Antes de acharem salto alto, é ao contrário. O grande segredo do Galo até agora neste campeonato é encarar, a cada dia, sua agonia. Joga-se com muita vontade, contra um adversário de cada vez, receita que é essencial no Brasileirão. Podem dar cartão também, porque o próximo jogo é contra o Vitória, daí não dá para escapar do trocadilho (rs).
Mas ontem contra o São Paulo juro que estava temeroso. Pela primeira vez, desde a estreia, o Roth mudou o esquema de jogo do 4-4-2 para o 3-5-2. A explicação é que estava sem dois dos três volantes titulares (Renan e Márcio Araújo), suspensos pelo terceiro amarelo. Na primeira partida, contra o Avaí o esquema não funcionou, o Galo tomou dois a zero e com a volta ao sistema tradicional conseguiu o empate.
Mas ontem, surpreendentemente, temor infundado. Creio que o time fez sua melhor partida no campeonato, ajudado e muito pela falha do Miranda logo no começo da partida, que foi sair jogando e perdeu a bola para o Tardelli fazer o primeiro logo no comecinho.
Depois, foram perdidas várias chances, para eu voltar a temer o "não faz, toma". Mais uma vez estava errado. Numa arrancada da intermediária, uma tabelinha e uma conclusão digna de centroavante, Serginho fez os 2 a 0 e praticamente encerrou a partida. Destaque por ser o primeiro jogo que o volante entrou como titular depois de uma cirurgia no joelho que o deixou fora por oito meses.
Aqui vale uma ressalva, o Galo começou bem o campeonato, deu uma caída, começou a ser bem conhecido e marcado pelos adversário, daí o Roth já mexeu no time. Está certo que quando a fase é boa, tudo dá certo, mas é bom ver que não se está dormindo sobre glórias, até porque não se ganhou nada ainda.
E o Atlético precisa acumular mais uns pontinhos à frente do segundo, porque nos oito jogos que faltam para encerrar o turno tem pela frente Vitória, Palmeiras e Inter, todos que estão disputando a ponta... E ainda o Flamengo, que nunca se sabe o que vai fazer.
Só peço uma coisa, aqueles que estão dizendo até agora que o Galo é cavalo paraguaio, continuem assim, por favor...
Não deu para o Leão do Norte, que bem que deu trabalho no Pacaembu, e o Corinthians garantiu mais três pontos no Brasileirão. Mas diferente da campanha do Paulista e da Copa do Brasil, em que o Corinthians conquistou uma regularidade marcante – que lhe valeu a pecha de "frieza" –, o campeonato está mostrando que vai acontecer na modalidade "com emoção".
Mais ou menos aos dez minutos de jogo, eu estava no carro a caminho da casa de um amigo que acionou o Pay Per View, quando chega a mensagem no meu celular: "cadê você? o Sport já fez 1x0". 20 minutos depois, enquanto eu me perdia nas ruelas da Praça da Árvore, toca o telefone: "E aí, desisitiu? O Gordo já fez dois de cabeça! E o goleiro do Sport ainda fez um milagre".
Cheguei no intervalo, a tempo de assistir os melhores momentos. O gol do Sport foi um belo cruzamento, mas uma marcação totalmente falha no meio da área, e o atacante colocou de cabeça, no canto esquerdo do gol (esquerdo de quem entra, que fique claro), com perfeição. O primeiro gol do Ronaldo foi de um cruzamento perfeito de André Santos para o Gordo que estava no segundo pau (sem qualquer insinuação, hein). Aliás, posso queimar a língua, mas aposto que ainda vou ver futepoquenses elogiarem nosso lateral esquerdo, ele está evoluindo muito, a olhos vistos – e talvez seja o mais forte candidato a ser vendido ao final da temporada. O segundo gol foi um cruzamento da direita; o mais impressionante do gol foi a maneira como o Gordo se desmarcou, como bem apontou meu camarada Macari: um movimento e se colocou atrás do zagueiro, totalmente livre para concluir o lance.
O segundo tempo, que começou com pressão e muitas jogadas perigosas do Timão. Quem fez o terceiro foi Cristian, com um torpedaço de meia distância, daqueles que ele costuma engavetar, mas desta vez desviou na zaga e matou o goleiro no lance.
Com 3x1 e o Corinthians sobrando em campo, e empolgados pelas performances de meu filho Chico – aquele que viveu o episódio com o palmeirense no ônibus –, que dançava e pulava alucinadamente ao som de "Aqui tem um bando de loucos, loucos por ti Corinthians", entoado por nós mesmo, velhos amigos que há muitos anos não se juntavam para um jogo, subimos nos saltos da arrogância. Nosso papo era "vai ser 8 a 2", "eu aposto 7 a 2", "só não vai ser 8 a 2 porque o Felipe não vai deixar passar o segundo" e por aí fomos. E o Chico pulando e pulando, e correndo de um lado pro outro.
Sentindo o clima que emanava da Praça da Árvore, Mano Menezes decidiu pôr reservas pra jogar – coisa que ele vai ter mesmo que fazer, para esse pessoal sentir a aspereza do gramado. Entrou, por exemplo, o Moradei, para os protestos dos manguaças, que unanimemente o consideram uma negação. O fato é que não éramos os únicos a perder o foco em nosso delírio. O time em campo também dispersou. E em duas falhas da marcação o Sport empatou (CORREÇÃO SÓBRIO: NO SEGUNDO GOL, FELIPE BATEU ROUPA FEIO, NÃO FOI TANTO FALHA DA MARCAÇÃO).
Puta merda, começamos a tomar pressão, num jogo que parecia fácil, fácil. Um jogador do Sport foi expulso por um segundo amarelo, uma "braçada" na cara do Marcelinho, outro reserva que entrou. (Olha gente, posso estar enganado com um nome ou outro, mas ver jogo, apostar e cuidar de um molequinho pilhado ao mesmo tempo dá nisso. CORREÇÃO SÓBRIO: QUEM LEVOU A BRAÇADA FOI MORADEI, QUEM FOI EXPULSO FOI O GUTO) O sportista tinha tomado o primeiro amarelo no início da partida.
