Destaques

sábado, maio 23, 2009

O “Bombonerazzo”

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Por compromisso de trabalho estava em Montevidéu, mas não pude acompanhar a partida entre Boca Junior e Defensor pela TV. Após saber do resultado, saí para jantar e provocava a conversa com os motoristas de táxi, com os garçons e ouvia as conversas nas mesas ao lado.

Em todos, mesmo os que torcem para Peñarol ou Nacional (que fazem clássico no  domingo no estádio Centenário), a alegria estava estampada nos rostos porque a rivalidade com os argentinos é maior que as querelas clubísticas.

Houve quem disse que se havia feito história ao ganhar de 1 a 0 e desclassificar o Boca em plena Bombonera. Exageradamente, a comparação era com o Maracanazzo, a vitórias dos uruguaios sobre o Brasil em 1950, em pleno Maracanã, na final da Copa do Mundo. Aliás, em breve escreverei post aqui no Futepoca sobre como esse jogo é cultuado até hoje no Uruguai, considerada “a partida do século”.

Voltando ao “Bombonerrazzo” desta semana, o diário El País uruguaio (www.elpais.com.uy) lembra que o feito do Defensor foi a primeira derrota do Boca na Libertadores deste ano e a primeira vez que uma equipe uruguaia ganhou na Bombonera pela taça continental.
 
Sobre a crise que se abateu sobre o time argentino, vale a capa do Olé, que teve o título "No hay Defensores", em que afirma ter acabado um ciclo, do treinador Carlos Ischia e de alguns heróis de "ontem", de uma equipe que fez história. No mesmo texto fala-se, também com o exagero de uma letra de tango, que a eliminação foi o maior fracasso do time na era moderna.

Agora, é o Estudiantes de La Plata que está no caminho do Defensor. Quem faz sua aposta?

sexta-feira, maio 22, 2009

Uma casa, muita política e cachaça e a Tragédia do Sarriá

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Mouzar Benedito já teve livros resenhados no Futepoca por mais de uma vez. Ele mantém, em 90% das histórias que conta, algum elemento relacionado a dois dos temas centrais daqui, a política e a cachaça. O militante de esquerda e cachaceiro profissional – além de saciólogo e jornalista – lançou mais um livro, João do Rio, 45 pela Lumiar.

Contemplado pelo Programa de Ação Cultural (Proac) do governo do estado de São Paulo, o livro é, segundo o autor, "quase uma continuação do Pobres porém perversos", outro livro assinado por ele. O lançamento atual narra as desventuras político-etílicas-sexuais dos moradores e agregados de uma casa da Vila Madalena, zona oeste de São Paulo, no fim da década de 70 até meados dos 80.

Em um levantamento preliminar, feito ainda na mesa do bar onde Mouzar autografava o livro, constatei que, em média, cada página contém aproximadamente cinco referências a nomes de bebidas alcoólicas. Como as aventuras de Valadares, Fernando, Perobão, amigos e amigas giram em torno da casa e as reuniões são sempre abastecidas com destilados e fermentados, tudo se explica.


As discussões do final da ditadura militar, o início do PT – e dos problemas do partido – são descritos de uma visão não tão comum, a mesa do bar. Curioso a obra ser bancada por uma política pública de um governo do PSDB.

Futebol
A única menção ao esporte bretão que encontrei diz respeito à Copa do Mundo de 1982.
O primeiro jogo do Brasil na Copa do Mundo realizada na Espanha foi contra a União Soviética. Apenas umas dez pessoas estavam aqui e se maravilhavam com o futebol bonito de jogadores com Sócrates e Falcão, dirigido pelo técnico Telê Santana. (...)
Serginho Chulapa era praticamente uma unanimidade. Ninguém gostava dele. Outra unanimidade era o goleiro Valdir Perez: ninguém confiava nele. Cada bola atrasada provocava medo e suspiros, gritos de gozação, todo mundo achando que ele poderia engolir um frango. Ninguém entendia como Telê Santana, um técnico tão bom, podia ter levado para a seleção esses dois jogadores.
Norberto era fanático pelo Toninho Cerezzo, que o Virgilio odiava. Valadares gostava do Falcão, que não era vítima de grandes ódios de ninguém, e do zagueiro Luizinho, um negro craque, que não dava chutão, não fazia uma falta, não chutava ninguém. O atacante Éder dividia opiniões. A maioria achava que ele tinha apenas um chute forte e certeiro, não servia para mais nada. Mas jogou bem, marcou um gol no segundo tempo e se redimiu. Sócrates foi o autor do outro gol, na vitória brasileira por 2 x 1. Zico não tinha inimigos, mas também não tinha nenhum fã exacerbado aqui.
Depois do jogo, cachaça e cerveja até a noite.
Finalmente chegou o jogo pelas oitavas-de-final com a Itália. Eram 40 pessoas e um panelão de feijoada foi preparado, um monte de goró à disposição, só esperando a festa.
Marcelo, italiano, brincou:
– Não quero estragar a festa, mas aposto que a Itália vai ganhar esse jogo.
Todos riram, mas o Mariozinho resolveu levar a proposta a sério. Acabaram apostando uma caixa de cerveja. Mariozinho já considerava a aposta ganha, pois a Itália vinha jogando muito mal.
Ao final da Tragédia do Sarriá, o pagamento:
O Mariozinho foi até a padaria, xingando, levando uma caixa de garrafas vazias e voltou com outras cheias, para pagar a aposta feita com o Marcelo. Colocou todas na geladeira, pôs uma cadeira ao lado e ficou bebendo, sentando.
Ninguém tocou a feijoada. Ficou aquele clima de velório, todo mundo foi embora e o Mariozinho continuou ao lado da geladeira. De manhã, no dia seguinte, ele dormiu um pouco, enfim. Havia pagado a caixa de cerveja que perdeu na aposta com o Marcelo, mas o Marcelo mesmo não ganhou nada: o próprio Mariorinho havia bebido a caixa de cerveja inteira.
É justo.

quinta-feira, maio 21, 2009

Dunga divulga convocação da seleção para eliminatórias e Copa das Confederações

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O técnico que nove entre dez brasileiros detestam divulgou hoje a lista de convocados da Seleção Brasileira para os dois próximos jogos das Eliminatórias para a de Copa 2010 e também a Copa das Confederações. O Brasil pega o Uruguai no daí 6 de junho, no estádio Centenário, em Montevidéu, e o líder Paraguai, no estádio do Arruda, em Recife.

