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sábado, maio 10, 2014

Copa na Rede: Futepoca e Rede Brasil Atual repetem parceria na cobertura do Mundial 2014

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A Rede Brasil Atual e o Futepoca realizam a cobertura da reta final dos preparativos e do Mundial de futebol 2014, sediado no Brasil. A exemplo da Copa do Mundo de 2010 e da Copa das Confederações de 2013, os veículos promovem uma ação na Web sobre o evento que mobilizará a pátria em chuteiras de 12 de junho a 13 de julho.

Iniciada em 7 de maio, com a convocação da Seleção Brasileira pelo técnico Luiz Felipe Scolari, a parceria envolve a produção de conteúdo exclusivo para um blogue estruturado dentro da Rede Brasil Atual. Elaborado pelos mesmos autores do Futepoca, a cobertura apostando no bom humor e na busca por recortes diferenciados sobre a competição.

Interessou? Acompanhe www.redebrasilatual.com.br/blogs/copa-na-rede

segunda-feira, abril 14, 2014

'Porto de Lenha, tu nunca serás Liverpool!'

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Hodgson: declaração infeliz
Diz uma das mais sábias das Leis de Murphy: "Toda vez que se menciona alguma coisa, se é bom, acaba; se é ruim, acontece". O técnico da seleção inglesa, Roy Hodgson, devia ter lembrado da última parte dessa máxima ao afirmar, na véspera do sorteio dos grupos para a Copa do Mundo de 2014: "O clima tropical de Manaus é o problema. Manaus é o lugar ideal para se evitar e Porto Alegre o lugar ideal para jogar" (leia aqui). A declaração pegou mal e mereceu resposta indignada do prefeito da capital amazonense, Arthur Virgílio Neto (PSDB): "Nós, amazonenses, também preferimos que a Inglaterra não venha. Torcemos pra que venha uma seleção melhor, com mais futebol... e com técnico mais sensível, culto e educado" (leia aqui).

'Trapiche 15 de Novembro', estrutura flutuante apelidada de 'Porto de lenha'
Pois é. Pela já citada Lei de Murphy, não deu outra. O sorteio definiu que a Inglaterra estreará na Copa contra a Itália, em 14 de junho, justamente na "indesejável" Manaus. Tudo isso acabou por reavivar o brio dos amazonenses. Um sentimento que é embalado, há mais de 30 anos, por uma música local que, curiosamente, cita os ingleses. A canção, chamada "Porto de lenha", é considerada um hino extra-oficial da cidade de Manaus. Seu nome tem origem no antigo tablado de madeira, batizado de "Trapiche 15 de Novembro", que deu origem ao porto da cidade, na margem do Rio Negro. Tratava-se de uma estrutura flutuante construída propositadamente desta forma para acompanhar as cheias e vazantes do rio, sem ser submersa. Esse cais foi projetado por ingleses e inaugurado quando a cidade vivia o apogeu da época áurea da borracha. Mais tarde, quando a economia amazonense entrou em decadência, a obra tornou-se um símbolo da pretensão ridícula, por parte daquela elite da época, de ostentar uma "superioridade europeia" que, na verdade, era só verniz "pra inglês ver".

Música batizou um disco de Zeca Torres
Muitos anos depois, no fim da década de 1960, o poeta nativo Aldísio Filgueiras se inspirou em uma tema instrumental dos músicos e compositores amazonenses Zeca Torres (o Torrinho) e Wandler Cunha para escrever um extenso poema. Ao saber disso, a dupla resolveu musicar alguns trechos do texto. “A intenção era transformar em uma suíte com vários movimentos. Devem ter saído quatro ou cinco canções e ‘Porto de lenha’ foi uma delas", diz Torrinho. Nem Zeca nem Aldísio imaginavam, mas a música se tornou um sucesso em Manaus já no fim dos anos 1970, quando fez parte da peça "Tem piranha no pirarucu", dirigida por Márcio Souza. Seus versos iniciais conclamam o orgulho dos nativos contra a "europeização" dos gostos e costumes: "Porto de lenha/ Tu nunca serás Liverpool/ Com uma cara sardenta/ E olhos azuis". Outros trechos desdenham os artistas locais que sonham com o "sucesso sulista" e também a invasão das "quadrilhas de turistas" (veja a letra e o vídeo com a gravação abaixo).

A identificação dos habitantes de Manaus foi tão forte que, desde então, a música passou a ser entoada como um hino. Em 2012, o jornal "A Crítica" fez uma enquete para que elegessem a música que melhor identificasse a cidade, nas comemorações de seus 393º aniversário. "Porto de lenha" venceu com 41,2% dos votos (leia aqui). E é curioso pensar, como bem observa o colega jornalista Diego Sartorato, que a canção cai como uma luva para ser entoada na Arena Amazônia, após as declarações do técnico Roy Hodgson. Ainda mais se pensarmos que o Liverpool, time da cidade portuária citada na letra, está prestes a ser campeão na Inglaterra...


PORTO DE LENHA
(Letra: Aldísio Filgueiras/ Música: Torrinho)

Porto de lenha
Tu nunca serás Liverpool
Com uma cara sardenta
E olhos azuis

Um quarto de flauta
Do alto Rio Negro
Pra cada sambista
Para-quedista

Que sonha o sucesso
Sucesso sulista
Em cada navio, em cada cruzeiro

Das quadrilhas de turistas



quarta-feira, janeiro 29, 2014

E se a novidade da campanha eleitoral 2014 for o uso de hologramas?

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O ano é de amplas movimentações político-eleitorais, com pleito nacional e estaduais no calendário. Em tempos de mídias sociais, há quem espere um acirramento da tensão virtual assistida em 2010. Ainda mais no contexto pós-protestos de junho de 2013, de #nãovaitercopa e, porque não, de rolezinhos organizados por celebridades locais que não precisaram das mídias de massa convencionais para alcançar milhões em audiência. Mas e se a novidade do ano não for bem essa?

No reino da palpitologia, uma iniciativa do primeiro ministro da Turquia traz uma estratégia, no mínimo, divertida.Por não poder participar de convenção partidária, armou uma alternativa digna de ficção científica.Políticos têm,  comumente, egos de proporções avantajadas. Não por acaso, o ilustre Recep Tayyip Erdogan foi substituído por um holograma gigante em seu lugar.

Antes dele, consta que o indiano Narendra Modi usou artimanha correlata no país do subcontinente asiático para ganhar atenção. Trocadilho fácil é dizer que essa visibilidade pode ser meio ilusória.

A presença holográfica seria novidade no Brasil no âmbito da política. E representaria uma tentativa de superar o trauma da manobra que levou Renato Russo a tocar em Brasília post mortem -- quebrando uma promessa feita em vida pelo músico, de não voltar a desempenhar em público na capital federal. Quebra de promessa e campanha eleitoral é outra piada fácil que fica no ar. O making of está no Youtube. Para quem quiser praticar turco, é uma oportunidade. Para os demais, só dá pra entender algo perto de "hologram".




Política virtual


Holografia pode ser um recurso novo, antes compartilhado apenas por jedis e outros personagens estranhos de Guerra nas Estrelas. Mas não seria a primeira investida em realidade virtual para partidos políticos brasileiros. Nos idos de 2007, após o primeiro de muitos reveses eleitorais, o então recém convertido de PFL a Democratas lançou uma sede no Second Life.

O serviço, pré-mídias sociais e anterior à febre de games atual, permitia a criação de personagens e e espaços virtuais para atividades cotidianas.

A simulação, pelo jeito, era muito sem graça, porque a história naufragou e hoje é uma zumbilândia virtual. Houve quem tivesse faturado bons trocados.

E quem só tivesse pagado mico.

Que venham os hologramas.

quinta-feira, janeiro 09, 2014

'Momentos de cizânia e baderna' e 'ânimos efervescentes'

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Camarada carioca fotografa a toalhinha de papel da bandeja do McDonald's com o tema "Copa do Mundo", mostrando diversos profissionais envolvidos no evento. Ao falar dos "puliça", faz uma verdadeira ginástica de retórica para definir o sagrado ofício de descer a porrada em quem aparecer pela frente quando o pau come...


sábado, dezembro 07, 2013

Em primeira fase cheia de "reprises", Argentina tem caminho "fácil" para as semifinais

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Se o destaque do sorteio da Copa do Mundo ontem foi o fácil grupo que o Brasil, mas com um possível caminho rumo à final muito mais difícil na fase eliminatória, quem deve estar rindo à toa é Alejandro Sabella, técnico da Argentina. Além de um grupo tranquilo que conta com Irã, Bósnia e Nigéria, o caminho até as semis não deve ser pedregoso como o brasileiro, caso os portenhos confirmem seu favoritismo e terminem na primeira posição.

Messi tem chance de birlhar
Nas oitavas, a Argentina pega o segundo colocado do grupo E, que tem Suíça, França, Honduras e Equador. Não parece ser das missões mais ingratas. Nas quartas, caso avance, pega o vencedor do duelo entre o primeiro do grupo H, que tem Bélgica, Argélia, Rússia e Coreia do Sul, e o 2º do G, com Alemanha, Portugal, Gana e Estados Unidos. Na hipótese mais provável, um campeão do mundo só entraria no caminho do time de Messi nas semis. Claro, tudo isso contando com uma relativa lógica que o futebol adora contrariar...