Pouco depois, lá pelos 35 minutos, foi a vez de Moradei fazer o seu "gol cala-a-boca". Num perigoso ataque do Corinthians, sobrou uma bola na meia direita. Moradei ajeitou e bateu com muita curva, e a bola foi perfeita para o canto esquerdo do goleiro. Chico pulando de novo, nós gritando e agora apostando no "9 a 3". Faz parte, torcida brasileira...
A defesa desfalcada
Tanto neste jogo quanto no outro contra o Grêmio, o Corinthians mostrou como depende da segurança de sua defesa. É na defesa que o Timão impõe a sua "frieza" e mostra que o osso é duro. Dominando as jogadas por ali, tira a virilidade do ataque adversário, e aí começa as séries de bons passes que também caracterizaram esse time em outras partidas. No jogo anterior, faltaram os dois titulares da zaga, neste, estava Chicão, mas não William.
O bom deste jogo é que o Corinthians mostrou que pode ser um time que faz mais gols do que leva. Ou seja, mesmo com maior fragilidade na defesa, é capaz de criar e concluir lances de gol. Contra o Grêmio, aconteceu que nem Douglas, nem André Santos, nem Elias, nem Dentinho fizeram uma boa partida. O Timão não criou e Ronaldo ficou isolado. Mas os 3x0 em Porto Alegre foram, a meu ver, uma ensacada perdoável, pois não deixou de seu um jogo pra viver a ressaca após o título da Copa do Brasil, que havia sido passado adiante depois da grande apresentação diante do Fluminense.
Mas, não adianta, o Corinthians tem que fortalecer sua zaga reserva, para que possa substituir com dignidiade a titular e não abalar o esquema de Mano Menezes. Mas não é fácil repor a destreza da dupla Chicão e William – muito bem apoiados por Alessandro, André Santos e Cristian. Todos esses atletas estão jogando muita bola.
Fofoca
No final da partida, Leão saiu reclamando da arbitragem e espalhando uma história de que o Mano Menezes teria dito a ele que o juiz segurou o jogo, o que para o Leão seria quase uma confissão de que houve favorecimento. Mano desmentiu a versão e disse que isso de ficar passando adiante conversa é "coisa de lavadeira".
OBS.: Como viram, fiz algumas correções agora de manhã, digo, no início da tarde, em pleno estado de sobriedade, mas mantive o texto original pra não desdizer quem tenha lido antes.
Ontem, dia 15, é dia de pagar meu aluguel. Mas também era quarta-feira, então fui ao Roxão comer uma feijuca com os irmãos. Após algumas cervejas, tomei o rumo do banco.
Peguei o cartão da conta da minha empresa, que acabou de ser aberta, e a senha não funcionou. O manguaça é sempre alguém que duvida primeiro de si mesmo. Tentei de novo, nada, e antes que meu cartão fosse bloqueado fui até o caixa. Digitei a senha, uma senha de 8 dígitos que meu sócio que abriu a conta me passou, e não deu certo. Foi quando a menina me informou: "Aqui só tem senha de 6 dígitos, não de 8". Eu só tinha uma senha de 4 dígitos – para operações por telefone – e uma de 8. Diante do impasse kafkiano, ela me sugeriu que tentasse ir ao caixa eletrônico e usasse os 6 primeiros dígitos da senha de 8, para ver o que acontecia. Se não desse certo, que eu voltasse para falar com ela.
Foi o que eu fiz. Saí, tentei, não deu certo. Nesse ínterim, deu 16h e a agência fechou. Quer dizer, o segurança encostou a porta e ficou esperando os últimos clientes saírem. Chamei o tipo e expliquei a situação. Esses profissionais são todos muito bem treinados para o atendimento ao cliente, então ele me tranquilizou com um "Espera ali, ó, atrás daquela faixa! Vou ver se ainda dá pra fazer alguma coisa". Simpatia sempre me comove, então fiquei ali. Nisso chegaram umas três pessoas, provavelmente conhecidas do vigia, ele abriu e elas entraram. Fui entrando junto, entendendo que já havia permissão. Mas o amigo apertou as sobrancelhas, fez bico de sargento e grasnou: "Eu falei pra ficar atrás da linha".
Aí quem levantou a voz fui eu: "Escuta aqui, eu sou um cliente, uma das poucas coisas que ainda tem direitos nesta joça de mundo, o que o senhor está pensando pra falar desse jeito?". Bertolt Brecht estudou muito esses intermediários do poder em sua dramaturgia. O preposto é um tipo sempre pronto a assumir a máscara da pirâmide que se ergue por trás dele, mas também que precisa como ninguém que o seu frágil poder seja legitimado pela obediência. Quer dizer, basta falar um pouco mais alto que ele ouve nas entrepausas da voz a interpelação implícita: "você sabe com quem está falando?!". No caso, estava falando comigo, um ninguém, ou melhor, um homem com o mesmo valor e os mesmos direitos que ele e que queria apenas que ele não interrompesse um diálogo que acontecia entre mim e uma funcionária que se encontrava do outro lado do portal do qual ele era guardião.
O vigia se assustou um pouco, ficou meio sem reação, sem saber muito como proceder. Nessas horas, sobe-se rapidamente a ladeira das hierarquias. O gerente se interpôs, atravessou a porta rotatória e virou o rosto oferecendo a orelha para que eu lhe contasse minha história. Ele me ouviu e chamou pra si a responsabilidade. Aí ligou pra minha agência, falou com não sei quem e não sei quem mais, tudo para se chegar a um acordo sobre o procedimento mais simples para efetuar o meu pagamento. Teria que copiar minha carteira de motorista, eu escreveria um requerimento de próprio punho e eles tratariam dos demais trâmites.
