Destaques

quinta-feira, outubro 29, 2009

O Raloín contra o Saci e os seus amigos

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Pra quem for de São Paulo, fica aqui a dica: hoje (29), às 19 horas, no Bar Canto Madalena (ver endereço aqui), o lançamento do Anuário do Saci e seus Amigos. A obra é de Mouzar Benedito, com ilustrações de Ohi, projeto gráfico da eminência parda Carmem Machado e a meticulosa revisão do futepoquense Mauricio Ayer.

Às vésperas do anglo-saxônico Halloween, nada mais oportuno que lembrar o Saci, nosso candidato a mascote da Copa de 2014, e outros ilustres companheiros dele na mitologia brasileira. Aliás, no mesmo dia da festa gringa, comemora-se o Dia do Saci. Na obra de Mouzar, a cada mês, uma ou mais lendas têm suas histórias contadas e todos os dias acontecimentos históricos que lembram a importância da data são retratados. Sempre com o característico bom humor deste colaborador do Futepoca. Abaixo, um dos textos que fazem parte do anuário e que conta a história de duas figuras mitológicas das bandas de cá:

Mitos ligados ao Sol, Caipora e Anhanga são protetores dos animais de caça. Anhanga (ou Anhangá) protege os de grande porte e Caipora os menores.

O Caipora é confundido com o Curupira em alguns lugares. Em outros, principalmente no Nordeste, não é “o” Caipora, mas “a” Caipora, que por sinal até topa um namoro com humanos, mas é ciumenta pra chuchu. Se o namorado casa com outra, pode saber que vai levar dela
uma surra inesquecível.

A palavra Caipora, ou Caapora, nome dado em algumas partes do Brasil, tem a mesma origem de caipira, do tupi, e o mesmo significado: morador do mato. Em alguns lugares da Bahia, o chamam de Caiçara. Na Paraíba, existe a Flor-do-Mato, que nada mais é do que “a” Caipora.

Ele é pequeno, forte, peludo, e anda montado num cateto (também chamado de caititu e de porco-do-mato). Ele toca todo o bando de catetos para lugar protegido dos caçadores. Se um animal é morto por caçadores sem necessidade, basta o cateto montado pelo Caipora – o maior do bando – encostar o focinho nele que ele ressuscita.

Nas sextas-feiras, principalmente de lua cheia, mesmo havendo necessidade, os caçadores descansam: esse é o dia da caça, não é do caçador, dizem. Se forem caçar, serão punidos pelo Caipora. Ou, no mínimo, ele espanta as aves e os animais. Ele pune também caçador que mata fêmeas prenhas ou amamentando e filhotes. E também aves que estão chocando ou criando filhotes.

Ver o Caipora dá azar. Por isso, surgiu o termo “caiporismo” para pessoas que estão com muito azar. No Sertão do Nordeste é muito comum ouvir dizer que alguém está com “o Caipora”, quer dizer, está infeliz, nada lhe dá certo.

O Caipora, ou a Caipora, aprecia uma boa cachaça e fumo de corda. Os caçadores costumam colocar um pouco das duas coisas na entrada da mata para dar como oferenda a ele/ela e não serem incomodados.

93 milhões em ação, pra frente Goiás!

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Considerando a pesquisa mais recente, de 2007, e o levantamento populacional deste ano do IBGE, podemos afirmar, com margem de erro razoavelmente baixa, que o Goiás terá uma torcida adicional de 92,4 milhões de torcedores hoje para, pelo menos, arrancar um empate contra o vice-líder Palmeiras pela 32ª rodada do Campeonato Brasileiro. Isso levando em conta que os maiores secadores do alviverde paulistano serão, pela ordem:

1 - 15,1 milhões de sãopaulinos (que também vão azarar o galo mineiro);

2 - 3,7 milhões de atleticanos, cujo time pode alcançar a liderança e, desde já, torcem pela caveira de Palmeiras e São Paulo;

3 - 5,6 milhões de colorados, pois o Inter de Porto Alegre não quer ver um líder a mais de três pontos de distância e torce para que todos a sua frente percam;

4 - 5,6 milhões de cruzeirenses, pelo mesmo motivo (e que, como os sãopaulinos, vão secar o Galo);

5 - 32,2 milhões de flamenguistas, que, como atleticanos e colorados, não querem ver um líder tão distante (e ainda tem a identificação histórica entre palmeirenses e vascaínos);

6 - 7,5 milhões de gremistas, que comemoram a vitória de ontem - mais a derrota do maior rival - e acreditam que ainda é possível, desde que o líder não esteja tão distante;

7 - 22,7 milhões de corintianos, que, lógico, estão secando com maior raiva o hexacampeão do Morumbi, mas que também não querem o pentacampeonato do inimigo Palmeiras, que superaria seus quatro títulos.

Por isso, se considerarmos um mínimo de 600 mil torcedores do Goiás, chegamos a 93 milhões de pessoas zicando uma vitória palestrina. Metade do Brasil! E assim, mesmo que a ideia e a imagem nem sejam inéditas (pior, partiram do palmeirense De Massad no fim do ano passado), vale o repeteco:


Ps.: Concordo que o São Paulo precisa secar o Atlético-MG, não consigo torcer pelo Fluminense depois da sacanagem da Copa João Havelange, que o trouxe de volta para a elite na mão grande. Cai, Flu! O Galo tropeça depois.

quarta-feira, outubro 28, 2009

Com estratégias diferentes, palmeirenses clamam por reação

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Blogues de palmeirenses apostam em estratégias diferentes para exorcizar e afirmar que ainda acreditam no combalido time alviverde que entra na 32ª rodada do Brasileirão como líder. Combalido pela sequência de quatro jogos sem vencer, algo imperdoável para quem quer faturar um título em pontos corridos.

