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quarta-feira, março 28, 2012

Copa 2014: entre a investigação e os números perdidos

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POR Thais Barreto *


Um pouco de dedicação e uma cuidadosa pesquisa já foram suficientes para concluir: quem quiser saber a fundo o que se passa nos bastidores de realização da Copa 2014 precisa estar sujeito e entrar num labirinto.

O repórter que queira fazer uma matéria levantando simples dados como: total de investimentos ou andamento da obra encontrará dificuldades. Ele perguntará a seus botões: onde está a transparência que o governo prometeu?

Os dirigentes responsáveis pela candidatura do Brasil como sede da Copa do Mundo FIFA 2014 alegaram, entre outras coisas, que a população poderia receber um grande legado de desenvolvimento urbano e social. Além disso, o pretexto para justificar os investimentos veio acompanhado de outra vantagem: o futebol mexe com a emoção e tem o poder de mobilizar boa parte dos brasileiros.

O consultor legislativo do Senado Federal, Alexandre Guimarães, afirmou que só saberemos o valor final do orçamento da Copa em 2015. Até agora, considerando apenas o primeiro ciclo (são três), o valor já chega em R$ 33, 1 bilhões, acompanhado do alerta “os valores não devem ser comparados aos investimentos finais”. Temos 12 cidades-sede, todos com obra para estádios. Segundo o relatório do Tribunal de Contas da União (TCU), estádio é o item que possui maior risco de obras com custo elevado.

Além disso, temos um agravante: a sociedade pouco usufruirá. Recuperando experiências de outros locais, podemos citar Portugal, que sediou em 2004 a Eurocopa. Gestores locais chegaram a discutir opção de demolir o estádio municipal de Aveiro. Isso aconteceu por conta das desvantagens entre a receita e as despesas. Essa é uma realidade que o Brasil não está imune.

O TCU apontou em quatro cidades-sede o risco de estádios se tornarem “elefantes brancos”. É o caso de Natal, Manaus, Cuiabá e Brasília. Experimente acompanhar essas obras. O Estádio Mané Garrincha, no Distrito Federal, possui relatórios desatualizados. Nos portais da Controladoria Geral da União e do TCU até a data referente ao início dessa obra está diferente.

Dificilmente será cumprido o prazo estabelecido para entrega dos estádios, o qual, de acordo com o relatório do TCU, elaborado em 2009, as obras estariam finalizadas em 31/12/2012. E agora, o que nos resta? É preciso encarar o desafio, não podemos nos limitar porque os dados nos confundem ou desestimulam o trabalho. O que resta aos repórteres-investigadores é tecer o fio de Ariadne, aquele utilizado no labirinto. Temos muitas perguntas a serem respondidas, vamos definir as pautas e encontrar nossas respostas que devem chegar ao interesse público. Há uma porção de números perdidos por aí.

* Artigo encaminhado à Abraji para conclusão do curso “Investigação em Esporte: Gastos com a Copa 2014 e Olimpíadas 2016”.

sexta-feira, março 09, 2012

Ricardo Teixeira

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A licença médica de Ricardo Teixeira do comando da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) é uma das melhores notícias sobre a Copa do Mundo de 2014 desde o anúncio que o Brasil sediaria o vigésimo mundial do ludopédio da história. Mas é uma notícia que pode durar seis meses.

Curiosa foi a escolha do e-mail como forma de avisar sobre a condição de saúde ganhar os títulos das primeiras notas que davam conta do afastamento. Curioso também que, na página da CBF na internet, não há menção ao fato. E, no organograma da firrrma, nem sinal de afastamento no nome do ex-genro de João Havelange.

Em uma outra crise política envolvendo a CBF, em 2000, durante a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Nike, ele se afastou. Como em 2002 a seleção venceu a competição disputada na Coreia do Sul e Japão.

Mau sinal.

Foto: Ricardo Stuckert/CBF

Ricardo Teixeira, animado na volta do carnaval


Houve ainda licenças médicas por problemas, digamos, médicos. Consta que, em outubro de 2011, o cartola ficou internado com diverticulite. E ele tem problemas cardíacos.

Coincidência interessante lembrar que o relator daquela CPI era o atual ministro do Esporte, Aldo Rebelo (PCdoB-SP). Para além do talendo de fazer rugirem moto-serras por aí, ele se diz amigo de Teixeira.

Mas a pressão vinda de investigações em Zurique, todo o imbroglio do tio demitido com indenização milionária e mesmo as caneladas desastradas de Jêrome Valcke e nossos traseiros chutados formam um quadro curioso.

O lado ruim é que o afastamento tem toda a cara de manobra política para reduzir a pressão, que incluía denúncias pululando aqui e ali. Se havia possibilidades de se desvendarem suspeitas de desvios e condutas questionáveis por parte do comandante da CBF desde 1989, elas ficam menores. Se sequer existia essa chance, muda pouco no futebol brasileiro.

quarta-feira, dezembro 07, 2011

Relator da Lei Geral da Copa diz: proibir álcool no estádio é "hipocrisia"

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Vicente Cândido, deputado federal  (PT-SP), está no centro de alguns rolos nacionais, como bem retratou perfil publicado no jornal Valor Econômico. O de maior relevância para a maior parte dos brasileiros – e também para o Futepoca – é a relatoria da Lei Geral da Copa do Mundo de 2014.

O substitutivo foi apresentado na terça-feira (6) na comissão especial que trata do tema na Câmara Federal. Houve algumas mudanças, as mais comentadas foram duas. Primeiro, reservou-se dois terços dos 3 milhões de ingressos para estrangeiros. Apenas 1 milhão fica para brasileiros. Romário, igualmente deputado federal (PSB-RJ), não gostou e saiu acusando gravemente Joseph Blatter.

Vicente Cândido ataca "hipocrisia"
Há ainda 300 mil bilhetes assegurados a preços inferiores a R$ 50, para estudantes, idosos (maiores de 60), indígenas e beneficiários de programas como o Bolsa Família. Isso quer dizer 10% do total de ingressos e 30% da parte que cabe aos brazucas. Tamanha preferência aos gringos decorre da aposta de que um mudaréu de gente aporte pelas 12 cidades-sede para ver jogos. Quanto mais gente, mais rentável tende a ser a competição do ponto de vista econômico e do setor de turismo.

Outra frente importa muito mais, porque ultrapassa a lei específica da Copa.

Atualmente, há leis estaduais que proíbem a venda de bebidas alcoólicas em estádios. Ao mesmo tempo, o Estatuto do Torcedor (Lei 10.671/2003) barra a entrada do goró. Se o torcedor levar um garrafão de caipirinha, latinha de cerveja ou taça de vinho francês tem o material confiscado.

