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Após 20 dias de ocupação do prédio da reitoria da Universidade de São Paulo (USP), os estudantes e funcionários que ocupam o local (cerca de trezentos, segundo fontes estudantis), podem sair hoje. Assembléia maracada para as 18 horas, em frente ao edifício, pode resultar na desocupação. Caso ele não ocorra, não está descartada o uso da força policial, bem ao gosto da grande imprensa, para realizá-la.
Enquanto isso, se fortalece o movimento de greve nas universidades paulistas. Embora haja uma série de reivindicações distintas, o estopim do movimento foram decretos do governador paulista José Serra, que na prática transferem o poder de manejo das verbas das três universidades públicas do estado, USP, UNESP e Unicamp, para as mãos do tucano. Cerca de R$ 5,5 bilhões ficariam à disposição das vontades e desejos do Terminator Serra.
A professora titular de Direito Administrativo da USP, Odete Medauar, em documento publicado no Blog da Ocupação, é taxativa ao dizer não só que as resoluções serristas ferem a autonomia universitária como, seguindo esse princípio, são inconstitucionais. Diz ela que "o dispositivo constitucional é muito claro, ao garantir a autonomia das universidades. Portanto, qualquer ato ou medida que dificulte ou impeça o pleno exercício desta autonomia mostra-se inconstitucional. Assim, ao meu ver, os decretos recentemente editados pelo governo do Estado de São Paulo, relativos às Universidades estaduais, revelam-se inconstitucionais." E completa: "Deixem as Universidades em paz! Cuidem do ensino fundamental e médio!".
Já a Folha de S. Paulo de hoje revela que o secretário de Ensino Superior, José Aristodemo Pinotti, pediu à Suely Vilela, reitora da USP, uma bolsa em um curso de pós-graduação para um assessor de seu gabinete. Datada de 2 de fevereiro, um mês após a sua posse na secretaria criada por Serra e tanto a assessoria da USP como a de Pinotti dizem que o procedimento não é ilegal, pois as fundações ligadas à universidade reservam bolsas de estudos para funcionários públicos em seus cursos. Mas se não é ilegal e se fazem crer que não faz diferença, porque Pinotti enviou a carta?