Destaques
terça-feira, novembro 08, 2011
Elogio do boteco
Compartilhe no Facebook Impossível deixar de republicar esse texto de Leonardo Boff, que capta bem o espírito do que é um boteco e do que ele representa nas teias sociais da nossa vida. Com a palavra, o teólogo (ah, sim o texto é dele mesmo).
Em razão do meu “ciganismo intelectual” falando em muitos lugares e ambientes sobre um sem número de temas que vão da espiritualidade, à responsabilidade socioambiental e até sobre a possibilidade do fim de nossa espécie, os organizadores, por deferência, costumam me convidar para um bom restaurante da cidade. Lógico, guardo a boa tradição franciscana e celebro os pratos com comentários laudatórios. Mas me sobra sempre pequeno amargor na boca, impedindo que o comer seja uma celebração. Lembro que a maioria das pessoas amigas não podem desfrutar destas comidas e especialmente os milhões e milhões de famintos do mundo. Parece-me que lhes estou roubando a comida da boca. Como celebrar a generosidade dos amigos e da Mãe Terra, se, nas palavras de Gandhi,”a fome é um insulto e a forma de violência mais assassina que existe?”
É neste contexto que me vem à mente como consolo os botecos. Gosto de freqüentá-los, pois aí posso comer sem má consciência. Eles se encontram em todo mundo, também nas comunidades pobres nas quais, por anos, trabalhei. Ai se vive uma real democracia: o boteco ou o pé sujo (o boteco de pessoas com menos poder aquisitivo) acolhe todo mundo. Pode-se encontrar lá tomando seu chope um professor universitário ao lado de um peão da construção civil, um ator de teatro na mesa com um malandro, até com um bêbado tomando seu traguinho. É só chegar, ir sentando e logo gritar: “me traga um chope estupidamente gelado”.
O boteco é mais que seu visual, com azulejos de cores fortes, com o santo protetor na parede, geralmente um Santo Antônio com o Menino Jesus, o símbolo do time de estimação e as propagandas coloridas de bebidas. O boteco é um estado de espírito, o lugar do encontro com os amigos e os vizinhos, da conversa fiada, da discussão sobre o último jogo de futebol, dos comentários da novela preferida, da crítica aos políticos e dos palavrões bem merecidos contra os corruptos. Todos logo se enturmam num espírito comunitário em estado nascente. Aqui ninguém é rico ou pobre. É simplesmente gente que se expressa como gente, usando a gíria popular. Há muito humor, piadas e bravatas. Às vezes, como em Minas, se improvisa até uma cantoria que alguém acompanha ao violão.
Ninguém repara nas condições gerais do balcão ou das mesinhas. O importante é que o copo esteja bem lavado e sem gordura senão estraga o colarinho cremoso do chope que deve ter uns três dedos. Ninguém se incomoda com o chão e o estado do banheiro.
Os nomes dos botecos são os mais diversos, dependendo da região do pais. Pode ser a Adega da Velha, o Bar do Sacha, o boteco do Seo Gomes, o Bar do Giba, o Botequim do Jóia, o Pavão Azul, a Confraria do Bode Cheiroso, a Casa Cheia e outros. Belo Horizonte é a cidade que mais botecos possui, realizando até, cada ano, um concurso da melhor comida de boteco.
Os pratos também são variados, geralmente, elaborados a partir de receitas caseiras e regionais: a carne de sol do Nordeste, a carne de porco e o tutu de Minas. Os nomes são ingeniosos:” mexidoido chapado”, “porconóbis de sabugosa”, “costela de Adão” (costelinha de porco com mandioca), “torresminho de barriga”. Há um prato que aprecio sobremaneira, oferecido no Mercado Central de Belo Horizonte e que foi premiado num dos concursos:”bife de fígado acebolado com jiló”. Se depender de mim, este prato deverá constar no menu do banquete do Reino dos céus que o Pai celeste vai oferecer aos benaventurados.
Se bem repararmos, o boteco desempenha uma função cidadã: dá aos frequentadores, especialmente aos mais assíduos, o sentimento de pertença à cidade ou ao bairro. Não havendo outros lugares de entretenimento e de lazer, permite que as pessoas se encontrem, esqueçam seu status social e vivam uma igualdade, geralmente, negada no cotidiano.
Para mim o boteco é uma metáfora da comensalidade sonhada por Jesus, lugar onde todos podem sentar à mesa e celebrar o convívio fraterno e fazer do comer, uma comunhão. E para mim, é o lugar onde posso comer sem má consciência.
Dedico este texto ao cartunista e amigo Jaguar que aprecia botecos.
segunda-feira, novembro 07, 2011
Resumo da péssima fase e os 15 pontos que salvam
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Por Moriti Neto
Difícil falar do São Paulo sem apelar às mesmices sobre mau momento, jogos fracos e apatia (que resulta em tremedeira) no Campeonato Brasileiro. Também é quase impossível dar algum ineditismo à análise dos erros da diretoria são-paulina capitaneada por Juvenal Juvêncio (arrogante e, ao menos hoje, desarticulado politicamente, sendo o segundo item consequência do primeiro).
O vexame da derrota contra o Bahia não se caracteriza pelo resultado em si. No futebol, tem dessas coisas, principalmente num campeonato tão oscilante e vacilante do ponto de vista técnico. O líder Corinthians – na reta decisiva e com 40 mil torcedores a favor – perder do América, inevitavelmente rebaixado e pior time da competição, com apenas quatro vitórias em 32 jogos, é sintoma disso. O que não pode é o São Paulo cometer tantos erros crassos numa partida.
Duas vezes na frente do placar, os são-paulinos tomaram gol de Souza quando os baianos fizeram 1 x 1, depois de Wellington, num golaço, marcar o primeiro do Tricolor Paulista. Souza, aquele de Goiás, Flamengo e Corinthians (foi até artilheiro de Brasileirão, em 2006) deu um baile em João Felipe. Não só no lance do tento anotado, em que tomou um corte seco, de cair sentado. Enquanto esteve em campo, o zagueiro permitiu que o limitadíssimo centroavante fizesse o que bem entendesse.
Alguns detalhes, no entanto, davam certa esperança ao torcedor. Lucas, que não jogava nada fazia tempo, deu o ar da graça. Fez boa etapa inicial e, na segunda, instantes após o empate do Bahia, acertou um belo chute, no ângulo de Marcelo Lomba. Outro golaço. 2 x 1.
Não demorou que uma jogada começada em cobrança de falta chegasse aos pés de Cicero, improvisado na ala-esquerda, e terminasse em novo bom chute. A bola bate nas duas traves baianas antes de entrar. O jogo parece resolvido, indicando que a torcida comemoraria três pontos depois de oito rodadas, quem sabe até com condições reais de brigar por “objetivos maiores”.
