Destaques

Mostrando postagens com marcador Política. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Política. Mostrar todas as postagens

terça-feira, fevereiro 24, 2015

Política - definições básicas

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook



quinta-feira, fevereiro 12, 2015

'Bebidas espirituosas'

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

O 3º volume da coleção 'Terra Brasilis'
Em que pese ter sido escrito por Eduardo Bueno, aquele que recentemente chamou a região Nordeste de "bosta", o livro "Capitães do Brasil - A saga dos primeiros colonizadores" é um dos três volumes de uma coleção publicada pela Editora Objetiva, no fim do século passado, que teve o mérito inegável de recontar e detalhar os primórdios da História brasileira sob uma ótica menos mítica/acadêmica e mais "humanizada", por assim dizer, perseguindo informações e provas documentais com rigor "jornalístico". A linguagem menos empolada/mais acessível utilizada pelo autor também colaborou para o sucesso popular dessas obras, pertencentes ao chamado "revisionismo histórico" - que, a partir daquela época, motivou centenas de publicações interessantes no país.

Marco de Touros, exposto em Natal
Pois bem, ao conhecer, no início deste mês, o Marco de Touros, exposto no Forte dos Reis Magos, em Natal (RN), me interessei pela tese de um pesquisador local de que Pedro Álvares Cabral talvez não tenha descoberto o Brasil em Porto Seguro (BA). Desde então, tenho lido e relido vários textos e livros sobre o primeiro século de colonização do nosso território. Um deles é exatamente "Capitães do Brasil", o único dos três títulos da Coleção Terra Brasilis que eu ainda não tinha lido (os outros são "A viagem do descobrimento" e "Náufragos, traficantes e degredados"). Neste último volume, Bueno trata sobre os interesses de Portugal ao decidir colonizar o Brasil 30 anos após a descoberta, a divisão em capitanias hereditárias, o destino de cada uma delas e as venturas e desventuras dos doze donatários daquelas terras.

Manguaça Vasco Fernandes Coutinho
Um deles foi Vasco Fernandes Coutinho, fidalgo português presenteado pelo rei Dom João III com a 11ª capitania das 15 demarcadas horizontalmente de Norte a Sul na nova colônia, a do Espírito Santo. Depois de tomar posse da gigantesca porção de terra em 1535 (cada capitania tinha cerca de 350 km de largura, dimensões similares às das maiores nações europeias), Coutinho decidiu regressar à Portugal quatro anos depois, em busca de algum sócio que topasse investir em expedições para procurar ouro e prata no interior do Brasil. Porém, ao partir para Lisboa, o donatário deixou no comando da capitania o degredado D. Jorge de Meneses, conhecido por "homem de Maluco". Não à toa: investido do cargo, quebrou acordo com os índios Goitacás e invadiu seu território. Foi morto a flechadas.

Mapa de Vila Velha do século XVI
Outro degredado, D. Simão de Castelo Branco, assumiu o posto vago. Em vão: ainda furiosos, os Goitacás não só o assassinaram como trucidaram a maioria dos colonos europeus, além de invadir e destruir o povoado que existia onde hoje está a cidade de Vila Velha. A notícia da tragédia demorou alguns anos para atravessar o oceano e, por isso, Vasco Coutinho a ignorava quando voltou ao Brasil. O pior foi que, além de desinformado, o donatário tomou uma atitude absurda ao fazer uma escala na capitania de Porto Seguro: levou consigo, para o Espírito Santo, um bando de degredados que havia fugido da cadeia de Ilhéus, depois de ter capturado e saqueado um navio. Um dos piratas era francês, e dar abrigo a ele era algo impensável numa época em que Portugal combatia com armas os frequentes saques da França no Brasil.

Gravura de índio 'bebendo fumo'
Com a ajuda dos degredados e de colonos remanescentes, Coutinho fundou um novo povoado, chamado Vila Nova (ao lado de onde antes existia a destruída Vila Velha) e, em 1551, derrotou os Goitacás - motivo pelo qual a Vila foi rebatizada como Vitória, cidade que hoje é a capital do atual Estado do Espírito Santo. Porém, os degredados, piratas e bandidos aos quais o donatário tinha se aliado se tornaram problema muito maior do que os indígenas, e a capitania caiu em desordem incontrolável. Para complicar a situação, segundo Francisco de Varnhagen, um dos primeiros historiadores brasileiros no século XIX, Vasco Coutinho "acabou por dedicar-se com excesso às bebidas espirituosas e até se acostumou com os índios a fumar, ou a beber fumo, como então se chamava a esse hábito, que naquele tempo serviu de compendiar até onde o tinha levado sua devassidão".

Estátua de Pero Fernandes Sardinha
Curiosa a denominação "bebidas espirituosas", quando em língua inglesa o goró é popularmente chamado de spirit, pois considera-se que o consumo de bebida alcoólica "altera o espírito", causando mudanças físicas e mentais. Voltando ao "dono" da capitania do Espírito Santo, seus vícios o fizeram sofrer uma série de humilhações públicas, infringidas pelo primeiro bispo do Brasil, D. Pero Fernandes Sardinha. De acordo com relato do então governador-geral da colônia, D. Duarte da Costa, Vasco Coutinho chegou a Salvador em 1555 "velho, pobre e cansado, bem injuriado do Bispo, que lhe tolhera a cadeira das espaldas e apregoara por excomunhão, por sua mistura com homens baixos e por seu hábito de beber fumo (...); e o Bispo dissera dele no púlpito coisas tão descorteses, estando ele presente, que o puseram em condição de se perder". Era o princípio do fim do fidalgo-manguaça.

O governador-geral Mem de Sá
Em 1558, outra vez cercado pelos Goitacás e sem qualquer respeito dos colonos ou controle na administração da capitania, Coutinho escreveu para o novo governador-geral, Mém de Sá, pedindo dinheiro e dizendo-se "velho, doente e aleijado". Apesar de mandar reforços, Sá escreveu para o rei sugerindo: "Parece que V. Alteza devia tomar esta terra a Vasco Fernandes e dar aos homens ricos que para cá querem vir". De acordo com o livro de Bueno, em 1561, "depois de gastados muitos mil cruzados que trouxera da Índia, e muito patrimônio que tinha em Portugal", Vasco Coutinho "acabou seus dias tão pobremente que chegou a pedir que lhe dessem de comer por amor de Deus, e não sei se teve um lençol com que o amortalhassem". Consta ainda que sua mulher e filhos acabaram seus dias desamparados, num hospital de caridade. E o território do Espírito Santo permaneceu por muito tempo abandonado, abrigando fugitivos e piratas.