Os argentinos também devem viajar distâncias menores que outras seleções. Na primeira fase, jogam no Rio, Belo Horizonte e Brasília. Fechando como líder, o caminho até a final tem São Paulo, Brasília e São Paulo de novo. Sendo que a equipe vai ficar em BH, nada que doa muito aos hermanos, ainda mais se comparando com os Estados Unidos, que na fase de grupos se deslocará por 5.609 quilômetros no período de dez dias.

Vendo as possibilidades do Brasil na fase eliminatória, percebe-se a diferença para nossos vizinhos. Os comandados de Felipão devem pegar Espanha ou Holanda, campeão e vice da última Copa, logo nas oitavas. Se passar, nas quartas a seleção enfrenta o vencedor da peleja entre o 1º colocado do equilibrado (por baixo) grupo C, com Colômbia, Grécia, Costa do Marfim e Japão, e o 2º do “grupo da morte”, com Uruguai, Inglaterra, Itália e Costa Rica. Se chegar às semis, pode pegar Alemanha ou França. Ou seja, pode ser um caminho no qual vai enfrentar somente campeões mundiais. Mas desde já aposto no Chile como zebraça no grupo B.

Show de reprises

Outro ponto que chamou a atenção no sorteio foi o elevado número de “duelos-reprises”, com partidas que já aconteceram em fases de grupo de outros Mundiais. O Brasil, aliás, pega um adversário na estreia, a Croácia, que já enfrentou como primeiro rival em outra oportunidade. Na Copa de 2006, Kaká marcou o gol da vitória por 1 a 0 contra os croatas. A seleção também enfrentou Camarões na primeira fase do Mundial de 1994, quando os comandados de Carlos Alberto Parreira bateram os africanos por 3 a 0, gols de Romário, Márcio Santos e Bebeto.



Em Copas, o México é freguês antigo, tendo sofrido goleadas nas primeiras fases da Copa de 1950, 4 a 0 com gols de Ademir (2), Baltazar e Jair, e em 1954, um 5 a 0 com tentos marcados por Pinga (2), Didi, Baltazar e Julinho. Na Copa de 1962, a seleção bateu os mexicanos por 2 a 0, gols de Zagallo.

No grupo B, Espanha e Chile já haviam se enfrentado na primeira fase da última Copa, de 2010 vitória espanhola por 2 a 1. Aquele grupo, a propósito, tinha Honduras e Suíça, que vão duelar novamente no Mundial de 2014 pelo grupo E. Os suíços também encontrarão outro velho conhecido, a França, que terminou em segundo lugar no grupo G da Copa de 2006, atrás do país dos relógios e chocolates.


No grupo F, Argentina e Nigéria repetem um jogo que já aconteceu na Copa de 2002, de triste lembrança para ambos. No “grupo da morte” da ocasião, os dois foram eliminados de cara, superados por Suécia, primeira colocada, e Inglaterra, que hoje integra outro grupo complicado, o D. Nele, Itália e Uruguai vão reviver um duelo disputado na fase de grupos da Copa de 1970, quando ambos avançaram, terminando entre os quatro melhores do torneio. Na ocasião, houve empate em 0 a 0, mesmo resultado de partida válida pela primeira fase da Copa de 1966 entre ingleses e uruguaios, que também se encontram mais uma vez em Mundiais.


quinta-feira, novembro 21, 2013

Com seleções da Copa 2014 definidas, expectativa é pela composição dos potes do sorteio

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Uruguai quer "Maracanazo reloaded"
“Somos os reis da repescagem.” Assim o técnico do Uruguai, Óscar Tabárez, comemorava ironicamente o empate em 0 a 0 com a Jordânia, no Centenário de Montevidéu, confirmando a já aguardada última vaga entre os 32 times que vão disputar a Copa do Mundo no Brasil em 2014. A piada não foi feita à toa, aliás: é a quarta vez consecutiva que a Celeste se classifica para um Mundial desta forma.

Agora, fica a expectativa para o sorteio dos grupos da Copa, que ocorre no próximo dia 6 de dezembro. A composição dos potes com oito seleções cada sai no dia 3 do mesmo mês. Por enquanto, só está definido o pote 1, com os cabeças de chave da competição, mas muitos já especulam a formação dos outros três, já que a Fifa anunciou que os critérios serão “geográficos e desportivos”.

Com a definição dos cabeças de chave com base no ranking da entidade como no Mundial de 2010, torna-se impossível fazer como no Mundial da África do Sul, quando havia um pote com oito times do velho Continente, outro com quatro africanos e quatro sul-americanos e um com quatro asiáticos e quatro da Concacaf.

O Uol calculou três possibilidades para a formação dos potes. Uma leva em conta a questão geográfica prevalecendo sobre o ranking. Nessa hipótese, como são nove europeus, a pior ranqueada, a França, ficaria em um pote com seleções sul-americanas e africanas.


Pote 1 – Brasil, Espanha, Argentina, Alemanha, Suíça, Bélgica, Colômbia e Uruguai

Pote 2 – Holanda, Itália, Inglaterra, Rússia, Bósnia, Portugal, Grécia e Croácia

Pote 3 – Gana, Nigéria, Argélia, Costa do Marfim, Camarões, Chile, Equador e França

Pote 4 – EUA, Costa Rica, Honduras, México, Irã, Coreia do Sul, Japão e Austrália

No caso acima, Equador e Chile não poderiam cair em um grupo com cabeça de chave sul-americano e a França não poderia ser sorteada junto a um europeu, lembrando que, exceção óbvia feita ao Velho Continente, duas seleções da mesma federação não podem cair no mesmo grupo. Já em uma possibilidade na qual o ranking prevalecesse sobre a geografia, os potes ficariam assim:


Pote 1 – Brasil, Espanha, Argentina, Alemanha, Suíça, Bélgica, Colômbia e Uruguai

Pote 2 – Holanda, Itália, Inglaterra, Chile, Bósnia, Portugal, Grécia e EUA

Pote 3 – Gana, Croácia, Rússia, França, Equador, Costa do Marfim, México e Costa Rica

Pote 4 – Nigéria, Argélia, Honduras, Camarões, Irã, Coreia do Sul, Japão e Austrália


Uma terceira possibilidade é equilibrar ranking e o critério geográfico, o que poderia deixar seis europeus em um pote, junto com Chile e Equador; e os outros três do Velho Continente com as seleções africanas. A distribuição ficaria assim:


Pote 1 – Brasil, Espanha, Argentina, Alemanha, Suíça, Bélgica, Colômbia e Uruguai

Pote 2 – Holanda, Itália, Inglaterra, Bósnia, Portugal, Grécia, Equador e Chile

Pote 3 – Croácia, França, Rússia, Gana, Nigéria, Argélia, Costa do Marfim e Camarões

Pote 4 – EUA, Costa Rica, Honduras, México, Irã, Coreia do Sul, Japão e Austrália

De qualquer forma, dado que os cabeças de chave incluem seleções com pouca tradição em Copas como Colômbia, Bélgica e Suíça, o que pode pesar na hora da disputa de um Mundial, a possibilidade da formação de “grupos da morte” aumentou, podendo haver até três campeões mundiais em uma chave só. Em quaisquer das possibilidades de composição de potes acima é possível, por exemplo, que Brasil ou Argentina formem um grupo com Itália e França, podendo-se ainda completar o chaveamento com EUA ou México.

Com seleções de nível bastante parecido, pode ser que não tenhamos um grande futebol, mas a primeira fase da Copa do Brasil deve ser das mais competitivas das últimas décadas.

sexta-feira, novembro 08, 2013

Homofobia no futebol volta aos holofotes

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Romário e Ronaldo se provocam via imprensa e pontuam mais um episódio homofóbico
Depois que Ronaldo Nazário, membro do Comitê Organizador Local (COL) da Copa 2014, criticou o hoje deputado federal Romário pela campanha ferrenha contra os gastos no mundial do ano que vem, a resposta (indireta) que recebeu do parlamentar, via Twitter, foi a seguinte:

- Eu particularmente, adoro mulher! Mas aprendi a respeitar o gosto de cada um.

A provocação faz alusão a um nebuloso episódio de Ronaldo com travestis em abril de 2008, no Rio de Janeiro, e acrescenta mais um capítulo aos casos explícitos de homofobia no futebol brasileiro, como o das reações raivosas ao selinho de Emerson Sheik em um amigo, em agosto deste ano.

Dos males, o menor: tanto a reação violenta à Sheik quanto o comentário infeliz de Romário trazem à tona a necessidade de discutir (e combater) a homofobia. E "queimam" a imagem dos homofóbicos.

quinta-feira, outubro 31, 2013

Viva o Saci, mascote do povo na Copa do Mundo de 2014!

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POR MOUZAR BENEDITO*

Parece óbvia a pergunta, a Fifa, todos sabemos, já escolheu o tatu-bola que, coitado, recebeu um nome pra lá de infeliz, Fuleco. Ele está escolhido e pronto, não é?

