Destaques

terça-feira, outubro 26, 2010

Elementar, meu caro garçom!

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Essa foi a informação que faltou na materinha preconceituosa de Larry Rohter sobre o presidente Lula: pessoas inteligentes bebem mais! Isso mesmo. Dois estudos, um do National Child Development Study, no Reino Unido, e outro do National Longitudinal Study of Adolescent Health, dos Estados Unidos (pátria de Rohter), revelaram que crianças e adolescentes de até 16 anos avaliadas como mais inteligentes, quando cresceram, passaram a beber com mais frequência e em maiores quantidades do que as menos inteligentes. Em ambas as pesquisas, os grupos pesquisados foram divididos em cinco classes cognitivas: "muito burro", "burro", "normal", "esperto" ou "muito esperto" (muito científico, não?).

Os hábitos alcoólicos das crianças estadunidenses foram acompanhados por sete anos após o início do estudo; já as inglesas foram monitoradas por mais tempo, até os 40 anos. Na Inglaterra, aliás, os "muito espertos" se tornaram adultos que consumiram quase oito décimos a mais de álcool do que os colegas "muito burros". E isso mesmo considerando as variáveis que poderiam afetar os níveis de bebedeira, como estado civil, formação acadêmica, renda, classe social etc. Ainda assim, o resultado foi inplacável: crianças inteligentes bebem mais quando adultos.

A conceituada revista Psychology Today avaliou a possibilidade de que essa relação entre álcool e inteligência seria um traço evolutivo que começou há cerca de 10 mil anos, quando finalmente surgiu o álcool bebível. Até aquela época, o único jeito de encher a cara era consumindo frutas apodrecidas (talvez a Kaiser seja uma recuperação nostálgica desse paladar...). De minha parte, não faço muita ideia sobre o que relaciona a tendência a beber mais com a "esperteza" de cada um. Sou muito burro pra isso. Vai daí, preciso urgentemente beber alguma coisa!

segunda-feira, outubro 25, 2010

Do vinho e da verdade

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Nas últimas semanas, estive absorvido na elaboração de um livro sobre a pianista Cristina Ortiz, uma das maiores solistas do mundo. Fui visitá-la em sua casa de veraneio na região de Bordeaux, na França, e, em mais de 20 horas de entrevistas, gravadas neste computador, tive o privilégio de compartilhar com ela reflexões sobre tudo o que envolve a arte musical de concerto.

Seria muito tratá-la como um Pelé do piano, mas sem dúvida é algo assim como um Zico. Ou seja, alguém que, como muito poucos, conheceu cada detalhe de sua arte, magnetizou grandes plateias, venceu os maiores concursos, tocou ao lado das mais reputadas orquestras e dos melhores regentes nas principais salas de espetáculo dos cinco continentes. Suas palavras têm o lastro de quem esteve lá, viu, viveu, venceu, e nunca abriu concessões naquilo que é a razão de sua vida: a música.

Essa breve introdução é apenas um pano de fundo, que talvez explique a mim mesmo o quão sensível estive, durante aqueles dias na França, à verdade das coisas. Um elemento indispensável participou de minha intelecção: vinho farto e excelente. Conversávamos regados a vinho local, e quando uma garrafa chegava ao fim, quase que imediatamente eu era interpelado: “Acabou? Qual você quer abrir? Tem este de um chateau a dois quilômetros daqui, este outro quem faz é um amigo que me deu quando toquei lá em etc. etc.”. Tive a oportunidade rara de viver uma imersão no vinho, coisa que, pela tradição latina, é o mesmo que uma imersão na verdade. In vino veritas, diz o bordão. A verdade do próprio vinho, a verdade das coisas que o vinho traz à tona.

Pude, pela primeira vez, acompanhar com minha própria língua a abertura de um vinho. Há vinhos que abrem. Tem gente que prefere esperar que ele se abra antes de começar a degustá-lo. Mas eu, desavisado e ignorante, servi e logo dei minha talagada. Um amargor sanguíneo atiçou as regiões embaixo da língua, fez-me pensar em uma textura áspera. A luz da tarde incidia sobre a velha casa com delicadeza, estava linda, o que aumentava o contraste com meu paladar. Fui caminhando pelo gramado, sentindo a bebida afetar cada parte de meu corpo à medida que seu aroma se revelava com nitidez e ganhava espessura ao redor de mim.

Algo aconteceu. Não era ainda que eu o conhecia, mas sim uma sensação comparável a quando de repente se toca a pele da mulher que começa a se envolver no jogo de sedução. Como se o vinho, depois de apresentado a mim, me oferecesse algo que naquele momento era só nosso, e que me capturava para dentro dele.

Sorvi devagar, contornando a casa pelo jardim, e ao encher a boca e depois o peito, um sabor frutado e doce foi brotando de dentro do sangue. Eu, cada vez mais envolvido, vivendo o paradoxal sentimento de pisar mais firme sobre a terra e, a um só tempo, transcender a pele das coisas, me percebi amando o vinho, que se abria cada vez mais surpreendente, com um sabor claro, impactante e nuançado. Este encontro erótico durou ainda alguns minutos.


Sentindo a alma límpida, deixei o copo vazio descansar sobre um tronco e sai a caminhar. Uns passos além do portão e já se margeia os campos de vinhas, que ali estão, sem qualquer proteção de cercas ou muros. Bem próximo de mim, galhos pendiam ao peso dos cachos de uvas pretas de tão maduras. Tomei-as delicadamente nas mãos e constatei o óbvio. Como eu, qualquer um poderia arrancar e deliciar-se com aqueles frutos. No entanto, ninguém o faz, e a prova era aquele cacho em minha mão, frágil, desprotegido. Os vinhedos, que a princípio me pareceram feios e excessivamente disciplinados, com o sol quase horizontal transluziram, como um vitral de igreja ou caleidoscópio, tonalidades de vermelho amarelo e verde.

Devolver as uvas cuidadosamente ao seu lugar foi, para mim, participar do sagrado. E o sagrado, embora experienciado por cada um, só pode ser algo que se compartilha em irmandade. Tive a certeza de que, num lugar onde existe tamanho respeito por aquele elemento mágico que une a todos igualmente em torno de uma mesa para celebrar a comunhão promovida pelo que oferecem generosamente o sol, as chuvas, a terra e seus frutos, as pessoas sem dúvida podem olhar-se nos olhos com simplicidade e dizer o que pensam, sonham e desejam, sem recalcar sua própria casca de convívio num mundo de hipocrisia.

A verdade é, necessariamente, simples.

O olhar direto e cristalino, a palavra clara e o gesto indúbio são coisas que teremos que reconquistar na terra da cachaça, depois do pleito de 2010.

Folha de S.Paulo diferencia o PT, que 'paga' militantes, do PSDB, que só 'dá ajuda de custo'. Ah, tá...

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Sempre disse e continuarei observando que, involuntariamente, o governo Lula acabou fazendo outro enorme benefício para o Brasil: o de desmascarar completamente a mídia elitista, retrógrada e golpista. Veículos de comunidação que tempos atrás - mesmo pendendo para uma posição política de situação e/ou de centro-direita - já foram considerados "progressistas" ou minimamente "sérios" e "equilibrados" na hora de bater ou elogiar, tiraram a máscara e revelaram-se de forma nua e crua com suas essências mais execráveis e grotescas. Exemplo maior é a revista Veja, capaz de armações, distorções e calúnias de proporções nunca publicadas antes de Lula subir a rampa do Palácio do Planalto. Tirando os conservadores, fascistas e demo-tucanos mais empedernidos, a maioria dos antigos leitores hoje têm indisfarçável vergonha de assumir que leem ou já leram essa nojenta publicação.

Mesmo o Jornal Nacional, que surgiu há 41 anos como "boletim oficial" da ditadura militar, passou a ser ainda mais explícito em suas manipulações de pauta e edições vergonhosas de matérias nos últimos sete anos (só pra lembrar de cabeça, a campanha golpista e insistente sobre o "mensalão" do PT, a tentativa de incriminar o governo Lula com "caos aéreo" no acidente da Gol e, agora, o carnaval que envolveu até perito para justificar a falácia da agressão de bolinha de papel contra José Serra). Entre os jornais impressos, o Estadão também teve momentos constrangedores, mas não chega a surpreender porque sempre foi uma voz assumida dos ricos e poderosos. Porém, seu concorrente direto, a Folha de S.Paulo, revelou-se de forma espantosa como o maior libelo de tudo o que não presta e não se deve fazer em termos de "jornalismo".

