Destaques
quarta-feira, outubro 05, 2011
segunda-feira, outubro 03, 2011
A “festa” sem vitória, motivos para não ser campeão e a baixa qualidade
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Por Moriti Neto
63 mil torcedores. Reestreia de Luis Fabiano. Os bons Ceni, Lucas, Dagoberto, Casemiro, Rodolpho e Denílson. Público recorde, a volta de um ídolo, qualidade individual. A festa estava armada para o São Paulo contra o Flamengo ontem, no Morumbi. Só faltou a vitória.Os cariocas foram melhores e venceram justamente, por 2 x 1. Após uma primeira etapa com os donos da casa tomando a natural iniciativa de ataque e o Flamengo posicionado para contragolpear, o segundo tempo mostra Rogério pegando muito e evitando ao menos quatro gols flamenguistas, em boas jogadas criadas pelos lados, contando com o rotineiramente fraco desempenho são-paulino nos flancos, antes de Thiago Neves, aos 19, abrir o placar. Dagoberto empatou, num belo chute, aos 34. Mas foi Renato Abreu quem deu números finais ao placar, aos 39, em finalização despretensiosa que desviou em Carlinhos Paraíba e tirou Ceni do lance.
A arbitragem esteve mal. O meia são-paulino Lucas foi expulso aos 9 minutos do segundo tempo. Tomou um justo segundo amarelo. O problema é que o primeiro cartão foi discutível. Já indiscutível, é que o volante flamenguista Willians, excluído aos 26, também pelo segundo amarelo, nem encostou em Carlinhos Paraíba que, ridiculamente, caiu após tropeçar nas próprias pernas. Também sem discussão, aos 40, Dagoberto deveria ter recebido a segunda advertência na partida, o que acarretaria na expulsão do atacante.
Clinica de reabilitação 2
Já disse aqui que os adversários em má fase podem ter boas perspectivas quando olham a tabela e veem o próximo jogo contra o São Paulo, no Morumbi. O Flamengo foi só mais um que se encaixou nessa situação. Nos onze jogos anteriores, o time da Gávea tinha aproveitado só oito dos 33 pontos disputados, sendo que a única vitória ocorreu contra o último colocado, o América Mineiro.
O aproveitamento são-paulino em casa é pífio sob o comando de Adilson Batista. Empatou com Atlético Goianiense, Atlético Paranaense, Corinthians e Palmeiras. Perdeu para Vasco, Fluminense e Flamengo. Ganhou apenas de Bahia, Atlético Mineiro e Ceará. Então, vitórias só contra três times que brigam para não cair.
Sem ganhar dos melhores não dá
Dos concorrentes mais bem colocados no campeonato, o São Paulo só ganhou do Fluminense, na primeira rodada do certame. Depois, perdeu e empatou com o Corinthians, foi derrotado duas vezes pelo Flamengo, perdeu do Vasco, teve derrota e empate diante do Botafogo, e sofreu revés do Fluminense na abertura do returno. Ainda tem pela frente o time da Colina, em São Januário.
Detalhe curioso é que, no Morumbi, o Tricolor perdeu todos os confrontos com os cariocas. Pelos lados do Cícero Pompeu de Toledo, deve haver quem se sinta aliviado por não ter mais nenhum enfrentamento contra times do Rio de Janeiro em casa.
De qualquer forma, como mandante ou visitante, o São Paulo não conseguir vencer os ponteiros de cima da tabela é sintomático de um time sem grandes possibilidades de título.
Adilson Batista
Não é só pela péssima campanha em casa que o técnico são-paulino é mal avaliado. Adilson Batista, desde que chegou ao Tricolor, se mostra apático, covarde até. Com um bom elenco, não é capaz de formar um time, não organiza um padrão de jogo. Também mexe mal, como ontem, quando tirou Luis Fabiano e colocou Carlinhos Paraíba, chamando o Flamengo, com um a mais, de vez para o ataque. Sim, o centroavante tinha que sair, mas era Rivaldo o nome para substituí-lo.
Outro erro gritante do treinador é com Lucas. Antes da volta de Luis Fabiano, a insistência era manter o garoto no ataque, de costas para o gol. Contra o Flamengo, o menino, na maior parte do tempo, ocupava a mesma faixa de campo que Casemiro, que deu para achar que é meia. O camisa 7, muitas vezes, tinha inclusive que ficar preso à marcação e cobrir as constantes subidas do volante.