Só os jogos desta quarta e quinta-feira é que mostram se a equipe comandada por Muricy Ramalho seguirá ou não na ponta da tabela. Nesta quarta-feira, 28, São Paulo enfrenta o Inter no Morumbi. Quem vencer assume a liderança. O Atlético-MG também pode morder a posição de primeirão se passar pelo Fluminense. Ao time de Palestra Itália cabe vencer o Goiás para dizer que ainda quer ganhar a taça.

Desanimado com a série de desgraças, recorro aos colegas de torcida e autores de blogues alviverdes para exorcizar a fase trágica e reunir esperanças..

O Coração Palmeirense faz uma referência ao "Outubro negro" de 1929, quando eclodiu a crise econômica que se arrastaria pela década seguinte e uma das causas da Segunda Guerra Mundial. É que este mês, tirando a vitória sobre o Santos, foi lamentável. "Penso que a razão para os seguidos fracassos do Palmeiras de Muricy é ... sobrenatural", escreve Affonso Júnior. "Trata-se de decisão dos deuses do futebol", completa.

Para ele, o mês de outubro reconduziu o Brasileirão ao zero, emparelhando os candidatos ao título. O que vem a seguir? "A resposta está com Muricy Ramalho".

O À Luz da Catedral recorre a outra metáfora. A Flecha de Akbar e a história do guerreiro medieval islâmico que não desistia. Se é que eu entendi bem.

"Desfalcado da torcida o Palmeiras não pode ir a campo", avalia Tânia "Clorofila" Dainesi. Para isso, ela se agarra à história de reações dos times palmeirenses que viu em campo e no brio do elenco atual.

O Cruz de Savoia pede que Diego Souza seja preservado das críticas de torcedores que o colocaram na posição de "boi de piranha", para-raio de críticas e motivo para a queda de rendimento.

Ele acha que tem mais coisa errada com seu posicionamento do que com sua postura em campo. "E, se não for isso, será que não dá para arrumar outra teoria do fracasso? Porque o Palmeiras precisará de tudo nesta quinta – menos de um torcedor hostil com nosso Maestro", conclama.

Mas o Parmerista aposta em arquibancadas vazias pelo valor do ingresso praticado. Um erro tático num momento estratégico. Ele elenca cinco fatos, começando pela contusão de Pierre e Maurício Ramos, passando pela perda no meio de campo com Vagner Love como titular e Diego mais distante, seguida por erros individuais e fragilidade emocional. Tudo que acumulou contra o Santo André.

A mística do post 100 é a esperança do Palestra Imortal para uma arrancada final. O Chiqueiro quer que o "G", do escudo do Goiás, seja transformado na inicial de "ganhamos", verbo devidamente conjugado pelos porcos. O Terceira Via Verdão quer acreditar que os confrontos diretos entre adversários ao título os fará, mais rodada, menos rodada, com que alguém perca pontos.

Que os torcedores tenham razão. Vai, Palmeiras!

terça-feira, outubro 27, 2009

33ª Mostra de Cinema tem futebol e transmissão online

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Até o dia 05 de novembro, São Paulo abriga a 33ª Mostra Internacional de Cinema e seus 424 filmes.
Além da overdose cinematográfica (já tradicional), a inovação deste ano fica para o primeiro Festival Online do mundo. A ideia é disponibilizar na internet 25 filmes, que integram a programação da Mostra, para o público assistir gratuitamente.
Entre os títulos que procurava para assistir, fica a recomendação dos filmes “Futebol Brasileiro”, longa produzido por uma japonesa, “Á Margem do Lixo”, a terceira parte de uma tetralogia do Evaldo Mocarzel, "Momentos de Jerusalém", que são sete documentários feitos por sete jovens diretores palestinos e israelitas e “Nós que ainda estamos vivas”, que narra o julgamento realizado em 15 de março de 2007 contra os militares argentinos responsáveis pelo genocídio durante os anos 1970. A lista completa dos filmes que estão disponíveis para ver gratuitamente está aqui.
Link
O tema boleiro também pode ser conferido nas seguintes películas: À Procura de Eric, do Ken Loach, e que foi produzido e protagonizado pelo jogador de futebol francês Eric Cantona, conhecido por suas jogadas brilhantes e pavio curto. Além do documentário "Maradona". Então para os ébrios da vez, fica a dica!

Mês que vem, o jogo do ano

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A terra vai tremer no dia 5 de novembro. Pela primeira vez (salvo engano) na história, a fechada Coreia do Norte receberá uma equipe brasileira de futebol em seu território. Será a chance dos brasileiros encantarem os norte-coreanos com o futebol pentacampeão do mundo e, de quebra, ajudar a seleção local a se preparar para a Copa de 2010, para a qual está classificada.

O time em questão é o Atlético Sorocaba, da segunda divisão paulista, que enfrentará a seleção da Coreia do Norte. Isso mesmo, caros amigos: no mês que vem, teremos o duelo Coreia do Norte x Atlético Sorocaba.

A notícia foi dada hoje pela Trivela, que repercutiu informação da agência sul-coreana Yonhap. Segundo o texto, a novidade foi dada à agência na segunda-feira por um "homem de negócios que ajudou a organizar a partida". A fonte, informa a Yonhap, é presidente da companhia automobilística Pyeonghwa. Tanto Pyeonghwa quanto Atlético Sorocaba têm o mesmo proprietário - Sun Myung Moon (foto), mais conhecido como "Reverendo Moon", o criador-líder-máximo da Igreja da Unificação.