Depois de esconder o mensalão do PSDB como "mensalão mineiro", de tentar amenizar a ditadura brasileira apelidando-a de "ditabranda", de dizer que Dilma Rousseff seria uma das cabeças do sequestro de Delfim Netto (que não houve!), de publicar um artigo impublicável com a insinuação de que Lula teria tentado violentar (!) um companheiro de cela quando foi preso pelo governo militar, e de responsabilizar Dilma pelo prejuízo que os brasileiros tiveram com o apagão elétrico do governo Fernando Henrique Cardoso (!!), o jornal da família Frias foi descendo ladeira abaixo até quase o mesmo (ou o mesmo) patamar de ridículo e de descredibilidade da Veja. E hoje temos mais uma prova de que, no governo Lula, a Folha, que antes tentava se vender como tendo "rabo preso com o leitor", assumiu o lado político onde prendeu seu rabo e perdeu de vez sua vergonha.

Hoje temos mais um exemplo da cara-de-pau e da canalhice desse "jornal". Em materinha sobre a campanha eleitoral do PT, o título já entrega a maldade: "Idolatria por Lula e militância paga motivam petistas" (o grifo é nosso). Além de apresentar os petistas como "fanáticos", ou seja, sem razão e facilmente manipuláveis, a Folha força a mão na tecla de que trata-se de uma militância que só funciona a base de dinheiro. "Na ausência do presidente, a campanha precisou recorrer a militantes pagos ou de movimentos sociais amigos para encher o salão de festas onde a candidata discursou (no Iate Clube, em Belo Horizonte)". Já a materinha espelhada sobre a campanha pró-Serra é um elogio só, a começar pelo título: "Ideal, antipetismo e ajuda de custo movem tucanos".

E o que seria essa "ajuda" dos "bondosos" tucanos? O mesmo "maldito pagamento" do PT: "Entre tantos militantes 'ideológicos', ainda se vê, no meio das hostes serristas, o velho cabo eleitoral remunerado, aquele sujeito que, em troca de R$ 50, agita durante seis horas consecutivas as bandeiras do PSDB", diz um trecho do texto.

Com licença, vou ali vomitar e nem sei se volto...

Lula com a palavra

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Que me perdoem os que eventualmente discordem, mas é muito emocionante este discurso do Lula, proferido no evento de premiação de empresas organizado pela Carta Capital.

Gostaria que aqueles que o chamam de analfabeto fossem pegos de surpresa por este discurso: a qualidade de seu português, o uso preciso da língua portuguesa, sem nada de empolado, mas com um vocabulário riquíssimo, usado com desenvoltura, a capacidade de manejar o humor e a ênfase, de conquistar a cumplicidade do público e de trazê-lo consigo em sua argumentação, de mostrar apenas com sua presença o homem que é, cuja trajetória e realização não encontra paralelo em ninguém que eu consiga imaginar aqui. Me ajudem, se puderem. Pelé, talvez.

Enumeraria aqui cada trecho, mas seleciono apenas este: “Eu governei oito anos tendo que provar a cada dia a minha existência. (...) A elite brasileira não precisa provar nada, eles erram, afundam o Brasil, e não têm que provar nada. Termina o mandato, vai passar três, quatro anos na Europa, volta e está tudo a mesma coisa. Eu é que tive que provar a cada dia que este país podia dar certo.”



Para se aguardar o seu discurso de despedida da presidência, no dia 1º de janeiro de 2011.

Vida longa!

A rodada ideal

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Vencer o Palmeiras é o que o Corinthians precisava neste momento. Em crise depois de sete partidas sem vencer, com mudança de técnico e a visão da taça se afastando cada vez mais, depois de estar muito mais próximas das mãos alvinegras, vencer o rival de casa revigora a alma e traz de volta a confiança abalada.

Não vi o jogo, mas os melhores momentos abaixo mostram um Corinthians claramente melhor no primeiro tempo, quando fez o gol com Bruno César, e um Palmeiras que se recupera e quase empata no segundo, com a bola parada de Marcos Assunção e bela defesa de Julio César.



Ronaldo quebra o tabu de ainda não ter vencido contra o Palmeiras e Tite tem a melhor recepção possível. Jucilei também se destacou com sua raça e habilidade, como tem sido a regra desde que começou a atuar pelo Timão.

Na tabela, ajudaram bastante a derrota do Cruzeiro para o surpreendente Atlético Mineiro e os empates do Flu e Inter, além da igualmente surpreendente derrota do Peixe.

Agora o negócio é manter a concentração, pois cada jogo será uma final. Que belo campeonato!

domingo, outubro 24, 2010

Patética capa da Veja comprova: a munição acabou

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Uma única coisa me contenta na patética capa da Veja desta semana: a história é tão bizarra, tão non-sense, que comprova que as "cartadas finais" da mídia serrista para virar a eleição, na verdade, não existem. É verdade que isso pode ser perigoso. Sem munição, Serra pode ser capaz de tudo. E não se sabe o efeito que "tudo" pode ter, quando não há tempo para retrucar. Há que ficar a postos.

Para economizar nosso tempo, copio abaixo o post em que o Luis Nassif desconstroi a bravata da ocasião. Quem quiser ler lá no blog dele, clique aqui.

E quando tudo passar, em nome de nossa sanidade e das futuras gerações, teremos a obrigação de fazer um cuidadoso levantamento do que foi essa campanha eleitoral, sobretudo nesses dois últimos meses. Definitivamente, não pode passar em branco.

Veja e a estratégia de Mister M

AS ILUSÕES PERIGOSAS DA REVISTA MISTER M

Veja blefa mais uma vez: não existe fita provando que Abramovai falou o que não disse. Não existe grampo legal nem perícia nem nada. Só cascata.

Veja publicou uma reportagem de 1.581 palavras das quais apenas 14 realmente interessariam se fossem verdadeiras: "Não agüento mais receber pedidos da Dilma e do Gilberto Carvalho para fazer dossiês". A suposta frase foi atribuída ao secretário nacional de Justiça, Pedro Abramovai, ganhou destaque na capa da revista, que circulou no sábado, e reproduzida instantaneamente no programa de José Serra na TV.

Se fosse verdadeira, a frase revelaria um fato gravíssimo, de interesse público e com evidentes repercussões no processo eleitoral. Seria motivo para uma rigorosa investigação policial e uma ação do Ministério Público, com vistas a esclarecer que pedidos seriam esses, a quem aproveitavam, quais seriam os alvos, quem seriam os agentes e os mandantes da produção de dossiês.

Ocorre que nem a frase foi pronunciada nem Veja tem como sustentar a veracidade do que destacou na capa (gostosamente reproduzida por Estadão, Globo e Folha). A negativa de Abramovai está escondida no quinto dos nove longos parágrafos da matéria.

Trata-se de mais uma reportagem ao estilo Mister M, que tem caracterizado a produção recente da que já foi a mais importante revista brasileira. É o jornalismo ilusionista, que recorre a uma série de truques para distrair a atenção do leitor e fazê-lo acreditar nos poderes mágicos da reportagem mentirosa.

O primeiro truque, clássico, é socorrer-se do testemunho de sua fonte, o ex-secretário nacional de Justiça Romeu Tuma Junior. Veja sabe que Tuma Júnior não tem credibilidade para sustentar uma acusação desse teor. Ele foi afastado do governo numa investigação sobre seu envolvimento na concessão fraudulenta de vistos a estrangeiros. É um rancoroso.

O outro truque de Veja é misturar o suposto de diálogo entre Abramovai e Tuma Júnior com uma fitalhada de conversas pela metade envolvendo o próprio Tuma, o ministro da Justiça Luiz Paulo Barreto e sua chefe de gabinete Gláucia de Paula.