Veja a lista:

Goleiros
Julio Cesar – Internazionale
Gomes – Tottenham
Victor – Grêmio

Zagueiros
Alex – Chelsea
Juan – Roma
Lúcio – Bayern de Munique
Luisão – Benfica

Laterais
Maicon – Internazionale
Daniel Alves – Barcelona
Kleber – Internacional
André Santos – Corinthians

Meio-campistas
Anderson – Manchester United
Gilberto Silva – Panathinaikos
Josué – Wolfsburg
Ramires – Cruzeiro
Elano – Manchester City
Felipe Melo – Fiorentina
Júlio Baptista – Roma
Kaká – Milan

Atacantes
Alexandre Pato – Milan
Luís Fabiano – Sevilla
Nilmar – Internacional
Robinho – Manchester City


A lista de Dunga, como tudo o mais sob o sol, tem virtudes e defeitos. As novidades (Victor, André Santos, Ramires e Nilmar) são muito positivas, especialmente os jogadores de Inter e Cruzeiro. Não sei se André Santos é jogador de seleção, mas é preciso experimentar na posição. E se Kleber “Chicletinho”, que não joga bem há uns dois anos, pode, porque não o corintiano? Fora isso, se o moço já é dado a uma máscara, agora agüenta...

De negativo, vejo a presença de Gilberto Silva, volante já ultrapassado, e a falta de inovações para essa vaga mais defensiva do meio-campo. Felipe Mello e Josué fizeram alguns bons jogos, mas não empolgam. Minha outra preocupação também fica no meio campo: tirando Kaká, os outros possíveis candidatos a meias de criação são bons, mas nada de geniais. Ramires e Anderson jogam mais de segundo-volante, enquanto os ótimos Elano e Júlio Baptista, que eu queria muito no meu time, não são meus titulares dos sonhos na seleção. Porém, entendo a opção de Dunga pela segurança de jogadores que já vêm de outras convocações. Para futuros testes, talvez o Alex, que era do Inter.

Para fugir dessa falta de meias, o blogueiro parceiro Carlos Pizzato sugere um ofensivo time no 4-2-3-1 tão na moda em nosso futebol, com Kaká pelo meio, Robinho na esquerda e Nilmar na direita na linha de criação. Eu gosto da idéia, mas duvido que Dunga vá por aí.

Desfalques

O outro lado da convocação é o efeito sobre os clubes nacionais, todos disputando fases decisivas de campeonatos importantes no período dos jogos da seleção. Corinthians e Inter ficarão sem seus atletas pelo menos no segundo jogo da semifinal da Copa do Brasil, marcado para 3 de junho. Se passarem, também ficam desfalcados no primeiro jogo da final (17/6), mas poderiam contar com os jogadores no segundo, dia 3 de julho – se ninguém se machucar. Os colorados lamentam mais, pela ausência dupla (Kleber e Nilmar), enquanto o Corinthians só perde André Santos.

Grêmio e Cruzeiro ficam sem Victor e Ramires no jogo de volta das quartas da Libertadores contra Caracas e São Paulo, respectivamente (17/6). A Conmebol não divulgou as datas previstas para as semifinais e a final. O pessoal da conspiração clamou por isonomia: porque Miranda e Hernanes ficaram fora da lista justo agora?

Dia da Cachaça: obra de Itamar

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Se ninguém dá o justo crédito ao ex-presidente Itamar Franco por conta do Plano Real, o Futepoca faz justiça lembrando que ele participou da criação de algo muito mais relevante: o Dia da Cachaça, instituído quando era governador de Minas Gerais. Valeu, Itamar!

Confira aqui post sobre essa nobre data.

quarta-feira, maio 20, 2009

Brasil levará goleiro de time carioca em 2010?

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Com as ótimas atuações de Fernando Henrique, do Fluminense (à esquerda), e de Bruno, do Flamengo (abaixo, à direita), os torcedores brasileiros começam a se perguntar: a seleção brasileira voltará a levar um goleiro de time carioca para a Copa do Mundo? A última vez que isso aconteceu foi em 1998, com Carlos Germano, que na época pertencia ao Vasco da Gama. O carioca Júlio César, convocado para a última Copa como terceiro goleiro e que deverá ser o titular em 2010, não conta - afinal, pertence à Internazionale de Milão. Outra vaga para a Copa da África do Sul deve ser de Doni, do Roma, que vem sendo convocado frequentemente. Resta, portanto, uma vaga. Os palpites são muitos: lá fora, Gomes, do inglês Tottenham, sempre é cotado. Por aqui, Filipe, do Corinthians, Lauro, do Internacional-RS, Fábio, do Cruzeiro, o veterano Marcos, do Palmeiras, e os já citados Fernando Henrique e Bruno, entre outros, estão entre os destaques. Se dependesse de uma antiga tradição, a vaga ficaria com o titular de um time carioca. Porque, até o Brasil vencer sua primeira Copa, em 1958, com o goleiro Gilmar (do Corinthians) como titular, a seleção SÓ levava goleiros cariocas. E pelo menos um deles foi levado até 1974, escrita retomada entre 1982 e 1998. Ou seja: o Brasil, único país que participou dos 18 mundiais, levou pelo menos um goleiro de time carioca em 15 delas (83,33% das vezes) E o curioso é que, em nosso último título, os três goleiros eram de times paulistas, como em 1978. Confira os convocados (dois até 1966):

2006 - ALEMANHA
Dida (Milan), Rogério Ceni (São Paulo), Júlio César (Inter-Itália)

2002 - CORÉIA E JAPÃO
Marcos (Palmeiras), Dida (Corinthians), Rogério Ceni (São Paulo)

1998 - FRANÇA
Taffarel (Atlético-MG), Carlos Germano (Vasco), Dida (Cruzeiro)

1994 - ESTADOS UNIDOS
Taffarel (Reggina-Itália), Zetti (São Paulo), Gilmar (Flamengo)

1990 - ITÁLIA
Taffarel (Internacional-RS), Acácio (Vasco), Zé Carlos (Flamengo)

1986 - MÉXICO
Carlos (Corinthians), Leão (Palmeiras), Paulo Victor (Fluminense)

1982 - ESPANHA
Waldir Peres (São Paulo), Paulo Sérgio (Botafogo-RJ), Carlos (Ponte Preta)

1978 - ARGENTINA
Leão (Palmeiras), Carlos (Ponte Preta), Waldir Peres (São Paulo)

1974 - ALEMANHA
Leão (Palmeiras), Waldir Peres (São Paulo), Renato (Flamengo)

1970 - MÉXICO
Félix (Fluminense), Ado (Corinthians), Leão (Palmeiras)

1966 - INGLATERRA
Gilmar (Santos), Manga (Botafogo)

1962 - CHILE
Gilmar (Santos), Castilho (Fluminense)

1958 - SUÉCIA
Gilmar (Corinthians), Castilho (Fluminense)

1954 - SUIÇA
Castilho (Fluminense), Veludo(Fluminense)

1950 - BRASIL
Barbosa (Vasco), Castilho (Fluminense)

1938 - FRANÇA
Batatais (Fluminense), Walter (Flamengo)

1934 - ITÁLIA
Pedrosa (Botafogo), Germano (Botafogo)

1930 - URUGUAI
Joel (América), Velloso (Fluminense)

terça-feira, maio 19, 2009

Ofensas homofóbicas deixam torcedores para fora do estádio na Inglaterra

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O fato, lamentável, aconteceu na Inglaterra durante o campeonato inglês do ano passado.

