Destaques

sábado, março 05, 2011

Fui ao Chile beber... cerveja

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O décimo maior produtor de vinhos do planeta é um país com o formato de uma salsicha. Extenso latitudinalmente e estreito de longetude, o Chile produz 9,9 milhões hectolitros – perto de 1 milhão de piscinas de mil litros – mas exporta dois terços disso. Ainda que os 16 milhões de habitantes deem conta de seus 18 litros anuais per capita, é preciso mais. Afinal, muita gente quer se embriagar.

Foi por isso que, nos intervalos entre uma degustação e outra dos vinhos no país, eu resolvi fazer uma incursão pelo universo das fermentadas de malte de cevada – e eventualmente milho e arroz – do país de Pablo Neruda. Até porque, falta-me conhecimento para expor meus achados enólogos, além de capacidade para perceber nuances, taninos, terroirs e outras peculiaridades desse lado dos fermentados.

Alguém pode cobrar informações sobre o pisco, a aguardente do mosto da uva que leva o nome de uma cidade portuária peruana mas é produzido também nas regiões três e quatro do Chile. O motivo de uma guerra etílica pelo controle da nomenclatura (e da paternidade do pisco sour) não entrou na prova dos sete dias com barreiras para meu fígado. Uma pena.

Outro motivo para justificar o apelo da cerveja foi a informação inusitada de que uma das maiores colônias de imigrantes no país dos 22 mineiros outrora soterrados é a de... alemães. Bom, os espanhóis e bascos superam os germânicos, mas é um dado inusitado para quem cabulou as aulas de geografia. Embora não tenha visto um sequer, consta que vivem todos mais ou menos contidos no estado de Valdívia, batizado sob o herói nacional e não de parente algum do camisa 10 palmeirense.

E não fui o único a fazer isso neste mundo.

Todas as descritas aqui, com exceção da primeira, são produzidas por plantas da Compañía de Cervecerías Unidas, uma multinacional que também está na Argentina. A empresa é dona também da bodega Gato Negro, a marca mais popular (leia-se barata) de vinho chileno.

Às geladas

La Casa en el Arte - Ambar Ale

fabricada pela Cerveza Oberg, de Santiago, para um bar

Parei, com sede, no La Casa en el Aire, um bar e restaurante no bairro Bellavista, em Santiago, perto do zoológico e da La Chascona, casa de Neruda na capital. Confesso que quase pedi um suco qualquer, mas fui compelido a honrar meu dever manguaça e experimentar a cerveja da casa. Ela é produzida pela Oberg, uma empresa que tem sua produção, mas a vende garrafas com rótulo de quem comprar o lote – como bares e restaurantes. Algumas cervejarias brasileiras fazem esse tipo de terceirização. A ambar ale da Oberg é frutada em excesso para mim, quase uma vitamina. Para quem cogitava um suquinho, a pedida veio a calhar.

Kunstmann Pale Ale
www.cerveza-kunstmann.cl/ 
Torobayo, Valdívia
Uma cerveja também frutada, mas bem mais equilibrada e suavemente. Cor de âmbar, não tão escura. Ela ficou bem com um congrio que almocei, mas provavelmente teria ido melhor com comidas mais fortes. Quer dizer, eu beberia em vários contextos, só inclui essa informação para fazer de conta que foi uma escolha pensada. O copo era da Cristal, o que deixa a foto meio estranha, mas o conteúdo, até pela cor, não deixa dúvidas.


Kunstmann Lager Sin Filtrar
www.cerveza-kunstmann.cl/
Torobayo, Valdívia
Quando vi que era uma cerveja não filtrada, me acometeu a ideia de que seria algo parecido com um chopp. Engano de bêbado, já que o líquido amarelado consumido nos barzinhos por aí (tratado como "águinha", por alguns inveterados) é, sim, límpido; só não é pasteurizado. Assim, essa pale lager é turva e saborosa, amarga de um jeito bem interessante. Fica refrescante e, segundo a ideia do fabricante, remete ao tempo em que o fermentado de malte não era purificado de nenhum jeito. A foto ficou bem desfocada, mas o jeitão turvo é da cerveja mesmo.


Austral
www.cervezaaustral.cl/
Punta Arena, Patagonia chilena
Uma English pale ale avermelhada. Começa bem, mas termina menor, mais suave do que eu esperaria. Claro que é muito melhor do que cervejas industriais e que vale a pena ser provada. Mas a equivalente desta da Kunstmann foi melhor.


Cristal
www.cristal.cl/
Industrial, com várias fábricas
Para ninguém ter dúvida de que a aventura era para valer, provei também a Cristal, que patrocina o campeonato chileno de futebol. É uma cerveja que tenta disputar com a gigante belgo-brasileira Inbev, que espalha o chopp Brahma Extra pelos bares e restaurantes. É bem o estilo das pielsen brasileiras vendidas em botecos, leve, clara e sem muita graça. A não ser em dias quentes em que tudo o que você quer é ficar sentado na mesa de bar conversando sobre o Sebastián Piñera, o Colo Colo e a herança autoritária no cotidiano da ditadura de Augusto Pinochet. Ela "compete" com a Escudo, cuja garrafa de um litro tem tampa de plástico rosqueada, igual à de garrafas pet de refrigerante ou água. Esta não tive tempo de tentar.

sexta-feira, março 04, 2011

Wikileaks: Eleições 2006 na visão da embaixada dos EUA - e de seus interlocutores

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A terceira leva de documentos eram 141 páginas de telegramas de temas variados. Os diplomatas tiveram bate-papos mais ou menos formais com expoentes políticos, especialmente da oposição. Nesse grupo, encontram-se os senadores Sérgio Guerra (PSDB/CE), Arthur Vigílio (PSDB/AM) e Antonio Carlos Magalhães (PFL/BA), o então governador Jarbas Vasconcellos (PMDB/PE) e Hélio Costa (PMDB/MG) – então Ministro das Comunicações. Falavam também com empresários. Quer dizer, menos leitura de jornal do que em assuntos tratados anteriormente.

Imagem criada pelo Wordle.net

Na contagem de palavras, dá-lhe Lula e Alckmin (1.041 e 659, respectivamente), com menção honrosa para o PT (466), PSDB (359) e PMDB (255). A Área de Livre Comércio das Américas é mencionada 30 vezes.

Aí vai uma seleção do que diversos blogueiros postaram sobre o tema.

Diplomatas dos EUA transitavam facilmente pelo governo Lula
Por Juliana Sada, o Escrevinhador
Os documentos mostram a facilidade com a qual os membros das embaixadas americanas têm acesso aos membros do governo, líderes de partidos e importantes figuras do meio empresarial e político.

Cablegate: Alca e Alckmin e a Folha entendiada sem o Lula
Por MariaFrô
"A principal diferença na política econômica que interfere substancialmente nos interesses do governo dos Estados Unidos é a ênfase de Alckmin em trazer novamente as negociações para implementação da Alca".

Matarazzo: “É claro que Alckmin é da Opus Dei
Por Marcus V F Lacerda
Andrea Matarazzo, reconhecido como “peso-pesado” do PSDB, acreditava que a ligação entre Alckmin e o grupo político de direita Opus Dei era clara, apesar do candidato tucano à presidência sempre negar.

Em 2006, Temer também criticou colegas que apoiavam Lula
por Marcus V F Lacerda
Michel Temer, atual vice-presidente, criticou colegas que apoiavam Lula durante a corrida presidencial de 2006, quando era presidente do PMDB.