Veja recebeu mesmo algumas fitas. Malandramente, porém, a revista induz o incauto a acreditar que as 14 palavras atribuídas a Anbramovai fazem parte do mesmo lote de fragmentos de conversas gravadas.

Veja dá-se ao desplante de afirmar que as conversas teriam sido "gravadas legalmente", como tantas outras fitas que chegam às redações desviadas ilegalmente de inquéritos policiais e do Ministério Público. Nesse caso, a revista teria de informar de que inquérito ou ação penal elas teriam sido extraídas, mas não pode fazê-lo porque sabe que isso é falso.

Elas reproduzem fragmentos de conversas entre mais de duas pessoas. Não são grampos, são escutas ambientais, feitas por alguém presente no local da conversa – e Romeu Tuma Júnior é o mínimo múltiplo comum de todas essas conversas.

Se Veja tivesse a fita com a frase atribuída na capa a Abramovai – as 14 palavras que realmente interessam – este áudio já estaria circulando, no site da própria revista, na rede de blogs auxiliares da desinformação, na CBN, no Jornal Nacional e no programa de José Serra.

Antes que o desavisado preste atenção a esse detalhe, está na hora de chamar uma dançarina ao palco. Ricardo Bolina, o perito multiuso, entra em cena para atestar a veracidade das gravações obtidas com exclusividade por Veja. Seu lado é apresentado em fatias, é um biquíni que mostra muito mas esconde o essencial: ele não comprova coisíssima nenhuma.

Vamos exibi-lo quadro a quadro, como está no facsimile da revista:

1) O perito recebeu dois arquivos de áudio

2) O perito tem de verificar se as vozes de Luiz Paulo Barreto e Pedro Abramovai ocorrem nessas amostras e se houve algum tipo de montagem

3) O perito constata que não houve alteração ou trucagem nos arquivos

4) O perito constata que as vozes dos arquivos conferem com as de Abramovai e Barreto, numa comparação com entrevistas dos dois personagens veiculadas na televisão.

Percebeu o truque? Nem o perito diz nem veja mostra que o áudio examinado contém as 14 palavras que realmente interessam e que foram peremptoriamente negadas. Diz apenas que recebeu uma gravação com a voz de Abramovai dizendo sabe-se lá o quê.

Há muito tempo que Veja não faz jornalismo, faz prestidigitação, fiando-se em duas máximas: as mãos são mais rápidas que os olhos; se colar, colou.

É triste lembrar que esta já foi a mais importante e mais acreditada publicação da imprensa brasileira. Veja não passa hoje de uma revistinha mandraque, para iludir os incautos e os que pagam para assistir seu espetáculo mambembe.

sábado, outubro 23, 2010

Pelé 70 - mais palavras para definir o indefinível

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Por algum tempo, em minha vida de torcedor, escutar o nome de Pelé não era algo bom. Santista desde que soube que a bola é redonda, ia aos estádios quando criança e depois adolescente, em anos amargos de fila, e escutava a torcida adversária gritando sempre a mesma coisa: “Pelé parou, o Santos acabou”. Aquele camisa Dez que eu nunca tinha visto jogar ao vivo era motivo de orgulho, mas também era um fardo, uma sombra que pairava sobre todo meia que vestisse o manto alvinegro. Qualquer outro time grande podia ter um meia ou um dez qualquer, o Santos não. Todos eram, em algum momento, comparados com o Rei. Os atletas sofriam, o torcedor sofria. E eu seguia incomodado por dizerem que um jogador podia ser maior que o meu clube.

O tempo passou e fui conhecendo mais a obra de Pelé e vi que, para alguns, era crível pensar que ele fosse maior que um time. Que fosse maior que a seleção brasileira ou que fosse, na verdade, maior do que o próprio esporte que praticava. Afinal, o que justificaria ele ser famoso até mesmo em lugares onde não se conhece a lei do impedimento ou se saiba o que é um escanteio, como nos Estados Unidos? Só de ver jogadas do Rei nota-se, e isso é claro mesmo para os que ignoram o futebol, que se trata de muito mais do que um simples atleta. Assistir alguns segundos de suas atuações é contemplar um artista genial, daqueles que impressionam os sentidos ainda que não se entenda exatamente o que é a sua arte. Em campo, era a tradução da transcendência.

No entanto, a comparação sobre quem ou que é maior não faz sentido. Santos e Pelé, encontro que só a metafísica poderia justificar, nasceram um para o outro. Juntos, ambos fazem sonhar até hoje. Aquele menino que veio de Bauru pelas mãos de Waldemar de Brito chegou a um time que era bicampeão paulista, em uma época em que o estadual era o torneio máximo. Tinha Jair Rosa Pinto, Zito e Pepe, jogadores que o futuro Rei admirava. Logo se enturmou e foi estrela maior em meio a uma verdadeira constelação. Se fosse para outro lugar, certamente não brilharia tanto tão cedo.

O futuro na Vila Belmiro ainda lhe daria seu maior parceiro, Coutinho, com quem, segundo os dois, se comunicava com o olhar. As tabelinhas, nunca treinadas, surgiam naturalmente. A seleção brasileira foi outro casamento perfeito, onde pôde conviver com gerações distintas de craques que incluíam Didi, Nílton Santos, Gérson, Tostão... E Garrincha, outra combinação sem igual que nunca viu uma derrota com a amarelinha.

Pelé foi Rei, numa época em que os brasileiros, na bola, eram soberanos em todo o mundo. Encantávamos pela técnica, pela habilidade e pela capacidade de vencer quase que nos divertindo. A jogada do quarto gol do Brasil na final da Copa de 70, com oito jogadores tocando na bola em pouco mais de 30 segundos, é a síntese de como o país impressionava o planeta. No lance, o passe de Pelé para o companheiro de Santos e da seleção, Carlos Alberto, sem olhar, é sinal de uma inteligência sem igual com a bola nos pés.

Por isso, Pelé e o futebol que ele representa serão eternos. Seu nome, adjetivo que se tornou no dia a dia sinônimo de perfeição, sempre estará presente quando alguém vir um gol bonito e disser, de forma profana, que é um “gol de Pelé”. Ou na alegria de um garoto que na pelada da rua, mesmo sem nunca ter visto o Rei jogar, vai reivindicar a autoria de um tento como se majestade também fosse. Hoje, parabéns e obrigado àquele que, se não tivesse existido, talvez não nos permitisse que ainda teimássemos em sonhar com o jogo bonito, bem jogado e que é patrimônio genuíno do nosso país. O futebol agradece a seu filho – e também pai – maior. 

Ah, sim, hoje ouvir que sou "viúva do Pelé" não me incomoda nem um pouco. Afinal, se a bola é, porque eu, fã de futebol, não seria?

Mais Pelé no Futepoca:

Campanha repulsiva afugenta até eleitor tucano

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É natural que muitos dos leitores do Futepoca nos "acusem", nos comentários, de ser "petralhas" e de só defender o governo Lula, o PT e suas candidaturas. Deixamos bem claro, no "Quem escreve", que, em nosso coletivo de nove jornalsitas, "na política, sem tanta homogeneidade, todos pendem para a esquerda". Porém, justamente pela sinceridade, transparência e coragem de assumir um determinado posicionamento, muitas das reflexões, observações e/ou opiniões políticas de nossas postagens são desqualificadas e ironizadas, mesmo quando procedentes. Chego a pensar que, só se alguém aqui fosse eleitor do PSDB ou simpatizante dos tucanos, alguns desses textos iriam adquirir, para uma parcela dos leitores, maior "credibilidade".

Vai daí que, navegando pela internet, encontrei o blogue de um tucano assumido, o jornalista Paulo Nogueira (foto), ex-editor assistente da Veja, editor da Veja SP, diretor de redação da Exame, diretor superintendente de uma unidade de negócios da Editora Abril e diretor da Editora Globo. No post "A tomografia da fita crepe", ele resumiu, sem condescendência: "A campanha de Serra é repulsiva, e acabou por afugentar do PSDB gente que, como eu, tradicionalmente opta pelo partido". O texto é tão lúcido - e isento - que resolvi transcrever na íntegra:

Alguém se surpreendeu com as últimas pesquisas, que parecem consolidar a caminhada de Dilma rumo ao Palácio do Planalto? Eu não. A campanha de Serra é repulsiva, e acabou por afugentar do PSDB gente que, como eu, tradicionalmente opta pelo partido.

