Destaques

Mostrando postagens com marcador Brasil. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Brasil. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, junho 22, 2011

Nem a 'marolinha' está fazendo efeito

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

No final de 2008, Lula disse que a crise mundial seria "marolinha" no Brasil e "tsunami" no exterior. Foi massacrado pela "grande" imprensa (grande só nos interesses). Enquanto isso, lá fora, até o prestigiado jornal francês Le Monde reconheceu a previsão de Lula. Afinal, vejam três notícias recentes, uma de hoje, aqui do Brasil, e outras dos Estados Unidos e Europa:


Taxa de desemprego é a menor do mês de maio em nove anos
O Globo - 22/06/2011 às 12h14m
RIO - A taxa de desemprego atingiu 6,4% da população economicamente ativa no mês passado, a menor para o mês de maio desde 2002, segundo a Pesquisa Mensal de Emprego (PME) divulgada nesta quarta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). (...) Em comparação a maio de 2010, quando a taxa marcou 7,5%, houve queda de 1,1 ponto percentual. A Pesquisa Mensal de Emprego é realizada nas regiões metropolitanas de Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre. (...) O rendimento médio real habitual dos trabalhadores cresceu e atingiu R$ 1.566,70, o valor mais alto para o mês de maio desde 2002. Isso representou uma alta de 1,1% na comparação mensal e de 4,0% frente a maio do ano passado.


Os "indignados" tomam as ruas de Madri contra a crise e o desemprego
UOL - 19/06/2011 - 14h40
MADRID, Espanha, 19 Jun 2011 (AFP) -Dezenas de milhares de manifestantes foram, neste domingo, às ruas de Madri e de outras cidades espanholas para protestar contra o desemprego e as medidas de austeridade propostas pelo governo espanhol e o de outros países europeus. O desemprego entre a população jovem espanhola chega a 43%, afetando 21,29% da população economicamente ativa e mais de um milhão de famílias. A dívida pública espanhola ultrapassou no primeiro trimestre o limite fixado pelo Pacto de Estabilidade da União Europeia (UE), ao atingir 63,6% do PIB, informou o Banco da Espanha na sexta-feira.


Desemprego e pobreza se alastram nos EUA
9/6/2011 8:25, Por Redação, com agências internacionais - de Nova York
As consequências da crise capitalista seguem contundentes nos Estados Unidos. De acordo com os dados divulgados pelo Departamento do Trabalho, cerca de 14 milhões de norte-americanos encontravam-se desempregados no final da semana passada, cifra que eleva para 9,1% o total de trabalhadores naquela situação no país. A pressionar o segundo maior índice de desemprego registado no ano de 2011 está a fraca criação de postos de trabalho por parte do setor privado, apenas cerca de 54 mil durante o mês de maio, dizem as estatísticas oficiais.

quarta-feira, junho 08, 2011

Periódico parlamentarista

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Manchete de hoje do tablóide gratuito Destak:

Cai o primeiro ministro de Dilma

Se o regime político brasileiro fosse o parlamentarismo, teria sido uma verdadeira hecatombe no governo. E é indisfarçável a "torcida" do jornal ao usar o termo "primeiro", dando a entender que iniciou a contagem da queda do máximo de ministros possível...

terça-feira, maio 17, 2011

Santos teve aumento de 66% na arrecadação em 2010

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Materinha do site Terra traz um levantamento realizado pela área de Total Sport da consultoria BDO RCS (e publicado pelo site Futebol Finance), sobre a arrecadação dos principais clubes brasileiros. O dado mais relevante foi o crescimento de 66% da arrecadação do Santos Futebol Clube, entre 2009 e 2010: de R$ 70 milhões para R$ 116,5 milhões. Prova de que o sucesso do time não se deve exclusivamente ao excelente elenco, aos craques revelados e aos títulos conquistados, mas também ao ótimo trabalho da diretoria, liderada pelo presidente Luis Alvaro Ribeiro (foto).

O levantamento mostra ainda que, com R$ 212,6 milhões arrecadados em 2010, o Corinthians foi o clube que mais lucrou no futebol brasileiro. Depois veio o Internacional-RS, que faturou o título da Copa Libertadores e aumentou seu quadro de sócios para mais de 100 mil no ano passado, obtendo uma arrecadação de R$ 200,798 milhões. Completaram o grupo dos cinco primeiros o São Paulo (R$ 195,715 milhões), o Palmeiras (R$ 148.289 milhões) e o Flamengo (R$ 128.558 milhões). Vejam o ranking completo dos clubes pesquisados:

1) Corinthians - R$ 212,6 milhões
2) Internacional - R$ 200,7 milhões
3) São Paulo - R$ 195,7 milhões
4) Palmeiras - R$ 148,2 milhões
5) Flamengo - R$ 128,5 milhões
6) Santos - R$ 116,5 milhões
7) Grêmio - R$ 113,6 milhões
8) Cruzeiro - R$ 101,3 milhões
9) Atlético-MG - R$ 93,2 milhões
10) Vasco da Gama - R$ 83,5 milhões
11) Fluminense - R$ 76,8 milhões
12) Atlético-PR - R$ 67,7 milhões
13) Botafogo - R$ 52,6 milhões
14) Vitória - R$ 42,1 milhões
15) Avaí - R$ 31,9 milhões
16) Coritiba - R$ 30,6 milhões
17) Goiás - R$ 30,3 milhões
18) Portuguesa - R$ 24,6 milhões
19) Guarani - R$ 22,9 milhões
20) Bahia - R$ 20,5 milhões
21) São Caetano - R$ 19,1 milhões
22) Ponte Preta - R$ 19,0 milhões
23) Grêmio Prudente - R$ 17,5 milhões
24) Figueirense - R$ 16,8 milhões
25) Paraná Clube - R$ 14,5 milhões

segunda-feira, março 21, 2011

Liédson e Luís Fabiano entre os 10 maiores artilheiros

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Na edição deste mês, a revista Placar trouxe a sua lista dos maiores artilheiros brasileiros que ainda estão em atividade (outras fontes mostram contagens diferentes). Os números da publicação vão até 20 de fevereiro, por isso, atualizamos até 20 de março:

1 - Túlio Maravilha, 41 anos, Botafogo-DF --- 777 gols
2 - Marcelo Ramos, 37 anos, Madureira-RJ -- 436
3 - Rivaldo, 38 anos, São Paulo-SP ------------- 409
4 - Jardel, 37 anos, sem clube ------------------- 358
5 - Dodô, 36 anos, Americana-SP --------------- 335
6 - Alex, 33 anos, Fenerbahçe-TUR ------------- 331
7 - Kléber Pereira, 35 anos, sem clube --------- 319
8 - Magno Alves, 35 anos, Atlético-MG -------- 280
9 - Liédson, 33 anos, Corinthians-SP ----------- 274
10 - Luís Fabiano, 30 anos, São Paulo-SP ------ 266

sábado, fevereiro 26, 2011

'Vamos assistir futebol! Vamos tomar cerveja!'