Lembo: FHC achava Alckmin "um caipira de Pindamonhangaba"
por Marcus V F Lacerda
Em reuniões com representantes americanos na última semana de abril de 2006, o ex-governador de São Paulo, Cláudio Lembo, demonstrou preocupação com o racha que havia dentro do PSDB, a caminho da disputa eleitoral contra Lula.

Eleições 2006: PSDB falava de virada, mas cônsul já achava "fantasia"
por Marcus V F Lacerda
Apesar das esperanças de segundo turno em 2006, lá por agosto, o cônsul-geral McMullen sinalizava que a possibilidade de uma virada era remota. Um interlocutor tucano, Fernando Braga, "denunciava" ainda que a Rede Globo estaria ajudando a Lula à época devido a uma negociação de suas dívidas em troca de espaço para propaganda de órgãos do governo e estatais.

A relação entre Lula e o setor empresarial
Por Juliana Sada, o Escrevinhador
O documento aponta que os empresários estavam satisfeitos com a política econômica aplicada por Antonio Palocci, quando Ministro da Fazenda, e acreditavam que se Lula fosse reeleito, não haveria mudanças na área. Mesmo assim, “ele ainda deixa os empresários nervosos”. De acordo com a correspondência diplomática, “o governo Lula dirigiu mais recursos para programas sociais enquanto retém fundos para investimentos. A comunidade empresarial gostaria de ver essas prioridades invertidas”.

As conversas com ACM e José Carlos Aleluia na Bahia
por Marcus V F Lacerda
ACM (morto um ano depois) já achava que caso Lula ganhasse a eleição tentaria montar um governo de reconciliação e falharia nesse esforço. Antônio Carlos Magalhães esperava que Lula escolhesse 2 ou 3 nomes fora das fileiras petistas e partidos aliados. Já Aleluia dizia que Lula usou seu poder para comprar os tribunais, as universidades, a Polícia Federal e o Ministério Público.

Na disputa presidencial entre Alckmin e Lula, os EUA estavam tranquilos
por Juliana Sada, O Escrevinhador
"O fato de que um candidato abertamente pró-mercado como Alckmin tenha dificuldades em diferenciar sua agenda econômica de um presidente nominalmente de esquerda é ilustrativo de quão pouca incerteza existe sobre os rumos política econômica após a eleição", escreve o diplomata.

Michel Temer: programas sociais de Lula não promovem crescimento
por Marcus V F Lacerda
Em 2006, o presidente do PMDB disse que os diversos programas sociais de Lula não promoviam nem crescimento ou desenvolvimento econômicos. Para o atual vice-presidente, o PT se elegeu com um programa que não foi realizado durante seus primeiros quatro anos no poder, o que configuraria fraude eleitoral. Temer ainda acusa líderes do PT de desviar dinheiro público não em benefício próprio, mas para aumentar o poder do partido, o que teria agravado mais ainda a descrença do brasileiro.

quinta-feira, março 03, 2011

Bebendo em serviço

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Já que não dá demissão por justa causa, mesmo, o negócio é aproveitar - como vemos em mais uma (genial) propaganda de cerveja:

Santos 1 X 1 Cerro Porteño - Arrepia, zagueiro...

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Zagueiro tem que ser malandro
Quando tiver perigo com a bola no chão
Pensar rápido e rasteiro
Ou sai jogando ou joga a bola pro mato
Pois o jogo é de campeonato

Aos 47 do segundo tempo, o capitão do Santos Edu Dracena não saiu jogando nem jogou a bola pro mato como ensina Jorge Benjor na música Zagueiro. Viu Barreira receber a bola de costas e achou por bem ir numa dividida. Mas o que Dracena queria dividir? Não parecia ser a bola. Pênalti pro Cerro Porteño, que, no segundo tempo, praticamente não ameaçou o gol peixeiro. O jogo estava empatado e menos de um minuto após, encerrado.

O erro final foi do superestimado Dracena, mas obviamente a culpa não é só dele. O Santos desperdiçou oportunidades de matar o jogo e deixou de ser agressivo na segunda etapa quando o adversário já estava entregue. Claro que o resultado também dá margem àqueles que têm sempre o dedo preparado para ficar em riste dizerem “Tá vendo? E a culpa era do Adílson?”. No meu ponto de vista,é também dele sim, pois se o Santos tivesse um esquema tático definido que fosse, talvez o resultado fosse outro. Mas tentar achar uma forma de jogar em dois dias de treino e 90 minutos de bola rolando não é tarefa das mais fáceis.



A primeira metade do primeiro tempo foi de desanimar qualquer santista. O quadro mudou quando Neymar começou a fazer mais jogadas pelo lado esquerdo, onde se sente mais à vontade. E onde Adílson não queria que ele jogasse porque, segundo o ex-treinador, um atleta como ele não podia “se limitar” naquele espaço. Claro que não. O que não significa que ele não possa jogar onde se sinta melhor, na maior parte do tempo, que é o lado canhoto e próximo à área. No segundo tempo, por ali também o garoto foi bem e levou perigo, mesmo sendo bem marcado.

Elano também voltou a frequentar por vezes o lado direito na meia e no ataque na etapa final, algo que não costumava fazer com Adílson. Foi assim que ele se destacou em 2002 na equipe de Leão e desta forma que atuou boa parte do tempo na seleção de Dunga. Mas o meio de campo continuou sentindo a falta de Arouca para fazer a transição para o ataque e a chegada surpresa, útil contra as retrancas. Nenhum outro volante do elenco faz esse papel.

O Santos só conseguiu ser mais compacto no segundo tempo, quando as tabelas e jogadas pelas laterais começaram a acontecer, algo raro nas últimas partidas. Por um lado, dá esperanças pensar que o time sim, pode jogar bem melhor do que vinha jogando. Mas em um torneio como a Libertadores, desperdiçar oportunidades como a de ontem abala a moral. O ponto positivo para Martelotte é que, deixando as duas principais peças da equipe à vontade, Neymar e Elano, o time pode produzir muito mais ofensivamente.

Já o ponto negativo é que a ansiedade do elenco pode resultar em novos episódios como o desnecessário pênalti de Dracena, similar, mas mais trágico, que o cometido por Adriano em Dentinho no clássico alvinegro. Nenhum dos rivais alvinegros é de fato imbatível, e as duas partidas disputadas deixam isso claro, mas o fato é que o Santos não venceu nenhum deles até agora. Vai ser um trabalho de paciência para o interino e para o próximo treinador recuperar a confiança do time. E a confiança do santista.

Palmeiras 5 a 1: quem vê placar não vê coração

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Só Adriano Michael Jackson marca. Poderia ser este o título do post. Mas é que foi por 5 a 1 a vitória do Palmeiras sobre o Comercial-PI. Uma goleada folgada, como esperava todo torcedor – a maioria esperava isso no jogo de ida, tanto mais no de volta. Mas a elasticidade registrada no marcador não mostra que só saiu gol alviverde aos 18 minutos do segundo tempo. Poderia ser bem mais fácil.

Foto: Drew H. Cohen 

Foram quatro gols de Adriano – três de cabeça – em sequência e um de Gabriel Silva. Binha foi quem diminui, quando estava só 2 a 0. Agora o desafio é o Uberaba-MG.