O episódio (...) no Rio é apenas mais um de uma lista de pequenas trapaças de Serra. Ele é provavelmente a primeira pessoa no mundo a fazer tomografia por receber uma fita crepe na cabeça. O médico que o atendeu disse, constrangido, que o exame acusara o que todo mundo já sabia. Não havia problema nenhum.

Serra aproveitou para fazer fotos no hospital, em meio a extemporâneas e descabidas declarações de paz e amor hippie. “Não entendo política como violência”, disse ele. Serra entende política como uma forma de triturar todo mundo para chegar à presidência. O melhor quadro do PSDB para suceder FHC era Pedro Mallan, que foi sabotado de todas as formas por Serra.

Serra quer muito ser presidente. O problema é que os brasileiros não querem que ele seja. Em farisaísmo, a tomografia da fita crepe equivale à célebre frase de Monica Serra segundo a qual Dilma é a favor de matar criancinhas. Não conheceríamos a capacidade de jogar baixo de Monica se um repórter não estivesse presente para registrar a ação maldosa da candidata a primeira-dama.

Dilma deve ganhar menos pelos seus méritos e até menos pelo apoio do Lula do que pelos vícios da campanha vale-tudo de Serra. Ele tem que sair de cena para que o PSDB se renove.

É possível que ele arraste Aécio na queda, agora que repousam sobre o mineiro as esperanças de operar uma reviravolta. Dilma bateu Serra no primeiro turno em Minas, e Aécio disse que vai mudar isso. Faz alguns mandatos já que quem ganha em Minas leva a presidência, e por isso as esperanças se reabriram. Só falta Aécio combinar com os mineiros.

A última pesquisa mostra que a distância de Dilma sobre Serra em Minas se ampliou em vez de diminuir. Serra talvez possa culpar Aécio se a virada não aparecer, e assim prosseguir, como um interminável Galvão da política, mais alguns anos em sua louca cavalgada rumo à presidência, num titânico duelo de vontades contra os brasileiros.

O desespero machucando o coração (4) - OU o Serra 'de esquerda' e os siris azuis

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O ridículo da mídia tucana não conhece mesmo limites. Depois de enfiarem uma foto do José Serra no encarte de um CD do Chico Buarque, de pagarem uma vidente pra dizer que Dilma Rousseff vai brigar com Lula, de esconderem a fundação do PT e apagarem suas bandeiras numa foto, e de - cúmulo do absurdo - tentarem justificar uma bolinha de papel ou fita isolante como "agressão violenta" (ver post abaixo e a denúncia da farsa aqui), a imprensa pró-PSDB achou neste sábado mais uma forma inacreditável de tentar influenciar possíveis incautos. Dessa vez, apelaram até para o reino animal...

Na impossibilidade de "contratar" o polvo Paul, sensação da última Copa do Mundo por acertar todas as escolhas que "fez", o Diário de S.Paulo (que em 2009 passou das mãos das Organizações Globo para o empresário J.Hawilla) traz hoje, como manchete de capa, "A voz do polvo". Temendo pelo pior, folheei um exemplar na banca até a página 3, onde uma materinha nonsense explicava que o "genérico" polvo Paulo, do aquário de Ubatuba, litoral de São Paulo, foi "consultado" para escolher entre Dilma Rousseff e José Serra. O texto diz que, abaixo da foto de cada presidenciável, foi colocado um siri azul (o grifo é nosso), como primeira refeição do dia para o polvo.

O jornal observa que a "experiência" foi "capitaneada" pela bióloga Carla Beatriz Barbosa. Já prevendo o resultado, fui até a página 7 e constatei, sem surpresa, que o polvo escolheu José Serra. Assim que soltaram o bicho, ele preferiu se alimentar do siri azul (mais um grifo nosso) que estava sob a imagem do nefasto candidato. Diz o "panfletário" texto: "Em nenhum momento ele titubeou. (...) 'Tucaneou' convictamente". Detalhe: sem motivo aparente, a imagem de Serra foi colocada à esquerda (festa de grifos) do polvo. Sinal de que, à confirmar a inclinação natural de direção, podemos supor que ludibriaram o pobre animal com a foto errada.

No mais, que triste observar que o debate político e os projetos nacionais, nessas eleições, foram transformados em dogmas religiosos, bolinhas de papel, rolos de fita crepe, polvos de aquário e siris azuis. PSDB (e mídia tucana) é isso aí.

quinta-feira, outubro 21, 2010

José Serra e o atentado da bolinha de papel

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Nesta quarta-feira, dia 20, um atentado vitimou o candidato tucano a presidência da República José Serra. Durante uma caminhada no Rio de Janeiro, a entourage do nobre estadista – formada em boa parte, segundo relatos, de seguranças grandalhões – entrou em conflito com representantes da horda de bárbaros famélicos que vêm para destruir a cultura e a civilização (by Laerte) que atende pelo nome de Partido dos Trabalhadores. Na confusão, um dos bárbaros atingiu Serra na cabeça com um objeto terrível, uma arma dos novos tempos. O ataque, que provocou imensa comoção nos meios de comunicação, levou o candidato a suspender sua agenda.

Os dados não são conclusivos, mas de acordo coma trajetória feita pelo projétil e pela reação do nobre candidato demonstradas nessa reportagem do SBT, tratava-se de uma BOLINHA DE PAPEL. Veja no vídeo abaixo, aos 34 segundos.

Outro momento digno de nota acontece a 1 minuto e 6 segundos: Serra recebe um telefonema, cerca de vinte minutos depois do ataque, e, ato contínuo, começa a sentir-se mal por conta do selvagem golpe desferido pelos monstros petistas. O candidato foi levado até um hospital, onde o médico Jacob Kligerman explicou que o golpe havia sido na região occitoparietal (se eu ouvi direito), mas que não houve ferimento aparente. Serra foi submetido a uma TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA para evitar complicações. Ufa!


(Vídeo via blog do Luís Nassif)

quarta-feira, outubro 20, 2010

Registros atrasados

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São notícias que aconteceram já há alguns dias, mas como ainda não haviam passado pelo Futepoca, simbora registrá-las.

Já há dois times garantidos na Série B do Campeonato Brasileiro em 2011 (e não estou falando do Grêmio Prudente). Tratam-se de Ituiutaba-MG e Salgueiro-PE.

Ambos triunfaram em mata-matas concluídos no final de semana.

A classificação das duas equipes é das mais surpreendentes. Analisemos caso a caso. O Salgueiro, de Pernambuco, é profissional apenas desde 2005 - ou seja, é um time mais novo do que Grêmio Barueri/Prudente e Ipatinga, que estiveram na elite nacional há pouco tempo e foram tão criticados por roubarem o espaço de clubes mais tradicionais, como Bahia, Santa Cruz, Remo e outros.

No caso do Salgueiro, a situação se acentua porque o time pernambucano despachou um "tradicional" dentro de campo - o clube derrotado no mata-mata derradeiro foi o Paysandu. Tal qual um Boca Juniors de 2003, o Salgueiro foi mal em seus domínios (1x1) e arrebentou o Papão da Curuzu em plena Belém (3x2).

Já o Ituiutaba, embora mais tradicional, é também um time pequeno. Como tantos de porte igual, tem uma trajetória de ioiô no campeonato estadual, conseguindo acessos e descensos no Mineiro com frequência. Um desses rebaixamentos ocorreu logo neste 2010, um ano após o time alcançar as semifinais do estadual. E aí, no ano em que o time cai em nível estadual, sobe na escala nacional. Curioso, no mínimo.

Os outros confrontos da Série C serão decididos no final de semana. Macaé e ABC jogam pelo empate contra Criciúma e Águia-PA, respectivamente.