Não, não é. O Fuleco é mascote da Fifa. Não vi até hoje o coitado ser tratado como mascote pelo povo. E o povo tem razão: não fomos nós que o escolhemos. Seus aparecimentos nos gramados são burocráticos e sem graça, sem aplausos, sem ganhar a simpatia de ninguém.

O Fuleco é mascote dos bastidores, da manipulação de grana, dos burocratas.

Saci, o mascote do povo
Tenho ouvido muita gente declarando apoio ao Saci para ser mascote. Mas mascote do povo, não da Fifa.

Deixemos que o Fuleco compareça aos estádios junto com estrangeiros e com brasileiros que têm grana pra ir lá. Nos bares, em casa, nas reuniões de amigos para assistir aos jogos, o Saci há de ser o escolhido e comemorado.

Nós o havíamos indicado, com um monte de justificativas. Relembro algumas:

- Ele é de origem indígena, tornou-se negro e “ganhou” o gorrinho mágico presente em muitos mitos europeus, então é uma espécie de síntese da formação do povo brasileiro, que é uma mistura desses três grandes povos, além dos orientais que vieram pra cá quando a figura do Saci já estava pronta.

- Ele é negro, como a maioria dos nossos jogadores de futebol, e essa negritude, num país que não superou o racismo, é importante como símbolo de uma luta por igualdade. É também perneta, o que representa outra bandeira de luta nestes tempos que se fala tanto de inclusão. Além disso é e pobre, não tem nem roupa, e mora no mato. Com três motivos para ser “infeliz”, ele é gozador, brincalhão, aprontador, divertido. Enfim, um brasileiro autêntico, dos bons.

- Ele é um ser libertário. Uma das lendas sobre a perda de uma das pernas do Saci é que quando se tornou negro ele foi escravizado por um fazendeiro e era mantido à noite, na senzala, preso a um tronco por uma perna, com grilhões. Uma noite, ele cortou a perna presa e fugiu: preferia ser um perneta livre do que um escravo de duas pernas.

- Hoje em dia fala-se tanto em ecologia, proteção e recuperação do meio ambiente... E aí está o Saci de novo, como protetor da floresta.

- Ele é popular, conhecido de todos os brasileiros, e existem desenhos dele feitos por um montão de gente, e até as crianças o desenham e se divertem com ele. Aí está um motivo para ele não ser o escolhido da Fifa: não dá lucro aos mercenários do esporte. Inventaram uma mascote (nada contra o tatu-bola) e registraram três nomes como marcas pertencentes à Fifa para depois anunciar a escolha e pôs os três nomes em votação pela internet, os três horrorosos. Nem ao menos tiveram a dignidade de deixá-lo com seu próprio nome, tatu-bola. Virou Fuleco.

- O Saci faz parte da nossa cultura popular e, se fosse “eleito”, seria assumido pela população, ao contrário do tal Fuleco, pra quem todo mundo torce o nariz.

Então, repito, vamos torcer para que se realize no Brasil uma bela Copa do Mundo, apesar da submissão do país à Fifa, e que a seleção brasileira jogue bonito e vença. Mas protestando contra a corrupção, contra os desmandos da Fifa, contra a mercantilização do esporte e contra tudo de ruim, todas as tramoias que tentam nos enfiar goela abaixo. E festejando o que tem de bom: a alegria do futebol bem jogado e bonito, a nossa riquíssima cultura, o nosso jeito de ser e viver.

Que a Fifa reine em outras plagas. Aqui é Saci!
O Fuleco estará nos estádios superfaturados da Copa? Pois bem, nas ruas, nas praças que queremos que continuem sendo do povo, festejaremos com o Saci. Que cada um o desenhe, pinte, faça escultura dele com sua arte e sua criatividade, não tem que ser “um” Saci oficial, imposto. Muitos cartunistas devem oferecer criações bem-humoradas do Saci Mascote, para serem usadas por quem quiser. Mas quem não quiser nenhuma delas pode desenhar, pintar ou esculpir seu próprio Saci, o Saci do seu grupo, da sua turma.

Os Sacis são democráticos. Ninguém vai pagar royalties em nome dele.

Enfim, viva o Saci, mascote do povo na Copa do Mundo de 2014, no Brasil.

Não nos submeteremos a nenhum império. Que a Fifa vá reinar em outras plagas!

*Mouzar Benedito, mineiro de Nova Resende, é geógrafo, jornalista e também sócio fundador da Sociedade dos Observadores de Saci (Sosaci). Confira seu blogue aqui

quinta-feira, outubro 17, 2013

América do Sul tem quatro cabeças de chave. Itália está fora e pode formar "grupo da morte"

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Bélgica, cabeça da chave e candidata a surpresa em 2014
Com a divulgação dos primeiros colocados do ranking da Fifa hoje, a Copa de 2014 já tem sete dos seus oito cabeças de chave definidos. A última pendência é saber se o Uruguai vai se classificar ou não na repescagem contra a Nova Zelândia; caso consiga, também comandará um grupo no sorteio das chaves do Mundial, que será realizado no dia 6 de dezembro.

A mudança de critérios para a definição dos cabeças de chave, adotando-se o ranking e não fatores tradição e desempenho nas últimas Copas, fará com que, pela primeira vez, a América do Sul tenha quatro países nessa condição: Brasil, país-sede, Argentina, Colômbia e, se obtiver a classificação, Uruguai. Os outros serão Espanha, Alemanha, Bélgica, 5ª no ranking, e Suíça, 7ª.

Assim, Itália e Inglaterra, além de Holanda (que só será cabeça-de-chave se o Uruguai não se classificar), poderão formar mais de um dos chamados "grupos da morte". Se a França confirmar sua vinda ao Brasil em 2014, pelo menos dois campeões mundiais cairão na mesma chave, mas, conforme o humor das bolinhas do sorteio, podem ser mais. Pelos critérios do sorteio, nenhum grupo pode contar com mais de um representante do mesmo continente, exceto a Europa, que terá no máximo duas seleções.

Na prática, o ranking já tinha sido utilizado como um dos critérios na Copa de 2010, mas não de forma absoluta, o que fez com que a Espanha fosse cabeça de chave a a França, então vice-campeã do mundo, não.

terça-feira, outubro 15, 2013

Sete seleções se classificam para a Copa hoje

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A Bósnia vem aí?
A terça-feira reserva emoções fortes para torcidas de sete países que vão garantir sua passagem para o Brasil na rodada de hoje. Quatro equipes da Europa, duas da América do Sul e mais uma da Concacaf se juntam a outros 14 times classificados para a Copa de 2014.

Certamente a expectativa maior se relaciona com aquela que pode ser a primeira seleção estreante a assegurar a vinda para o Brasil. A Bósnia e Herzegovina bateu na trave em 2010, na repescagem, mesma fase na qual foi eliminada nas eliminatórias da Euro-2012. Em ambas as ocasiões, Portugal foi seu algoz. Mas agora a situação é mais tranquila. A ex-república iugoslava chega à última rodada com 22 pontos, a mesma pontuação da Grécia, mas a vantagem no saldo de gols é gigantesca: 23 contra 6. Assim, uma vitória simples contra a eliminada Lituânia, fora de casa, deve bastar. A Grécia enfrenta o saco de pancadas Liechtenstein, cujos melhores resultados são dois empates, diante da Eslováquia e da Letônia. Quem levar a pior entre os dois postulantes, já está garantido na repescagem.

A Rússia também tem vida aparentemente fácil, já que precisa empatar com o Azerbaijão, fora de seus domínios, para se classificar. Pode até mesmo perder, contanto que Portugal, que enfrenta Luxemburgo, não tire a diferença de sete gols de saldo que os separa. O destino do time de Cristiano Ronaldo parece a repescagem...

Os espanhóis também estão a um empate de vir ao Brasil e o adversário é a Geórgia, em Albacete. A França, segunda do grupo, precisa bater a Finlândia em casa e torcer pela improvável derrota da Espanha. Outra seleção tradicional, a Inglaterra, tem um ponto a mais que a Ucrânia e assegura vaga no Mundial se vencer a Polônia em Londres. Se empatar, fica em segundo e vai para a repescagem, pois o adversário dos ucranianos é San Marino, a pior seleção das eliminatórias do continente, tendo marcado um gol e sofrido até agora 46.

Uruguai e México devem ir para a repescagem

O Equador vai a Santiago enfrentar o Chile e ambos só precisam de um empate para vir ao Brasil no ano que vem. Isso deve empurrar o Uruguai para sua quarta repescagem consecutiva. A Celeste pega a Argentina em Montevidéu e precisa, além de contar com um vencedor na peleja dos Andes, bater os argentinos e descontar o saldo desfavorável em relação aos rivais. Improvável que o Uruguai não decida sua classificação com a Jordânia, depois de obter o quinto lugar.

México tem caminha difícil para chegar ao Brasil
Na Concacaf, a situação do México continua dramática. Os astecas vão até a Costa Rica jogar com a seleção local, já classificada, e, para conseguir a vaga direta, terão que vencer os donos da casa, que têm 100% de aproveitamento nos seus domínios. Além disso, precisam que Honduras perca para a lanterna e já eliminada Jamaica em Kingston.

