Destaques

quarta-feira, agosto 06, 2008

Estréia mezzo a mezzo

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Começou há pouco o torneio olímpico de futebol feminino. E logo no primeiro jogo da Seleção Brasileira, uma pedreira: o adversário foi a Alemanha. Esse mesmo confronto decidiu no ano passado o Mundial, com vitória para as alemãs por 2 a 0, apesar do domínio brasileiro na maior parte do jogo.

Desta vez, a partida,que terminou empatada sem gols, foi um pouco diferente. O primeiro tempo do Brasil, com exceção de um cruzamento perfeito de Marta para a cabeçada desajeitada e para fora de Cristiane, foi para se esquecer. O time só conseguia sair de trás com ligação direta, chutão até não poder mais. E, até onde posso me lembrar, nenhum desses lançamentos foi dominado na frente. Mas até aí, a Alemanha também não conseguia se impor. Foram apenas duas chances claras de gol: um cabeceio de Smisek no travessão e um chute cruzado de Printz que passou muito perto.

Na volta para o segundo tempo, a seleção parecia mais confiante. A Alemanha ainda começou melhor, mas a partir dos 20 minutos o Brasil passou a dominar e criou ótimas chances de gol. As melhores foram com Renata Costa, em um cabeceio no travessão, e com Marta, em um contra-ataque sensacional, que terminou com uma finalização ruim.

No fim, foi uma boa estréia. O importante é que o Brasil teve muito cuidado na defesa, se expondo o mínimo possível ao seu principal adversário. Sem bobeadas na defesa, o time ganha confiança para chegar longe no torneio.

Os próximos adversários do time são Coréia do Norte (sábado às 8h45) e Nigéria (terça-feira, 6h).

Outros resultados:
China 2 x 1 Suécia
Argentina 1 x 2 Canadá
Nigéria 0 x 1 Coréia do Norte
Noruega 2 x 0 EUA
Japão 2 x 2 Nova Zelândia

terça-feira, agosto 05, 2008

Piti

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Posso não saber da missa um terço, mas o que foi noticiado até agora em relação ao pedido de dispensa do Dodô para a partida contra o São Paulo nessa quarta-feira dá conta de um piti sem tamanho.

O jogador foi informado por Renato Gaúcho, depois do treino, que começaria o jogo no banco de reservas. Depois disso pediu para ser dispensado do jogo, pois precisava "se recondicionar psicológica e fisicamente."

Vale lembrar que no segundo jogo das quartas-de-final da Libertadores, também contra o São Paulo, Dodô também pediu para começar de fora, como informou o próprio Renato Gaúcho antes da partida.

O que leva um jogador a tomar essa atitude? O time está rondando a lanterna desde o começo do campeonato, o cara foi autor de gols importantes na temporada, inclusive entrando no segundo tempo no jogo supracitado. É um doa atletas mais experientes do time. Aí vai e dá uma afinada dessas. Não dá para entender.

São Paulo

Já que logo alguém vai cobrar, vou falar um pouquinho do São Paulo. Não vi o jogo do final de semana, mas acredito quando dizem que os dois gol de André Lima foram marcados em impedimento. Pois é, não acho bonito. E nem adianta falar que não fez diferença, já que terminou 4 a 0, porque foram os dois primeiros gols. Fazer o que?

Amanhã, contra o Flu, a obrigação é ganhar. Se logo depois da viagem de Hernanes, Alex Silva, Thiago Neves e Thiago Silva para a Seleção Olímpica os dois times estavam desfalcados de maneira parecida, agora o São Paulo está com uma vantagem enorme, já que inscreveu dois zagueiros e um atacante na competição. Mas do jeito que o time está irregular... estou dando uma de Regina Duarte. Tenho medo. Muito medo.

A história do vereador que não teve voto

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Deu no G1 a incrível história de Armando Dias Teixeira, que assumiu uma cadeira de vereador na cidade de Queimada Nova (PI) sem ter tido sequer um voto. Ele foi beneficiado pela cassação de Gildemar José Neto por infidelidade partidária, já que o mesmo foi eleito pelo PDT e depois migrou para o PTB. Armando, do PR, conta que não esperava ter sucesso no pleito e, por isso, acabou votando em outro candidato da coligação que tinha mais chances, sendo que sua mulher também não lhe deu o voto.

A história remete à outra ocorrida também no Piauí. Em junho a cidade de Pau D' Arco do Piauí empossou a Carmem Lúcia Portela Santos (PSB) como vereadora, mesmo tendo recebido apenas um voto. Ela obteve a vaga em função da cassação do mandato do vereador Miguel Abreu do Nascimento, também por infidelidade partidária - foi eleito pelo PSDB e migrou para o PC do B.

Carmem também ficou célebre por questionar o fato do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ter computado somente um voto para ela, apesar do seu marido ter garantido que lhe prestigiou na urna. "Ele me assegura que votou em mim. Meu marido é um homem que já tem até mestrado em medicina veterinária pela Universidade Federal do Piauí, é um homem culto, e não consigo entender porque não saíram, pelo menos, a certeza desses dois votos, o meu e o dele."Seria uma outra versão de “infidelidade partidária”?

As cassações ocorreram por causa da decisão do TSE que deliberou que os mandatos obtidos nas eleições pelo sistema proporcional (deputados estaduais, federais e vereadores) pertencem aos partidos políticos e/ou às coligações e não aos candidatos eleitos. Até maio, 368 vereadores já haviam sido cassados.

Outro caso curioso do Piauí ocorreu em Barro Duro. O vereador Nonatinho também foi cassado por ter trocado de partido, mas a dúvida era sobre quem assumiria o lugar dele, o primeiro suplente do partido ou da coligação. Isso porque os suplentes do seu partido, o PSDB, também foram para outras agremiações. O TRE decidiu que o cargo pertencia à coligação e o pastor Evandro (PTB) assumiu a vereança.

É preciso falar mais sobre o Grêmio

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A exigência é do leitor Luiz Cesar: "Um site sobre futebol que não fala sobre o Líder do Campeonato, tem alguma coisa errada". É, Luiz, precisamos falar sobre o Grêmio.

O tricolor gaúcho pode faturar o primeiro turno antecipadamente caso vença o lanterna Ipatinga, no Olímpico, nesta quarta-feira, 6, e o Cruzeiro, segundo colocado, tropece. A ironia é que o adversário dos azuis de Minas Gerais é o Colorado, arqui-rival do Grêmio. Vai ter gremista torcendo pro Inter? "Capaz", me responderia o gaúcho.

