cabeça de um desmarcado Fred. Aos 28 minutos, o São Paulo ainda diminuiu. Ceni, de pênalti, fez o de honra.
A coisa poderia ter sido pior. O gol do Tricolor Paulista saiu de falta inexistente marcada em cima de Dagoberto, que se jogou acrobaticamente após o zagueiro Leandro Euzébio dar um carrinho dentro da área. Antes disso, aos 44 do primeiro tempo, Juan deu um tapa no rosto do atacante Fred em frente ao bandeirinha, que preferiu ignorar. Detalhe: o lateral já tinha cartão amarelo. O capitão são-paulino, no fim da partida, para tornar o enredo ainda mais repetitivo, teve a desfaçatez de reclamar com a arbitragem e foi brindado com o cartão amarelo.
15
O São Paulo, ainda com Paulo César Carpegiani no comando técnico, começou o Brasileiro de forma fulminante. Cinco vitórias seguidas.15 pontos que o time tratou de queimar dentro do Morumbi com uma sequência desastrosa.
Depois da humilhante goleada contra o Corinthians sofrida na sexta rodada, o Tricolor perdeu pontos em casa para Botafogo, Atlético Goianiense, Atlético Paranaense, Vasco, Palmeiras e Fluminense. Nos seis confrontos – três empates e três derrotas – foram exatamente 15 pontos perdidos.
Anfitrião generoso
Curioso é que os adversários citados, exceto o Palestra, subiram de produção e melhoraram as campanhas ao menos temporariamente depois de passarem pelo Cícero Pompeu de Toledo. Vamos ver se o mesmo ocorre com o Flu.
De qualquer forma, para quem procura recuperar-se, aos que necessitam “ganhar moral”, é uma boa passar pelo Morumbi e fazer uma sessão de reabilitação. Venham tranquilos. Vocês serão bem recebidos.
Internacional 3 X 3 Santos - Borges fez a diferença no empate heróico
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No dia 30 de julho, o treinador santista Muricy Ramalho respondia assim a uma pergunta sobre quando Paulo Henrique Ganso atingiria seu auge novamente: “Nesses 40 dias em que vamos jogar quarta e domingo. Se não tiver problemas, vai melhorar muito a parte física e técnica”. Faltam menos de dez dias para esse período definido pelo técnico acabar mas, se o gol feito e perseguido há algum tempo pelo Dez peixeiro no clássico de domingo reacendeu as esperanças do torcedor alvinegro, sua atuação ontem contra o Internacional voltou a ser abaixo da crítica. E, para piorar, Neymar fez uma das suas mais modestas apresentações em 2011.
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Se Neymar não brilha, ele resolve |
Sem Elano e Arouca de novo, e com Pará e Adriano como titulares, o Santos perde em altura, e em técnica também. Para tentar reverter o resultado adverso, Muricy trocou no intervalo Pará por Alan Kardec. De acordo com ele, para "incomodar" a zaga do Internacional, que estava muito "confortável" no primeiro tempo. Pudera, Neymar voltava muito para o meio, Ganso e Danilo erravam muitos passes e não conseguiam chegar perto da área. Borges estava isolado. Mais tarde, o técnico colocou Felipe Anderson no lugar de Adriano. Danilo voltou a fazer a lateral e a equipe ganhou mais consistência no meio, tendo alternativas ofensivas.
O resultado traz confiança para a equipe, que vinha tendo dificuldades em reagir a placares adversos. E também deixa claro que o Santos, por mais dependente que seja da sua dupla (nada de mal nisso, até a seleção é...), não conta só com eles para definir.No duelo entre os dois últimos campeões da América, deu empate, mas no embate entre Borges e Leandro Damião...
segunda-feira, agosto 29, 2011
Vida enlatada: Aperto do metrô de São Paulo, parte 2
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Desde março deste ano, a estação Butantã da linha 4-Amarela opera. Nos primeiros três meses, funcionou apenas até às 15h, depois (e até agora), vai até às 21h. Se no início eu apenas ia de casa ao trabalho, passei também a voltar. Senti-me um cidadão de outra classe (quiçá de outra casta): a dos enlatados no Metrô. Mas isso é bom.
Desfeito de carro particular desde 2007, ia bem de ônibus, mas a leitura no trajeto só funciona quando sobram assentos vagos. De pé, com o padrão de condução dos motoristas de ônibus, é impossível por uma questão de equilíbrio e segurança. Com o tanto que balança, fica até difícil manter o fio da meada entre o fim de uma linha e o começo da próxima. No máximo, dava para ouvir uma conversa alheia ou uma troca de mensagens de texto de outrem. Limitante.
No metrô, mesmo de pé, ninguém precisa ser surfista nem ter feito estágio como peão de rodeio para conseguir se empenhar por quaisquer bem ou mal traçadas linhas. Basta um pouco de habilidade comum a todos os que levam esta vida ébria, na qual tudo gira um pouco mais do que o esperado, para conseguir se equilibrar (Ministério da Saúde Manguaça adverte: convém tomar o transporte público sóbrio; etilizado as coisas vão rodar demais).