Existe ainda um risco do México sequer conseguir a vaga para a repescagem, na qual o adversário será a Nova Zelândia. Isso acontece se o Panamá superar os EUA e os mexicanos perderem, descontando-se a diferença de três gols de saldo.

terça-feira, setembro 17, 2013

O melhor do Maracanã: CERVEJA!

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Novo Maracanã: a visão geral, na saída do túnel para a arquibancada, é inesquecível
Apesar do calor, a brisa gostosa do sábado, no Rio de Janeiro, convidava para um passeio noturno. Meus pais, Chico e Nair, haviam acabado de desembarcar pela primeira vez em terras cariocas. No reformulado Maracanã, jogariam Fluminense e Portuguesa pelo Brasileirão, às 21 horas. Convidei meu pai, Chico Palhares, para conhecer o estádio - onde eu também nunca tinha ido. É claro que o convite foi aceito no mesmo segundo, afinal, além de ser fanático por esportes, S.Chico é desenhista profissional e já projetou um estádio de futebol, o Taquarão, em minha cidade natal (escrevi sobre isso neste post aqui). Sua curiosidade era ver como ficou o novo Maracanã para a Copa de 2014.

Chico Palhares na frente do estádio
Chegamos em cima da hora e, quando íamos à bilheteria, três cambistas nos abordaram com aquela velha lábia de "evitar fila". Chequei os bilhetes, vi que não eram falsos (há marca d'água em alumínio e outros detalhes difíceis de reproduzir), paguei R$ 30 cada um e entramos. Olhando com atenção, notei que eram entradas "exclusivas" para sócios-torcedores do Fluminense, pelo preço unitário de R$ 10. Tudo bem, eles lucraram, nós pagamos um preço considerado justo (eu esperava pagar bem mais) e entramos rápido no estádio. Ali, S.Chico já se admirou da altura das arquibancadas e da extensa - e larga - passarela que nos levou ao nível 2, atrás do gol, onde ficaria a torcida tricolor. Havia bom público: 19 mil pessoas e 15 mil pagantes.

Na saída da passarela há bons e modernos banheiro e lanchonete. O impacto da visão geral do Maracanã, ao sair do túnel e chegar à arquibancada, é inesquecível. Não sei como era antes, mas o novo estádio impressiona, de fato. S.Chico elogiou a cobertura e os refletores. Há quatro telões gigantescos, que transmitem a partida ao vivo (mas não há replay de lances nem tempo de jogo). S.Chico só criticou o "arremate" da obra: muretas visivelmente tortas, falta de acabamento nos pequenos detalhes, enfim, resumo de um estádio reconstruído às pressas. Meu pai tem 81 anos e é do tempo em que, como ele comentou, "se é pra fazer, tem que fazer direito". Ele também reclamou da nova cadeira, dobrável - muito resistente, mas que dá dor nas costas. Após 90 minutos, também senti o incômodo.

Um dos quatro gigantescos telões
De qualquer forma, a visão do campo (e do jogo) é muito boa e, com a bola rolando, dá pra notar que a moldura do Maracanã melhora qualquer partida, por mais sofrível que seja. Nem foi o caso do jogo de sábado, no qual a Lusa partiu pra cima nos 20 primeiros minutos e, depois, o Fluminense inverteu e passou a pressionar. Quando o gol carioca parecia questão de tempo, uma bola foi alçada na área pelos paulistas e encontrou a cabeça de Diogo: Portuguesa 1 x 0. Eu e meu pai queríamos um empate, o melhor resultado para o nosso São Paulo, e por isso nossos xingamentos na hora do gol ajudaram os torcedores do Flu que nos rodeavam a pensar que torcíamos para o time deles...

No intervalo, acostumado que sou com (a ditadura nos) estádios paulistas, disse ao meu pai que ia buscar refrigerantes. Pouco antes da lanchonete, encontrei um vendedor ambulante cercado por torcedores, que vendia refrigerante e cachorro-quente (estocados em isopor). Ao me aproximar, nem acreditei: havia uma pilha de latas de cerveja! Ah, que maravilha! É incomparável assistir futebol no estádio com uma loira estupidamente gelada na mão! Voltei para perto do S.Chico e ele, franzindo a testa, perguntou: "Que refrigerante carioca é esse, que faz tanta espuma?" Quando percebeu que se tratava do bom e velho "líquido sagrado", abriu um grande sorriso. Pai e filho brindaram a visita ao Rio e ao Maracanã. O melhor do estádio, no final das contas, foi mesmo a cerveja!

É incomparável assistir futebol no estádio com uma loira estupidamente gelada na mão!
Para terminar, Luxemburgo fez duas substituições que tiveram efeito imediato e o Fluminense virou o jogo. Após o apito final, deixamos a arquibancada tranquilamente e chamou minha atenção a atitude de um adolescente tricolor ajudando meu pai a subir as escadas. Havia muitos idosos, mulheres e crianças na torcida do Fluminense, o clima era bem familiar. A dispersão na passarela flui sem problemas. Quando os cariocas começaram a gritar "Neeenseee...", comemorando a vitória de virada, S.Chico observou: "Eles estão me imitando!" E soltou seu grito tradicional para o Clube Atlético Taquaritinga: "Caaaaatêêêê..." (veja nesse post aqui). Os tricolores do Rio não entenderam nada...

Visão do campo é muito boa, mesmo atrás do gol
'CAÔ' NO TAXISTA - Na volta, pegamos um táxi. Minha esposa Patricia, carioca, tinha dito para indicar o caminho e ficar esperto, pois os taxistas costumam esticar o trajeto. Entrei no carro e caprichei no meu (porco) "carioquêisshh": "Belê, mermão? Vamo pra Copa, avenida Nossa Senhora, bem atrás do Palace. Pega Rebouças e Túnel Velho." O motorista estava ouvindo o comentário esportivo no rádio e mandou: "Eaê, foi ver o NOSSO Fluzão vencer?" Meu pai, no banco da frente, não abriu o bico. Eu, atrás, engatei a cara de pau: "Só alegria! Fluzão mandou bem!" Aí o cara animou na conversa e falou bem de uns jogadores, mal de outros - e eu confesso que nunca tinha ouvido falar de muitos deles... Forçando o sotaque carioca, critiquei o Luxemburgo, que devia ter começado o jogo com a formação que terminou, logo de cara, e o lateral Carlinhos (que jogou mal e que é realmente odiado pelos tricolores cariocas que eu conheço). E ainda "intimei": "Aê, amanhã é torcer pro Vasshhco vencer o São Paulo!" O taxista concordou com tudo e, feliz com o passageiro "torcedor" de seu time, seguiu direitinho até o nosso destino. Depois da corrida, S.Chico riu muito.

O filho brindando com o pai, aquele que o ensinou a gostar de futebol: 'Saúde e vida longa!'

segunda-feira, junho 24, 2013

Romário responde a Ronaldo e cobra ingressos para pessoas com deficiência

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(Alexandra Martins / Câmara dos Deputados)

Em carta aberta ao ex-companheiro de seleção, deputado afirma cumprir seu papel de fiscalizador e diz não se aproveitar de "situação de indignação popular"

Há pouco tempo, eles chegaram a formar a dupla de ataque dos sonhos de muitos brasileiros. Pela seleção, Romário e Ronaldo foram vice-campeões do Torneio da França, em 1997, e campeões da Copa América e da Copa das Confederações, no mesmo ano. Mas, atualmente, o clima entre os dois não é dos melhores. No sábado (22), questionado sobre as críticas que o deputado federal tem feito em relação à Copa do Mundo, o ex-jogador e membro do Comitê Organizador Local da Copa (COL), disse não ter nada para falar do Romário. Mas falou. "Vivemos um momento de reflexão. Precisamos de soluções para melhorar o Brasil e não só ficar apontando o dedo para fulano e ciclano, sendo que o Brasil precisa de mudanças. Gostaria de mudar, mas não tenho cargo público e político, ele [Romário] tem."

Romário não deixou barato e, neste domingo (23), divulgou uma carta aberta ao ex-parceiro de seleção brasileira. No texto, Romário disse não se aproveitar da "situação de indignação popular" e destacou que tem acompanhado, desde que assumiu seu mandato, tudo o que acontece no Brasil na área esportiva. Segundo ele, a primeira impressão negativa que teve sobre o Mundial foi a Lei Geral da Copa, por conta dos poderes excessivos concedidos à Fifa. “Trabalhei junto com outros deputados para tornar aquele texto mais favorável ao Brasil. Em um dos artigos, por exemplo, sugeri que a Fifa deixasse no Brasil 10% do seu lucro, de R$ 4 bilhões, para investimento no futebol de base e outros esportes praticados por pessoas com deficiência”, disse.

O parlamentar também afirmou acompanhar de perto o que vem sendo feito na preparação do Mundial. “Uma coisa que você [Ronaldo] não deve saber, é que uma das funções de deputado é fiscalizar, além da CBF, entidades como a que você faz parte, o Comitê Organizador Local (COL). E ninguém pode dizer que não tenho feito isso. São incontáveis os relatórios divulgados por mim sobre o excesso de gastos.”