A única ressalva ainda em relação à existência do confronto vem do próprio Atlético Sorocaba. O site do clube não menciona a partida - diz que a equipe faz uma excursão para a Ásia e enfrentará FC Tokyo, em duelo a ser travado no mítico Ajinomoto Stadium (é sério), "uma equipe da China" e o Il Hwa Chunma, da Coreia (o texto não especifica qual das duas). Há uma menção a um quarto jogo "que será definido durante a viagem", mas não se cita a possível partida contra o selecionado norte-coreano.

A torcida do Futepoca e dos amantes do futebol nacional é que o choque entre Coreia do Norte e Atlético Sorocaba se faça real. Será um duelo único entre ocidente e oriente, transformador tal qual, na ficção, foram as disputas entre Ivan Drago e Rocky Balboa e Forrest Gump e os meso-tenistas chineses. E, caso queiramos encarar de outra maneira, podemos ver a peleja como um "jogo da paz", aos moldes que fizeram Irã e EUA na Copa de 1998.

Nas transmissões futebolísticas de competições internacionais, volta e meia os narradores despejam frases como "o Grêmio (por exemplo) é o Brasil na Libertadores!". A sentença é rejeitada por quase que a integridade dos brasileiros. Mas agora, acho que dá pra afirmar sem erro: o Atlético Sorocaba é o Brasil na Coreia do Norte! Vai, Atlético!

segunda-feira, outubro 26, 2009

Clássico na Vila: para este campeonato, jogo acima da média

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Por Moriti Neto



Antes de começar o texto, estava pensando nas falhas cometidas pelos times de São Paulo e Santos, no clássico de ontem, disputado na Vila Belmiro. Mas, considerada a média de atuações que tem sido oferecida ao publico nesta edição do Campeonato Brasileiro, creio que seria injusta uma análise baseada em erros. Afinal, no jogo, que terminou com o placar de 4x3, há pontos positivos a ressaltar.

O confronto foi emocionante e imprevisível, o que já é para ser comemorado no cenário modorrento que se abateu sobre o futebol nacional. Alternativas não faltaram. O placar foi mexido várias vezes e o resultado ficou em suspense até o fim. Também não faltou garra por parte das duas equipes. E, ainda, embora não se possa dizer que foi uma aula de futebol, alguns lances bonitos marcaram a partida.

Por que desmerecer as boas antecipações de Rodrigo Souto no primeiro e segundo gols santistas – um do próprio volante e outro do garoto André, que dá pinta de ser bom atacante? Por que não enaltecer a belíssima falta batida por Hernanes no tento inaugural do Tricolor (nossa, tem gente que disse que a bola era defensável!)? Sem contar o bate-pronto de Jorge Wagner, que nem foi com a perna forte, após ótimo cruzamento do lateral argentino Gonzáles, fazendo o terceiro para os são-paulinos e, no quarto, anotado por Rogério Ceni, que não marcava há um ano, sempre se pode levar em conta o quão é diferente um goleiro decidir uma partida naquelas condições (aliás, como é legal ver o Capitão marcar!). Nessa descrição em desordem, resta destacar o oportunismo de Washington, no segundo do São Paulo, num típico lance de centroavante, e o terceiro do Peixe, deixado por Róbson, que acabara de adentrar o campo.

Enfim, por todas essas variantes, o clássico foi interessante, espantando a monotonia de domingo e da própria competição. Se alguém lembrar de jogo melhor no campeonato, que faça o favor de apontar. Pode até ser que tenha ocorrido, mas sem um bom esforço de memória...

Arbitragem

Simom realmente foi mal na arbitragem, o que não é novidade. Há muitos lances discutíveis como a falta que originou o gol de Rogério, a expulsão do Capitão, um pênalti não marcado de Léo em Dagoberto e os poucos minutos de descontos dados na etapa final. Se o árbitro é mal intencionado não tenho subsídios para afirmar, mas existem elementos de sobra para concluir que é muito fraco. E se o sujeito é referência entre os juízes brasileiros, inclusive homem de Copa do Mundo, isso só mostra que o nível geral é baixo demais.

Bola de cristal em risco

É obviedade dizer que não há chances de previsão para indicar o campeão ou quem vai se classificar para a Libertadores e, apesar da vitória do Tricolor, não ouso mudar uma linha em relação ao meu post anterior, pois a possibilidade de jogar a Copa do Brasil em 2010 é bem plausível. A inconstância das equipes é tamanha que até o Cruzeiro está no páreo. Tremei analistas de plantão! Pois neste campeonato não são só os cargos de técnicos que estão na berlinda.


Moriti Neto é torcedor do São Paulo e escreve sobre o Tricolor Paulista no Futepoca. Qualquer são-paulinismo exacerbado não é de responsabilidade de quem publica, hehe...

Veludo, o goleiro manguaça

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Há 40 anos, em 26 de outubro de 1969, morria, na mais completa miséria, Caetano Silva, o popular goleiro Veludo (foto), reserva da seleção brasileira na Copa da Suiça. Com apenas 39 anos e parcos 48 quilos, aparentava o dobro da idade. Curtia as últimas cachaças, um vício que aniquilou sua carreira profissional. Depois da Copa de 1954, Veludo revezava como goleiro titular do Fluminense com Castilho (que seria campeão do mundo em 1958, como reserva de Gilmar). Porém, num fatídico clássico contra o Flamengo, em dezembro de 1956, o Fluminense levou uma sonora goleada de 6 a 1 e, segundo a maioria dos testemunhos, Veludo estava bêbado e poderia ter evitado facilmente quatro dos gols. Ele desceu chorando para o vestiário e foi banido das Laranjeiras. Despencou de timinho em timinho, no interior de Minas Gerais e São Paulo, até pendurar as chuteiras, vencido completamente pelo álcool. Bebia tudo o que ganhava. Mas dizia que não exagerava: "Gostava de tomar minhas cervejas, gostava demais. Fora dos treinos, fora do clube, eu aceitava qualquer convite para tomar um copinho. Minha fama se alastrou", comentou certa vez, em uma reportagem da revista Manchete Esportiva. Menos famoso que Garrincha, o mais célebre dos jogadores bebuns, ninguém soube quando Veludo morreu. Fica aqui, com quatro décadas de atraso, nossa homenagem.