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Os gringos estão embasbacados com o Brasil - e o vídeo abaixo diz tudo (e, principalmente, aquele tudo que a nossa mídia aqui não diz). Temos problemas? Sim, lógico. Mas a perspectiva é a de que sejamos um dos protagonistas da economia mundial neste século 21. O melhor de tudo é que, para arrematar a reportagem, o empresário Eike Batista aparece recomendando: "Let's watch a soccer game! Let's go to the beach! Let's drink a beer!" ("Vamos assistir um jogo de futebol! Vamos para a praia! Vamos beber cerveja!"). Quem somos nós para desobedecer???



Ps.: Curioso é que os gringos não citam uma única vez, como agente do desenvolvimento brasileiro, o período de governo do PSDB, entre 1995 e 2002. A virada espetacular veio mesmo com Lula, o "pop star". Talvez para compensar, resolveram enfiar um inusitado tucano, ali pelo 12:51. Mensagem subliminar?

quinta-feira, fevereiro 17, 2011

E os brasileiros ainda pensam que bebem muito...

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook


No gráfico acima, da World Health Organization (Organização Mundial da Saúde), a média de consumo anual de álcool per capita em litros, por ano, na primeira metade da década passada. O Brasil fica ali, em rosa, entre 7,5 e 9,9 litros. Já no Leste europeu e na maior parte da Europa, o consumo chega a (ou passa de) 12,5 litros. Como reza a sabedoria futebolística, "treino é treino, jogo é jogo"...

quarta-feira, fevereiro 09, 2011

Hernanes para baixinhos

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Crianças, quando estiverem jogando bola na rua e tomarem um chapéu, podem fazer falta. Mas não façam isso, por favor...



PS 1: Evitamos fazer a comparação com Anderson Silva porque já tinham feito antes.
PS 2: Zidane não gostou. Afinal, até quando foi expulso na final da Copa de 2006 foi mais elegante...

quarta-feira, janeiro 26, 2011

Internautas brasileiros entrevistam Julian Assange

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Imagem por Abode of chaos
“Não somos uma organização exclusivamente da esquerda. Somos uma organização exclusivamente pela verdade e pela justiça”. Essa é apenas uma das muitas afirmações feitas pelo fundador e publisher do WikILeaks, Julian Assange, em entrevista aos internautas brasileiros.

A entrevista está sendo publicada por diversos blogues - 
publicada por diversos blogs, entre eles: Blog do Nassif, Viomundo, Nota de Rodapé, Maria Frô, Trezentos, Fazendo Média, FAlha de S Paulo, Escrevinhador, Blog do Guaciara, Observatório do Direito à Comunicação, Blog da Dilma, Elaine Tavares, Blog do Mello, Altamiro Borges, Doutor Sujeira, Blog da Cidadania, Óleo do Diabo, Escreva Lola Escreva. E por este Futepoca, claro. 

Julian, que enfrenta um processo na Suécia por crimes sexuais e atualmente vive sob monitoramento em uma mansão em Norfolk, na Inglaterra, concedeu a entrevista para internautas que enviaram perguntas a este blog da jornalista Natalia Viana, que selecionoudoze perguntas dentre as cerca de 350 recebidas.Todas as perguntas serão publicadas depois.

No final, os brasileiros não deram mole para o criador do WikiLeaks. Julian teve tempo de responder por escrito e aprofundar algumas questões. O resultado é uma entrevista saborosa na qual ele explica por que trabalha com a grande mídia - sem deixar de criticá-la -, diz que gostaria de vir ao Brasil e sentencia: distribuir informação é distribuir poder.


Em tempo: se virasse filme de Hollywood, o editor do WikiLeaks diz que gostaria de ser interpretado por Will Smith.

A seguir, a entrevista.  

Vários internautas - O WikiLeaks tem trabalhado com veículos da grande mídia – aqui no Brasil, Folha e Globo, vistos por muita gente como tendo uma linha política de direita. Mas além da concentração da comunicação, muitas vezes a grande mídia tem interesses próprios. Não é um contra-senso trabalhar com eles se o objetivo é democratizar a informação? Por que não trabalhar com blogs e mídias alternativas?

Por conta de restrições de recursos ainda não temos condições de avaliar o trabalho de milhares de indivíduos de uma vez. Em vez disso, trabalhamos com grupos de jornalistas ou de pesquisadores de direitos humanos que têm uma audiência significativa. Muitas vezes isso inclui veículos de mídia estabelecidos; mas também trabalhamos com alguns jornalistas individuais, veículos alternativos e organizações de ativistas, conforme a situação demanda e os recursos permitem.

Uma das funções primordiais da imprensa é obrigar os governos a prestar contas sobre o que fazem. No caso do Brasil, que tem um governo de esquerda, nós sentimos que era preciso um jornal de centro-direita para um melhor escrutínio dos governantes. Em outros países, usamos a equação inversa. O ideal seria podermos trabalhar com um veículo governista e um de oposição.

Marcelo Salles – Na sua opinião, o que é mais perigoso para a democracia: a manipulação de informações por governos ou a manipulação de informações por oligopólios de mídia?

A manipulação das informações pela mídia é mais perigosa, porque quando um governo as manipula em detrimento do público e a mídia é forte, essa manipulação não se segura por muito tempo. Quando a própria mídia se afasta do seu papel crítico, não somente os governos deixam de prestar contas como os interesses ou afiliações perniciosas da mídia e de seus donos permitem abusos por parte dos governos. O exemplo mais claro disso foi a Guerra do Iraque em 2003, alavancada pela grande mídia dos Estados Unidos.

Eduardo dos Anjos - Tenho acompanhado os vazamentos publicados pela sua ONG e até agora não encontrei nada que fosse relevante, me parece que é muito barulho por nada. Por que tanta gente ao mesmo tempo resolveu confiar em você? E por que devemos confiar em você?

O WikiLeaks tem uma história de quatro anos publicando documentos. Nesse período, até onde sabemos, nunca atestamos ser verdadeiro um documento falso. Além disso, nenhuma organização jamais nos acusou disso. Temos um histórico ilibado na distinção entre documentos verdadeiros e falsos, mas nós somos, é claro, apenas humanos e podemos um dia cometer um erro. No entanto até o momento temos o melhor histórico do mercado e queremos trabalhar duro para manter essa boa reputação.