Vicente Cândido manteve, em seu substitutivo, a restrição a levar álcool de fora para dentro das arquibancadas, por questão de segurança. Mas a venda em bares e restaurantes de dentro do estádio está liberada.

"Existe muita hipocrisia", resume o deputado, em conversa com o Futepoca. "Pela cultura brasileira, não tem motivo para proibir a venda de bebidas, até porque, não se pode impedir a venda em volta do estádio", resume. E, antes de correr o risco de se tornar alvo de grita em contrário, ele logo contemporiza: "Mesmo assim, queremos debater a questão à exaustão e procurar um pensamento majoritário".

Ele diz que cresceu a compreensão de que a Copa é um evento específico e que precisa de regras igualmente específicas. Mas, nesse caso da bebida, a mudança seria sobreposta a eventuais regras contrárias em âmbito municipal ou estadual. Uma alteração e tanto – ou, cerveja sem álcool no estádio, nunca mais.

A votação do anteprojeto ocorre na próxima semana, porque os parlamentares pediram vista ao texto. Ainda deve haver uma avalanche de emendas apresentadas e mais algumas doses de polêmicas sobre tema tão volátil. Está levantada a pauta para a próxima sessão (deliberativa ou não) em mesas de bar país afora.

sexta-feira, outubro 28, 2011

Enquete: Quem errou mais ao chamar quem?

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A semana teve novidades, decisões, choros, mudanças e convocações de ordens distintas. Várias delas questionáveis. O Futepoca propõe uma enquete de interesse público:

Quem errou mais ao chamar?


Dilma a Aldo Rebelo

O ministro Orlando Silva caiu do Esporte. Para seu lugar, o deputado Aldo Rebelo, também do PCdoB, foi chamado. Se, por um lado, o moço presidiu a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Futebol, em 2001, que virou até livro com denúncias contra a cartolagem do ludopédio, depois teria mudado. Há quem diga que se converteu em amigo de Ricardo Teixeira, presidente quase eterno da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Ao mesmo tempo, ele acumula desgastes com setores como o dos ambientalistas, depois de ter sido relator do Código Florestal na Câmara dos Deputados e feito o serviço a contento dos ruralistas. A senadora Kátia Abreu, presidente da Confederação Nacional dos Agricultores (CNA), comemorou a escolha. O problema é que, apesar da força dos ruralistas no Congresso na hora de fazer progredir a mudança na legislação ambiental do país, isso não bastou, por exemplo, para fazer Aldo Rebelo vencer Ana Arraes (PSB-PE) na disputa por uma vaga no Tribunal de Contas da União (TCU). Ou seja, apoio de ruralista pode até camuflar atrás de umas moitas de cana ou de uns bois pastando. Mas não blinda ninguém.



Mano a Kaká

O meia do Real Madrid era a esperança da Copa de 2010, no time de Dunga. Foi também um dos principais fiascos e para-raio de críticas – great power comes with great responsabilities, diria Tio Ben. Com a contusão no joelho que o prejudicou no Mundial da África do Sul, seu nome parecia banido da lista dos convocáveis de parte dos 190 milhões de treinadores com nacionalidade "brasileira" gravada na certidão de nascimento. Eis que, depois de se recuperar fisicamente e futebolisticamente no time madrilenho, o jogador foi lembrado por Mano Menezes em uma convocação com apenas jogadores que atuam fora do Brasil, para não atrapalhar a reta final do Brasileirão. Para uns, é uma chance de melhorar a qualidade no meio de campo da seleção canarinho. Para outros, chance extra para quem amarela ao vestir a camisa de mesma cor.


Valdívia ao fotógrafo, para conversar

O meia chileno Valdívia foi acusado de ter ameaçado o fotógrafo Grizar Júnior, do jornal O Dia. O profissional registrou boletim de ocorrência na terça-feira (25). O motivo de tanta ira seria um flagrante de El Mago nos braços de uma moça morena não identificada – mas que definitivamente não era sua loira esposa, a chilena Daniela Aranguiz. O jogador estaria alcoolizado (o que é justo) e teria chamado o fotógrafo para conversar e oferecido propina para comprar a foto (já não tão justo assim). O atleta alega que quem pediu os R$ 20 mil foi Grizar Júnior. Em meio ao rolo, o que não foi explicado foi por que ele chamou o fotógrafo para conversar. Teria de se explicar em casa, e só em casa.


São Paulo ao Leão

Depois de demitir Adílson Batista, aquele que perdeu o emprego nas três (3!!) equipes pelas quais passou neste ano de 2011, o Tricolor paulista resolveu agir como time pequeno: contratou um técnico para salvar o ano. E só o ano. O choque tem de funcionar em 45 dias e, para 2012, pode ser que Émerson Leão não fique. A avaliação é de que era preciso um cabra linha-dura para remotivar o elenco, como se uma bronca ou um falar mais grosso fosse pôr o pé de um Marlos na forma ou dar regularidade a um Dagoberto. Se a eliminação da Sul-Americana for referência, o cenário para os próximos dias só não é menos alvissareiro para os são-paulinos do que se desenha para os palmeirenses – porque estes perderam o ano definitivamente...


Record ao futebol masculino como destaque do Pan

Quando a Record chamou de prioridade o futebol de homens, ou melhor, de garotos, do time de Ney Franco nos Jogos Pan-Americanos, achou que a equipe poderia ir longe. Pelo menos mais longe do que a seleção o fez na edição do Rio de Janeiro, há quatro anos. Não foi e, dali, começou um choro enorme da emissora e de seu principal comentarista, o deputado e centroavante Romário, para acusar a CBF de boicotá-la e de desrespeitar a tradição da camisa e mais um monte de coisas. A história, com a aparente aposta na bola chutada pelos brasileiros como arma para bater a Globo no Ibope, já foi bem analisada aqui. Mas apostar no time D da seleção para ganhar audiência é mais complicado do que acreditar que algum dos autores do Futepoca vai prometer parar de ir ao bar por determinação de ano-novo. Chamar na manchete o esporte, que já tem tanta atenção da mídia e da torcida, quando tanto esporte com menos visibilidade e melhores resultados clamava por atenção não foi muito esperto nem condizente com o investimento nos direitos de transmissão do Pan.

Quem errou mais ao chamar?

quarta-feira, outubro 26, 2011

A (agora confirmada) queda de Orlando Silva e o governo que gosta de apanhar

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Fosse no futebol, estariam reclamando de arbitragem frouxa com tanto cai-cai. Nem Valdívia, nem Neymar, pra citar dois dos comumente acusados de simular faltas excessivamente vão tanto ao solo como os ministros do governo da presidenta Dilma Rousseff.