Antes da chuva de gols, teve pluviosidade fina e contínua. Teve gol perdido a cântaros, Kleber contundido e substituído pelo péssimo Luan, pênalti desperdiçado por Valdívia, tento incorretamente anulado para o time de Campo Maior e dois expulsos do time azul e branco. Quer dizer, o Palmeiras só marcou quando tinha dois homens a mais em campo.

Houve muita margem para secador acreditar na reedição do Asa de Arapiraca, Atlético-GO ou Santo André, para citar três das zebras que atrapalharam planos palmeirenses na história da Copa do Brasil.

O time piauiense mostrou ainda mais limitações do que no jogo de ida. Bomba, o massagista, apareceu só duas vezes em campo, sempre ovacionado.

Quando o time da casa acertou cruzamentos, saiu gol. Quando acertou toques na entrada da área, marcou. Quando o chute foi em direção ao gol, bom, em algumas vezes o goleiro Neto até defendeu. Mas em outras, a bola entrou.

Com os quatro gols marcados por Adriano com suas danças à lá Michael Jackson, fica claro que ele é a única opção para jogar na frente, embora não tenha perfil. Valdívia continua a ser peça importante, mas não tem nem as opções táticas que tinha em 2008 nem a criatividade de então. Talvez melhorando a forma física dê mais alegrias à torcida.

Falando no povo da arquibancada, foram poucos os que encararam o razoável frio e a chuva desta quinta-feira, 2. Os que foram poderiam ter oferecido gritos de incentivo mais específicos, concentrados na necessidade de se finalizar em direção à meta do Comercial. Foram perto de 30 chutes, poucos com destino certo.

"Chute no gol", poderia ter gritado a torcida. Talvez fosse necessário enfatizar: "Mas no gol mesmo!"

Tudo bem que o Botafogo-RJ só se classificou só nos pênaltis, contra o Iape, de Sergipe. Mas poderia ter sido mais fácil.

2ª Fase da Copa do Brasil
Flamengo x Fortaleza
Guarani x Horizonte-CE
Atlético-MG x Grêmio PRudente
Ceará x Brasiliense
Atlético-MG x Grêmio Prudente
Ceará x Brasiliense
Botafogo-PB x Caxias
Coritiba x Atlético-GO
Palmeiras x Uberaba
Sampaio Corrêa x Santo André
Vasco x ABC-RN
Bangu x Vencedor de Ponte Preta e Baré-RR
Atlético-PR x Paulista
Bahia x Paysandu
Botafogo-RJ x Paraná
Avaí x Ipatinga
São Paulo x Santa Cruz

terça-feira, março 01, 2011

O vazio da cachaça OU A falta que Lula faz

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O líder do governo na Câmara dos Deputados, Cândido Vaccarezza mostrou que não são só os ébrios autores do Futepoca que sentem saudades das metáforas e alusões à marvada em discursos oficiais do Executivo. A presidenta da República, Dilma Rousseff, anunciou, nesta terça-feira, 1º, em Irecê-BA, reajuste médio do Bolsa Família em 19%, em um discurso cujo ponto alto foi um erro na pronúncia do nome de uma cidade bahiana.
Vaccarezza mandou um recado aos críticos:


É um dinheiro que não tem intermediação política, o cidadão vai ao banco e pega seu dinheiro, compra pão para sua família, compra os gêneros de primeira necessidade. Eles (a oposição) brincavam antigamente dizendo que o chefe de família ia lá e comprava cachaça. Nós não vamos incentivar isso, mas mesmo que uma família compre uma cachaça por mês, são 11 milhões ou 12 milhões de garrafas de cachaça. Isso ajuda toda a economia.
Dados do Programa Brasileiro de Desenvolvimento da Aguardente de Cana, Caninha ou Cachaça (PBDAC) indicam que o país produz 1,3 bilhão de litros por ano. Apenas 2,5 milhões de litros são exportados, o resto é consumido internamente.

Se fosse ainda em 2010, quem teria feito a comparação seria o Lula. E teria sido chamado de cachaceiro pela oposição (ao governo e ao bar).

Tipos de cerveja 61 - Low Alcohol

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Esse tipo de cerveja, como já foi dito aqui ou acolá, definitivamente não atrai os futepoquenses. As cervejas sem álcool ou de baixo teor alcoólico (Low Alcohol) são uma novidade algo recente no mercado das bebidas, mas com tendência a crescer devido à Lei Seca para motoristas. Na maioria dos casos, porém, o termo "sem álcool" não é totalmente verdade, pois muitas dessas cervejas têm uma ínfima quantidade de mé, apesar de residual. "A obtenção dessa bebida pode ser feita de duas maneiras: através de um processo de fermentação e elaboração com muito cuidado, onde se evita a formação de álcool; ou então utiliza-se um sistema de extração do álcool, fazendo esta passar por uma membrana permeável especial", explica Bruno Aquino, do site português Cervejas do Mundo. "São cervejas muito leves em aroma, sabor e corpo. A característica que as reúnem sobre a mesma denominação é o fato de terem menos de 3% de teor alcoólico", acrescenta (nesse ponto, acho que fui realmente enganado num supermercado lá na Irlanda). Se alguém tiver coragem - ou for obrigado pela Lei Seca -, pode experimentar a Bitburger Light (foto), a Jansen Preta Sem Álcool ou a Cheers Sem Álcool.

segunda-feira, fevereiro 28, 2011

Breves comentários sobre um clássico 'alagado'

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1 - O empate em 1 a 1 entre São Paulo e Palmeiras, para mim, foi muito justo. Sim, o tricolor poderia ter segurado a vitória, mas jogou 35 minutos com um a menos. Não fosse Rogério Ceni, teria perdido. O São Paulo mandou no primeiro tempo e o Palmeiras apertou após a metade da segunda etapa. Resultado merecido por ambos.

2 - Se o Felipão tivesse entrado com Adriano já no início da partida, a situação poderia ter sido um pouco melhor para o Palmeiras. Ele faz exatamente o que Fernandinho vinha fazendo pelo adversário. Não por acaso, foram eles os autores dos dois únicos gols do clássico. E Valdívia até que mostrou bom futebol.

3 - A expulsão de Alex Silva foi corretíssima. Já faz algum tempo que ele se acha acima do bem e do mal. E ainda teve o desplante de dizer, após o jogo: "Se eu soubesse que ia me expulsar, tinha dado uma cacetada para valer". Merece punição. Ainda sobre a arbitragem, só pra registrar: Valdívia deu uma cabeçada em Miranda e pisou no Carlinhos Paraíba e nem levou cartão.

4 - Mesmo jogando com dez, o São Paulo esteve muito mais perto do segundo gol do que de levar o empate. Isso enquanto Dagoberto, Fernandinho e Lucas ficaram em campo. Dois minutos após a entrada de Xandão e Rivaldo, o Palmeiras fez o seu gol. Ficou nítido que era preciso de qualidade para segurar a bola no ataque.

5 - As arquibancadas do Morumbi estão, de fato, mais para parque aquático do que para acomodar torcedores com conforto. Mas o gramado, temos que reconhecer, possui um sistema de drenagem impressionante. Pensei, com toda certeza, que o jogo seria adiado. É preciso checar, porém, o que aconteceu no apagão dos refletores.