Durante a partida entre o Portsmouth e o Tottenham, o zagueiro Sol Campbell, do Portsmouth (foto), foi agredido verbalmente com ofensas homofóbicas por torcedores do time adversário. Acredita-se que as ofensas tenham como origem a saída do zagueiro do Tottenham, em 2001 e a sua ida à época para o rival Arsenal.

A notícia boa é que, levado o caso das injúrias homofóbicas aos tribunais, a Justiça, em decisão inédita, está identificando e condenando os torcedores pelo ato. Dezesseis homens estão sendo investigados e, destes, onze foram presos e quatro condenados a não assistirem jogos em estádios por três anos.

Mas, o assunto voltou nesta segunda-feira, 18, quando a justiça inglesa confirmou nova sentença para mais dois torcedores que participaram do ato. Ian Trow, de 42 anos, e um garoto de 14 anos, também foram proibidos por três anos de estarem presentes em jogos de futebol. A juíza do caso, Georgette Holbrook, disse, ao anunciar a sentença: "Achamos que as palavras usadas foram de extremo mau gosto, além de inapropriadas, chocantes e indecentes."

Em carta lida ao júri, o jogador afirmou: "Senti-me vitimado pelo abuso que recebi. Fiquei absolutamente desgostoso com isso, e não reagi porque temi que isso poderia deixar a situação ainda pior, causando problemas. Isso teve efeito pessoal em mim e não quero que isso continue." Além da proibição de irem a estádios, Trow terá de pagar uma multa de 560 euros, enquanto o adolescente recebeu punição condicional de um ano. O custo dos honorários advocatícios, em torno de 880 euros, também ficará a cargo de ambos, que pretendem recorrer da sentença.

A notícia me lembrou o caso Richarlyson, que teve sua queixa-crime contra o diretor administrativo do Palmeiras, José Cyrillo Jr, arquivada. Cyrillo insinuou em programa de TV que o jogador seria homossexual.
O autor do arquivamento da queixa-crime é o juiz Manoel Maximiano Junqueira Filho, que por sua vez o fez justificando que “Futebol é viril, varonil e não homossexual”.

“Punido” pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça de São Paulo, por meio da não-promoção por merecimento pelo prazo de um ano, o juiz  teve em abril deste ano sua punição mantida.

Corinthians 0 x 0 Botafogo: ataques não resolvem e Mano ganha problemas de ego para administrar

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Atrasado, escrevo sobre o jogo mais ou menos entre Corinthians e Botafogo, terminado no domingo num opaco 0 x 0. O Timão entrou com seu time titular – com exceção de Jorge Henrique, substituído por um apagado Morais – e conseguiu controlar as ações no primeiro tempo, criando boas chances. Ronaldo teve duas, mas não aproveitou.



A melhor oportunidade do time, no entanto, foi de André Santos, que após bom passe de Dentinho, penetrou (opa!) a área em diagonal pela esquerda, driblou dois zagueiros e finalizou de esquerda (o pé errado para a posição em que estava), já com o goleiro Renan em cima dele. Logo a sua frente, absolutamente livre, estava Ronaldo, que teria pouco trabalho para empurrar para dentro. O lance seria apenas um gol perdido, mas três jogadores do Corinthians foram para o intervalo reclamando, de forma mais ou menos direta (só Christian citou nomes), da esfomeada do lateral.

André piorou sua situação em uma jogada no segundo tempo quando, do bico esquerdo da área, podendo optar por um passe mais difícil para o meio e outro mais fácil para a ponta, decidiu pelo primeiro. Até aí, novamente, tudo bem, mas André quis enfeitar o lance tocando para um lado e olhando para o outro e acabou errando. Tomou um esporro instantâneo de Mano Menezes pelo preciosismo.

O técnico tem agora um problema de egos para administrar até o jogo de quarta com o Fluminense. O risco é que a situação prejudique a união do grupo, uma vê que o jogo coletivo é a maior arma desse time.

Voltando ao jogo, no segundo tempo, o Botafogo voltou melhor e pressionou o Corinthians, mas seu ataque também não disse a que veio. Vitor Simões conseguiu a façanha de estar impedido oito vezes durante a partida, demonstrando uma falta de noção muito ruim para um centroavante. Quando chegaram ao gol, Felipe, em grande fase, salvou os paulistas. Para os corintianos, uma leve decepção: se empate fora de casa é até que bom resultado, dava pra ter levado essa.

Elenco

Voltando ao Corinthians, o jogo evidenciou a falta de peças do time, especialmente no ataque. Morais, Dentinho e Ronaldo não estavam em jornada muito feliz, mas o técnico tinha poucas opções para tornar o time mais agudo. Jorge Henrique, que veio para o jogo, é um jogador que vem mais de trás, não um atacante pelos lados como Dentinho. No lugar de Morais, entrou o meia Boquita, que não sabe nem disfarçar no ataque. E Souza no lugar de Ronaldo é brincadeira. A opção poderia ser Otacílio Neto, que apesar de ser mais agudo, é um destrambelhado que muitas vezes passa perto da expulsão. Além dele, apenas o garoto Marcelinho, destaque do time campeão da Copa São Paulo esse ano, mas que não empolgou nas poucas vezes em que entrou no time principal.

Especulações mil

A mais nova especulação sobre contratações no Corinthians é do diário Lance!, que conversou com Zé Roberto, do Bayern. O meia disse que foi procurado pela equipe e se animou com o projeto do time para 2010, ano do centenário. Já o Corinthians divulgou nota negando o contato, o que tem sido prática corrente da atual diretoria .

Quem não gostou da notícia foi o Santos. O presidente do clube Marcelo Teixeira disse acreditar que o jogador manterá sua palavra: Zé Roberto, quando deixou o time da Baixada, disse que daria prioridade para o time ao fim do contrato com o time alemão. Como prioridade não é garantia, tudo pode acontecer - inclusive, nada.