Diferente de outras organizações de mídia que não têm padrões claros sobre o que vão aceitar e o que vão rejeitar, o WikiLeaks tem uma definição clara que permite às nossas fontes saber com segurança se vamos ou não publicar o seu material.

Aceitamos vazamentos de relevância diplomática, ética ou histórica, que sejam documentos oficiais classificados ou documentos suprimidos por alguma ordem judicial.
Vários internautas - Que tipo de mudança concreta pode acontecer como consequência do fenômeno Wikileaks nas práticas governamentais e empresariais? Pode haver uma mudança na relação de poder entre essas esferas e o público?
James Madison, que elaborou a Constituição americana, dizia que o conhecimento sempre irá governar sobre a ignorância. Então as pessoas que pretendem ser mestras de si mesmas têm de ter o poder que o conhecimento traz. Essa filosofia de Madison, que combina a esfera do conhecimento com a esfera da distribuição do poder, mostra as mudanças que acontecem quando o conhecimento é democratizado.

Os Estados e as megacorporações mantêm seu poder sobre o pensamento individual ao negar informação aos indivíduos. É esse vácuo de conhecimento que delineia quem são os mais poderosos dentro de um governo e quem são os mais poderosos dentro de uma corporação.

Assim, o livre fluxo de conhecimento de grupos poderosos para grupos ou indivíduos menos poderosos é também um fluxo de poder, e portanto uma força equalizadora e democratizante na sociedade.
Marcelo Träsel - Após o Cablegate, o Wikileaks ganhou muito poder. Declarações suas sobre futuros vazamentos já influenciaram a bolsa de valores e provavelmente influenciam a política dos países citados nesses alertas. Ao se tornar ele mesmo um poder, o Wikileaks não deveria criar mecanismos de auto-vigilância e auto-responsabilização frente à opinião pública mundial?
O WikiLeaks é uma das organizações globais mais responsáveis que existem.

Prestamos muito mais contas ao público do que governos nacionais, porque todo fruto do nosso trabalho é público. Somos uma organização essencialmente pública; não fazemos nada que não contribua para levar informação às pessoas.

O WikiLeaks é financiado pelo público, semana a semana, e assim eles “votam” com as suas carteiras.

Além disso, as fontes entregam documentos porque acreditam que nós vamos protegê-las e também vamos conseguir o maior impacto possível. Se em algum momento acharem que isso não é verdade, ou que estamos agindo de maneira antiética, as colaborações vão cessar.

O WikiLeaks é apoiado e defendido por milhares de pessoas generosas que oferecem voluntariamente o seu tempo, suas habilidades e seus recursos em nossa defesa. Dessa maneira elas também “votam” por nós todos os dias.
Daniel Ikenaga - Como você define o que deve ser um dado sigiloso?
Nós sempre ouvimos essa pergunta. Mas é melhor reformular da seguinte maneira: "quem deve ser obrigado por um Estado a esconder certo tipo de informação do resto da população?"

 A resposta é clara: nem todo mundo no mundo e nem todas as pessoas em uma determinada posição. Assim, o seu medico deve ser responsável por manter a confidencialidade sobre seus dados na maioria das circunstâncias - mas não em todas.


"No caso do Brasil, que tem um governo de esquerda, nós sentimos que era preciso um jornal de centro-direita para um melhor escrutínio dos governantes". Foto por New Media Center.
Vários internautas - Em declarações ao Estado de São Paulo, você disse que pretendia usar o Brasil como uma das bases de atuação do WikiLeaks. Quais os planos futuros?  Se o governo brasileiro te oferecesse asilo político, você aceitaria?

Eu ficaria, é claro, lisonjeado se o Brasil oferecesse ao meu pessoal e a mim asilo político. Nós temos grande apoio do público brasileiro. Com base nisso e na característica independente do Brasil em relação a outros países, decidimos expandir nossa presença no país. Infelizmente eu, no momento, estou sob prisão domiciliar no inverno frio de Norfolk, na Inglaterra, e não posso me mudar para o belo e quente Brasil.

Vários internautas - Você teme pela sua vida? Há algum mecanismo de proteção especial para você? Caso venha a ser assassinado, o que vai acontecer com o WikiLeaks?

Nós estamos determinados a continuar a despeito das muitas ameaças que sofremos. Acreditamos profundamente na nossa missão e não nos intimidamos nem vamos nos intimidar pelas forças que estão contra nós.

Minha maior proteção é a ineficácia das ações contra mim. Por exemplo, quando eu estava recentemente na prisão por cerca de dez dias, as publicações de documentos continuaram.

Além disso, nós também distribuímos cópias do material que ainda não foi publicado por todo o mundo, então não é possível impedir as futuras publicações do WikiLeaks atacando o nosso pessoal.

Helena Vieira - Na sua opinião, qual a principal revelação do Cablegate? A sua visão de mundo, suas opiniões sobre nossa atual realidade mudou com as informações a que você teve acesso? 


O Cablegate cobre quase todos os maiores acontecimentos, públicos e privados, de todos os países do mundo – então há muitas revelações importantíssimas, dependendo de onde você vive. A maioria dessas revelações ainda está por vir.

Mas, se eu tiver que escolher um só telegrama, entre os poucos que eu li até agora - tendo em mente que são 250 mil - seria aquele que pede aos diplomatas americanos obter senhas, DNAs, números de cartões de crédito e números dos vôos de funcionários de diversas organizações – entre elas a ONU.

Esse telegrama mostra uma ordem da CIA e da Agência de Segurança Nacional aos diplomatas americanos, revelando uma zona sombria no vasto aparato secreto de obtenção de inteligência pelos EUA.

Tarcísio Mender  e Maiko Rafael Spiess - Apesar de o WikiLeaks ter abalado as relações internacionais, o que acha da Time ter eleito Mark Zuckerberg o homem do ano? Não seria um paradoxo, você ser o “criminoso do ano”, enquanto Mark Zuckerberg é aplaudido e laureado? 


A revista Time pode, claro, dar esse título a quem ela quiser. Mas para mim foi mais importante o fato de que o público votou em mim numa proporção vinte vezes maior do que no candidato escolhido pelo editor da Time. Eu ganhei o voto das pessoas, e não o voto das empresas de mídia multinacionais. Isso me parece correto.

Também gostei do que disse (o programa humorístico da TV americana) Saturday Night Live sobre a situação: "Eu te dou informações privadas sobre corporações de graça e sou um vilão. Mark Zuckerberg dá as suas informações privadas para corporações por dinheiro – e ele é o 'Homem do Ano’."