Quando os jornalistas também eram barbudos

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No finzinho de um post do Glauco de dois anos atrás, ele chamava a atenção para um texto do blogue Futebol é Literatura sobre a ausência, hoje, de jogadores barbudos. "Parece que barba é crime. Será uma proibição contratual? Uma exigência dos técnicos? Penso saudosamente em Sócrates, no zagueiro campeão do mundo Hugo de León, do ponta Mário Sérgio, do atacante Kita. Coitados, órfãos do futuro, sem sucessores", dizia Fabrício Carpinejar, o autor. Pois é, os tempos eram outros. Hoje em dia a "rebeldia barbuda" quase não é mais tolerada. E não é só no futebol que isso acontece, infelizmente. Os pelados vigiam os peludos.

Na política, com exceção do Lula, do José Genoíno e de mais meia dúzia de três ou quatro, é difícil achar alguma figura de maior proeminência que mantenha com orgulho seus pêlos na cara. E na imprensa não é diferente: o visual yuppie e mauricinho que passou a imperar nas redações a partir dos anos 1990 limpou de vez o rosto dos jornalistas - com exceção, talvez, dos manguaças de alguns blogues e publicações "de esquerda" (a exemplo do rapaz na foto acima). Por isso, foi com satisfação que vi, no Facebook, um retrato do arquivo de nosso camarada Jesus Carlos, da agência Imagenlatina. Vejam aí, com legenda dele:

Greve - ABCD. Jesus Carlos (Em Tempo) e Lula conversando, com Irmo Pasoni (Veja), Hélio (free-lancer) e U. Detimar (Folha de São Paulo) durante a greve de 1979, no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema. Foto: Roberto Faustino.

Timão continua evoluindo

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Há evolução no Corinthians, que goleou o fraquíssimo Grêmio Prudente por 4 a 0 no último sábado. Em que pese a atuação absolutamente desastrosa da zaga adversária, o ataque continua melhorando, à medida que adquire mais entrosamento. Liedson está iluminado e Dentinho parece ter reencontrado, creio que por orientação do técnico, suas características de atacante mesmo. Com Mano Menezes, o rapaz jogava muito, mas cumpria funções táticas de marcação na lateral que o afastavam muito da área nas horas decisivas. Agora, com o 4-4-2 mais ou menos definido, está sendo mais incisivo e partindo pra cima dos marcadores. Boa notícia.

No meio-campo, Morais vem jogando bem, assim como Paulinho e Ralph. Jorge Henrique, meio sacrificado na função que Tite descreveu como “meia de sustentação” (alguém já ouviu falar?), corre por três e colabora sempre. Todos os citados cumprem papel também na marcação, que começa na saída de bola do adversário.

O pepino maior está na defesa, muito fraca, com exceção de Alessandro, que continua jogando bem. Tudo bem que estamos jogando com os reservas. Chicão sobe bem o nível e mesmo Paulo André, que não é nenhuma sumidade, é melhor que os atuais ocupantes da posição.

Se Dentinho se confirmar como atacante e fazedor de gols e Morais continuar bem, com Jorge Henrique e Bruno Cesar na parada, temos opções interessantes do meio pra frente. Ainda é preciso um reserva para Liedson, mas vale priorizar investimentos na defesa, especialmente na zaga. Estão falando de William Magrão, que viria para disputar vaga com Paulinho, para alegria do companheiro Leandro (alguém sabe alguma coisa sobre ele?).

O pior é que, mesmo com todos esses "se" em relação aos jogadores, minha preocupação maior continua no banco de reservas. Tite, sem as amarras impostas pela presença de Ronaldo, montou um ataque rápido e interessante, admito. Mas... e se na hora h ele pipocar e botar meia dúzia de volantes, como fez contra o Tolima? O educado professor pra mim não é do tipo que ganha grande títulos. Espero estar errado.

sábado, fevereiro 26, 2011

'Vamos assistir futebol! Vamos tomar cerveja!'

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Os gringos estão embasbacados com o Brasil - e o vídeo abaixo diz tudo (e, principalmente, aquele tudo que a nossa mídia aqui não diz). Temos problemas? Sim, lógico. Mas a perspectiva é a de que sejamos um dos protagonistas da economia mundial neste século 21. O melhor de tudo é que, para arrematar a reportagem, o empresário Eike Batista aparece recomendando: "Let's watch a soccer game! Let's go to the beach! Let's drink a beer!" ("Vamos assistir um jogo de futebol! Vamos para a praia! Vamos beber cerveja!"). Quem somos nós para desobedecer???



Ps.: Curioso é que os gringos não citam uma única vez, como agente do desenvolvimento brasileiro, o período de governo do PSDB, entre 1995 e 2002. A virada espetacular veio mesmo com Lula, o "pop star". Talvez para compensar, resolveram enfiar um inusitado tucano, ali pelo 12:51. Mensagem subliminar?

Dois reis novamente em choque

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Como diria nosso amigo Paulo Silva Júnior, que atualmente passa um tempo na Irlanda, "há domingos de Choque-Rei". E amanhã será mais um deles. Se considerarmos o histórico de confrontos a partir de 1936, quando os dois times se enfrentaram pela primeira vez depois da refundação do São Paulo, tivemos até agora 282 jogos, com 100 vitórias do tricolor, 92 do Palmeiras e 90 empates (379 gols sãopaulinos e 366 palmeirenses). A primeira partida, válida pelo Campeonato Paulista, foi vencida pelo então Palestra Itália por 3 a 0, em 25 de outubro de 1936, no Parque Antarctica. Mathias abriu o placar e Rolando marcou mais duas vezes. A última, valendo pelo Campeonato Brasileiro, ocorreu em 19 de setembro de 2010, no Pacaembu, e teve o São Paulo como vencedor, por 2 a 0, gols de Lucas e Fernandão.

Há quem some a esses confrontos, porém, os 14 jogos do período entre 1930 e 1935, durante a - curta - existência do primeiro São Paulo. Foram 6 empates, 5 vitórias palestrinas e 3 sãopaulinas. Isso deixaria os números gerais com 296 partidas, 103 vitórias do São Paulo, 97 do Palmeiras e 96 empates (402 gols tricolores e 389 alviverdes). Neste caso, o primeiro jogo teria ocorrido em 30 de março de 1930, um empate por 2 a 2 no antigo campo da Floresta, pelo Campeonato Paulista - gols de Friedenreich e Zuanella para o São Paulo, e Serafim e Heitor para o Palmeiras. No entanto, como a história do primeiro São Paulo não é agregada oficialmente nem pela diretoria do clube atual, fica ao gosto do freguês a opção por uma das contas.

Mas vale resgatar, aqui, alguns desses confrontos históricos válidos especificamente pelo Paulistão. Clássicos que foram batizados de "Choque-rei" pelo jornalista Tomaz Mazoni, da extinta A Gazeta Esportiva:

São Paulo 6 x 0 Palestra Itália (26/03/1939) - A maior goleada do clássico, em partida válida pelo Paulistão de 1938, que foi disputado até abril do ano seguinte e teve o Corinthians campeão; São Paulo vice. Disputado num obscuro estádio Antônio Alonso, um dos muitos locais por onde o time sãopaulino perambulava antes de comprar o Canindé e, posteriormente, construir o Morumbi, o jogo (foto à direita) teve como artilheiros Armandinho (3), Elyseo, Paulo e Araken. O São Paulo tinha virado time forte poucos meses antes, após uma fusão com o Estudantes, da Mooca. Antes disso, entre 1936 e 1938, em 8 jogos contra o Palmeiras, tinha sido derrotado 7 vezes e empatado uma vez, sem uma vitória sequer.