O contrato de Zé Roberto com o time alemão acaba agora em junho e o jogador, segundo o Uol, agendou um pronunciamento oficial logo após a útlima rodada do Campenato Alemão, que ermina neste fim de semana. O Bayern é o atual vice. Se chegar, jogando algo próximo da bola que tinha no Santos, é daqueles reforços que muda o time de nível.

Outras disputas - Santos e Corinthians já disputaram jogadores em outros momentos. O Uol recupera briga entre os clubes por Rincón (vencida pelos peixeiros em 2000), Deivid (que na ocasião foi para a capital) e pelo brilhante meia Fumagalli, em 2003, quando ele foi para o Timão. Espero que o Corinthians leve essa.

Os conceitos atemporais de Gramsci

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Recentemente, terminei de ler Americanismo e Fordismo, de Antonio Gramsci. Foi minha primeira experiência com o célebre escritor marxista italiano.

Na obra, Gramsci discute as relações sociais que fizeram com que esses dois sistemas de produção acabassem por triunfar em termos globais no início do século passado. O livro foi escrito durante 1926 e 1937, período em que Gramsci esteve na cadeia, onde foi parar justamente por ter ideias "subversivas".

Talvez a maior das "subversões" que Gramsci comete na obra é falar o quanto a classe dominante europeia é composta por "preguiçosos" - gente que ainda tenta ostentar caducos títulos de nobreza para justificar uma suposta superioridade sobre outros extratos sociais. E enquanto os europeus se deslumbram com essa condição, os americanos, segundo Gramsci, trabalham duro e espalham pelo mundo os tentáculos de seu bom modo de produzir.

De certo modo, as previsões de Gramsci se confirmaram. Após a Segunda Guerra Mundial, os EUA iniciaram um período de hegemonia econômica avassaladora, cujo auge foi vivenciado na década de 1990, após o fim da União Soviética - quando a superioridade econômica foi endossada por uma hegemonia também política.

Além das boas análises sociais, o que me chamou a atenção na obra foi um termo que Gramsci cita logo nas páginas iniciais do livro. Ao falar sobre o preconceito que os italianos do norte nutriam em relação ao seus compatriotas do sul, Gramsci diz que repousava sobre os sulistas o mito do lazzaronismo. Tal termo tem como origem a história de Lázaro, contada na Bíblia. O Lázaro em questão era um mendigo leproso que, após sua morte, foi ressucitado por Jesus. Pela dádiva recebida pelo Filho de Deus, Lázaro tornou-se uma espécie de estereótipo de quem fica no aguardo de providências divinas.

Acredito que não tenha sido a intenção de Gramsci, mas o uso por ele da palavra lazzaronismo me fez pensar em um universo completamente diferente. E não só a mim, aposto. Ou tem como não ler a palavra lazzaronismo e pensar em Sebastião Lazaroni, o técnico da seleção brasileira na Copa de 1990? Enquanto lia as ideias de Gramsci, fiquei pensando como seria o lazzaronismo brasileiro. Um sistema marcado pela insistência no uso do líbero? Por uma seleção desunida e que tapava o logotipo do patrocinador em sua foto oficial? Talvez um sistema caracterizado por não aproveitar jovens e ágeis jogadores que se consagravam à época? Ou, em mão completamente oposta, um sistema marcado pelo triunfo em continentes distantes, como o que Sebastião Lazzaroni recentemente conseguiu, sendo eleito o melhor técnico do Qatar?

Deixo a resposta para os leitores. E, para ilustrar o post, nada melhor do que uma peça publicitária que, como nenhuma outra, uniu lazzaronismo (à brasileira), italianismo e indústria automobilística, até com um quê de crítica à ostentação das instituições católicas.


segunda-feira, maio 18, 2009

Associação Comercial apela para vincular Lula à Petrobras

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Está na capa do Diário do Comércio um recorte da foto de Alexandre Brum com a marca da mão do presidente Lula em um macacão da Petrobras. Ao lado da manchete "Lula da Arábia ataca a CPI: coisa de quem não tem o que fazer", a foto também abre o site do jornal.


Desnecessário.

Provavelmente a imagem foi colhida em 2 de setembro de 2008, quando foram extraídos os primeiros litros de petróleo do Pré-Sal.

Foto: Ricardo Stuckert/Pr










Durante a campanha eleitoral de 2006, circularam carros com adesivos que faziam alusão semelhante. Um desenho de uma mão esquerda sem o dedo mínimo era apresentado dentro de um sinal de trânsito que indica proibição, quer dizer, um círculo com uma faixa diagonal vermelho. A distribuição do material levou a pelo menos uma prisão e a um pedido de apuração pela Justiça Eleitoral.

Por mais argumentos que se possa usar para defender a CPI para investigar as práticas da Petrobras, definitivamente a tentativa de vincular as irregularidades ao governo Lula pela marca de sua mão esquerda é bem apelativo.

Ou estou exagerando?

Santos 3 X 3 Goiás - o urubu da sorte peixeira

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Às vezes um mau resultado – e um bom também – acontece por conta de fatores imponderáveis, próprios ao esporte mais popular do planeta. Para se explicar algo, recorre-se até ao misticismo, ao sobrenatural, ao espiritualismo e quetais. Nada surpreendente, afinal, como diria Nelson Rodrigues, “o mistério pertence ao futebol”.

Não é exagero dizer que confrontos do Santos com o Goiás têm alguma coisa de místico mesmo. E o time esmeraldino, em geral, se sai bem contra o Alvinegro mesmo em situações adversas. Como foi o caso na Copa do Brasil de 1999, em que o Santos foi derrotado por 4 a 3 em plena Vila Belmiro. Também são de triste memória para os peixeiros as duas goleadas sofridas no ano passado.

Mas ontem, o empate em 3 a 3 nada teve de sobrenatural. Relembrando algumas partidas recentes do Santos, pode-se perceber aquilo que certamente vai comprometer pretensões mais altas da equipe no Brasileirão: as carências do elenco em algumas posições.

Sem o contundido Triguinho (que não é lá uma Brastemp) e Léo, em recuperação (ainda uma incógnita por mais que seja um ídolo alvinegro), a improvisação de Pará fez do lado esquerdo do Santos um caminho fácil para o veloz time goiano. Ajudou também a saída de Roberto Brum por contusão, ainda no primeiro tempo, que fez a partida que parecia fácil, com dois a zero aos 11 minutos, se tornar dramática. O Goiás conseguia finalizar com relativa tranqüilidade à frente da área santista, muito porque o substituto de Brum, Germano, é um segundo volante que tem dificuldades para trabalhar na cabeça de área. O Santos, incrivelmente, não tem outro jogador específico para a função.