Nos bastidores, claro, as coisas foram mais interessantes, com a facção pró-Assange dentro da revista Time sendo apaziguada por uma capa bastante impressionante na edição de 13 de dezembro, o que abriu o caminho para a escolha conservadora de Zuckerberg algumas semanas depois.
Vinícius Juberte - Você se considera um homem de esquerda?
Eu vejo que há pessoas boas nos dois lados da política e definitivamente há pessoas más nos dois lados. Eu costumo procurar as pessoas boas e trabalhar por uma causa comum.  
Agora, independente da tendência política, vejo que os políticos que deveriam controlar as agências de segurança e serviços secretos acabam, depois de eleitos, sendo gradualmente capturados e se tornando obedientes a eles.
Enquanto houver desequilíbrio de poder entre as pessoas e os governantes, nós estaremos do lado das pessoas.
Isso é geralmente associado com a retórica da esquerda, o que dá margem à visão de que somos uma organização exclusivamente de esquerda. Não é correto. Somos uma organização exclusivamente pela verdade e justiça – e isso se encontra em muitos lugares e tendências.
Ariely Barata - Hollywood divulgou que fará um filme sobre sua trajetória. Qual sua opinião sobre isso?
Hollywood pode produzir muitos filmes sobre o WikiLeaks, já que quase uma dúzia de livros está para ser publicada. Eu não estou envolvido em nenhuma produção de filme no momento.

Mas se nós vendermos os direitos de produção, eu vou exigir que meu papel seja feito pelo Will Smith. O nosso porta-voz, Kristinn Hrafnsson, seria interpretado por Samuel L Jackson, e a minha bela assistente por Halle Berry. E o filme poderia se chamar "WikiLeaks Filme Noire".

terça-feira, janeiro 18, 2011

O fora de série Neymar marca quatro e Brasil derrota o Paraguai no Sul-Americano sub-20

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

A estreia da seleção brasileira no Sul-Americano sub-20 foi um jogo com quase tudo que o futebol pode proporcionar ao torcedor. Grandes jogadas, muitos gols, tentos de placa, alternância de domínio, expulsões, quase brigas. Ótimo para o telespectador daqui que não fez esforço para ficar acordado na madrugada de terça.

Não foi um jogo fácil no início. Apesar de o Brasil quase ter marcado com Bruno Uvini, em cobrança da falta de Neymar, o Paraguai chegava bem à frente com Correa, atacante de área quase típico, porém com alguma técnica, e Ortega, atleta que os antigos chamariam de “liso”. Além disso, o sistema defensivo guarani estava bem postado, com jogadores que ganharam na base da força física muitas disputas com os avantes brasileiros.

Mas em uma partida equilibrada, às vezes é o elemento surpresa que ajuda a decidir. E assim foi. O volante Casemiro veio de trás e, com habilidade, força e muita vontade, conseguiu furar a retaguarda adversária e sofreu pênalti. Confesso que até agora não tenho muita convicção da marcação do árbitro, mas o lance pareceu de fato penalidade. Neymar deslocou o goleiro e abriu o placar.

Sete minutos depois, o fora de série da Vila Belmiro deu de novo o ar de sua graça. Lucas avançou e conseguiu tocar para o santista, que entrou na área, fugiu da marcação de dois rivais e finalizou no único lugar possível. Dois a zero. O atacante peixeiro ainda deixaria Lucas na cara do goleiro Ovando, mas o tento não saiu, e faria mais duas jogadas de efeito no lado esquerdo do ataque que dobraram a torcida no estádio, contrária ao Brasil.

A equipe toda se mostrava motivada, com o tal “comprometimento” que tanto pedem os técnicos. Mesmo quem não desempenhava bem sua função se destacava pela entrega. Mas excesso de vontade também pode ser contraproducente. Talvez isso justifique a tola expulsão do volante Zé Eduardo, que recebeu dois cartões amarelos em três minutos. Expulsão justa que complicou a partida. Quase na sequência, o goleiro Gabriel se atrapalhou e o Paraguai conquistou escanteio. Viera, livre na pequena área, diminuiu na cobrança.

Ney Franco sacou o apagado Oscar e colocou o volante Fernando. Mas o susto só passou quando, em uma bola disputada no ataque após um chutão da defesa brasileira, a bola sobrou para Neymar, que chutou em cima do goleiro, prosseguiu no lance e marcou de cabeça. Três minutos depois, uma pintura de gol. O lateral Galhardo, que substituiu o ansioso Danilo, lançou da intermediária e Neymar dominou, avançou e encobriu o arqueiro paraguaio com um classe ímpar. Com a esquerda. O quarto do Brasil e o quarto dele.



Mais jogadas de efeito do santista e, com a equipe já relaxada diante de um perdido Paraguai, dois lances ainda agitam a partida. Os guaranis chegam ao segundo gol aos 39, com Galhardo. E Henrique, de novo com o tal excesso de vontade, comete falta, toma o segundo amarelo e é expulso. Mesmo com dois a menos durante o fim da partida, o Brasil não é ameaçado.

A vitória por 4 a 2 sela um início promissor para a equipe de Ney Franco, mas traz também a preocupação com o rendimento e o preparo psicológico de alguns atletas. O ponto positivo é que o leque de opções à disposição é bom. E poder contar com Neymar é quase uma bênção.

quinta-feira, dezembro 02, 2010

Depois do Brasil, América fica 12 anos sem Copa

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

A Fifa anunciou hoje, na Suíça, os países que vão sediar as Copas de 2018 e 2022: Rússia e Qatar, respectivamente. Com isso, após a Copa no Brasil, em 2014, o continente americano ficará sem a competição mais importante do futebol até, pelo menos, 2026. E isso porque, entre a Copa dos Estados Unidos e a que será realizada aqui em nosso país, daqui a quatro anos, foram duas décadas de mundiais longe das Américas - os estadunindenses, aliás, foram um dos candidatos à Copa de 2022, que será a primeira no Oriente Médio.

Essa "seca" americana de 20 anos sem mundiais só havia ocorrido antes entre a primeira Copa, no Uruguai, em 1930, e a primeira no Brasil, em 1950. Depois dos 12 anos de intervalo até a Copa no Chile, em 1962, começou um período em que as Américas não passavam mais que oito anos sem o mundial: foi o que levou até 1970, quando o México sediou a primeira Copa na América Central; mais oito anos e ela foi a vez da Argentina; outros oito anos para que retornasse ao México, em 1986, e depois aos Estados Unidos, em 1994.

quarta-feira, dezembro 01, 2010

Onde sobram mulheres - até nos bares!

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook


O site G1 soltou materinha hoje destacando que Santos (foto), no litoral paulista, é o município com a maior proporção de mulheres no país, segundo os novos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE): 54% da população. Do total de 419,7 mil habitantes, a cidade tem 192 mil homens e 227,7 mil mulheres - equivalentes a 45,8% e 54,2%, respectivamente. E a reportagem colheu lá em Santos um depoimento curioso - e indignado (grifo nosso):

“- Tem muito mais mulher do que homem. No bar, na balada, no shopping, na praia, em praticamente todos os lugares da cidade”, diz a estudante de nutrição Maria Fernanda Araújo, de 22 anos, enfatizando o “muito”.