Só que se os treinos de repetição de Emerson Leão deram alguma confiança para os atletas chutarem, o “tratamento de choque” proposto pelo técnico (com perdão do trocadilho) resultou num curto-circuito em Salvador.
Assim que tomou o terceiro, Joel Santana colocou os meias Lulinha e Nikão – algo que deveria deixar os são-paulinos mais tranquilos. Contudo, logo de cara, o primeiro fez o gol número dois do mandante, justamente depois de jogada do segundo.
O São Paulo sumiu de campo. Apagou. E viria a desmoronar com novo empate do Tricolor de Aço, com gol de cabeça do baixinho volante Fahel, que ninguém no sistema defensivo paulista marcou.
Sem reação, tremendo como um time principiante, a virada era questão de tempo contra o time do Morumbi. E ela veio com jogada de Nikão (de novo!) que um assustado Luiz Eduardo tratou de empurrar para o próprio gol.
Daí em diante, foi de doer ver a postura medrosa dos jogadores são-paulinos, que perderam quase todas as divididas. Ainda que o adversário estivesse com “um a menos”, já que o contundido volante Fabinho se arrastava em campo, os visitantes fugiram do jogo.
Cansaço, contusão e erro de Leão
Quando tomou o segundo gol, Leão preparava o banco, pensava substituições. Antecipado por Dagoberto e João Felipe, continuando a perder todas para Souza, que alegaram cansaço e pediram para sair, o técnico pôs Marlos e Rodrigo Caio. Errou nas duas mexidas.
Colocar Marlos era arriscado demais, pois o jogador erra quase tudo que tenta, ainda que em jogos tranquilos. Numa partida de forte pressão, a perspectiva de falha aumenta severamente.
Na entrada do volante Rodrigo Caio como zagueiro, Leão errou também. Não porque o garoto fosse incapaz de executar a função, mas tinha Denílson à disposição e, em momento tão claudicante da equipe emocionalmente, apostar na experiência seria prudente.
Além disso, para coroar a péssima jornada: azar e mais incompetência. Em poucos minutos, Rodrigo Caio torceu o joelho. Foi examinado pela equipe médica que atestou que o menino poderia voltar ao gramado, algo desmentido pelos instantes seguintes que forçaram Leão a trocá-lo por Denílson.
A atuação bizarra resume a fase são-paulina que deixa o time perto de recorde negativo e evidencia uma campanha digna dos piores do returno. O Tricolor está nove rodadas sem saber o que é vitória na competição. Na história dos brasileiros, só foi pior em 1996, quando passou dez jogos sem ganhar. Nos últimos nove confrontos da atual edição, obteve 21% de aproveitamento. No total do segundo turno, a coisa fica em 36%. Como observei em post anterior, índice de candidato ao rebaixamento.
Numa análise fria, depois de três temporadas de tantos erros, culminando nesta, com quatro técnicos diferentes no comando do São Paulo, não são os 15 pontos que restam a disputar no Brasileiro a alegria são-paulina. São os 15 conquistados no começo do campeonato, ainda com Carpegiani, que nos salvarão da briga para não cair. Dureza.
Nordeste legal
Independentemente do resultado e dá fase ruim do clube de coração, é legal demais ver a torcida do Bahia e o clima contagiante do nordeste num estádio cheio. No sábado, a torcida baiana deu espetáculo e, de fato, impulsionou o time. É cedo ainda, mas a vitória sobre o São Paulo é combustível moral para o Tricolor de Aço permanecer na Série A. Assim como o Ceará, que venceu o Avaí fora de casa e deu um passo fora da zona de descenso, e quem sabe o Náutico, bem na Série B, os baianos são garantia do futebol visto como festa.
quarta-feira, novembro 02, 2011
Nelson Cavaquinho chamou a morte pra sambar
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Confira abaixo a entrevista feita por e-mail com Carlinhos Vergueiro, que lança nesse mês um CD inteiramente dedicado a Cavaquinho, com participações nobres como as de Chico Buarque e Wilson das Neves.
Futepoca - Nelson vendeu várias das suas composições. É possível ter uma ideia de quantas músicas de fato ele compôs ao longo da vida?
Futepoca - O primeiro álbum dele foi lançado somente em 1970. Por que demorou tanto a gravar um disco?
Futepoca - Na sua opinião, é possível dissociar a obra e o modo de composição de Nelson Cavaquinho do seu estilo de vida boêmio? Um poderia existir sem o outro?
Futepoca - E qual a linha desse seu novo trabalho, que também tem como foco a obra do compositor?
Futepoca - Você acha que hoje Nelson Cavaquinho tem o devido reconhecimento no meio musical e pelos brasileiros em geral?
terça-feira, novembro 01, 2011
Lula vai desfilar na Gaviões, diz Dilma
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O ex-presidente Lula, internado ontem e hoje no hospital Sírio Libanês para dar início à quimioterapia que combaterá o tumor encontrado em sua laringe, recebeu nesta segunda a visita da presidenta Dilma. Ela, que também lutou recentemente contra um câncer linfático, saiu otimista da visita, segundo matéria do Diário de S. Paulo.
A manchete do jornal, aliás, é o que me instigou a escrever o post: “Ele vai desfilar na Gaviões”. Foi tirada da seguinte declaração de Dilma: "Eu estive visitando o presidente Lula e saio muito contente, porque achei ele muito bem, muito disposto, com aquela imensa energia que o presidente Lula tem. Então eu saio daqui certa que, em janeiro, nós veremos o presidente Lula desfilando na Gaviões da Fiel", disse a presidenta, lembrando que a corintiana escola de samba homenageará Lula no Carnaval 2012.
No domingo, torcida e clube corintianos homenagearam o presidente (foto: Edson Lopes Jr./Terra). E chegamos ao verdadeiro motivo do texto: publicar aqui o vídeo do samba da Gaviões, que quase encheu de lágrimas meus corintianos e esquerdistas olhos. Aproveitem. E força, Lula!
segunda-feira, outubro 31, 2011
Corinthians 2 x 1 Avaí: Virada na raça afasta tragédia e retoma liderança
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O Corinthians jogou mal contra o Avaí na tarde deste domingo, num Pacaembu cheio e que recebeu horas de chuva brava durante a partida. Jogou mal, sofreu um gol fruto de jogada em (difícil) impedimento, teve um zagueiro expulso, por, no mínimo, um baita excesso de rigor. Cenário propício para uma tragédia – que não se consumou. O Timão virou a partida no segundo tempo, na raça e na coragem, levando ao delírio uma torcida encharcada. Jogo difícil e mais um passo na briga pelo título, esse de grande valor anímico. Até porque, com o empate arrancado pelo São Paulo contra o Vasco, no Rio, voltamos para a liderança, o que significa depender apenas das próprias pernas – e de uma ajudinha dos deuses, claro.