A comparação é ruim, no entanto, porque embora a zaga seja formada por um grupo de jogadores sem muita classe, daqueles pesados, truculentos e sem jogo de cintura, quem cai não é quem simula. Os ministros vão embora reclamando que as denúncias nem sempre ou quase nunca incluem provas. Mesmo assim, terminam enterrados.

A mídia convencional (conservadora e velha) "derrubou" nesta quarta-feira, 26, Orlando Silva, ministro do Esporte. Houve quem negasse a barriga, que seria a quinta. A confirmação se ele vai ou se fica deve vir no fim da tarde.

Por um tantinho assim que não caí... (Elza Fiúza/ABr)
Se tombar, será o sexto ministro da rodar no governo da presidenta Dilma Rousseff, nesta quarta-feira (26). Cinco deles envolvidos em acusações de corrupção e desvios de verba, dando sequência ao que a mídia convencional (conservadora e velha) trata por "faxina". A Folha, ouvindo atribuiu a informação à "direção do PCdoB", O Globo, idem. A bancada de deputados está em reunião, e os caciques não confirmam a história.

A partir de Antonio Palocci (Casa Civil), em junho, seguindo Alfredo Nascimento (senador do PR-AM), em julho, de Wagner Rossi (PMDB), da Agricultura, em agosto, e Pedro Novais (deputado federal do PMDB-MA), do Turismo, uma troca tem sido motivada por mês por suspeita de corrupção. Além deles, agosto "bisou" em fritada de ministro, já que Nelson Jobim, também do PMDB – embora da suposta "cota pessoal" da presidenta –, deixou a Defesa por desgaste político e críticas patéticas a colegas. Repetiu dança de cadeiras também junho, quando mudaram de posição os titulares da Secretaria de Relações Institucionais e do Ministério da Pesca, com Ideli Salvatti terminando no primeiro e Luiz Sérgio, no segundo.

De todas as quedas, apenas Palocci é do PT. Os demais são de partidos aliados, a coalizão que deu a Dilma a maior base de apoio no Congresso da história da República... Uma base que, de tão coesa, impôs a primeira derrota ao final do quinto mês de mandato, com a emenda 164 do Código Florestal.

A turma de tuiteiros e blogueiros anda monotemática reclamando de o governo Dilma só reagir à pancadaria mandando ministro embora. Eles demandam mais respostas em outras frentes, o que passaria por contrariar os conglomerados de mídia em temas como regulamentação do setor um Plano Nacional de Banda Larga (PNBL) mais efetivo e mais público.

Jorge Bastos Moreno, da Rádio Globo, sintetizou de um modo interessante: "Se Orlando é culpado ou inocente, não importa. Nós criamos uma jurisprudência da acusação desqualificada e sem prova. É um marco na mídia."

O sempre brilhante e ebriamente inspirado Xico Sá, fez uma alusão literária para dizer que o esporte nacional não é o futebol, mas a rasteira – torpedo de sabedoria de Graciliano Ramos, que até foi preso em 1935, na Era Vargas, por ser comunista.

Como o deputado federal Aldo Rebelo (PCdoB-SP), ex-Código Florestal, ex-candidato a ministro do TCU mas ainda comunista segundo filiação, é um dos nomes mais cotados. Ele talvez tivesse mais apoio da bancada ruralista, mas se isso não garantiu sequer a vitória sobre Ana Arraes na disputa no tribunal auxiliar ao Legislativo, dificilmente o pouparia de algum bombardeio de denúncias.

Ao desistir de manter Orlando Silva sem abrir mão da pasta, o PCdoB frita um cacique para manter a estrutura. Taticamente, pode ser uma escolha compreensível que mantém o partido bem posicionado em uma área com visibilidade em um cenário pré-Copa do Mundo de 2014 e pré-Olimpíada de 2016. Ao mesmo tempo, livra Dilma da pressão de encontrar uma manchete a cada novo dia com revelações sobre "mal-feitos", como ela própria gosta de designar, em sua gestão.

Não muda a dinâmica nem o mecanismo de derrubada de ministro. Um por mês a partir de uma acusação. Mesmo que a denúncia inicial recorra a aspectos um pouco cinematográficos ou inverossímeis, a estratégia é de apontar uma perdiz na certeza de que, naquela direção, voa um elefante voador que com certeza será alvejado com o disparo.

Quando a coisa vinga, é porque tinha coisa errada naquela direção, mesmo que dinheiro nenhum tenha circulado em estacionamento. Mas dá ânimo para se continuar a manter o governo nas cordas e na defensiva, com a pecha de corrupto. Aliado à aposta (torcida?) de que a crise externa se agrave e afete a economia brasileira, pode criar um cenário ruim para o PT na eleição de 2012 e sabe-se lá o que haveria em 2014.

Acreditar que a economia vai expiar os pecados pintados pela mídia como capitais pode envolver um risco. Uma coisa é o efeito que uns dez anos de crescimento mais ou menos constante (com dois repiques, em 2004 e 2009) depois de 20 de recessão. Outra é achar que crescer – e ainda menos do que antes – depois de uma década movimentada tem o mesmo efeito. Optar por só apanhar e ceder, com certeza não resolve.

sexta-feira, outubro 21, 2011

Um nome para o Itaquerão

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Depois de muito suspense e adiamentos por pelo menos três meses e meio, a Federação Internacional de Futebol (Fifa) anunciou o local das partidas da Copa do Mundo de 2014. A abertura ficou mesmo em São Paulo, apesar da ambição soteropolitana e brasiliense.

Mas na hora de anunciar o futuro estádio do Corinthians, em Itaquera, na zona leste da capital paulista, o representante da Fifa só pôde ler: Sao Paulo Stadium.

São Paulo? Ok, é o nome da cidade que sedia a abertura, mas não tem nome a arena? Por ora, nem Andrés Sanchez, presidente da agremiação esportiva, nem Ronaldo Nazário, outrora fenômeno (atualmente só gordinho), têm uma alcunha para o local, que ainda é nada além de um canteiro de obras da Odebrecht.

O Futepoca, numa pesquisa histórico-iconográfica, sugere cinco sugestões de nome para o estádio, considerando-se que, para abrir o Mundial do ludopédio, é preciso agradar tanto a corintianos quanto aos demais brasileiros. Às opções:

Foto: Acervo do Museu do Futebol

Da-Guião
Homenagem a um dos primeiros heróis negros do futebol brasileiro. Mesmo sendo um zagueiro, é até hoje sinônimo e referência de estilo clássico para jogadores da função. Usar o nome de Domingos Da Guia seria ainda uma forma de ludibriar os arquirrivais palmeirenses. É que o filho do elegante defensor, falecido em maio de 2000, foi um dos maiores ídolos alviverdes (Ademir Da Guia, no caso). Ia ter palestrino confundindo as bolas, mas a primazia cronológica poderia garantir alguma superioridade, vá saber? Mais importante do que isso, seria uma homenagem a um grande nome que vestiu a camisa do orgulho dos desportistas do Brasil, e ainda do Flamengo e do Bangu.