Lendo isso, muito manguaça solitário e acostumado com os butecos de público exclusivamente masculino, em São Paulo, vai começar a reservar uma graninha pra descer a serra todo final de semana...

domingo, novembro 21, 2010

Dia da Consciência 'Branca'

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Complementando o excelente post do Glauco (abaixo) sobre o Dia da Consciência Negra, celebrado ontem, data da morte do líder Zumbi (imagem ao lado), faço aqui um apelo para que nós, os "não negros" - porque, como disse Chico Buarque, ninguém é branco no Brasil -, tenhamos a humildade e a autocrítica de reconhecer que, sim, HÁ RACISMO entre nós, e que é preciso denunciá-lo, puni-lo e extingui-lo. O primeiro passo, em minha opinião, é nos educarmos para identificar esse racismo, que muitas vezes é velado; outras vezes, explícito. E essa educação tem que começar pelas nossas crianças. Aliás, o que mais me preocupa é a sutil e persistente introjeção do racismo na infância, no período de alfabetização e formação da personalidade e da visão de mundo. E isso acontece entre nós, só não vê quem não quer.

Outro dia, eu e minha namorada Patricia entramos numa das livrarias de uma galeria comercial na Avenida Paulista, aqui em São Paulo, e ela começou a folhear um livrinho infantil aparentemente inocente, com fotos de gatos e frase sobre eles, para presentear nossa menina Liz, de 8 anos. Tratava-se de "Amigos gatos", da série "Pegadas de filhotes" (Editora Eko/ Grupo Edicart, 2009), com texto original da italiana Emannuela Signorini. Com a mania que tenho de observar os "eugenizantes" (ver eugenia) comerciais impressos ou televisivos no Brasil, passei a notar que, no tal livrinho, não aparecia um gato preto sequer - como se "bonitinhos", "fofinhos" e "desejáveis" fossem só os gatos brancos. "Ah, que viagem a sua", reclamou Patricia. Para desdenhar minha "teoria da perseguição", logo encontrou a foto de um gato preto no livro. Mas a frase que acompanhava a imagem só justificou minha desconfiança - e nos deixou de queixo caído:

"Um gato preto não faz sombra porque ele é uma sombra: uma sombra vivente de um radiante gato branco."

Não adianta tentarem me convencer do contrário: é agressivo - e é RACISMO. A ideia simbólica de que o negro é "sombra" (no sentido pejorativo) e o branco é "radiante" está ali, como propaganda, como "ensinamento". É assim que nossas crianças são "educadas", mesmo nas publicações mais tolas e supostamente "inofensivas": o negro não tem valor algum. O poder dessas mensagens subliminares é subestimado. Se aceitamos pequenas agressões gratuitas como essa, não conseguimos controlar, posteriormente, atitudes mais violentas como a não aceitação do sistema de cotas no ensino público universitário, por exemplo. Porque os que não aceitam foram acostumados, desde crianças, com essa ideia de que os negros são "sombras", e que, apesar de terem servido como escravos por quatro séculos na construção de nosso país, não merecem qualquer atenção ou política pública específica em nossa sociedade. Que são pessoas de segunda ou terceira classe.

É por isso que faço esse apelo para que, nesse final de semana, não só os negros celebrem sua consciência, mas que nós, como disse, os "não negros", também tenhamos consciência do que fazemos com e para eles. A maior riqueza do Brasil, o que já nos destaca e que irá nos tornar muito maiores no futuro, é exatamente a nossa diversidade. É a nossa mistura única de povos, raças, costumes, culturas. Insistir nas diferenças, nas divisões e nos preconceitos que há muito já deveriam ter sido abolidos de nossa sociedade, é insuflar o ódio, é regredir à barbárie - tal e qual um certo candidato à presidente da República nas últimas eleições. Nós não precisamos disso. Salve a raça negra! E a consciência de todos.

Mais sobre racismo:

Racismo não é - ou não deve ser - coisa do futebol

Prêmio Nobel discrimina negros

Racismo introjetado em uma nação

quarta-feira, novembro 17, 2010

Messi resolve

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

O Brasil x Argentina desta quarta-feira foi um jogo legal de ver. O time de amarelo começou bem, marcando a saída de bola e encurralou os Hermanos a maior parte do primeiro tempo. Rolaram algumas chances de gol, a melhor delas na bomba de Daniel Alves no travessão. O passe foi de Ronaldinho Gaúcho que jogou centralizado, como meia de ligação, e foi bem. Os argentinos levavam perigo no contra-ataque, especialmente quando a bola caia com Lionel Messi.

No segundo tempo, a Argentina adiantou um pouco a marcação e conseguiu sair mais. A partir daí, a formação com três volantes – mesmo que todos eles saibam jogar com a bola no pé – se mostrou insuficiente para encontrar opções e o meio-campo recuou demais.

Na verdade, mesmo no primeiro tempo o time sentiu falta de penetração na área. Talvez fosse a ausência de um centroavante, talvez a noite pouco inspirada de Robinho. Neymar foi bem no que deu, mas pegou a bola isolado na frente muitas vezes e brigar com zagueiros não é a dele.

O jogo caminhava para um 0 a 0 quando o recém entrado Douglas perdeu a bola no meio campo e ela sobrou para Messi – o lance rendeu uma merecida ofensa do técnico, que pode ser ouvido logo no comecinho do vídeo abaixo. Ele tabelou com um companheiro, passou pela defesa e meteu no cantinho de Victor. O maior craque presente em campo resolveu.

O jogo serviu para três coisas para Mano Menezes. Primeiro e menos importante, ver como os jogadores encaram um jogo contra um rival tradicional. Sem problemas aqui, creio. A segunda era testar Gaúcho e Douglas na função de Paulo Henrique Ganso. O ex-gremista foi bem, o atual nem tanto.

Por fim, testar essa nova formação, com o losango no meio e sem centroavante fixo. Aqui, não rolou muito bem, pelos motivos expostos acima. A mudança deu a entender que Mano não achou ainda opção para Alexandre Pato no ataque. André, pelo jeito, não goza ainda da confiança plena do comandante. Será que não poderia ser Nilmar?

Elucubrações de bar

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Quem nasceu para Ronaldinho Gaúcho não chega a Lionel Messi.

quarta-feira, novembro 03, 2010

Olhei nos olhos da minha filha e disse: você pode

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

De tudo o que a nova presidente da República, Dilma Rousseff, falou em seu primeiro discurso depois de eleita, o que me emocionou profundamente foi:

- Eu gostaria muito que os pais e as mães das meninas pudessem olhar hoje nos olhos delas e dizer: sim, a mulher pode!