O destaque foi Emerson, que, voltando de lesão, começou no banco e entrou no lugar de Jorge Henrique. Foi o melhor jogador, como vinha sendo em boa parte dos jogos antes de se machucar. O atacante se mexe muito, procura o jogo, dá opções aos companheiros. Como fez no gol de empate, após belo passe de William, jogador às vezes meio bom, às vezes meio ruim, e que ontem estava mais inspirado.
Liedson também merece os parabéns por ter achado o gol da vitória numa cabeçada improvável. É interessante o senso de colocação do atacante. Em várias jogadas é possível vê-lo procurando um espaço vazio e tentando antecipar aonde a bola deverá cair depois de outras disputas. Nessas, acertou em cheio.
Quem também acertou foi Tite, ao não tirar um atacante para recompor a defesa após a expulsão do zagueiro Leandro Castan. Ao evitar a resposta padrão e optar por recuar Ralf para cumprir a função, o técnico manteve o poder de fogo do time e foi premiado com a virada. Acertou aí, mas errou ao botar Jorge Henrique pra jogar. O baixinho já teve excelentes momentos com a camisa alvinegra, mas não se encontra mais. O bom Edenilson, rápido e com visão de jogo, parece ser uma opção melhora na ausência de Émerson e Alex. E falando em troca de guarda, Welder pode muito bem assumir a vaga de Alessandro. O lateral avança bem, dribla e cruza sempre com perigo.
Na próxima rodada, vamos a Minas Gerais pegar o quase desenganado, mas ainda desesperado, América MG. Entre os problemas, a zaga hoje titular está suspensa, com terceiro amarelo para Paulo André e a expulsão de Castán. Devem vir Wallace e o afastado Chicão, zagueiro mais técnico do elenco, mas que perdeu espaço, segundo consta, por disputas de cunho panelístico com o técnico Tite. Espero que volte com vontade de mostrar que merece a camisa 3.
Entre as boas notícias, podemos ter Emerson, Alex, Danilo e Liedson juntos. São os quatro melhores jogadores do meio pra frente hoje. Os que mostram mais qualidade e têm resolvido a maioria dos jogos. Se um deles não jogar, deve entrar William, que também ajuda. Estamos com um bom elenco, principalmente do meio pra frente. Depois do América, vem outro mineiro, o Atlético, ainda ameaçado pela Série B, mas já mais distante do alçapão. E com melhor futebol (o Palmeiras que o diga), muito graças ao bom Daniel Carvalho. Vai, Corinthians!
domingo, outubro 30, 2011
Santos 4 X 1 Atlético-PR - Furacão vira brisa com Neymar
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Precisa legenda? (Foto Santosfc) |
sábado, outubro 29, 2011
Força, presidente
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Foi divulgada neste sábado a notícia de que o ex-presidente Lula teve diagnóstico de câncer na laringe.
sexta-feira, outubro 28, 2011
Enquete: Quem errou mais ao chamar quem?
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A semana teve novidades, decisões, choros, mudanças e convocações de ordens distintas. Várias delas questionáveis. O Futepoca propõe uma enquete de interesse público:
Quem errou mais ao chamar?
Dilma a Aldo Rebelo
O ministro Orlando Silva caiu do Esporte. Para seu lugar, o deputado Aldo Rebelo, também do PCdoB, foi chamado. Se, por um lado, o moço presidiu a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Futebol, em 2001, que virou até livro com denúncias contra a cartolagem do ludopédio, depois teria mudado. Há quem diga que se converteu em amigo de Ricardo Teixeira, presidente quase eterno da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Ao mesmo tempo, ele acumula desgastes com setores como o dos ambientalistas, depois de ter sido relator do Código Florestal na Câmara dos Deputados e feito o serviço a contento dos ruralistas. A senadora Kátia Abreu, presidente da Confederação Nacional dos Agricultores (CNA), comemorou a escolha. O problema é que, apesar da força dos ruralistas no Congresso na hora de fazer progredir a mudança na legislação ambiental do país, isso não bastou, por exemplo, para fazer Aldo Rebelo vencer Ana Arraes (PSB-PE) na disputa por uma vaga no Tribunal de Contas da União (TCU). Ou seja, apoio de ruralista pode até camuflar atrás de umas moitas de cana ou de uns bois pastando. Mas não blinda ninguém.
O meia chileno Valdívia foi acusado de ter ameaçado o fotógrafo Grizar Júnior, do jornal O Dia. O profissional registrou boletim de ocorrência na terça-feira (25). O motivo de tanta ira seria um flagrante de El Mago nos braços de uma moça morena não identificada – mas que definitivamente não era sua loira esposa, a chilena Daniela Aranguiz. O jogador estaria alcoolizado (o que é justo) e teria chamado o fotógrafo para conversar e oferecido propina para comprar a foto (já não tão justo assim). O atleta alega que quem pediu os R$ 20 mil foi Grizar Júnior. Em meio ao rolo, o que não foi explicado foi por que ele chamou o fotógrafo para conversar. Teria de se explicar em casa, e só em casa.
Depois de demitir Adílson Batista, aquele que perdeu o emprego nas três (3!!) equipes pelas quais passou neste ano de 2011, o Tricolor paulista resolveu agir como time pequeno: contratou um técnico para salvar o ano. E só o ano. O choque tem de funcionar em 45 dias e, para 2012, pode ser que Émerson Leão não fique. A avaliação é de que era preciso um cabra linha-dura para remotivar o elenco, como se uma bronca ou um falar mais grosso fosse pôr o pé de um Marlos na forma ou dar regularidade a um Dagoberto. Se a eliminação da Sul-Americana for referência, o cenário para os próximos dias só não é menos alvissareiro para os são-paulinos do que se desenha para os palmeirenses – porque estes perderam o ano definitivamente...
Quem errou mais ao chamar?
quinta-feira, outubro 27, 2011
Volta com eliminação esperada, desastre até agora e um vai tarde
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Por Moriti Neto
Bastaram 9 minutos para que o Libertad tirasse a vantagem do São Paulo ontem, em Assunção, no Paraguai, pelas oitavas de final da Copa Sul-Americana. Ali se dava o inicio da história que marcaria a volta com derrota e eliminação do técnico Emerson Leão ao Tricolor Paulista.
Leão chegou com a missão de dar um “choque” e “postura de time grande” – palavras do presidente Juvenal Juvêncio – ao São Paulo. Antes do jogo, disse que optaria por não valorizar a vantagem obtida no confronto de ida. Ao menos na escalação, essa era a proposta. Denílson e Cícero foram sacados para as entradas de Carlinhos Paraíba e Marlos, teoricamente mais ofensivos. O problema é que a qualidade de ambos é baixa. Os dois correm muito, fato, mas, cada qual a um estilo, têm baixa efetividade com a bola. Assim, a aparente posição agressiva caiu por terra e os donos da casa é que tomaram conta da peleja.