A 'Medalha Vasco Fernandes Coutinho'
Mais de quatro séculos depois, Vasco Coutinho continua causando polêmica. Em 1962, a Polícia Militar do Espírito Santo criou uma medalha com seu nome, para "celebrar a colonização do solo" local - e "homenagear", no dia 23 de maio (alusão à data de desembarque de Coutinho em  1535), políticos, militares, empresários e "otoridades"/"celebridades" do gênero. Na edição de 2013, o dramaturgo Wilson Coêlho recusou-se a recebê-la, justificando: "Me parece estúpida a ideia de comemorar a colonização, principalmente quando significa eu assumir o papel de colonizado como um 'bom moço' entre os colonizados. Nesse processo de colonização, Vasco Fernandes Coutinho simboliza o genocídio, o assassinato cultural dos povos originários (Aimorés, Botocudos e Puris), a expansão do território europeu, o roubo e a exploração do trabalho escravo" (leia a íntegra de sua carta aqui). Apropriado ponto final nesse post.

segunda-feira, dezembro 15, 2014

E depois das derrotas de Marina e Aécio....

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Manchete de hoje do caderno 'Economia & Negócios' do jornal O Estado de S.Paulo



RECORDAR É PRECISO:

Grandes 'disputam' apoio contra seca e ampliam problemas da agricultura familiar

Em entrevista à RBA durante o lançamento das caravanas Horizonte Paulista, promovidas pelo PT para preparar-se para a disputa eleitoral, Biagi deixou clara sua inclinação à mudança em todos os níveis da política. "Sou a favor da alternância no poder. Em 20 anos, é claro que há desgaste para o PSDB no governo do estado, como há para o PT frente ao governo federal", afirmou, indicando há possibilidade de que empresários do setor tenham preferência por uma "chapa mista" durante a disputa eleitoral deste ano: contra o PT no governo federal e crítica ao PSDB em São Paulo. (27/02/2014)

Biu e Eduardo Campos lançam dois usineiros na campanha em Alagoas

A três dias do final do prazo das convenções partidárias, os usineiros de Alagoas consolidaram dois empresários do ramo na chapa do senador Benedito de Lira (PP): o deputado federal Alexandre Toledo (PSB) e o suplente de Biu, Givago Tenório, que assume, por quatro anos, a vaga de senador se Biu ganhar as eleições ao Governo de Alagoas. A costura eleitoral ficou consolidada na semana passada, com a vinda do ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB). (01/07/2014)

Sabatina do agronegócio: Aécio é o mais aplaudido e Dilma desagrada

Tucano prometeu mais verbas, menos poder para a Funai e um "superministério" da Agricultura (...) Nos bastidores da sabatina, ruralistas do setor de etanol reclamavam que Dilma não havia tratado dos problemas dos usineiros, como Campos e Aécio. Com a política de reajuste moderado de preços da gasolina na gestão Dilma, os usineiros estão entre os maiores críticos da presidenta no meio empresarial atualmente. (06/08/2014)

Documentos revelam que avião usado por Campos e Marina pertencia a usineiros paulistas

ÉPOCA perguntou (...) quantas vezes a candidata Marina Silva voou no avião e se ela tinha conhecimento sobre quem arrendara a aeronave. Até o fechamento desta reportagem, o PSB não respondera aos questionamentos. De acordo com a legislação eleitoral, uma empresa não pode fazer doações de bens ou serviços sem relação com sua atividade fim. Por isso, uma empresa do ramo sucroalcooleiro, como da AF Andrade, não poderia emprestar um avião. (22/08/2014)


Marina adota discurso de usineiros e crítica política federal para o etanol

Usineiros têm criticado medidas da União como a manutenção do preço atificial da gasolina para conter a inflação, o que impede melhor remuneração ao etanol. "Vocês fizeram o dever de casa, se ajustaram, acreditaram na propaganda do governo, assumiram compromissos para fornecer uma fonte de energia que deveria ser estimulada, apoiada. Mas os erros que foram praticados devem ser corrigidos", disse Marina em discurso para 300 pessoas, entre lideranças e empresários do setor. (29/08/2014)

Dilma defende exploração do pré-sal e diz que recursos ajudarão saúde e educação

A presidente Dilma Rousseff, que tenta a reeleição pelo PT, defendeu neste sábado a exploração do petróleo do pré-sal, um dia depois de a candidata do PSB, Marina Silva, ter apresentado seu programa de governo propondo a redução do uso dos combustíveis fósseis. (30/08/2014)


Entendeu?


segunda-feira, novembro 17, 2014

Revolta da Cachaça: nosso primeiro exercício de democracia

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

A revolta virou até peça de teatro
No dia 8 de novembro foram completos 354 anos do estopim da Revolta da Cachaça, que o jornalista/escritor Pedro Doria considera como "o primeiro exercício de democracia do Brasil" (leia aqui). Durante cinco meses, entre novembro de 1660 e abril de 1661, o Rio de Janeiro foi governado pelos próprios nativos. Apesar de pouco lembrada ou valorizada, essa insurreição ocorreu 24 anos antes da Revolta de Beckman, no Maranhão, uma das primeiras registradas no período colonial brasileiro (leia aqui). E é extremamente sintomático que uma das primeiras revoltas brasileiras, senão a primeira, tenha sido motivada pela "marvada" cachaça...
Para ser mais preciso, o estopim foi a quebra de um acordo que envolvia a permissão da venda de cachaça. Esse acordo havia sido feito Salvador Correia de Sá e Benevides, governador do Rio naquela época, pertencente à terceira geração da família Sá no comando do território, desde o fundador da cidade, em 1565, Estácio de Sá. No início de 1659, visando obter mais recursos para reaparelhar suas tropas coloniais, Salvador instituiu uma nova taxa sobre as posses dos habitantes. Como a economia local estava em crise e a população não podia arcar com mais esse imposto, os vereadores sugeriram que, em troca, o comércio de cachaça fosse liberado.

Salvador Correia de Sá e Benevides
Assim, os cariocas teriam um novo canal de subsistência e de geração de renda. Salvador de Sá aceitou e liberou esse comércio por decreto, em 31 de janeiro de 1660. Porém, desde o ano anterior, o governo português havia proscrito a cachaça no Brasil, determinando, inclusive, que fossem destruídos todos os alambiques da Colônia, inclusive os navios que transportassem o produto. Tal medida visava proteger a produção portuguesa de vinho e de bagaceira (cachaça ibérica), que começavam a perder mercado para a "branquinha" brasileira. Portanto, ao liberar o comércio da cachaça no Rio, Salvador de Sá estava contrariando uma determinação do rei.
Rapidamente, a Companhia Geral do Comércio do Brasil forçou a revogação do decreto e a venda de cachaça voltou a ser proibida. Acontece que o governo do Rio de Janeiro não deixou de cobrar a nova taxa criada - e que só tinha sido aprovada pelos vereadores se houvesse a contrapartida da liberação do "mé". Tal situação provocou um clima geral de rebeldia na cidade (tanto pelo aumento dos impostos quanto, presumo, pela vedação do acesso à pinga). Aproveitando a insatisfação popular, os senhores de engenho do Norte da Baía da Guanabara, atuais municípios de São Gonçalo e Niterói, começaram a fazer reuniões e conspirar contra o governo de Salvador de Sá.