Romário aproveitou também para cobrar 32 mil ingressos que seriam destinados para pessoas com deficiência e de baixa renda e que teriam sido prometidos por Ronaldo. Leia abaixo a carta aberta na íntegra:


Carta aberta ao Ronaldo:

Ronaldo, meu camarada

Se tem alguém se aproveitando dessa situação de indignação popular, certamente, não sou eu. Desde 2011, quando assumi meu mandato, tenho me informado sobre tudo que acontece no Brasil na área de esporte para contribuir com minha experiência. O primeiro impacto negativo que tive foi a Lei Geral da Copa, que dava poderes excessivos à FIFA. Trabalhei junto com outros deputados para tornar aquele texto mais favorável ao Brasil. Em um dos artigos, por exemplo, sugeri que a FIFA deixasse no Brasil 10% do seu lucro, de R$ 4 bilhões, para investimento no futebol de base e outros esportes praticados por pessoas com deficiência. Entre outros projetos que você, certamente, pode conferir posteriormente.

Como você também deve saber, estou tentando instalar um CPI da CBF na Câmara, para que possamos por fim aos desmandos daquela instituição e resgatar a verdadeira função do futebol, que é fortalecer este esporte tão amado por mim, por você e por milhões de brasileiros.

Uma coisa que você não deve saber, é que uma das funções de deputado é fiscalizar, além da CBF, entidades como a que você faz parte, o Comitê Organizador Local (COL). E ninguém pode dizer que não tenho feito isso. São incontáveis os relatórios divulgados por mim sobre o excesso de gastos. Visitei TODAS as cidades-sedes para fiscalizar obras de mobilidade, aeroportos, estádios e acessibilidade. Minha função não permite ações mais efetivas, fica a cargo do Executivo dar a canetada final.

Para finalizar, parceiro, não é só governo que contribui com o bem da população de seu país, empresários e cidadãos bem intencionados também compartilham desta inestimável generosidade.

Aliás, nós da Frente Parlamentar em Defesa da Pessoa com Deficiência ainda esperamos os 32 mil ingressos para a Copa do Mundo prometidos publicamente por você, em nome do COL, para as pessoas com deficiência e de baixa renda.

Com apreço,

Romário


Para a cobertura da Copa das Confederações, o Futepoca está realizando uma parceria com a Rede Brasil Atual com a edição do blogue Copa na Rede. Acompanhe por lá nossos posts sobre o evento.

quinta-feira, junho 06, 2013

Aldo Rebelo quer mais Estado na gestão esportiva

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Flagrado com o prato cheio, o futepoquense
Nicolau esconde-se atrás do cabelo
Para arrepio dos liberais e alegria dos esquerdinhas, o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, é um intervencionista. A revelação, não tão surpreendente se considerarmos sua filiação ao PCdoB, foi feita para um grupo de onze blogueiros e blogueiras de esportes, entre eles este que vos escreve. Realizada em São Paulo, a coletiva foi um convite do ministério para debater as Copas das Confederações e do Mundo que o país abrigará.

O palmeirense Rebelo defendeu que o Estado tenha maior participação na gestão do futebol e de outros esportes, um espaço de influência para “impor determinados limites para a proteção do interesse público e do interesse nacional. A não ser que alguém prove que não há interesse público nem nacional na prática do desporto. Eu acho que há, e muito, não só no futebol”, defendeu.

A afirmação veio em resposta sobre a relação entre o governo federal – que tem como representantes máximos na organização da Copa o próprio Rebelo e a presidenta Dilma Rousseff, ambos ex-participantes de organizações de luta contra a ditadura militar –, ao lado da CBF de José Maria Marin, ex-deputado pela Arena acusado de contribuir para o assassinato do jornalista Vladmir Herzog. A resposta, sem mencionar o nome de Marin, revela uma marca  entrevistado, afeito ao hábito de embutir mensagens indiretas em suas respostas.

Rebelo minimizou as desavenças, dizendo que as relações entre governo, Fifa, Comitê Organizador Local (presidido por Marin) e os patrocinadores “têm sido muito boas”. Não negou que o diálogo é precário e que haja diferenças de ideias, “mas que não interferem na realização da Copa”.

“Defendo que haja limitação de tempo e número de mandatos para dirigentes de entidades ligadas ao esporte. Se você tem número limitado de mandatos para presidente da República, prefeitos, governadores, por que não pode ter também para o presidente de uma federação?”, indagou o ministro. Ricardo Teixeira, antecessor de Marin e principal articulador da atual estrutura do futebol, passou 23 anos à frente da CBF.

Atentem para o celular do ministro com a capinha do Palmeiras
“Eu vejo entidades que têm dificuldades de prestar contas do dinheiro público. Não é porque vai tirar ou desviar dinheiro. É pela própria competência de prestar contas desse dinheiro. Se você profissionaliza, você valoriza as suas marcas”, continuou o ministro, em mais recados.

Em outro momento da entrevista, falou da necessidade de mudanças no calendário, tema sensível para as federações e para os clubes. Segundo ele, é necessário uma temporada com mais jogos para os pequenos times do país, que sofrem por não ter o que disputar em dois terços do ano, e menos compromissos para os grandes, que disputam perto de 20 jogos a mais que os europeus e não conseguem internacionalizar suas marcas com excursões e pré-temporadas. Não disse, no entanto, o que o ministério efetivamente fará para contribuir com as mudanças – falou apenas em “mediar” o debate.

Como político experimentado, Rebelo revela-se um entrevistado escorregadio. Auxiliado pelo formato do encontro, com cada blogueiro querendo aproveitar sua pergunta e não interferir demais na resposta que outros aguardam, desliza pelos assuntos com referência históricas e sociológicas interessantes, mas pouco práticas.

Por exemplo, Aldo foi perguntado sobre o porquê da privatização/concessão do Maracanã, arrematado pelo Consórcio Maracanã SA, formado pela IMX, Odebrecht Participações e Investimentos e pela norte-americana AEG Administração de Estádios por R$ 181,5 milhões, não ocorrer antes da reconstrução do estádio, que custou mais de R$ 1 bilhão aos cofres públicos. Aldo dá uma volta ao mundo em centenas de palavras para chegar no final e dizer: qual era a pergunta mesmo?

Em linhas gerais, seu discurso valoriza o legado da Copa em termos de infraestrutura para as localidades e das novas oportunidades de negócios que ela pode proporcionar, inclusive o para o futebol como modalidade de negócio, mas revela preocupação com o legado esportivo do evento, temendo a elitização e o distanciamento do povão do esporte que só se consagrou no país graças à paixão que despertou nas massas desde o início do século 20.

“A Copa pode melhorar a estrutura do futebol brasileiro e elevar a renda dos clubes pela qualificação da gestão, ou pode também elitizar o futebol, transformá-lo numa "ópera", de ricos e da classe média, que vão ali como uma diversão e não porque têm paixão pelo futebol, o que seria lamentável. E também não daria um bom destino para o futebol. O futebol só se transformou no que é porque foi abraçado pelo povo”, afirma o ministro.

Leia a seguir os principais trechos da entrevista:

Por que essa insistência em fazer a Copa com 12 sedes? Menos sedes não seria mais vantajoso?

Poderia ser mais vantajoso fazer só em São Paulo. Se pegarmos Itaquera, o Palestra, o Morumbi, Ribeirão Preto, Prudente, São José do Rio Preto e outros estádios, faríamos provavelmente uma Copa melhor que a da Espanha em 1982. No entanto, temos um país com toda sua diversidade geográfica, somos um continente, com metrópoles espalhadas de norte a sul. Uma no coração da selva, outra no coração do Pantanal, outra no extremo Sul, e o Nordeste cheio delas.

Se queremos uma Copa do Mundo no país, vamos fazer em todo o Brasil. Não é difícil fazer Copa em Manaus ou Cuiabá, difícil foi fundar e construir as duas cidades. Para fazer o forte na boca do Rio Negro, as pedras tiveram que ser transportadas de Portugal, lá por 1600. Difícil foi a jornada do Raposo Tavares, que saiu de São Paulo e percorreu esse roteiro todo em dez anos, passando inclusive por Manaus. Esse era o desafio nosso e estamos fazendo.

Desafio vai ser transformar esses estádios, que não costumam receber jogos oficiais, em estádios cheios. Brasília, por exemplo, não costuma ter grandes públicos. Como fazer para eles serem rentáveis depois da Copa?

Nesse sentido, é bom lembrar que Brasília nem existia, foi fundada nos anos 1960. Se vamos construir um estádio na capital do país, ele tem de ser compatível com sua vocação, sua trajetória, e acho que o estádio é isso. Não creio que tenha vocação para elefante branco. Ele vai ter todos os jogos importantes? Provavelmente não.

Wembley (em Londres) é um estádio com esse conceito, um monumento ao futebol no qual acontecem oito, dez jogos por ano. Vive mais de eventos, casamentos, museus, restaurantes, bares, visitação. O estádio de Brasília, o de Manaus, o de Cuiabá ou do Rio Grande do Norte serão estádios, terão jogos, e também eventos.

Em Natal a empresa que constrói já está vendendo os espaços internos pelo melhor preço da cidade. É um espaço como tem hoje no Morumbi. Estive lá outro dia e o Juvenal Juvêncio (presidente do São Paulo FC) me disse que arrecadam R$ 50 milhões por ano em venda e aluguel de espaços para academias, bancos, lojas. Isso vai acontecer no país inteiro. O de Fortaleza já é a sede da Secretaria Estadual de Esportes e da Diretoria de Engenharia e Arquitetura do Estado. Tem auditórios, eventos e todos eles vão funcionar mais ou menos desse jeito.