Se não contar com a ajuda do "bondoso Inter", para usar os termos do parceiro Impedimento, pode faturar na rodada seguinte, contra o Atlético-MG.

Título simbólico? Mais ou menos. Na era dos pontos corridos quem termina o primeiro turno na frente leva o caneco.

Celso Roth é um técnico experiente que, normalmente, parece ter prazo de validade. Esse é o discurso dos secadores de plantão desde o início do campeonato para dizer que o Grêmio vai cair de produção. Mas nada de parar até aqui.

Reprodução Celsoroth.com.br

Celso Roth sem prazo de validade em 2008?

Até gremistas diziam, no começo da competição, que ele ficaria só enquanto não perdesse.

No ano passado, no Vasco foi demitido antes de o time terminar em 10º. Com o Botafogo, em 2005, ficou em 9º lugar, depois de breve passagem pelo Flamengo durante a competição. No Goiás, em 2004, e no Atlético-MG, em 2003, o treinador foi até o fim e deixou as equipes em sexto. Em 2001, com o Palmeiras, ficou em 12º. Com o mesmo Grêmio, em 1998, 1999 e 2000, levou à 8ª, 18ª e 4ª colocações, respectivamente.

Se ele nunca chegou lá no nacional, não quer dizer que ele esteja condenado a isso para sempre. O Grêmio aparece sem um craque que se destaque individualmente, com muita capacidade de jogar com cruzamentos (com os laterais Anderson Pico e Paulo Sérgio), marcação forte (com William Magrão) e um ataque do colombiano Perrea e Marcel. Aliás, de tanta irregularidade, Perrea pode perder posição para Souza, que estreou no fim de semana. Segundo os próprios gremistas, a pedida é "manter a mesma pegada", "defendendo como pequenos e atacando como grande", escreveu Charles Hansen.

A manutenção não é exatamente simples numa competição longa, tanto que o time vai entrar com os reservas na Sul-Americana. O potencial gremista foi a capacidade de beliscar pontos como visitante e cumprir a obrigação em casa. Foram quatro vitórias em oito jogos fora de casa e seis de nove como mandante.

O Flamengo dá sinais de que pode dar água, enquanto Cruzeiro, Vitória e Palmeiras, com mais passagens pelo G4, assim como o São Paulo, tiveram muitos altos e baixos.

Quem alcança o Grêmio?

Interiorano: Copa FPF, a festa da democracia para o interior

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Por Rodrigo Garcia

Atualmente na quarta rodada, a Copa Paulista de Futebol é uma competição destinadas aos clubes que não tenham atividades no segundo semestre ou mantenham equipes B em atividades. Ela conta com 32 participantes e leva o campeão a ser um dos paulistas na Copa do Brasil de 2009.

Neste ano, são 25 clubes do interior. Eles é que vão protagonizar grandes clássicos atualmente raros de se assistir, como o Come-Fogo, entre Comercial e Botafogo, ambos de Ribeirão Preto, no dia 30 deste mês. O jogo entre América contra Rio Preto, o derbi da cidade de São José do Rio Preto marcado para o próximo dia 16, não ocorre desde 2004.

A competição teve início em 2003 e logo os clubes do interior passaram a dar valor a ela. O Santo André foi o vencedor da primeira e, em 2004, faturou a Copa do Brasil.

Até 2007, o regulamento levava o vice para a Série C do Brasileiro. Por incrível que pareça, e mesmo com o sucesso do Santo André, para muito clubes pode ser mais interessante participar da Série C, porque as chances de um bom aproveitamento na Copa do Brasil são menores. A Ferroviária de Araraquara, por exemplo, campeã em 2006, caiu logo na primeira rodada diante do Juventude, que seria rebaixado no Brasileirão no mesmo ano de 2007.

Acho que é uma forma de democratização no futebol para os times Paulista. Assim como o Santo André e a Sociedade Esportiva Itapiresne, quem sabe algum time surpreende a todos no torneio continental?

Além disso, muito clubes aproveitam para fazer parceiras com equipes de mais tradição da elite do futebol nacional para testar jogadores. A maioria é composta por juniores que levam a sério a competição.

Minha torcida é que, no dia 30 de novembro, depois das cinco fases do torneio, a festa da democracia do futebol faça o interior feliz, com um representante na Copa do Brasil. E quem sabe na Libertadores.


Da página da Federação Paulista de Futebol (FPF):
Regulamento | Tabela


* Rodrigo Garcia é jornalista, botafoguense de Ribeirão Preto e adora o Chopp de lá. Escreve no Futepoca a coluna Interiorano, sobre o futebol praticado fora das capitais.

No butiquim da Política - Democrata ou profissional?

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CLÓVIS MESSIAS*

Pra enfrentar algumas eleições, só mesmo de cara cheia. O duro é passar pelo comando de trânsito na hora de ir embora. Mas vale a pena o "barato". A bancada estadual do PT é a que tem maior numero de candidatos a prefeito, entre os partidos que compõem a Assembléia Legislativa. Concorrem a prefeituras 8 dos 20 parlamentares petistas. A bancada tucana, formada por 21 deputados, tem 6 candidatos. Mas o que incomoda, mesmo, é estes parlamentares falarem que, não tendo chances de se elegerem, pelo menos ficarão com seus nomes em evidência. Um ou outro freqüentador do buteco pergunta: "-Que ferramenta eles usam nesta bancada que vocês estão falando?". E eu: "-Ah....é...". Ficou sem resposta. Até então, não tinha percebido que ser político, para alguns, é considerado profissão.

Mais interessante ainda: eles não têm data-base para reposição salarial. Ainda mais: as disputas para composição do salário não vão parar no TRT (Tribunal Regional do Trabalho). É debate do eu com o eu mesmo. É discussão em causa própria. No butiquim, esses caras têm mania de se meterem em tudo. Não percebem que tem candidato que foi convocado para a causa cívica, em defesa da democracia. O horário eleitoral é gratuito. As despesas do candidato, quase sempre, são pagas por empresários, não menos democráticos. Os candidatos deputados que não ganharem a próxima eleição, permanecem onde estão, recebendo os salários pagos pelo povo do Estado de São Paulo. Que patrão bom este tal povo! Dá salários, escritórios políticos, funcionários, condução, auxílio-paletó, auxílio-moradia na capital do Estado. Tudo aguardando, apenas, o grande gesto democrático: o voto.

Mas as coisas não param por aí. Proporcionalmente, segundo o número de deputados por bancadas partidárias, o PSOL e o PSB lideram o número de candidatos. O PSOL tem dois deputados, um concorre a prefeito e o outro a vice-prefeito, em cidades diferentes. Já o PSB tem quatro candidatos a prefeito, numa bancada de cinco parlamentares. É difícil, mas a democracia impõem estes tipos de sacrifícios a alguns políticos. Olha, se virou profissão, é porque você, eleitor, dá o aval quando vota nestas pessoas.