Quarta
Descendo um degrau, a Série D já tem seus quatro "vencedores" definidos: América-AM, Madureira-RJ, Araguaína-TO e Guarany-CE estão promovidos para a Série C de 2011.

Agora, duelam para ver quem fica com a taça. Araguaína x Guarany e Madureira x América são os confrontos das semifinais, que começam no dia 23.

Segunda
Invertendo a lógica, fecho o post para falar da Série B nacional. Coritiba e Figueirense estão praticamente promovidos, Bahia e América-MG estão próximos do acesso; mas o registro a ser feito é sobre a mudança de cidade e nome do Guaratinguetá.

O time do Vale do Paraíba, também jovem, confirmou os rumores que circulavam com força e oficializou sua modificação: irá para Americana, e Americana será também seu novo nome. É na cidade que jogará a primeira divisão estadual e a segunda nacional (se não for rebaixado) no ano que vem.

Fui uma das poucas pessoas que até achou legal a transferência do Grêmio Barueri para Presidente Prudente. Meu entendimento, na época, era que o futebol ganhava mais tendo uma equipe competitiva em Presidente Prudente do que em Barueri - Prudente é grande e distante de qualquer outra cidade-sede de um time grande, enquanto Barueri pertence à região metropolitana de São Paulo e, por isso, é meio inviável acreditar que seus cidadãos poderiam deixar de lado um jogo de São Paulo, Corinthians, Palmeiras ou Santos para prestigiar a equipe.

Mas, quando falamos do caso Guaratinguetá/Americana, não há como aplicar essa regra. Porque Americana é sede do tradicionalíssimo Rio Branco, que volta e meia disputa a Série A1 Paulista. Ou seja: além de estragar uma tradição que vinha se consolidando, a modificação ainda não contribuirá para a formação de uma "nova cultura futebolística", até porque ela já existe na cidade.

Sem contar que o seu distintivo (na minha humilíssima opinião) é de gosto pra lá de duvidoso, lembrando mais um brasão de um destacamento do exército dos EUA do que o de um time brasileiro de futebol.

Em um dos últimos jogos realizados em Guaratinguetá, ontem, contra o Icasa, torcedores vaiaram a equipe o tempo todo e chegaram a queimar camisetas durante a peleja.






José Serra: mentira, fraude e falsidade ideológica

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Nesta semana, a guerra de campanhas eleitorais trouxe de volta a polêmica sobre o candidato José Serra (PSDB) ter ou não diploma universitário. Segundo consta, ele sempre se apresentou como "engenheiro e economista", desde os primeiros cargos públicos que ocupou e campanhas eleitorais que disputou. Acontece que Serra nunca concluiu o curso de Engenharia Civil da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP). Sendo assim, é impossível que tenha qualquer curso de pós-graduação minimamente "validável" - o que levanta suspeitas sobre como teria sido possível dar aulas na Universidade de Campinas (Unicamp), de 1978 a 1983.

Ao abandonar o curso na Politécnica da USP e exilar-se no Chile, Serra teria feito um "Curso de Economia" na Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), entre 1965 e 1966, especializando-se em Planejamento Industrial. Parece óbvio que um curso de graduação de dois anos não pode ser formal. Depois disso, fez "mestrado" em Economia pela Universidade do Chile, em 1968, onde seria "professor" até 1973. Em 1974, faria "mestrado" e "doutorado" em Ciências Econômicas na Universidade Cornell, nos Estados Unidos, sem ter concluído faculdade.

No Chile e nos EUA não é exigido curso superior para fazer pós-graduação, o que não é permitido aqui no Brasil. Além disso, os cursos de pós-graduação que Serra cursou na Cornell não são strictu senso mas lato senso, como os fornecidos pela rede privada brasileira. Resumindo: não valem nada em termos acadêmicos. Bom, mas, no frigir dos ovos, deve-se considerar que, para sua carreira política, ter ou não graduação não faz diferença alguma. O problema é não ter e dizer que tem. E, ao dar aulas no ensino superior (sabe-se lá como conseguiu isso), configura-se crime.

Recentemente, o Conselho Regional de Economia da Paraíba fez interpelação judicial e pedido de enquadramento de José Serra no Artigo 47 do Decreto-Lei 3.688/41, sobre falsidade ideológica e charlatanismo, pelo "uso indevido da qualificação de economista pelo candidato, que não tem bacharelado em economia nem é registrado em qualquer Conselho Regional de nenhum estado brasileiro". O pedido foi endossado pelos Conselhos Regionais do Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Piauí, Alagoas, Maranhão, Rondônia e Tocantins, e por dois membros do Conselho Federal de Economia. Porém, o Conselho Federal de Economia nunca se manifestou sobre isso.

Folheando o livro "O sonhador que faz", de Teodomiro Braga (Editora Record, 2002), encontrei a confirmação pela própria palavra de Serra:

(...) Em 1967, apesar de não ter feito graduação, eu entrei na Escola de Pós-Graduação em Economia da Universidade do Chile, que era chamada Escolatina.

Como conseguiu ser admitido se não tinha graduação em economia?
Eles exigiram que eu fizesse um exame equivalente a todo o curso de graduação em Economia.

(Trehco extraído da página 102)

Um exame? Assim, simples? Sem graduação, como pôde ser admitido como professor pela Unicamp? Dilma Rousseff (PT) foi acusada de não ter mestrado nem doutorado pela Unicamp, e reconheceu isso. O que importa, na verdade, é que ela nunca deu aulas - o que até poderia ter feito, pois tem, pelo menos, graduação. Já José Serra atuou profissionalmente de forma indevida. É uma fraude. Porém, como a Unicamp pertence ao governo de São Paulo, comandando pelo PSDB, qualquer possibilidade de investigação ficará no campo de nossas ilusões. E a imprensa pró-Serra não fará o menor esforço para retirar a pedra de cima desse assunto.

Os times de cada candidato

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A Folha publica hoje "intelectuais" que estariam apoiando um ou outro candidato à sucessão presidencial.


Nesses tempos de campanha, de obscurantismo religioso e intelectual, é bom ver com quem cada candidato anda.

Por isso, a partir da lista da FSP, montei dois times para fazer um racha, sem me preocupar muito com posições Quem você acha que ganha a partida eleitoral? Não preciso dizer para qual vou torcer, né?

Time da Dilma:
Oscar Niemeyer, Chico Buarque, Otto, Fernando Morais, Chico César, Beth Carvalho, Leonardo Boff, Alceu Valença, Hugo Carvana, Gilberto Gil, Frei Betto. Técnico: Lula

Time do Serra:

Hélio Bicudo, Carlos Vereza, Tarcísio Meira, Hector Babenco, Glória Menezes, Ferreira Gullar, Rubens Ewald Filho, Maitê Proença, Nicette Bruno, Fernando Gabeira, Silas Malafaia. Técnico: FHC

terça-feira, outubro 19, 2010

Falar aos pobres

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Acabo de encontrar meu amigo George, brasileiro que vive em Londres. Ele me contou que seus amigos tucanos estão em polvorosa no Facebook. Em plena mobilização, clamam para que todos falem com suas empregadas, com os porteiros de seus prédios, com as faxineiras de suas avós ou com os seguranças e a mulher do cafezinho do trabalho... com toda essa gente aí, para não deixar a Dilma se eleger.

Quer dizer, estão conclamando o pessoalzinho – que fez escola particular e universidade pública, que tem bons empregos, que lê jornal, bem, que, em suma, não é analfabeto – a formar a opinião dos pobres... Na cabeça deles deve passar algo como: “Gente, eles são analfabetos, desinformados, não são más pessoas, mas não sabem o que fazem. Você que ‘trata bem’ e é até meio amigo do seu porteiro, pois fala com ele sobre futebol, não deixe ele cometer essa burrada de ignorante e votar na Dilma, faça ele votar em gente como a gente”.

Está claro que também estão respondendo ao apelo do candidato Serra de que cada um conquiste mais um voto e estão fazendo a parte deles com os pobres mais à mão, aqueles sobre os quais sentem que têm até alguma obrigação de influência. Herança genética dos tempos do cabresto?