Essas tratativas custaram uns bons 40 minutos de todos nós. Liga daqui, faz cópia de cá, o gerente ficou analisando minha habilitação. Olhou pra mim com atenção e avaliou: "Você mudou hein...". De fato, é uma foto meio antiga. "Pois é, a barba, o cabelo comprido e uns 15 quilos a mais fazem alguma diferença", expliquei. Ele olhou de novo o documento, e resolveu ser um pouco mais claro: "Olha que eu tenho três anos a mais que você..."
Mirei a cara daquele tipo todo bombado, enfiado num terninho e com um topete minuciosamente esculpido em gel que reproduzia à perfeição a curva superior da logotipo do Bradesco no cartaz acima de sua cabeça e pensei comigo que alguma razão ele tinha, eu devo parecer uns 15 anos mais velho que ele. Aí vem outra virtude do manguaça, que evitou que eu desse uma resposta atravessada a esse gerente tão dedicado em resolver o meu problema bancário. Amistoso, acrescentei: "É que eu bebo demais e penso um pouco". Ele sorriu, satisfeito com a explicação.
É difícil escrever sobre o Santos sem ser repetitivo. Mais de uma vez usei esse espaço pra dizer que o Santos não tem um elenco forte (diretoria idem) , possui um problema crônico na lateral-direita, só três volantes no grupo e poucas opções no banco. Isso forçou o interino Chulapa a tentar fazer algo diferente do que Manini vinha fazendo: colocar Roni no time titular e jogar com dois atacantes de área.
Talvez Freud explique a opção do treinador, ex-centroavante de sucesso. Quando era o treinador que conseguiu o acesso da Portuguesa Santista para a primeira divisão do estadual em 1996, ele manteve como titular um atacante de área, Carlinhos, mesmo este ficando, se não me engano, 28 jogos seguidos sem marcar gols. Não havia uma vez sequer que não fosse vaiado no Ulrico Mursa. "Ele prende os zagueiros, sei como é isso", justificava Chulapa à época. Talvez Roni tenha ganho a posição por conta disso, pela predileção do interino por alguém que "prenda os zagueiros". Uma opção "freudiana", motivada também pela hoje natural falta de alternativas no elenco. Não deu certo. Tirar um meia que cai pelas pontas acabou isolando algumas jogadas feitas pelas beiradas e a equipe perdeu potencial ofensivo.
O pai da psicanálise talvez explique também a atuação desastrosa de Wagner Diniz. Vindo do São Paulo, onde foi encostado, vive a expectativa de reencontrar o algoz que o encostou no Tricolor, o técnico Muricy Ramalho. Foi sacado aos 31 minutos, substituído por Luisinho, após ter falhado nos três gols do Barueri. Claro que, se não tem estrutura para suportar uma pressão dessas, Diniz não tem condições de jogar em um clube grande. E a necessidade de se buscar um jogador da posição volta à baila.
O 3 a 1 ao fim do primeiro tempo era mais que preocupante. Mas a partir da segunda etapa, com um jogador a mais logo no início, o Santos mostrou brio. Uma bola na trave de Rodrigo Souto e uma sequência de finalizações ao gol do Barueri, que foi recuando gradativamente com as mudanças de Estevam Soares. Chulapa colocou Robson e tirou Roni, desfazendo o erro original da escalação. O time chegou mais pelos lados e ganhou ainda mais ofensividade com a entrada de Neymar no lugar do zagueiro Fabão. Aliás, substituição semelhante àquela feita por Mancini na partida contra o Sport, em contexto semelhante.
Contudo, como daquela vez, esse não foi o fator determinante para a reação peixeira. Foi sim a raça, a garra, o que é extremamente positivo por demonstrar um fator sem o qual não se faz um escrete vencedor, a vontade dos jogadores. Mas também deixa claro que a equipe tem um esquema deficiente e carece de jogadores. Se Muricy vier, será excelente, mas ele apenas não é suficiente para fazer do Santos um candidato ao título. É preciso reforçar o elenco, com qualidade, algo que, pelo que se viu nos últimos dois anos e meio, parece cada vez mais difícil na Vila...
O astro
Xodó dos torcedores do Santos, Chulapa não teve qualquer pudor em tirar Wagner Diniz antes do fim do primeiro tempo. Deve ter dado uma sacudida terrível no time no intervalo, que voltou bem mais aceso. Escalou errado, mas conseguiu mudar bem dentro das possibilidades que tinha. Ao fim da partida, "jurou" Estevam Soares, empurrou um repórter da Sportv, mas depois pediu desculpas. Um show à parte, mas com o mesmo destempero que o tirou do comando da equipe em 2004, mesmo tendo feito um bom trabalho. Esse, nem um divã dá jeito...
Desta vez foi no Maracanã e diante do Flamengo, o oitavo do campeonato. O Palmeiras venceu a terceira seguida no Brasileiro por 2 a 1, com uma atuação convincente que aproveitou a boa atuação de Diego Souza e as falhas do rubronegro no primeiro tempo.
Nas duas partidas anteriores, contra o Náutico em casa e o Avaí em Floripa, o Palmeiras havia levado a melhor contra equipes que frequentam a zona de rebaixamento. No clássico contra o Santos, Jorginho estreiou com empate em casa, em meio a muitas dúvidas. Já são onze jogos sem derrotas.
Na partida entre os times que mais desarmam no campeonato, a marcação pressão e a rapidez dos contra-ataques puxados por Diego Souza foram a marca do primeiro tempo. O primeiro gol foi dele, em trombada de Ortigoza com a zaga. O segundo foi do peruano camisa 30, que recebeu de Deyvid Sacconi.
