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Sendo na Jamaica, a moleza e a vontade de dar risada devem ser ainda maiores...
Sendo na Jamaica, a moleza e a vontade de dar risada devem ser ainda maiores...
A terça-feira após feriado, um dia de trabalho normal, leva ao fim do expediente com um inusitado bom humor. É o caso, avalio com meus botões, de comparecer com flores lá em casa, aproveitar o momento pós-eleitoral em que o mundo é melhor e mais bonito do que quando havia campanha.
Foto: Jardineiro.net
TIOZÃO DE BAR
(Érika Machado/ Cecilia Silveira)
Érika Machado
Tive tempo pra desenvolver
Incríveis qualidades
Fui funcionário do mês
Campeão de xadrez
Tanta gentileza até me fez perder freguês
Quando ninguém mais está por perto
Exercito habilidades
Com os canudinhos do bar
Faço esculturas pra quê
Pra bater o recorde de espera por você
Não me preparo para o que vem vindo
Segunda-feira é a mesma coisa que domingo
Sempre colado aqui nesta cadeira
Tão só, tão só, tão só, tão só
Tive até vontade de pular de pára-quedas
Mas fiquei com medo de morrer
Meu escritório é o bar
Minha razão pra viver
E eu ainda tenho tantas latas pra beber
Eu me preparo assim desta maneira
A mesa o copo o isopor e a saideira
Estou colado aqui nesta cadeira
Tão só, tão só, tão só, tão só
(Do CD "Bem me quer mal me quer", Tratore, 2009)
Este mapa foi divulgado no Blog do Escrevinhador. Achei oportuno, por toda a discussão que houve em torno da "divisão" do Brasil entre eleitores de Dilma e Serra e que ainda precisa ser melhor compreendida. Foi elaborado pelo ilustrador Bruno Barros.
Nele as cores dos estados são nuançadas conforme o percentual de vermelho (votos em Dilma) e azul (votos em Serra). É interessante notar que praticamente não há diferença de tonalidade entre Mato Grosso e Pará, por exemplo. Ao mesmo tempo que as regiões onde o azul realmente predomina não são em estados tidos como emblemas do "desenvolvimento" e do Brasil "rico e educado", mas sim dois estados amazônicos e majoritariamente rurais, que são Acre e Roraima.
Antes de reclamar que o centroavante do seu time perde gols, veja esse cidadão aí embaixo no jogo válido pelas quartas de final dos Jogos Asiáticos, entre Uzbequistão e Catar. Fahad Khalfan perde o tento e sua seleção perde a partida na prorrogação para os usbeques. O tricolor Washington perde para ele também.
(Via Twitter do @charlesnisz)
A campanha de esgoto que o tucano José Serra fez este ano, nas eleições presidenciais, conseguiu trazer para os holofotes os setores mais atrasados, conservadores e extremistas da sociedade brasileira e acentuou à tensão máxima o ódio, o preconceito e a divisão raivosa entre nós. Como nunca antes na História desse país, a xenofobia entre compatriotas esteve tão explícita, orgulhosa e falando em tão alto e bom som.
Depois do revelador manifesto "São Paulo para os paulistas", que diz muito sobre o PSDB perpetuar-se no Palácio dos Bandeirantes desde 1995 (ou desde 1983, considerando que é praticamente o mesmo grupo que chegou ao poder com Franco Montoro), presenciamos a lamentável sequência de barbaridades no Twitter e a escalada oficial do preconceito em plena mídia de informação.
O mais recente (e triste) exemplo vem de Santa Catarina. No jornal da RBS, retransmissora da TV Globo no Sul do país, o comentarista Luiz Carlos Prates afirmou, sobre a alta incidência de mortes nas estradas no feriadão que se estendeu até segunda-feira (grifos nossos): "Antes de mais nada, a popularização do automóvel. Hoje, qualquer miserável tem um carro. O sujeito jamais leu um livro, mora apertado numa gaiola que hoje chamam de apartamento, não tem nenhuma qualidade vida, mas tem um carro na garagem".
