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terça-feira, janeiro 26, 2010

Não é de agora que reconhecem Lula

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No dia seguinte ao anúncio de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva receberá o primeiro prêmio de Estadista Global concedido pelo Fórum Econômico Mundial, eu li uma informação bem interessante em "Vinicius de Moraes - O poeta da paixão", de José Castello (Companhia das Letras, 1994). Em 1979, logo após a primeira grande greve dos metalúrgicos na região do ABC paulista, Vinicius fazia sua última turnê musical (foto ao lado), em comemoração aos dez anos de parceria com o violonista Toquinho. E já falava sobre Lula. Vamos ao trecho do livro:

Um show para comemorar os dez anos de carreira começa com a projeção de slides que, no estilo de um telejornal retrospectivo, rememoram alguns dos melhores momentos da década: a escolha de Vera Fischer como Miss Brasil, o milésimo gol de Pelé, e John Lennon abraçado a Yoko Ono na cama. Na segunda parte, batizada de "hora do sarro", Vinicius - tomado pelos ventos de liberalização política que finalmente afrouxam o cotidiano do país - chama Lula de "herói" e o brinda com um copo de uísque importado.

Em São Bernardo do Campo, Lula e Vinicius em uma mobilização sindical

quinta-feira, janeiro 21, 2010

Exclusivas do Santos e o jogo de ontem

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A apuração jornalística do Futepoca conseguiu duas informações importantes sobre o futuro do Santos. A primeira, e já esperada, é que evoluíram bem as negociações para o retorno de Pelé à Vila Belmiro, com sua imagem utilizada principalmente para a promoção de ações de marketing. O Rei estava afastado do clube que o revelou por conta das estremecidas relações com a gestão anterior. A volta, no entanto, será pautada pelo profissionalismo. Pelé não vai ser um mero patrono e a negociação também pode envolver uma parceria com o Litoral F.C. nas categorias de base.

A outra informação diz respeito ao futebol feminino. A diretoria santista conversa com dois grandes patrocinadores que podem viabilizar uma ação espetacular: a participação do Santos no mais importante campeonato profissional do planeta, a Liga dos EUA. A partir de 2011, o clube contaria com Marta e Cristiane, concretizando o projeto Santos Mermaids (sereias, em inglês) e passaria a jogar na meca do futebol feminino. 

Sobre o jogo 


 

Se a goleada do Santos, mesmo com seus contornos simbólicos, não era para fazer com que o santista acreditasse que o time já estava formado e engrenado, o empate com a Ponte na Vila também não é nenhum sinal para se desesperar. Se o torcedor não tiver em mente que esse é um time em formação (com alguns jogadores também em formação), corre o risco de cobrar em excesso os atletas e queimar jovens promissores, como já aconteceu em épocas recentes.

Analisando o contexto do resultado, o time conseguiu fazer uma movimentação ofensiva semelhante à da partida de domingo. A diferença é que a Ponte fechou a entrada da área e dificultou as finalizações peixeiras. Ainda que tenha tido mais volume de jogo, com mais oportunidades de gol, a equipe foi castigada também por não ter achado o ritmo certo no decorrer da partida. Os garotos ainda não sabem a hora certa de cadenciar ou acelerar o jogo e isso pode ser crucial em algumas ocasiões, como foi ontem.

Outra característica da falta de entrosamento foi o incrível “gol de costas” tomado pelo time. A falha de comunicação entre o goleiro Felipe e a zaga evidencia a necessidade de se treinar mais as jogadas de bola parada, lembrando que essa é somente a segunda partida em que essa defesa joga junto. Aliás, não apenas defensivamente o Santos precisa treinar o posicionamento em faltas e escanteios. Como o ataque santista se movimenta com muita velocidade e troca de posições, as faltas próximas à área foram uma constante ontem e também contra o Rio Branco e as oportunidades acabaram desperdiçadas. Nada que não se corrija com treinamento, mas erros assim ainda podem acontecer nas próximas rodadas. Paciência, torcedor, paciência...

sexta-feira, novembro 20, 2009

Em tempo

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Ontem, Dia da Bandeira no Brasil, foram completos 40 anos do milésimo gol do Rei Pelé, contra o Vasco da Gama, no Maracanã. Pelo caráter simbólico do que representam Edson Arantes do Nascimento e a hegemonia brasileira no futebol mundial, vale o registro deese momento histórico aqui no Futepoca.

segunda-feira, setembro 28, 2009

Som na caixa, manguaça - Volume 44

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O PATRÃO MANDOU
(Composição: Paulinho Soares)

Paulinho Soares

O patrão mandou cantar com a língua enrolada
Everybody, macacada! Everybody, macacada!
E também mandou servir uísque na feijoada
Do you like this, macacada? Do you like this, macacada?
E ainda mandou tirar nosso samba da parada
Very good, macacada! Very good, macacada!

Não sei o que é que o patrão tem debaixo da cartola
Que a gente não se solta, ta grudado feito cola
No fim das contas, o patrão manda e desmanda
E ainda faz do Rei Pelé mais um garoto-propaganda

O patrão mandou cantar com a língua enrolada
Everybody, macacada! Everybody, macacada!
E também mandou servir uísque na feijoada
Do you like this, macacada? Do you like this, macacada?
E ainda mandou tirar nosso samba da parada
Very good, macacada! Very good, macacada!

O patrão é fogo! Ele é quem dá as cartas, banca o jogo
Tá metendo sempre o bico no fubá, qual tico-tico
No troca-troca, o patrão que é mais rico
Já levou o Rivellino e vem depois buscar o Zico

O patrão mandou cantar com a língua enrolada
Everybody, macacada! Everybody, macacada!
E também mandou servir uísque na feijoada
Do you like this, macacada? Do you like this, macacada?
E ainda mandou tirar nosso samba da parada
Very good, macacada! Very good, macacada!