Será que essa mobilização confirma a opinião de Maria Rita Kehl de que não há respeito pelo voto do pobre, que aprendeu a votar em causa própria em vez de votar pela causa de seus patrões, aquela exata opinião que lhe valeu a demissão de O Estado de S.Paulo?

Espetada em Serra sobrou até para Boris Casoy

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No Rio de Janeiro, durante o ato de apoio de artistas e intelectuais à campanha de Dilma Rousseff para a presidência da República, o cantor/compositor/escritor Chico Buarque resumiu o motivo de sua opção (o grifo é nosso):

‎- Eu vim aqui reiterar meu apoio entusiasmado à Dilma, essa mulher de fibra, essa mulher que já passou por tudo, que não tem medo de nada, e que, sobretudo, vai herdar o senso de justiça social, que é a marca do governo Lula, governo que não corteja os poderosos de sempre. Porque não é de sua índole desprezar os sem-terra, os professores, os garis. Temos hoje um país que é ouvido em toda parte porque faz de igual pra igual com todos - não fala fino com Washington nem fala grosso com a Bolívia e o Paraguai. E que, por isso mesmo, é ouvido e respeitado no mundo inteiro, como nunca antes na História desse país (risos).

Ou seja, além de botar a carapuça em José Serra, que, em vez de dialogar, criminaliza os movimentos sociais, e que costuma botar a polícia para bater nos professores (além de representar a linha política de submissão a Washington e de prepotência com os países sul-americanos mais pobres), Chico ainda deixou uma espetada sutil no apresentador de telejornal Boris Casoy, que este ano classificou dois garis como "o mais baixo da escala do trabalho" (reveja o vídeo aqui). Abaixo, a íntegra do discurso de Chico Buarque e de Leonardo Boff:

segunda-feira, outubro 18, 2010

Quem orientou esses ignorantes?

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No sábado faleceu o psicanalista José Ângelo Gaiarsa, aos 90 anos. Há oito anos, eu e o companheiro Anselmo fizemos uma entrevista com ele que, logo de saída, nos desafiou: "Vocês vão fazer as mesmas perguntas de sempre para que eu dê as mesmas respostas de sempre ou vamos tentar ir além?".

Tentamos ir além. Não sei se conseguimos, mas o resultado da entrevista se mostra atualíssimo, ainda mais em tempos em que a discussão política se torna tão impregnada por moralismos de ocasião e de religiosidade duvidosa. A entrevista completa está aqui, mas abaixo vão alguns trechos que têm a ver com o momento do Brasil e impressionam ainda mais tendo vindo de um senhor, à época, com 82 anos.

Três argumentos sobre o instinto de cooperação

Vou passar rapidamente por três gigantescos argumentos para provar que o instinto de cooperação é muito maior que o de autodefesa, muito maior que o do sexo. Em primeiro lugar, alguns dos maiores biólogos contemporâneos defendem a idéia de que toda a vida é simbiótica. Os organismos simples foram se juntando e criando organismos cada vez mais complexos. Bactérias foram se unindo, formaram protozoários e assim por diante... Nosso corpo é uma gigantesca colônia de subcolônias. O fígado, os rins, o cérebro, todos são colônias que rendem muito mais funcionando juntos. Uma forma espontânea de cooperação que se aplica aos vários níveis biológicos. Qualquer ecossistema é cooperativo, se você tira três elementos ele se desorganiza completamente.

Uma frase ficou muito marcada para mim, de dois "animantropólogos" - que estudam os homens dado o comportamento animal. Só a espécie humana faz trocas. "Me dá seu marreco porque você tem dois, que eu te dou dois peixes porque tenho três". Os primeiros conquistadores da humanidade foram os pescadores, que iam pelo mundo trocando. A raiz civilizatória é muito mais comercial que guerreira, o que acho muito bonito. Trocas são a essência da economia. O que é a economia de um país senão a soma de todas as trocas que acontecem a cada instante retratadas na bolsa de valores? A bolsa é uma feira instantânea, quantos caminhões de urânio por quantos navios de petróleo. A troca nos uniu completamente. Tudo o que você faz é para os outros, e tudo o que você tem foi feito pelos outros.

Quer prova mais absurda de que nós somos nós, e não eu? Imagine-me, coitado de mim, no meio da floresta amazônica, pelado. Não duro três dias. Então veja como é profundo esse instinto de cooperação, que não é falado. Predomina a frase capitalista: "O homem é naturalmente egoísta", e a lei número um do capitalismo: "se dá lucro, está certo". "Olha, que sujeito sensacional, ficou rico! Era um bandido como o Fleury, roubou até os colarinhos e foi eleito outra vez, e está aí para roubar mais".

Lado sombrio da família 

Por cinquenta dos meus 82 anos, de 6 a 8 horas por dia eu só ouvi queixas familiares. Ninguém conhece o lado sombrio da família melhor que eu. Sinto-me plenamente autorizado a falar mal dela, o que tem de ruim não está escrito. Ela é o eixo do conservadorismo, sim. "Pai e mãe estão sempre certos": isso é o próprio tiranismo à Saddam Hussein. E o pior é que muitas mães e pais acreditam nisso. Embora hoje a garotada mais escolada, mais violenta e mais rebelde, já esteja consertando isso. Mãe, pai e filho num apartamento é uma loucura, muita convivência não funciona. Mais filhos é até melhor que um ou dois, porque dá diversidade de contato. Mas a criança mesmo muito pequena já vai para a escola maternal, creche. Desde pequeno começa a afrouxar essa intensidade de contato, que é a causa das neuroses. Psicanálise quer dizer afrouxar laços familiares. Complexo de Édipo é o que tem nos Jardins, na favela é encrenca de família, mas é a mesma coisa. Todo mundo vive por aqui com a família em particular. Exceto em público, a família da TV no programa da Hebe: "Nossa, eu sou tão feliz, meus filhos são uma jóia" (risos).

Segunda escola de família

Depois de ouvir tudo isso sobre família a solução que eu vejo, idealista - duvido que aconteça -, é uma escola de família. A sociedade deveria ter dois tipos de casamento. A pessoa se casa com quem quiser e vai morar com ela. Se depois de dois anos de convivência o casal achar que está se entendendo, fica autorizado a ter filhos e a juntar bens. Mas para ter filhos é preciso passar por uma educação especial. Dizem que os pais não orientam os filhos, mas quem orientou esses ignorantes? Metade dos pais brasileiros são alcoólatras crônicos, têm quantos filhos quiserem, um exemplo doméstico mortífero, horrível. A família é muito falada, elogiada e em nada cuidada. Na América do Norte isso está começando a brotar. Os cientistas fizeram um boneco que tem todas as necessidades fundamentais do bebê. Ele faz xixi, cocô, quer mamar, chora, esperneia. Quando aparece um casalzinho dizendo querer filhos, leva o boneco por dois meses. Se acharem que está tudo bem acordar no meio da noite, berrando, se fizerem a experiência do bebê dois meses e acharem ótimo podem ter o nenê. Porque um nenê é um inferno, algo que só se descobre quando se tem.