Porém o pior é que Adilson tem muito medo. Parece refém de uma situação que coloca o São Paulo como a última esperança de carreira num grande clube, depois de insucessos consecutivos, principalmente em Corinthians e Santos, e, lateralmente, no Atlético Paranaense. O receio de perder a atual oportunidade o deixa em condição delicada, inclusive à mercê das vaidades e chiliques dos jogadores.
Dagoberto
Por falar em chiliques, impossível não pensar em Dagoberto. Individualista ao extremo, joga para ele, sem responsabilidade coletiva. Quando perde uma bola no ataque, logo leva as mãos à cintura, olha para os lados e caminha devagar. A cena é repetitiva. Passa-se em todos os jogos do São Paulo. O atacante não recompõe, não ajuda na marcação. Acha que é craque, protagonista, quando é só bom jogador e coadjuvante.
Fez um belo gol ontem, é fato, mas o que ocorreu depois evidencia o individualismo. Num dos tradicionais chiliquinhos, foi comemorar sozinho, “desabafando”, tirou burramente a camisa, foi amarelado e, só por conivência da arbitragem, não recebeu merecida expulsão.
Dependência
Desde março, quando anunciou a contratação de Luis Fabiano, o Tricolor passou a sentir estranha dependência de um jogador sem data para atuar. Ainda com Carpegiani, o time foi montado para jogar com o centroavante, que veio com ares esquizofrênicos de ao mesmo tempo “salvador da pátria” e de única peça que faltava para montar um bom sistema.
Eis que finalmente, Luis Fabiano jogou. Não foi mal. Sete meses parado e se movimentou razoavelmente. Fez o pivô, recuou para buscar a bola, chegou a tirar bons lançamentos. Mostrou a incontestável presença de área, não fez o gol por intervenções providenciais de Felipe e Alex Silva. Ainda assim, dá o que pensar a aposta desde o início num jogador fora de ritmo – que se sabia não aguentaria em nível razoável mais que um tempo. Para o bem do time, poderia ter entrado na segunda etapa. Pensou-se no marketing, na mídia, na renda. Parece que a vitória foi um tanto esquecida.
Sinal da baixa qualidade
Já disse acima que o Flamengo, antes da vitória de ontem, anotou só oito pontos em 33 disputados. Hoje, está com 44, a seis do líder Vasco, e não dá para dizer que, bem como o Fluminense, é carta fora da briga pelo título.
Quando um time do tamanho do Flamengo fica dez rodadas sem vencer e tem um aproveitamento no segundo turno digno de candidato ao rebaixamento, e ainda assim os que estão brigando pela liderança não conseguem se distanciar, a impressão que fica para este escriba é de que, na média, falta de qualidade.
Corinthians na briga pelo Brasileirão sem favoritos
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Desfalcado, combalido, “na UTI”, como definiu um jornal após a derrota para o Santos, o Corinthians foi a São Januário com medo de levar uma ensacada do Vasco, líder, embalado, com o “melhor jogador do campeonato da última semana”. Mas não foi nem de longe o que se viu no empate por 2 a 2 desse domingo. Foi um jogo equilibrado, mas em que os visitantes tiveram as melhores chances de marcar.
Surpreendente foi a atuação de Tite. Com dois desfalques fundamentais na frente, Emerson e Liedson, esperava que o treineiro mandasse Danilo para uma das pontas, Jorge Henrique na outra (a com o lateral mais perigoso do adversário) e William para a área brigar com os zagueiros. Pois quão surpreso fiquei eu ao ver um time, bem estranho: William e JH foram ans suas, mezzo meias mezzo atacantes, acompanhando os laterais. Alex e Danilo, na faixa central, tinham mais liberdade para atacar e eram o que de mais próximo o time tinha de atacantes de fato. Uma retranca, sem dúvida, mas que mostrou uma criatividade que eu não esperava de Tite. E que, em boa parte do tempo, funcionou.
No começo, o Vasco chegou com mais perigo, mas nada de grandioso. Até Dedé dar seu nome ao trocentésimo gol sofrido pela defesa alvinegra em jogada de escanteio (era o Chicão, o Wallace ou a organização para esse tipo de jogada que está errada?). Pouco depois, a alegria cruzmaltina diminuiu com um excelente contra-ataque que começou com improvável passe de 30 metros de Ralph para Danilo, que cruzou entre Fernando Prass e a zagueirada para Alex conferir. Tenho certeza que Tite sorriu ao ver sua ideia concretizada de forma tão clara.
O Timão passou a jogar melhor e poderia ter ampliado com Paulinho, que errou uma cabeçada na cara do gol. Mas foi o Vasco que marcou numa cagada do lado esquerdo da defesa paulista, onde Eder Luiz e Fágner, o autor do gol, fizeram estragos. Virou 2 a 1, mas Juninho Pernambucano, o mais lúcido vascaíno, sentiu contusão e saiu, o que era bom presságio.
