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MARCOS XINEF*
Estava na casa da minha namorada quando apareceu um pernambucano baixinho, com o cabelo parecido com o do Xitãozinho e mais ou menos 50% mamado. Foi logo se apresentando: "-Prazer, eu sou Aldo, tio da Ana". Cumprimentei de volta e, como já estava cozinhando, ele foi logo perguntando o que estava saindo dali. Respondi prontamente que ia fazer uma vaca atolada (foto abaixo). "-Fica aí pra almoçar", convidei. "-Quer beber alguma coisa?", ofereci, em seguida (com a nítida sensação de ter perguntado a um macaco se queria banana).
Abri uma cerveja pro cabra, mas ele olhou para estante e disse: "-E esse rum aí?". Diante de um profissional, falei para que ficasse à vontade. Conversa vai, conversa vem, perguntei onde ele trabalhava. Respondeu que é controlador de qualidade de eletrodomésticos. Fiquei com medo de perguntar a marca do produto....
A comida estava pronta e ele já tinha entornado nove latas de cerveja e meia garrafa de rum. Sentamos, nos servimos e o tio Aldo já estava 90% turbinado. Como bom bêbado, bateu no copo de rum com a mão e virou a manguaça dentro do prato. Mesmo assim, continuo a comer, matou a bóia e serviu-se novamente, dessa vez regando a comida espontaneamente com o rum. Pensei comigo: "-Vou testar essa receita na semana que vem". Não é que deu certo? Então, lá vai:
VACA ATOLADA AO RUM BY TIO ALDO
Ingredientes
2kg de costela
1 kg de mandioca
½ xícara de chá de óleo
½ xícara de chá de cebola picada
½ xícara de chá de salsinha picada
½ xícara de chá de pimentão picado
1 colher de sopa de alho picado
300ml de rum
sal a gosto
Modo de Preparo
Refogue os temperos no óleo, depois coloque a costela e refogue salpicando o sal. Adicione a mandioca e complete a panela com água. Deixe ferver na pressão por 20 minutos. Desligue, coloque o rum e ferva na pressão por mais 20 minutos. Sirva com arroz branco e feijão.
Boa manguaça - digo, refeição - e até o próximo Pé redondo na cozinha!
*Marcos Xinef é chef internacional de cozinha, gaúcho, torcedor fanático do Inter de Porto Alegre e socialista convicto. Regularmente, publica no Futepoca receitas que tenham bebidas alcoólicas entre seus ingredientes.





Tinha tudo preparado para minha estréia neste novo e nobre espaço. Não que eu seja um entusiasta admirador do são-paulino Felipe Massa. Até pelo contrário. Quem leu meu perfil sabe de quem sou fã, mesmo! Mas infelizmente já se vão 17 anos que Nelson Piquet Souto Mayor descalçou as sapatilhas e guardou a balaclava. De qualquer maneira, seria um bom começo no site, com um brasileiro vencendo pela sétima vez no travado e enfadonho circuito de Hungaroring. Até já me preparava para chamá-lo de Brasilring. Mas quando tudo parecia resolvido, eis que os fantasmas da pista magyar resolveram aprontar mais uma. A três voltas do fim, o até então confiável propulsor de Massa foi pelos ares, produzindo fumaça e lágrimas no rosto do piloto que estava prestes a colocar as mãos na liderança do championship (acima). Aliás, sou de um tempo em que piloto não chorava. Nem quando ficava preso entre as frágeis ferragens de outrora. Mas deixemos isso para lá. Em matéria de lágrimas, prefiro as de Jade Barbosa.
Voltando aos virabrequins, não é de hoje que o autódromo húngaro prega peças em pilotos que já se imaginavam ouvindo o hino no pódio. A primeira vítima foi Nigel Mansell. O arrojado e estabanado inglês passeava pelo circuito contando os minutos para mais uma vitória na temporada de 87. Até que, em um trecho intermediário, o Williams 5 começou a sambar feito bêbado em final de desfile de carnaval. No pit-stop, um mecânico descuidado não apertou a porca de uma das rodas do carro do bigodudo como o manual manda. Para desespero do inglês, o rival e desafeto Nelson Piquet (à direita) conquistou a segunda vitória consecutiva no autódromo húngaro, o primeiro de um país da extinta cortina de ferro a receber o milionário e capitalista circo da F-1. Na época, houve quem desconfiasse que Piquet havia dado uns trocados para o mecânico desastrado. Como isso nunca se provou, a história entrou para o folclore da categoria. A vitória na Hungria foi a plataforma do tricampeonato do maior piloto brasileiro de todos os tempos.
Em 2006, outro ilustre competidor passou por mico semelhante ao de Mansell. Então lutando pelo seu segundo título mundial, o marrento espanhol Fernando Alonso viu seu campeonato se complicar após um simples pit-stop. Contrariando a célebre máxima de Karl Marx, dessa vez "a história não se repetiu como farsa". Outro mecânico desatento não apertou como deveria uma das porcas da roda do Renault do asturiano. Com o carro descontrolado, Alonso abraçou a barreira de pneus. A prova, disputada sob chuva e coalhada de acidentes, dessa vez foi vencida por um inglês. Jenson Button (à esquerda) redimiu seus conterrâneos e faturou aquela que é até hoje sua única vitória na F-1. Se isso serve de consolo para o chorão Massa, Hungaroring não conseguiu impedir que Hill, Mansell e Alonso entrassem para o fechado clube dos campeões mundiais de F-1. Massa tem boas chances de conseguir sua carteirinha. Sorte dele que Hungaroring só tem uma vez por ano...
A exceção talvez seja o campeão mundial de 1982, Keke Rosberg (à direita). O ex-piloto da Fittipaldi e da Williams ostentava um belo e hoje fora de moda bigodão. Além da fisionomia, aparência e talento, os finlandeses têm outro gosto comum. Aliás, uma qualidade muito apreciada por este blogue: a manguaça. 
Sou Chico Silva, jornalista, santista, wilderista (alguém que é louco por Billy Wilder) e, acima de tudo e todos, nelson-piquetista. Aliás, devo o interesse no jornalismo ao Piquet (que aparece na foto, de branco, trocando "afagos" com Eliseo Salazar). E é engraçado: escrevi sobre quase tudo nessa vida, menos sobre F-1 - até o Futepoca me pôr na pista. Iniciei minha carreira no Lance!, em 1997. Depois passei pelo IG, um mês, e IstoÉ, sete anos, na qual atuei nas editorias de Brasil e Comportamento. Aí fui ver como era a vida do lado de lá do balcão. E nesse caso não era o do bar, infelizmente. Fiz assessoria para o ministro do Esporte nos Jogos Pan e Parapan-americanos e depois integrei a equipe de jornalistas que produziu o relatório oficial do governo federal sobre o Rio 2007. Ah, ia esquecendo um detalhe relevante: fui jurado da primeira edição do Boteco Bohemia de São Paulo, realizado em 2004. No Futepoca, não poderia omitir tal informação. Abraço a todos e até minha primeira coluna, nesta segunda-feira, com a análise do GP da Hungria!