Luxemburgo: o novo quadro do novo PT

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O treinador do Santos e recém ingresso no time dos boleiros-políticos, Vanderlei Luxemburgo, em entrevista à Folha de São Paulo deste domingo, falou que sai do Santos se Marcelo Teixeira não for reconduzido à presidência, deixou em suspenso sua ida para o Internacional, destilou seu ódio, raiva e rancor sobre o presidente do Palmeiras, Luiz Gonzaga Belluzzo, que o demitiu e comentou sobre .... sua ida para o PT.


Segue um pequeno trecho, com alguns necessários negritos.


FOLHA - E a ida para a política?
LUXEMBURGO - É outra possibilidade que pode existir na minha vida, de ir para o outro lado. Nunca me filiei a partido. Filiei-me ao PT agora, no Tocantins, porque acho que é um Estado que promete, tem só 20 anos e muita coisa a ser feita.

FOLHA - Por que o PT?
LUXEMBURGO - Sempre me identifiquei com coisas que o PT fazia, mas achava o partido radical. Passou a ser mais moderado e se encaixa mais com a minha cabeça, com o meu pensamento político-ideológico.

FOLHA - É amigo do Lula? O Lulinha [filho do presidente e auxiliar no Santos] já é seu companheiro...
LUXEMBURGO - Tenho amizade com o Lula, que foi o petista que mais evoluiu. Se você pegar o Lula de anos atrás e pegar o de hoje, verá que evoluiu na ideologia política, algumas coisas que tomava com radicalismo no partido foram mudando. Isso mostra que o PT evoluiu.

FOLHA - Por que o Tocantins? Está preparado para as críticas por não ter identificação com esse Estado?
LUXEMBURGO - O mundo está globalizado, qual é o problema? Por que você não pode trabalhar no Rio se for convidado? É anormal? Vocês têm tendência à crítica. Como se fosse proibido eu entender que o Tocantins possa ter uma situação em que seja possível desenvolver um trabalho melhor do que em São Paulo. Num mundo globalizado, com possibilidades, alternativas de trabalho, você fala inglês fluente e o convidam para um jornal em Nova York. Vai deixar de ir porque é brasileiro? É crescimento. No Norte, é onde precisam de um projeto de esporte, pois não tem.

Os acréscimos

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Antes de mais nada: o São Paulo tem bem, bem mais time que o Santos. Mereceu ganhar o jogo de ontem. E não é à toa que briga pelo título, enquanto o Santos patina no campeonato. OK? Então simbora falar o que precisa ser falado.


Meu maior momento de perplexidade na Vila Belmiro nesse domingo não foi no precoce gol santista, nem na virada tricolor no início do segundo tempo, tampouco no gol de Rogério Ceni. Foi quando vi, nas mãos do árbitro reserva, a placa digital que indicava "3". Em um primeiro momento achei que fosse uma indicação ao jogador do São Paulo que deixaria o campo (havia um atleta em aquecimento). Mas não, o "3" era uma referência ao tempo que seria acrescentado ao final da partida.


Três minutos. Carlos Eugênio Simon decidiu dar três minutos de acréscimo.

Isso em uma etapa que teve seis substituições, atendimentos médicos e, o mais importante, um lance que demorou mais de cinco minutos para sua conclusão (refiro-me, obviamente, à expulsão de Rogério Ceni).

Imagino que a vida de um juiz de futebol não seja das mais fáceis. Afinal, trata-se de decidir, em frações de segundo, lances rápidos e que gerarão impactos infindáveis. Por isso costumo ter certa paciência com os erros de arbitragem.

Mas o que aconteceu na Vila nesse domingo não foi um "erro". Carlos Eugênio Simon não "errou" ao dar apenas esse acréscimo. Ele conhece a regra do jogo, sabe a quantidade de substituições que foram dadas, e tem ciência do tempo perdido com as confusões de uma partida.

Simon optou por dar apenas três minutos de acréscimo. O fez de maneira intencional. Acredito que não caiba a menor discussão quanto a isso (a não ser que alguém me fale, amanhã, que o cronômetro dele estava quebrado).

A dúvida que fica é qual foi o interesse de Simon com a atitude.

domingo, outubro 25, 2009

Som na caixa, manguaça - Volume 45

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OS PILARES DA CULTURA

A Barca do Sol

Não puxe a arma, não faça drama,
Procure manter a calma, nã, não voa!

Não cuspa fora, não perca o sono,
Prefira sempre a balada, uma gelada!

Não force a barra, não gaste a grana,
Evite cair no gôto do esgoto!!

Não abra o frasco, não perca sangue,
Refresque seus temores numa Brahma!

Não abra o verbo, não queime a cama,
Quero que você me esqueça neste inferno!

(Do LP "Durante o verão", Continental, 1976)

O primeiro à esquerda é o flautista Ritchie, futuro "Menina veneno"

sexta-feira, outubro 23, 2009

A CPI do Judas na grande mídia

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Escândalo da crucificação


Jesus Cristo é convocado para depor em CPI

Parlamentares da oposição investigam relação entre episódio bíblico e mensalão

Começaram ontem na Câmara os trabalhos da comissão parlamentar mista de inquérito que vai investigar as relações entre o líder hebreu Jesus Cristo e seu apóstolo Judas Iscariotis, no que vem sendo chamado de “escândalo da crucificação”. A ideia da oposição é buscar elementos que comprovem as conexões entre o episódio histórico e as irregularidades cometidas no governo Lula, evidenciadas pela declaração do presidente que afirmou que “se Jesus Cristo viesse para cá, e Judas tivesse a votação num partido qualquer, Jesus teria de chamar Judas para fazer coalizão”.