Teixeirão
De tanto insistir, Ricardo Teixeira bem que poderia ser um homenageado. Como a obra tem incentivos fiscais da prefeitura paulistana e do governo do estado, também seria uma ironia e tanto. João Havelange, ainda vivo, foi homenageado no Rio de Janeiro, no Engenhão, do Botafogo. Seu ex-genro e sucessor na Confederação Brasileira de Futebol (CBF) também poderia batizar um estádio, para todo mundo lembrar da participação do cidadão. E os corintianos têm, queiram ou não, uma dívida com Teixeira. Sem a persistência dele, seria difícil tirar do Morumbi ou excluir as chances da Arena Palestra Itália de sonhar com o feito.

Foto: Léo Mozela/Wikipedia
Luizinhão
O Pequeno Polegar, nasceu Luiz Trochillo, mas consagrou-se como Luizinho no Corinthians de 1948 a 1967, apesar de brevíssima passagem pelo Juventus da Mooca em 1963. Foi ídolo da conquista do título paulista do bicentenário, em 1954 (o último antes do início da fila de 23 anos, aliás). Mais do que uma homenagem, o "Luizinhão" teria ainda uma vantagem turístico-linguística. Ocorre que diminutivos e aumentativos no idioma de Luís de Camões é difícil para anglófonos, francófonos e outros estrangeiros por questões fonéticas. Ao trabalhar com ambas as variações em um mesmo nome, o estádio contribuiria para a turistada entender melhor o nome de todos os bares do Zezinho, do Pedrão e por aí vai. Multiuso.

Imagem: Reprodução


Dualibão
Alberto Dualib foi presidente do Corinthians de 1993 a 2007. Saiu renunciando, mas acumulou títulos como o primeiro Mundial de Clubes da Fifa, em 2000, duas das três Copas do Brasil, três dos quatro canecos da série A do Nacional e por aí vai. Mas ele ainda agrada aos rivais: foi o comandante do clube alvinegro no rebaixamento para a Série B, em 2007. Ou seja, fez feliz durante um tempo a Fiel e depois fez felizes os rivais. Bom, né? Tá aí o Fica, Dualib!, promovido pelo Futepoca, que não deixa ninguém aqui mentir sozinho.

Foto: chico saragiotto/Panoramio
Matheusão
Espanhol de berço, Vicente Matheus foi presidente do Corinthians por oito mandatos, convertendo-se em um dos mais longevos cartolas do futebol nacional (que deixa os cinco mandatos de Ricardo Teixeira na CBF no chinelo). Além de ser o presidente alvinegro quando o time saiu da fila, em 1977, consagrou-se por proferir pérolas de sabedoria, o que lhe assegurou um caráter folclórico no universo futebolístico. A homenagem representaria ir além da praça no Bresser, na zona leste paulistana (foto). O melhor seria incluir frases célebres, com tradução para uns oito idiomas (já pensou "O jogo só termina quando acaba" ou "Quem tá na chuva é pra se queimar" em francês? Très chic).

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Qual deve ser o nome ofcial do Itaquerão?

quarta-feira, outubro 12, 2011

Venezuela 1 X 0 Argentina - o resultado que interessa da terça-feira

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Imprensa venezuelana "homenageia" o melhor do mundo
Em 2008, enquanto muitos se mostravam incomodados pelo Brasil ter perdido pela primeira vez na história para a Venezuela, o Futepoca já cantava a bola de que a Vinotinto não era mais o saco de pancadas que nos habituamos a ver. Claro que isso não tem nada a ver com a cantilena de que “não existe mais bobo no futebol”, já que existem sim, é só ver partidas como Escócia e Liechtenstein ou olhar ver alguns dos adversários da seleção brasileira.
 
Nas últimas eliminatórias, os venezuelanos ficaram a apenas dois pontos da hoje louvada seleção uruguaia e, na última Copa América conseguiram sua melhor classificação na competição, um quarto lugar. Sem o Brasil na contenda, a Vinotinto sabe que as atuais eliminatórias são a chance de ouro para conseguir algo inédito: a classificação para uma Copa do Mundo.

A derrota para o Equador na primeira rodada, na altitude de Quito, não abalou a confiança do time de César Farías que ontem fez história. Após 18 partidas disputadas e 18 vitórias portenhas, os venezuelanos bateram os argentinos por 1 a 0, gol de Amorebieta que, além de marcar o tento da vitória, ainda teve diante de si o trabalho de marcar Messi quando este avançava no seu setor.

Vitória da Vinotinto trouxe Chávez de volta ao Twitter depois de 5 dias de ausência
Logo na segunda rodada, as eliminatórias sul-americanas para a Copa do Mundo de 2014 já não contam com nenhum time com 100% de aproveitamento. Uma amostra de que a disputa das vagas deve ser acirrada. No momento, fora a Bolívia, todas as outras seleções parecem ter condições de vir ao Brasil daqui a três anos. Espero poder ver a Venezuela aqui. E a Argentina também.
  

sexta-feira, junho 10, 2011

Anísio Santiago ganha briga e volta a ser Havana

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Tô atrasado para a comemoração. Mas isso não é motivo para celebrar.

Os herdeiros do que talvez seja o maior patrimônio cachaceiro do Brasil venceram uma disputa jurídica que se arrastava havia mais de uma década. A Fazenda Anísio Santiago conquistou o direito de voltar a engarrafar sua preciosa marvada de cana java, constituída em Salinas, norte de Minas Gerais, com o nome de Havana.

A marca de rum Havana Club havia interposto impedimentos por considerar que tinha registro de aguardentes de cana no país. Só que a regra é clara: cachaça não é rum, nem vice-versa. E o mito da Havana pode reviver em paz.

Deu certo. Mas não a tempo de evitar que seu Anísio assistisse e evitasse o desgosto de morrer sem poder engarrafar uma última Havana. Ele passou desta para a melhor (provavelmente em um lugar onde há cachaça sem precisar plantar... ou o contrário, pode-se produzir sem precisar vender) em 2002.


Um ano antes, a empresa passou a usar o próprio nome do fundador, mestre-cachaceiro e administrador da fazenda, para o rótulo. Uma liminar de 2005 já permitia a adoção do nome Havana. Mas sem uma definição e passados quatro anos martelando junto aos consumidores que o nome havia mudado, a opção foi esperar.