Cidade do Rio de Janeiro, no século XVII
A oportunidade de uma ação concreta viria no início de novembro de 1660, quando o governador do Rio fez uma viagem à São Paulo - e deixou em seu lugar um tio, Tomé de Sousa Alvarenga, encarregado expressamente da cobrança de taxas, mesmo que à força. Na madrugada de 8 de novembro, liderados pelo fazendeiro Jerônimo Barbalho Bezerra, os revoltosos atravessaram a Baía de Guanabara e, sob o toque de sinos, convocaram o povo a se reunir em frente à Câmara. Prenderam Alvarenga, saquearam as casas da família Correia de Sá e enviaram uma carta à Portugal com uma série de reclamações e acusações contra a família que mandava no Rio há décadas.

Nesse curto período, os revoltosos governaram com total apoio popular. Mas Salvador de Sá, o governador destituído que continuava em São Paulo, ainda tinha o comando da frota da Companhia Geral do Comércio. Ele aguardou que estes navios retornassem de Portugal ao Rio, para a regular coleta de produtos da Colônia, em 6 de abril de 1661, e atacou a cidade com uma tropa de índios tupis. Pegos de surpresa, os rebeldes não opuseram resistência. Muitos foram presos e enviados a Lisboa para serem julgados. O líder, Jerônimo Barbalho Bezerra, foi decapitado e sua cabeça exposta em praça pública. Salvador de Sá parecia ter retomado o poder. Só parecia...

Luísa de Gusmão liberou geral
O Conselho Ultramarino decidiu acatar muitas das denúncias dos rebeldes derrotados e destituiu Salvador de Sá definitivamente do governo do Rio. Ele teve que ir a Portugal para explicar seus excessos e a família Sá perdeu todo o prestígio e o poder político que mantinha desde a fundação da cidade. Os revoltosos condenados foram libertados. Mais que isso: ainda em 1661, a regente Luísa de Gusmão liberou a produção da cachaça no Brasil. A medida impulsionou o tráfico com Angola e a economia carioca. O comércio local continuava vedado, mas a repressão era nula. Prova disso é que João da Silva e Sousa, que governou o Rio de 1670 a 75, era o principal contrabandista.




sexta-feira, novembro 07, 2014

Minas Gerais em alta (no futebol)

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Depois que Atlético-MG e Cruzeiro eliminaram Flamengo e Santos e garantiram uma inédita decisão mineira na Copa do Brasil, uma colega concluiu muito bem:


PSDB torna ficção realidade muito antes do imaginado

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Em 1981, Ignácio de Loyola Brandão publicou seu livro "Não verás país nenhum", ficção na qual descreve uma megalópole brasileira (São Paulo?) no futuro. O autor conta a vida de Souza, que vive no meio do caos da cidade, destruída pelos avanços tecnológicos, onde não há água, verde, vida saudável e muito menos liberdade. O livro dá a entender que tudo piorou após a "Época da Grande Locupletação", alusão à ditadura militar brasileira - aquela mesma que muitos, agora, vão às ruas para pedir que volte (!). "Essa época de locupletação não existiu. Foi calúnia", garantia a direção da escola em que Souza dava aula, na ficção. "Fala-se muito, mas onde os documentos? Invenções, mitos", acrescentavam, de forma idêntica aos que negam que o regime militar tenha praticado torturas no Brasil. Mas vamos a alguns trechos literais do (incômodo) livro:
"Abro a porta, o bafo quente vem do corredor. Já estou melado, quando chegar ao centro estarei em sopa. Como todo mundo. A vizinha varre o chão, furiosamente. Como se fosse possível lutar contra a poeira negra, a imundície. Não fornecem água para lavar as partes comuns. (...)

[Souza vai ao trabalho mas, antes, encontra um amigo]
Através dos vidros encardidos, mal se percebe o salão. Cumprimento com um aceno, Prata me faz um sinal, gosta de uma prosinha. Inevitável, indolor.
— Tem água esta semana?
— E eu sei? Pergunte ao distribuidor.
— É que você tem aquele sobrinho.
— Não faço a mínima idéia.
— Desorganizaram as entregas, ou aumentaram os prazos.
— Ou os dois juntos.
— Vê se descobre. (...)

[Souza encontra o sobrinho, que é um soldado, ou "civiltar"]
— Tem comida?
— O normal.
— Vou tentar algo na Subsistência. Ah, quer fichas para água?
— Sempre é bom, jamais consegui me controlar, gasto mesmo.
— E não é para gastar?
— Mas tem o racionamento, para dividir melhor.
— Racionamento, tio? Pensa que é para todo mundo?
No fundo, não gosto dele. Uso suas facilidades. Penso que tenho direito a elas, contribuo para que o Novo Exército exista com todos os seus privilégios. Devo explorá-lo. (...)

A sua urina é comercializada. Com a falta de água, aparelhos recolhem os mijos saudáveis numa caixa central, onde se procede à reciclagem. Há mistura, tratamento químico intenso, filtragem, purificação, refinamento, transformação. A urina retorna branca, pura, sem cheiro, esterilizada. Dizem que dá para beber. Eu é que não vou experimentar. Nem o mijo meu, quanto mais o dos outros. Mas os Postos Apropriados têm uma capacidade limitada de recolhimento. Daí também a seleção apurada e o bom ambiente que se encontra nestes banheiros especiais, de luxo, para pessoas de fino trato. (...)"

Pois bem (ou melhor, pois MAL): procurei rever esses trechos do livro depois de ler mais uma notícia sobre o (des)governo de Geraldo Alckmin (PSDB) em São Paulo:


E outra notícia me lembrou a ficcional "Época da Grande Locupletação":


É isso. E enquanto o índice de roubos aumenta vertiginosamente no Estado de São Paulo, as pessoas vão para a Avenida Paulista pedir intervenção militar no... governo federal (!). Enquanto o governo do PSDB leva a USP à falência e tem o pior nível do Ensino Médio público dos últimos seis anos, as pessoas culpam Dilma Rousseff pela "situação da educação" (!!). Enquanto a epidemia de dengue no Estado de São Paulo já alcança quase 20 mil casos, as pessoas estão mais preocupadas com o Ebola (!!!). E enquanto observo essas pessoas babando e espumando de raiva e ódio contra o PT, concluo que o PSDB, infelizmente, vai tornando a ficção de Ignácio de Loyola Brandão uma trágica realidade em terras paulistas. Muito antes do que sequer poderíamos imaginar...


terça-feira, novembro 04, 2014

Existe amor em São Paulo!