(Do LP "Paulinho Soares", Continental, 1978)

Ps.: Vejam o artista - que faleceu em 2004, aos 60 anos - e os anárquicos Trapalhões zombando da nossa macaquice estadunidense:

quarta-feira, agosto 26, 2009

Maldade, baixaria, escatologia

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Brasileiro é uma raça que, às vezes, faz a gente passar vergonha. Tava todo mundo reunido na casa de uma amiga, depois do almoço, e o cidadão se levantou às pressas, em direção ao banheiro, alertando em alto e bom som: ''Peraí que eu preciso matricular o Pelé na aula de natação''...

terça-feira, agosto 18, 2009

Escola aposta em samba enredo sobre Copa da África

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A escola de samba paulistana Vai-Vai aposta na Copa de 2010, na África do Sul para vencer o carnaval do ano que vem. Em entrevista exclusiva ao Futepoca, Thobias da Vai-Vai, presidente da agremiação, promete homenagem a Pelé, além da celebração da chegada do maior evento do futebol mundial ao continente africano.

O tema foi escolhido por "uma feliz coincidência", o fato de tanto a escola quanto a competição concebida por Jules Rimet completarem 80 anos em 2010. De preto e branco, os representantes do Bixiga contam com a "consultoria" de Orlando Duarte, jornalista esportivo autor da enciclopédia das copas.

Alguém pode dizer que para fazer samba-enredo nem precisaria de tanta precisão nas informações, mas nem só de "celebração", aos vivas ao rei do futebol e de recorrer à "africanidade" se faz uma composição.

A escolha do samba-enredo deve acontecer em setembro, com eliminatórias semanais, sempre aos domingos. Até lá, a comissão de carnaval da escola vai escolher a melhor entre seis composição que ainda participam da disputa. Outras 12 já foram descartadas (a lista completa pode ser ouvida aqui).

Em 2009, com uma crítica à situação da saúde pública, a escola não conseguiu o bicampeonato, ficou atrás da Mocidade Alegre. Para 2010, além do jornalista esportivo, a Vai-Vai também conta com Carlinhos de Jesus na comissão de frente.

Confira os principais trechos da entrevista:

Futepoca – Por que a escolha da história das Copas como tema do samba-enredo?

Thobias –
O motivo é a feliz coincidência de a Vai-Vai e a Copa do mundo completarem 80 anos juntas. E vamos ressaltar um detalhe: em 2010, a Copa vai ser sediada finalmente num país africano.

Futepoca – Do que o samba-enredo vai falar?

Thobias –
Das origens do samba, da nossa cultura que valoriza o samba, do futebol pentacampeão mundial. E do Rei Pelé. Ele vai ser homenageado como o rei do futebol do século XX e do XXI também.

Futepoca – Como a escola vai construir a letra?

Thobias –
Temos uma consultoria especial neste ano de Orlando Duarte, que conhece tudo de história das copas. Ele faz parte da comissão de carnaval deste ano. Até o fim de setembro vai a eliminatória dos sambas-enredo. É como um festival, há várias composições concorrendo e uma delas vai ser escolhida pela comissão de carnaval. Além do Orlando Duarte, vale destacar também a presença de Carlinhos de Jesus na comissão de frente, que vai definir a coreografia.

Futepoca – E como o pessoal da escola vê a fase da seleção brasileira? A turma está animada ou tem uns que querem o "fora, Dunga!"?

Thobias –
De futebol, o Brasil não perde, deixa de ganhar. O time já entra campeão. Agora, como todo o brasileiro, só acredito vendo. E nunca vi uma seleção sair daqui com 100% de aprovação. Desde 1966 acompanho as copas – nasci em 1958, em 1962 era muito pequeno.

quinta-feira, junho 25, 2009

A descrição de um lance do Rei feita por um adversário

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Reproduzido do Blog da Bia, com a devida autorização. Um adversário de Pelé em 1966 conta como foi enfrentar o Rei naquele dia. Dá pra imaginar que o moço era diferenciado...

Quem já teve a oportunidade de jogar com Pelé ou enfrenta-lo, sempre tem na memória a lembrança de algum lance genial do atleta.

Outro dia, conversando com Dirceu Krüger, um dos principais jogadores da história do Coritiba, perguntei se ele já havia enfrentado Pelé.

A resposta veio com o desenho (abaixo) de um lance do jogador, no jogo que ele acredita ter acontecido em 66 e ter terminado em 3 a 1 para o Santos, em pleno Couto Pereira. 

Na época, lembrou Krüger, o tiro de meta ainda era batido por um zagueiro e o atleta do Coxa preparava-se para a cobrança. 

Enquanto isso, Krüger observava Pelé no meio-campo e notou que o camisa 10 já havia percebido seu companheiro, Manoel Maria, posicionado na ponta direita e um espaço aberto na zaga do Coritiba por aquele lado. Mesmo assim, Pelé deu as costas para a cobrança, distraindo os adversários.

Quando ela foi executada, Negreiros, que estava no meio-campo, apenas gritou “Negão” e Pelé girou para a direita, chutando a bola de primeira para Manoel Maria, que cortou o zagueiro e o goleiro do Coritiba para marcar o gol do Santos.

“Foi genial. Sem ter visto a bola, ele virou para o lado certo, já que se girasse para a esquerda seria mais difícil fazer o cruzamento para a ponta direita. Não deu tempo de ninguém fazer nada. Ele já havia feito a leitura da jogada e, com apenas um toque na bola, decidiu”, recordou Krüger.