Na etapa final, o Flamengo voltou mais acordado, mas ficou distante de estabelecer pressão. Diminuiu com um gol de pênalti cometido por Danilo. Curioso é que o zagueiro do Palmeiras agarrava com vontade a camisa de Adriano. Tanta era a força que, quando o grandalhão empurrou o zagueiro, também com força, quase que Danilo levou a vestimenta do rival. Apesar do empurrão, que coloco na conta da malandragem do atacante para fazer o árbitro ver a infração, considero o pênalti correto.
Mesmo assim, nos contragolpes, o Palmeiras levou mais perigo para o gol de Bruno do que o time da casa para o de Marcos, o Goleiro, que só trabalhou com mais afinco em três lances. E não foram tantas outras finalizações dos cariocas.
Jorginho conquista ainda mais tempo de tranquilidade para enfrentar o Santo André, o Goiás e o Corinthians. Isso porque vai havendo menos motivos para gastar fortunas com um treinador de grife. Mas tem ainda 11 dias para saber se o clima se mantém.
O Estudiantes de La Plata venceu o Cruzeiro em pleno Mineirão nesta quarta-feira, 15. Os 2 a 1 repetiram o que parece ser uma sina para equipes brasileiras desde 2005. Em todas as finais de Libertadores nesse período havia a presença de brasileiros.
Títulos para equipes nacionais só vieram nas duas vezes em que ambos os competidores eram do país (em 2005 e 2006, quando São Paulo e Atlético-PR e Inter e e São Paulo disputaram a decisão).
Já que estamos no momento das contas, nos últimos 10 anos, havia brasucas em oito. Se esticar para duas décadas, em 15 havia brasileiros. A capacidade dos times conseguirem se aproximar do caneco não tem se concretizado em título.
Foto: VipComm/Divulgação
O jogo
O Estudiantes saiu perdendo aos doze minutos do segundo tempo, com um chutaço do volante Henrique que desviou em Desábato. Quinze minutos depois, o empate. Mesmo sem partir para o tudo ou nada, os argentinos conseguiram igualar com Gáston Fernándes aos 27. Segundo a Bodega Cultural, isso se dava quando o locutor da Globo, Galvão Bueno, anunciava as presenças dos governadores e pré-candidatos tucanos à presidência José futebol e política não se misturam Serra e Aécio Neves. Mais quinze se passaram e Mauro Boseli aproveita a bobeada da defesa azul para colocar os visitantes em vantagem. E dá-lhe retranca.
Sem o título, o treinador do Cruzeiro merece aplausos por levar a equipe até as finais. Mas permanece como promessa de treinador consagrado. Dias depois da última leva de demissões de treinadores de times da série A do Brasileiro, talvez não baste a promessa. Alterado às 8h30
O Iraque goleou a seleção da Palestina por 3 a 0 e 4 a 0. Foram as duas primeiras partidas internacional disputada em casa pela seleção da terra de Jalal Talabani (sucessor de Saddam Hussein).
O primeiro jogo correu na sexta-feira, 10, em Ebil (ou Irbil), ao norte do país, onde vive uma maioria curda. O segundo foi na segunda-feira, 14, no estádio Chaab, em Bagdá, que recebeu umas 45 mil pessoas para a partida.
Uma tempestade de areia quase ameaçou a chegada da seleção palestina à capital, mas funcionou.
A Fifa proíbe a realização de partidas oficiais no país desde a ocupação da coalizão dos Estados Unidos e Inglaterra. Apesar de aprovar ambos os jogos, a entidade comandada por Joseph Blatter não suspendeu proibição.
Segundo consta, os iraquianos gostam mais de futebol do que de quebab de carneiro. Em 2007, o escrete do país venceu a Copa da Ásia, sob o comando do técnico brasileiro Jorvan Vieira. O Terra garante que a conquista produziu um momento de união nacional entre xiitas, sunitas e curdos nas ruas para celebrar a vitória de 1 a 0 sobre a Arábia Saudita.
Nesta terça-feira, 14, o Senado instalou a CPI da Petrobras quase dois meses depois de começar as buscas por 27 assinaturas necessárias, em 15 de maio. Muita água rolou. Foram arrecadadas cinco firmas a mais do que o mínimo necessário, a estatal criou um blogue para responder às acusações da comissão e da mídia, Lina Vieira, a superintendente da Fazenda – de onde veio o gancho para a criação da comissão – foi demitida e José Sarney (PMDB-AP) encontra-se em meio a um furacão de denúncias de atos secretos, nepotismo e desvio de recursos de convênios com a própria Petrobras.
Instado a comentar a questão pela anônima cobrança de um leitor, resta lembrar alguns pontos, já que a ação acontece na capital federal.
Eleições 2010 Como grande parte das ações praticadas por figuras públicas eleitas, tanto a CPI quanto as denúncias contra Sarney passam pela eleição do próximo ano. Seja como palanque da oposição, seja para tentar colar a pecha de corrupto nos candidatos alinhados ao governo federal, a comissão tem tudo para reeditar momentos da trilogias do primeiro mandato de Lula – Mensalão, Correios e Bingos – a do fim do mundo. Não se pode esquecer ainda que a CPI das ONGs corre firme e forte, a ponto de ter se tornado moeda de troca depois da trapalhada de Inácio Arruda (PCdoB-CE) que, ao deixar a relatoria, viu seu posto ocupado pelo tucaníssimo Arthur Virgílio (PSDB-AM), o ilibado. Tudo bem que, ao que consta, o acordo do que é ONG objeto de investigação parece ter sido bem costurado para não desagradar demais nem a petistas nem a tucanos.