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook



 

  Leia também:




quarta-feira, outubro 29, 2014

Bebês mimados

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Mainardi: injustificável e inaceitável
No rescaldo das eleições presidenciais, continuamos presenciando o fluxo e refluxo de ódio, racismo, preconceito, agressões gratuitas e comportamentos injustificáveis e inaceitáveis. Leio hoje sobre as (abomináveis) declarações do (abominável) comentarista da Globonews, Diogo Mainardi:

"O Nordeste sempre foi retrógrado, sempre foi governista, sempre foi bovino (...). É uma região atrasada, pouco educada, pouco construída, que tem uma grande dificuldade para se modernizar na linguagem. A imprensa livre só existe da metade do Brasil para baixo. Tudo que representa a modernidade tá do outro lado."

Hulk defende sua região de origem
O ponto positivo dessa estultice foi que, comprovando que "um filho teu não foge à luta", o nordestino Givanildo Vieira de Sousa, jogador de futebol apelidado de Hulk, titular da seleção brasileira na última Copa e que atua no Zenit, da Rússia, respondeu à altura tal desaforo:

"Infelizmente o Mainard [sic] demostra ignorância e arrogância quando crítica o Nordeste. Nossa população tem dificuldades e luta com humildade para melhorar sua condição de vida. As maiores dificuldades foram impostas pelos diversos Governos ao longo dos anos. Mainard, respeite o Nordeste!"

Eu detalharia: ignorância que motiva Mainardi a espumar de raiva contra uma região que não foi a responsável pelo resultado das eleições (veja quadro abaixo) e exemplo de uma arrogância sem limites que está sendo demonstrada por brasileiros de Norte a Sul, verdadeiros "bebês mimados".


Minas e Rio derrotaram Aécio, mas o paulistano Mainardi vocifera contra o Nordeste

A atitude e a postura de Mainardi disseminam o mesmo ódio de seu "mentor intelectual", (o mais abominável ainda) Paulo Francis. Ídolo-mor de gente como Arnaldo Jabor, Augusto Nunes e Reinaldo Azevedo, que, assim como Mainardi, colaboram para disseminar o ódio, o preconceito e a agressividade mimada. O tão superestimado e festejado "intelectual" Paulo Francis escrevia coisas como essas:

"É pouco provável que um filho do Nordeste, região mais pobre do país, vergonha nacional, saiba alguma coisa, pois vive no século XVI."

Em junho de 1994, Francis descreveu o senador pernambucano Ronaldo Aragão como:

"Um ...mulato, feijão mulatinho... que parece descender do macaco certo (isto é, não de Lula)."


Paulo Francis criou escola na 'grande' imprensa 'carente de qualquer referencial ético'

Tais frases são destacadas em texto do jornalista Bernardo Kucinski que observa precisamente:

"Esses exemplos, em sua maioria já da década de 90, revelam não apenas um Paulo Francis doentio, mas um país doentio e uma grande imprensa carente de qualquer referencial ético. Os insultos de Paulo Francis eram passíveis de processos na Justiça, inclusive pela implacável lei Afonso Arinos. O fato de que poucas vezes tenha sido processado denota a descrença do brasileiro na Justiça, em especial quando se trata de crimes de imprensa, injúria, calúnia e difamação."

Kucinski vê descrença na Justiça
Exatamente. O que presenciamos hoje, boquiabertos, não só na imprensa mas nas manifestações grosseiras, aviltantes e nauseantes de todos os que gritam contra o resultado democrático das eleições, é justamente o reflexo de "um país doentio e uma grande imprensa carente de qualquer referencial ético", e "se trata de crimes de imprensa, injúria, calúnia e difamação". Mas, para além disso (ou melhor, antes de tudo isso), é resultado do comportamento de "bebês" que foram mimados excessivamente pelos pais, como bem resume o cientista social Antônio Ozaí da Silva:

"Vejo crianças e jovens aborrecentes mimados, arrogantes e autoritários. Pais endividados e perdulários tudo fazem para atender os desejos dos pequenos reizinhos e princesinhas despóticos. Sentem-se culpados se não conseguem saciá-los. Acostumam os filhos a um padrão de consumo muitas vezes acima das possibilidades. Não conseguem voltar atrás, cortar gastos e os pequenos prazeres."

Antônio Ozaí: 'reizinhos despóticos'
O texto de Ozaí, intitulado "Meninos e Meninas Mimados", ajuda a entender por que pessoas como Mainardi se acham no direito de ficar "bravinhos" com uma adversidade (a derrota de seu candidato/grupo político nas eleições) e preferem jogar a culpa nos outros em vez de fazer a autocrítica da situação (no caso, reconhecer que o tal candidato/grupo político perdeu em Minas Gerais e no Rio de Janeiro, na região Sudeste, e não no odiado Nordeste). São os pais que os "amestram" assim:

"Quando os filhos mimados não correspondem ao esperado, por exemplo, quando o desempenho escolar, apesar de tudo, não vai bem, eles têm dificuldades em superar a situação pelos próprios meios. Creditam a culpa à escola, aos professores."

Neste ponto fica nítido que a característica de comportamento tem origem social. Pobres não podem fugir de ser responsabilizados por tudo (até pelo o que não são responsáveis, como os nordestinos nessa querela eleitoral), enquanto os mais favorecidos socialmente sempre jogam a culpa nos outros. Antônio Ozaí da Silva chega ao cerne dessa questão em seu artigo (os grifos são meus):

"Os filhos tornam-se apêndices dos seus desejos e frustrações. Mas sob o preço de mantê-los sob tutela e gerar adultos sem condições emocionais para enfrentar as adversidades da vida. Filhos que se acostumam a tudo possuir sem ter noção sobre o valor exato das coisas, e me refiro não apenas ao valor monetário, tendem a ver a vida como uma coleção de bens adquiridos sem grandes esforços. São fortes candidatos a pequenos ditadores que vêem os demais como objetos a serem manipulados."

É o que estamos vendo, repito, nas manifestações infantis e grotescas, em todo o país, e notadamente nas redes sociais, sobre a eleição presidencial e o preconceito contra o Nordeste. Ódio de classe. Voltemos ao Diogo Mainardi: filho do (bem sucedido) publicitário Enio Mainardi, estudou na Inglaterra e viveu na Itália, para onde retornou (leia aqui). Agora comparem com Givanildo Sousa, o jogador Hulk, que rebateu Mainardi: dificuldades o levaram a trabalhar na infância, em Campina Grande (PB), ajudando os pais a venderem pedaços de carne. "Como eu chegava cedo à feira, por volta de quatro, cinco horas da manhã, aproveitava para ajudar as pessoas das outras bancas. No fim do dia isso me rendia uns 15 reais. Eu dava tudo para a minha mãe", diz o atleta (leia aqui).