Depois de dizer que o tal "miserável" ainda tem problemas matrimoniais e por isso desconta suas frustrações abusando da velocidade no trânsito, o comentarista volta à carga: "Popularização do automóvel, resultado deste governo espúrio, que popularizou pelo crédito fácil o carro para quem nunca tinha lido um livro. É isso".
Ou seja, o Lula é culpado por ter distribuído renda e dado o direito ao consumo e ao lazer aos "miseráveis analfabetos", culpados por todo e qualquer acidente de automóvel. Pelo o que dá a entender, os ricos, esses iluminados, nunca morrem nem matam ninguém no trânsito. Será?
Parabéns, José Serra. Colha com prazer o que você semeou:
Ps.: É sintomático que os lamentáveis comentários tenham vindo de Santa Catarina, estado que, a exemplo de São Paulo ("dos paulistas"), de Minas Gerais e do Paraná, também elegeu governador do PSDB. Vejam aí mais um exemplo da xenofobia que a campanha repulsiva dos tucanos fez emergir:
Só complementando:
É isso o que eu vou fazer com quem topar fazer uma reconstituição do lance, eu no papel do Gil e o desafiante no papel de Ronaldo. Vou até fechar o olho para ser mais verossímil.
Até aqui, quem vaticinou a verdade foi o Marcão “Diná”: “o Corinthians deve pavimentar seu caminho ao título com vitória sobre o Cruzeiro” e “No outro jogo, o Fluminense tem tudo pra vencer o Goiás em casa. Mas aí sim eu acho que pode dar zebra. Tratando-se do Goiás, nunca se sabe...”. Mas não há absolutamente nada decidido. Ainda creio na capacidade do Fluminense de avançar e não aposto uma pataca no empenho de São Paulo e Palmeiras para vencê-lo. Cruzeiro também não está morto, embora bastante ferido.
Não vi o jogo, confesso. Estou aqui no Rio, onde só estava passando o embate aviário mineiro-carioca. Vi apenas o obviamente polêmico pênalti marcado sobre Ronaldo e o gol do próprio. Digo obviamente polêmico não porque haja alguma dúvida quanto a ter sido ou não pênalti, mas porque qualquer pênalti marcado a favor do Corinthians neste jogo seria alvo de polêmica. Acaba parecendo mais importante que o jogo, o avanço do Corinthians, seu desempenho.
Uma falta como essa feita sobre Ronaldo, se fosse no círculo central, seria marcada sem maiores discussões: um jogador vai receber uma bola alta e o marcador – sem qualquer possibilidade de alcançar a bola, já que o seu adversário está de costas para ele recebendo a bola de frente – chega como uma vaca louca e lhe dá um encontrão por trás (atenção: por trás), impedindo-o de dominar a bola ou mesmo de se manter em pé. Esse papo de “jogada normal” na área, que “é falta mas ninguém nunca marca”, é um equívoco. Normal é uma disputa de bola com o corpo, coisa que o gordo Ronaldo faz o tempo todo, às vezes se dando bem, outras não. Neste caso, não havia qualquer disputa de bola, já que a bola estava totalmente fora de alcance para o marcador.
Ainda ouço comentários de que o zagueiro cruzeirense Gil “foi burro”, o que não vou discutir no mérito, mas apenas evocar como mais um argumento a esmorecer a discussão. Se foi burro é porque fez o que não devia: uma movimentação bisonha dentro da área, difícil de explicar aos colegas, e que termina atropelando o atacante adversário. Aos que ainda têm dúvida, eu gostaria de propor uma reconstituição da cena, na qual eu faria o papel do zagueiro cruzeirense: o Tomé receberá uma bola alta de costas para o gol e eu vou fazer um lance “normal” nele do jeitinho que o cruzeirense fez no Ronaldo.
Mas que falem. O Corinthians agora depende de si mesmo e passou bem pelos dois maiores desafios das últimas cinco rodadas. Mas, repito, nada está ganho. Tudo pode acontecer nessas três rodadas finais e não existe nenhum favoritismo. Dificilmente o Corinthians ganhará os três jogos, o que abre margem para que seja ultrapassado por Fluminense ou Cruzeiro. Bola no chão e vamos em frente.