Ainda assim era possível ter assegurado e até ampliado a vantagem de dois gols, mas de novo a suplência não correspondeu. Com a saída de Neymar e Kleber Pereira, o ataque foi praticamente inoperante, e o Santos mal conseguia manter a bola na frente. Aí, depender só do Madson para definir é pedir pra tomar o empate mesmo.



De bom para o santista, a volta de Rodrigo Souto, ausência mais que sentida nas finais do Paulistão. O meia marcou dois gols, mas não conseguiu carregar o piano sozinho. Sem completar as posições carentes do elenco, esse time é pra ficar entre os oito mesmo e olhe lá.

*******

Madson foi ontem chamado de “corintiano”, por ter recebido uma camisa de Ronaldo, e saiu chorando ainda no gramado após a partida. Errada está a torcida, que pega no pé do atleta que não é brilhante, mas tem sido decisivo para o Santos. A Vila tem que ser o caldeirão de sempre para o rival, não para o próprio time. Mas um atleta ter esse tipo de reação por causa de provocação de torcedor mostra que há algo errado com o tal do “emocional” dos jogadores peixeiros...

********

Fábio Costa deu uma bronca no menino Paulo Henrique no meio do jogo. Depois da partida, o arqueiro correu para o vestiário, Rodrigo Souto e Roberto Brum tiveram que "escoltar" o garoto para não haver "confronto". Depois da confusão com Fabiano Eller no início do ano - mais recente de muitas - há que se fazer as contas e ver se a relação custo-benefício do goleiro no grupo é de fato favorável ao clube.   

Frases célebres do futebol brasileiro

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"Chegarei de surpresa dia 15, duas da tarde, vôo 619 da VARIG."
(Mengálvio, ex-meia do Santos, em telegrama à família)

"Tanto na minha vida futebolística quanto com a minha vida ser humana."
(Nunes, ex-atacante do Flamengo, antes do jogo de despedida de Zico)

"Que interessante, aqui no Japão só tem carro importado!"
(Jardel, ex-atacante do Grêmio, ao desembarcar no país oriental)

"Eu, o Paulo Nunes e o Dinho vamos fazer uma dupla sertaneja."
(outra do Jardel, sobre as preferências musicais no Tricolor gaúcho)

"As pessoas querem que o Brasil vença e ganhe."
(Dunga, em didática entrevista ao programa Terceiro Tempo)

"A partir de agora, o meu coração só tem uma cor: vermelho e preto."
(Do zagueiro baiano Fabão, ao assinar contrato com o Flamengo)

"O novo apelido do Aloísio é CB, Sangue Bom."
(Souza, ex-meia do São Paulo, em entrevista ao programa Jogo Duro)

"Tenho o maior orgulho de jogar na terra onde Cristo nasceu."
(Claudiomiro, ex-meia do Internacional-RS, em Belém do Pará)

"Nem que eu tivesse dois pulmões eu alcançava essa bola."
(Bradock, amigo de Romário, durante uma pelada)

"No México que é bom. Lá a gente recebe semanalmente, de 15 em 15 dias."
(Ferreira, ex-ponta esquerda do Santos, entusiasmado com os gringos)

"Na Bahia é todo mundo muito simpático. É um povo muito hospitalar."
(Zanata, ex-lateral do Fluminense, sobre a hospitalidade baiana)

"Jogador tem que ser completo como o pato, que é um bicho aquático e gramático."
(uma das pérolas de Vicente Matheus, ex-presidente do Corinthians)

S.Paulo: ladeira abaixo em campanha espelhada

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A duras penas e com ajuda do juiz, o São Paulo conseguiu arrancar um empate em 2 a 2 com o Atlético-PR, em pleno Morumbi, depois de sair duas vezes atrás do placar. O zagueiro Rafael Santos fez os dois do Furacão, enquanto Borges e André Lima (foto), aos 43 do segundo tempo e impedido, liquidiram a fatura. Com apenas uma vitória nos últimos seis jogos (frente o América de Cali, contra três derrotas, uma para o Fluminense e duas para o Corinthians, mais o empate de ontem), o time de Muricy Ramalho segue ladeira abaixo, aliando a péssima fase de jogadores cruciais como Washington e Hernanes com uma série surpreendente de contusões e desfalques. No duelo com o Atlético-PR, mais dois para o Departamento Médico: Borges, que levou uma pancada na cabeça e foi parar no hospital, e o goleiro Bosco, que sofreu, provavelmente, um entorse no joelho esquerdo - em lance com o mesmo Rafael Santos que fez os gols paranaenses. Outros contundidos que seguem de fora são André Dias, Jean, Dagoberto, Rodrigo, Aislan e Rogério Ceni (este, até agosto). A bruxa, definitivamente, tá solta.

"Não vi o lance do Bosco, mas dizem que a bola estava saindo e o cara caiu em cima do joelho dele. Parece ser um negócio sério, mas tomara que não", comentou Muricy, diante da desesperadora situação de recorrer ao terceiro goleiro, Fabiano, que não atua desde outubro de 2007, quando pegou um pênalti no 1 a 1 com o Fluminense, no Maracanã. Pra completar o cenário sombrio, os próximos compromissos do São Paulo são o clássico com o Palmeiras, pelo Brasileirão, no domingo, e os jogos de vida ou morte contra o forte Cruzeiro, pelas quartas de final da Libertadores da América. Na competição nacional, um empate com o alviverde poderá confirmar a campanha espelhada com a de 2008, quando o Tricolor iniciou com derrota por 1 a 0 para Grêmio, no Morumbi, empatou com o Atlético-PR por 1 a 1, fora de casa, e repetiu o 1 a 1 contra o Coritiba, em São Paulo (ainda empataria sem gols contra o Santos, na quarta rodada, antes de conquistar a primeira vitória, diante do Atlético-MG, por 5 a 1). Este ano, perdeu a primeira por 1 a 0, contra o Fluminense, e empatou novamente com o Atlético-PR. Os próximos jogos, depois do Palmeiras, serão contra o Cruzeiro (em casa) e Avaí (fora). Já pela Libertadores, o São Paulo fará o segundo jogo no Morumbi. Mas, se continuar jogando como está, não será páreo para o embalado Cruzeiro. A não ser que a gripe suína assole Minas Gerais...

domingo, maio 17, 2009

Reservas do Inter passam pelo Palmeiras

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Ao entrar em campo, no Beira Rio, o Inter de Porto Alegre deixou sete de seus titulares de fora, de olho no Flamengo pela Copa do Brasil. O Palmeiras foi com um esquema defensivo. Era um 4-4-2 com o zagueiro Maurício improvisado na lateral-direita e dois volantes de contenção. Marquinhos, no ataque, voltou a não corresponder na função de ponta. Diego Souza foi bem ao puxar ataques, Keirrison teria sido melhor se colocasse alguma bola para dentro.