Postagem anônima em rede social demonstra como 'bebês mimados' lidam com adversidades


Ou seja, a história de vida do menino Givanildo, e da maioria dos nordestinos, é uma realidade que Mainardi (e quem mais vomita besteiras nesse pós-eleição) nem sequer imagina que exista. Nem sem importa. Uma responsabilidade que Mainardi nunca teve. Uma dificuldade que jamais o ameaçou. Por isso ele e muitos se sentem no direito de odiar tanto quem odeiam. Por isso ele e muitos se acham na razão e na superioridade de dizerem o que dizem. Mas acabam ouvindo o que não querem.

Por isso mesmo, a vitória de Dilma Rousseff representa, mais do que tudo, a vitória contra os arrogantes, os prepotentes. Os bebês mimados. E também a vitória daqueles que mais precisam do governo federal e do amparo público - e que, não por acaso, são o objeto de um dos maiores despejos de ódio no Brasil. Ódio de classe.


segunda-feira, outubro 27, 2014

Inesquecível

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook


quarta-feira, outubro 22, 2014

Quando acabar o maluco sou eu!

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

'Eu não preciso ler jornais/ Mentir sozinho eu sou capaz/ Não quero ir de encontro ao azar'

Faço no título desse post, o mesmo da música do saudoso Raul Seixas (ouça clicando aqui), o meu comentário sobre a seguinte notícia publicada hoje pelo portal Gazeta Esportiva: "Hipnólogo se desliga da Portuguesa após quebra da 'regra de ouro'" (!). Para além da bizarrice de a diretoria da Lusa ter contratado esse tipo de profissional para tentar se salvar do rebaixamento na Série B do Brasileirão, fato que já era de conhecimento público, ficamos sabendo agora que o tal hipnólogo, o ex-goleiro (!!) Olimar Tesser, resolveu encerrar seu trabalho no clube declarando:

“Então, coloca aí: regra de ouro. Motivado pela sua regra de ouro, o Olimar Tesser declinou do seu trabalho na Portuguesa. A regra de ouro é simples: você vai ganhar, eu vou ganhar. Os dois lados têm que colaborar e vencer. Acho que ficou bem claro o que aconteceu, não é?”

Sim, ficou bem claro. Tanto Olimar não recebeu dinheiro pelo "serviço prestado" quanto a Portuguesa, que era a penúltima colocada quando ele chegou, caiu para a lanterna da tabela, 14 pontos atrás do primeiro time fora da zona de rebaixamento, faltando apenas sete jogos para o fim da competição. Talvez os métodos do hipnólogo tenham prejudicado um pouco o "condicionamento físico" do elenco da Lusa. Segundo a notícia, ele fez "os jogadores andarem sobre cacos de vidro, brasas e até entortarem barras de ferro com o pescoço" (!!!).

Jogadores da Portuguesa foram submetidos a alguns métodos, digamos, 'pouco ortodoxos'

Mas o melhor da notícia foi a "justificativa" que Olimar usou para dizer que não ganhou fama somente a partir deste seu (efêmero e polêmico) trabalho na Lusa:

“Ouvi de alguém que eu estava ficando famoso. Mas sempre tive mídia. Já hipnotizei o governador de São Paulo."

E é verdade! É verdade! Tem a foto (abaixo) para comprovar! Tá aí o Geraldo Alckmin sendo hipnotizado pelo "ex-goleiro"! Quando acabar o maluco sou eu!

Anestesista Alckmin e hipnólogo Tesser anestesiaram e hipnotizaram os eleitores paulistas

Provavelmente, o que o tucano queria era ter aula com o hipnólogo. E foi bom aluno: com o método, convenceu a população paulista de que o (des)governo do PSDB não tinha culpa nenhuma na falta de água e foi reeleito com o voto de 12.230.807 hipnotizados... 

 

sexta-feira, outubro 17, 2014

O galanteador Aécio

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook


Escárnio

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Recentemente, fiz aqui um post registrando o episódio em que as telinhas da TV Minuto, nos vagões do metrô da Linha Azul, em São Paulo, ficaram congeladas por mais de 15 minutos exibindo a notícia "A cidade de Los Angeles criou a 'polícia da água' para fiscalizar os esbanjadores". Ou seja, centenas (ou milhares) de passageiros, que acabavam de sair do expediente de trabalho e ansiavam por chegar em casa e tomar um belo - e merecido - banho, ficaram espremidos dentro dos vagões olhando aquela "advertência" intimidadora. Quem usa água, em São Paulo, é quase um criminoso.

Dias atrás, o guia "Divirta-se", do jornal Estadão, publicou em sua coluna sobre fatos passados da capital paulista um textinho "inocente" e "despretensioso" sobre as casas de banho que existiam antigamente na cidade. Eram locais onde a pessoa pagava para tomar banho. O texto ressaltava que só os mais abastados alcançavam esse "direito". Me veio na lembrança, de imediato, o camarada DeMassad comentando: "Não dá ideia! Não dá ideia!" O recado está dado para a população: água é um privilégio, não é pra qualquer um. E repare no nome da publicação: "Divirta-se" (!!!).

Mas é assim, com essas pequenas pílulas de "informação", que as pessoas vão sendo convencidas de que a - inacreditável - falta de água no Estado mais rico do país é uma "fatalidade", e que é responsabilidade delas, "esbanjadoras", fazer economia. Ser um "guardião da água" (supremo escárnio, comparável aos "Fiscais da Sunab" nos nada saudosos tempos de José Sarney). Como sempre, o governo do Estado não tem nada a ver com isso, "coitado". As pessoas que se virem pra ganhar dinheiro e investir na compra e estoque de água. É cada um por si! Os pobres que se danem.  

O escárnio chega às raias do absurdo. As advertências têm tom de "sermão", de "passa-moleque". Veja a pérola que uma colega registrou e postou numa rede social:



Assim, além de "esbanjadores", estamos sendo chamados de "sujos"! Enquanto isso, NINGUÉM fica indignado com o fato de o governo do Estado (leia-se: Geraldo Alckmin, PSDB) ter sido advertido por várias vezes, anos atrás, sobre a ameaça de racionamento e a urgência de medidas preventivas. Em dezembro de 2009, um relatório do Plano da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê, feito pela Fundação de Apoio à USP, alertou para a vulnerabilidade do sistema Cantareira e sugeriu medidas cabíveis a serem tomadas pela Sabesp a fim de garantir uma melhor gestão da água (leia aqui). E não venham falar em falta de dinheiro! Alckmin gastou R$ 238 milhões com publicidade!