Por favor, desce mais uma cerveja e marca na conta. Esse papo me secou a boca. E os bolsos!

*Clóvis Messias é dirigente do Comitê de Imprensa da Assembléia Legislativa de São Paulo e escreve semanalmente para o Futepoca.

O Santos nunca foi tão desanimador

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Anteontem, todos os defeitos do Santos saltaram aos olhos. O Coritiba, um time mais modesto e com alguns talentos promissores, era mais bem armado, jogou em diversos momentos do jogo fazendo marcação pressão no próprio campo do Peixe e o time não sabia como sair com a bola para o ataque.

Uma chance aqui, outra ali, mas essa foi a tônica do jogo. Para um santista, cansa escrever mais que um parágrafo sobre a partida. Contudo, o que mais impressionou foi o fato do Santos não ter amedrontado o adversário em um momento sequer, tal o controle paranaense sobre o Alvinegro. E não era o Real Madrid e sim o Coritiba, com todo respeito, um clube que voltou à primeira divisão esse ano. Justo o Peixe, que mesmo com equipes medíocres, fazia o rival tremer dentro do caldeirão da Vila.

Foi por isso que, pela primeira vez, não comemorei. Meu hábito é vibrar sempre com qualquer gol do Alvinegro, mesmo quando a derrota é certa. Sempre tive em mim que um gol nosso é um a mais para a galeria do time que mais chegou às redes no futebol profissional do planeta. Mas ontem não tive ânimo para celebrar.

Pra quem estava no estádio, acredito que o tento fortuito de Maikon Leite tenha reacendido as esperanças. Mas quem assistia de longe, como eu, viu que o gol era um retrato daquele time. Um lance individual, já que o Santos não joga coletivamente, contando com a sorte. Só ela evitaria a desgraça. Mas tinha que ser muita, muita sorte. Não aconteceu.

Diante do desânimo em que me encontrava, pensei em canalizar a raiva. O primeiro alvo é o treinador. Pensei: "esse garoto Vinícius não podia ter entrado, ficou totalmente perdido!". Olhei na relação de inscritos no Brasileirão e vi um Fabão que pode rescindir contrato, portanto fora de condições de jogo. Lembrei que o clube tinha vendido um zagueiro, dispensado outro e rescindido contrato com um terceiro em apenas dois meses. Só havia Diego Monar, outro jovem que poderia ter entrado tão perdido quanto Vinícius, já que Fabiano Eller estava suspenso. Pensei na contratação de Gustavo e tive calafrios...

Mas era preciso ficar com raiva. De novo o alvo é Cuca. "Mas por que quatro atacantes? Isso resolve o quê? Ele não vê que a gente perde o meio-de-campo?", esbravejei. De novo, a lista de inscritos. Rodrigo Souto, Adriano e Robson fora de combate. Roberto Brum quase fora do time, um incrível caso "Viúva Porcina", foi, sem nunca ter sido. Michael teve que sair do jogo porque estava louco pra ser expulso e Molina se contundiu. Dentre os inscritos, Hudson e Adoniran, volantes. A realidade: o time não tem meias...

Por mais que quisesse, não podia culpar Cuca por tudo. Vendo o rol de jogadores, recuperando o histórico recente do clube, as negociações, não tive dúvidas: a culpa é da administração MT, algo que já sabia, mas que não me consolou. Nunca foi tão desanimador assistir ao Santos jogar.

segunda-feira, agosto 04, 2008

F-Mais Umas - Fantasmas de Hungaroring quase derrubam a estréia do colunista

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CHICO SILVA*

Tinha tudo preparado para minha estréia neste novo e nobre espaço. Não que eu seja um entusiasta admirador do são-paulino Felipe Massa. Até pelo contrário. Quem leu meu perfil sabe de quem sou fã, mesmo! Mas infelizmente já se vão 17 anos que Nelson Piquet Souto Mayor descalçou as sapatilhas e guardou a balaclava. De qualquer maneira, seria um bom começo no site, com um brasileiro vencendo pela sétima vez no travado e enfadonho circuito de Hungaroring. Até já me preparava para chamá-lo de Brasilring. Mas quando tudo parecia resolvido, eis que os fantasmas da pista magyar resolveram aprontar mais uma. A três voltas do fim, o até então confiável propulsor de Massa foi pelos ares, produzindo fumaça e lágrimas no rosto do piloto que estava prestes a colocar as mãos na liderança do championship (acima). Aliás, sou de um tempo em que piloto não chorava. Nem quando ficava preso entre as frágeis ferragens de outrora. Mas deixemos isso para lá. Em matéria de lágrimas, prefiro as de Jade Barbosa.

Voltando aos virabrequins, não é de hoje que o autódromo húngaro prega peças em pilotos que já se imaginavam ouvindo o hino no pódio. A primeira vítima foi Nigel Mansell. O arrojado e estabanado inglês passeava pelo circuito contando os minutos para mais uma vitória na temporada de 87. Até que, em um trecho intermediário, o Williams 5 começou a sambar feito bêbado em final de desfile de carnaval. No pit-stop, um mecânico descuidado não apertou a porca de uma das rodas do carro do bigodudo como o manual manda. Para desespero do inglês, o rival e desafeto Nelson Piquet (à direita) conquistou a segunda vitória consecutiva no autódromo húngaro, o primeiro de um país da extinta cortina de ferro a receber o milionário e capitalista circo da F-1. Na época, houve quem desconfiasse que Piquet havia dado uns trocados para o mecânico desastrado. Como isso nunca se provou, a história entrou para o folclore da categoria. A vitória na Hungria foi a plataforma do tricampeonato do maior piloto brasileiro de todos os tempos.

Exatos dez anos depois, um compatriota de Mansell também foi derrotado pelo sinistro traçado húngaro. O então campeão mundial Damon Hill estava a poucos quilômetros de uma façanha. Iria conquistar o primeiro triunfo da história da Arrows, uma equipe que encerrou suas atividades com o "invejável" histórico de 368 GPs sem uma vitoriazinha sequer. Pilotando uma carroça equipada com o fraco e instável motor Yamaha, Hill liderava com folga quando, na última volta, seu câmbio começou a emperrar. O canadense Jacques Villeneuave, à época ao volante de uma Williams, se aproveitou da situação e estourou o champagne no alto do pódio. Como Piquet, Villeneauve conquistou o título daquele ano, após uma dura e nem sempre leal batalha com Michael Schumacher.