Tudo resolveu-se em uma decisão de 2 de junho do juiz Renato Martins Prates, da 8ª Vara Federal de Belo Horizonte. Ele considerou inválida a decisão do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi) que, em janeiro de 2001, recusou-se a conceder o registro do nome Havana para a-que-matou-o-guarda do norte de Minas.

O Inpi tem 30 dias para proceder o registro. A Havana Club Holding S/A pode recorrer ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região. Note-se que o órgão de patentes no país é ligado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), cujo titular é o mineiro Fernando Pimentel.

Em uma semana em que ganhou fôlego a proposta de fazer da caipirinha a bebida oficial da Copa do Mundo de 2014, sobram motivos para brindar. Ainda mais porque os hotéis das 12 cidades-sede receberão, do Senac, sugestões de cartas de cachaça e de caipirinha.

E a festa pode ser com uma Anísio Santiago, com uma Havana ou até com uma caipirinha (de qualquer outra pinga, menos das citadas anteriormente). Mas uma de cada vez, por favor.

sexta-feira, março 25, 2011

Neymar, Pelé e PV

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Na noite de quinta-feira, 24, líderes de oposição interna do PV reuniram-se na zona leste de São Paulo. Em jogo, o lançamento da "Transição Democrática", um movimento por mais abertura e menos controle da legenda por parte de José Luiz de França Penna (SP), deputado federal e presidente nacional dos Verdes desde 1999, e outras figuras, como José Sarney Filho (MA).

Foto: José Cruz/Agência Brasil
Marina Silva era a principal figura em destaque, mas outros caciques participaram, com destaque para o também deputado federal Alfredo Sirkis (RJ), que presidete o diretório fluminense. Ele é responsável pela maior parte da formulação do movimento intrapartidário e foi dos que mais falou. Mas Fernando Gabeira, ex-deputado e candidato segundo colocado na eleição ao governo do Rio de Janeiro em 2010, e outros parlamentares e prefeitos deram seu recado com críticas mais ou menos duras a (ainda que todas veladas e sem menção ao nome de) Penna.

O motivo da celeuma ocoreu em reunião da executiva nacional, a primeira desde o fim do processo eleitoral, em que Marina abocanhou 20% dos votos no primeiro turno da corrida ao Palácio do Planalto. O quase vitalício mandatário do PV aprovou, por sugestão de Zequinha Sarney, uma determinação de esticar seu breve mandato por "até" um ano. No período, seria conduzida uma série de seminários e uma convenção nacional para debater (ou encontrar) os rumos da agremiação.

Parece que a manobra fez cair uma ficha para Marina, Sirkis e cia., a de que algumas lideranças resistem a mudanças na legenda que levam a perdas de poder de influência e caminham para um destino incerto. O próprio Penna atribui o "vendaval" a um "surto de partido grande", sugerindo que o tamanho real dos Verdes é médio e sem homogeneidade nacional.

Ao que interessa

O fato é que a turma estava animada com a movimentação de gente (partido?) grande, propondo democracia e renovação programática. Tudo em um contexto de aproveitar a "explosão" da militância pró-Marina em 2010, e coisa e tal. Boa parte deles evitava o tom separatista a todo custo, fazendo até elogios ao que foi produzido pelo grupo de Penna.

O auge foi cunhado pelo deputado federal Guilherme Mussi (SP). Primeiro, ele disse sentir "vergonha alheia" por certos companheiros que estariam até esboçando um movimento "sai, Marina", paródia do "Vem, Marina" de 2009. Depois, amortizou.

Mussi declarou que os dirigentes que agora pareciam resistir a mudanças foram importantes e fizeram muito pelo partido, mas era hora de mudar, renovar, arejar. E chegamos finalmente à metáfora com futebol que justifica o título deste post: "É como se, na Copa de 2014, o Pelé quisesse jogar na seleção no lugar do Neymar. Não queremos negar que ele contribuiu bastante, mas o momento é outro".

Pelé não foi localizado para se manifestar a respeito da comparação.

terça-feira, novembro 09, 2010

Sócrates: 4 das 12 sedes terão estádios às moscas após Copa

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O ex-jogador e comentarista esportivo Sócrates vaticina: Manaus, Natal, Brasília e Cuiabá terão estádios às moscas a partir de agosto de 2014. Construídos ou reformados para o Mundial de futebol, os templos do ludopédio nessas quatro, das 12 cidades-sede, são inúteis para a prática do futebol cotidiano.

Faltam times para jogar nesses locais, na avaliação dele. Os torcedores do América de Natal e do ABC podem reclamar. Mas duvido que os do Gama e do Brasiliense o façam.

Pode ser ressentimento de um belenense como é o também médico Sócrates Brasileiro. Na capital do Pará, com toda a certeza, uma arena esportiva seria tomada a cada Paysandy x Remo (ou a cada Remo x Paysandu).

No mesmo artigo, publicado nesta semana na CartaCapital, ele sustenta que esse fenômeno da inutilização da estrutura da Copa aconteceu na França (1998) e na Itália (1990).

No caso da terra de Nicolas Sarkozy, Sócrates lembra que o PSG manda suas partidas no Parque dos Príncipes, e não no Estádio da França, na capital do país.

Faltou lembrar...

A cidade de São Paulo não se enquadra na lista de Sócrates. Ele faz lá críticas, embora o Itaquerão, estádio do Corinthians, tenha sido encapado pela prefeitura de São Paulo e pelo governo do estado. Tudo isso se deu na segunda-feira (8), dias depois do fechamento da revista semanal.

Mas além do Morumbi, preterido num misto de projeto insuficiente com muito lobby e interesse político em outras direções, o Palestra Itália está em reformas e deve ficar pronto mais ou menos na mesma época. Não para a Copa, mas com certeza para jogos de futebol.

Há ainda a futura ex-quase-casa do Corinthians, o Paulo Machado de Carvalho, o Pacaembu. Há o Canindé, o mais bem localizado estádio da cidade do ponto de vista do transporte público e privado. E, na Grande São Paulo, a Arena Barueri, órfã de clube de futebol profissional até que o Grêmio Prudente debande do extremo oeste do estado.

Desses, o uso está garantido.

Mas a teoria dá o que pensar.

terça-feira, agosto 31, 2010

Utópico

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Então parece que agora é oficial: o Corinthians finalmente terá seu estádio - que, de quebra, será também a arena que abrigará os jogos paulistanos da Copa de 2014.

A história mostra que temos que ter certo ceticismo ao falar de "estádio do Corinthians" (Sócrates que o diga) mas nunca a situação foi tão sólida quanto a atual. Há a necessidade de se resolver a questão de São Paulo e a Copa do Mundo, e o projeto tem o apoio das três esferas da administração.