 

sábado, maio 02, 2009

O Corinthians como 'cupido' de Pepe e Pelé

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No encarte especial "Paixão alvinegra", do Lance! de hoje, o eterno Pepe, "Canhão da Vila", descreve os bastidores do romance com sua esposa Lélia:

"O clássico mais especial que eu disputei em Santos e Corinthians aconteceu no dia 7/12/1958, na Vila Belmiro. Nós goleamos por 6 a 1 e eu marquei um dos gols. Fiquei tão empolgado com a vitória e com o meu gol que depois da partida eu estava passeando em São Vicente e criei coragem para ir falar pela primeira vez com a Lélia. Hoje estamos casados há 45 anos e a nossa primeira troca de palavras aconteceu naquela noite, mais precisamente na Biquinha (local famoso de São Vicente). Eu sempre fui muito tímido e a Lélia sempre passava em frente à mercearia que o meu pai tinha. Existia aquela troca de olhares, porém eu nunca tinha coragem de puxar papo. Aquela vitória contra o Corinthians eu diria que foi o pontapé inicial para o meu relacionamento. Por isso tenho certeza que aquele clássico é o mais importante que disputei."

O mais curioso é que o Corinthians também interferiu na aproximação de Pelé com sua primeira esposa, Rosemeri. Ambos assistiam a um jogo de basquete e o jogador abordou a moça, que revelou ser corintiana e perguntou se ele tinha bronca do clube, pois sempre marcava gols pelo Santos nesse clássico.

sexta-feira, maio 01, 2009

Pai de Pelé marcou um gol no São Paulo

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No feriado de 1º de maio de 1950, o São Paulo viajou até Bauru para um jogo amistoso contra uma equipe local. O Bauru Atlético Clube (BAC) tinha como artilheiro Dondinho (à direita), pai de um garoto de nove anos chamado Edson, que mais tarde viria a ser conhecido como Pelé. E foi Dondinho quem abriu o placar para os donos da casa, aos 21 minutos do primeiro tempo. Mas Bóvio, aos 37, e Marin, aos 39 do primeiro tempo, viraram o placar. Ponce de León completaria a vitória do São Paulo por 3 a 1, aos 15 da segunda etapa. Curioso é que o ponta direita Marin é o mesmo José Maria Marin que, décadas mais tarde, seria vereador, deputado estadual, vice-governador e, por dez meses, governador de São Paulo - quando Paulo Maluf deixou o cargo para concorrer nas eleições de 1982.

Dondinho, o pai do Rei do Futebol, nasceu João Ramos do Nascimento na cidade mineira de Campos Gerais, em 1917, e faleceu em Santos (SP), em 1996, aos 79 anos. Começou a carreira como jogador na década de 1930, passando pelo Atlético (de Três Corações-MG), Fábrica de Armas (de Itajubá-MG), Esporte Clube Hepacaré (de Lorena-SP) e Vasco da Gama (de São Lourenço-MG), entre outros, antes de encerrar a carreira em Bauru. Chegou a fazer uma partida pelo Atlético-MG, contra o carioca São Cristóvão, mas machucou o joelho em um lance com o zagueiro Augusto (futuro zagueiro do Vasco e da seleção brasileira na Copa de 1950) e teve que voltar para Três Corações, cidade onde nasceu Pelé. Na foto acima, o neto Edinho, Pelé e Dondinho, com uma antiga camisa do BAC. Em 18 anos de carreira, Pelé marcou 33 gols no São Paulo.

quarta-feira, abril 01, 2009

A Lei de Murphy no futebol brasileiro

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Como já adiantei nos comentários de alguns posts, estou relendo a trilogia da "Lei de Murphy", publicada pela Editora Record no final do século passado, com tradução e "transubstanciação" de Millôr Fernandes - e ilustrações impagáveis do mestre cachaceiro Jaguar. No meio de tantas pérolas, como "Toda ambiguidade é invariável" (Lei Roberta Cloese), "Confia em todo mundo, mas corta o baralho" (Lei Castor de Andrade), "Toda ordem que pode ser mal interpretada é mal interpretada" (Axioma do Exército) ou "Há dois tipos de pessoas: as que dividem as pessoas em dois tipos e as que não" (Distinção do Sociólogo), encontrei "leis" do futebol brasileiro:

LEI DA CBF
Quando chega a sua vez, mudaram as regras.

LEI TELÊ SANTANA
Nada é mais inevitável quanto um erro que você prevê.

SEGUNDA LEI TELÊ SANTANA
Jogadas perfeitas na teoria não dão certo na prática.
Jogadas perfeitas no treino são as que enterram o time.

LEI ZAGALLO DA RESPONSABILIDADE
Eu ganhei, nós empatamos, eles perderam.

LEI DO VIAJANTE E DO JOGADOR DE SELEÇÃO
Não se consegue fazer nada numa viagem.

SEGUNDA LEI PELÉ
Basta ser popular pra ficar impopular.


Pra mim, a melhor é a explicação filosófica com base no Botafogo-RJ, que hoje é só um amarelão, mas que, na época, era um perdedor predestinado:

LEI BOTAFOGUENSE
Um bom resultado só acontece uma vez.

TEOREMA BOTAFOGUENSE
1 – Você não pode ganhar;
2 – Você não pode empatar;
3 – Você não pode nem largar o jogo.

PRESUNÇÃO BOTAFOGUENSE
Toda filosofia que procura dar alguma significação à vida é baseada na negação de uma parte do Teorema Botafoguense:
1 – O capitalismo é baseado na presunção de que você pode ganhar;
2 – O socialismo é baseado na presunção de que você pode empatar;
3 – O misticismo é baseado na presunção de que você pode largar o jogo.

terça-feira, fevereiro 17, 2009

Som na caixa, manguaça! - Volume 34

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PINGA
(John Ulhoa)

Pato Fu

Eu tomo pinga
Eu não sei o que é melhor pra mim
Eu tomo pinga
Mesmo já sabendo o que vai dar no fim
Eu tomo pinga
Será que eu tô gostando de viver assim?
Eu tomo pinga
Será que isso é bom ou ruim?