Em 2006, outro ilustre competidor passou por mico semelhante ao de Mansell. Então lutando pelo seu segundo título mundial, o marrento espanhol Fernando Alonso viu seu campeonato se complicar após um simples pit-stop. Contrariando a célebre máxima de Karl Marx, dessa vez "a história não se repetiu como farsa". Outro mecânico desatento não apertou como deveria uma das porcas da roda do Renault do asturiano. Com o carro descontrolado, Alonso abraçou a barreira de pneus. A prova, disputada sob chuva e coalhada de acidentes, dessa vez foi vencida por um inglês. Jenson Button (à esquerda) redimiu seus conterrâneos e faturou aquela que é até hoje sua única vitória na F-1. Se isso serve de consolo para o chorão Massa, Hungaroring não conseguiu impedir que Hill, Mansell e Alonso entrassem para o fechado clube dos campeões mundiais de F-1. Massa tem boas chances de conseguir sua carteirinha. Sorte dele que Hungaroring só tem uma vez por ano...
Todos iguais/todos iguais
Uns mais iguais que os outros
Antes que alguém me enxovalhe, explico que não gosto dos Engenheiros do Hawaii, a banda dos Pampas que nos atazanou com os versos acima. Aliás, por falar neles, juro que gostaria que alguém me explicasse por que diabos esse Hawaii deles tem dois i. Deve ter alguma coisa a ver com numerologia ou quem sabe eles se inspiraram num desses ideogramas chineses que estão na moda por causa das Olimpíadas. Sei lá. Mas esses versos me vieram à cabeça com as imagens da premiação do Grande Prêmio da Hungria. Lá estavam o vencedor, Heikki Kovalainen, que debutava no lugar mais alto do pódio, e Kimi Raikkonen, que terminou em terceiro. Dizem que japonês é tudo igual. Pois finlandês também. Repare bem. Kovalainen é a cara de Raikkonen, que, por sua vez, parece sósia do ex- piloto e bicampeão mundial Mika Hakkinen.

A exceção talvez seja o campeão mundial de 1982, Keke Rosberg (à direita). O ex-piloto da Fittipaldi e da Williams ostentava um belo e hoje fora de moda bigodão. Além da fisionomia, aparência e talento, os finlandeses têm outro gosto comum. Aliás, uma qualidade muito apreciada por este blogue: a manguaça. Raikkonen e Hakkinen já se meteram em confusões embalados por generosas doses de vodka finlandesa, que, ao lado da russa e da polonesa, integra a santíssima (ou sataníssima) trindade do destilado. Então, para encerrar esse artigo, nada mais justo que oferecer um brinde a Kovalainen. O piloto da McLaren fez aquilo que se convencionou chamar de corrida sem erros. É claro que se aproveitou da quebra de Massa e do azar do companheiro Lewis Hamilton, que teve um pneu furado no meio da corrida. Então, uma dose trincando de vodka da boa, direto da Finlândia, para o 100º piloto a vencer uma corrida de F-1. Um brinde e até a próxima semana!

*Chico Silva é jornalista, wilderista (fanático por Billy Wilder) e nelson-piquetista. Em futebol, mezzo santista/ mezzo pontepretano. Curte um bom goró e escreve semanalmente a coluna F-Mais Umas para o Futepoca.

Ganhar do lanterna é obrigação

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Os 2 a 1 do Palmeiras sobre o Ipatinga em Minas Gerais foi, por um lado, obrigação. O time mineiro é favorito ao rebaixamento e lanterna da competição.

Mas em 2007, um dos 17 pontos do América de Natal foi conquistado diante do Palmeiras, em Natal. Mas isso foi com um elenco bem mais limitado. O Ipatinga não é o América do ano passado, mas time que quer brigar por alguma coisa que valha, tem que somar três pontos contra as equipes mais fracas.

Valdívia foi bem, marcou dois gols, criou jogadas, correu. E deu um carrinho que, na minha opinião, foi bem punido com cartão amarelo. Ele até pega a bola, mas a posição de onde ele vem é desfavorável e, ao pegar a perna do adversário junto com a bola, consiste em falta.

Cartão mal aplicado foi a Kléber, o desgovernado, que dividiu e tomou cartão. Depois do lance, evitou trombadas. Claramente visado – deu motivos para isso – mas continua claro que ele não pode entrar duro em nenhum lance.

E Alex Mineiro perdeu um pênalti. Em um misto de empurra-empurra com se jogar para trás – que poderia perfeitamente não ser marcado –, o centroavante se encarregou de diminuir o peso da polêmica: chutou tão no canto que pôs a bola para fora.

No final do jogo, o alviverde paulistano ainda conseguiu a proeza deixar o Ipatinga criar jogadas. Tanto que diminuiu a diferença.

Mas a segunda vitória fora do Palestra Itália no campeonato é bem vinda, garantiu o terceiro lugar. A próxima partida, na quinta-feira, é contra o Vitória, em casa. O time baiano saiu da zona de classificação para a Libertadores. Missão nada fácil para o Palmeiras manter o bom aproveitamento dentro de seu estádio.

domingo, agosto 03, 2008

Futepoca estréia coluna semanal de automobilismo

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Para atender uma demanda que, mesmo fugindo do futebol, ainda pode ter algum link com política (e principalmente com cachaça), o Futepoca vai estrear amanhã, segunda-feira, mais um colaborador. Dessa vez, para falar sobre automobilismo. Ele mesmo fez questão de se apresentar:

Sou Chico Silva, jornalista, santista, wilderista (alguém que é louco por Billy Wilder) e, acima de tudo e todos, nelson-piquetista. Aliás, devo o interesse no jornalismo ao Piquet (que aparece na foto, de branco, trocando "afagos" com Eliseo Salazar). E é engraçado: escrevi sobre quase tudo nessa vida, menos sobre F-1 - até o Futepoca me pôr na pista. Iniciei minha carreira no Lance!, em 1997. Depois passei pelo IG, um mês, e IstoÉ, sete anos, na qual atuei nas editorias de Brasil e Comportamento. Aí fui ver como era a vida do lado de lá do balcão. E nesse caso não era o do bar, infelizmente. Fiz assessoria para o ministro do Esporte nos Jogos Pan e Parapan-americanos e depois integrei a equipe de jornalistas que produziu o relatório oficial do governo federal sobre o Rio 2007. Ah, ia esquecendo um detalhe relevante: fui jurado da primeira edição do Boteco Bohemia de São Paulo, realizado em 2004. No Futepoca, não poderia omitir tal informação. Abraço a todos e até minha primeira coluna, nesta segunda-feira, com a análise do GP da Hungria!

sexta-feira, agosto 01, 2008

Em defesa do Saci

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Causa espanto e medo quando se lê um texto de Juca Kfouri contra a idéia de adotar o Saci como mascote da Copa do Mundo de 2014. Em seu blogue, o jornalista diz que "um grupo de malucos abrigado no endereço http://www.sosaci.org/ que quer convencer a CBF a adotar o Saci como mascote da Copa do Mundo de 2014, no Brasil", e apela ao presidente da Confederação: "Tomara que Ricardo Teixeira, pelo menos dessa vez, não se deixe levar por uma tentação tão populista e demagógica."