Palmeiras 3 x 1 São Paulo (20/09/1942) - O famoso jogo em que o Palmeiras entrou pela primeira vez em campo com este nome (foto à esquerda), em vez de Palestra Itália, que foi trocado pelo fato de os italianos serem inimigos do Brasil na Segunda Guerra Mundial (dizem que a diretoria do São Paulo estava entre os que pressionaram a mudança, o que acirrou a rivalidade). Mas a partida ficou marcada, principalmente, pela fuga do São Paulo, que abandonou o gramado do Pacaembu aos 19 minutos do segundo tenmpo, por não aceitar as marcações da arbitragem. Consta que, na súmula, alguém escreveu sobre o time sãopaulino, à guisa de explicação: "Fugiu!". Palmeirenses marcaram com Cláudio, Echevarrieta e Virgílio (contra), e Waldemar descontou para o São Paulo. Com a vitória, o Palmeiras sagrou-se campeão paulista.

São Paulo 1 x 0 Palmeiras (10/11/1946) - Jogo que deu o único título invicto de campeão paulista para o time sãopaulino. E contou com um final emocionante: contundido após dividida mais forte com um palmeirense, o zagueiro Renganeschi passou a "fazer número" na ponta, como se dizia na época, pois substuições durante a partida eram proibidas. Ou seja, na prática, o São Paulo jogava com dez no Pacaembu. Mas, aos 38 minutos do segundo tempo, o mítico goleiro Oberdan Catani espalmou uma bola no travessão e ela pingou na pequena área do Palmeiras; Renganeschi, que vinha mancando e se arrastando justamente por ali, empurrou para o gol (foto à direita). Dos 11 títulos paulistas disputados entre 1940 e 1950, São Paulo e Palmeiras ganharam cinco cada um (a exceção foi o Corinthians, em 1941).

Palmeiras 1 x 1 São Paulo (28/01/1951) - Confronto que ficou conhecido como o "jogo da lama" e que decidiu o Campeonato Paulista de 1950 para o Palmeiras. O São Paulo precisava de uma vitória simples para faturar aquele que seria o primeiro tricampeonato de sua história. E abriu o placar no Pacaembu com o ponta Teixeirinha, logo aos 3 minutos de jogo. Porém, no início do segundo tempo, o Palmeiras empatou com Aquiles - e ficou com o título. Sãopaulinos reclamaram que o palmeirense estava em total impedimento, não marcado pelo juiz inglês Alwin Bradley (que os maldosos apelidaram de Bradelli). A marca do jogo foi a raça dos jogadores palmeirenses, no campo encharcado e enlameado. No intervalo, Jair Rosa Pinto cobrou aos berros (foto) uma reação para obter o empate. Foi dele o passe para o gol de Aquiles.

São Paulo 1 x 0 Palmeiras (27/06/1971) - Famosa partida que decidiu o título paulista de 1971, no Morumbi, com um gol de Toninho Guerreiro para o São Paulo. O lance capital do jogo ocorreu no segundo tempo, quando o atacante Leivinha cabeceou para empatar aquele confronto decisivo. Isso daria novo ânimo para o Palmeiras, que precisava da vitória para conquistar o campeonato. Mas o polêmico juiz Armando Marques anulou o gol, alegando que Leivinha tinha marcado com um - imaginário - toque de mão. Nota-se, na foto à direita, que Leivinha ainda teve a camisa puxada no lance. Revoltados, os jogadores do Palmeiras não tiveram mais a calma necessária para buscar a virada no placar. E o São Paulo sagrou-se bicampeão paulista.

Palmeiras 0 x 0 São Paulo (03/09/1972) - Disputado por pontos corridos, o Paulistão de 72 foi decidido apenas na última rodada, num Choque-Rei que lotou o Pacaembu, como nos velhos tempos. Para o Palmeiras, bastava o empate para ser campeão. Mas o cruel da história é que os dois times estavam invictos, então o São Paulo tornou-se um curioso vice-campeão que não perdeu uma partida sequer na competição. Além disso, o Palmeiras impediu mais uma vez que o rival conseguisse obter seu primeiro tricampeonato. E, mesmo que indiretamente, sem disputar a decisão com o São Paulo, ainda seria campeão em 1993, abortando mais uma vez a sequência de três títulos, depois de os sãopaulinos terem ganho o Paulista em 1991 e 1992.

São Paulo 1 x 0 Palmeiras (17/06/1979) - O confuso Campeonato Paulista de 1978 só seria definido na metade do ano seguinte, com os "meninos da Vila" (Nilton Batata, Pita, Juari) levantando o caneco pelo Santos. A final foi disputada com o São Paulo, que conquistou a vaga de forma inacreditável. Milhares de palmeirenses já cantavam "Tá chegando a hora" no Morumbi, no final da prorrogação, pois o empate garantia o alviverde na decisão. A torcida sãopaulina, em minoria, começava a abandonar o estádio. Foi então que o lateral Getúlio cruzou uma bola na área e Serginho Chulapa (à direita) cabeceou para cima; a bola descreveu um arco improvável e, mais improvável ainda, caiu dentro do gol. São Paulo classificado, palmeirenses perplexos.

Palmeiras 4 x 4 São Paulo (18/04/1999) - Há quase 12 anos, um Palmeiras comandado por Luiz Felipe Scolari (à esquerda) e um São Paulo por Paulo César Carpegiani se enfrentaram pela primeira fase do Paulistão, no Morumbi. Parece dèjá vu, e tomara que seja, pois o resultado naquela ocasião foi uma chuva de gols. Dodô (2), Serginho e Rogério Ceni marcaram para o tricolor e Galeano (2) e Evair (2) fizeram os gols da igualdade em 4 a 4 num inesquecível Choque-Rei. Naquele ano, o Paulistão ficou com o Corinthians, mas o Palmeiras levantaria a Copa Libertadores. Já o São Paulo, nessa primeira passagem de Carpegiani, passou o ano em brancas nuvens.

São Paulo 2 x 1 Palmeiras (13/04/2008) - A polêmica mais recente entre os dois rivais, no Campeonato Paulista, ocorreu na edição de 2008. Os times se enfrentaram pelas semifinais e, logo na primeira partida, já teve confusão. Naquele semestre, o São Paulo contava com os gols do conturbado "imperador" Adriano. No clássico de ida pelas semifinais, no Morumbi, ele abriu o placar com um gol de mão (foto à direita), que foi validado pelo juiz Paulo César de Oliveira. No segundo tempo, ele ainda faria mais um e, de pênalti, Alex Mineiro diminuiu para o Palmeiras. Mas a partida de volta teria o "troco" dos alviverdes.

Palmeiras 2 x 0 São Paulo (20/04/2008) - Esse foi o "jogo do gás". Num episódio até hoje muito mal explicado, os jogadores do São Paulo ameaçaram não voltar para o segundo tempo da partida, pois um spray de gás pimenta teria sido atirado dentro de seu vestiário. Naquela altura, o time perdia por 1 a 0, gol de Léo Lima em falha bisonha do goleiro Rogério Ceni. Na etapa final, Valdívia marcou o seu e fechou o caixão sãopaulino, com direito a fazer o gesto de "fica quieto" (foto) para Ceni, que havia empurrado seu rosto em um lance de discussão. O Palmeiras, treinado na época por Vanderlei Luxemburgo, conquistaria o Paulistão de 2008, seu título mais recente.