Ato contínuo, eu olhei nos olhos da minha filha Liz, de 8 anos, e disse isso. Nossos olhos se encheram de lágrimas. Liz nasceu no ano em que Lula foi eleito presidente pela primeira vez. Para mim, é muito simbólico: tudo melhorou após seu nascimento, em todos os sentidos. E a vitória de Dilma é a certeza e a confirmação de que tudo seguirá melhorando. Principalmente para a Liz e para a sua geração, que viverão num país muito mais justo, democrático e feliz. Com direitos garantidos e oportunidades para todos.

A esperança venceu o ódio.

Escrevi esse texto chorando. De alegria.

Obrigado, Liz. Obrigado, Dilma.

quinta-feira, outubro 28, 2010

Liberdade de imprensa no dos outros é refresco

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Liberdade de imprensa e de expressão é um dos temas frequentemente discutidos e reportados aqui no Futepoca, até porque somos nove profissionais da comunicação e o próprio blogue é mais um espaço a defender a pluralidade de informações e opiniões. Recentemente, o governo Lula vem sendo atacado por supostamente querer "controlar" ou, mais explicitamente, "amordaçar" a mídia. Mentira - e ninguém melhor para botar os pingos nos is do que o próprio presidente: "Muitas vezes, uma crítica que você recebe é tida como democrática, e uma crítica que você faz é tida como anti-democrática. Como se determinados setores da imprensa fossem acima de Deus e que ninguém (deles) pudesse ser criticado. (...) No Brasil, a imprensa deveria assumir categoricamente que ela tem um candidato e que tem um partido. E que falasse. Seria mais simples, mais fácil. O que não dá é para as pessoas ficarem vendendo uma neutralidade disfarçada", disse Lula, para o site Terra.

"Mas eles preferem fingir que não têm lado e fazem crítica à todas as pessoas que criticam determinados comportamentos e determinadas matérias. (...) Quando nós tomamos a decisão de fazermos a Conferência da Comunicação, determinados setores da imprensa não quiseram participar e acharam que aquilo era anti-democrático. Eu não sei qual é a preocupação que as pessoas têm de a sociedade discutir comunicação. Mas o Brasil vai ter que estabelecer um novo marco regulatório de telecomunicações", acrescentou (veja a ÍNTEGRA AQUI).
Lula cutucou onde a ferida mais incomoda os donos do meio de comunicação: a apregoada liberdade de imprensa defendida por eles é totalmente relativa, pois o foco depende do lado político que eles defendem ou atacam. Mais precisamente sobre o candidato José Serra, do PSDB, conhecido pela hipocrisia com que defende a tal liberdade da imprensa ao mesmo tempo que não dialoga e chega mesmo a calar jornalistas que não o agradam.

Em 27 de setembro, a então candidata à presidente Marina Silva, do PV, já advertia: "Tenho ouvido reclamações nos últimos dias que o ex-governador José Serra tem ficado nervoso quando fazem perguntas que ele não gosta. Ouço também relatos de que há uma tentativa de intimidação dele aos jornalistas. Existem duas formas de tentar intimidar a imprensa. Uma é aquela que vem a público e coloca de forma infeliz uma série de críticas. Outra é aquela que, de forma velada, tenta agredir jornalistas, pedir cabeça de jornalista, o que dá na mesma coisa, porque o respeito pela democracia e pela liberdade de imprensa é permitir que a informação circule. Serra constrange e tenta intimidar jornalistas". Não por acaso, Marina usa hoje seu blogue para criticar o "vale-tudo" de Serra nessa campanha eleitoral.

Sendo assim, por estarmos a poucos dias do segundo turno da eleição presidencial, penso ser interessante apontar esse jogo sujo (mais um) da chamada "grande mídia" brasileira, que tenta construir um Lula "ditador" e "censor" contra o verdadeiro merecedor desses adjetivos, o candidato tão protegido e blindado pelos próprios meios de comunicação. Reproduzo abaixo uma reveladora sequência de eventos que mostram o quão defensor da liberdade de imprensa José Serra é (e que poderia ser ainda pior, se investido do poder de presidente da República), a partir de uma lista feita pelo jornalista Antônio Biondi para o blogue O Escrevinhador. Vale a pena ler até o final. A arrogância e tirania impressionam pela constância e pelo descontrole emocional:

29 de maio de 2009
Vítima: Estadão/ repórter Sandro Villar. Escreveu o Estadão: "A entrevista coletiva foi tumultuada. A segurança reprimiu os jornalistas com certa dose de truculência. O governador fugiu das perguntas políticas. Ao ser perguntado pelo repórter do Estado se faria dobradinha com Aécio Neves na eleição para a presidência, Serra se irritou. "Pensei que você veio para perguntar sobre o hospital", respondeu (em referência a uma pauta publicada). Um segurança agarrou o repórter na frente do governador, que condenou a atitude do jornalista (!) e soltou um sonoro palavrão impublicável. Villar declarou, em correspondência a Luis Carlos Azenha: "Não faz muito tempo surgiram informações de que o Serra foi submetido a um cateterismo realizado secretamente na calada da noite. Eu queria perguntar isso ao governador para ele desmentir ou não. Mas, pela segunda vez, fui agredido pela segurança de Sua Excelência. Protestei e disse que nem na época da ditadura militar fui tratado com tanta truculência".

10 de maio de 2010
Vítima: Rádio CBN/ comentarista Miriam Leitão. Em entrevista pela manhã, Miriam perguntou se o presidenciável respeitaria a autonomia do Banco Central ou se presidiria também a instituição, caso vencesse a eleição. Serra primeiro respondeu que a suposição da jornalista era "brincadeira". Em seguida, disse, ríspido: "Você acha isso, sinceramente, que o Banco Central nunca erra? Tenha paciência!". Questionado se interviria na instituição ao se deparar com um erro, Serra interrompeu Miriam: "O que você está dizendo, vai me perdoar, é uma grande bobagem".

10 de maio de 2010
Vítima: Rádio Nacional. Relato da Folha de S. Paulo: "Um repórter da Rádio Nacional, emissora estatal, perguntou se o tucano acabaria com o Bolsa Família. Serra reagiu de forma ríspida. 'Por que a pergunta? Porque disseram para você que eu vou acabar? Então eu gostaria de saber a fonte. Isso é uma mentira total', afirmou. Em outro momento de irritação, Serra não quis detalhar sua posição referente à divisão dos royalties do pré-sal. 'Não vou ficar repetindo.' Assessores de Serra procuraram repórteres para pedir desculpas pelo tom do tucano, que chegou ao evento com 40 minutos de atraso".