Kfouri condena ainda o colega José Roberto Torero por apoiar a idéia e questiona “Como ter alguém de uma perna só, e ainda de cachimbo na boca, como mascote da Copa? Não basta uma seleção de pernas-de-pau que fazem propaganda de cerveja?”.

Acho, sinceramente, que ele não entendeu a proposta. Ou talvez tenha sido irônico e quem não entendeu fomos nós.

A idéia de fazer do Saci o mascote da Copa, além de bem-humorada, é uma tentativa de manter vivo um dos símbolos do folclore nacional, preexistente a Juca Kfouri e a qualquer pessoa que esteja lendo isso agora. Pode-se contestar ou dizer que não é conveniente, que talvez seja melhor inventar algum mascote de gosto duvidoso como o bizarro Ciao italiano ou as ainda mais estapafúrdias criaturas da Copa Coréia/Japão. Mas daí a dizer que a proposta é “populista e demagógica” vai uma grande distância...

Aliás, esses foram os mesmos termos que Kfouri usou para condenar a pretensão de Evo Morales de que a seleção e os times do seu país continuassem a disputar partidas oficiais na altitude. Lula ter apoiado a idéia era algo “populista e demagógico”. A Fifa se dobrar e voltar atrás era um absurdo. Mas foi o que aconteceu. Todos, decerto, viraram “populistas e demagógicos”. Como , aliás, qualquer proposta que queira resguardar um patrimônio cultural, como o caso do futebol para os bolivianos ou do Saci no Brasil, guardadas as diferentes proporções.

Mas esse ataque tem uma pretensão politicamente correta (meio torta) também. Perdemos o direito de sermos irreverentes, mesmo utilizando uma figura que pertence à cultura popular, que foi retratada por Monteiro Lobato, desenhada por Ziraldo e que se tornou até mesmo mascote do Internacional de Porto Alegre. O Saci pode justamente ser usado para combater estigmas, e não o contrário, inclusive o racismo. No entanto, se for para levar a ferro e fogo tal ideário, o colunista poderia evitar a expressão “perna-de-pau”, utilizada no texto.

E se a birra for por causa do cachimbo, a ilustração ao lado do Ohi já resolve o problema. Por conta de todo o exposto, esse blogue reforça o apoio já dado à idéia do Saci como mascote em 2014. Acesse o site da Sosaci e apóie a idéia. Ou, se quiser, não apóie. Só convém lembrar que os adjetivos sejam moderados, pra não ficar parecendo ranço da velha UDN...

quinta-feira, julho 31, 2008

A vitória contra o Inter e o marketing santista

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Ontem o Santos mostrou uma qualidade que não exibia há tempos: segurança na defesa. Finalmente o sistema de três zagueiros funcionou com Cuca, e algumas mudanças foram fundamentais para que isso acontecesse, algumas de ordem tática, outras pela simples substituição de atletas.

A saída de Fabão do time acabou fortalecendo o miolo de zaga. O ex-sãopaulino não conseguiu emplacar até agora na Vila Belmiro e, ao que parece, está próximo de sair do clube. Outro atleta, discreto, porém eficiente, foi Dionísio. Embora esteja longe de ser um craque, tem mais senso de cobertura que o esforçado Adriano. Quiñones pela direita e Kléber pela esquerda também avançaram pouco, resguardando mais suas posições e congestionando o jogo no meio.

O resultado dessa formação é que no primeiro tempo não houve finalização a gol. No segundo, os times se soltaram um pouco mais, mas o Inter fez apenas uma finalização realmente perigosa ao gol de Douglas, a 1 minuto. O Peixe continuou dominando o meio de campo, o que dificultou a movimentação do Inter, principalmente do trio de garotos da frente, Taison, Guto e Walter, dominados pela defensiva alvinegra. Isso fez com que o Colorado errasse incríveis 50 passes na partida, enquanto o Santos errou menos da metade, 23.

O gol de Maikon Leite, feito na base da raça e contando com a ajuda do zagueiro Danny Morais, dá moral ao garoto. Mas o ataque do Santos, se fosse mais solidário, poderia ter ampliado a vantagem, tanto o menino quanto Kléber Pereira pecaram pelo individualismo em pelo menos três lances. Ainda assim, a vitória, a primeira fora de casa, é um grande resultado, a ser comemorado dada a consistência apresentada pela equipe de Cuca. E também pelo feito em si, já que a última derrota do Inter em Brasileiros foi em 30 de setembro do ano passado, para o São Paulo. Pode-se ver um esboço de time à frente...

Time da virada


Já li e ouvi inúmeros relatos de como algumas pessoas que eram contra o regime militar se portaram durante os jogos do Brasil na Copa de 70. Cientes de que a ditadura se aproveitava do desempenho da seleção brasileira para reafirmar um sentimento patriótico e ufanista que protegeria, em tese, os generais, muitos se recusavam a torcer para o escrete canarinho. Mas, na hora H, acabavam torcendo pra seleção. Devia ser difícil não torcer para aquele timaço.

Guardadas as devidas e óbvias proporções, a campanha de marketing “Time da Virada”, lançada pelo Santos, me lembrou um pouco essa situação. Pensei: aderir ou não aderir? Depois de ver o vídeo da campanha, onde a trajetória descendente do time é tida como efeito do “abatimento” pela desclassificação na Libertadores e pelo fator “sorte”, vi que, mais do que uma tentativa de trazer a torcida junto ao clube, era uma forma de justificar os erros não tão justificáveis cometidos pela administração santista.

Marketing no esporte é importante e, embora o clube utilize esse instrumento de forma mais tímida do que poderia, já foi bem sucedido em algumas ações, como na criação dos mascotes Baleinha e Baleião. No entanto, ao utilizar em uma campanha gritos criados por uma organizada e celebrizados pela maior parte da torcida santista, parece que os dirigentes tentam se apropriar de algo que não é seu para que continuem sendo pouco questionados. Torço e sempre torcerei para o Santos, independentemente de quem esteja ano comando do clube. Mas não contem comigo pra esse tipo de ação. Prefiro colaborar de outras formas.