Machões 

Durante muitos anos, morria de inveja dos machões. Era difícil chegar perto das moças pra conversar, o que eles faziam bem. Isso foi até eu saber que eles não faziam nada. Os homens são extremamente monótonos na cama. Em média, são 10 minutos de agrados e 2 de sexo, e isso já é excepcional. E todos sabemos que os machos são absolutamente dispensáveis, já que um homem numa só ejaculação bastava para fecundar todas as mulheres dos EUA. Por isso é que eles precisam se exibir, se mostrar tanto para parecerem úteis. Fizeram todas as guerras assim, homens matando competidores e rivais. E criaram ainda o assalto coletivo, saqueando uma cidade inteira, estuprando as mulheres e levando os que sobraram como escravos. Mas os machos não são grande coisa.

domingo, outubro 17, 2010

Emocionante

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O confronto entre São Paulo e Santos seguia empatado em 3 a 3 até os 47 minutos do segundo tempo, com virada de placar, bolas na trave, expulsão e defesas inacreditáveis dos dois goleiros. Se o juiz apitasse ali, o clássico paulista igualaria em qualidade e placar o Fluminense x Flamengo de 19 de setembro, que também testou a resistência dos cardíacos. Mas eis que Marlos pegou uma bola na lateral e cruzou para Ricardo Oliveira, que fulminou de primeira e obrigou defesa milagrosa de Rafael. Houve rebote e Jean, que já havia perdido dois gols feitos, completou de cabeça e definiu a vitória sãopaulina: 4 x 3. Só por isso, o clássico paulista superou, em emoção, aquele Fla-Flu de setembro. Quem foi ao Morumbi viu um jogaço, na acepção da palavra. (Foto: Rubens Chiri/SPFC)

Quando cheguei em casa e liguei o rádio, o jogo estava no início do segundo tempo. Assim, não ouvi a movimentada primeira etapa, quando o Santos saiu na frente e Dagoberto virou o placar com dois gols; o São Paulo fez mais um e o Santos ainda teve tempo de diminuir para 3 x 2. Daí, lógico, o que se esperava dos 45 minutos finais seria o ótimo e perigoso time do Santos partir para o "abafa" e o São Paulo segurar as pontas e tentar alguma coisa no contra-ataque. Foi o que aconteceu, mas os santistas só conseguiram o gol após a expulsão (justa, segundo os comentaristas) de Richarlyson, jogador que, quando não apanha muito, bate muito. Pouco depois disso, o Santos insistiu mais no ataque até que Alex Silva fez pênalti em Neymar, que converteu e empatou a partida.

Curiosamente, mesmo com um a menos, o São Paulo seguiu levando perigo - e foi premiado no final. Pouco antes do gol de Jean, Rogério Ceni jogou uma bola para escanteio em defesa "impossível", e poderia ter sido o herói sãopaulino, ao lado do goleador Dagoberto. Mas a equipe da Rádio Globo apontou Ricardo Oliveira como o craque da partida, e parece que ele foi mesmo o fator de desiquilíbrio, com assistências e frequentes investidas contra a defesa santista. Alguém chegou a fazer um comentário que achei procedente: "Em forma, o Ricardo Oliveira é outro jogador, imprescindível". Porém, ainda considero o time do São Paulo inferior aos cinco ou seis primeiros na tabela e, apesar das vitórias e da reação no campeonato, é cedo para qualquer avaliação - mesmo porque, com uma ou duas derrotas, o São Paulo pode voltar ao "inferno astral" e clima de crise.

Mas, enfim, dou a mão à palmatória: Paulo César Carpegiani injetou novo ânimo num time que, antes dele, era apático e presa fácil, principalmente em clássicos. Prova do trabalho do técnico é que até Carlinhos Paraíba jogou bem! Quem diria...

sexta-feira, outubro 15, 2010

Serra: Direita, volver?

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No longínquo mês de maio deste ano, alguém que concorria à Presidência da República disse: "Do ponto de análise convencional, sim (sou de esquerda). (Se eleito) vou estar comprometido até o fundo da alma com os trabalhadores e os desamparados, (ser de esquerda) é ser aliado de empresas que gerem empregos".


Em 13 de outubro, o Radar Político, blogue político de O Estado de S.Paulo divulga um santinho do mesmo candidato. Mas é um santinho no mais stricto sensu jamais praticado em uma corrida à Presidência da República. "Neles esta estampada, como nos santinhos convencionais, a foto de Serra na parte da frente com o slogan 'Serra é do bem' e, atrás, a inscrição 'Jesus é a verdade e a Justiça' assinada pelo próprio candidato". Quando se escreve "assinado" é porque está posicionada uma assinatura em letra cursiva.

O motivo por que o material foi produzido é mais importante do que o panfleto. Foi a necessidade de se afirmar cristão e instrumentalizar as acusações contra sua concorrente em temas sensíveis da parte dos católicos e evangélicos. Circulam boatos de que Dilma é a favor do aborto – e não da discriminalização das mães que recorrem à prática – e de que teria dito que "nem Cristo" lhe tiraria a vitória. Ambas as assertivas são falsas.

Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
A curta caminhada
Usar setores da sociedade como trampolim eleitoral em uma conjuntura específica não é uma exclusividade de José Serra. Mas é preocupante quando se dá vazão, se aproveita e incentiva a disseminação de falsas informações que afetam o lado mais conservador e retrógrado da sociedade brasileira.

Para chegar até ali, o candidato do PSDB percorreu uma caminhada curta, com alguns degraus.

Houve a acusação da "República Sindicalista" , termo criado por Carlos Lacerda em um factóide histórico. Ele usou seus jornais para dizer que o então Ministro do Trabalho de Juscelino Kubitcek teria recebido uma carta de um ministro argentino prometendo armas para dirigentes de sindicatos brasileiros. Tudo para a instação de uma "República sindicalista". Era mentira, a carta não existiu.

Por trás da crítica aos setores ligados a entidades de representação de classe está uma postura extremamente carregada ideologicamente. É a ideia que apenas diretores de sindicatos empresariais poderiam ascender a cargos do primeiro e segundo escalões do poder Executivo.

Outro episódio dessa escalada foi o material do Instituto Plínio Correia de Oliveira – batizado em homenagem ao criador da Tradição, Família e Propriedade (TFP), um líbelo do ultraconservadorismo brasileiro – no comitê do PSDB.

Foram cinco meses para percorrer, no discurso, o espectro da política: da esquerda na "análise convencional" para o apoio da TFP.

O problema
Se Serra mantiver o crescimento apresentado nas pesquisas e sagrar-se vencedor na disputa, terá uma dívida de gratidão a saldar com esses setores conservadores. Seria futurologia do pretérito tentar vislumbrar como essa fatura seria paga. Muito menos importante do que cargos, a questão seriam políticas efetivas adotadas.

quinta-feira, outubro 14, 2010

Palmeiras vence na altitude pela Sul-Americana

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Em Sucre, a 2.750 metros do nível do mar, o Palmeiras venceu o Universitário na partida de ida das oitavas-de-final da Sul-Americana. Foi por 1 a 0, gol de Marcos Assunção, de falta, ainda na primeira etapa.

Os visitantes tiveram um segundo gol anulado incorretamente no segundo tempo, conferido por Lincoln, que havia entrado no lugar do contundido Valdívia. Rivaldo ainda sofreu um pênalti, devidamente ignorado pela arbitragem.

A partida em si foi sofrível, e olha que ninguém pode culpar a tal altitude. Desde segunda-feira (11) na cidade, os palmeirenses celebraram o dia da criança e de Nossa Senhora Aparecida em território boliviano. Quem esteve em campo correu até o final.

Contra o chileno Colo-Colo e o paraguaio Cerro Porteño, o penúltimo colocado no campeonato boliviano usou bem o mando de jogo para se dar bem. Assim, vencer no país de Evo Morales é um passo importantíssimo na única competição que permite à representação de Palestra Itália sonhar com a Libertadores da América de 2011.

Gabriel Silva, lateral-esquerdo, foi bem, talvez inspirado pela camisa 10 que vestia – por uma questão de inscrição na competição. Lincoln também entrou bem, fazendo o meio de campo praticamente sozinho. Fabrício, quando entrou, também apresentou-se corretamente, apesar de ter tomado cartão amarelo por ter sido marcada uma falta que ele não cometeu.

Os bolivianos têm um time bem fraco e limitado. A retaguarda verde-limão-siciliano parecia rainha das bolas antecipadas. Muitos passes curtos ou tortos facilitaram a vida da marcação. E olha que o time vermelho teve duas ótimas chances, uma que parou nas mãos de Deola e outra tirada por Rivaldo no susto.

Não foi divertido ver um time tão limitado impondo pressão sobre o Palmeiras. Mas fazia parte do script de Luiz Felipe Scolari. Que até deu certo.

Segurem as toalhas

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Há algumas rodadas, o desânimo entre os torcedores santistas era geral. Pontos perdidos para Corinthians, Palmeiras, Vasco e outros adversários, somados ao fato do time já estar na Libertadores 2011, deixavam tudo claro: o final de 2010 seria uma chata sequência de "amistosos" até a virada do ano, uma espera até que a emoção chegasse com a retomada dos campeonatos no início da próxima temporada.