Diferenças entre 2009 e 2005 Numa comparação meio bruta, pode-se dizer que governo e oposição devem ter posições mais elaboradas do que nos escândalos de 2005. De um lado, o blogue da Petrobras mostra que a estatal está mais preparada para lidar com uma crise do que estava o PT e os demais partidos. Havia rumores até de que o Fatos e Dados traria um calhamaço de documentos que talvez fossem requisitados como forma de se antecipar. Até agora nada. Mas some-se a confirmação da promessa de Romero Jucá (PMDB-RR), líder do governo, de assegurar a presidência e a relatoria. Ele próprio assumiu a relatoria e João Pedro (PT-AM) ficou com o comando dos trabalhos. O plano de trabalho sai só em agosto, depois do recesso. Alguém pode lembrar que Delcídio Amaral (PT-MS) era presidente da CMPI dos Correios, mas Osmar Serraglio, Amir Lando, Ibrahim Abi-Ackel, Efraim Moraes e Garibaldi Alves tinham nada de governistas. Se Romero Jucá conseguir o que quer, o plano de trabalho só sai depois do recesso, em agosto. Tudo bem que, no frigir dos ovos, tudo é negociado e disputado, mas está claro que a base aliada consegue até aqui aparente controle das coisas. Do outro lado, a engrenagem entre os jornais que levantam denúncias seguidas de parlamentares que exigem, em plenário, o esclarecimento do caso, vem funcionando de modo bastante azeitado. O presidente da Petrobras descreveu esse ciclo com clareza em entrevista à IstoÉ Dinheiro. Na reeleição de Lula, a tentativa de reedição do Mar de Lama passou longe de funcionar em um panorama de crescimento econômico com distribuição de renda. Será que a estratégia vai ser apostar numa crise econômica com profusão de denúncias e alvos ou com mais pressão sobre menos pontos?
Foto: Montagem com fotos de Geraldo Magela e Moreira Mariz/Agência Senado Jucá, líder do governo e relator, Sarney, presidente do Seando, e João Pedro, no comando da CPI
Governabilidade A análise corrente aponta que o Planalto se preocupa tanto com José Sarney porque depende dele para manter a capacidade de aprovação das medidas de seu interesse. Se o presidente do Senado cair ou se licenciar – o que pode ser a mesma coisa segundo o teorema Renan Calheiros – entra em seu lugar Marconi Perillo (PSDB-GO). Enquanto o PSOL organizava um Fora Sarney com máscaras de papelão com proeminentes bigodes desenhados contra a "Máfia do Senado", o PT capitulava entre pedir o licenciamento e apoiar o cidadão. Se há o temor da ingovernabilidade, que se assumam as consequências de aparecer na foto escudeando Sarney, com todas as consequências disso. Mas a dubiedade enquadrada foi mais fácil.
O novo medicamento pode prolongar em até quatro meses a sobrevida de portadores desse tipo de câncer – o que em muitos casos pode significar o tempo necessário para o aparecimento de um órgão compatível ao paciente para a realização do transplante que lhe poderia salvar a vida.
Um amigo aqui do trampo me passou essa excelente entrevista concedida pelo jornalista, escritor e cachaceiro convicto Xico Sá (blog dele aqui), um dos cronistas esportivos mais admirados pela turma aqui do Futepoca, à revista literária virtual Germina. O entrevistador é o também poeta Jovino Machado (blog com poemas novos aqui, biografia e alguns trabalhos mais antigos aqui, que manda muito bem.
Machado pergunta e Sá responde sobre cachaça, amizade, poesia, música, mulheres, a proverbial posse das cavidades anais dos indivíduos altamente alcoolizados, sobre a vida, enfim. Veja os trechos que eu mais gostei abaixo (destaque os seus) e a entrevista completa aqui:
Jovino Machado – Só os bêbados suportam os bêbados? Só os sóbrios suportam os sóbrios? Xico Sá – “Os bêbados são anjos que vagam lindamente, é tanto que as crianças adoram os seus passos trôpegos e outras vadiagens. Dos sóbrios, não entendo patavinas, faz muito tempo que não sei o que seja essa forma chata de encarar o inferno terreno.”
Deus inventou o lar e o diabo, o bar? Concordo, mas o filho de Deus, o cabeludo que aprontou em Cafarnaum e região, não era nada besta: tudo que era pote de água virava vinho dos bons nas suas mãos. Tô com ele e não abro.
O vício é um luxo da natureza? Aém de uma bela vingança contra a chatice do mundo. Eu pelo menos não agüento sóbrios e quem agüenta é só por vaidade: querendo se mostrar superior, o que se torna mais babaca ainda.
Cu de bêbado não tem dono? Eu sigo o slogan de uma cachaça cearense chamada Chave de Ouro: “Com essa, você já cai de cu trancado”. Mas para quem ainda não descobriu essa pinga, realmente o ditado está certo. Culus bebedorum dominus non habet, como rezaria o padre das antigas no seu bom latim.
O torcedor ficaria chateado, mas até poderia entender a derrota por 6 a 2 para o Vitória ontem como um simples “acidente de percurso”, conforme justificou o ainda técnico peixeiro Vágner Mancini. Mas vendo uma sequência terrível de partidas onde o time joga mal e/ou deixa escapar vitórias fáceis, não dá mais para o santista assistir de forma passiva à derrocada da sua equipe sem achar a quem culpar de forma imediata.
O Santos parecia até um time bem arrumado no Paulista. Mas, como as experiências repetidas a cada ano demonstram, nem sempre os estaduais são um parâmetro confiável para um campeonato ranhido e longo com o Brasileirão. Um dos pontos fortes do Santos no Paulistão era a participação ativa dos meio-campistas e dos atacantes na marcação. Neymar e Madson voltavam para a intermediária, assim como Paulo Henrique Ganso, que acompanhava as descidas dos volantes adversários. Triguinho, na lateral, se não era nenhum gênio no apoio, muitas vezes fazia o papel de terceiro zagueiro, liberando um ou dois volantes para atacar de acordo com a necessidade da equipe.
Mas, aos poucos, o esquema de Mancini foi desabando. Se uma ou duas peças não funcionam bem na equipe, pode-se trocar ou adequar alguém para a posição; se outros dois atletas se contundem, também dá-se um jeito; caso um atleta esteja em más condições físicas, é só promover um reserva... É assim que deveria funcionar em um clube minimamente estruturado ou “planejado” como gostam de dizer alguns doutores da bola travestidos de cartolas. Não é o caso do Santos.