Já na primeira bola perdida, aos 2 minutos, o torcedor são-paulino relembrava que os defensores não têm a força necessária para suportar anfitriões impetuosos, ainda que o ímpeto parta de um time mediano, como o Libertad. Outro bônus encontrado pelos paraguaios foi a habitual fraca marcação são-paulina pelos lados.
Foi mais que justo o tento que começou a desenhar a desclassificação tricolor. Os paraguaios, com tabelas pelos flancos, ganharam o campo de cara e forçaram os são-paulinos a recuar. Tal foi a postura de recuo que Luis Fabiano apareceu na grande área defensiva para cometer pênalti em Maciel. Eram 9 minutos. Sergio Aquino não desperdiçou. Chutou forte e abriu 1 x 0.
Leão mostra alguma coisa; não foi suficiente
Na sequência do gol, Rogério Ceni, que vinha com um problema no tornozelo esquerdo, pediu para trocar a proteção no local. Após a parada, Dagoberto virou armador, Marlos foi adiantado e Lucas flutuava entre o ataque e arrancadas pela meia-direita. Leão orientou Carlinhos Paraíba e os laterais para fazer a bola chegar a Luis Fabiano. Com as mexidas, Dagoberto lançou Piris, que chutou na trave, aos 14 minutos. O jogo dava esperanças de equilíbrio. Aos 31, Juan perdeu (sem novidade) chance de frente para o goleiro. A expectativa de reação parou por aí.
No segundo tempo, o São Paulo voltou sem Luis Fabiano, com dores musculares. Ainda que pouco útil e infeliz na peripécia defensiva que resultou no pênalti, o centroavante foi ausência sentida. O time ficou sem referência. O substituto era Fernandinho. Bem, Fernandinho é aquela coisa. Homem de uma jogada só, manjada. É sempre receber o esférico e tentar a saída pela esquerda (o Leão da Montanha era melhor nisso).
Sem a peça de área e, claro, sem articulação, restavam lances isolados para que o Tricolor empatasse. Aos 19, Dagoberto cobrou falta, Rhodolfo cabeceou e mandou para as redes. Num lance difícil, a arbitragem anotou impedimento.
Era sensação patente que a partida terminaria mal para o São Paulo. Aos 20, o técnico do Libertad, o argentino Jorge Burruchaga, aproveitando a paralisia do adversário, decidiu mudar o ritmo. Aos 20, colocou em campo Rodolfo Gamarra, no propósito de conferir velocidade ao time paraguaio. E o atacante nem precisou de muito tempo para aproveitar a oportunidade. Bastaram dois minutos e ele encontrou Ariel Núñez, livre, impedido, que sacramentou os 2 x 0.
Dali para frente, o Libertad matou o São Paulo na intermediária. E o único golzinho que o Tricolor teria para marcar em ao menos 25 minutos, garantindo a classificação, não saiu. Pior: de bom, o time não produziu nada. Ainda perdeu Rogério Ceni, que depois de 133 partidas seguidas sem sair de campo foi substituído com fortes dores no tornozelo esquerdo. Contra o Vasco, pelo Brasileiro, no domingo, além do capitão, não deve ter Luis Fabiano.
Enfim, a temporada são-paulina é um desastre até o momento. Troca de técnico quatro vezes, eliminado da Copa do Brasil pelo Avaí, goleado pelo maior rival por 5 x 0, e, agora, muito provavelmente fora da Libertadores de 2012, já que ontem, na Sul- Americana, uma porta se fechou e a outra, no Campeonato Brasileiro, do jeito que a coisa vai, deve se encerrar em poucas rodadas. Triste.
Racismo de novo?
Não foram somente a derrota e a eliminação que irritaram o lateral-esquerdo Juan na noite passada. Expulso no último minuto do jogo, o jogador deixou o gramado do estádio Nicolás Leoz acusando o árbitro colombiano Wilmar Roldán de racismo. De acordo com o são-paulino, Roldán o teria chamado de “macaco”. A diretoria do São Paulo deveria pedir apuração e a Conmebol, no mínimo, apurar a história. Duvido que o façam.
Um pouco da troca de técnico e Dagoberto
Segundo a direção do clube, Leão chegou para chacoalhar o elenco. Não aprecio essa coisa de “disciplinador”, “sargentão” e tal. Deixo isso para os quartéis que, sinceramente, no que me toca, não são modelos de civilidade. Os pontos fulcrais para contratar um treinador devem ser a capacidade de montar elencos e de aproveitar o melhor das características dos atletas. Emerson Leão soube fazer isso no passado. Foimuito bem no Santos e no próprio São Paulo.
De qualquer forma, para quem defende a necessidade do “choque”, deixo duas perguntas. Qual a motivação de contratar um técnico que a própria direção diz que não deve ficar mais do que até o final deste ano? Se a intenção é mexer com os jogadores acomodados, que condição moral um sujeito com data marcada para sair terá?
Sobre Dagoberto, que dizem ter um pré-contrato assinado com o Inter, para onde iria em abril de 2012, quando se encerra o vínculo com o Tricolor, é melhor sair já no fim deste ano. E que tenha boa sorte no sul. Dentro de campo, tem algum talento – longe do que pensa ter – mas é descompromissado, individualista e pouco decisivo. Como ser humano, pelo que mostrou em algumas oportunidades, tenho dúvidas. Não foram poucas as vezes que esbravejou na mídia contra técnicos e elenco, posando de vítima ou transferindo responsabilidades. Até mesmo de Muricy Ramalho, que muito o ajudou em 2007, na chegada do atacante ao Morumbi, reclamou, sempre usando câmeras e microfones. Se o acerto com o Colorado for fato, vai tarde.
quarta-feira, outubro 26, 2011
A (agora confirmada) queda de Orlando Silva e o governo que gosta de apanhar
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Fosse no futebol, estariam reclamando de arbitragem frouxa com tanto cai-cai. Nem Valdívia, nem Neymar, pra citar dois dos comumente acusados de simular faltas excessivamente vão tanto ao solo como os ministros do governo da presidenta Dilma Rousseff.
A comparação é ruim, no entanto, porque embora a zaga seja formada por um grupo de jogadores sem muita classe, daqueles pesados, truculentos e sem jogo de cintura, quem cai não é quem simula. Os ministros vão embora reclamando que as denúncias nem sempre ou quase nunca incluem provas. Mesmo assim, terminam enterrados.
A mídia convencional (conservadora e velha) "derrubou" nesta quarta-feira, 26, Orlando Silva, ministro do Esporte. Houve quem negasse a barriga, que seria a quinta. A confirmação se ele vai ou se fica deve vir no fim da tarde.