Aah... aah....

Se eu fosse o Pelé tomava café
Se eu fosse o Tostão tirava o calção
Se eu fosse o Dario pulava no rio
Se eu fosse o Garrincha não pulava não

Eu tomo pinga
Eu não sei o que é melhor pra mim
Mesmo já sabendo o que vai dar no fim
Será que eu tô gostando de viver assim?
Será que isso é bom ou ruim?

Aah... aah....

Se eu fosse o Pelé...
Se eu fosse o Tostão...
Seu eu fosse o Dario...

(Do CD "Tem mas acabou", Sony BMG, 1996)

segunda-feira, janeiro 26, 2009

“Uma transa rítmica universal”

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Na linha dos posts que misturam futebol, política e música, recupero aqui uma curiosa fase do hoje vereador de São Paulo Agnaldo Timóteo (PR) – acima, na capa do disco "Frustrações", produzida no estádio do Maracanã em 1973. Com uma trilogia de LPs que já foi classificada como "pasoliniana", o cantor e compositor flertou, na segunda metade da década de 1970, com a apologia ao homossexualismo, ao hedonismo e à diversidade sexual. Logo ele que, hoje, como político de partido conservador, defende o empresário da prostituição Oscar Maroni e o sexo de meninas de 16 anos com estrangeiros. Curioso é que, num desses trabalhos de mais de 30 anos, Timóteo estampou elogios de um certo jogador de futebol...

A trilogia "gay" do cantor teve início em 1975, com "A Galeria do Amor" (à esquerda), referência a Galeria Alaska, ponto de encontro homossexual no Rio de Janeiro. A faixa-título diz: "Numa noite de insônia saí/ Procurando emoções diferentes/ E depois de algum tempo parei/ Curioso por certo ambiente/ Onde muitos tentavam encontrar/ O amor numa troca de olhar". Segue: "Na galeria do amor é assim/ Muita gente a procura de gente/ A galeria do amor é assim/ Um lugar de emoções diferentes/ Onde gente que é gente se entende/ Onde pode se amar livremente".

No ano seguinte, com o disco "Perdido na Noite" (à direita), veio a continuação dessa fase de "amor livre", em que "gente se entende com gente". Entre faixas de títulos sugestivos como "O conquistador" e "Aventureiros", a canção que batiza o LP revela o cotidiano de suas aventuras noturnas: "Estou perdido/ Na noite de muitos/ Sempre a procura/ Da mesma ilusão/ Estou perdido na noite/ E sozinho/ Pelos caminhos sombrios/ Eu vou/ Estou perdido/ Como tantos perdidos/ Que não se encontram/ Sem saber a razão".

Porém, depois de tanta gandaia e devassidão, Timóteo decidiu encerrar a série em 1977, com um disco de título confessional: "Eu pecador" (à esquerda). A letra da faixa-título é uma síntese do que tentou dizer nos dois discos anteriores, repisando o fato de estar "perdido": "Somos amantes do amor liberdade/ Somos amados por isso também/ E se buscamos uma cara metade/ Como metade nos buscam também/ Estou perdido/ Estamos perdidos/ Mas a esperança ainda é real/ Pois quando menos se espera/ Aparece uma promessa de amor ideal".

Agora, o fato inusitado: a contracapa de "Perdido na Noite", de 1976, traz um fax de ninguém menos que Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, para o cantor e compositor. Com os dizeres: "Agnaldo Timóteo: a música é como o esporte. Uma transa rítmica universal (...) Um abração de seu amigo e admirador Pelé". Haja Vitasay...

Timóteo nos tempos de "perdido na noite de muitos"

terça-feira, novembro 25, 2008

O clube onde Pelé nasceu para o futebol virou supermercado

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Fiquei sabendo essa semana que o Bauru Atlético Clube (BAC) fechou as portas em junho deste ano. Mais grave: virou supermercado. Com isso, o palco do nascimento para o futebol de um certo Edson Arantes do Nascimento, em 1953, ficou na memória de quem conheceu o local.

A falência do Baquinho foi um processo longo que se arrastou até as vésperas de completar 90 anos. Já na década de 60, o campo foi dividido para construir piscinas, apostando na parte social quando, hoje, o que dá dinheiro é justamente o futebol. Nada melhorou, a crise apertou e fecharam-se as portas.


Na foto, o escrete do Baquinho, com Peé sentado sobre a bola

O filho de Três Corações nasceu em 1940, mas se mudou com os pais para a cidade no interior de São Paulo quando tinha cinco anos. Aos 13, estava no BAC. Dizem ter feito partidas pelo Noroeste antes de ir para o Santos. Constam relatos até de jogador-mirim até fugiu do vestiário antes do jogo para comer amendoim.

Divulgação
Hoje, no lugar dos primeiros dribles deve estar a gôndola de extrato de tomate. Com um pouco de sorte, a seção de material esportivo. Com mais sorte, a de cachaça (foto), mas isso já é elocubração. Nada contra o supermercado que, ao menos, parece ter a intenção de montar um memorial ao finado Baquinho. Será que a Fifa ou a CBF deveriam ter zelado pelo local?

terça-feira, novembro 18, 2008

PQFMTMNETA 2 - Maradona bate bola com Pelé em seu show na televisão (2005)

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Breve introdução aos que não conhecem a série: PQFMTMNETA é abreviação para "Parece que faz muito tempo, mas nem é tanto assim". Nesse espaço, mostraremos eventos do futebol acontecidos há, no máximo, cinco anos, que causaram polêmica na sua época, e que depois caíram no esquecimento.