22 de junho de 2010
Vítima: TV Cultura/ mediador Heródoto Barbeiro. "Como o estado poderia prestar serviço não cobrando pedágios tão caros como são cobrados no estado de São Paulo? A gente viaja por aí e as pessoas reclamam que para ir de uma localidade à outra custa R$ 8,80″, questionou o jornalista. "Você tá transmitindo o que o PT vive dizendo", acusou Serra. O candidato afirmou que o modelo de privatização de rodovias de São Paulo passou por mudanças em seu governo. "Nós mudamos o modelo de concessões e os pedágios baixaram em relação aos elementos anteriores". Ao final da discussão, Serra classificou as indagações do jornalista de "trololó petista" e condenou Barbeiro por não apresentar resultados do governo tucano em São Paulo. "Essas perguntas têm sempre de vir acompanhadas de resultados", exigiu o tucano. Logo depois, Barbeiro deixou a bancada do programa, dando lugar a Marília Gabriela.

Julho de 2010
Vítima: Rádio Mirante AM, do Maranhão/ repórter Mário Carvalho. Serra irritou-se quando foi perguntado sobre o que faria para diminuir sua rejeição no Nordeste. Respondeu: "Onde você viu essa informação? Você está fazendo campanha para Dilma". "No Ibope e no Datafolha", disse Carvalho. "De qual emissora você é?", inquiriu Serra. "Da Mirante AM". "Não é rádio do Sarney? Eu não sei aonde você viu isso. Vamos fazer uma coisa, você quer fazer propaganda pra Dilma? Eu acho legítimo que sua rádio e você faça campanha para Dilma. Não tenho nada a me opor. Agora não venha falar mentira. Tudo bem, faz a campanha direto", despejou, gritando, o candidato do PSDB.

16 de julho
Vítima: TV Globo/ Fábio Turci. Segundo Mino Carta, o repórter dirigiu à Serra uma pergunta sobre juros. O perguntado não escondeu sua irritação, e indagou com a devida veemência: "De onde você é?". Turci esclarece ser da Globo. E Serra, de pronto: "Ah, então desculpe".

7 de agosto de 2010
Vítima: TV Cultura/ Gabriel Priolli. No final da tarde, Fernando Vieira de Mello, vice-presidente de conteúdo, chamou Priolli à sua sala para comunicá-lo de seu afastamento da direção de jornalismo da emissora. O episódio aconteceu apenas 5 dias depois de Priolli assumir o cargo. Ele havia encomendado uma reportagem sobre pedágios no estado de São Paulo. A Folha escreveu sobre o episódio: "Nos corredores da emissora e na blogosfera, circula a informação de que, por trás da saída de Priolli, está uma reportagem sobre problemas e aumento nos pedágios. A reportagem teria sido 'derrubada' – jargão para o que não é veiculado – por Mello. 'A reportagem não foi ao ar na quarta-feira por uma razão simples: não estava pronta', diz Mello. 'Eram ouvidos só [Geraldo] Alckmin e [Aloísio] Mercadante. Em período eleitoral, somos obrigados a ouvir todos os candidatos. Foi isso que fizemos', acrescenta." Escreveu o Observatório da Imprensa: "Explicações complicadas terão que ser dadas pelo candidato à presidência José Serra – acusado de ter pedido a cabeça dos jornalistas."

23 de agosto de 2010
Vítima: TV Brasil. O candidato do PSDB à Presidência, José Serra, se irritou com uma pergunta de uma jornalista da TV Brasil, emissora estatal, sobre o fato de a propaganda na TV completar uma semana hoje e a expectativa
do tucano de conseguir reagir nas pesquisas. "Pergunta lá pro seu pessoal na TV Brasil. Eles têm uma opinião", disse Serra.

15 de setembro de 2010
Vítima: CNT/Gazeta/ entrevistadores Márcia Peltier e Alon Feurwerker. Serra irritou-se durante gravação e ameaçou deixar o programa "Jogo do Poder", da CNT, comandado por Márcia Peltier e Alon Feurwerker. Ele não gostou de perguntas feitas e depois de dizer que estavam "perdendo tempo" com aqueles assuntos, passou a discutir com Márcia. Disse que, em vez de tratarem do programa de governo, estavam repetindo "os argumentos do PT". Em seguida, levantou-se para deixar o estúdio. "Não vou dar essa entrevista, você me desculpa. Faz de conta que não vim", disse Serra, reclamando que a entrevista não era um "troço sério". Logo depois, pediu que os equipamentos fossem desligados e disparou: "Isso aqui está um programa montado." A apresentadora negou com firmeza a acusação e teve uma conversa reservada com Serra. Só então o candidato aceitou voltar ao estúdio.

28 de setembro de 2010
Vítima: Folha de S.Paulo/ repórter Breno Costa. Em Salvador, diálogo entre o repórter Breno Costa, da Folha, e o candidato do PSDB. "Candidato, nesses últimos dias de campanha, qual deve ser a [sua] estratégia?". Resposta de Serra: "Certamente não é perder tempo com matéria mentirosa como a que você fez". Sobre a matéria, explicação da Folha: "Serra referia-se à reportagem que mostrou ressalvas feitas por técnicos do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo no ano de 2009, quando ele era governador. As objeções técnicas do TCE-SP, que aprovou suas contas, referiam-se a ações que, hoje, fazem parte da lista de promessas do tucano".

13 de outubro de 2010
Vítima: Valor Econômico/ repórter Sérgio Bueno. O repórter fez pergunta sobre Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto. E ouviu do candidato: "Seu jornal faz manchete para o PT colocar no horário eleitoral. Eu sei que, no caso, vocês não têm interesse na Casa Civil, naquilo que foi desviado. Seu jornal, pelo menos, não tem. Agora, no nosso caso, nós temos". Horas depois, a diretora de redação do Valor, Vera Brandimarte, ensinou: "O jornalista [Sérgio Bueno] só estava fazendo o trabalho dele, que é perguntar. Todos os candidatos devem estar dispostos a responder questões, mesmo sobre temas que não lhes agradem".

Que esses fatos lamentáveis ajudem os eleitores a pensar muito bem até o próximo dia 31.