A bancada evangélica, junto com a católica, tentou obstruir a abertura dos trabalhos, sem sucesso. Com base nas declarações do ex-deputado-federal e atual conselheiro profissional Roberto Freire, que disse que o presidente Lula chegou ao "cúmulo de justificar suas alianças escusas colocando Jesus e Judas em conluio”, parlamentares fizeram um requerimento para convocar Jesus Cristo como testemunha. O líder religioso teria armado a própria crucificação, ao saber das criminosas intenções de Judas em trai-lo e, mesmo assim, não ter feito qualquer denúncia. A oposição quer saber se há conexão entre a atitude de Cristo e de Lula, que teria tido postura semelhante no que diz respeito ao chamado mensalão.

Já a facção mais radical da oposição pediu que seja juntado ao relatório o chamado Evangelho de Judas que provaria não só que Jesus sabia da disposição do apóstolo como mostraria que ele mesmo teria incentivado a delação que culminou na crucificação, a exemplo de Lula, que seria o verdadeiro chefe de quadrilha do valerioduto.

Judasduto

Parlamentares investigam também a possibilidade de haver alguma relação entre o esquema de Marcos Valério e o papel exercido por Judas Iscariotes, que exercia a função de tesoureiro no grupo de Jesus (segundo João 13:29). O referido apóstolo foi acusado inclusive por um outro companheiro de Cristo de desvio de recursos.

Nesse caso, a oposição também quer saber o papel de Jesus no esquema. A acusação é de que ele sabia dos desvios de recursos praticados por Iscariotis. Um parlamentar do PSDB revelou, em off, que essa pode ser a linha da investigação. “Levando em conta que ele tinha conhecimento de que o apóstolo iria vendê-lo, é de se presumir que ele sabia dos desvios praticados pelo traidor e nada fez, assim como Lula no episódio do mensalão”.

Os trabalhos da CPI continuam na próxima semana. Até o fechamento dessa edição, Jesus Cristo não havia respondido ao requerimento da comissão. O presidente Lula descansa no Guarujá.

Isso é uma obra de ficção. Qualquer semelhança com personagens da vida real é mera coincidência. Inspirado por Luís Nassif.

quinta-feira, outubro 22, 2009

Tipos de Cerveja 42 - As Rauchbier

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Estilo com bastante tradição na Alemanha. Suas origens remontam ao início do século XVI, quando surgiram os primeiros exemplares na região de Bamberg. É uma cerveja escura, com grande semelhança com as Oktoberfest/Marzen. Essa tonalidade vem do malte, que é posto perto de lareiras para ficar com um sabor "defumado" (rauch é a palavra alemã para isso). Esse processo dá um sabor muito característico à cerveja, semelhante a carne defumada e com traços de especiarias. O volume de álcool varia entre os 4% e os 7%. O site parceiro Cervejas do Mundo recomenda três marcas: a Aecht Schelenkerla Rauchbier Marzen, a Triumph Rauchbier e a Spezial Rauchbier Lager (foto).

O pensamento vivo de Joel Santana

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Pra quem ainda não viu, depois da instigante entrevista do presidente Lula na Folha, outro colóquio inspirador. Joel Santana, recém-demitido da África do Sul (contrariamente à previsão de Beckenbauer), falou ao Globo Esporte. Estão ali todos os elementos que fizeram do comandante o "figuraça-mór" do futebol brasileiro. Abaixo, uma versão editada e resumida:


Futebol e amor

O futebol é como o amor. Se a mulher não te quer mais, você vai fazer o quê? Eu gostaria de continuar, mas não deu. Não fico chorando o leite que já caiu no chão, tenho que partir pra outra.

Retranca contra a técnica
Reclamaram que joguei com três volantes contra a Alemanha lá na Alemanha. Mas você quer o quê, que eu jogue aberto? Cada um tem sua maneira de ver o futebol, mas é fácil ganhar da Alemanha lá? Do Brasil, da Espanha? Vai ver se é...

Vai aparecer alguma coisa boa...
Até o fim do ano fico de stand-by, em janeiro estou pronto para voltar a trabalhar. Com certeza vai aparecer alguma coisa, não tenho dúvidas. Até porque sou iluminado. Quando eu chegar no Rio as coisas já vão começar a acontecer pra mim...

A "coisa boa" é o Fluminense????? Ou o Botafogo???

O Titanic está no mar. Se bem que de repente eu vou. Gosto de desafios. Se a torcida comprar o barulho comigo, eu vou.

Se não der um time europeu, segunda divisão não é tão ruim assim...
O Real Madrid e o Barcelona perderam ontem, será que ninguém vai me chamar não, hein? Deixa o Cuca lá resolver o problema dele. O time do Fluminense não é ruim, tem Fred, Luiz Alberto, Conca... Eu vi que o Fluminense já conseguiu melhorar nos últimos jogos, de repente dá uma equilibrada, ganha cinco seguidas e sai dessa. Mas Fluminense e Botafogo já passaram por isso, assim como o Palmeiras, o Grêmio, o Vasco, e todo mundo já viu que o mundo não acaba se o clube for rebaixado. Segunda divisão não é para dar tiro na cabeça, é para reavaliar e consertar o que está errado.
A entrevista completa e sem interpretações freudianas está aqui.