Pois então, Valdívia e Rogério Ceni se reencontram amanhã. E mais um capítulo desse clássico será escrito no Paulistão. Com muitas emoções, esperamos nós.

sexta-feira, fevereiro 25, 2011

Antes que eles te façam correr

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Folheando "Vida", do Keith Richards (com James Fox), da editora Globo, 2010 (foto), li uma parte em que ele conta sobre a gravação da música "Before they make me run", do álbum "Some girls", de 1978, dos Rolling Stones, na cidade de Paris. "Aquela música, na qual estou fazendo o vocal, veio do coração, mas foi cansativa como nenhuma outra. Eu fiquei direto sem sair do estúdio por cinco dias", conta o músico, que cita um trecho (manguacístico) da letra:

Já trabalhei em todos os bares e shows no centro da cidade
Nada como um multidão para fazer você se sentir totalmente só
E a coisa já começou a fazer efeito
Bebidas, pílulas e pós, você pode escolher seu remédio
Bem, aqui vai o adeus para mais um bom amigo
Depois de tudo dito e feito
Tenho que me mexer enquanto ainda é divertido
Deixe-me andar antes que eles me façam correr


E Richards prossegue: "(...) Fiquei gravando cinco dias direto. Nós todos estávamos cheios de olheiras quando terminamos de gravar a música (...). Quando finalmente terminamos, eu apaguei sob a mesa, embaixo do equipamento de gravação. De repente acordei, não sei quantas horas depois, nunca contei, e lá estava a banda da polícia parisiense. Uma porra de uma banda marcial! Foi isso que me acordou. Eles estavam ouvindo uma faixa que tinham acabado de gravar e não sabiam que eu estava ali. (...) E me pergunto: 'Quando devo sair daqui? Estou morrendo de vontade de mijar, meu veneno [heroína] está todo comigo, agulhas e a porra toda, e estou cercado de policiais que não fazem a menor ideia de que estou aqui'. Esperei um pouco e pensei: 'Eu vou ser bem britânico', e então rolei para fora da mesa e disse: 'Ai, meu Deus, me desculpem', e antes de eles perceberem eu já tinha me mandado, deixando 76 tiras se perguntando que porra tinha acontecido". Ou seja, como a música previa, eles o fizeram - literalmente - correr.

quinta-feira, fevereiro 24, 2011

Carrasco e a auto-agressão

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(é velho, mas vale o registro)


Bryan Carrasco, jogador da seleção sub-20 do Chile, estava desesperado. Sua equipe perdia do Equador por 1 a 0 o jogo que decidia a última vaga para o Mundial da categoria. Sem saber o que fazer para furar a defesa adversária, nosso herói resolver ir para o tudo ou nada, e protagonizou a simulação mais bizarra que já vi em um campo de futebol.


O juizão até que marcou falta, mas acho que Carrasco queria uma expulsão mesmo. Não conseguiu, seu time acabou derrotado. Mas certamente ele conseguiu um feito que não imaginava: garantiu diversos ataques de riso e ficou famoso mundo afora.

Falando sério, o moleque merecia uma boa suspensão, mas não me parece que isso esteja em pauta, já que não encontrei qualquer notícia a respeito. Merecia.

A noite de Vanvan e Silva e Silva

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Coisas que só acontecem na Copa do Brasil.


Jogo entre o desconhecido Iape e Atlético-MG no Maranhão. A esperada vitória fácil do Galo por mais de dois gols não vem por conta, principalmente, de dois principais personagens, o artilheiro Vanvan, autor de dois gols, e o árbitro paraense Andrey da Silva e Silva.

O artilheiro foi bem e aproveitou as oportunidades, depois de o Galo ter saído na frente com gol aos 6 minutos do primeiro tempo, tomou a virada aos 17 e aos 36 minutos em jogadas irregulares. Na primeira, numa disputa pelo alto, com a bola dominada, o goleiro Renan Ribeiro, do Galo, tomou um empurrão e soltou a bola. Na segunda, o bandeirinha assinalou impedimento, o juiz Andrey da Silva e Silva apitou, a defesa parou e ele voltou atrás, validando a jogada.

Claro que o Galo não jogou nada no primeiro tempo e deu sopa para o azar e os contra-ataques do time paraense, mas se eu fosse um pouquinho mais paranóico já diria que começou a retaliação da CBF por conta da posição do presidente Alexandre Kalil nas negociações dos direitos de TV. Mas deve ter sido apenas uma noite infeliz do juizão, membro da família Silva, a mesma de certo ex-presidente.

Na volta para o segundo tempo, Dorival Júnior deu uma arrumada no time, que empatou com Tardelli aos 40 segundos e completou a vitória com Ricardo Bueno, aos 31 minutos.

Vem agora a glória do Iape, ir a Belo Horizonte fazer a segunda partida na semana que vem. Deve ser um jogo interessante, se a arbitragem e a CBF deixarem... Ah, o Galo também tem de jogar mais para manter a série invicta, só com vitórias em jogos oficiais nos campeonatos que disputa neste ano.


Na estreia da Copa do Brasil, Palmeiras deixou definição da vaga para a volta

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Na estreia do Palmeiras na Copa do Brasil, faltou competência nas finalizações para resolver a parada no jogo de ida. A vitória de 2 a 1 sobre o Comercial de Campo Maior (PI), em Teresina, não bastou para garantir a classificação.

É bem verdade que Adriano faria o terceiro dos visitantes não fosse o auxiliar ter marcado impedimento incorretamente. Mas time que depende de um gol anulado para ter melhor sorte não pode reclamar muito.

Na primeira etapa, foram quatro chances desperdiçadas. O 1 a 0, marcado por Adriano, foi magro, mas promissor. No segundo, depois do gol relâmpago de Kleber, com um minuto, o time esboçou aumentar o volume de jogo, mas desistiu 15 minutos depois. Deu espaço para o Comercial fazer o seu, aos 30, que selou o placar e levou a decisão para São Paulo.

Valdívia joga mais bola do que seus colegas no meio de campo, mas parece ainda fora de sintonia. Adriano foi bem, melhor do que Luan, mas não é a solução para o ataque alviverde-limão-siciliano. Kleber é sempre o trombador que, em muitas vezes, decide.

O restante do time não compromete, mas torna difícil esperar que decidam. Pode até dar um caldo com mais peças (como o tal nove-nove que Luiz Felipe Scolari exige) em uma linha de time cheio de jogadores aplicados com dois ou três que resolvem.

Até agora, não está assim.

O destaque do lado piauiense na partida foi o massagista do Comercial, Bomba, que dava um salto mortal – ou uma simples estrela – ao chegar às proximidades de onde estava o atleta caído. Isso porque o time do Piauí mostrou muitas limitações e poucos recursos.