Assim, o técnico tentou algumas vezes substituir Neymar por Maikon Leite, para exercer a mesma função já que ambos tem características parecidas. Como o atacante ainda sofria com sua adaptação pós-cirurgia, Molina virou a solução. Ou seja, o esquema teve que ser mudado. Na lateral-esquerda, com a contusão de Triguinho, Léo voltou mas, fora de forma, não conseguiu exercer a mesma função de seu antecessor. Naquela posição, Pará faz o santista entristecer pois comparar este “coringa” com outros históricos como Lima nos anos 60 e recentemente Elano, é pra fazer qualquer um desistir de torcer.
A última tentativa de inovação da parte de Mancini aconteceu ontem. Um esquema com três zagueiros de ofício, mas que, na prática, são três volantes, já que Paulo Henrique Rodrigues atuou mais à frente. Carpegiani foi esperto e, no lugar de um atacante, colocou um meia para dominar o setor, marcando a saída de bola do Peixe. E dominou. Os zagueiros ficaram distantes dos meias, expostos ao ataque do Vitória e aos avanços de Apodi (aquele) e, no mano a mano, a zaga santista sofreu como sofreria qualquer outra no planeta, ainda que fosse excelente (o que não é o caso). Pra completar, o goleiro Douglas achou por bem falhar bisonhamente no primeiro gol baiano e Domingos fez uma das piores apresentações de um zagueiro com a camisa do Santos, lembrando atuações pouco saudosas de Camilo, Pedro Paulo, Marcelo Fernandes, Marconato etc.
Assim, Mancini bambeia, mas não cai. Não achava que o presidente santista fosse demiti-lo logo depois do jogo, até porque ele finge ser cartola europeu, daqueles que dão “crédito” ao técnico por conta de seu trabalho. Se nem Nelsinho Baptista foi demitido imediatamente após o 7 a 1 para o Corinthians (precisou ser goleado por 4 a 0 para o Internacional em seguida), não seria Mancini vitimado assim.
O problema agora é saber quanto tempo durará o atual treinador santista e quem vem substitui-lo. As especulações acerca de Nelsinho e o perdulário Luxemburgo são de arrepiar. Junte-se a isso o fato de Parreira ter sido demitido do Fluminense e temos um pesadelo se desenhando. Como já disse, só Muricy pode salvar o Santos de mais uma campanha pífia no Brasileirão, já que a salvação imediata – a queda da diretoria do clube – só virá por milagre. Oremos.
O canto da torcida do Galo no segundo tempo, quando estava 2 a 0, pode até ser considerado exagerado por conta de o Cruzeiro ter entrado com o time reserva e estar com um jogador a menos em praticamente toda a partida.
Mas como o Galo não tem nada a ver com isso, fez a sua parte, ganhando de 3 a 0, que poderiam ser pelo menos 6 se os bandeirinhas não errassem em pelo menos 3 impedimentos com os jogadores do Galo saindo sozinhos à frente do goleiro cruzeirense.
Mas o que importou foram os três pontos, que reconduziram o Galo à liderança e impediram a quebra de um tabu. O Galo continua com a maior série invicta, de 13 partidas sem derrota para os azuis, conquistada na década de 1980.
Quanto ao jogo, a destacar que o Cruzeiro, embora com reservas, tinha pelo menos seis jogadores que já foram titulares ou veem entrando sempre, como Jancarlos, Athirson, Fabinho, Fabrício, Elicarlos, Thiago Ribeiro e Zé Carlos. Claro que Fábio, Ramires e Kléber fazem uma falta danada, mas quem decidiu não escalá-los foi o técnico do Cruzeiro, então o Galo tem mais é que comemorar a vitória.
Porque até os 30 minutos do primeiro tempo o jogo estava igual, com o Galo nervoso, perdendo gols e tomando contra-ataques. Depois da furada do Tardelli e do gol do Júnior, dominou inteiramente a partida e poderia ter ganhado de 5 ou 6 a zero.
Méritos para o Roth que desta vez mexeu bem (diferentemente dos jogos contra Barueri e Botafogo, em que errou nas substituições), tirando um lateral que estava com cartão amarelo e trocando pelo terceiro atacante.
Com isso abriu o Tardelli e o Éder Luís, um em cada ponta, e colocou o Alessandro no meio da área, com o Júnior, na meia, chegando de trás, acabando com a cobertura dos 3 volantes do Cruzeiro.
Valeu a comemoração feita em casa com os mosqueteiros que foram comigo à derrota contra o Barueri. Esquentamos o pé frio justamente contra o maior rival.
Na quarta, vou fazer de conta que não estou secando para ver se o Estudiantes ganha de meio a zero para calar o Mineirão. Dá-lhes, Pincharratas.
Em casa, de goleada, a vitória sobre o Náutico garante a interinidade de Jorginho como técnico do Palmeiras por mais alguns jogos. Mesmo sem ser o preferido nem da diretoria, nem da maior parte da torcida. O time está na vice-liderança, pelo menos até o fim da rodada.
O frio, a chuva e o estado do gramado não se tornaram obstáculo. O primeiro gol foi aos 7 de jogo com Maurício, em cruzamento de Cleiton Xavier. Aos 28, veio o segundo, com Willians, que recebeu de Diego Souza. O Náutico diminuiu com Márcio Barros, em chute que desviou na zaga, aos 21 do segundo tempo. Aos 28 e aos 40, Armero e Pierre.
Assim como contra o Avaí, havia obrigação da vitória. E assim como no jogo anterior, a diferença de três gols indica que tudo está tranquilo, o que reduz a pressão sobre a diretoria depois do fim das negociações com Muricy Ramalho, após as expectativas da torcida terem sido tão estimuladas.