Aqui em baixo as leis são diferentes
Cada linha tem peculiaridades. A azul e a vermelha, com dois terminais rodoviários intermunicipais cada, têm com frequência viajantes chegando ou partindo da capital entre seus passageiros. Tem ainda a desesperadora lotação da Luz, da Sé, do Brás e da Barra Funda, estações onde há conexões entre linhas diferentes de metrô e de trem.
Da verde, além dos engravatados da Paulista e da turma de branco dos hospitais da região, tem ainda os inusitados cantinhos do amor. Nada tão impublicável: uma série de paineis suspensos nas paredes côncavas da plataforma criam nichos em que a mão francesa de suporte serve de banquinho. À noite, é comum encontrar casais matando tempo ou saudades ou atraso nesses espaços. Nunca disputei vaga, mas tem dia em que os postos parecem concorridos. O que acontece no cafofo não sei em detalhes.
Diferença
Mas há alguns aspectos que são exclusivos da linha 4. As primeiras estações foram abertas em abril de 2010. Ansioso que estava pela liberação da via, tornei-me um consumidor voraz de notícias a respeito. Foi assim que descobri sobre a diferença de bitola entre os trens sul-coreanos e os das demais linhas (não rola usar trens de uma nas outras); sobre a diferença da tecnologia "driverless", sem condutor, para o controle remoto com condutor; sobre a balela de que haveria sinal de celular e até conexão com a internet; ou a diferença entre a antiga Mafersa e a Alstom, de um lado, para a Soon Park Young, de outro (isso sem falar em outros lados da empresa francesa). E assim que confirmei, pelo 0800 da linha, que as estações Luz e República estão mesmo prometidas para final de setembro, ainda sem data definida de inauguração (aqui entre nós, deve depender de agenda do governador e sua claque).
Tudo isso mostrou-se ínfimo no dia a dia. O que acomete o usuário são outras diferenças.
A primeira é a profundidade. Na estação Paulista, são 40 metros para baixo em três ou quatro lances de escadas rolantes (o que pode ser um ótimo exercício se a opção for pelos degraus estáticos, tirando o fato de que deve faltar oxigênio para atividade aeróbica). Outra é a forma de ligação desta parada com a da Consolação, que formam um único complexo no qual se pode alcançar a linha 2-Verde. Para isso, há necessidade de percorrer mais de 300 metros divididos em três trechos. No primeiro, logo ao desembarcar, é feita caminhando. O segundo, em uma escada e duas esteiras rolantes.
Quando tudo está vazio, fica fácil. Quando a lotação é média, como na maior parte das vezes em que lá está este ébrio trabalhador, fica meio tenso. É que, apesar de não se comparar ao que ocorre na Sé, no Brás ou na Luz, por exemplo, a concentração é agravada pelo dato de os passageiros estarem em movimento (alguns tentam alcançar altas velocidades). Quando está lotado, como ocorre pela manhã ou das 17h às 19h30, fica complexo.
A recomendação de manter-se à direita para deixar a esquerda livre aos apressados é razoavelmente bem seguida. Mesmo assim, os acelerados exageram e quase atropelam quem resolve esperar o movimento de escadas e esteiras. Pobres velhinhas.
O problema é tão sério que, nos horários de pico, as escadas e esteiras que descem (da linha verde para a amarela) permanecem desligadas. Aparentemente para prevenir trombadas, quedas, enfim, acidentes. Com o ouvido ligado em conversa alheia, já ouvi reproduzirem-se rumores de que teve "gente que se machucou feio ali".
Seguro morreu de velho
Outra diferença está na segurança. Ou melhor, nos seguranças. Enquanto o Departamento de Polícia do Metropolitano (Depom) faz a ronda do restante da malha, o perímetro sob jurisdição do Consórcio Via Quatro conta com vigilantes de uma corporação à parte, provavelmente de alguma prestadora de serviços terceirizada.
A peculiaridade: todos os contratados e todas as contratadas ostentam o que poderia ser definido como "boa aparência". Os gajos são todos malhados. O tamanho dos cidadãos pode se explicar pela necessidade de impor respeito, semelhante a seguranças de outras praças. Mas nenhum gordinho passou no processo seletivo; todos seguem o padrão sarado.
E não é só pelo atributo físico que às vezes tem até congestionamento de gente (normalmente moças, na análise acurada do Instituto Datafoda-se) perto deles. Ajuda o fato de não haver, na plataforma, nenhuma Sala de Supervisão Operacional (SSO) nem outros funcionários comumente encontrados nas outras linhas (jovens cidadãos e outros tipos de trabalhadores. O resultado é que os seguranças viram a referência.
Nessas, outro diálogo captado num desses congestionamentos de pessoas no percurso da baldeação deu-se entre um grupo de quatro moças.
– Esses seguranças grandões são uma coisa... – disse a primeira – Apesar do aperto [da estação], isso aqui é o paraíso!
– Não é não – devolveu outra – Paraíso é estação de outra linha.
Todas riram. Mas a fila não andou mais rápido por causa disso.