Tenho visto por aí uma série de críticas em relação aos valores gastos (que enfatizam que, no fim da história, a conta será paga pelos cidadãos), e também pela politicagem que acabou fazendo com que o São Paulo Futebol Clube, dono do melhor estádio da cidade até então, fosse bizarramente preterido na hora de uma decisão tão importante.

Endosso a maioria das críticas. E, cá entre nós, não queria que o Futepoca fosse mais um depositário de todas elas - que, apesar de sábias e precisas, são bem repetitivas às vezes.

Gostaria de destacar outro ponto. É que, sendo utópico (daí o título do post), acredito que o tal estádio em Itaquera pode representar um bem danado para a cidade.


A Zona Leste, onde fica Itaquera, é a região mais carente de São Paulo. É distante geográfica e politicamente dos locais mais privilegiados da cidade. Lá falta uma série de coisas - ou melhor, falta uma política governamental mais ampla, coisa que nenhuma administração conseguiu resolver de maneira definitiva.

E, como até mesmo quem nunca botou os pés em São Paulo sabe, o trânsito da capital paulista é caótico. Mais ruas e (muito) mais transporte coletivo seriam um belo auxílio para reduzir o problema; mas outra alternativa, talvez tão precisa quanto, é desenvolver os bairros mais afastados da cidade para fazer com que o município tenha polos de emprego mais distribuídos, minimizando assim a necessidade de deslocamento entre seus moradores.

Ao fazer com que Itaquera sedie a Copa do Mundo, o governo - e aí estou falando, mais uma vez, das três esferas governamentais, de feitos de PT, PSDB e DEM, o negócio é suprapartidário, pro bem e pro mal - dá uma mão à Zona Leste e faz com que a região, tradicionalmente marginalizada, se beneficie com um evento de magnitude mundial.

Muito se tem falado por aí: "como que vão fazer uma Copa do Mundo em Itaquera!? Lá não tem nada!". Pois é, "não tem nada" mesmo. E, voltando à utopia, quem sabe esse "não ter nada" seja a maior virtude da região, e São Paulo venha, futuramente, agradecer à mãozinha que o extremo leste recebeu neste 2010.

terça-feira, julho 27, 2010

Veja especula sobre o Morumbi

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Na coluna Radar on Line de hoje, no site da Veja, Lauro Jarim questiona: "O que Lula quer com Juvenal?". "Hoje, no final do evento em que sancionou a lei que modificou o Estatuto do Torcedor, Lula chamou o presidente do São Paulo, Juvenal Juvêncio, num canto e fez uma convocação ao pé do ouvido: - Juvenal, passa lá no meu gabinete para conversarmos ainda hoje", garante o colunista. E emenda: "Lula e Juvenal estão neste momento reunidos. O assunto é, naturalmente, o Morumbi e o imbróglio da abertura da Copa. Lula, como se sabe, apóia o Morumbi para sediar o jogo de abertura, algo que a FIFA e Ricardo Teixeira dizem que está fora de cogitação". Para encerrar, Jardim deixa as seguintes questões no ar: "Mas o que será que Lula quer dizer a Juvenal? Que vai peitar a FIFA e Teixeira? Ou teria ele uma solução para a encrenca?". Querem a minha opinião? Lula com Juvenal Juvêncio só pode ser encontro pra tomar pinga, com certeza! E o que a cachaça não remedia, remediado está.

quarta-feira, julho 21, 2010

Sem discutir sede para Copa, governo de SP e CBF mantém indefinição

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Uma reunião entre o governador de São Paulo, Alberto Goldman (PSDB), o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), e o presidente da CBF, Ricardo Teixeira terminou nesta quarta-feira, 21, sem definição. Depois do veto da Fifa ao Cícero Pompeu de Toledo, muito se falou e nada se decidiu.

A polêmica do estádio paulistano para a abertura do Mundial de Futebol em 2014 passa por um projeto desconsiderado pela Fifa, planos de se construir um substituto em Pirituba (zona oeste) nas proximidades de área interditada pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) e muito palpite.

Foram três horas de reunião e nada."Nas próximas semanas, conseguiremos uma solução para que isso ocorra, como é do desejo do Comitê Organizador Local (COL) da Fifa (Federação Internacional de Futebol), do governador e do prefeito de São Paulo", prometeu Teixeira.

A coletiva para os jornalistas presentes durou cinco minutos. Tudo porque as três alternativas existentes (o Piritubão multiuso de R$ 1 bilhão, o novo Estádio Municipal do Pacaembu e a adequação do Morumbi) até o momento sequer foram discutidas. Isso dá brecha para avaliar que outras opções podem pintar.

Quem sabe assim ganha novamente esperança a proposta Canindé 2014? O Doutor Osvaldo Teixeira Duarte chegou a ganhar um site e uma conta no Twitter, mas tudo foi abandonado. O site, que se resumia à imagem ao lado, sequer está no ar. A proposta de criar um Saramagão, homenagem ao escritor lusitano morto em junho, também dificuldades maiores até do que as opções existentes.

Humanidade
Kassab, na saída, estranhou o interesse da imprensa no tema. Na Sala dos Despachos do Palácio dos Bandeirantes, tentou relativizar a importância do tema. "Eu nunca vi nada igual aqui. Será que é o futuro da humanidade que estamos decidindo aqui?"

Claro que não. Era muito mais importante.

Resta descobrir o que será que se conversou durante as três horas de reunião. O corintiano Goldman pode ter tirado sarro do são-paulino Kassab. Ou tentado fazer Teixeira desistir de Mano Menezes...

segunda-feira, julho 19, 2010

Lula: 'Não consigo imaginar Copa sem São Paulo'

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Agora o "hómi" entrou na briga de vez: durante assinatura de medida provisória que flexibiliza o limite de endividamento das cidades que irão sediar jogos da Copa do Mundo de 2014, o presidente Lula disse que vai intervir no impasse sobre o estádio que irá abrigar os jogos da Copa em São Paulo. "Eu, sinceramente, não consigo imaginar uma Copa do Mundo no Brasil sem ter São Paulo como um dos cantinhos em que os atletas vão jogar bola", afirmou o mang..., digo, o nosso presidente. "Estou disposto a entrar nessa conversa, acho que o governador já deveria ter chamado todos os envolvidos para conversar, para encontrar uma solução e não ficar brigando pela imprensa, porque o tempo urge", acrescentou, numa alfinetada explícita ao governador (?) paulista Alberto Goldman (PSDB). Mas, de novidade, mesmo, só a informação de que o ministro dos Esportes, Orlando Silva, vai se reunir na próxima quinta-feira, 22, com representantes da CBF, do São Paulo Futebol Clube e das outras partes envolvidas no imbroglio para conversar sobre a escolha do estádio. Será que o Morumbi ainda tem alguma chance?

quinta-feira, julho 15, 2010

O que Dunga deixa para 2014

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Uma das palavras mais recorrentes nas críticas sobre a atuação de Dunga à frente da seleção brasileira após a queda na África do Sul é “renovação”. No caso, a falta dela, por haver o treinador convocado um time envelhecido, com poucos jogadores com idade para serem aproveitados em 2014.