Parece que faz muito tempo, mas nem é tanto assim 2 - Maradona bate bola com Pelé em seu show na televisão (2005)


O ano era 2005. Diego Armando Maradona vivia a melhor fase da sua vida após o término de sua carreira (futebolística, que fique claro). Já não estava mais obeso e sua saúde, aparentemente, andava nos conformes. Sua popularidade na Argentina estava inabalada como sempre; então, para celebrá-la, nada melhor do que um programa de televisão com exibição nacional e, naturalmente, repercussão internacional. Nascia assim La Noche del Diez, que durou seis meses em 2005.

Logo na estréia, o programa adotou uma estratégia perfeita para atrair a atenção de todo o planeta. Quem melhor para dialogar com Maradona que o Rei do Futebol, Édson Arantes do Nascimento? Eles praticamente não jogaram bola ao mesmo tempo - Pelé pendurou as chuteiras em 1977, e Maradona era apenas um garoto quando, um ano antes, iniciou no Argentinos Juniors - mas protagonizam a maior rivalidade entre atletas do futebol mundial. A discussão sobre quem é melhor entre os dois motiva muita gente, principalmente nos lados de lá do Rio da Prata. Embora se discute se realmente Maradona é o segundo melhor jogador da história, é inegável que ele é, abaixo somente de Pelé, a maior figura (seja lá o que isso quer dizer) do futebol mundial em todos os tempos.

O formato de La Noche del Diez era de "talk show". Ou seja, num contexto a lá Jô Soares, Pelé se deslocaria até os estúdios do Canal Trece argentino para responder algumas perguntas formuladas pelo apresentador Maradona. Obviamente que o papo não seguiu essa rotina. Ao invés de entrevista, o que se viu foi uma boa conversa entre os dois lados. Pelé questionou a Maradona sobre a história da água na Copa de 1990; o argentino confirmou o fato, mas negou-se a citar nomes, respondendo com um já clássico "eu digo o pecado, mas não digo o pecador". Ambos também falaram sobre drogas, problema que os envolve diretamente, já que Maradona é viciado confesso e Edinho, filho do Rei, já passou algum tempo em cana por conta dos entorpecentes.

E o momento de auge do programa foi uma mostra de habilidade dos dois. Eles ficaram jogando a bola, cabeça a cabeça, de um para o outro, por cerca de trinta segundos. A sequência foi interrompida por Maradona, e só porque a situação poderia ficar chata para os telespectadores - tenho certeza que, se não houvesse preocupações com o tempo, a troca de bolas poderia durar dezenas de horas. Confira abaixo:



La Noche del Diez acabou no final de 2005. Mike Tyson foi o último entrevistado. Além de Pelé e do ex-campeão de boxe, o programa contou com outras personalidades como Fidel Castro e Xuxa. Havia a expectativa que o programa fosse retomado em 2008 - mas a indicação do ex-craque para o cargo de técnico da seleção argentina certamente frustrou os planos de quem queria ver Diego novamente apresentando um programa na televisão.

sexta-feira, outubro 31, 2008

No Dia do Saci, Pelé e Maurício de Sousa querem Pelezinho como mascote

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Em pleno 31 de outubro, Dia do Saci, a colunista Mônica Bergamo sustenta que Maurício de Sousa e Pelé querem fazer do personagem Pelezinho o mascote da Copa do Mundo de Futebol de 2014, programada para o Brasil.

Personagem do desenhista criador da Turma da Mônica, Pelezinho tinha sua turma em meados da década de 70, mas a série parou na década seguinte, quando terminou o contrato com o rei do futebol, em quem o personagem foi inspirado.

Divulgação

Amigos influentes
Em junho de 1990, o personagem se "encontrou" com o estranho mascote da Copa da Itália, o Ciao, um boneco palito com as cores da bandeira do país.





Divulgação
Outra revida do personagem aconteceu em 2005, quando Pelé foi entrevistado pelo então apresentador de TV e hoje técnico da seleção argentina de futebol. Dieguito era um desenho inspirado em Maradona, criado na década de 80, mas não foi para frente.

Saci
As amizades influentes preocupam, mas o Saci não se abala. O mais trágico é que a notícia surge no dia do Saci. No estado de São Paulo, a lei 11.669/2004 garante: dia 31 de outubro é do Saci. O projeto de lei 2.762/2003, de autoria de Aldo Rebelo (PCdoB-SP), propõe que a data seja instituída nacionalmente.

O lançamento da campanha de Saci para mascote aconteceu em agosto. A Sociedade dos Observadores de Saci (Sosaci) foi a responsável, com manifesto assinado pelo saciólogo (e cachaceiro) Mouzar Benedito. Vai, Saci!

sexta-feira, setembro 26, 2008

Visita ilustre

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Aluguei novamente o filme "Pelé eterno", de Aníbal Massaini, pois antes só tinha visto uma cópia pirata com qualidade sofrível. Daí descobri os extras, que só o DVD oficial tem. No making off, há cenas cortadas da edição final e, entre elas, uma reunião caseira de Pelé com os três filhos de seu primeiro casamento, Edinho, Jennifer e Kelly. E o Rei do Futebol exemplifica as dificuldades que seus compromissos como jogador impunham à convivência familiar com uma passagem doméstica hilária:

- Um dia, quando o Edinho era bem pequeno, eu voltei de uma longa viagem e foi ele que abriu a porta. Na hora, surpreso, ele saiu gritando: "-Mãe, mãe, vem ver! O Pelé está na nossa casa!".