A partida não foi fácil para os Colorados, tanto que os titulares Guiñazu, D'Alessandro e Nilmar foram a campo durante o segundo tempo, quando os visitantes pareciam ameaçar mais. E fizeram diferença. O primeiro reduziu a capacidade do meio campo dos adversários, o segundo fez o gol que deu números finais ao jogo e o último sofreu falta que levou à expulsão de Pierre – o que duplicou o prejuízo, já que o camisa 5 não enfrenta o São Paulo na próxima rodada. O Palmeiras poderia se sair melhor com mais sorte ou menos efetividade da defesa do Inter.

O esquema escalado por Vanderlei Luxemburgo para iniciar a partida funcionou mal, e as coisas melhoraram com mudanças que deixaram o time menos recuado: Fabinho Capixaba na lateral e Mouzar no lugar de Souza como segundo volante.



Todo palmeirense agora repete: o Inter é favorito ao título, tem elenco e mesmo os reservas são um time forte. É verdade. Mas em um jogo que permitiu aos alviverdes vislumbrarem um empate, o consolo acaba sendo pouco.

sábado, maio 16, 2009

Em busca do marafo perdido - Capítulo 8

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MARCÃO PALHARES

Naquele sábado o programa era certo: filar cerveja de graça, como bicões, na festa de uma aluna do curso de Turismo. A perspectiva da bebedeira deixou os cinco manguaças eufóricos, tanto que, às duas e meia da tarde, já tava todo mundo encachaçado de caipirinha de vodka. Mas tudo tem seu método. Lá pelas quatro horas, cada um tomou um rumo diferente, com a promessa de se encontrarem lá na casa da "vítima", onde haveria a festa. Um dos bêbados preferiu comportar-se. Foi até a casa da namorada, tomou um café amargo, um banho bem demorado e botou uma beca decente. Outros dois ainda tentaram comer alguma coisa numa padaria, mas a iniciativa descambou em mais bebedeira. Teve um que entrou num supermercado e se perdeu. E o último, que tentava atravessar uma pinguela, desabou dentro de um córrego fedorento. Porém, não se sabe como, todos os cinco se encontraram no ponto marcado.

Os primeiros que chegaram foram os da padaria. Eram sete da noite e a festa estava programada para começar às nove. A dona da casa e o namorado dividiam um miojo na cozinha quando, no corredor do jardim, apontaram aquelas duas cabeças cambaleantes. Sem saber o que fazer (e com medo de tentar expulsá-los), a moça abriu uma garrafa de Contini, ligou o som no quintal e deixou os cachaceiros dançando e rindo sozinhos. A dócil anfitriã nem imaginava o que ia virar aquilo... Não deu meia hora e apareceu o que tinha caído no riacho. Desgrenhado, sujo e fedido, ele se uniu aos outros dois no quintal, que já avançavam sobre um litro de Velho Barreiro. Nisso, apareceram alguns convidados "normais" e começaram a incentivar a palhaçada dos bêbados. A dona da festa viu que o problema poderia se tornar uma atração e esqueceu deles. Mas tinha mais: o tal que havia se perdido no supermercado conseguiu chegar, com dois garrafões de Sangue de Boi suave.

Às nove da noite, cerca de 90 pessoas já transbordavam pelos diversos cômodos. A bebedeira coletiva perdeu o controle. O último dos manguaças apareceu com a namorada e se juntou aos companheiros. Ou melhor, tentou se juntar, pois já não havia possibilidade de comunicação. Sozinho, num corredor vazio, um dos pinguços dançava sem música. Um outro estava deitado e roncando atrás da estante da sala. E os dois restantes quebravam objetos, gritavam e babavam casa afora. Vendo que ainda estava muito sóbrio (em relação aos demais), o bêbado despistou a namorada e começou a ingerir o que viu pela frente: pinga com leite e erva de Santa Maria, vinho vagabundo, Cinzano, uísque falso, cerveja quente, enfim, o escambau. À meia-noite, foi rebocado para casa no carro da - infeliz - namorada, vomitando pela janela do veículo, para delírio da platéia. No outro dia, aquele que dormia na sala foi enxotado a vassouradas.

Já o que dançava pelo corredor conseguiu pegar uma carona, desembarcou numa ladeira, levou um tombo e quebrou o pé esquerdo. Foi socorrido por populares até o hospital municipal. Outro bebum, que jazia no jardim da casa, acordou com sol alto e caminhou até achar uma praça. Impossibilitado de parar em pé, cavou um buraco, enterrou sua carteira e dormiu no canteiro público. Sobraram dois: um quase foi atropelado e, com raiva, jogou um tijolo no motorista. Foi preso. E o último, ah, o último... Assim que raiou o dia, saiu andando por uma avenida até que ela se transformou em rodovia. No meio da estrada - ou do nada, mais precisamente - se tocou de que não estava caminhando para a cidade. Parou um carro para pedir informações e descobriu que estava quase chegando no município vizinho. De carona em carona, voltou para trás. Mas, extenuado, resolveu deitar numa rua para descansar. Nisso, um mendigo chegou e lhe ofereceu um gole do que ele pensou ser a redentora água. Era pinga. Mas o morador de rua descolou um passe de ônibus para que ele seguisse jornada.

Os cinco manguaças só voltaram a se reunir, no apartamento que dividiam, três dias depois. E nenhum sabia contar com exatidão o que havia acontecido. Dizem as más línguas que eles se lembravam, sim. Mas preferiam esquecer definitivamente o assunto...


(Continua quando o autor estiver sóbrio o suficiente para escrever)

Entre garrafas e beijos

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Lá vem o negão
Cheio de paixão
Te catá, te catá, te catá
Querendo ganhar todas menininhas
Nem corôa ele perdôa não...

Fungou no cangote
Da linda morena
Te catá, te catá, te catá
Lourinha cafungada do negão
É um problema
Lourinha cafungada do negão
É um problema...

(trecho de "Lá vem o negão", do grupo Samba Eu, Você e Sua Mãe)

sexta-feira, maio 15, 2009

Ato mobilizado pela internet reúne 300 pessoas em SP

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O ato mobilizado contra a vigilância na rede por entidades diversas, via internet, aconteceu na noite desta quinta-feira, 14, na Assembleia Legislativa de SP. O chamado "Ato Público contra o AI-5 Digital" levou por volta de 300 pessoas à casa legislativa e mobilizou mais um número incontável de internautas, que acompanhavam o “mega não” via Twitter, blogues e comunicadores instantâneos.

