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Desfalcado, combalido, “na UTI”, como definiu um jornal após a derrota para o Santos, o Corinthians foi a São Januário com medo de levar uma ensacada do Vasco, líder, embalado, com o “melhor jogador do campeonato da última semana”. Mas não foi nem de longe o que se viu no empate por 2 a 2 desse domingo. Foi um jogo equilibrado, mas em que os visitantes tiveram as melhores chances de marcar.
Surpreendente foi a atuação de Tite. Com dois desfalques fundamentais na frente, Emerson e Liedson, esperava que o treineiro mandasse Danilo para uma das pontas, Jorge Henrique na outra (a com o lateral mais perigoso do adversário) e William para a área brigar com os zagueiros. Pois quão surpreso fiquei eu ao ver um time, bem estranho: William e JH foram ans suas, mezzo meias mezzo atacantes, acompanhando os laterais. Alex e Danilo, na faixa central, tinham mais liberdade para atacar e eram o que de mais próximo o time tinha de atacantes de fato. Uma retranca, sem dúvida, mas que mostrou uma criatividade que eu não esperava de Tite. E que, em boa parte do tempo, funcionou.
No começo, o Vasco chegou com mais perigo, mas nada de grandioso. Até Dedé dar seu nome ao trocentésimo gol sofrido pela defesa alvinegra em jogada de escanteio (era o Chicão, o Wallace ou a organização para esse tipo de jogada que está errada?). Pouco depois, a alegria cruzmaltina diminuiu com um excelente contra-ataque que começou com improvável passe de 30 metros de Ralph para Danilo, que cruzou entre Fernando Prass e a zagueirada para Alex conferir. Tenho certeza que Tite sorriu ao ver sua ideia concretizada de forma tão clara.
O Timão passou a jogar melhor e poderia ter ampliado com Paulinho, que errou uma cabeçada na cara do gol. Mas foi o Vasco que marcou numa cagada do lado esquerdo da defesa paulista, onde Eder Luiz e Fágner, o autor do gol, fizeram estragos. Virou 2 a 1, mas Juninho Pernambucano, o mais lúcido vascaíno, sentiu contusão e saiu, o que era bom presságio.
O segundo tempo foi mais animado, com chances dos dois lados – mas as melhores para o Corinthians. William acertou o pé e mandou um cruzamento na cabeça de Danilo, que empatou. O camisa 7 ainda criaria outras oportunidades e perderia um gol na cara de Prass.Tudo somado, os dois lados podem reclamar que mereciam a vitória. Mas, como já disse William Munny, “isso não tem nada a ver com merecer”. E, se alguém quiser considerar os dois confrontos diretos, o Timão fez 4 pontos contra 1 do Vasco. O que não quer dizer grandes coisas: pontos corridos não são resolvidos só nos jogos centrais. O que se deve comemorar é o fato de o time ter jogado bem mesmo desfalcado. Se continuar encontrando opções desse jeito e mantiver a pegada de decisão nos 11 jogos que faltam, o Corinthians pode aproveitar a tabela aparentemente favorável – cheia de candidatos ao rebaixamento e times em crise, pessoal em tese mais fraco, mas que joga com dez vezes mais vontade. Fato é que seguimos na briga até a última rodada. E outro é que dificilmente o certame se resolva antes dela.