domingo, julho 13, 2008

Onde repousa nosso primeiro ídolo

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Há 75 anos, em março de 1933, o chamado São Paulo "da Floresta" (antecessor do atual) venceu o Santos por 5 a 1, na Vila Belmiro, no primeiro jogo profissional disputado no país. E, simbolicamente, o gol de estréia do profissionalismo foi marcado por Arthur Friedenreich (à direita), o primeiro ídolo do futebol brasileiro, considerado o "Pelé do amadorismo". Filho de um comerciante alemão e de uma lavadeira negra, o mulato Fried jogou por 16 clubes entre 1909 e 1935, além da seleção brasileira, pela qual participou de sua histórica primeira partida, em 1914, contra o clube inglês Exeter City. E foi ele, também, que deu o primeiro título para o Brasil, o sul-americano de 1919, com um gol na prorrogação - sendo homenageado por Pixinguinha e Benedito de Lacerda com o chôro "1x0". Na época, os uruguaios, derrotados naquela decisão, batizaram Friedenreich de "El Tigre".

No Guiness Book of Records, ele é apontado como o maior artilheiro do futebol mundial em todos os tempos, com 1.329 gols. Essa informação foi publicada pela primeira vez por João Máximo no livro "Gigantes do futebol brasileiro", de 1965, baseado em relatos de amigos e familiares do atleta. Porém, há 9 anos, ao pesquisar os gols de Fried para o livro "O tigre do futebol", Alexandre Costa contabilizou apenas 556. Pelé confirmou sua coroa mas, como consolo, Fried apresenta uma média de gols superior: 0,99 (556 gols em 561 jogos) contra 0,93 do Rei (1.282 gols em 1.375 jogos). Na foto acima, vemos reunidos três de nossos maiores ídolos, cada qual em uma geração: Leônidas da Silva (décadas de 1930 e 1940), Friedenreich (dos anos 1910 e 1920) e o maior de todos, Pelé, (décadas de 1950, 1960 e 1970).

Pois então, além da data redonda de 75 anos do primeiro gol do profissionalismo no Brasil, registro nesse post uma descoberta que fiz há pouco tempo no cemitério de Pinheiros, bairro onde moro, em São Paulo: o túmulo desse herói nacional tão esquecido nos dias de hoje (veja abaixo).

Detalhe do local onde repousa "El tigre" (Fotos: Marcão Palhares/ Futepoca)

Trata-se de um mausoléu coletivo da Associação Atlética Veteranos de São Paulo (vista geral abaixo), que está encostado no muro que dá para a calçada da rua Cardeal Arcoverde. Além de várias plaquinhas indicando o nome e datas de nascimento e morte de quem foi enterrado ali, há uma placa maior informando que a obra foi "iniciada em 1956 e terminada em 1963" pela associação, mais o nome dos sete integrantes da "Comissão de Ereção" (não é sacanagem, tenho a foto para comprovar!): Arnaldo Andreucci, José Centofanti, Paschoal Ferreti, Miguel Cury Jacob, Roque de Abreu, Candido Cortez e Cesar del Lucchese. Outra placa diz que os idealizadores foram José Centofanti e Candido Cortez, e que a imponente escultura de metal (um atleta segurando uma tocha) foi projeto de J.A.Zampol. Na lápide, ao fundo, há desenhos e os símbolos de federações paulistas de vários esportes, como a de futebol (à direita). No mausoléu também está enterrado Lorival Ponce de Leon (1927-1965), atacante do São Paulo entre 1948 e 1951, período em que conquistou dois títulos paulistas, disputou 107 partidas e fez 52 gols. O "Almanaque do São Paulo", publicado pela Placar em 2005, sequer registra a data de seu falecimento.

Curioso é que, enquanto escrevia esse post, no intervalo de São Paulo x Palmeiras, a Globo exibiu cenas raras de um confronto entre Paulistano e Palestra Itália de junho de 1925. E mostrou uma foto de Friedenreich, um dos maiores ídolos do antigo Paulistano, que, naquele mesmo ano, foi o primeiro clube brasileiro a excursionar pela Europa. Após uma goleada de 7 a 2 sobre a seleção da França, em plena Paris, a imprensa local passou a chamá-los de "os reis do futebol". Foram 9 vitórias em 10 jogos, com 30 gols marcados - 11 deles por Fried. Depois que o clube alvirrubro acabou, em 1929, parte de seus jogadores ("El Tigre" entre eles) se uniu aos atletas do também extinto alvinegro A.A.das Palmeiras para formar o primeiro São Paulo Futebol Clube, que misturou as cores dos dois, adotando o branco, vermelho e preto, e existiu entre 1930 e 1935. Mais tarde, uma brecha jurídica da época permitiu que o atual São Paulo fosse fundado com o mesmo nome, herdando também o escudo e as duas versões do uniforme. Interessante é que a FPF contabiliza o título paulista de 1931 para o Tricolor do Morumbi, mas sua própria diretoria não. Um "descende" do outro, mas são clubes distintos.

segunda-feira, junho 30, 2008

Filho de Garrincha visita o Brasil a convite de bar temático e não perde a chance de criticar Dunga

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Ulf (centro) com Magrão, um quadro com imagens do pai e garrafas no bar O Torto, em Curitiba (a foto é de Rodolfo Bührer, da Gazeta do Povo)

Aos 47 anos, o sueco Ulf Lindiberg Henrik já viveu quase o mesmo tanto que seu pai, o brasileiro (mais brasileiro, impossível) Manoel dos Santos (foto abaixo), o gênio do futebol Garrincha (1933-1983), morto precocemente por problemas de saúde causados pelo alcoolismo crônico. Ironicamente, o "herdeiro" europeu veio ao Brasil, desta vez, a convite de Arlindo Ventura, o Magrão, dono do bar temático O Torto, em Curitiba (PR). Ulf aproveitou para assistir o clássico Atlético-PR x Coritiba, na Arena da Baixada. Na oportunidade, espetou o técnico da seleção canarinho: "-Um time com Ronaldinho, Ronaldo, Kaká... tem de atuar sempre para a frente. Não dá para pôr apenas jogadores para destruir. Definitivamente, não gosto de Dunga".