Estiveram presentes no ato, o deputado estadual Rui Falcão (PT), os deputados federais Paulo Teixeira (PT) e Ivan Valente (PSOL), além do senador Eduardo Suplicy (PT). Outras figuras carimbadas do ciberativismo, como o professor Sérgio Amadeu e Marcelo Branco, coordenador geral da Associação Software Livre.org, levaram suas contribuições para que a sociedade se informe melhor sobre o perigo desta lei. O projeto relatado pelo senador Azeredo foi aprovado no Senado e agora aguarda votação na Câmara.

O músico Fernando Anitelli, líder do grupo O Teatro Mágico, também esteve presente no ato. Particularmente, não considero nenhum absurdo afirmar que sua presença representou a possibilidade de uma série de novos artistas que estão surgindo e conquistando seus espaços graças a internet. Mais um motivo para criticarmos o projeto de lei substitutivo de Eduardo Azeredo.



E para quem quiser sair por ai, fazendo algumas intervenções pela cidade, vale dar uma olhada nestas arte (stickers) contra o AI-5 Digital e na Azeredo e o Azeredo Caixa 2.0. Já para quem quiser se informar melhor sobre o assunto, vale dar uma olhadinha na carta que o ministro da Justiça, Tarso Genro, critica o PL e pede texto alternativo para a lei de crimes digitais.
Já o blogue dos Trezentos, que além de ter reunido as notícias que saíram na grande mídia sobre o ato, mantém interessantes debates sobre a internet.

Por fim, vale lembrar que quem ainda não endossou o abaixo assinado contra o AI-5 do Azeredo, ainda há tempo.

Tipos de Cerveja 36 - As Japanese Rice Lagers

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Esse tipo de cerveja é similar à muitas Macro Lagers, devido à redução na utilização de cereais nobres em favor do arroz. Apesar disso, não é o suficiente para serem consideradas Happoshu. As Japanese Rice Lagers são de coloração amarelo claro, meio amargas (devido ao lúpulo), aguadas e com acento seco no final. Em geral, são baratas e de baixa qualidade. Fora isso, segundo o site Cervejas do Mundo, acompanham bem refeições picantes e muito condimentadas. Exemplos: Asahi Super Dry, Sapporo Premium Beer (foto) e Suntory.

Necessidade justificada - e atendida

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Outro dia, entre uma cerveja e outra, eu questionava meu pai sobre o ato de dar esmolas ser um bem ou, involuntariamente, um mal. Explico: para mim, quem concede não prioriza a atuação política para fazer com que mais ninguém precise pedir. E, por outro lado, quem recebe pode se acostumar com isso - ou pode se tratar apenas de um espertalhão, que não precisa, mas pede. Reflexivo, meu pai lembrou que pedir sempre é uma coisa muito difícil, um ato desesperado. Por isso, na maioria das vezes, ele atende.

E me contou uma passagem de seus tempos de exército. Nascido em uma vila pequena onde não havia serviço militar, meu pai foi trabalhar em Araraquara (SP), aos 19 anos, crente que havia sido dispensado de forma automática. Mas, um ano depois, um colega o alertou que seu nome estava escrito a giz, em uma lousa, na lista de insubmissos (os que deveriam ter se alistado nos anos anteriores e não o fizeram) lá na Junta Militar daquela cidade. Meu pai foi até o local e constatou que, infelizmente, era verdade.

E pior: não havia mais a possibilidade de fazer o chamado Tiro de Guerra, serviço mais ameno e de meio período mantido nas cidades menores. Ele teria que morar e servir em tempo integral na cavalaria, em Pirassununga (SP), terra da cachaça 51 e de outras marcas populares. Passou um ano e meio lá, período em que disputou o Campeonato Amador do Estado pelo time do exército, como lateral esquerdo, e também a tradicional Corrida de São Silvestre, na capital, na entrada do ano em que se comemorava o quarto centenário da cidade (além de muitas outras aventuras...).

Mas ele conta que, quando era dispensado para passar o final de semana com a família, geralmente não tinha dinheiro para viajar. Por isso, os soldados iam pedindo carona e se aboletando em carros, carroças e caminhões, numa jornada que poderia durar oito horas ou mesmo um dia inteiro, dependendo das oportunidades. Numa dessas, o motorista parou num posto de beira de estrada, para comer, e meu pai foi à caça de algo para o estômago. Havia um rapaz de roupa verde, no balcão, e meu pai, fardado, foi direto ao assunto:

- Companheiro, eu estou com fome, mas não vou te pedir comida. Se você puder me pagar uma pinga, já resolve minha situação.

- Ah, rapaz, deixa disso! Fulano, vê aí uma pinga reforçada pra ele!

O balconista veio com um copão americano quase transbordando e, antes que meu pai pudesse agradecer, o "anjo da guarda" atalhou:

- Eu também fiz o 17° RC (Regimento de Cavalaria) lá em Pirassununga, sei muito bem o que é aquela porcaria. Pode beber tranquilo!

"Abastecido", meu pai conseguiu enganar o estômago e dormir até o destino final. E, até hoje, nunca nega um copo de pinga a quem vier pedir.

F-Mais Umas - Mamãe não gostou

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CHICO SILVA*

Dia das mães e corrida. Essa não parece ser uma combinação feliz para Rubens Barrichello. Mais uma data se passa e Rubinho não consegue dar a vitória de presente para a mamãe, Dona Idely. Tudo bem que dessa vez não foi um vexame como em 2002, naquele cômico e ao mesmo tempo trágico GP da Áustria. Para quem não se lembra, Rubinho liderava até a última curva quando, via rádio, recebeu uma ordem do então chefe da Ferrari, Jean Todt, para que aliviasse o pé e deixasse o "companheiro" Michael Schumacher vencer a prova. Passivo, Barrichello acatou a determinação e, a partir dali, reforçou seu lado Pé de Chinelo (à direita, os dois no pódio, naquela infeliz ocasião). Foi um dos episódios mais patéticos e constrangedores da história da F-1.

Revoltado com a marmelada, o público presente ao circuito de A-1 Ring soltou uma das maiores vaias já ouvidas em um evento esportivo no mundo. A impagável narração de Cléber Machado (à esquerda) também merece lembrança. O narrador passou a última volta inteira duvidando que a Ferrari fosse capaz de inverter as posições dos dois, fato que já havia ocorrido no mesmo circuito no ano anterior. A diferença é que naquela ocasião Rubinho estava em segundo e Schumacher em terceiro. Machado carregou sua convicção aos metros finais da prova. Até que soltou o célebre "Hoje não! Hoje não! Hoje sim?!? (...) Olha, é inacreditável!", num tom que misturava resignação, incredulidade e raiva. Quem duvida pode clicar aqui e conferir no Youtube.