Promoção: faltam dois dias para elogiar a cerveja e levar um guia sobre a gelada

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Vai só até esta sexta-feira, 23, a promoção do Futepoca.

Envie um elogio à cerveja que você vai tomar nesta sexta em até 140 toques. A promoção foi pensada para o Twitter, mas para incluir mais participantes, as respostas podem ser enviadas por e-mail.

Envie agora

Bastam 140 caracteres.

O melhor elogio fatura um exemplar do Guia ilustrado Zahar de Cerveja, assinado por Michael Jackson, britânico especialista no fermentado oferecido pela editora Zahar.

Envie agora

Bastam 140 caracteres.

Manchete do Futepoca: contra a crise, Lula comprou uma geladeira nova

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Em entrevista à Folha de S.Paulo desta quinta-feira, 22, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez uma ampla retrospectiva da ação do governo diante da crise. Começando por reavaliar (e manter a posição) de que a crise foi uma marolinha no Brasil.

Lá pelas tantas, falando sobre a precipitação dos empresários em demitir – especificamente da Vale e da Embraer – o presidente diz que foi "à TV contraditar a tese de que as pessoas não iam comprar com medo de perder o emprego", foi "dizer que iam perder emprego exatamente se não comprassem".

Aí, Kennedy Alencar pergunta: O sr. comprou algo?

LULA - Lógico. Comprei geladeira nova.
Aos ouvidos do Futepoca, trata-se de uma postura adequada de um chefe de estado alinhado ao Maguaça Cidadão, o maior programa de transferência de cachaça defendida ardorosa e insistentemente por este blogue. Na geladeira nova, a cerveja fica gelada mais rapidamente e produz-se gelo com mais eficiência para um caipirinha, por exemplo.

Em outro trecho, o presidente se contradiz e manifesta desapreço pelo falecido ex-presidente Russo, Bóris Iéltsin. Ao justificar por que ele se posicionou contra a saída de José Sarney (PMDB-AP) da presidência do Senado – para muito além da aliança PT-PMDB pela candidatura de Dilma Rousseff – Lula critica a "negação" na política. "O que vem depois da negação da política é pior do que a gente tinha", afirmou. "A negação do socialismo, feita pela Gorbatchov, deu quem? O que tomava vodca lá, o [Bóris] Iéltsin".

Pô, presidente! Como assim "o que tomava vódca lá"? Mais respeito por chefes-de-estado bêbados!

E também...
Lula diz que não usa mais o termo burguesia e comparou o exercício ser oposição e o da Presidência da República a bater pênalti. "Brincando (como oposição) todo mundo marca gol. Na hora do pega para capar (como presidente), até pessoas como o Zico e o Sócrates perderam pênalti".

Sobre a escolha de Dilma Rousseff, ministra-chefe da Casa Civil, Lula repetiu o discurs de "a mais competente gerente que o Estado brasileiro já teve" e disse que isso não é discurso tucano.

A respeito de acordos políticos e concessões, emendou: "Se Jesus Cristo viesse para cá, e Judas tivesse a votação num partido qualquer, Jesus teria de chamar Judas para fazer coalizão."

O Palmeiras hoje não ganha nem dividida

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Foi por 2 a 0 a terceira derrota seguida do Palmeiras no Campeonato Brasileiro. Há três jogos o Palmeiras não marca um gol sequer na competição. Há quatro jogos não vence.

O Palmeiras que atuou em Santo André não é capaz de ganhar nem sequer uma dividida na intermediária. Fez quatro chances de gol (duas nos acréscimos), não tem meio de campo nem capacidade de desarme.

Um dos nomes para isso é pipoca.

Outros são ziguezira, azar, desconcentração, salto alto, morrer na praia...

Tudo começou na partida contra o Avaí, após a convocação de Diego Souza para a seleção. O empate em casa marcou os dois últimos gols que o time fez no campeonato. Desde então, em todos os jogos o alviverde tomou dois ou mais gols. A ex-melhor defesa do campeonato é uma peneira, aberta a contra-ataques como um copo na mesa do bar é disponível para a cerveja.

Depois, veio o Náutico e uma chacoalhada de 3 a 0. "Estava sem sete titulares", disfarcei. Depois, contra o Flamengo, quando havia marcação forte e um jogador desequilibrando, hoje só teve um time desequilibrado, descompassado. Completamente torto em campo. A única forma de fazer a bola sair do campo defensivo foi o chutão. Se houvesse um lançador, poderia ser uma ligação direta. Mas era só chutão mesmo.

Ainda no primeiro tempo, Cleiton Xavier sentiu uma contusão muscular na coxa, foi substituído por Marquinhos, que foi melhor que o camisa 10, mas não o suficiente para fazer o time funcionar.

Diego Souza, que despontava para ser o craque do campeonato, só mantém a pose. É incapaz de puxar um contra-ataque em velocidade ou de achar outro atacante livre.

Como o restante da rodada é todo no fim de semana, o time de Muricy Ramalho fica fazendo as contas para saber que ainda será líder ao final desta rodada. E, tomando o futebol apresentado hoje, só por mais essa rodada.

***

Perder a terceira seguida, é ruim. Segurar os palavrões neste post, é difícil. Deixar de ser fatalista, não deu. Mas ouvir fogos de artifício na vizinhança após o jogo é deplorável.

quarta-feira, outubro 21, 2009

A partir de entrevista de Belluzzo, um novo xingamento a economistas

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No Terra Magazine, o economista Luiz Gonzaga Belluzzo criticou os analistas de plantão que desceram a lenha na taxação de capital estrangeiro, por meio do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).

"Na verdade, quem está contra a taxação quer cuidar dos próprios investimentos, dos interesses próprios. O governo tomou uma medida que, na minha opinião, deveria ser mais radical. Deveria ter alterado a forma de atuação do Banco Central no mercado de câmbio", avisou.