Lamentavelmente a questão do público no Brasil não é só desses estádios. Veja o público dos jogos do Campeonato Paulista, do Carioca, do Gaúcho. Não se pode falar só dos campeonato menores. Vi jogo do Fluminense no estadual com menos de mil pessoas. Mais da metade dos clubes do Rio Grande do Sul tiveram menos de mil pessoas nos jogos. Então, esse é um problema de todo o Brasil e deve ser enfrentado assim.

Por que não privatizaram o Maracanã antes da reforma? Além disso, as pessoas que tinham camarotes perderam o direito a eles. Isso vai acontecer em outros lugares?

Eu não conheço cada uma dessas realidades estado por estado. Sei que há estado em que o estádio é privado: o do Corinthians, do Atlético-PR, do Inter. Alguns são novos. Outros, reformas. Nesses casos, o governo emprestou dinheiro do BNDES para a reforma ou construção, para o consórcio ou empresa, não para os clubes, o que é proibido. Cobrando todas as garantias que são exigidas de qualquer tomador do BNDES, sem diferença. E num volume muito menor do que os empréstimos que o BNDES faz para outros setores, como telefonia.

Em Pernambuco, o estado cedeu uma área para uma empresa em São Lourenço da Mata, cidade da Grande Recife. Será construído, além do estádio, uma universidade, um shopping, um conjunto habitacional. Acho que são 200 hectares de área, e parte será uma reserva ambiental. Nessa cidade da Copa, várias atividades e serviços serão integrados e o estádio é um deles. Uma rodovia duplicada que já está pronta, um serviço de metrô que está chegando até o estádio. Em São Paulo, a zona leste tem o mais baixo IDH da cidade. A ida do estádio para lá iniciou um processo de transformação. Então, é uma coisa muito boa para a cidade e para a Zona Leste. E agora? Esqueci da pergunta (risos)...

Sobre a privatização do Maracanã.

Primeiro, quando você faz com dinheiro público, é criticado porque gastou dinheiro público. Se faz concessão, é criticado porque foi privatizado. É preciso saber o seguinte: o governo do estado vai ser remunerado? A concessão remunera o poder público? Porque elas estão sendo feitas em outros equipamentos, como aeroportos. O de Guarulhos foi concedido recentemente, todo ele construído com dinheiro público. Ou seja, às vezes o setor privado não está disposto a construir, só a fazer a concessão. O primeiro Maracanã foi construído também dessa forma. Tem que ver se na concessão há remuneração e em quanto tempo esse investimento vai ser amortizado.

Em 2007, quando o Brasil foi escolhido sede da Copa, os políticos presentes no dia comemoraram porque havia sete anos para planejar, escolher cidades, construir estádios. Estamos próximos, da Copa das Confederações e da Copa do Mundo, e há muitos atrasos.

Temos no Brasil uma burocracia muito forte, bem assentada, que envolve órgãos de controle do Executivo, a Controladoria Geral da União (CGU), o Tribunal e Contas da União (TCU); o Ministério Público, o federal e os dos estados; as Defensorias Públicas; órgãos ambientais; o Iphan. Isso cria um coeficiente de atrito, de deslocamento em todas as decisões relacionadas a um empreendimento dessa natureza.

Todo planejamento já deveria levar em conta todas essas circunstâncias, mas é imponderável, você não sabe se sua obra vai ser paralisada por licença ambiental, por ação do MP ou por uma greve. Mas tenho segurança de que as obras serão concluídas dentro do prazo e nenhum atraso comprometerá a realização das Copas.

E que futebol brasileiro teremos no pós-Copa? Vai haver um processo como na Inglaterra, só para a classe média e daí para cima? O povo vai ser impedido de ver futebol?

Essa é uma batalha, não está decidido não. Há um processo econômico...

Por exemplo, uma arrecadação de R$ 7 milhões no jogo entre Santos e Flamengo, no Mané Garrincha em Brasília, é maravilhosa, mas um ingresso médio a R$ 150 não é um preço aceitável.

Principalmente para quem apoia e tem mais paixão pelo futebol, sinceramente não. Alguns defendem que haja uma elitização econômica e social, e justificam ideologicamente afastar o povo e os pobres dos estádios. Eu acho que é uma batalha, não está definido. A Copa pode melhorar a estrutura do futebol brasileiro, elevar a renda dos clubes pela qualificação da gestão ou pode também elitizar o futebol, transformá-lo numa ópera, de ricos e da classe média, que vão ali como uma diversão e não porque tem paixão pelo futebol, o que seria lamentável.

O futebol só se transformou no que é porque foi abraçado pelo povo, embota tenha chegado pelas mãos das elites. O futebol foi uma plataforma de inclusão dos pobres. A primeira celebridade pobre e negra no Brasil foi do futebol. Como um menino como o Friedenreich (filho de um comerciante alemão e uma lavadeira negra) poderia ascender, ser reconhecido e querido se não fosse pelo futebol? Ou o Fausto, que foi para a Copa do Mundo no Uruguai (1930) e voltou celebrado como a “maravilha negra”.

O futebol foi uma espécie de idealização da oportunidade. Aquilo que a educação não permitia, porque era muito restrita a uma parcela da população, o futebol de certa forma ofereceu. Todas as instituições na nossa sociedade que permaneceram e ganharam força foram criadas ou pelo mercado, ou pelo Estado. Corinthians, Palmeiras, Vasco, Flamengo não foram criados pelo Estado nem pelo mercado, mas pela sociedade.

Sobre o mercado, as imposições do organizador não acabam barrando as manifestações culturais?

Eu defendo que voltem, mas a questão é a seguinte: pressionada pelo Ministério Público, a própria CBF fez concessões nesse sentido. Como o evento é da CBF, ela pode dizer o que permite e o que não permite. É como se fosse uma festa organizada por um ente privado. Aqui em São Paulo ficou uma discussão: pode entrar bandeira ou não? E venda de cerveja? Ou seja, todo mundo pode beber cerveja em casa, com a família, na frente dos filhos. No estádio quiseram proibir. A prova de que essa questão não tem muita relação com a violência é que a violência vai sendo cada vez mais praticada distante dos estádios. Os grupos se encontram para brigar, para se matar, longe dos estádios. E se preparam tanto para a briga que não é problema do álcool. Eles priorizam a briga mesmo.

Voltando à questão das sedes fora dos grandes centros, estima-se que eles serão mantidas depois pelos eventos. E se não houver evento o suficiente para dar conta do custo da manutenção? Vai ter concessão para todos, o governo federal entrar com dinheiro público para manter os estádios em pé?

O esforço de construir infraestrutura esportiva do futebol não é só por causa da Copa. O Brasil precisava fazer isso, independente da Copa do Mundo. O Brasil é o país do mundo que tem o maior artilheiros de todas as Copas, que tem os maiores astros de Copas. E esse país que tem toda essa presença no futebol tem apenas 2% do “PIB” mundial do futebol. Ingleses têm 30%, os alemães, um pouco mais de 20%, os espanhóis, 18%, os italianos, uns 16%, e nós lá embaixo. O maior clube de massas do Brasil não tem um estádio próprio. Qualquer time de segunda ou terceira categoria da Espanha, Alemanha ou da Itália tem o seu estádio. E o Flamengo não tem. O Corinthians não tem, vai ter agora. Então, precisava criar essa infraestrutura, melhorar o nosso desempenho.

O país, no entanto, é muito desigual. Alguém se queixa: “Por que na Amazônia, no Centro-Oeste, no Nordeste?” Mas a desigualdade não é só do futebol. Se você for para a Amazônia, você sai de uma cidade da sede do município e anda centenas de quilômetros dentro do mesmo município. E você não pode ir nem de carro, só de avião ou de barco. Essa é a desigualdade do Brasil.

Isso é garantia de que vai haver essas obras de infraestrutura nesses lugares?

Para licenciar uma rodovia no Norte do país, é uma dificuldade muito grande. Mas lá, nessas capitais e metrópoles, existe uma economia capaz de sustentar um estádio. Em cidades como Natal, em torno de 1 milhão de habitantes, você tem atividade suficiente para preencher um espaço como a Areia das Dunas. Em Manaus, você tem essa possibilidade. Porque não é só um campo de futebol. O Vivaldo Lima era um campo grande, lá teve jogos da Seleção Brasileira, mas a Arena Amazônia tem a possibilidade de uma gama de serviços e de atividades que os antigos estádios não tinham.

O presidente da CBF, José Maria Marin, tem um histórico de conexão à ditadura...

A CBF, os órgãos que regulam o esporte no Brasil foram criados pelo Getúlio Vargas. Antes era tudo privado, o Estado não se metia. As maiores ligas do país, de São Paulo e Minas, não se entendiam. Quando a liga do Rio convocava a seleção, como em 1930, São Paulo não mandava ninguém. E vice-versa. Então, não tinha nenhuma seleção brasileira. Acho que só em 1919, quando o Brasil ganhou o primeiro sul-americano, houve um entendimento. Depois o Getúlio criou uma estrutura estatal para tratar do desporto.