Mas aí vieram os jogos contra Fluminense, Atlético-PR e Internacional. Uma série de três vitórias, seis gols marcados e nenhum sofrido. A diferença entre o líder reduzida a seis pontos. E a esperança de ver o Santos novamente na briga pelo título. Ainda não é hora de jogar a toalha.



Tal ânimo se justifica ainda mais se levarmos em conta que a vitória de ontem foi sobre um fortíssimo time, também concorrente ao título. Aliás, o duelo entre Santos e Inter poderia receber o apelido de "semifinal antecipada", já que complicaria muito a busca pelo título por parte de quem saísse derrotado.

O jogo foi regular em sua primeira metade. O lance de mais brilho foi justamente o gol de Neymar - que teve como origem um vacilo do lateral Kléber, ex-Santos, que perdeu a bola para Danilo. Ele tabelou com Zé Eduardo e Neymar, que com muita categoria fintou os adversários e mandou pra dentro.

Na segunda etapa, alterações relativamente equivocadas do técnico interino (será interino mesmo?) Marcelo Martelotte trouxeram o Inter ao campo do Santos. Mas apesar do Colorado reter mais a posse de bola, não criava chances agudas de gol - zaga e laterais do Santos tiveram atuações irrepreensíveis.

E por pouco o Peixe ainda não ampliou o marcador, em mais de uma oportunidade. Alex Sandro, Neymar e Zé Eduardo cansaram-se de perder gols.

Enfim, Santos 1x0, e a diferença para o Cruzeiro, líder de ocasião, estabelecida em apenas seis pontos. Domingo há um clássico fora de casa, contra o São Paulo; se Neymar e cia vencerem, é hora de considerarmos, mais que nunca, na disputa pelo título.

quarta-feira, outubro 13, 2010

Mais sobre o saudosismo

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Esses dias, escrevi aqui no Futepoca o post Por mais critério com o passado. O texto tinha como gancho uma homenagem que o Palmeiras fez a seus ex-atletas e falava sobre o fato de que o tempo faz com que muitos jogadores medianos (no mínimo!) acabem por ganhar o status de craques consagrados, e que por isso todo saudosismo utópico merece ser visto com tudo quanto é ressalva.

Pois bem: aí ontem, navegando na net, acabei caindo no site do médico Drauzio Varella - mais especificamente em um texto escrito por ele durante a Copa do Mundo, em que ele comentou a ironia do gol de Lampard não validado no Alemanha x Inglaterra, que "corrigiria" a injustiça ocorrida na final do Mundial de 1966.

Drauzio conta no texto que estava na final de Wembley (e eu nunca o tinha visto falar sobre futebol!) e faz também outras divagações sobre o esporte bretão. Relembra de como vivenciou a derrota brasileira em 1950, e de toda a tristeza pela qual o Brasil passou.

E aí o médico fala sobre sua primeira experiência em um estádio de futebol. Garoto, vivia o esporte chutando bolas pelos campinhos próximos de sua casa e ouvindo todos os programas e partidas possíveis no rádio, o veículo das massas da época.

Ao falar sobre seu primeiro jogo no Pacaembu, Drauzio diz, sem meias-palavras:

Os jogadores de carne e osso, porém, deixaram a desejar: erravam passes, chutavam para fora e perdiam gols feitos, exatamente como a molecada na rua. Além de maldosos, porque empurravam uns aos outros e davam caneladas, ainda eram mal educados, xingavam e cuspiam no chão, prática que minha avó considerava a pior das grosserias, responsável pela transmissão da tuberculose.

Taí, mais um exemplo da mistificação caindo por terra.

A "perfeição" dos jogadores, times e competições do passado se justifica exatamente por toda essa imprecisão. Mais que humanos, os atletas dos anos 50 e 60 eram mitos - deles só se ouvia no rádio. Os privilegiados que podiam vê-los no campo eram pouquíssimos. A televisão era capenga.

Não havia o que temos hoje em dia, quando os jogadores são confrontados quase que diariamente. O mito de um ano é destruído por uma má performance no ano seguinte.

"Quem viu o Botafogo de 1953 jogar não consegue ver graça no futebol de hoje em dia ("
Botafogo" e "1953" são escolhas aleatórias, não levem a sério
)", clama um saudosista convicto. O único questionamento a se fazer é: você viu mesmo o tal Botafogo de 1953 jogar? Ou foi ao estádio uma ou duas vezes naquele ano, e o resto da sua percepção é fruto do que ouvia no rádio e, principalmente, de uma memória que quer evocar boas lembranças do passado? Vamos com calma.

domingo, outubro 10, 2010

Olhando o Brasil de fora

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Dois dias atrás em Madrid, agora aqui em Bordeaux, França: a admiração pelo momento que vive o Brasil é enorme. Em 2001, quando vim à Europa pela primeira vez, só me perguntavam do Ronaldo. Agora todos querem saber como fizemos para dar o chapéu na crise e emplacar o melhor desempenho no mundo em relação aos seus efeitos.

Ontem, eu e Cristina Ortiz, a pianista brasileira com quem estou aqui trabalhando, fomos jantar na casa de um casal de americanos, com um casal de franceses (estes, já viveram no Rio como adidos culturais, conhecem muito bem nossa terra). Todos me perguntaram animados, sedentos por notícias da grande sensação mundial. Chegam a pensar que o Brasil erradicou todos os seus problemas, que vivemos no paraíso. Tive que explicar que, apesar de estarmos muito melhores, ainda temos problemas e contradições históricas para solucionar.

Comentaram como enxergam o Brasil como o país mais apto a negociar internacionalmente, não apenas pelo seu sucesso econômico, mas também pela sua tradição pacifista e postura independente, em episódios como os do Irã e de Honduras. Em Madrid, um amigo espanhol chegou a brincar que invertemos os papéis: são eles que têm crise econômica, desemprego de 20% e ganharam a Copa do Mundo.

Ou seja, nada como sair desse mar de boatos que tomou conta do Brasil para recuperar um pouco de clareza: até muito pouco tempo atrás, o orgulho de ser brasileiro se apoiava quase que só no futebol (e um pouquinho no samba e na cachaça). Agora, já podemos começar a ter orgulho da política.

Mudamos. Estamos mudando.

Botafogo expõe lado ruim do Palmeiras

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Um Palmeiras mais limitado do que nas últimas três partidas apresentou-se diante do Botafogo no Engenhão neste domingo (10). O time que havia animado torcedores foi bem menos; o Botafogo não fez apresentação de gala, mas jogou melhor. Perdeu pênalti com Loco Abreu e boas chances.

Kléber exercitou seu cotovelo pela primeira vez desde sua volta ao Palmeiras. Foi expulso por acertar Alessandro com seu braço outrora plenamente desgovernado. Confesso que fico bem mais triste diante do que pode ser visto como a volta de uma faceta do jogador que parecia deixada para trás. Não foi uma agressão, mas lance besta que acontecia com mais frequência na passagem anterior do atleta pelo clube.

O alviverde permanece um ponto atrás da Estrela Solitária, mas a três posições de distância.

O Botafogo foi uma pedra no sapato do Palmeiras nas duas últimas temporadas. É que o confronto coincidiu com a última rodada, dificultando e tirando o time da Libertadores nos brasileirões de 2008 e de 2009.

Gabriel Silva, que pôs a mão na bola no primeiro tempo, foi poupado do cartão vermelho, que poderia ser aplicado, já que o árbitro interpretou que houve intenção no toque. Ao rever o lance, considero incorreta a marcação, mas como a bola foi para fora, a polêmica esvazia-se.

Valdívia tampouco foi bem no jogo, o que acontece. Vitor não jogou e o time não pôde repetir a fórmula do jogo passado. Lincoln e Dinei foram a campo, mas não mudaram a realidade do time (embora o atacante tenha quase marcado em um chute desviado que, por pouco, não encobre o goleiro.

O lado ruim, exposto na partida, é o da instabilidade, que faz o time oscilar tanto. Outro aspecto é a dependência de El Mago e de Kléber – excetuando-se as faltas de Marcos Assunção, que não fizeram a diferença