"A valorização (do Real) é boa pra quem? Pra quem está fazendo arbitragem. Para o resto do Brasil, não é boa", emendou.

E então: "Esses sabichões do mercado deveriam parar de aconselhar as pessoas a fazerem coisas que não devem, como por exemplo, aplicar no fundo do Bernard Madoff."

Bernard Madoff (foto) presidiu uma sociedade de investimento criada na década de 1960 e que, modestamente, leva seu nome. Em dezembro de 2008, em meio à toda turbulência da crise financeira internacional, foi preso pelo FBI acusado de fraudes estimadas em US$ 500 bilhões. Com fama de filantropo a organizações judaicas – que também foram vítimas, registre-se –, enganou bancos e grupos de investimento com um negócio baseado em um esquema de pirâmide.

Eram analistas que, com pompa e cerimônia, vaticinavam: "Recomendo".

Com isso, a economistas do mercado financeiro que apresentem suas visões evidentemente de olho em seus interesses proponho que seja dirigido um novo xingamento, com conotação exclusivamente monetária:

"Vá aplicar no fundo do Madoff!"

ou

"Vá pro fundo do Madoff!"

terça-feira, outubro 20, 2009

Chute forte

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Por Mouzar Benedito


Mata do Sino é um lugarzinho bonito no município de Juruaia, Sul de Minas. A paisagem montanhosa impressiona bastante, mas representou durante muito tempo uma dificuldade para se jogar futebol: não tinha um lugar plano com tamanho suficiente para se fazer um campo. Não digo estádio, mas apenas um campo mesmo, com largura de pelo menos cinquenta metros e comprimento de uns setenta.

O único lugar que arrumaram, que aplainando um pouco (não existiam máquinas de terraplenagem por lá) podia ter essas dimensões, sobrando pirambeiras bem íngremes dos dois lados, foi na saída para Nova Resende, mas com um problema: a estrada passava pelo meio do campo. Mas antes isso do que nada. Assim, lá era o único lugar que tinha uma regra diferente mesmo nos jogos oficiais: quando apontava um veículo qualquer se aproximando do campo para atravessá-lo, paravam o jogo, mas sem tirar a posse da bola do jogador que estivesse com ela, e depois que o veículo passava o jogo continuava. Ainda bem que o movimento de veículos lá era muito pequeno, na época.

Em Nova Resende não chegou a ser assim. Não tinha um terreno plano, mas um com um declive pouco acentuado, que tinha espaço suficiente para se fazer um campo até maior, com largura para uma futura arquibancada e tudo mais, até um vestiário. Bastava aplainar. Assim foi feito, e o campo ficou até grande e bom, virou Estádio Olegário Maciel, nome da rua em que se situava, e mais tarde, já com muros e até uma pequena arquibancada, Estádio Vicente Maldi, em homenagem a um antigo e fanático torcedor que por sinal teve uns dos filhos que foi um beque lendário na Esportiva Nova Resende, o Vâni. Outro filho, Cesário, foi goleiro.

Bom, mas antes da arquibancada, muita gente assistia aos jogos de pé, nas laterais do campo. Porém, muitos preferiam ficar em cima de um barranco, atrás do chamado “gol de cima”, pois depois de aplainado o campo sobrou um declive forte atrás do “gol de baixo” e um barranco de mais ou menos um metro e meio atrás do outro, que por sinal era vizinho ao cemitério. Chutes muito altos caíam dentro do cemitério e era uma diversão para a molecada pular o muro e disputar quem achava a bola no meio dos túmulos.

E quando algum jogador se machucava, ficando estatelado no chão, a torcida gritava animada: “Joga no cemitério”.

Explicado isso, vamos ao que justifica o título desta crônica.

Zeca, pescador e caçador que garante nunca ter contado uma mentira em toda a vida, um dia assistia a uma discussão no “Bar Esportiva Nova Resende” sobre quem tinha o chute mais forte em toda a história do futebol da cidade. Uns diziam que era o Celinho, que jogava na Esportiva e mudou-se para Juruaia. Era beque de espera, e os tiros de meta que batia atravessavam o campo e caíam atrás do gol adversário, às vezes até dentro do cemitério. Outros diziam que era o Toniquinho, e havia quem defendesse o Zé Leopoldo...

No meio da discussão, Zeca, que estava calado até essa altura, resolveu entrar na conversa e todo mundo se calou, sabendo que ele tinha sempre alguma coisa "inédita" pra contar (e quem é que tinha coragem de chamar suas histórias de mentira?).

— Não é nenhum desses aí. O chute mais forte que já teve aqui era o do Tião Folheiro.

— Como é que o senhor sabe? — provocou o Alcindo.

— Rá! Eu era menino quando reinauguraram o campo da Esportiva, que foi aplainado, acabando com a inclinação. Fiquei sentado no barranco, bem atrás do gol, e vi o primeiro pênalti batido nesse campo novo, pelo Tião Folheiro. Sabe o que aconteceu?

— Nunca ouvi falar!

— A bola enterrou um metro e meio no barranco!



Mouzar Benedito é amigo dos integrantes do Futepoca e, tal como eles, é apreciador de cachaça boa e já foi jurado do festival da cachaça de Sabará. Saciólogo, geólogo e jornalista, é autor dos livros João Rio, 45; 1968, por aí, entre outros.

segunda-feira, outubro 19, 2009

Rodada quase perfeita

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De todos que lideram o Gangorrão 2009, segundo definição do sampaulino Moriti, o Galo foi o único que fez a sua parte. Com isso saiu do quarto para o segundo lugar. Mais que isso: a vitória foi sobre um concorrente direto à Libertadores.