O segundo tempo foi mais animado, com chances dos dois lados – mas as melhores para o Corinthians. William acertou o pé e mandou um cruzamento na cabeça de Danilo, que empatou. O camisa 7 ainda criaria outras oportunidades e perderia um gol na cara de Prass.
Tudo somado, os dois lados podem reclamar que mereciam a vitória. Mas, como já disse William Munny, “isso não tem nada a ver com merecer”. E, se alguém quiser considerar os dois confrontos diretos, o Timão fez 4 pontos contra 1 do Vasco. O que não quer dizer grandes coisas: pontos corridos não são resolvidos só nos jogos centrais. O que se deve comemorar é o fato de o time ter jogado bem mesmo desfalcado. Se continuar encontrando opções desse jeito e mantiver a pegada de decisão nos 11 jogos que faltam, o Corinthians pode aproveitar a tabela aparentemente favorável – cheia de candidatos ao rebaixamento e times em crise, pessoal em tese mais fraco, mas que joga com dez vezes mais vontade. Fato é que seguimos na briga até a última rodada. E outro é que dificilmente o certame se resolva antes dela.
sábado, outubro 01, 2011
Fluminense 3 X 2 Santos - Peixe faz a alegria de mais um carioca
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Neymar, Kardec e Borges. Nem sempre é o Santos quem ri por último |
quinta-feira, setembro 29, 2011
A nova posição de Ronaldinho Gaúcho
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Vi apenas o segundo tempo do jogo e, pelos “melhores momentos” do primeiro, parece que cheguei junto com o futebol. Meus colegas, mais competentes que eu, podem analisar o jogo, em post ou nos comentários. Eu mesmo queria só apontar algumas coisas que me impressionaram.
Primeiro a posição do Ronaldinho Gaúcho. Ele agora está se esmerando na arte de dar dribles fantásticos na antemeia-esquerda, ou anteponta, sei lá que nome tem aquela região do campo. Com o Neymar de ponta-esquerda e o Cortez apoiando na ala, o Gaúcho ficou recuado driblando e dando bons passes por ali, antes do meio campo, na sinistra, mais ou menos entre a quina da própria área e a linha central. E até que funcionou, porque justamente não tumultuou a zona de ação do Neymar.
Os dois gols brasileiros mostraram que há esperança no nosso futebol, pois foram gols de equipe, em que a bola foi ficando mais redonda a cada patada que recebia. O primeiro foi impressionante, a começar pelo drible inicial do Cortez, que de algum modo dá a velocidade e a inspiração para que a jogada continue, os toques perfeitos de Borges e Danilo, e no meio disso tudo, desde o início da jogada, cruzava o Lucas, que quando pega a bola numa posição dessas é mortal.
O segundo foi novamente uma limpada de terreno do Cortez, e o passe perfeito do Diego Souza para a, digamos, “trombada-arte” do Neymar, aquela jogada em que todo mundo se atrapalha e ele está ali para dar o toque que precisava.
Foram jogadas em que prevaleceu a qualidade. Chega a inflar o coração, mas aos poucos está parecendo que esta geração não vai deixar alternativa ao técnico da seleção senão investir no jogo bem jogado, pra frente, ágil e preciso. Mesmo que uns não queiram, certas verdades são irrefreáveis, pois se mostram com tamanha evidência que fica impossível reverter.
Será que as defesas brasileiras amadureceram? Será que agora já sabemos o que é defender e poderemos voltar àquela que acreditamos ser a vocação nacional, o futebol bonito, ofensivo, diagonal, oblíquo, imprevisível, elástico?
Simbolicamente, foi o Ronaldinho Gaúcho – que é artista mas sempre foi jogou mais pras câmeras que pro resultado, e de qualquer maneira é de uma geração em que os volantes é que eram “a alma” do time – que recuou e deu lugar deixou a dianteira pra molecada. E é gostoso ver isso acontecer diante da Argentina, mesmo que desfalcada, e mesmo tendo depois que ouvir o Galvão Bueno pela vigésima vez dizer que “ganhar é bom, mas ganhar da Argentina é muuuuuito melhor”, o que é o óbvio.