Até esta sexta-feira, 12, os chineses serão assediados por empresas de alimentação de todo o mundo. Do Brasil, a novidade é a investida da cachaça para os conterrâneos de Hu Jintao – tudo para o preparo de caipirinha. É que desde quarta-feira, 10, acontece a feira Comida e Hospitalidade na China (FHC, na sigla em inglês).
Depois de um empate na partida de ida, o Palmeiras venceu os reservas do Atlético-MG e está nas semifinais da copa Sul-Americana. A noite fria e de garoa no Pacaembu abrigou um gol olímpico de Marcos Assunção e outro de Luan, após um raro contra-ataque alviverde.
Os 2 a 0 mantém o Palmeiras em uma das duas competições que disputa no segundo semestre. O time vem jogando mal no Brasileirão, desencanado mesmo. Até porque, Luiz Felipe Scolari rende melhor em competições de estilo mata-mata.
O Atlético-MG jogou melhor do que o Palmeiras poderia ter permitido. Escrevendo de um jeito mais claro: o time mineiro teve boas chances de gol, com liberdade para avançar. Se o time não fosse o reserva ou se tivesse um meio-campo mais articulado, teria gerado problemas reais. Quando saiu o segundo gol, era o time de Dorival Jr. quem tinha melhores condições.
Valdívia entrou jogando, mas durou 16 minutos. Motivo para jornalistas perguntarem e para Felipão se irritar. O chileno está precisando tomar uns passes, uns banhos de cachaça ou qualquer coisa do gênero. Ô, fibrose chata.
Lincoln jogou bem, Kleber trombou bem... E Marcos Assunção bateu faltas e chutou a distância bem. Segue sendo a principal arma do ataque. E o meio de campo continua com mania de chutão, com dificuldades de sair em contra-ataques.
Depois de vencer o 16º colocado no campeonato brasileiro, o Verdão espera o vencedor entre Avaí e Goiás, respectivamente o 18º e 19º da classificação, ambos na zona de rebaixamento.
Mas o que importa é que o Palmeiras está nas semifinais, entre os quatro melhores da competição. Algo assim não acontecia desde o brasileirão de 2008. Que melhore. É com isso que contam palmeirenses como os 35 mil torcedores que se molharam no Pacaembu.
Depois de 15 anos sofrendo em cargos subalternos numa agência bancária de periferia, o manguaça foi promovido de repente a assessor especial da diretoria, e transferido para um prédio na região mais próspera da metrópole. Pêgo de surpresa, foi obrigado a renovar às pressas todo o guarda-roupa - e a comprar pelo menos um terno de grife capaz de frequentar os eventos sociais mais requintados da empresa. Com dor no coração, o manguaça espremeu o orçamento e parcelou em 18 meses um bonito e vistoso terno Armani. As parcelas mensais fizeram com que sua cachaça diminuísse pela metade, mas era por uma boa causa, pelo futuro profissional.
- Um espetáculo seu terno, Praxedes. Muito bom gosto.
- Obrigado, doutor Cardoso.
E assim, logo nas primeiras ocasiões em que vestiu a roupa, foi elogiado por todos, e especialmente pelos superiores. Mas sorria amarelo, pensando no desfalque mensal que o caríssimo e proibitivo terno havia lhe custado. Três meses depois, um colega de seção, todo cheio de dedos, o chamou para conversar.
- Praxedes, minha irmã vai casar com um alto figurão do governo, eu vou ser padrinho e não tenho roupa pra ir. Estou com muita vergonha de pedir dinheiro para o próprio noivo pra poder me vestir. Será que você não me empresta aquele seu terno?
- Ah, Medeiros, você vai me desculpar, mas não posso. Aquilo me custou uma fortuna, ainda tenho 15 meses pra quitar, morro de medo que aconteça alguma coisa.
- Por favor, eu prometo que nada acontecerá. Juro! Por favor, se precisar, eu ajoelho na tua frente!