A Bunda do Herbert

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No livro "Vamo batê lata" (Editora 34, 2003), sobre os Paralamas do Sucesso, Jamari França conta uma história impagável de bebedeira e molecagem. Nos anos 1980, o baixista Bi Ribeiro tinha um sítio em Mendes, interior do Rio de Janeiro (foto), onde a banda ensaiava e eles, literalmente, "tocavam o puteiro". O ator global Alexandre Régis, que morava lá na época, descreve: "A molecada da cidade ia toda pra lá e bebia até cair, fazia sua fogueira, churrasco, ia embora e eles tocando. Era um sítio gigantesco, tinha uma selva entre a casa e a piscina, eu me perdi várias vezes, os cachorros é que iam me buscar". O problema, no local, era a estrada de terra que ligava o sítio à cidade, intransponível em época de chuva (principalmente para os manguaças, que iam e vinham a pé). "Eu escancarava muito, já dormi atolado bêbado na estrada, pensava: 'Caramba, se vier um carro vai passar por cima de mim', mas não conseguia me mexer", lembra Régis.

A salvação parecia ter chegado quando o prefeito local decidiu botar paralelepípedos na estradinha. Porém, depois dos primeiros 100 metros concluídos, o músico e compositor Herbert Vianna aprontou na cidade. Ele confessa: "Num Carnaval em Mendes, estávamos concentrados, bebendo - a gente bebia demais um negócio que se chamava Pique no Lugar, guaraná misturado com conhaque barato". Alexandre Régis conta que eram quatro dedos de conhaque, dois de guaraná, envolvia o copo num guardanapo e sacudia; quando espumava, bebia-se de uma vez.

Segue Herbert: "Cada um tomava uns cinco de uma vez e ficávamos endiabrados, infernizávamos a cidade. Aí, o Carnaval comendo solto, de repente, choveu. Entrou todo mundo nas lojas e uma delas se chamava Importadora. Estávamos lá no fundo da Importadora, muita gente, eu falei: 'Tem muita pressão aqui dentro, é igual a uma espinha, pra aliviar vai ter que expelir alguma coisa e o expelido serei eu'. Tirei a roupa lá no fundo, passei de cueca pelo pessoal, cheguei na rua, tirei a cueca e saí correndo nu, curtindo a chuva, a galera gritando e todo mundo na marquise olhando. Aí eu cheguei no posto de gasolina, botei a cueca e voltei, me vesti".

O prefeito e a família estavam na praça, como todo mundo, vendo os blocos passarem. "Depois dessa o cara não botou mais nenhum paralelepípedo naquela estrada", lembra Alexandre Régis. Sobraram apenas os 100 metros concluídos anteriormente no meio do lodaçal. "Então ficou um calombo que a gente passou a chamar de Bunda do Herbert", arremata o ator.

E o Inter, hein?

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Segundo semestre de 2007. O Internacional traz Abel Braga de volta ao comando técnico e contrata os atacantes Gil e Nilmar. A primeira metade do ano havia sido caótica para o clube colorado; o Gauchão ficara mais uma vez na mão do arqui-rival Grêmio e a defesa do título da Libertadores fora um fiasco, com a eliminação já na primeira fase. Pensar na conquista do Brasileiro, naquele momento, também era algo inviável. Mas as três contratações de peso refletiam outro pensamento: mais do que pensar no imediato, o Internacional se planejava para o longo prazo. O restante da temporada 2007 seria um treino, uma maneira de azeitar o time; e, em 2008, o Inter seria uma máquina, favorito para todos os títulos que disputaria.

Agora estamos chegando no segundo semestre de 2008 e... o momento do Internacional é, vejam vocês, de reconstrução - novamente. O clube anuncia com pompa as contratações de D'Alessandro (foto) e Daniel Carvalho. Tite assume o elenco e dá declarações como essa, de 16 de julho: "nosso time está buscando a afirmação. É um grupo que mexeu peças e está passando por uma reformulação".

Ontem, perdeu para um frágil Santos em pleno Beira-Rio, três pontos que certamente dificultarão as aspirações do clube no campeonato nacional.

Ou seja: o tal do "trabalho a longo prazo" sugerido no final de 2007 não se concretizou. Hoje, o Internacional está no mesmo pé de todos os clubes brasileiros, vitimizado e beneficiado pela janela de transferências, contratando e vendendo, em suma: montando um time.

A situação sugere, ao meu ver, que no futebol brasileiro ainda é difícil o pensamento no longo prazo, tão desejado pelos comentaristas da área. Ou mesmo que ele não é a garantia inevitável de sucesso sugerida por tantos outros.

Pode até ser que o Inter acabe como campeão brasileiro, ou mesmo entre os classificados para a Libertadores. Afinal, o elenco é forte e Tite é um bom técnico. Mas, se isso ocorrer, será com time, treinador e situação diferentes do que se desenhava no final do ano passado.

Na vitória sobre o Flamengo, TV pela internet

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A 15ª vitória do Palmeiras sobre o Flamengo em campeonatos brasileiros não foi uma grande atuação do time da casa. Um primeiro não muito bom, que deixou o Flamengo criar principalmente depois dos 25. Parecia que Caio Jr. iria surpreender em contrataques na 300ª partida em que Vanderlei Luxemburgo treinou o alviverde.

O Palmeiras volta melhor para o segundo tempo. Aos 10 do segundo tempo, Valdívia tabela com Sandro Silva que fuzila para o fundo do gol de Bruno.



O goleiro que fez duas belas defesas, uma de Diego Souza aos 18 do primeiro tempo, e outra aos 4 do segundo, com Valdívia,

Depois do gol, uma ou outra chance verde. Foi a vez de o Palmeiras se apequenar diante do Flamengo, esperando o contragolpe. Deixou o rubronegro avançar e pressionar.

A defesa com dois zagueiros até que se segurou, embora tenha cedido a movimentação de Jailson. Isso não impediu Luxemburgo de recuar a equipe colocando um terceiro volante, Léo Lima, que seria expulso.

Como o Valdívia foi até que bem, começo a achar que ele não vai para o Hertha Berlim. Bom, essa hipótese parte do princípio de que ele não vinha bem por estar com a cabeça na transferência para a Europa. Ressalte-se que buscar jogo também foi a atitude do chileno na partida contra o Fluminense e até contra o Santos, embora tenha sido um jogo bastante atípico.