Na quarta-feira, 15, o alviverde vai ao Maracanã enfrentar o Flamengo com Jorginho no banco mas sem Obina. Apesar de não ter forçado o terceiro cartão amarelo, consta no contrato de empréstimo a impossibilidade de ele jogar contra o clube de origem sob pena de pagar multas.
Mesmo sem uma campanha estupenda, enfrentar o rubro-negro em casa não é fácil.
A Guinness está completando 250 anos e, para comemorar, pretende fazer com que duas pessoas experimentem o sabor de sua cerveja em condições, no mínimo, inusitadas. Uma competição em 28 países (ainda não se sabe como será ou em quais lugares) apontará duas pessoas para 1) participar da primeira viagem espacial para passageiros e 2) descer nas águas mais profundas do oceano. Após um treinamento no Novo México, o primeiro ganhador fara um voo pela atmosfera da Terra a uma velocidade três vezes maior que a do som, acompanhado pelo milionário Sir Richard Branson's, que já pagou sua passagem. E o outro manguaca descerá nas águas profundas das ilhas Lofoten, na Noruega. Os felizardos serão conhecidos até o dia 24 de setembro, chamado de "Arthur's Day" para celebrar o nascimento do fundador da cervejaria irlandesa, Arthur Guinness. Alguém se habilita?
O Corinthians anda tão comentado, mas tão comentado, que parece que qualquer coisa que se diga a seu respeito já foi dito antes. Essa síndrome de tard venus (os que chegaram tarde demais), para usar uma expressão cara a Nietzsche, acaba nos condenando, a nós corintianos, às simples manifestações emotivas, seja na derrota (sai zica, já passou!), seja nas vitórias que agora se acumulam. Gritar "é campeão!" é sempre original, sempre único, sempre a primeira vez, não importa quantos milhões façam o mesmo, nunca é uma repetição de um gesto, é sim a refundação de um mito.
Mas, tirando esses momentos, parece difícil dizer algo que valha a pena em meio a tamanha saturação de informações. Resta-nos, talvez, a contra-informação, ou a contra-opinião, contra-análise. Quer dizer, dar um passo atrás, e gastar algum tempo observando a apressada circulação de um falatório sem fim, ressalvadas as dignas exceções. E a presença de Ronaldo agrava terrivelmente o quadro. Pois aí, além de tudo, tem a Globo rasgando elogios independente do que o Gordo faça.
Quando o Gordo de fato se mostra genial, aí haja paciência, como no último jogo contra o Fluminense. É tamanho bombardeio que nem dá vontade de comentar. O único que consegue dividir um pouco dos elogios é o Felipe. Afinal, são os dois que fazem milagre no Corinthians. Todo o restante, que é resultado de um excelente trabalho coletivo, com a liderança de Mano Menezes, um trabalho com foco, aparentemente sem (muita) ingerência da diretoria, passa como um detalhe ofuscado pelo principal: o Corinthians tem Ronaldo.
A parte isso, o que queria apontar é que parece que Ronaldo está mesmo querendo assumir o papel de líder do time. Isso significa que, além de falar mais besteira para a imprensa (há um custo a se pagar...), ele começa a chamar para si a responsabilidade não só na hora do gol, mas na condução do time durante o campeonato. A situação é interessante. Que eu me lembre, Ronaldo, mesmo na época em que foi eleito melhor jogador do mundo, nunca chegou a ser o líder natural de qualquer equipe. Nunca se cogitou dar a ele uma faixa de capitão. Sempre houve um Dunga, um Zidane ou um Rivaldo como referência de respeito em campo. Ronaldo sempre teve a verve de "fenômeno" mesmo, o moleque que irrompe com o inesperado, mas nunca foi visto como um homem, com maturidade para ser referência de estabilidade no time. Ronaldo começou a se equilibrar melhor com sua pança, e voltou a fazer jogadas geniais. Mas também está mais tranquilo na condição de cervejeiro, mais bem resolvido com seu "jeito de ser" (por assim dizer). Agora é observar a evolução dele no novo posto de cabeça da equipe.
De cara, ele acertou ao pedir ao time, logo depois da consquista do Tri da Copa do Brasil, que mantivesse a seriedade mas que jogasse "com mais alegria". E o que me impressiona é sua sensibilidade para aquilo que realmente falta hoje ao Corinthians. Caracterizado como um time "frio", o Timão joga com uma estabilidade impressionante – irritante para os adversários, não tenho dúvida –, mas falta vibração. E o que é o Timão sem vibração? Há aí um ganho, sem dúvida, que pode ser importante para fazer uma boa campanha no Brasileiro. O Corinthians é o time acostumado com os altos e baixos, com as decisões dramáticas, mesmo quando pareciam fáceis, com o estigma de que para nós "sempre é mais difícil". Se agora o time parece pender para o outro extremo, seus jogadores têm cara de Corinthians, e então é preciso dialeticamente encontrar um novo molho, com "tranquilidade e alegria", como quer Ronaldo, ou com uma inusitada síntese de "frieza e vibração". Isso sim dá jogo, e do bom.
Corinthians contra o povão
Será que os braços dados entre diretoria (que não paga ingresso) e torcidas organizadas (que não pagam ingresso) vão bastar para manter os ingressos absurdamente caros, tirando o sangue do torcedor comum e mantendo estádios sempre meio vazios? Por que será que a Globo transmitiu para São Paulo um jogo do Corinthians em pleno Pacaembu, quando estava acontecendo simultaneamente uma final de Libertadores? Mais gente em casa e Ronaldo em campo não seria uma situação ideal para certos interesses?
Resumindo, minha questão: o Corinthians vai ser o primeiro time brasileiro a expulsar o povão dos estádios, tal como aconteceu em outros países? Como a Inglaterra, mas lá as organizadas (violentas) também dançaram...