Mas a população votou maciçamente nele e o reelegeu governador. E agora (escárnio dos escárnios) é convidada a fazer "dancinha da chuva" pra ganhar água na "promoção" de uma rádio FM (!!!). Cliquem na imagem para ver com mais detalhes:


Como observou um outro colega, o racionamento de água poderia ter uma solução bem simples: cortar o fornecimento para os 57% que votaram em Geraldo Alckmin e garantir o abastecimento normal para os restantes. Seria apenas justo.



quinta-feira, outubro 09, 2014

Serviço CONSCIENTIZADOR obrigatório

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

JOVEM! Sai da internet e VAI SE VIRAR SOZINHO, PÔ!
Texto primoroso - e muito oportuno - do amigo Nikolaos Papadopoulos*:

"Umas das coisas que o próximo presidente poderia fazer era abolir o serviço militar obrigatório. Não desexistir o negócio, mas substituir por uma coisa melhor. Todas as pessoas, homens e mulheres, quando fizessem dezoito anos, deveriam parar o que quer que estivessem fazendo e serem obrigadas a viver por conta própria até fazerem dezenove anos. Nessa idade estariam liberados para voltar para o conforto da casa dos seus pais, o cursinho, a faculdade particular, o videogueime, o carro que ganharam de presente no ano anterior e não puderam usar, o que seja. Mas esse ano seria dedicado a experimentar a vida de milhões de brasileiros e outras pessoas ao redor do mundo que, desde o primeiro dia de vida, estão entregues à própria sorte.

Nesse período, o filho de classe alta largaria seu Playstation 6 (sei lá qual o número que esse treco já chegou) e seu iPhone 12, e seria proibido de receber ajuda de parentes e amigos, assim como trabalhar em empregos cedidos por pessoas próximas. Nada disso. O mundo não é para fracos. Te vira, moleque. 'Mas não se pode abandonar um jovem assim, à própria sorte, isso é desumano!', diriam os pais ricos desses adolescentes. Não se preocupem. Morrer de fome ele não vai. Bolsa Família existe para isso. Como todo brasileiro, o garoto poderia ser beneficiado com os 77 reais por mês do Bolsa Família, que é exatamente o mínimo que o Governo Federal estabelece para que alguém não seja considerado extremamente pobre. Se o moleque for burro ou incompetente, vai ter que se contentar com esses 2,57 reais por dia. Afinal de contas, o mundo é para os bons, e se tem alguém que pode ser culpado pela pobreza, são os pobres. 'Mas e se o menino ficar doente?', perguntariam de novo. Ué, se ele for danado, vai ter dinheiro para pagar um plano de saúde ou um médico particular. Senão, SUS. Pegar fila. A vida é isso, se você não consegue mostrar seu valor no mercado, independentemente da sua história de vida, é o que sobra. Meritocracia, baby.

Ainda durante esse ano, aqueles que não conseguissem se garantir no mercado de trabalho teriam que sair em público com uma braçadeira que os distinguissem como beneficiários de programas sociais. Algo parecido ao que os nazistas faziam com os judeus, só que por uma boa causa: todos ficariam sabendo que aquele inútil custa impostos ao trabalhador honesto. Um impostômetro ambulante. 'Esta pessoa recebe dinheiro do governo', diria a braçadeira. Um relógio eletrônico junto à braçadeira contaria, em tempo real, o dinheiro saído dos cofres públicos para garantir que esses incapazes continuassem a existir. Embaixo, teria escrito também 'Evite dar esmola. Desestimula o trabalho.'

O ódio que nós vemos todos os dias nas redes sociais é falta de empatia. Só sabe o que é ser lixo quem já foi lixo. Eu me pergunto se nesse novo Brasil esse ódio ainda existiria."


*Nikolaos Papadopoulos é esquerda caviar, petralha, comunista, médico terrorista de Cuba. Dá o peixe, não a vara.


quarta-feira, outubro 08, 2014

É rosca!

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook



Leia também:

segunda-feira, outubro 06, 2014

Antipetismo crava dois terços do eleitorado em SP

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

No início de junho, às vésperas da Copa do Mundo no Brasil, o Datafolha soltou uma pesquisa que, talvez, tenha sido a mais "lúcida" (ou próxima da realidade) entre todas as que foram feitas na campanha eleitoral deste ano: dos três principais pré-candidatos à Presidência da República naquela ocasião (incluindo Eduardo Campos, que faleceria tragicamente em agosto), Dilma Rousseff era a que apresentava, disparada, a maior rejeição no estado de São Paulo: 61% dos eleitores paulistas entrevistados naquele período não votariam na petista “de jeito nenhum”.

Passados quatros meses, mesmo com a reviravolta que representou a saída de Campos e a entrada de Marina Silva na disputa, o resultado do 1º turno das eleições em terras paulistas registrou apenas 25,75% dos votos válidos para Dilma, o que significa, em outras palavras, que 74,25% não votaram nela. Ou, mais precisamente, que 69,38% dos eleitores locais preferiram votar nos dois principais concorrentes, se somarmos os votos válidos de Aécio Neves, do PSDB (44,47%), e de Marina, do PSB (24,91%). Assim, a rejeição à Dilma na casa dos 60% confirmou-se.

E esse percentual também foi espelhado, sintomaticamente, nas votações vitoriosas de dois caciques tucanos em São Paulo: José Serra, eleito senador com 58,49% dos votos válidos, e Geraldo Alckmin, reeleito governador com 57,31%. De forma simplória, portanto, podemos afirmar que o antipetismo, em território paulista, está cravado em quase dois terços do eleitorado. É significativo, pois, em 2010, Dilma teve 37% dos votos válidos no 1º turno, em São Paulo. E Aloizio Mercadante somou 35,2% como candidato a governador, contra os 18,2 de Alexandre Padilha, agora.

O que vai acontecer no 2º turno, na disputa presidencial, é difícil prever. Mas São Paulo, com 22,4% dos eleitores brasileiros, já se posta como principal trincheira do antipetismo. Muito mais, curiosamente, do que quando os paulistas Serra e Alckmin disputaram a presidência da República, em 2002, 2006 e 2010. Se Aécio perde para Dilma em seu estado, Minas Gerais, em São Paulo conta com uma adesão maciça, muito mais "explicável" pelo crescente e ostensivo antipetismo local do que pelo voto convicto num candidato tão pouco identificado com o estado.

Uma dúvida: se Alckmin tem a pretensão de se candidatar à presidência da República novamente, em 2018, será que ele está mesmo empenhado na vitória de Aécio Neves?


sábado, outubro 04, 2014

Mão na bola ou bola na mão? O que dizem os presidenciáveis

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Alijada do grande painel das discussões e dos debates entre presidenciáveis, a questão da mão na bola/bola na mão não foi tema de nenhuma pergunta de jornalista durante toda a eleição presidencial. Por conta disso, fazemos um esforço para tentar adivinhar o que cada candidato diria sobre o assunto. Qualquer semelhança com a vida real é coincidência de acordo com sua crença.


Dilma Rousseff
Olha aqui, meu filho, a bola na mão... É preciso entender que, no nosso governo, a bola na mão foi tratada como questão de Estado, não como piloto. Já a mão na bola é malfeito, que nunca foi tolerado no nosso governo. Nunca, em nenhum governo, se fez tanto para conter a mão na bola como no nosso. Porque a bola na mão... Mas a mão na bola no sentido de quando a bola bate na mão sem a intenção não é a bola no sentido de propina na mão, porque isso não tem no nosso governo.