A corneta de Ulf não significa nada, mas não custa lembrar o quanto seu pai trabalhou (e bem) pela seleção brasileira: foram 60 jogos, 17 gols, inúmeras assistências, três Copas disputadas e duas conquistadas, com participação crucial na Suécia e atuação de protagonista no Chile (abaixo, sete mexicanos tentando marcá-lo em 1962). Com ele em campo, o Brasil perdeu uma única vez, na Copa de 1966, em Liverpool, para a Hungria (3 a 1). De resto, foram fantásticas 52 vitórias e apenas 7 empates. Jogando ao lado de Pelé, nunca perdeu. "Entendo o interesse das pessoas pelo meu pai. Garrincha não foi tão mostrado na TV como Pelé. Pelé foi grande, mas tinha muita mídia. Muita gente que viu os dois diz que Garrincha foi melhor", exagera Ulf. Mas que a memória de Garrincha merecia um pouco mais de atenção nesse país, não resta dúvida. Quando Ulf visitou o Brasil pela primeira vez, em 2005, encontrou apenas um vaso velho com flores secas no modestíssimo túmulo do pai no Cemitério de Raiz da Serra, distrito de Magé (RJ), vizinho a Pau Grande. A precária pedra de mármore que cobre a terra foi comprada pelo ex-jogador Nilton Santos.

Em tempo: muita gente crê que Mané Garrincha gerou um filho na Suécia durante a Copa de 1958, mas não é verdade. A mãe de Ulf engravidou em maio de 1959, durante uma excursão do Botafogo àquele país. O menino nasceu no ano seguinte, foi abandonado pela mãe e adotado aos nove meses. A família adotiva revelou o nome de seu pai quando ele tinha oito anos. O teste que comprovou a paternidade foi realizado apenas em 1998. O sueco sempre quis conhecer o pai e teve uma oportunidade em 1978, mas não conseguiu fazer a viagem. Cinco anos depois, Garrincha perdeu a última batalha contra o álcool e acabou com as chances de um encontro. O ex-jogador teve 15 filhos reconhecidos, sendo 12 mulheres e três homens (acima, com Nenem, filho que jogou pelo Fluminense e faleceu em acidente automobilístico em 1992, aos 33 anos, quando estava no Belenenses, em Portugal). O outro filho, Garrinchinha, que teve com a cantora Elza Soares, morreu igualmente em acidente de carro, aos 10 anos, em 1986. Tereza e Edenir, as mais velhas do casamento com Nair, também já faleceram. Estão vivos, além de Ulf: Marinete, Juraciara, Denízia, Maria Cecília (à esquerda), Terezinha e Cintia (também filhas de Nair), Rosângela (filha de Alcina), Márcia (irmã de Nenem, filha de Iraci) e Lívia (filha de Vanderléa, ex-mulher do falecido jogador Jorginho Carvoeiro).

domingo, junho 29, 2008

A Taça do Mundo é nossa!

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Brasil e Suécia tinham como primeiro uniforme a camisa amarela. No sorteio, os suecos ganham e têm a preferência de jogar com sua vestimenta tradicional. Em vista disso, o chefe da delegação brasileira, Paulo Machado de Carvalho, anuncia aos atletas a “escolha” pelo uniforme azul, alegando que dará sorte, porque é a cor do manto de Nossa Senhora de Aparecida, padroeira do país.

Essa é apenas uma das muitas histórias a respeito daquela final de 29 de junho de 1958, válida pelo sexto Mundial de futebol. A seleção tinha a chance de superar o trauma da copa de 1950 e mostrar ao planeta o valor que tinha no esporte mais popular da Terra.

Djalma Santos entrava no lugar de De Sordi, contundido. Seria a única partida na Copa do grande lateral-direito, mas o suficiente para ser escolhido o melhor em sua posição no torneio. "Antes da final o médico já tinha vetado o De Sordi. Eu ainda fui conversar com ele, que me desejou sorte. Nós tínhamos uma amizade e lealdade muito grande no grupo", contou ao Uol Esporte.

Mas a Suécia não estava disposta a deixar a seleção brasileira fazer a festa em sua própria casa. E fez o gol inaugural daquela final aos 4 minutos, em jogada de Liedholm. O pesadelo da derrota para o Uruguai voltava à cabeça dos brasileiros. Mas entre os nossos estava Didi, que pegou a bola no fundo da rede e andou com ela calmamente, como que a mostrando aos companheiros. Chegou ao centro do gramado e jogou a bola no círculo, vaticinando: “Não foi nada pessoal. Vamos encher estes gringos.”

Apenas quatro minutos após, o Brasil empata, com jogada de Garrincha pela direita e gol de Vavá. E o centroavante vascaíno, em jogada muito parecida com a do primeiro tento, fez 2 a 1, placar do final do primeiro tempo. Aos 10 minutos da segunda etapa, Garrincha cruza para Pelé fazer um dos gols antológicos da história da Copa do Mundo. Com um chapéu e um arremate forte, fez 3 a 1. Aos 23, o golpe de misericórdia vem com Zagallo, que marca após lance de Didi. Gol merecido, já que o ponta esquerda havia feito um gol legítimo não anotado na semifinal contra a França.