Por um tantinho assim que não caí... (Elza Fiúza/ABr) |
A partir de Antonio Palocci (Casa Civil), em junho, seguindo Alfredo Nascimento (senador do PR-AM), em julho, de Wagner Rossi (PMDB), da Agricultura, em agosto, e Pedro Novais (deputado federal do PMDB-MA), do Turismo, uma troca tem sido motivada por mês por suspeita de corrupção. Além deles, agosto "bisou" em fritada de ministro, já que Nelson Jobim, também do PMDB – embora da suposta "cota pessoal" da presidenta –, deixou a Defesa por desgaste político e críticas patéticas a colegas. Repetiu dança de cadeiras também junho, quando mudaram de posição os titulares da Secretaria de Relações Institucionais e do Ministério da Pesca, com Ideli Salvatti terminando no primeiro e Luiz Sérgio, no segundo.
De todas as quedas, apenas Palocci é do PT. Os demais são de partidos aliados, a coalizão que deu a Dilma a maior base de apoio no Congresso da história da República... Uma base que, de tão coesa, impôs a primeira derrota ao final do quinto mês de mandato, com a emenda 164 do Código Florestal.
A turma de tuiteiros e blogueiros anda monotemática reclamando de o governo Dilma só reagir à pancadaria mandando ministro embora. Eles demandam mais respostas em outras frentes, o que passaria por contrariar os conglomerados de mídia em temas como regulamentação do setor um Plano Nacional de Banda Larga (PNBL) mais efetivo e mais público.
Jorge Bastos Moreno, da Rádio Globo, sintetizou de um modo interessante: "Se Orlando é culpado ou inocente, não importa. Nós criamos uma jurisprudência da acusação desqualificada e sem prova. É um marco na mídia."
O sempre brilhante e ebriamente inspirado Xico Sá, fez uma alusão literária para dizer que o esporte nacional não é o futebol, mas a rasteira – torpedo de sabedoria de Graciliano Ramos, que até foi preso em 1935, na Era Vargas, por ser comunista.
Como o deputado federal Aldo Rebelo (PCdoB-SP), ex-Código Florestal, ex-candidato a ministro do TCU mas ainda comunista segundo filiação, é um dos nomes mais cotados. Ele talvez tivesse mais apoio da bancada ruralista, mas se isso não garantiu sequer a vitória sobre Ana Arraes na disputa no tribunal auxiliar ao Legislativo, dificilmente o pouparia de algum bombardeio de denúncias.
Ao desistir de manter Orlando Silva sem abrir mão da pasta, o PCdoB frita um cacique para manter a estrutura. Taticamente, pode ser uma escolha compreensível que mantém o partido bem posicionado em uma área com visibilidade em um cenário pré-Copa do Mundo de 2014 e pré-Olimpíada de 2016. Ao mesmo tempo, livra Dilma da pressão de encontrar uma manchete a cada novo dia com revelações sobre "mal-feitos", como ela própria gosta de designar, em sua gestão.
Não muda a dinâmica nem o mecanismo de derrubada de ministro. Um por mês a partir de uma acusação. Mesmo que a denúncia inicial recorra a aspectos um pouco cinematográficos ou inverossímeis, a estratégia é de apontar uma perdiz na certeza de que, naquela direção, voa um elefante voador que com certeza será alvejado com o disparo.
Quando a coisa vinga, é porque tinha coisa errada naquela direção, mesmo que dinheiro nenhum tenha circulado em estacionamento. Mas dá ânimo para se continuar a manter o governo nas cordas e na defensiva, com a pecha de corrupto. Aliado à aposta (torcida?) de que a crise externa se agrave e afete a economia brasileira, pode criar um cenário ruim para o PT na eleição de 2012 e sabe-se lá o que haveria em 2014.
Acreditar que a economia vai expiar os pecados pintados pela mídia como capitais pode envolver um risco. Uma coisa é o efeito que uns dez anos de crescimento mais ou menos constante (com dois repiques, em 2004 e 2009) depois de 20 de recessão. Outra é achar que crescer – e ainda menos do que antes – depois de uma década movimentada tem o mesmo efeito. Optar por só apanhar e ceder, com certeza não resolve.
segunda-feira, outubro 24, 2011
O futebol masculino no Pan e a histeria calculada
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Na história, o país ganhou 4 medalhas de ouro em Pans. Significa |
Não é à toa que seleções do porte de Guatemala, Jamaica e Cuba já chegaram às finais da competição, e outras como Antilhas Holandesas e Trinidad Tobago já pegaram bronze. Sendo assim, por que a histeria de alguns agora?
Ver Romário “exigir” os melhores parece um acinte para os torcedores de times que estão na reta final do Brasileirão. Os europeus sequer aceitariam receber qualquer solicitação da CBF pedindo a liberação de atletas para a competição continental. Mas a razão da “exigência” parece ser outra: a Record investiu pesado não apenas no Pan, mas principalmente no futebol, deslocando profissionais dos mais competentes para a cobertura de uma modalidade secundária no contexto dos Jogos. E, segundo Maurício Stycer, “o sonho maior da Record era poder exibir a partida da seleção brasileira, pelas semifinais, na próxima quarta-feira, dia 26, no mesmo horário em que a Globo estaria apresentando algum jogo da Copa Sul-Americana. A Record julgava que poderia superar a concorrente no Ibope em função do desinteresse que existe em relação a este torneio sul-americano.”
Continua o jornalista: “Durante a transmissão da partida contra a Costa Rica, Romário criticou a CBF por ter enviado ao Pan uma equipe muito jovem e inexperiente. A Record parece acreditar que a decisão de não mandar um time mais qualificado seria uma represália de Ricardo Teixeira contra a emissora, que tem apresentado uma série de reportagens sobre o dirigente.” Será que a emissora acredita de fato nisso? Para ser verdade, anteriormente a postura da CBF em relação ao Pan deveria ter sido diferente do que foi agora, quando a seleção que jogou foi uma espécie de “Sub-20 B”. Mas foi até pior. No Pan do Rio, por exemplo, cujos direitos de transmissão foram da Globo, parceira de Ricardo Teixeira, a seleção que disputou o Pan foi a sub-17. Resultado? O Brasil não passou da primeira fase, como agora. A CBF quis boicotar a Globo também?
O fato é que a Record investiu no futebol dentro de um evento multiesportivo no qual o grande charme reside justamente nas outras modalidades. E que bom que pelo menos duas vezes em cada quatro anos (no Pan, em menor escala, e nas Olimpíadas), o brasileiro pode acompanhar outro esporte que não seja o futebol, ainda que a emissora insista em não transmitir ao vivo diversas competições do Pan, inclusive aquelas em que o Brasil disputa medalhas.