Aécio Neves
Bola na mão e mão na bola é uma confusão criada nesse governo do PT. Antes, não havia nada disso, a regra era clara. Você, pai de família, você, mãe de família, não punha a mão na bola porque não se deve colocar a mão na bola. Mas nas altas esferas do governo do PT, isso é diferente. Aí, agem como se tudo pudesse e se nada fosse punido. Precisamos de um governo que saiba como fazer, que faça bem feito. Nem mão na bola nem bola na mão: o que vamos fazer é jogar com os pés. Não apenas com a bola no chão, mas com ela no alto, nos cantos e no meio.

 

Marina Silva
Fizemos estudos de impacto futebolístico e, por isso, podemos propor. Caso eu seja eleita, vamos criar o 12º jogador em campo, que também poderá pôr a mão na bola. Percebemos essa necessidade estudando a fundo os problemas do país e do futebol. Não adianta só querer enfrentar a situação com essa falsa dicotomia entre a mão e a bola. Sei disso desde quando vivia entre seringueiros, cuja produção de látex era vertida nas câmaras das antigas bolas de capotão. E as mãos que desenham sonhos, que constroem utopias, tem que ser usadas também não só pelos goleiros.


Luciana Genro
Essa é uma questão que só pode ser entendida do ponto de vista da exploração capitalista e das falhas existentes na nossa democracia. Dar ao juiz a prerrogativa de dizer quem teve ou não intenção de colocar a mão na bola nada mais é que facilitar o favorecimento aos grandes e o assalto aos pequenos. Vamos taxar os grandes clubes, as grandes fortunas, os grandes cartolas e os grandes empresários do futebol, revertendo esse dinheiro em um fundo que possa ajudar os clubes menores e equilibrar as chances de cada um, dentro de uma lógica socialista.

Eduardo Jorge
Isso é mais uma prova de desrespeito ao uso que queremos e podemos dar ao nosso próprio corpo. Quem é o juiz para dizer se posso ou não colocar a mão na bola? Essa arbitrariedade vai contra nossos princípios, é antidemocrática e contradiz nosso próprio instinto humano, que é de colocar a mão em tudo aquilo que desejamos. Defendo a legalização da bola na mão para acabar com a fúria punitiva de árbitros e de tribunais que só atendem a esse esforço desumano na penalização dos jogadores.

sexta-feira, setembro 26, 2014

Governo Alckmin: 'gestão', 'eficiência', 'competência'

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Alckmin vê o Sistema Cantareira e canta: 'Tudo em volta está DESERTO, tudo certo/ Tudo certo como 2 e 2 são 5'


Depois de acompanhar o violento despejo de sem-teto no Centro de São Paulo no início deste mês, vejo hoje uma notícia que comprova que a Polícia Militar do governo estadual não tem mais nada de útil pra fazer, além de espancar pobres, grevistas, estudantes ou manifestantes:


Alta foi de 11,7% na comparação entre oitavo mês de 2013 e deste ano. Homicídios caíram 12,6% no mesmo período de comparação. Na capital, roubos cresceram 13,6% e homicídios subiram 6,3%.


Realmente, é mais uma notícia "edificante" sobre o (des)governo do PSDB em São Paulo, que já beira 20 anos seguidos. E o povo quer mais: Geraldo Alckmin lidera as pesquisas e pode ser reeleito já no 1º turno. Esses eleitores parecem contentes com o ensino público estadual:

São Paulo tem o pior nível no Ensino Médio dos últimos 6 anos

Os resultados do Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do Estado de São Paulo, revelados mostram que os desempenhos dos estudantes dos alunos do Ensino Médio nas escolas estaduais pioraram em relação ao ano de 2013 e acabaram sendo os mais baixos desde o ano de 2008.

A satisfação também deve refletir as "boas" notícias da saúde pública paulista:

São Paulo registra 17.088 casos de dengue neste ano

O número de casos de dengue neste ano na cidade de São Paulo chegou a 17.088 nesta quarta-feira, dia 23. Na comparação com os 15.969 registrados até a última semana de julho, o aumento foi de 7%.

Ou então o "primoroso" transporte público gerido pelo governo de Geraldo Alckmin:

Metrô de São Paulo tem uma pane grave a cada 3 dias

Estatísticas do Metrô de São Paulo revelam que número de falhas graves no sistema dobrou nos últimos cinco anos. Em 2013, ocorreu uma pane grave a cada três dias, com grande transtorno aos passageiros. Foram 113 falhas de mais de 6 minutos de duração no ano. Os números indicam aumento de 105% das panes em relação a 2009.

Mas ninguém supera o PSDB na "excelência" do fornecimento de serviços básicos:


O nível dos reservatórios do sistema tem registrado quedas consecutivas e chegou nesta sexta-feira a 7,2% da capacidade. Em nota, a secretaria estadual de Saneamento e Recursos Hídricos informou que o esgotamento da primeira cota da reserva técnica só aconteceria "no pior dos cenários". São Paulo enfrenta a maior crise hídrica da história.
E pra quem acha que o "mérito" é de São Pedro ou dos usuários gastadores, preste atenção:


Faz pelo menos quatro anos que o Estado de São Paulo está a par dos riscos de desabastecimento de água na Região Metropolitana. Em dezembro de 2009, um estudo não só alertou para a vulnerabilidade do sistema Cantareira como sugeriu medidas cabíveis a serem tomadas pela Sabesp a fim de garantir uma melhor gestão da água. O aviso veio do relatório final do Plano da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê, feito pela Fundação de Apoio à USP.

Show de bola. Essas notícias sintetizam a "gestão", "competência" e "eficiência" (principalmente "eficiência"!) que os tucanos enchem a boca para pronunciar quando lambem as próprias crias. E para a população não interessa se todos estes serviços públicos são de competência do governo estadual. O problema da segurança, educação, saúde, transporte e até da falta de água é culpa única e exclusiva da Dilma e do partido dela. No estado de São Paulo, tudo segue "às mil maravilhas".