Pois bem. No último domingo, mais uma vez, Rubinho se viu na condição de vítima do companheiro e da própria equipe. Só que, ao invés de Schumacher, o protagonista da vez é Jenson Button (à direita). A dupla da surpreendente Brawn tinha como estratégia realizar três paradas para abastecimento e troca de pneus. No meio da corrida, e com Barrichello disparado na frente, o engenheiro do carro de Button mudou a tática e partiu para o chamado Plano B. Com um pit stop a menos e um carro mais leve na parte final da prova, o inglês conquistou a quarta vitória em cinco corridas na temporada. A alteração sem aviso prévio deixou Rubinho perplexo.

Indignado com a postura do time, ele ameaça abandonar a Fórmula 1 se for comprovado qualquer privilégio ou benefício ao adversário de equipe. A pergunta que fica é: até quando Rubinho vai continuar com esse discurso surrado de que é "apenas um brasileirinho contra todo esse perverso e desumano mundo da F-1?". Até quando? E agora ele nem pode reclamar, pois foi avisado pelo seu engenheiro que o companheiro mudara de planos. Se quisesse, poderia pedir para a equipe repetir a estratégia adotada com Button. Outro dado chama a atenção nesse caso: o dono da equipe é o mesmo Ross Brawn (acima) que era responsável pela estratégia de corrida da Ferrari nos tempos dele e Schumacher. No início do ano, Rubinho dizia para quem quisesse ouvir que Brawn seria ético e não privilegiaria nenhum piloto na disputa interna.

Segundo ele, a preferência seria conquistada pelos resultados de pista. As quatro vitórias e 41 pontos de Button, contra 27 do brasileiro, provam que Brawn está cumprindo o que Barrichello esperou dele. Portanto, só há uma coisa a fazer: trocar o choro pelo pedal. Acelera, Rubinho! Ainda dá tempo. Ou então, dá-lhe Casseta, Pânico...

Livro de balcão - Mudando de combustível, aproveito para dar uma dica literária, creio que muito apropriada aos frequentadores deste cyberboteco. A Panda Books acaba de lançar "Hic!stórias – os maiores porres da história da humanidade"(R$ 35,90). A obra faz uma viagem pelo tempo e resgata bebedeiras e ressacas monumentais desde os tempos de Cleópatra e Alexandre, o Grande, até os desbundes etílicos de personagens do Século XX, como a diva Billie Holiday, o filósofo nouvelle vague Jean Paul Sartre e o gigante Noel Rosa. Com diz a resenha da editora, trata-se da "evolução humana pela antropologia do boteco". É para ler de copo na mão!

(PS.: Coluna enviada em 11/05 e só publicada agora porque o editor Marcão encontra-se temporariamente afastado da civilização)

*Chico Silva é jornalista, wilderista (fanático por Billy Wilder) e nelson-piquetista. Em futebol, 60% santista, 40% timbu pernambucano. Bebe bem e escreve semanalmente a coluna F-Mais Umas para o Futepoca.

quinta-feira, maio 14, 2009

Vigilância na internet e o AI-5 Digital

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Um conjunto de movimentos de defesa de direitos humanos, à comunicação e à educação promovem, nesta quinta-feira, 14, o Ato Contra o AI-5 Digital. Tudo acontece daqui a pouco, às 19h.

O protesto é uma tentativa de fazer pressão sobre a Câmara dos Deputados em oposição ao projeto de lei substitutivo de Eduardo Azeredo (PSDB-MG) sobre crimes na internet, já aprovado pelo Senado. O texto promove vigilância absoluta na rede sobre práticas "suspeitas", algo amplo e vago demais.

Metade da blogosfera já anunciou a história:
Panóptico | Trezentos | Nosso Quintal | Apocalipse Motorizado | Altamiro Borges | Maria Frô | Trezentos | Xô Censura | O Biscoito Fino e a Massa | Vendedor de Bananas | Arquivo 68 | Comunidade Pes Brasil | Best Linux | Blog da Cidinha | Bodega Cultural | Clube de ideias

E a cobertura de sites e agências de notícias
PSL-Brasil | Pulsar Brasil | Ciranda da Informação independente | Correio da Cidadania | Revista Fórum | Vermelho

A produção inclui ainda o catunista Latuff.


Há sete anos, investiguei um pouco a ação do movimento StopCarnivore. O objetivo era lutar contra o sistema criado pelo FBI que faz uma triagem automática em busca de palavras. Dependendo do que alguém escrevesse no e-mail – termos relacionados ao terrorismo ou ao islamismo – iam para o funil da polícia. Em 2005, o tal Carnivore foi descontinuado, não exatamente por pressão dos ativistas em defesa do direito à privacidade, mas por ter métodos melhores de controle. O controle estava em pauta com mais intensidade desde 11 de setembro de 2001.

Na França, no fim de abril deste ano, o governo de Nicolas Sarkozy aprovou um projeto contra a pirataria. Instalou ainda um departamento especializado em policiar a internet. Virou o inimigo da internet por isso. Suíça – onde o terceiro maior partido é o pirata –, Espanha e Inglaterra têm suas leis e sistemas semelhantes que violam a privacidade. Da China e do Irã ninguém esperava nada diferente mesmo.

Mario Amaya
vigilantismo_amayaDebate brasileiro
O Ministério Público Federal vem promovendo audiências públicas sobre segurança, em uma posição favorável à criação de leis específicas para a internet. Debateu-se o armazenamento de logs pelos provedores e a mudança de legislação, além de exigir ajuda dos provedores.

O autor do substitutivo, Eduardo Azeredo, defende a medida e acusa críticos, mas deve estar preocupado, já que na busca simples de seu sobrenome, sobram referências negativas a respeito do projeto que, de tanto nome, é reapelidado de AI-5 Digital. Aloízio Mercadante, senador petista, foi convencido de que a lei é boa, apoiou veementemente, mas ficou sem o ônus da fama que coube ao tucano, que milita a favor de seu texto.

A melhor análise crítica do projeto que li ainda é de Ronaldo Lemos, criticando a generalidade, os exageros de considerar suspeitas práticas que podem ser perfeitamente legais – como compartilhar material publicado sob uma licença livre, como a usada pelo Futepoca, aliás – e desconhecimento a rodo. A conclusão dele é que, com tantos problemas, é melhor começar do zero a legislação. Outros críticos destacam o dedo da "indústria cultural", os intermediários entre produtores e o público, quer dizer, gravadoras e distribuidoras de entretenimento.

A obsessão por controle é preocupante. Um dia ainda escrevo sobre isso.