Experiência
Assisti a partida em um site que retransmitia o canal Premiere da Net. Junto da transmissão, pra lá de lenta por causa da conexão da mesma empresa (plano econômico tem disso), ficava no ar um bate-papo entre quem estava assistindo.

O que me impressionou foram duas coisas. O número de vezes em que Marcos foi elogiado – até por flamenguistas – e o número de vezes em que Valdívia foi xingado ou mandado embora.

O mais interessante foi o palmeirense comemorando: "Milagre, o Kléber nem amarelo tomou!" Na sequência, outro deu uma de hardy: "É, mas o Mago sim".

Também me impressionou o fluxo de ofensas racistas ao atacante Obina, aquele que já foi melhor do que o Eto'o. Fiquei pensando que o alvo era o cara também por ser, provavelmente, o mais lembrado no elenco flamenguista. O que não torna menos nojentos os comentários escrotos.

Flamengo
Até fico com vontade de dizer que é síndrome de Caio Jr. Mas seria revanchismo, até porque, nos confrontos de 2007 o técnico que hoje manda por lá, treinava por aqui.

Maldade inexplicável. Lembra de quem fez os gols na última partida? Osmar e Florentín, no 2 a 1 no Palestra Itália. Que diferença do time...

O ataque rubronegro é que ficou emperrado.

quarta-feira, julho 30, 2008

Efeitos da Lei Seca: "pode beber, gente, eu dirijo"

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Um bar. Eu estou tomando água. Sem gás. Sem gelo. Papo vai, papo vem, nada a ver com a Lei Seca, acidentes de trânsito nem formas de burlar o bafômetro.

Chega um grupo de cinco pessoas, quatro barbados e uma moça. Ensejam pegar a mesa do lado de fora, mudam de idéia e se instalam em outra, ao lado da minha. O barbicha vira para os outros, ar grave:

Foto: Edgardo Balduccio/Flickr


– Ó, gente: hoje, pode beber, que eu dirijo!

Houve um instante de silêncio. A minha conversa também parou.

Eu não imaginava que isso aconteceria de verdade. Um verdadeiro exemplo de civismo, um ato de solidariedade manguaça: abrir mão do direito de beber para levar os outros para casa sem o risco de levar um multa, perder o carro e a carteira ou, claro, causar acidentes. Que efeito nobre da Lei Seca! Estive prestes a me levantar para cumprimentá-lo.

Ou para xingar aquele ato de bom-mocismo.

Em meu basbaque de orelhudo de conversa alheia, dispara o magrão amigo do "sóbrio da galera":

– Ah, você já encheu a lata antes de vir pra cá, vai se f...

Todos caem na gargalhada. Pedem cerveja e cinco copos.

Fiquei pensando que nenhum deles estava de carro. Mas seria só se ampliasse a piada.

Há 78 anos, o o Uruguai se tornava o primeiro campeão mundial

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Era um dia 30 de julho como hoje quando a seleção uruguaia de futebol tornou-se a primeira a conquistar uma Copa do Mundo. A vitória por 4 a 2 contra a Argentina consagrava um time que já vinha de dois importantes triunfos: a conquista do ouro nas Olimpíadas de Paris, em 1924, e de Amsterdã, em 1928, o que lhe valeu a alcunha de “Celeste Olímpica”.

A escolha do país como sede causou controvérsias entre Europa e América do Sul. O então presidente da Fifa, Jules Rimet, entendia que a Copa de 1930 deveria ser disputada no continente americano, uma forma de descentralizar a atenção do esporte no continente europeu, que vivia uma aguda crise econômica à época. Mas os países do Velho Mundo não gostaram nada da idéia e Itália, Hungria, Holanda, Espanha e Suécia boicotaram o Mundial. A justificativa das federações, segundo a Fifa, era de que os jogadores europeus ficariam por muito tempo ausentes de seus clubes, já que a realização do torneio no Uruguai implicava uma longa viagem de navio. Até hoje os uruguaios contestam a versão, dizendo que ofereceram todas as condições, inclusive o pagamento de despesas de transporte e estadia, comprometendo-se inclusive a compensar economicamente os clubes europeus pela ausência dos atletas. Mas não adiantou.

Para garantir que todas as seleções participariam da Copa, o sorteio de grupos só foi realizado quando os times estavam em solo uruguaio. Foram 13 participantes, divididos em quatro grupos (três de três e um de quatro equipes). O Brasil caiu no Grupo B, onde foi derrotado pela Iugoslávia por 2 a 1 e superou a Bolívia por 4 a 0. A seleção era formada quase totalmente por jogadores cariocas, já que a Associação Paulista de Esportes Atléticos (Apea) não concordou com o fato da comissão nomeada para fazer a convocação, não contasse com nenhum paulista, o que resultou em um boicote bandeirante. O único paulista foi Araken Patusca, que brigou com o Santos para ir à Copa.

O Uruguai caiu no Grupo C, derrotando o Peru, por 1 a 0, e a Romênia, por 4 a 0. De cada grupo, saía apenas o primeiro colocado e nas semifinais a Celeste pegou a Iugoslávia, aplicando uma sonora goleada por 6 a 1. Curiosamente, placar idêntico à da outra semi, onde a Argentina superou os EUA.

Dentre os participantes, o mito José Nasazzi foi eleito o craque da Copa. Campeão nas Olimpíadas de 1924 e 1928 , foi capitão da seleção entre 1923 e 1936, além de ter vencido quatro Copas América, em 1923, 1924, 1926 e 1935. Em 1931, veio ao Brasil em uma excursão com o Bella Vista, base do escrete do país, mas um certo Alvinegro Praiano não o recebeu muito bem. Mas essa é outra história... Para conferir, veja aqui.

terça-feira, julho 29, 2008

E Mussum nunca mais apareceu em um bar

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Há exatos 14 anos morria um dos ícones do humor manguaça tupiniquim. O carioca Mussum, ou Antônio Carlos Bernardes Gomes, partiu desta para sabe-se lá aonde com 53 anos de idade, deixando uma legião de fãs que perpetuariam seu nome no panteão dos ídolos imortais.

Artista completo, além de ter feito parte do conjunto Originais do Samba (com quem gravou 12 LPs), foi diretor de harmonia da ala das baianas da Mangueira e fez as vezes de ator em 27 filmes com Os Trapalhões.

Em uma época em que o humor não era alvo do "politicamente correto", não era incomum Mussum aparecer em cena só de cueca samba-canção e com um litro de pinga, o "mé" ou "mézis", na mão. Invariavelmente, também vestia a camisa do Flamengo.

Para homenagear esse totem, dois vídeos já clássicos que mostram o humorista naquele que parecia ser seu habitat natural: o bar.