A CBF está errada em muita, muita coisa mesmo. Mas nesse caso, o erro não foi dela.
domingo, outubro 23, 2011
Flamengo 1 X 1 Santos - Pra variar, Neymar
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Sem Ronaldinho Gaúcho do lado do Flamengo, ainda sem Ganso (que deve estar na reserva na partida contra o Atlético-PR) do lado santista, ninguém duvidava que o astro do embate que nem de perto foi parecido com o do 1ºturno seria Neymar. Ele fez o tento de empate do Santos, em cobrança de pênalti sofrido por Alan Kardec. Ele também passou por marcação tripla, inventou drible, bateu escanteio de três dedos – sendo “xingado” por conta disso pelo goleiro Felipe, que ficou a ver navios no lance -, deu assistência, finalizou de fora da área...
Mas seus colegas de time não o acompanharam. Desta vez, não havia o artilheiro do Brasileirão ao seu lado. Borges, suspenso, não atuou, assim como Léo, mais uma vez, que cedeu lugar a um Durval improvisado como lateral-esquerdo. Difícil imaginar Neymar tabelando com um beque ao seu lado, né? Pois é, não aconteceu isso mesmo. Novamente, a falta de criatividade do meio de campo ficou evidente, ainda mais com a saída de Arouca por contusão no segundo tempo. Ibson, que entrou em seu lugar, continuou não dizendo a que veio; Alan Kardec também não conseguiu ser efetivo na sua função de atacante que volta para armar e Renteria, jogando na função de Borges, foi pouco mais que nulo a maior parte do tempo.
Só dá ele. Foto Santos FC. |
Fico comovido com a preocupação do treinador com Neymar, com o Brasil, com a Copa e com tantos outros motivos nobres que devem angustiar a sua alma. Mas a cantilena não é nova. Quando era comandante palmeirense, Luxemburgo disse quase a mesma coisa, com quase as mesmas palavras (aqui). Ou seja, o profexô aparenta ter uma birra muito mal disfarçada com Neymar, atleta mais do que mal aproveitado em sua derradeira passagem pela Vila Belmiro, quando o garoto frequentava mais o banco do que os gramados mesmo tendo sido um dos principais atletas do Santos com o treinador que antecedeu o Luxemburgo. Que tal cuidar um pouco mais do seu time, que periga ficar sem vaga na Libertadores, hein, “profexô”?
Nova derrota do Palmeiras e o fim do mundo
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A nova derrota do Palmeiras, desta vez para o Figueirense, em pleno Canindé, em São Paulo, deixa o torcedor alviverde com pensamento fixo no fim do mundo. Nem é que seja o pior dos mundos perder para o time catarinense com o mando do jogo. Isoladamente, o resultado seria ruim. Ele fica péssimo em perspectiva e deixa a turma com a cabeça em 2012, ano que encerra a produção do calendário maias – o que pode tanto representar o encerramento dos tempos como o momento em que os astrônomos daquele povo cansaram e resolveram parar...
Daí a fórmula do título do post, de rir para não chorar.
Pior do que a nova derrota, do que acumular apenas duas vitórias no segundo turno, do que cair da sexta para a 12ª posição sem esboçar reação, é ver o time jogar tão pouca bola. Jogadores que já tiveram bons ou ótimos momentos, como Maurício Ramos e Henrique, respectivamente, sofrerem tanto para realizar seu trabalho. É de espantar.
Na semana em que Luiz Felipe Scolari venceu a queda de braço para mandar Kléber embora das dependências do Palestra Itália, ficou bem claro que os problemas não se resumem ao camisa 30, outrora gladiador, até capitão da equipe. O time destes últimos meses consegue ser mais limitado do que o de 2010, quando tudo passava pelos pés de Marcos Assunção.
Se não tivesse ido bem no início da competição, se não housessem times tão mal na tabela, este fim de ano seria insuportável para o palmeirense médio. Pensar que, em três anos, o time vai viver o seu centenário demandaria haver um plano de preparação. Construção do estádio à parte, a fragilidade da diretoria para lidar com crises e instabilidades (reformulando: com a capacidade dos cartolas de amplificarem a gravidade das celeumas no elenco e das oscilações de produção do time), ajuda a querer pensar apenas na contagem regressiva para o término da competição.
Perspectiva pra lá de triste.
sábado, outubro 22, 2011
Virgens em casas suspeitas
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Não sei, não tenho nenhuma informação se o ministro dos Esportes é culpado ou não das contínuas denúncias que vem sofrendo.
sexta-feira, outubro 21, 2011
Um nome para o Itaquerão
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Depois de muito suspense e adiamentos por pelo menos três meses e meio, a Federação Internacional de Futebol (Fifa) anunciou o local das partidas da Copa do Mundo de 2014. A abertura ficou mesmo em São Paulo, apesar da ambição soteropolitana e brasiliense.
Mas na hora de anunciar o futuro estádio do Corinthians, em Itaquera, na zona leste da capital paulista, o representante da Fifa só pôde ler: Sao Paulo Stadium.
São Paulo? Ok, é o nome da cidade que sedia a abertura, mas não tem nome a arena? Por ora, nem Andrés Sanchez, presidente da agremiação esportiva, nem Ronaldo Nazário, outrora fenômeno (atualmente só gordinho), têm uma alcunha para o local, que ainda é nada além de um canteiro de obras da Odebrecht.
O Futepoca, numa pesquisa histórico-iconográfica, sugere cinco sugestões de nome para o estádio, considerando-se que, para abrir o Mundial do ludopédio, é preciso agradar tanto a corintianos quanto aos demais brasileiros. Às opções:
Foto: Acervo do Museu do Futebol
Homenagem a um dos primeiros heróis negros do futebol brasileiro. Mesmo sendo um zagueiro, é até hoje sinônimo e referência de estilo clássico para jogadores da função. Usar o nome de Domingos Da Guia seria ainda uma forma de ludibriar os arquirrivais palmeirenses. É que o filho do elegante defensor, falecido em maio de 2000, foi um dos maiores ídolos alviverdes (Ademir Da Guia, no caso). Ia ter palestrino confundindo as bolas, mas a primazia cronológica poderia garantir alguma superioridade, vá saber? Mais importante do que isso, seria uma homenagem a um grande nome que vestiu a camisa do orgulho dos desportistas do Brasil, e ainda do Flamengo e do Bangu.
Teixeirão
De tanto insistir, Ricardo Teixeira bem que poderia ser um homenageado. Como a obra tem incentivos fiscais da prefeitura paulistana e do governo do estado, também seria uma ironia e tanto. João Havelange, ainda vivo, foi homenageado no Rio de Janeiro, no Engenhão, do Botafogo. Seu ex-genro e sucessor na Confederação Brasileira de Futebol (CBF) também poderia batizar um estádio, para todo mundo lembrar da participação do cidadão. E os corintianos têm, queiram ou não, uma dívida com Teixeira. Sem a persistência dele, seria difícil tirar do Morumbi ou excluir as chances da Arena Palestra Itália de sonhar com o feito.