A Suécia ainda faria o segundo gol, mas no último minuto Pelé sacramentou a goleada verde-e-amarela, tornando-se artilheiro da equipe na competição: seis gols em quatro partidas. Just Fontaine foi o goleador máximo, 13 gols, recorde até hoje não igualado por ninguém em uma edição da Copa do Mundo. Sua seleção, a França, foi a terceira colocada, superando a Alemanha por 6 a 3. O Mundial terminou com 126 gols marcados em 35 partidas, uma ótima média de 3,6 gols por peleja. 

O capitão do escrete, Hideraldo Luís Bellini, criava o gesto que seria imortalizado e repetido durante as décadas seguintes. Recebe a taça e a ergue em direção ao céu. "Não pensei em erguer a taça, na verdade não sabia o que fazer com ela quando a recebi do Rei Gustavo, da Suécia. Na cerimônia de entrega da Jules Rimet, a confusão era grande, havia muitos fotógrafos procurando uma melhor posição. Foi então que alguns deles, os mais baixinhos, começaram a gritar: 'Bellini, levanta a taça, levanta Bellini!', já que não estavam conseguindo fotografar. Foi quando eu a ergui", contou o zagueiro à Gazeta Esportiva, Bellini, rindo.

Hoje, para quem nasceu depois da conquista que completa 50 anos, aquele título pode parecer apenas um fato histórico distante, que perdeu o significado pelos títulos obtidos posteriormente. Mas é inconcebível imaginar como seria hoje o futebol brasileiro se houvesse um novo fracasso no Mundial. Foi o ponto de ruptura em que os brasileiros se livraram do que Nelson Rodrigues chamava de “complexo de vira-latas”. Ali se firmou o respeito à camisa verde-amarela e também nascia o maior jogador de todos os tempos, que o mesmo Nelson chamou de “rei”, antes de ele ser celebrizado como tal na Suécia. Considerada por muitos a maior seleção de todos os tempos, todo brasileiro deve reverenciar e agradecer o legado deixado por cada um daqueles ídolos que estarão para sempre no panteão dos grandes do futebol mundial.


Just Fontaine, artilheiro da competição, afirmou, como muitos acreditam, que aquela seleção do Brasil foi a melhor equipe brasileira da história. “Foi o mais equilibrado, melhor do que o de 1962 e do que o de 1970”, declarou ao Globo Esporte. Na mesma conversa, ele afirmou; “Pelé foi o melhor de todos os tempos, depois dele vem Di Stéfano e, bem abaixo, os outros como Maradona e Cruiyff.” Palavra de quem conhece.  

terça-feira, junho 24, 2008

"Pelé, o saci-pererê do nosso futebol!"

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A esdrúxula definição no título do post é parte da locução de Estevam Sangirardi, da Rádio Panamericana, sobre a partida entre Brasil e França pelas semifinais da Copa do da Suécia, em 24 de junho de 1958. Mas o entusiasmo - quero crer que "saci-pererê" tenha sido um tremendo elogio - tinha razão de ser: depois de fazer o gol que eliminou o País de Gales nas quartas-de-final, Pelé pegou a confiança que faltava e, contra os franceses, marcou simplesmente três dos cinco gols brasileiros.

"Depois do jogo contra o País de Gales, senti que eu era macho (risos), que merecia ser titular naquele time de cobras", afirmou o Rei em 1993 à TV Cultura, em entrevista reprisada pelo programa "Grandes Momentos do Esporte". "Mas o jogo contra a França foi o que eu entrei mais tenso, pois era o time com o melhor ataque da Copa. Ainda bem que não foi a minha estréia, eu já estava mais seguro", acrescentou Pelé (na foto acima, aguardando o rebote do goleiro Abbes para marcar um dos gols contra a França).

De fato, como lembrou nosso camisa 10, os franceses tinham a melhor linha ofensiva da Copa, com Raimundo Kopa, Piantoni e Fontaine - que terminaria o mundial com 13 gols marcados, ainda hoje recorde absoluto em uma única edição. Os dois últimos, aliás, seriam os responsáveis por vazar, pela primeira vez, o time brasileiro. Até então, o Brasil não havia levado um gol sequer em quatro jogos. Na partida, saímos na frente logo aos 2 minutos, com Vavá. Fontaine empatou e Didi, com uma "folha seca", fez 2 a 1.

Ainda no primeiro tempo, o árbitro deixou de validar dois gols do Brasil: um de Zagalo, em que a bola bateu na parte de baixo do travessão e caiu meio metro dentro do gol, voltando para o campo de jogo, por causa do efeito, e outro de Garrincha, num impedimento absurdo. Mas os erros do árbitro galês Mervyn Griffiths (seria vingança pela eliminação de seu país nas quartas?) não impediram o "baile" na etapa final, com três gols do Rei.

Confira, abaixo, trechos da narração da Rádio Panamericana:


Se não abrir, clique aqui


Ficha técnica

Brasil 5 x 2 França

Data: 24/junho/1958
Brasil 5 x 2 França
Local: Raasunda, em Estocolmo
Árbitro: Mervyn Griffiths (País de Gales)

Brasil: Gilmar; De Sordi, Bellini, Orlando e Nílton Santos; Zito e Didi; Garrincha, Vavá, Pelé e Zagallo; Técnico: Vicente Feola;

França: Abbes; Kaelbel e Jonquet; Lerond, Penverne e Marcel; Wisnieski, Kopa, Fontaine, Piantoni e Vincent; Técnico: Albert Batteux;

Gols: Vavá (2), Fontaine (8), Didi (39), Pelé (53), Pelé (64), Pelé (76) e Piantoni (85).