Constrangido pelas súplicas do amigo, que já chamavam a atenção de outros funcionários, Praxedes, muito a contragosto, capitulou. Só impôs uma condição:
- Tudo bem, tudo bem. Mas faça uma coisa: use o terno apenas na igreja. Eu sei que na festa você vai encher os cornos e acabará me estragando a roupa, manchando de bebida e comida. Leve um terno seu no carro e troque depois da cerimônia.
- Pode deixar! Vou fazer isso. E depois mando seu terno na melhor lavanderia da cidade, vou te devolver melhor do que está. Muito obrigado! Você me salvou!
Naquele sábado à noite, enquanto rolava o casamento, o manguaça bebericava sua cerveja, encostado no balcão do português, com os piores pressentimentos possíveis. "Uma hora dessas meu terno já deve estar um trapo. E eu ainda tenho 15 parcelas pra quitar! Quem vai pagar? O próprio Medeiros admite que não tem um tostão furado no bolso! É o diabo, é o diabo!". Mas, na segunda-feira, o colega apareceu todo sorridente em sua mesa:
- Praxedes, você é mais que um amigo, é um irmão! Deu tudo certo. Usei seu terno somente na igreja, as fotos ficaram lindas. Depois me troquei no banheiro, guardei tudo direitinho e já enviei pra lavanderia. Na quarta-feira fica pronto e na quinta eu trago aqui no trabalho para você. Obrigado mesmo!
- Não há de quê - respondeu o manguaça, entre suspiros de alívio.
Na quinta-feira, porém, Medeiros não apareceu para trabalhar. "Justo no dia em que ia trazer a roupa de volta. Aí tem coisa! Eu bem que desconfiava", gemeu Praxedes, já temendo pelo pior. Mas calou sua preocupação, bateu o ponto, passou no português para beber a obrigatória e tomou o rumo de casa. No outro dia, ao chegar para mais um expediente, estranhou que, além de Medeiros, nenhum outro funcionário estivesse presente. Duas horas e meia depois, sem que ninguém tivesse aparecido, subiu dois andares e indagou os três ou quatro que ali se encontravam sobre o sumiço dos colegas.
- Ah, "seu" Praxedes, eles vieram mais cedo e tiveram que sair. Deixaram um bilhete para o senhor.
No papel, apenas um endereço. Nervoso e cada vez mais confuso com a situação kafkiana, o manguaça pegou o primeiro táxi que viu e se mandou para um subúrbio bem distante. O endereço era o de uma pequena capela. Ao entrar, viu de longe alguns de seus companheiros de repartição. E, antes que pudesse abrir a boca, notou, a alguma distância, um caixão circundado por quatro velas e muita gente chorando. Deitado, com algodões no nariz e as mãos entrelaçadas, Medeiros. Vestido impecavelmente com o seu bonito e caríssimo terno Armani. A família do defunto ficou muito emocionada ao presenciar o choro convulsivo e desesperado do manguaça. Nunca poderiam imaginar que um colega de trabalho demonstrasse uma amizade e uma dor tão fortes...
A expressão Foreign Stout começou a ser utilizada com a Guinness Foreign Extra Stout (FES), uma versão mais forte e com mais lúpulo da clássica Guinness Extra Stout, para suportar as longas viagens às antigas colônias britânicas (algo semelhante à "fortificação" do vinho do porto). A FES ainda existe, produzida localmente em muitas das antigas províncias inglesas, como a Jamaica, o Sri Lanka e a Nigéria. De acordo com Bruno Aquino, nosso parceiro do blogue português Cervejas do Mundo, "são produtos de boa qualidade, similares à original, mas que apresentam já algumas características do local onde são produzidas. As Foreign Stouts encontram-se a meio caminho entre as Stouts normais e as Imperial Stouts. São mais doces que uma Stout mas menos robustas e complexas que uma Imperial". O volume de álcool pode variar entre 6% e 8% e elas também podem ser designadas por Export Stout. Para experimentar: Guinness Foreign Extra Stout, De Dolle Extra Export Stout e Lion Stout (foto).