Foto: Léo Mozela/Wikipedia
Luizinhão
O Pequeno Polegar, nasceu Luiz Trochillo, mas consagrou-se como Luizinho no Corinthians de 1948 a 1967, apesar de brevíssima passagem pelo Juventus da Mooca em 1963. Foi ídolo da conquista do título paulista do bicentenário, em 1954 (o último antes do início da fila de 23 anos, aliás). Mais do que uma homenagem, o "Luizinhão" teria ainda uma vantagem turístico-linguística. Ocorre que diminutivos e aumentativos no idioma de Luís de Camões é difícil para anglófonos, francófonos e outros estrangeiros por questões fonéticas. Ao trabalhar com ambas as variações em um mesmo nome, o estádio contribuiria para a turistada entender melhor o nome de todos os bares do Zezinho, do Pedrão e por aí vai. Multiuso.
Dualibão
Alberto Dualib foi presidente do Corinthians de 1993 a 2007. Saiu renunciando, mas acumulou títulos como o primeiro Mundial de Clubes da Fifa, em 2000, duas das três Copas do Brasil, três dos quatro canecos da série A do Nacional e por aí vai. Mas ele ainda agrada aos rivais: foi o comandante do clube alvinegro no rebaixamento para a Série B, em 2007. Ou seja, fez feliz durante um tempo a Fiel e depois fez felizes os rivais. Bom, né? Tá aí o Fica, Dualib!, promovido pelo Futepoca, que não deixa ninguém aqui mentir sozinho.
Foto: chico saragiotto/Panoramio
Matheusão
Espanhol de berço, Vicente Matheus foi presidente do Corinthians por oito mandatos, convertendo-se em um dos mais longevos cartolas do futebol nacional (que deixa os cinco mandatos de Ricardo Teixeira na CBF no chinelo). Além de ser o presidente alvinegro quando o time saiu da fila, em 1977, consagrou-se por proferir pérolas de sabedoria, o que lhe assegurou um caráter folclórico no universo futebolístico. A homenagem representaria ir além da praça no Bresser, na zona leste paulistana (foto). O melhor seria incluir frases célebres, com tradução para uns oito idiomas (já pensou "O jogo só termina quando acaba" ou "Quem tá na chuva é pra se queimar" em francês? Très chic).
Vote:
Qual deve ser o nome ofcial do Itaquerão?
quinta-feira, outubro 20, 2011
Resort Tricolor
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Por Moriti Neto
Só que, no São Paulo, há tempos, o problema não é somente o técnico. A diretoria faz bobagem atrás de bobagem. Contratou Ricardo Gomes, testou Sérgio Baresi, trouxe Paulo César Carpegiani e Adilson. A questão central não foi demiti-los, mas tê-los contratado. A direção são-paulina entrou na onda de contratar técnicos não exatamente pela capacidade, mas por serem “baratos”. Desde as conquistas entre 2005 e 2008, passou-se a considerar que os treinadores são peças sem grande relevância na engrenagem de uma equipe de futebol e que, em um clube bem estruturado, com elenco razoável, técnicos medianos poderiam dar conta do recado.
Não que eu seja defensor da ideia do super-técnico. Existem treinadores “baratos” que mostram capacidade. Contudo, das últimas aquisições do São Paulo, fora Baresi, que era novato no profissional, os nomes, pelos históricos, não animaram já nas chegadas.
Com essa contaminação emanada da direção, não é de se estranhar que a postura de superioridade atinja atletas e comissão técnica. Talvez sejam as tintas do resort que pintem a fotografia de um time indiferente dentro de campo, quase sempre se comportando como se cada jogo pudesse ser decidido a qualquer momento. Só pretensão.
quarta-feira, outubro 19, 2011
Santos 2 X 0 Botafogo - porque entregar jogo é coisa do trio de ferro...
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Camanducaia, que fez o gol do título de 1995 que não veio pra Vila, e Márcio Rezende de Freitas, maior ídolo do Botafogo depois de Garrincha. |
segunda-feira, outubro 17, 2011
Corinthians ganha do Cruzeiro e aguarda o corredor da vida
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Por Maurício Ayer
Num jogo ruim, com um pênalti mal marcado para o Cruzeiro (e desperdiçado por Montillo) e outro não marcado para nós, o Timão garantiu os valiosos três pontinhos que o mantêm na liderança do Brasileirão. Com o jogo atrasado com o Santos, no meio da semana, Botafogo define sua posição no grid atual. Voltamos à situação das rodadas finais do primeiro turno, com o Corinthians liderando, seguido de perto pelos quatro cariocas. Com o São Paulo perdendo o rumo (e o técnico), são os cinco que devem disputar.
Passado o desafio contra o Inter, no qual o empate não é ruim, entramos no corredor da vida onde temos que fazer valer a posição de líder: Avaí, América-MG, Atlético-PR, Ceará, Atlético-MG e Figueirense, sendo o último o único que não briga para fugir do rebaixamento.
Terminamos então contra o Palmeiras, em fase péssima e por isso mesmo louco para ter a única saída honrosa possível: na última rodada, tirar o título do Corinthians. Mas também, se acontecer o contrário, será pra se acabar de beber.
A esta altura, não dá para esperar grandes modificações. O que vai pesar mais mesmo é a motivação, a concentração, a tranquilidade para recuperar jogadores chave que ainda não estão no seu melhor, como o Liedson. Temos um meio campo funcionando, pelo menos para manter a posse de bola e criar algumas jogadas. Ainda é muito difícil enfrentar defesas fechadas, mas temos jogadores que batem bem de fora da área, como Alex e Willian.
Nosso fraco continua sendo as laterais, com especial destaque para Ramon e sua incrível capacidade de se posicionar bem: ele consegue ser sempre a pessoa errada no lugar certo, recebe a bola e, invariavelmente, a perde. E Alessandro toma muita bola nas costas, está longe de ser um jogador imprescindível. Aparentemente, estamos melhor nas bolas cruzadas na área, sem dúvida nenhuma o ponto que nos devorou mais pontos ao longo do ano, tantos foram os gols de escanteio.
Contra o Bota
Às vezes, na curva dos dias, a gente não consegue escrever sobre momentos importantes. A partida que o Timão perdeu para o Botafogo foi atípica. Com dois tempos opostos, tomamos um vareio no primeiro tempo (e ainda demos azar pelo menos no segundo gol, o que compensa o gol mal anulado que levamos no início) e socamos o pilão no segundo, mas com uma defesa trancada e um goleiro reserva inspiradíssimo, o Bota conseguiu não deixar entrar nada. Ao final, comemoraram mais que final de campeonato, com ares de batalha heroica. Claro que foi um jogo decisivo, mas os pontos corridos são assim.