Quando acabou o regime militar, as pessoas passaram a acusar que era entulho autoritário, porque o regime militar interferia no futebol, nomeava almirante, brigadeiro, e disseram que tinha de acabar com essa interferência. Só que essa interferência dos militares não seria a mesma da democracia. Quando você tirou o Estado, na democracia, deixou o futebol como uma coisa absolutamente privada, as federações estaduais e os clubes decidem tudo.

E defendo que o Estado tenha uma capacidade de intermediação desses interesses, de impor determinados limites, para a proteção do interesse público e do interesse nacional. A não ser que alguém prove que não há interesse público nem nacional na prática do desporto. Como eu acho que há e muito, não só no futebol.

O diálogo entre o ministério e o Comitê Organizador Local é precário?

Isso não está atrapalhando nada. A cooperação entre governo, Fifa, Comitê Organizador Local e os patrocinadores tem sido muito boa. Nós temos um representante do governo no Comitê Organizador Local. Só de cooperação, muitas coisas para a Copa que dependem do governo. Aeroporto, vigilância sanitária. concessão de visto de trabalho, segurança pública, telecomunicações. Nós participamos, não há nenhum desentendimento nesse aspecto. O que há são diferenças de ideias que não interferem na realização da Copa. Defendo que haja limitação de tempo de mandato e de número de entidades ligadas ao esporte. Defendo. Acho que se você limita os mandatos para presidente, prefeitos, governadores, por que não pode ter também para o presidente de uma federação?

Muitos clubes se queixam que jogam demais (20 partidas a mais do que a média europeia). Outros reclamam que jogam de menos (três meses e passam seis sem ter como pagar um jogador, inclusive os que ganham menos). O mundo do futebol profissional no Brasil é o mundo de baixa remuneração e de grandes dificuldades. Para um jovem que joga futebol, ter salário o ano inteiro para comprar leite, pagar aluguel e sustentar uma família, é muito difícil. As pessoas conhecem essa realidade aqui. Cobrem Palmeiras, Corinthians, São Paulo, Santos e acha que esse é o mundo do futebol. Nunca chegou na porta de uma prefeitura, como eu cheguei, no interior do Brasil, onde estão jogadores com crianças no colo. Aí chega o técnico, que é outro jovem, e pergunta: “Deputado, o senhor vai falar com o prefeito?” Aí eu digo: “Já sei, a prefeitura não está pagando, atrasou o salário”. E eles: “Não, deputado, atrasou o almoço. Não almoçamos até agora”. Essa é a realidade de mais de 90% do futebol. Então eu digo, tem que ter um calendário maior para esse futebol e tem que ter calendário menor para o outro, que tem que jogar Libertadores, Paulista, Brasileiro, Copa do Brasil. Tem que ter equilíbrio entre isso.

___________________

Participaram da conversa, em ordem alfabética:

Danilo Gonçalo, do Jornalismo FC - http://jornalismofc.com/
Diego Garcia e Pedro Galindo, do Doentes por Futebol - http://www.doentesporfutebol.com.br
Fernanda de Lima, do Donas da Bola - http://www.donasdabola.com.br/
Leandro Canônico, do Meio de Campo - http://globoesporte.globo.com/platb/meiodecampo/
Fernando Cesarotti, do Impedimento - http://impedimento.org/
Marcos Antonio de Oliveira Teixeira, do Blog das Torcidas - http://www.blogdastorcidas.com.br/
Otávio Maia, do Esporte Fino - www.esportefino.net
Paula Máscara, pelo Fora de Campo - http://blogs.lancenet.com.br/foradecampo/
Ricardo Roca, do Futebol Arte - http://www.futebolarte.blog.br/

A transcrição teve ajuda substancial de Alessandra Alves, e a edição teve grande participação de João Peres e Paulo Donizette, os três da Rede Brasil Atual (www.redebrasilatual.com.br).

segunda-feira, abril 22, 2013

Cristiano Ronaldo ante Israel: "Não troco camisa com assassinos"

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Deu no Street Nouvelles d'aujourd'hui.

Ao final da partida entre Portugal e Israel pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2014 em 25 de  março, o jogador luso Cristiano Ronaldo recusou-se a confraternizar-se com os adversários por um motivo único: "Não troco minha camisa com assassinos".

Foto: Nouvelles d'aujourd'hui

Após o apito final, o camisa sete teria sido procurado para a troca de camisa. Ele recusou-se a expor seu dorso nu por um motivo que nada tem a ver com a vaidade pela qual o gajo é conhecido.

A razão apresentada ao jogador israelense foi haver, no uniforme, a bandeira de Israel. A declaração mais dura, mencionando a palavra "assassinos" teria sido registrada após o jogo de sexta-feira (18) no vestiário, quando jornalistas perguntaram-lhe o motivo da cena.

A foto apresentada pelo Nouvelles d'aujourd'hui mostra outro jogador português carregando uma camisa da seleção de Israel, sem flagrar o epicentro da polêmica.

Mas o vídeo é bastante claro:



Em março, antes da partida entre as duas seleções, uma guerra virtual havia sido provocada por uma postagem do astro de sobrancelhas bem feitas. Na ocasião, ele publicou uma foto em uma praia em Tel-A-Viv com Miguel Veloso, Pepe e Silvio Sá Pereira com a legenda: "Uma bela manhã em Israel com os meus colegas".

Na ocasião, os críticos foram os simpatizantes da causa palestina, que pediram retratação de Cristiano Ronaldo. A rigor, a cidade em questão é a sede administrativa do governo de Israel (a capital oficialmente é Jerusalém), mas os autores das críticas são pessoas que consideram ilegítima a criação desse Estado, estabelecido pela Organização das Nações Unidas em 1948.

Entidades de educação palestinas e vítimas de bombardeiros israelenses chegaram a receber os recursos da venda de chuteiras de ouro do atleta português em novembro de 2012. O bem, adquirido em 2011 por ter sido eleito melhor boleiro da temporada, era estimado em 1,4 milhão de euros.

(Dica do Igor Carvalho)

terça-feira, outubro 16, 2012

Empate histórico e desclassificações nas eliminatórias da Copa de 2014

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Mais uma rodada das eliminatórias para a Copa de 2014 e, obviamente, alguns resultados surpreendentes. O que mais chamou a atenção foi a reação incrível da Suécia, que perdia por 4 a 0 da Alemanha, e obteve um empate heroico em Berlim. Após fazer três gols em 14 minutos, o nórdicos empataram a partida aos 48 do segundo tempo. Requintes de crueldade que não tiraram a liderança dos alemães, à frente do grupo C das eliminatórias europeias com 10 pontos em quatro jogos. Os suecos têm sete em três pelejas.



Quem se deu mal foram os portugueses, que empataram em casa com a Irlanda do Norte, por 1 a 1. A seleção de Cristiano Ronaldo está em terceiro lugar no grupo F, com sete pontos em quatro partidas, mesma pontuação de Israel, que supera os lusos em saldo de gols. A Rússia lidera com dez pontos.

A atual campeã do mundo e da Euro, a Espanha, também foi surpreendida em casa pela França. O 1 a 1 obtido em cima da hora pelos franceses quebrou uma fantástica sequência de 25 vitórias seguidas em casa dos espanhóis. Ambos dividem o topo do grupo I com 7 pontos em três partidas, com a Fúria levando vantagem no desempate, dois gols a mais de saldo.

A lógica na Concacaf, disputa acirrada entre os asiáticos

A Concacaf definiu o seu hexagonal final com choro e ranger de dentes para algumas seleções. No Grupo A, a Guatemala enfrentou os EUA fora de casa, precisando de um empate para avançar. Saíram na frente mas sofreram a virada, perdendo por 3 a 1. Ainda assim, tinham chances caso a Jamaica não fosse bem contra a lanterna Antígua e Barbuda. Mas os jamaicanos derrotaram os rivais por 4 a 1 e ficaram com a segunda vaga do grupo por dois gols a mais de saldo.

Quem também ficou de fora com o resultado da última rodada foi o Canadá. Os vizinhos dos EUA sofreram uma goleada maiúscula de 8 a 1 da líder Honduras e terminaram um ponto atrás do Panamá, que jogou com o regulamento embaixo do braço e só precisou empatar com Cuba para garantir sua vaga um ponto a frente do Canadá. No Grupo B, tudo tranquilo: o México já estava classificado e a Costa Rica goleou por singelos 7 a 0 a Guiana, se classificando na segunda colocação.

Na Ásia, impera o equilíbrio. Ao fim do primeiro turno, todas as seleções ainda têm chances de vir ao Brasil. No grupo A, Coreia do Sul e Irã lideram com sete pontos, mas o Uzbequistão tem cinco e Catar e Líbano, quatro cada. As duas melhores equipes se classificam direto e a terceira colocada enfrenta a terceira do grupo B, para ter direito a enfrentar o quinto colocado da América do Sul.

Quem tem a situação mais tranquila no continente é o Japão, que lidera o grupo B com dez pontos, cinco a mais que o segundo colocado, a Austrália. Omã conta com cinco pontos também, a Jordânia vem na sequência com cinco e o Iraque, de Zico, tem dois pontos.