O ex-jogador e comentarista esportivo Sócrates vaticina: Manaus, Natal, Brasília e Cuiabá terão estádios às moscas a partir de agosto de 2014. Construídos ou reformados para o Mundial de futebol, os templos do ludopédio nessas quatro, das 12 cidades-sede, são inúteis para a prática do futebol cotidiano.
Faltam times para jogar nesses locais, na avaliação dele. Os torcedores do América de Natal e do ABC podem reclamar. Mas duvido que os do Gama e do Brasiliense o façam.
Pode ser ressentimento de um belenense como é o também médico Sócrates Brasileiro. Na capital do Pará, com toda a certeza, uma arena esportiva seria tomada a cada Paysandy x Remo (ou a cada Remo x Paysandu).
No mesmo artigo, publicado nesta semana na CartaCapital, ele sustenta que esse fenômeno da inutilização da estrutura da Copa aconteceu na França (1998) e na Itália (1990).
No caso da terra de Nicolas Sarkozy, Sócrates lembra que o PSG manda suas partidas no Parque dos Príncipes, e não no Estádio da França, na capital do país.
Faltou lembrar...
A cidade de São Paulo não se enquadra na lista de Sócrates. Ele faz lá críticas, embora o Itaquerão, estádio do Corinthians, tenha sido encapado pela prefeitura de São Paulo e pelo governo do estado. Tudo isso se deu na segunda-feira (8), dias depois do fechamento da revista semanal.
Mas além do Morumbi, preterido num misto de projeto insuficiente com muito lobby e interesse político em outras direções, o Palestra Itália está em reformas e deve ficar pronto mais ou menos na mesma época. Não para a Copa, mas com certeza para jogos de futebol.
Há ainda a futura ex-quase-casa do Corinthians, o Paulo Machado de Carvalho, o Pacaembu. Há o Canindé, o mais bem localizado estádio da cidade do ponto de vista do transporte público e privado. E, na Grande São Paulo, a Arena Barueri, órfã de clube de futebol profissional até que o Grêmio Prudente debande do extremo oeste do estado.
Desses, o uso está garantido.
Mas a teoria dá o que pensar.
O Aécio Neves está falando aos jornais em refundar o PSDB, para que o partido “recupere o seu sentido”. Eu não estou entendendo mais nada. Mas não foi o PSDB que saiu fortalecido dessas eleições? O partido que perdeu mas levou? Que governará a maior parcela de eleitores? Não foi o PSDB que inspirou, com seu candidato e segundo o próprio, a formação de uma “trincheira pela liberdade e pela democracia”? Por que refundar o que está dando tão certo?
Pois eu achei que isso era a coisa mais surpreendente que eu poderia ler na manhã de hoje. Mas não, imaginem. Quem conduziria esse processo? Notáveis do partido. Quem seriam esses notáveis, FHC? Sim, claro, FHC, juntamente com José Serra e Tasso Jereissati. Depois de me benzer, tentei entender o que é que está passando na cabeça do Aécio. Afinal, por que chamar para recriar as bases de um partido esse trio que, além de aposentado pelas urnas, consegue ser a reunião das figuras mais desagregadoras de que já ouvi falar?
Foi essa foto mesmo, dos sem-Serra, que eu não aguento mais a cara do cidadão
Aécio é um cara bacana, deve estar preocupado em arrumar assunto para os amigos veteranos, agora desocupados. Eu tenho uma ideia melhor, Aécio: chama mais um - por exemplo, o Caetano Veloso ou o Hélio Bicudo - e arma uma caxeta, buraco, truco, dominó, porrinha...
A entrevista da GloboNews com a professora Lena Lavinas, da UFRJ, cumpre duas funções. Primeiro, mostra como a grande mídia está tentando novamente influenciar a agenda do governo eleito, inserindo uma pauta conservadora no debate, apesar da clara mensagem das urnas em favor de políticas de combate à desigualdade. Aqui, cabe lembrar que o pessoal de esquerda (também conhecido como "nóis") precisa cumprir o mesmo papel e puxar o governo para a pauta que nos interessa, especialmente uma ação mais forte no combate à desigualdade.