Diferença abissal entre o pré e o pós Lula

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Ontem listei, no post sobre o aniversário do presidente Lula, alguns exemplos de como seu governo ultrapassou todas as expectativas na distribuição de renda e no combate à desigualdade social. Naquele mesmo momento, o sociólogo e jornalista Joelmir Beting listava outros cinco índices que comprovam o sucesso desse projeto econômico e político (no vídeo abaixo). Assim, fica muito fácil decidir em quem votar no dia 31.

quarta-feira, outubro 27, 2010

Lula 65 - Início na política com futebol e cachaça

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Hoje o nosso presidente Luiz Inácio Lula da Silva comemora 65 anos com mais de 80% de popularidade e terminando sua gestão com a certeza absoluta de que o Brasil está hoje, inegavelmente, milhões de vezes melhor do que há sete anos, quando iniciou seu primeiro mandato. Os 28 milhões que saíram da linha da miséria, os mais de 30 milhões que ascenderam à classe média, os quase 15 milhões que conseguiram emprego com carteira assinada, as milhões de crianças e famílias amparadas pelo Bolsa Família, os mais de 700 mil que realizaram o sonho de chegar à faculdade pelo ProUni, além dos milhares que tiveram acesso à energia elétrica e que puderam comprar ou reformar sua casa própria com as facilidades inéditas da Caixa Econômica Federal são as principais testemunhas da transformação fantástica da sociedade brasileira no período. E de que, com certeza, "nunca antes na História deste país", o estado fez tanto para tantos - e o mais importante, para os tantos que mais precisam.

No esporte, entre múltiplas iniciativas, o governo Lula marcou verdadeiros gols de placa ao disputar de conquistar o direito de sediar a próxima Copa do Mundo, em 2014, e as Olimpíadas de 2016. Há dez anos, se alguém dissesse que o Brasil tinha 0,0001% de chance de trazer um evento de projeção mundial desse porte, seria taxado de louco e rechaçado às gargalhadas. Lula resgatou o orgulho de ser brasileiro, de saber que podemos e fazemos, que confiamos no nosso taco. Algo parecido com o que sentíamos no final da década de 1950 e que logo em seguida foi destroçado pela subserviência da ditadura militar aos ditames de Washington. E esse projeto político que deu e dá certo no Brasil teve e tem suas raízes nos movimentos populares, entre eles, o sindical, dos trabalhadores organizados. Que tomou impulso e direção a partir do momento em que Lula assumiu a presidência do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema, no ABC Paulista, em 1975.

E o mais interessante, que registro aqui nesse post a partir do título, é que o gênio político e intuitivo de Lula buscou no futebol e na cachaça sua primeira estratégia de atuação. Logo, nosso presidente tem tudo a ver com o Futepoca, ou seja, Futebol, Política e Cachaça. No livro "O sonho era possível - A história do Partido dos Trabalhadores narrada por seus protagonistas", compilação de entrevistas feita pela jornalista e pesquisadora chilena Marta Harnecker (Editora Mepla/Casa América Livre, Cuba, 1994), Lula afirma que sua primeira decisão no sindicato foi a de ir às fábricas, em vez de ficar esperando que os trabalhadores comparecessem às assembleias, o que nunca acontecia. Aliado a isso, ele imaginou uma forma infalível de fazer com que os operários fossem conscientizados politicamente ao mesmo tempo que se divertiam. Diz Lula, no livro:

Um dia, discutimos na diretoria como é que íamos fazer para o trabalhador pegar confiança na gente. Sabe o que eu fiz? Eu marcava campeonato de futebol: a diretoria do sindicato contra a seção de uma fábrica. A gente ia e antes de começar o jogo eu falava cinco minutos com os trabalhadores. Depois a gente tomava umas cervejas, tomava chope, fazia churrasco. Em pouco tempo conseguimos criar uma nova consciência: a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) era uma lei, a Constituição era uma lei, mas tem um espaço político importante para a gente atuar. Em pouco tempo, um sindicato que era esvaziado e que ninguém participava, lotava em todas as assembleias.

Convenhamos: é ou não é um craque? Show de bola na política - e na cachaça também! Vamos brindar ao Lula e à sociedade civil organizada, que já mudou e que vai continuar mudando este país para muito melhor. Saúde, Lula!

segunda-feira, outubro 25, 2010

Lula com a palavra

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Que me perdoem os que eventualmente discordem, mas é muito emocionante este discurso do Lula, proferido no evento de premiação de empresas organizado pela Carta Capital.

Gostaria que aqueles que o chamam de analfabeto fossem pegos de surpresa por este discurso: a qualidade de seu português, o uso preciso da língua portuguesa, sem nada de empolado, mas com um vocabulário riquíssimo, usado com desenvoltura, a capacidade de manejar o humor e a ênfase, de conquistar a cumplicidade do público e de trazê-lo consigo em sua argumentação, de mostrar apenas com sua presença o homem que é, cuja trajetória e realização não encontra paralelo em ninguém que eu consiga imaginar aqui. Me ajudem, se puderem. Pelé, talvez.

Enumeraria aqui cada trecho, mas seleciono apenas este: “Eu governei oito anos tendo que provar a cada dia a minha existência. (...) A elite brasileira não precisa provar nada, eles erram, afundam o Brasil, e não têm que provar nada. Termina o mandato, vai passar três, quatro anos na Europa, volta e está tudo a mesma coisa. Eu é que tive que provar a cada dia que este país podia dar certo.”



Para se aguardar o seu discurso de despedida da presidência, no dia 1º de janeiro de 2011.

Vida longa!

domingo, outubro 10, 2010

Olhando o Brasil de fora

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Dois dias atrás em Madrid, agora aqui em Bordeaux, França: a admiração pelo momento que vive o Brasil é enorme. Em 2001, quando vim à Europa pela primeira vez, só me perguntavam do Ronaldo. Agora todos querem saber como fizemos para dar o chapéu na crise e emplacar o melhor desempenho no mundo em relação aos seus efeitos.

Ontem, eu e Cristina Ortiz, a pianista brasileira com quem estou aqui trabalhando, fomos jantar na casa de um casal de americanos, com um casal de franceses (estes, já viveram no Rio como adidos culturais, conhecem muito bem nossa terra). Todos me perguntaram animados, sedentos por notícias da grande sensação mundial. Chegam a pensar que o Brasil erradicou todos os seus problemas, que vivemos no paraíso. Tive que explicar que, apesar de estarmos muito melhores, ainda temos problemas e contradições históricas para solucionar.

Comentaram como enxergam o Brasil como o país mais apto a negociar internacionalmente, não apenas pelo seu sucesso econômico, mas também pela sua tradição pacifista e postura independente, em episódios como os do Irã e de Honduras. Em Madrid, um amigo espanhol chegou a brincar que invertemos os papéis: são eles que têm crise econômica, desemprego de 20% e ganharam a Copa do Mundo.

Ou seja, nada como sair desse mar de boatos que tomou conta do Brasil para recuperar um pouco de clareza: até muito pouco tempo atrás, o orgulho de ser brasileiro se apoiava quase que só no futebol (e um pouquinho no samba e na cachaça). Agora, já podemos começar a ter orgulho da política.

Mudamos. Estamos mudando.