Olhando apenas para a questão etária, de fato, a coisa fica feia. Dos 23 convocados brasileiros para a Copa da África do Sul, apenas 4 terão 30 anos ou menos em 1º de junho de 2014 (os números entre parênteses sempre serão as idades com referência nessa data). Robinho (30), Thiago Silva (29), Ramires (27) e Nilmar (29) têm bola e condições para brigar por espaço na nova seleção que deverá surgir até lá.

Saiba a situação de Alemanha, Espanha, Holanda e Uruguai no Copa na Rede.

quinta-feira, maio 27, 2010

Fifa ganha isenção fiscal. Se bobear, sobra até para a Globo

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Não estava no acordo, mas quase. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou, pouco antes de receber a delegação brasileira rumo à África do Sul, assinou dois projetos de lei para promover a isenção de impostos para a Copa do Mundo no país. Os beneficiados são a Federação Internacional de Futebol (Fifa) e seus parceiros.

Foto: Ricardo Stuckert/Pr

Lula abraça Dunga. Para o Estadão, foi uma recepção fria. Se o
Brasil perder, nada de responsabilizar o xará de anão:
a culpa será do Lula

A estimativa da Receita Federal é que o país abra mão de R$ 900 milhões em arrecadação. Um pouco mais do que um terço (R$ 340 milhões) dizem respeito a deduções fiscais de obras nos palcos de jogos, os estádios. Há estimativas de que o país gaste R$ 11 bilhões para fazer a disputa pelo caneco acontecer. Mas devem ser gerados R$ 183 bilhões.

Outro meio bilhão está relacionado a atividades e operações relacionadas à Copa do Mundo. Uma parte disso é sobre importação, outra sobre renda. Mas tem fatias do Imposto Sobre Serviços (ISS), arrecadado por municípios e pelo Distrito Federal, e Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), que depende dos estados.

Como há dedução de PIS/Confins, o governo tenta fazer a Fifa gastar seus bilhõezinhos no Brasil.

Segundo o coordenador-geral de Tributação da Receita Federal, Fernando Mombelli, as renúncias atendem exigências para a realização do mundial. A Fifa exige indenização caso isso não seja garantido.

Então, tá.

O problema: a emissora escolhida como responsável pela captação e distribuição do sinal dos jogos também terá isenção de impostos.

É hora de a Empresa Brasil de Comunicação (EBC) colocar a TV Brasil para assumir seu papel de rede pública. Senão, é a Globo quem embolsa a desoneração.

quarta-feira, maio 26, 2010

Festival de cinema de futebol: 22 filmes em campo no Rio

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Responda rápido: cinco filmes brasileiros sobre futebol produzidos nos últimos anos? Então, cinco filmes de qualquer origem a respeito do ludopédio? Talvez estendido a qualquer época fique mais fácil, mas essas produções existem também no Brasil. Não são tão numerosas, mas o bastante para dar origem a um festival que precisaria mesmo ser inaugurado em ano de Copa do Mundo.

Começa nesta quinta-feira, 27, o primeiro Festival de Cinema de Futebol (Cinefoot) no Rio de Janeiro (RJ). Os mesmos 22 filmes selecionados para a mostra competitiva na capital carioca serão exibidos em junho em São Paulo.
Foto: Gazeta Esportiva/Flapedia

Rondinelli é 
tema do curta
O Deus da Raça,
de Pedro Asbeg
e Felipe 

Nepomuceno




Às vésperas da Copa do Mundo da África do Sul, inscreveram-se 60 curtas e longas-metragens produzidos no país. Desses, 14 curtas e 8 longas foram selecionados para a mostra, segundo relata Antonio Leal, organizador do Cinefoot.

Em entrevista ao Futepoca, Leal explica que acompanhava, em outros festivais brasileiros, produções que se enquadrassem na proposta. "Fizemos um levantamento prévio para ter um primeiro leque de filmes, mas as 60 inscrições surpreenderam", revela.

"O processo de seleção foi importante porque chama a atenção para a existência de filme de futebol produzidos no país", destaca. Entre os selecionados, há curtas inéditos.

Uma parceria com o festival 11 mm de Berlim traz os dois vencedores da sétima edição da mostra futebolística alemã para o encerramento do Cinefoot. Em contrapartida, os ganhadores brasileiros vão ser exibidos em 2011 na terra de Michael Ballack. Portas do mercado europeu abertas.

A proposta é repetir a ação anualmente. "Os organizadores de festivais de cinema até brincam que realizar um evento assim é como desfile de escola de samba, termina um e tem de estruturar o seguinte", diverte-se Leal. A diferença é que, a partir de 11 de julho, quando o Mundial sul-africano for encerrado, a próxima disputa é no Brasil.

A cinematografia de futebol no Brasil, rumo à Copa de 2014, é tema de um debate no dia 31 de maio. Isso porque a produção de longas-metragem é bastante irregular do ponto de vista da consistência, na visão dos organizadores.

Cinefoot
Rio de Janeiro
De 27 de maio a 1º de junho
Arteplex-Praia de Botafogo
- Mostras competitivas de curta e longa-metragens

São Paulo
De 4 a 6 de junho
Museu do Futebol
- Mostra não competitiva

A programação está aqui.

Destaques para João, documentário sobre o Saldanha e Faltam 05 minutos, de Luiz Alberto Cassol, sobre o ascenso do Inter de Santa Maria no Gauchão. E tem também o Telê Santana - Meio Século de Futebol Arte e Um Craque Chamado Divino, mais um monte.

sexta-feira, abril 16, 2010

700 mil toneladas de aço brasileiro pra Copa de 2014

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Anteontem, participei (a trabalho) da abertura do 21º Congresso Brasileiro do Aço, no Transamérica Expo Center, em São Paulo. Presentes, os diretores de gigantes da siderurgia da China e Europa, além dos todo-poderosos nacionais, Vale, Gerdau, Usiminas, Mittal, Villares, entre outros. O clima geral era de satisfação pela maneira como o Brasil enfrentou a crise econômica e das perspectivas futuras pelos investimentos federais já comprometidos. Em seu discurso, o presidente Lula reforçou que eventos como a Copa do Mundo de 2014 e da Olimpíada de 2016, ambos no Brasil, vão garantir que a produção e o consumo de aço no país continuarão crescendo.