No butiquim da Política - Nove de julho: movimento ou revolução?

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CLÓVIS MESSIAS*

A nostalgia toma conta dos grupos que se formam nos corredores do legislativo paulista. Isto quase sempre acontece em épocas de recesso. Afinal, os efetivos, funcionários concursados, não trabalham em campanhas eleitorais. Falasse do feriado prolongado e alguém lembrava: é 9 de julho. Outro retrucava: é mesmo, ia me esquecendo. Curiosamente, aqui, onde funciona o legislativo, o prédio tem a denominação de Palácio 9 de julho. A história paulista anda no piloto automático, esqueceu-se que foi uma luta em favor da democracia. Não sei com que interesse vulgarizaram nossa memória, revolução de 1932.

No meu tempo de primário, ginásio e científico (sou desse tempo), a revolução constitucionalista de 32 era ato presente. Eram feitos trabalhos escolares, exposições à entrada dos colégios. A bandeira paulista era hasteada com hinos e fanfarra. Os professores falavam que apoiaram o movimento e citavam nomes de pessoas que haviam participado dos combates. No pátio da escola ou no quarteirão do prédio eram realizadas competições esportivas. Acho que há uma certa perseguição, corintiana, palmeirense ou santista a estas solenidades. Afinal de contas, a bandeira hasteada é a paulista, e não por coincidência tricolor: branca, preta e vermelha. Tenho quase certeza, todos colaboraram um pouco para o esquecimento do ato, mas tricolor é um mastro forte.

Este desmemoriamento foi se intensificando depois da ditadura de 1964, já que não havia nenhuma afinidade com a nossa defesa das liberdades democráticas. A revolução de 1932 foi empurrada para trás do biombo da história. O 9 de julho ficou refém de um vácuo ideológico. É bem verdade que na defesa do movimento surgiram teses retrógradas, o que facilitou a marginalização. Mas pergunto: há movimento que defenda a constituição, que possa se dizer, de maior ou menor vigor democrático?

O Brasil estava sob um regime de exceção. O judiciário sem autonomia. O legislativo em férias permanente, fechado. A lei constitucional, ora a lei, estava suspensa aguardando um novo teórico, procurando novos entendimentos. O movimento revolucionário constitucionalista de 32 foi tomando consistência e teve amplo apoio, em todas as camadas sociais. Como o leque de propostas na época era grande, setores conservadores começaram a não aceitar algumas mudanças políticas. Mas luta democrática é debate.

Por que será que as pessoas esquecem de movimentos nacionalistas democráticos? As elites nós sabemos, têm medo do novo. Mas nós, o povo, será que conhecemos democracias diferentes? Existem duas ou três democracias? A revolução francesa, berço da democracia popular, nos mostrou os movimentos de liberdade do homem. O voto passou a ser igualitário. É difícil, para quem está no poder, aceitar o unitário voto popular. Aqui nós já tivemos até senador biônico, como ato de inteligência maquiavélica. Foi apenas uma, péssima, cópia do parlamento grego.

A queda da Bastilha estabeleceu o voto popular. Foi firmada a democracia igualitária, mas como em todo movimento livre, sempre querem aparecer alguns donos, tipificando ações melhores ou piores, mais nobres ou menos nobres. Mas a democracia é sabia, faz prevalecer a vontade popular. Só não entendo o esquecimento do movimento democrático constitucionalista de 32. Será que o exótico tem vida própria? Mas será, então, democrático?

Como é bom recordar as solenidades escolares. Não há mais ou menos democrata. Defende-se, singularmente, a democracia. Recordar a revolução de 32 é um gesto de civismo. Seus sinônimos são: liberdade com eleições livres, interdependência dos poderes, conseqüentemente, respeito à constituição. O exercício da democracia não é, somente, história. É hábito.

*Clóvis Messias é dirigente do Comitê de Imprensa da Assembléia Legislativa de São Paulo e escreve semanalmente para o Futepoca.

Efeitos da lei seca e a cerveja que parece água

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Almoço de família, chego em sétimo. Só faltam uns 15 para a comida chegar à mesa.

A tecnologia para abastecer os sedentos convivas é levar as garrafas longneck para uma mesa auxiliar, de onde todos, comedidamente, se apropriam de uma pra degustar.

Não sei por que, depois da saudação inicial, meu olhar se dirigiu diretamente para onde se concentravam as garrafinhas. Rapidamente, vi duas de rótulo azul onde se lia "Bavaria", mas "sem álcool".

– Rapaz, olha o que dá a lei seca no trânsito, o pessoal se preocupou com o teste do bafômetro dos convidados... – elogiei para quem estava do lado.

(Note-se, pelo que se segue, que o elogio faz parte do clima familiar estabelecido e não à opção da cerveja sem álcool)

– Sem álcool, é? E é boa? – devolveu capciosamente o interlocutor.

– Não sei, nunca provei – devolvi.

O figura resolveu que era hora de tentar, saber qual era a da sem álcool, e para saber se os 25% de aumento nas vendas do segmento depois da lei seca iam ser sustentados ou não, se valeria a pena ir além do "pra provar".

– Bora dividir? – convocou.

– Não, brigado... – esquivei – Minha religião não permite.

Em seguida ele abre a garrafa, serve o próprio copo. Gelada que estava, não faz espuma. Será que a imitação é tão boa assim?

– Parece água – sentenciou.

Achei que fosse jogo de cena, para dizer que "não tinha graça" num número típico de um manguaça que quer se dizer incorruptível pelo desrespeito ao mandato etílico. Mas não me arrisquei. É melhor evitar o primeiro gole da sem álcool, já ensina o manual. Ele insistiu em comparar com água, dizendo que nem gosto tinha.

Então, tá.

Passa meia hora, chega quem tem que chegar. E nada de a outra sem álcool encontrar dono. Ela vai esquentando enquanto todas as outras não param na mesa.

Hora do almoço. A movimentação começa, alguém pega a garrafinha de rótulo azul.

– Olha, é sem álcool!

Depois passa a examinar minuciosamente o rótulo, para ver os 0,05% de álcool, o valor calórico etc.

– Putz, tá vencida!

O que tinha provado a outra garrafa não botou fé:

– Como assim, vencida?

– É, vencida. Desde junho de 2006!

Eu continuo sem saber se são só as cervejas sem álcool vencidas que parecem água ou se as dentro do prazo de validade também.

P.S.: Enquanto isso, vi duas cenas tristes, ambas envolvendo refrigerante de limão. Com o aparente intuito de diluir a presença de álcool no sangue, vi misturarem cerveja com refrigerante. Depois, até vinho. Triste cena.