Na volta do Campeonato Paulista, vai ser necessário ter mais atenção e eficiência, se a ideia for continuar na liderança.

quarta-feira, fevereiro 23, 2011

O salário mínimo, o bebê e a água do banho

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O Senado Federal vota nesta quarta-feira, 23, e deve aprovar, o mínimo de R$ 545 para 2011. O valor defendido pelo governo deixou a esquerda perplexa e a direita indignada, ou vice-versa. O PSDB seguiu a senha do candidato derrotado José Serra e propôs aumento para R$ 600, enquanto o DEM ponderadamente falou em R$ 560. À esquerda, o PSOL propôs R$ 700 e o deputado Paulo Pereira da Silva defendeu R$ 580, com o peso do PDT e da Força Sindical. Fora do mundo partidário, a CUT e as demais centrais sindicais embarcaram no valor de Paulinho, R$ 580. Na blogosfera de esquerda, muita gente usou o reajuste, ao lado da recente alta dos juros, como sinal da aliança de Dilma com o capital financeiro em detrimento dos trabalhadores. 

O curioso, especialmente no caso das centrais, é que todo mundo fala do resultado, mas ninguém parece disposto a discutir e contextualizar de onde veio esse valor. Trata-se da aplicação da regra de valorização do salário mínimo discutida exaustivamente entre o governo Lula e as centrais, CUT e Força à frente: inflação do ano anterior mais a variação do PIB de dois anos atrás. A regra foi aplicada já por alguns anos e saudada como vitória do movimento sindical e responsável pela consistente valorização do piso nacional no governo Lula.

Pois acontece que é a mesma regra que foi aplicada pelo governo agora. O problema é que em 2009, por conta do impacto da crise econômica mundial, o Brasil teve “crescimento negativo” (recessão) de 0,2% no PIB. Ou seja, a economia ficou estagnada, até deu uma encolhidinha. Assim, aplicando a regra, o reajuste será só a correção da inflação de 2010, o que dá mais ou menos R$ 540 – os cinco reais do valor final são um brindezinho dado pelo governo.

Então a regra é uma porcaria?

Nem tanto, já que em 2010, logo depois do PIB mixuruca que resultou da crise global, o mínimo passou de R$ 465 para R$ 510, quase 10% de valorização. Isso porque a regra não se baseia no estado atual da economia, mas na situação de dois anos atrás – o que inviabiliza o argumento do pessoal de que “a economia está bombando agora e o governo não quer distribuir”. Da mesma forma, ano que vem, o mínimo vai ser reajustado baseado nos 7,8% de aumento do PIB em 2010 e o aumento seria de uns 14%, considerando-se a inflação desse ano. Alguém vai reclamar disso?

Nada contra as centrais brigarem sempre por melhores condições para a classe trabalhadora, é pra isso que elas existem. Mas uma vez que existe uma regra – e uma negociada e celebrada como conquista pelas centrais –, não dá pra ficar jogando para a torcida e fazendo esse leilão de numerinhos que sempre caracterizou os reajustes do mínimo. Ainda mais se a regra é clara, né Arnaldo?

A ideia de se ter uma regra e transforma-la em lei, aliás, é acabar com esse circo anual e proteger os trabalhadores dos humores dos governantes de turno. Assim, se daqui quatro anos um reaça leva a presidência, vai ter que brigar no Congresso para derrubar uma lei antes de arrochar o mínimo.

O pessoal da oposição fazer esse jogo de cena é compreensível: não espero deles nenhum compromisso com os trabalhadores nem complexidade de argumentação. Mas o pessoal à esquerda tem que subir o nível do debate. Se vamos discutir alguma coisa, que se discuta os parâmetros da regra – que está pra virar lei agora, defendida por esse governo “traidor”. Pode-se modificar tudo, mudar os parâmetros, incluir um patamar mínimo de ganho real além da necessária correção da inflação, prever na lei a antecipação de ganho proposta pela CUT, sei lá. Só não dá para voltar para o leilão. E menos ainda botar em risco a boa ideia de uma política permanente de valorização do mínimo que já beneficiou milhões de pessoas.

Wikileaks e Mensalão: Boatos, palpites e muito Zé Dirceu

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Os diplomatas dos Estados no Brasil acompanharam de perto as denúncias de corrupção e as crises políticas no governo de Luiz Inácio Lula da Silva. O escândalo do Mensalão (ou "Big Monthly", na tradução deles) foi relatado passo a passo, com descrições sobre trocas de ministérios, perfis dos expoentes das investigações no Congresso Nacional e visões peculiares sobre a vida política brasileira. José Dirceu é personagem central nesta.


Nuvem de palavras dos 34 telegramas. Dá-lhe Lula e Dirceu. Feito no Wordle.

O terceiro lote de telegramas vazados pelo Wikileaks e divulgados por blogues brasileiros trata de corrupção. Ou melhor, a forma como a embaixada dos Estados Unidos no Brasil assistiu aos escândalos de corrupção do primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O caso foi acompanhado de perto pela embaixada, inicialmente, em junho, com relatórios diários e, depois, semanais ou mensais. A crise política dos sucessivos escândalos que acometeram o primeiro mandato de Lula de fato foi profunda.

No conjunto de 34 telegramas, dos quais três já haviam sido publicados, Lula é mencionado 450 vezes, o PT, 248. José Dirceu aparece 229. A demissão do cargo de ministro-chefe da Casa Civil e a cassação de seu mandato, ainda em 2005, foram relatadas em detalhes. O segundo desses episódios, aliás, é tratado como um "divisor de águas", apesar do reconhecimento de que não havia provas contra ele.

A ampliação e o aprofundamento da crise, com três comissões parlamentares de inquérito (CPIs) simultâneas e a imobilidade do Congresso eram a receita para um fracasso eleitoral de Lula em 2006. Em janeiro daquele ano, conforme as pesquisas mostravam o presidente à frente na corrida eleitoral, essa capacidade foi definida como "totalmente inesperada", a despeito de a economia mostrar sinais de crescimento robusto.

Logo no início da crise, por conta de mudanças no ministério de Lula, a análise era de que o PMDB ganhava espaço e que o PT poderia ter tornado-se refém da coalizão. É que "o amplo PMDB particularmente nunca está tímido para tomar sua parte do bolo (demand the pork, no original)".

Tradução

Além do já citado "Big Monthly", é divertida a tradução do nome de Carlinhos Cachoeira (o "Charlie Waterfall"). O banqueiro do jogo do bicho estava envolvido com o escândalo de Waldomiro Diniz.

Sem gasto eleitoral

Ao final de 2005, em meio à crise, um telegrama especula sobre os efeitos de uma eventual saída de Antonio Palocci do Ministério da Fazenda. Consta que, pela falta de aprovação do orçamento de 2006 aliada à dificuldade da intricada burocracia brasileira para gastar o dinheiro liberado pelo Tesouro, haveria dificuldade para uma gastança pré-eleitoral. Ou seja, a política de "austeridade" estaria garantida.

Herança da ditadura

Como várias das personagens do cenário político brasileiro advêm da militância contra a Ditadura Militar, esse aspecto sempre aparece nos telegramas. Para descrever Dirceu, aparecem termos como "soldado", preso político trocado por embaixador e alguém dedicado ao PT e a suas ambições. Tudo bem, aparece também "maquiavélico", cínico e sem ideologia, definições que guardam nenhum vínculo com o passado.

Para Fernando Gabeira, ex-deputado federal e candidato derrotado às eleições do Rio de Janeiro em 2010, usa-se o termo "sequestrador de embaixador", em alusão a seu envolvimento no rapto de Charles Elbrick em setembro de 1969.

No caso de Dilma Rousseff, ela é descrita como a "Joana D'Arc da subversão", como já divulgado anteriormente.