O destaque do jogo, para mim, foi que depois que tomou o gol, o São Paulo teve poucas chances no primeiro tempo e não fez praticamente nada no segundo. E nem se pode falar que o Galo ficou na retranca. Ao contrário, teve as melhores chances no segunda etapa, mas na maior parte do tempo tocou a bola, saindo algumas vezes em velocidade.

Para isso ajuda muito a visão de jogo de Ricardinho, que entrou pela primeira vez como titular com passes precisos e batendo falta muito bem. Inclusive a que gerou o gol de Tardelli.

Para quem fala que o Galo é um asilo de ex-sampaulinos, como os dois citados mais Éder Luís, é bom notar que os três ainda jogariam e muito nesse time tricolor. Ainda bem que estavam do outro lado.

Outro destaque foi o goleiro Carini. Não aparece muito, mas sempre está presente fazendo defesas e reposição de bolas com precisão. Para quem há muito tempo não tinha goleiro, é um alívio.

E dessa vez o mérito do Roth foi não inventar. Escalou os melhores e o time foi muito equilibrado na defesa e no ataque. Se continuar assim, vai ser difícil tirar o Galo dos quatro primeiros.

Por que rodada quase perfeita - Se a vitória do Flamengo acabou sendo boa, embora eu nunca torça para os rubronegros, confesso que sequei o Cruzeiro. Por motivos óbvios, mas também porque vem se aproximando na tabela.

E vai dar trabalho, porque está armado para o 1 a 0. Faz o gol e fica só na defesa, como foi no jogo contra o Galo e contra o Bota, que também não merecia perder.

Palpitagem geral sobre o Corinthians

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Não tem muito que falar da derrota do Corinthians para o Sport, nesse domingo, em Recife. O time já está num ritmo meio de férias, o que se soma à desorganização causada pela chegada de novos jogadores. O Leão, que não tem nada com isso, fez seus gols, marcados por dois ex-corintianos, aliás – fiquei preocupado quando entrou o lateral Fininho...



Como não dá mais pra ser campeão (o que sem dúvida diminuiu meu ânimo de escrever), o foco fica na observação dos jogadores e montagem do time. Das últimas partidas, algumas informações podem ser extraídas.

Elias – Já ficou claro que Elias não serve para jogar na meia. Funciona muito melhor de segundo volante, quando vem de trás e recebe menos marcação. Prefiro ter um excelente segundo volante que um meia mais ou menos.

Ataque – Ronaldo, por óbvio, faz muita falta e é decisivo. Ao seu lado, Jorge Henrique é o motor do time ofensivamente. Sem ele, ou quando não está em jornada inspirada, como ontem, a coisa desanda. Contra o Grêmio (2 a 1 para o Timão, não comentado neste fórum), melhor partida do time nos últimos jogos, houve uma mudança de leve no posicionamento de JH. Jogou um pouco mais recuado, armando o jogo vindo da ponta, chamando mais a atenção e permitindo a Elias jogar mais livre. O time rendeu mais.

Neófitos – Edno não funcionou como centroavante, mas mostrou qualidade de movimentação e visão de jogo. Errou muitos passes, talvez por fala de entrosamento, mas também por ter tentado, muitos passes de primeira. Se a bola queimar menos nos pés, vai melhorar.

O argentino Defederico jogou pouco até agora, mas parece que sabe das coisas. Drible curto, bom passe, se movimenta bem. Está tentando fazer o papel de meia centralizado, mas acaba caindo um pouco para os lados.

Sobre os dois e qualquer outra contratação, tenhamos nós torcedores alguma paciência. Tem cara que chega mandando bem, outros que demoram para decolar, e tem, sem dúvida, os que não dão certo e ponto. Mas que se dê algum tempo antes de sair crucificando alguém. Vejam o caso de Júnior César, no São Paulo, contratado no início do ano, que só foi render no Brasileiro.

Esquema tático – Para manter o seu amado 4-2-3-1, Mano Menezes depende de um meia centralizado, que consiga desacelerar o jogo e fazer a bola rodar. Os candidatos são Defederico e Edno, talvez Edu. Acho que o ex-jogador da Lusa tem mais chances de se encaixar nessa função, se conseguir diminuir seu ritmo e cadenciar mais o jogo.

Se não achar esse cara, o treinador pode precisar mudar o esquema. Eu vislumbrei o time num 4-3-3 do estilo do Barcelona, com Elias e Edu como meias que marcam, e Jorge Henrique ou Defederico armando o jogo de uma das pontas, mais ou menos como JH fez contra o Grêmio. Outros falam de um 4-3-1-2, com Defederico centralizado servindo Ronaldo e JH (ou Edno, ou Dentinho).

Elenco e carências – O fato é que temos hoje mais opções no elenco e bons jogadores irão ficar no banco. Como no Brasil se disputa campeonatos concomitantes por boa parte do ano, convém. Se no meio e ataque temos os já citados, na defesa Paulo André se mostrou opção muito boa, bem como Balbuena nas laterais.

Falta, sem dúvida, um lateral-esquerdo. Marcelo Oliveira vai melhor que Marcinho, mas está longe de resolver. Escudero está voltando de contusão e Mano já avisou que colocará o argentino para jogar, já que ele é o único lateral de ofício do elenco. Adversários, tremei.

Segue também a busca por um reserva Ronaldo. Dos candidatos atuais, o melhorzinho parece ser Bill, que pelo menos corre bastante. De resto, por mais que se possa melhorar em muitas posições, creio que as limitações de grana vão deixar por isso mesmo.

Tem gente que ainda sonha com Riquelme, Deco ou um craque desse tipo para a meia. Não creio, mas se vier, bato palmas.