Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Palmeiras de 1989 - em pé: Dario Pereyra, Toninho, Dorival Junior, Edson Boaro, Velloso e Abelardo (quem?); agachados: Mauricinho, Gerson Caçapa, Gaúcho, Edu Manga e Neto (por obra de Leão, na ponta-esquerda)
O rancor bem que poderia ser um oitavo pecado capital. Eu o considero até pior do que a ira, que, pelo menos, costuma ser explícita. Ontem, assistindo Atlético-MG x Palmeiras pela TV Bandeirantes, pouco antes do início do segundo tempo, o ex-jogador e hoje comentarista Neto soltou o seguinte comentário: "-O Leão mandou seus jogadores pressionarem o árbitro e agora, mesmo se o lance for claro, o cara não vai apitar. Por causa do técnico, o time pode perder o jogo". A praga deu resultado e o alviverde venceu o galo por 2 x 1.
Mas aquela observação de Neto, apesar de procedente, me transpareceu uma ponta de rancor. Para quem não sabe, Emerson Leão é seu desafeto. Em 1989, Neto passou pelo Palmeiras e foi dispensado pelo treinador junto com o zagueiro Denys. Ambos foram trocados com o Corinthians pelo lateral-esquerdo Dida e o meia Ribamar (quem?). A torcida palmeirense não perdoa isso até hoje, pois, afinal, Neto se tornou um dos ídolos eternos dos corintianos.
A treta entre o atleta e Leão começou quando o técnico insistiu em escalá-lo sucessivamente na ponta-esquerda. Neto sempre jogou como meia e, nessa posição, tinha sido o grande destaque do vice-campeão Guarani no Paulistão de 88, com direito até a gol de bicicleta na primeira partida da decisão contra o Corinthians. Mesmo na posição que não era a sua, Neto fez sete gols em 25 partidas pelo Palmeiras e ajudou o time a conquistar a Taça dos Invictos, com 23 jogos sem derrota.
Porém, o time perdeu a única partida que não podia no Paulistão de 89, na semifinal contra o Bragantino, e desperdiçou a chance de acabar com 13 anos de fila. Alguém tinha que pagar o pato - e Leão serviu a cabeça de Neto na bandeja de prata. Tudo bem que nem um nem outro possam ser considerados "flor que se cheire". Mas, como diz meu amigo (palmeirense) João Paulo, "uma bronca tão grande deve ter algo que a justifique".