Argentina folgada, Uruguai em queda

Os argentinos conseguiram duas vitórias fundamentais na semana, um 3 a 0 contra o Uruguai e um 2 a 1 contra o Chile, em Santiago. Assim, se isolaram como líderes na primeira rodada do segundo turno, com uma sequência de cinco vitórias e dois empates. O Equador assegurou a segunda colocação depois do empate fora de casa com a Venezuela, três pontos atrás dos portenhos e um à frente da Colômbia, que tem uma partida a menos.

Abaixo dos colombianos, a confusão. Quatro pontos aquém da seleção de Falcão Garcia, Venezuela, Uruguai e Chile (pela ordem de desempate) estão com 12 pontos. Os uruguaios vem na descendente, com as goleadas sofridas contra a Argentina e contra a Bolívia, 4 a 1, e a disputa deve ser acirrada, ainda mais levando-se em conta que os paraguaios também respiraram depois da vitória contra o Peru, por 1 a 0. Bolivianos e peruanos têm oito pontos e o Paraguai, sete.

O Taiti ficou pelo caminho

Não deu pro Taiti... (OFC)
A notícia triste da rodada ficou para uma seleção já garantida na próxima Copa das Confederações. O Taiti vem ao Brasil, mas não para o Mundial. Após perder para a Nova Zelândia por 3 a 0, os campeões do continente continuam sem pontos em quatro jogos. Já os neozelandeses continuam firmes na briga por uma vaga a ser disputada contra o quarto colocado da Concacaf, com 12 pontos em quatro partidas. Se baterem a Nova Caledônia, única equipe que ainda pode tirar sua vaga, se garantem com uma partida de antecipação. Contudo, o aguardado jogo só vai acontecer em março de 2013.

A título de curiosidade, a Nova Caledônia pertence à França, mas é considerada um território ultramarino. Descoberta pelo explorador inglês James Cook, a ilha recebeu o nome de “Caledônia” por ser parecida com a costa escocesa (na visão do “descobridor”, obviamente), já que o termo significa “Escócia” no latim antigo. Se conseguirem a vaga para 2014, o ano será decididamente histórico para os habitantes da ilha, que também definirão no mesmo período se optarão pela independência do local.

quarta-feira, setembro 12, 2012

Um giro pelas eliminatórias da Copa de 2014: zebras querem dar as caras

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A última rodada das Eliminatórias da Copa 2014 reservou algumas surpresas e serviu de alento para o sonho de muitas seleções que nunca chegaram a um Mundial. Algumas competições continentais estão mais adiantadas que outras, sendo os torneios europeu, africano e da Oceania os que têm somente duas rodadas. Já os outros continentes tem quase à metade das partidas disputadas, caso da sul-americana, que chegou à penúltima rodada de seu primeiro turno.
Com nove seleções na briga de quatro vagas e mais uma repescagem (o quinto colocado enfrenta o quinto das eliminatórias asiáticas), os vizinhos têm feito uma competição equilibrada. Só Bolívia e Paraguai parecem estar fora da briga, com quatro pontos cada um, uma vitória e um empate. A altitude de La Paz só funcionou para os bolivianos contra o próprio Paraguai, vitória por 3 a 1. Já os conterrâneos de Fernando Lugo conheceram o sabor da vitória contra o Equador, 2 a 1. Parece que Larissa Riquelme não poderá torcer pela sua equipe no Brasil em 2014...

César Farias pode fazer história
Quem faz uma campanha interessante é a Venezuela, cujo bom desempenho já se esperava aqui. Com 11 pontos em oito jogos (folgam na nona rodada), a Vinotinto tem um a menos que Uruguai e Chile, quarto e quinto colocados, e está a três dos líderes argentinos. A vitória fora de casa por 2 a 0 contra os paraguaios ontem deu mais moral para a seleção de César Farias. Será que os venezuelanos conseguirão debutar em uma Copa?

Zebras asiáticas

Será que o Líbano chega lá?
A rodada das eliminatórias também reservou algumas surpresas na Ásia. O Líbano venceu o Irã por 1 x 0, sua primeira vitória nos quatro jogos que disputou no Grupo A. Terá ainda mais quatro para tentar obter uma das duas vagas do grupo que asseguram a vinda para cá daqui a dois anos. A Coreia do Sul lidera com sete pontos, seguida por Irã e Catar, quatro cada. O Uzbequistão, com dois, empatou com o sul-coreanos e ainda sonham.
No grupo B, o ex-time de Zico, o Japão, derrotou sua equipe atual, o Iraque, por 1 a 0, consolidando uma confortável liderança com dez pontos em quatro partidas. Seis à frente da surpreendente Jordânia, que bateu a Austrália por 2 a 1. Caro jovem que se confundiu com a geografia, os australianos disputam as eliminatórias asiáticas por conta de um acordo feito com a Fifa, já que sua supremacia na Oceania era bastante sem graça. Em 2010, sua estreia na Ásia, sua classificação foi tranquila, mas, para 2014, sua campanha é levemente preocupante: dois pontos em três jogos; além da derrota para a Jordânia, empates contra Japão (em casa) e Omã (fora).

Nas eliminatórias asiáticas, os dois primeiros de cada grupo se classificam para a Copa. Já os dois terceiros se enfrentam em jogos de ida e volta e o vencedor do confronto pega o quinto colocado na América do Sul também em dois jogos.

Os azarões da Concacaf

Na Concacaf (América Central e do Norte), de três grupos com quatro seleções cada saem os dois melhores de cada para o hexagonal final. E há zebras querendo surgir a duas rodadas do fim da fase. No Grupo A, só Antigua e Barbuda está fora, enquanto Guatemala, Estados Unidos e Jamaica têm sete pontos. Os ianques correm o risco de não irem para a fase final, o que seria um vexame considerável, já os guatemaltecos tentam ir pela primeira vez a um Mundial. Nas eliminatórias de 2006, ficaram a apenas dois pontos da vaga na repescagem.

Já no grupo B, o México, com 12 pontos, já garantiu sua passagem para o hexagonal. El Salvador, que já foi ao Mundial de 1970 e 1982, está um ponto à frente da Costa Rica (5 contra 4), e a Guiana, com um pontinho, precisa vencer seus dois jogos e torcer. No grupo C, só Cuba, com quatro derrotas, está eliminada. O Panamá, que nem chegou à fase de grupos nas eliminatórias de 2010, lidera com nove e, se bater Honduras, que tem sete pontos junto com o Canadá, em casa, assegura vaga no hexagonal.

Na Europa, África e Oceania, apenas duas rodadas foram disputadas até agora. A Nova Zelândia venceu as duas, como esperado, marcando oito gols e sofrendo um. Nos dez grupos das eliminatórias africanas (classificam-se as primeiras de seleções cada grupo para disputarem cinco confrontos de ida e volta), somente Egito e Tunísia têm aproveitamento de 100%. Na Europa, mais seleções venceram seus dois jogos: Alemanha, Romênia, Holanda, Suíça, Rússia, Portugal, Bósnia, Grécia e França.

quarta-feira, agosto 15, 2012

A 666 dias da Copa, arquibancada do Estádio Mané Garrincha está a um dedo de completar anel

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Não é efeméride, porque o número não é redondo. Mas é para lá de cabalístico. Faltando 666 dias, um efeito Orloff aplicado ao Estádio Nacional Mané Garrincha.

Quando pus os pés, embalados em sapato social, de mudança para Brasília, as obras do Estádio Nacional Mané Garricha estavam 50% concluídas. Isso quer dizer que, do anel superior, a parte de concreto das arquibancadas, só tinha pilares a meia altura. Muito vergalhão de aço galvanizado, guindastes, operários trabalhando a todo vapor, otimismo de uns moradores, dúvidas e ceticismo de outros tantos.

Faltavam 845 dias para a Copa.

Fotos: Futepoca

 

Fotos de 18 de fevereiro, era um sábado ainda de verão, muito anterior ao período de estiagem. Saudosa memória de seis meses atrás, uma época saudosa em que ainda havia nuvens no céu de Brasília, a relva estava verdejante e o ar, bem mais respirável. A arena nem vislumbrava arquibancada.

Hoje, ao passar por lá, vi que falta praticamente um "dente" para o anel de concreto estar concluído.

Foto: Futepoca

Visão a partir do Eixo Monumental, à altura da Torre de TV. 
Paisagem urbana, fotógrafo preguiçoso. Precisa forçar a vista
 para enxergar o estádio lá no fundo.

Desde fevereiro, o estádio quase perdeu a homenagem ao craque do Botafogo e herói de 1962, matou um trabalhador e deixou outros cinco feridos (em acidentes diferentes). Não me atrevo a propor um cálculo de saldo.

A capital federal recebe pelo menos um jogo da seleção brasileira na Copa de 2014, o terceiro da primeira fase, a de grupos, marcada para 23 de junho daquele ano. Há uma partida de oitavas e outra de quartas de final. Um ano antes, na Copa das Confederações, a abertura será na arena que leva o nome do gênio das pernas tortas.

O prazo de entrega é dezembro de 2012. Falta um tanto ainda, mas está bem rápido o andamento.

Foto de julho do Ministério do Esporte: o ângulo certo faz diferença