SÓ QUE NÃO.


terça-feira, setembro 23, 2014

A 'nova' política de Marina Silva

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook


RECORDAR É VIVER:

Em nota divulgada no sábado, 7 de junho de 2014, Marina Silva criticou a decisão do PSB de apoiar a reeleição do governador Geraldo Alckmin (PSDB) em São Paulo:
“Para nós, isso é um equívoco. Consideramos necessário manter independência e lançar uma candidatura própria, que dê suporte ao projeto de mudança para o Brasil liderado por Eduardo Campos, e que dê ao povo de São Paulo a chance de fazer essa mudança também no âmbito estadual”, disse Marina Silva.

segunda-feira, setembro 22, 2014

Os presidenciáveis e a solução para o Palmeiras

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook


segunda-feira, setembro 15, 2014

Uma bomba no caminho do Canhão

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Troféu da Pequena Taça do Mundo
No dia 26 de julho de 1955, o São Paulo entrou em campo em Caracas para golear o poderoso Benfica, de Portugal, por 4 a 2. O jogo valia pela Pequena Taça do Mundo, torneio internacional de clubes realizado na Venezuela de 1952 até 1975. No segundo tempo daquela partida, o jovem atacante Paraíba, de 24 anos, substituiu Lanzoninho. Era a sua primeira temporada no Tricolor paulista. Apesar de não ter feito gol contra o Benfica, Paraíba já havia balançado as redes na estreia da competição, em 16 de julho, contra o time venezuelano La Salle. Entrou também no empate sem gols contra o mesmo Benfica e na vitória por 2 a 0 contra o espanhol Valencia. Mas acompanharia do banco os dois jogos seguintes à goleada contra os portugueses, uma nova vitória sobre o La Salle e um empate com o Valencia, que renderam o primeiro título da Pequena Taça do Mundo ao São Paulo (venceria novamente em 1963).

São Paulo na Venezuela, em 1955: Paraíba é o segundo agachado, da esquerda pra direita

Zagueiro Mauro, que ergueria a Jules Rimet em 1962, ilustra notícia do título do SPFC

Paraíba ainda jogaria pelo Tricolor em 1956. Ao todo, fez 39 jogos e marcou 16 gols com a camisa sãopaulina, mas nunca se firmou como titular. Em 1957, retornaria ao clube que o revelou, o pernambucano Santa Cruz. Lá, se consagraria como um dos destaques da conquista do "supercampeonato" daquele ano, fase final de desempate disputada contra os rivais Náutico e Sport - batidos, respectivamente, por 3 x 1 e 3 x 2. Paraíba foi apelidado de "O Canhão do Arruda", numa referência ao seu potente chute de perna direita e ao estádio do Santa Cruz. No total, marcaria 105 gols com a camisa coral. Depois, ainda jogaria pelo Salgueiros, de Portugal, antes de retornar a Pernambuco e encerrar a carreira no (futuramente folclórico) Íbis.

O time do Santa Cruz supercampeão de 1957, com o 'Canhão do Arruda' assinalado
Na manhã de 25 de julho de 1966, o guarda civil Sebastião Thomaz de Aquino chegou ao Aeroporto de Guararapes, em Recife, para mais um dia de trabalho. Pouco depois, encontrou uma maleta abandonada no meio do saguão. Seguindo os procedimentos de praxe, Sebastião pegou a maleta e dirigiu-se para o Departamento de Aviação Civil (DAC), quando, no meio do caminho, houve uma grande explosão. O alvo do atentado seria o general Arthur da Costa e Silva, então ministro do Exército e candidato à sucessão do presidente Humberto de Alencar Castelo Branco, que iria desembarcar naquele aeroporto. Porém, seu avião teve uma pane em João Pessoa, na Paraíba, e na última hora o general foi forçado a ir para Recife em um automóvel.

O guarda Sebastião Thomaz Aquino, em choque, sendo socorrido após a explosão
Conta o livro "A Ditadura Envergonhada", primeiro de quatro volumes escrito por Elio Gaspari sobre o regime militar: "Costa e Silva deveria ter desembarcado às 8h30. A maleta detonou às 8h50. Guardava uma bomba feita com um pedaço de cano e que foi acionada pelo mecanismo de um relógio. Morreram no aeroporto um almirante da reserva e um jornalista. O guarda [Sebastião Thomaz de Aquino] teve a perna amputada, e o secretário de Segurança de Pernambuco perdeu quatro dedos da mão esquerda. Treze pessoas ficaram feridas, inclusive uma criança de seis anos". O estrago só não foi maior porque, ao saber que Costa e Silva não viria mais de avião, a maior parte das 300 pessoas que o aguardavam ali já havia ido embora.

O ex-padre Alípio de Freitas vive em Portugal
Segundo Gaspari, o grupo responsável pela bomba foi o grupo Ação Popular (AP) e teria sido deixada no local por Raimundo Gonçalves Figueiredo, o "Raimundinho", que seria assassinado pela ditadura em 1971, já como integrante do grupo VAR-Palmares. O mentor do atentado, porém, teria sido o ex-padre português Alípio de Freitas, que militava clandestinamente na AP e montara um núcleo de treinamento em explosivos na Bahia. "Morreu muita gente, nós lamentamos. Mas era uma guerra, tinha que haver vítimas", disse ele, em uma entrevista para o Jornal do Commercio, de Recife, em 1995. Atualmente, ele vive em Portugal.

O guarda civil Sebastião Thomaz de Aquino, que teve a perna direita amputada após o atendado, recordou mais tarde a fatalidade da situação: "Eu pedi ao meu chefe para folgar no domingo, para jogar uma 'peladinha' com os meus amigos, e ir trabalhar na segunda-feira". Fazia sentido a fome de bola: apesar de o Brasil ter sido eliminado dias antes pelos portugueses, as pessoas ainda viviam o clima da Copa da Inglaterra, que só terminaria no fim do mês. Mas foi a última partida de futebol disputada por Sebastião. Para cúmulo do azar, a segunda-feira de serviço, na qual, em princípio, estaria de folga, seria o fatídico 25 de julho de 1966. Naquela manhã, Sebastião perdeu a mesma perna que o havia consagrado como o "Canhão do Arruda". Sim, o guarda que encontrou a maleta no saguão do aeroporto era o ex-jogador Paraíba.

O ex-jogador e ex-guarda Paraíba
"Com a perna direita, fui o canhão. E acabei perdendo ela por causa de uma bomba. Engraçado. Alguém andou colocando olho gordo demais", comentou, entre risos, para uma reportagem do Diário de Pernambuco publicada em agosto de 2009. Já naquela época, Paraíba sofria da Doença de Alzheimer, decorrência do alcoolismo no qual mergulhou para afogar as mágoas da amputação. "Perdi, muitas vezes, a vontade de viver. Cheguei a pensar em dar um tiro na minha cabeça", confessou. Nascido em 20 de janeiro de 1931, em Ingá, a 96 quilômetros de João Pessoa (PB), Sebastião ainda vive em Recife, onde, apesar da situação de penúria, é ídolo da torcida do Santa Cruz. Talvez, se tivesse escapado daquela fatalidade em 1966, ainda tentasse disparar seu "canhão" com o pé direito nas peladas com os amigos. Mas havia uma bomba no meio do caminho...

E é estranho pensar como Portugal se enredou decisivamente na vida desse paraibano, primeiro quando enfrentou o Benfica na Venezuela, depois quando foi jogar no lusitano Salgueiro e, por fim, quando terminou sendo vítima de um atentado planejado por um ex-padre português. Enfim, navegar é preciso. Viver, não.