Vai Corinthians!
sábado, outubro 15, 2011
Para refletir: Neymar e nós
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Foi o companheiro Olavo, que escreve no Escanteio Curto, que repassou o texto que segue abaixo por e-mail. Ele narra um episódio ocorrido depois da partida entre Atlético-MG e Santos, na quinta-feira. E serve para refletirmos um pouco a respeito do estresse e da pressão que jovens e não tão jovens jogadores, técnicos e toda gente do futebol profissional (e de outras carreiras também) sofrem no dia a dia.
Boa parte das vezes não hesitamos em apontar o dedo para eles e exigir o equlíbrio (alô, Tite), a ousadia ou a genialidade que nem sempre conseguimos ter no nosso cotidiano. Talvez a graça da brincadeira seja essa: queremos que eles sejam um pouco ou muito do que não somos ou do que nunca vamos ser. Mas são iguais a nós a maior parte do tempo. E falham como qualquer um.
Atlético-MG e Santos jogaram na Arena do Jacaré, na noite de ontem, pelo Campeonato Brasileiro da Série A. O Galo venceu por 2 a 1, e o atacante Neymar, do Santos, foi expulso, já no final do jogo, por reclamar e ironizar o árbitro da partida. Foi repreendido no vestiário pelo técnico Muricy Ramalho, de forma tão veemente, que deixou o estádio chorando muito.
Eu estava na cobertura do jogo. Depois da partida, me posicionei perto da saída dos jogadores do Atlético, fazendo meu trabalho rotineiro, de entrevistar os atletas e tirar fotos. Cumpri meu trabalho normalmente, como em todas as partidas. Foi quando Neymar saiu do vestiário do Santos, cercado por seis seguranças gigantescos. Truculentos, como boa parte dos seguranças, não todos, claro.
Os guarda-costas foram abrindo caminho com empurrões para escoltar o jogador até o ônibus do Santos. Vendo a desnecessária cena, já que não havia tumulto na porta da Arena do Jacaré, alguns jornalistas - eu, inclusive - fizeram comentários sobre o que viam e sobre Neymar. Coisas do tipo:
- Que cara mala!
- Mas que bosta, pra que isso tudo?
Concordo plenamente que não é nosso papel comentar saída de atletas do estádio, muito menos em voz alta. Não estamos ali pra isso. Mas, de forma alguma, o que fizemos foi provocativo. Prova disso é que não há nenhum registro de tumulto ou queixa contra o pessoal que estava naquela roda. O clima na saída do estádio era o mais tranquilo possível, ainda mais porque o Atlético tinha vencido a partida. O que os fãs de Sete Lagoas queriam era tirar fotos com o jovem craque. Não digo nem por nós, jornalistas. Já estamos acostumados a Ronaldinhos Gaúchos, Romários e Edmundos da vida. Um jogador sair sem falar conosco é coisa rotineira, tanto que ninguém da imprensa mineira portava microfone ou câmera para abordar Neymar.
O que aconteceu a partir daí é que foi surpreendente.
Neymar, ao ouvir nossos comentários, parou e voltou até nossa roda. Digo mais uma vez. Ninguém o provocou, conversávamos entre nós, e ele ouviu porque passou a meio metro da roda. Os seguranças tentaram contê-lo, mas ele insistiu e disse que queria falar comigo. Eu assenti com a cabeça, ele se aproximou. Estendeu a mão pra mim e disse:
- Te peço perdão, cara. Não sou o que você disse. Estou chateado, não quis fazer nada para desagradar você e sua cidade. Me perdoe, por favor.
Espantado, como todos ao meu redor, só tive tempo de balbuciar, antes que ele saísse.
- Tudo bem, cara. Tá desculpado. Esquece.
***
O espanto foi ficando cada vez maior, enquanto Neymar se afastava. Ainda mais porque todos nós sentimos total sinceridade no que o menino disse. Com o rosto inchado de chorar e ainda com lágrimas escorrendo pela face, vimos ali um ser humano, falível e arrependido por erros que cometeu e que cometeram por ele. Claro que a maior parte deles, com sua anuência.
Não deve ser fácil ser Neymar. Não vou aqui cair no lugar-comum de fazer contas sobre seus rendimentos, sua fama, seu trânsito livre em qualquer lugar do Brasil. Se os tem é porque merece, tem talento e trabalhou para isso.
A pressão sobre o moleque é monstruosa. Dirigentes, torcida, patrocinadores, empresários, agentes. É gente demais cobrando, dando palpites e querendo guiar a cabeça dele pra alguma direção diferente. Pra se ter uma ideia, este jogo contra o Galo foi o 59o disputado por Neymar este ano. E ainda tem o restante do Brasileirão e o tão sonhado Mundial de Clubes, em dezembro.
É claro que ele recebe pra isso. E muito bem, por sinal. Mas, a fama e a idolatria de boa parte da juventude brasileira não dão a Neymar o direito de passar por cima de todos nem de se julgar melhor que ninguém. Problemas comuns para nós mortais como contas, prestações e dívidas não fazem parte da vida de Neymar. É exatamente o que eu já disse aqui. Ele fez por merecer tudo o que tem, mas precisa ter prudência para administrar tudo o que é intrínseco a esta fama absurda e sem limites.
***
O episódio de ontem foi minúsculo, presenciado por, no máximo 10 pessoas, se tanto. Mas foi marcante. Não me arrependo hora nenhuma do comentário que fiz ao ver Neymar cercado por um paredão de brutamontes, como se alguém ali quisesse morder sua orelha ou lhe roubar as correntes de ouro. Foi exagero mesmo, foi uma bosta mesmo, com a desculpa pelo termo chulo.
Mas o perdão que ele me pediu, com os olhos cheios d´água, pareceu verdadeiro. E eu espero que tenha sido mesmo. Espero que ele tenha, nem que por um mísero segundinho, percebido que não é, na essência, aquilo que demonstrava ser, ao deixar um ambiente totalmente amistoso, como se fosse para a guerra.
Neymar errou, ao aceitar fazer parte daquele circo ridículo. Nós erramos também, ao não perceber a fragilidade do menino naquele momento. Espero que todos tenham aprendido a lição. Pra mim, foi uma experiência e tanto.
Obrigado Neymar, por ter sido humilde ao me pedir desculpas. Mas, principalmente, muito obrigado aos meus companheiros Igor Assunção, Fábio Pinel, Victor Martins, Felipe Ribeiro e Gustavo Faria, por não deixar morrer em mim o espírito crítico que move o exercício do bom jornalismo, que tento fazer todos os dias.
(O original está aqui)