De fato, circulando pela exposição, recolhi exemplares de duas revistas que, por serem muito específicas, acabam não chegando até nós, leitores comuns: a Arquitetura & Aço (edição de janeiro) e a Metal & Metalurgia (período março/abril). Ao contrário da chamada "grande imprensa", que minimiza, distorce ou desqualifica as ações e investimentos do governo Lula, as duas publicações destacam os eventos inéditos que o Brasil vai abrigar e o desenvolvimento que isso trará ao país - a primeira revista com uma "Edição Especial Copa do Mundo 2014" e a segunda com a manchete "Gol de placa". "Demanda doméstica de aço para as obras da Copa pode atingir 700 mil toneladas", ressalta a Metalurgia & Materiais.

A reportagem da revista prossegue: "Atualmente, há cerca de R$ 2,5 bilhões autorizados para melhorias em aeroportos, segundo informação do Ministério do Esporte. Em relação aos portos, os investimentos são de R$ 677 milhões e para a mobilidade urbana, R$ 11,2 bilhões. (...) O BNDES, por sua vez, criou uma linha de financiamento com R$ 4,8 bilhões destinados aos estádios e R$ 1 bilhão para a hotelaria". Já a Arquitetura & Aço mostra que a capacidade instalada da indústria do aço no Brasil cresceu de 33,3 milhões de toneladas em 2002 para 41,4 milhões em 2008, ano em que a construção civil (setor altamente impulsionado pelo governo Lula) liderou o consumo final, com 33,4% do mercado, seguido pelo setor automotivo, com 25,5%.

Público-alvo - Ou seja: nossa indústria tem total condições de suprir as demandas desses dois megaeventos, sem sustos. As publicações estampam ainda que o governo federal prevê orçamento de R$ 48,8 bilhões para a Copa e a Olimpíada. O mais interessante, para mim, é observar que essas revistas têm como público-alvo pequenos e grandes empresários da cadeia produtiva do aço, o que comprova que a satisfação com o governo Lula não é só dos "pobres e nordestinos que vivem do Bolsa Família", como a "grande imprensa" tenta inventar. E me lembra um post do Glauco da época em que o Brasil foi definido como sede da Copa, criticando a ladainha de que sediar esse evento seria "ruim" para nós, principalmente porque "obriga o Estado a cumprir sua função, sendo que o dinheiro retorna em impostos e ganhos de outra ordem". É isso o que, felizmente, vemos agora.

E termino com as palavras do presidente do Corinthians, Andrés Sanchez, em entrevista para a revista Linha Direta, do diretório do PT de São Paulo: "O importante é o legado que [a Copa] vai deixar para o Brasil. Vamos ter que reformar e melhorar aeroportos, metrôs, vias de acesso. A Copa é um detalhe. O importante é todo o investimento que vai ser feito em apenas quatro anos no país que talvez demorasse mais de oito anos". Mas é claro que o PSDB, que prometeu entregar a primeira estação da Linha Amarela do metrô paulista em janeiro de 2008 (alguém lembra ou comenta isso?), vai falar que o Brasil vai se endividar com a Copa, que não vai cumprir metas e prazos, que vai ser um desastre e numseiquelá, numseiquelá, numseiquelá. Deixa eles. Estamos muito, muito bem!

terça-feira, novembro 03, 2009

Preparação para a Copa de 2014

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Escolhida como uma das cidades-sede da Copa de 2014, Fortaleza, capital do Ceará, já começa a adaptar suas placas de trânsito para os turistas internacionais. Há dez anos, morei por um tempo na Varjota, território colado ao bairro Papicu (com a tônica na última sílaba, mesmo) - o nome que considerei mais "exótico", por assim dizer, quando aportei em terras alencarinas. Pois vejam na foto abaixo, com a Catedral Metropolitana ao fundo, uma sugestiva tradução para o inglês dessa localidade fortalezense...

quinta-feira, julho 09, 2009

Um novo estádio para a Copa

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Por Carlos Rizzo

Companheiros, a declaração de Ronaldo, afirmando que o presidente Lula vai passar o chapéu entre empresários para que o Corinthians consiga construir seu glorioso centro de treinamento, fez-me recordar a primeira vez que meu querido time da marginal iniciou uma campanha, nos anos 80, para a construção do sonhado estádio. Seria na zona leste, bem ao lado de um dos extremos da recém-inaugurada linha laranja do metrô que, posteriormente, recebeu o carinhoso nome de Corinthians-Itaquera (depois de morrer de ciúmes por mais de duas décadas, palmeirenses pressionaram e o governo Serra acatou o lobby para ampliar a denominação do outro ponto final da mesma linha para Palmeiras-Barra Funda). O projeto, um sonho de toda uma torcida vibrante e que comparece em massa nos campos alheios, nunca passou da fase das maquetes, uma mais estrambólica que outra.

Diante do fato que despertou a ira do governador Serra, a ponto de dizer que futebol e cachaça, ops, política não se discute, incluo uma nova proposta, mais radical, que talvez nem o gordo nem o presidente pensaram: a construção de um novo estádio, moderno e público, naquele mesmo local onde o sonho corintiano não se concretizou. Senhor presidente, nunca dantes na história do esporte paulistano esta cidade precisou tanto de um novo estádio como agora. Eleita para ser a sede de jogos da Copa de 2014 e diante da iminente decadência do estádio do Morumbi, São Paulo tem que mostrar sua capacidade e arrojo para garantir que a final da Copa do Mundo seja aqui – pois não dá para o Maracanã, responsável pela nossa mais vergonhosa derrota numa Copa, repetir o mesmo vexame. Seria o fim daquele belo estádio, monumento aquitetônico e cartão postal da cidade do Rio de Janeiro.

Por outro lado, São Paulo, que sempre cresceu desordenadamente e amontoou casas de jogos no eixo centro-oeste (Pacaembu, Morumbi nos respectivos bairros e Palestra Itália na Barra Funda) esqueceu das outras regiões da cidade. A Zona Leste é hoje, o bairro mais populoso do município. Sobre seu território vivem 4,5 milhões de corintianos, palmeirenses, são paulinos, santistas e uma série de outros torcedores e admiradores do nosso esporte, meus amigos futepoquenses. Não desmerecendo a Zona Sul, outra grande região (com menos da medate do moradores da ZL, e dona do festejado autódromo de Interlagos), aquele território desprestigiado pelos nossos arquitetos e urbanistas, abandonada pelos nossos governantes, e aonde se empurrou por muitos anos as necessárias obras de infraestrutura – que ainda fazem falta por lá – a Zona Leste pede há tempos uma grande obra que mexa com a estrutura urbana e social, uma intervenção de lazer que a torne referência em entretenimento – algo que o futebol consegue fazer muito bem.