O Palmeiras desistiu de trazer Muricy Ramalho para comandar o time. O anúncio foi via Twitter do presidente do clube Luiz Gonzaga Belluzzo: "Torcida palmeirense: Infelizmente não chegamos a um acordo financeiro com o técnico Muricy Ramalho. Vamos atrás de outras opções. Abraços"
Para quem prometeu à "#torcida do #palmeiras, o anúncio do #técnico - seja quem for - vai sair primeiro aqui no twitter", é bem frustrante.
Outra hora vamos parar para comentar sobre o uso das novas tecnologias e a terceirização das comunicações dos clubes de futebol para empresas especializadas, o que significa mais receita.
Muricy devolveu, de um modo mais convencional, com uma nota para agradecer pelo "alto nível das negociações, profissionalismo e ética pela conduta das conversas".
As especulações voltam a explodir. E o movimento "Fica, Jorginho, ué" vai ganhando força. O "ué", inserido marotamente, mostra o teor e a convicção relacionada à proposta. Quem sabe funciona?
Ainda sobre a tentativa do governador de São Paulo José Serra de desvincular dois dos temas centrais do Futepoca – futebol e política – as imagens que estão nos jornais de ontem e de hoje ajudam. Claro que
Foto: Ricardo Stuckert/Pr "Preferia a camisa 1", pensou Obama. Melhor do que: "Bonita camisa Fernandinho. By the way, quem era Fernando?" Na quinta-feira, 9, a amarelinha da seleção foi para Barack Obama, presidente dos Estados Unidos, que prometeu revanche na próxima partida entre os Estados Unidos e Brasil nos gramados (não houve menção a medidas de retaliação cruzada)
Foto: Ciro_Fusco/G8website/Ansa O mesmo presente, oferecido na quarta-feira, 8, aos líderes do G-5 que participam do G-8 formando, com o Egito, o G-14 (ops, melhor lincando, G-14), que não chega a G-20 (o anticrise) nem a G-20+ (o da OMC, pró-Doha). Quem sabe, um dia, chegue no chavão do G-4 (o do brasileirão)
Companheiros, a declaração de Ronaldo, afirmando que o presidente Lula vai passar o chapéu entre empresários para que o Corinthians consiga construir seu glorioso centro de treinamento, fez-me recordar a primeira vez que meu querido time da marginal iniciou uma campanha, nos anos 80, para a construção do sonhado estádio. Seria na zona leste, bem ao lado de um dos extremos da recém-inaugurada linha laranja do metrô que, posteriormente, recebeu o carinhoso nome de Corinthians-Itaquera (depois de morrer de ciúmes por mais de duas décadas, palmeirenses pressionaram e o governo Serra acatou o lobby para ampliar a denominação do outro ponto final da mesma linha para Palmeiras-Barra Funda). O projeto, um sonho de toda uma torcida vibrante e que comparece em massa nos campos alheios, nunca passou da fase das maquetes, uma mais estrambólica que outra.
Diante do fato que despertou a ira do governador Serra, a ponto de dizer que futebol e cachaça, ops, política não se discute, incluo uma nova proposta, mais radical, que talvez nem o gordo nem o presidente pensaram: a construção de um novo estádio, moderno e público, naquele mesmo local onde o sonho corintiano não se concretizou. Senhor presidente, nunca dantes na história do esporte paulistano esta cidade precisou tanto de um novo estádio como agora. Eleita para ser a sede de jogos da Copa de 2014 e diante da iminente decadência do estádio do Morumbi, São Paulo tem que mostrar sua capacidade e arrojo para garantir que a final da Copa do Mundo seja aqui – pois não dá para o Maracanã, responsável pela nossa mais vergonhosa derrota numa Copa, repetir o mesmo vexame. Seria o fim daquele belo estádio, monumento aquitetônico e cartão postal da cidade do Rio de Janeiro.
Por outro lado, São Paulo, que sempre cresceu desordenadamente e amontoou casas de jogos no eixo centro-oeste (Pacaembu, Morumbi nos respectivos bairros e Palestra Itália na Barra Funda) esqueceu das outras regiões da cidade. A Zona Leste é hoje, o bairro mais populoso do município. Sobre seu território vivem 4,5 milhões de corintianos, palmeirenses, são paulinos, santistas e uma série de outros torcedores e admiradores do nosso esporte, meus amigos futepoquenses. Não desmerecendo a Zona Sul, outra grande região (com menos da medate do moradores da ZL, e dona do festejado autódromo de Interlagos), aquele território desprestigiado pelos nossos arquitetos e urbanistas, abandonada pelos nossos governantes, e aonde se empurrou por muitos anos as necessárias obras de infraestrutura – que ainda fazem falta por lá – a Zona Leste pede há tempos uma grande obra que mexa com a estrutura urbana e social, uma intervenção de lazer que a torne referência em entretenimento – algo que o futebol consegue fazer muito bem.
O governador de São Paulo José Serra, talvez irritado com as críticas recebidas pelo Futepoca aqui (e aqui, aqui, aqui...) resolveu responder nos atacando de forma brutal."Não tem nada a ver futebol com política", bradou o tucano em entrevista concedida em Genebra. Como disse o Fredi, só faltou complementar a frase dizendo que "só mesmo quem toma cachaça pra achar que política e futebol combinam". Um absurdo ataque à liberdade de expressão e uma moção de censura aos manguaças desse blogue.
O argumento do cabotino provável candidato à presidência em 2010 foi utilizado por conta de uma declaração de Ronaldo, o Gordo, aquele que faz as flores murcharem quando abre a boca. Desta feita, o atacante disse que "o presidente Lula é quem mais está ajudando o Corinthians nessa fase. Ele está dando alguns contatos de empreiteiras que podem nos ajudar. O presidente está muito interessado no projeto do Corinthians. Ele é fanático, um corintiano roxo". Evidencia-se-se pois a perfídia da estratégia serrista: utilizar a figura de Lula, que sintetiza os temas desse blogue em sua pessoa, para nos atingir.
Não nos calaremos, governador! E continuaremos provando que futebol tem a ver com política, a despeito de suas vis ofensas.