Boatos sem provas

Apesar de não lerem Caras, como bem observou a MariaFrô, os embaixadores gostam de incluir boatos sem provas. Eu juro que não considero neste rol os elogios ao "trabalho investigativo" da revista Veja (isso é opinião deles).

Houve já certo burburinho quando noticiou-se, com mais sensacionalismo do que o devido, que os EUA consideravam que Dilma tinha sido a mentora do assalto ao cofre do Adhemar de Barros e a bancos. O telegrama coloca isso como um boato, parte do folclore político brasileiro.

Outro episódio sem comprovação incluído no relato é o de que o líder da oposição, Jorge Bornhausen (então no PFL, atualmente no DEM), estaria inquieto com os rumos da crise política. Nenhuma menção à alegria de se ver "livre dessa raça por 30 anos", mas a uma suposta reunião entre o então senador catarinense e diretores do Grupo Globo. O encontro teria ocorrido no Rio de Janeiro, mas tampouco há como ter certeza de que isso ocorreu.

Curioso também que o fato de o presidente do segundo maior partido de oposição ir pedir a benção da maior rede de televisão do país desperta nenhuma linha nos telegramas.

Tudo bem, eles não são analistas políticos, estão só relatando o que leem. Poderiam selecionar melhor essas leituras.

Leia também:
Escândalo do mensalão: oposição e governo temiam impeachment de Lula
O público pediu – telegramas sobre o mensalão

Globo e CBF racham o Clube dos 13

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Na primeira negociação em que a Globo não teria mais privilégios nas negociações sobre os direitos de TV, em que nas palavras do presidente do Galo, Alexandre Kalil, levaria quem desse o maior cheque, o que se vê é um aparente racha entre os clubes que formaram o Clube dos 13.


Não tenho nenhuma fonte, nenhuma informação privilegiada, mas parece claro o movimento em que alguns clubes foram seduzidos por ofertas, sabe-se lá quais, para quebrarem a concorrência e não negociarem em conjunto.

A única certeza é que essa divisão só interessa à Globo, que pretende manter as transmissões pagando o menos possível, e à CBF, que tenta retomar as negociações e mandar em todo o futebol, sem ter nenhuma oposição, mesmo que pálida, do Clube dos 13.

Já ficara clara a estratégia na última eleição do C13, em que Ricardo Teixeira tentou eleger um aliado seu e seduziu boa parte dos cartolas com sabe-se lá também com quais promessas. Acabou perdendo.

Mas a divisão atual, não importando quem tenha razão, não é boa para os clubes. Antes da criação do C13 os valores pagos pelos campeonatos eram irrisórios, o que contava era a arrecadação com bilheteria. Depois da criação do clube e a negociação conjunta, esses valores foram subindo paulatinamente até chegarem a ser a principal fonte de receita dos times.

Agora, em que a possibilidade de a Record ganhar a concorrência era grande, parece que CBF e Globo fizeram "propostas" para Corinthians, Flamengo, Fluminense, Vasco e Botafogo que, podem criar grande tentação agora, mas representará, com certeza, a continuidade no futebol de tudo como está e um possível enfraquecimento do poder de negociação deles mesmos no futuro.

Resta saber se os revoltosos vão pagar todas as suas dívidas e o dinheiro que pegaram antecipado do C13 antes de saírem. Se pagarem, de onde terá vindo o dinheiro?

segunda-feira, fevereiro 21, 2011

Resultado quase surpreendente

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O “quase” do título, em referência na vitória do Corinthians sobre o Santos por 3 a 1, no Pacaembu, vem do fato objetivo de que clássico é clássico e vice-versa, como diria o filósofo. Mas quem olhou a escalação da defesa mosqueteira com Fábio Santos, Leandro Castan e Wallace ao lado do guerreiro Alessandro deve ter imaginado a feira que Neymar e Elano fariam em cima desse lado esquerdo. Se o Tolima conseguiu, porque não o Santos?
Mas não foi o que aconteceu, por acertos do time de Tite, erros do de Adilson Batista e, bem, alguma interferência dos deuses do futebol.
Os acertos do alvinegro da capital foram na marcação, antes de tudo, feita em cima da saída de bola peixeira, fazendo a jogada chegar quebrada ao ponto forte da equipe de Adilson. A zaga santista parou com faltas as (não muito inspiradas) jogadas de ataque do Timão e, numa dessas, Fábio Santos acertou um tirambaço no ângulo de Rafael – alguém sabe se ele sempre bateu assim?
O Corinthians recuou - atendendo aos desígnios de Tite e a rotinas implantadas no dna dessa equipe desde Mano Menezes - e foi pressionado pelo Peixe. Mas a boa marcação continuou. E aqui apareceu o erro de Adílson na escalação da equipe, que insiste com um Diogo que não mostrou a que veio desde seu retorno ao Brasil e deixa no banco Maicon Leite, vice-artilheiro do Paulistão, ao lado de Elano. Cabe perguntar também por que Keirrison, que pareceu ser aposta do treinador e vinha jogando (e melhorando) no início do torneio nem aparece mais nas fotos. Juntando com o aparente (e justo, diga-se) cansaço de Neymar, sobrou Elano para fazer alguma coisa.
E ele fez, no final da primeira etapa, enfiando um canudo também no ângulo de Júlio Cesar. E tentou de novo, no início da segunda etapa, batendo a queima roupa para belíssima defesa do bom goleiro corintiano – que muitos torcedores insistem em cornetar.
Depois de uma pressão inicial do Santos, o Timão equilibrou um pouco as ações e apareceu espaço para outro erro do maestro peixeiro - esse daqueles imprevisíveis, mas que a torcida vai cobrar. Tirou o amarelado Rodrigo Possebon e colocou o também volante Adriano, alteração seis por meia dúzia que não deveria ter maiores consequências. Mas o rapaz entrou meio perdido e, numa bela jogada de Dentinho pela esquerda, fez um pênalti tão desnecessário quanto bem assinalado. Reparem os corintianos há quanto tempo o jovem atacante não fazia uma jogada assim, indo pra cima de três adversários na habilidade. Reparem também que, na ausência de Chicão, o batedor - escalado certamente por Tite - foi o contestado Fábio Santos, que cobrou bem e botou o Corinthians de novo na frente. O professor quis dar moral a seu indicado.
Novamente na frente, o Corinthians novamente recuou. E novamente a pressão santista foi infrutífera, barrada na boa marcação. E no finalzinho, Ralf roubou uma bola de Diogo (olha ele aí) e acertou um passe que dele não se espera para Liedson marcar o terceiro, por cobertura, como outro terceiro gol em outro 3 a 1 do Timão em cima do Peixe.
Da partida, o Corinthians jogou melhor do que vinha fazendo. Morais, Dentinho, Jorge Henrique e Liedson formam um ataque leve e rápido. Se Dentinho e JH resolverem (e tiverem liberdade para) ir mais pra cima das defesas adversárias, em jogadas de infiltração, pode sair alguma coisa. E Bruno César voltou pelo menos ao banco, sinal de que pode voltar a ser opção. Mas sinto falta de mais poder de decisão. Paulinho substitui bem a Jucilei, mas não tem reserva – Marcelo Oliveira? – e Ralph segura a onda. Há mais problemas na defesa, onde ainda não confio em Fábio Santos (que tem ainda o benefício da dúvida por ter jogado pouco) e menos ainda em Wallace e Leandro Castan. Aceito algumas boas contratações.