Aliás, já que a presidenta está falando em reforma tributária, que o debate passe pela introdução de maior progressividade nos impostos, diminuindo a carga sobre os mais pobres (e a classe média deve se beneficiar aqui, creio, do alto de minha ignorância tributária) e aumentando sobre os mais ricos. Se houver conhecedores do tema entre os leitores, por favor, contribuam.
A segunda razão para ver o vídeo é dar destaque mais uma vez à absoluta contradição entre a chamada "Dilma terá que lidar com rombo milionário na previdência" e a argumentação da professora, que nega desde o início a existência do tal rombo. Nesse ponto, destaque para o baile que as jornalistas globais levam de Lavinas, que dá uma verdadeira aula sobre previdência e seguridade social.
A terceira razão é a supracitada aula sobre um tema dos mais importantes para quem acredita na construção e consolidação de um aparato de proteção social no Brasil. Não consegui achar um jeito de reproduzir o vídeo direto aqui, por isso vai o link:
http://globonews.globo.com/videos/v/dilma-tera-que-lidar-com-rombo-bilionario-na-previdencia/1366939/
O acirramento desmedido da oposição no processo eleitoral traz frutos amargos para o país após o encerramento do pleito. A aliança feita por José Serra e sua campanha com os setores mais reacionários deu fôlego para manifestações preconceituosas de um pessoal que já vinha colocando as asinhas de fora antes. Agora, então, aguenta.
A nova pedra de toque do discurso reaça é “culpar” o Nordeste pela eleição de Dilma Roussef. Os nordestinos seriam ignorantes e comprados, vagabundos que inventam filhos para ganhar o dinheiro do “Bolsa 171” pago pelo governo federal às custas dos impostos de São Paulo. Sim, é uma galerinha de São Paulo que tem difundido com mais energia esse tipo de idiotice preconceituosa.
A proposta é separatista e, em alguns casos, clama por assassinatos. São Paulo e o “sul maravilha” se separariam e viveriam felizes para sempre longe do atraso do Norte e do Nordeste. Não sei bem onde ficariam Minas e Rio de Janeiro, onde Dilma deu uma bela surra no tucano, mas também não dá pra cobrar muito poder de análise desse pessoal.
Porém, serei ousado e cobrarei outra coisa: coerência. Pois se o Nordeste é todo uma porcaria, cheio de imbecis manipuláveis, nada que venha de lá deve ser bom.
Assim, os valorosos militantes destas horrorosas ideias deveriam repudiar os shows e CDs de Gilberto Gil, Caetano Veloso, Gal Costa, Raul Seixas, Daniela Mercury, Ivete Sangalo, Elba Ramalho, Chiclete com Banana, Dorival Caymmi, Zé Ramalho, Jorge Mautner, Luiz Gonzaga, Chico Science e Nação Zumbi e muitos outros. Aliás, nada de forró (universitário ou não), axé, coco, maracatu, embolada, frevo. E não esqueçamos das micaretas e trios elétricos.
Na mesma linha, é dever cívico pra essa galera repudiar o carnaval em Salvador, Recife, Olinda e qualquer outra cidade nordestina. Aliás, é de suma importância deixar de lado as férias em Porto de Galinhas, Natal, Fernando de Noronha, Lençóis Maranhenses e outros cantos dessa terra esquecida por Deus.
Deveriam também banir das bibliotecas a literatura de Jorge Amado, Castro Alves, Augusto dos Anjos, Graciliano Ramos, José Lins do Rego, Rachel de Queiroz, Ariano Suassuna, Gonçalves Dias, Manuel Bandeira e uma cacetada de outros escritores dispensáveis, demonstrando com clareza a falta de cultura da região.
Cabe também ignorar os trabalhos de Paulo Freire na pedagogia, Josué de Castro na sociologia, Celso Furtado na economia. E deixar de lado ainda o trabalho do neurocientista Miguel Nicolelis, paulista de nascimento mas que escolheu instalar em Natal seu Instituto Internacional de Neurociências Edmond e Lily Safra, referência mundial em estudos na área. Um traidor como esses deve certamente ser desconsiderado.
(Atualizado às 15h do dia 5/11)