Ou será que sou eu que fui tomado de um acesso de otimismo num joguinho pouco mais que medíocre? Olha que eu nem bebi, que eu tô me curando de uma conjuntivite. Deve ser o colírio antibiótico.
quarta-feira, setembro 28, 2011
O machismo nosso de cada dia ou Gisele Amélia Bündchen
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Hoje a comunidade virtual brasileira está fervilhando com o debate sobre a legalização do aborto. O assunto começou por conta da Campanha 28 de Setembro pela Despenalização e Legalização do Aborto na América Latina e no Caribe, que inspirou posts em muitos blogs, feministas ou não.
José Dirceu, a cachaça e Merval Pereira
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Durante a festa de aniversário de dez anos da revista Fórum, o ex-ministro da Casa Civil no governo Lula, José Dirceu, esteve presente e o Futepoca conversou rapidamente com ele. Dirceu mostrou conhecimento na área de cachaça, tema caro a este blogue, e também comentou o caso Veja e a regulação da mídia, sobrando para o o mais novo membro da Academia Brasileira de Letras, Merval Pereira. "Agora, vamos esperar o livro que ele vai publicar", ironizou. Confira a entrevista abaixo:
Futepoca - Esse é um blogue de política, futebol e cachaça, mas vamos começar por um assunto sobre o qual o senhor fala menos: gosta de cachaça?
José Dirceu - Estou acostumado e acabo sempre tomando as mesmas, como a Germana, Boazinha, Indaiazinha etc. Mas existem muitas cachaças boas no Brasil, menos conhecidas, como Serra Limpa, Rainha, da Paraíba. Vale lembrar a Maria da Cruz, do ex-vice-presidente José Alencar. Hoje, também, as empresas não querem mais dar relógios de brinde e fabricam cachaças exclusivas para presentear, como a que faz a Odebrecht, é uma cachaça de qualidade, como muitos empresários produzem. Lógico que ela fica um pouco mais cara, o ideal é que toda a população tivesse acesso, porque a cachaça comum tem metais pesados.
Futepoca - Você falou que muitos empresários dão cachaça de presente, qual cachaça Veja daria?
José Dirceu - Com alto teor alcoolico e alto índice de contaminação por metais pesados.
Antonio Cruz/ABr |
terça-feira, setembro 27, 2011
Lula deve desculpas à elite ou A casa grande tem raiva
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O Eduardo Guimarães e o Rodrigo Vianna já falaram a respeito, mas é difícil ignorar esse assunto. É possível conhecer muitas pessoas, ainda mais no estrato social dos autores do Futepoca, que não gostam do Lula. Os motivos são variados: há quem faça críticas à esquerda; outros, à direita; alguns citam tolerância à corrupção; outros destacam contradições de seus dois governos. Tudo isso faz parte do debate democrático, e que bom que é assim.
Mas muitos dos “críticos” que conhecemos não enveredam por esse lado. Gostam de lembrar da origem social do ex-presidente, falam do seu jeito de se expressar, do seu português, da sua não-formação universitária. A desqualificação é baseada no preconceito, em uma suposta superioridade que o tal canudo da universidade confere a seu possuidor. Os antecessores de Lula provam que isso não é bem verdade.
Abaixo, a tradução do artigo Esclavistas contra Lula, de Martín Granovsky, feita pela Thalita Pires. O jornalista mostra perplexidade diante dos jornalistas brasileiros que elaboram perguntas que tentam emparedar Richard Descoings, diretor de Sciences Po, que concedeu o título Honoris Causa ao ex-torneiro. Vale ler e perceber como um argentino pode entender tão bem as motivações da elite do país vizinho. E do servilismo de parte da sua mídia em relação a essa mesma elite.
Os escravocratas contra Lula
Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula |
Não é difícil de pronunciar Sians Po. O difícil é entender, nesta altura do século XXI, como as ideias escravocratas permeiam as mentes das elites sul-americanas.
Esta tarde, o diretor da Sciences Po, Richard Descoings, entregará pela primeira vez o título de Doutor Honoris Causa a um latino-americano: o ex-presidente brasileiro, Luiz Inácio "Lula" da Silva. Descoings discursará, e Lula também, claro.
Para explicar corretamente sua iniciativa, o diretor convocou uma reunião em seu escritório na Rue Saint Guillaume, perto da igreja de Saint Germain des Pres, de onde se podiam ver castanheiros com folhas amareladas. Entrar na cozinha é sempre interessante. Se alguém vai para Paris para participar como palestrante em dois eventos, um sobre a situação política na Argentina e outra no das relações entre Argentina e Brasil, não é mau entrar na cozinha em Sciences Po.
Pensa o mesmo a historiadora Diana Quattrocchi Woisson, que dirige o Observatório de Paris sobre a Argentina contemporânea, é diretora da Instituto das Américas e foi quem teve a idéia de organizar atividades acadêmicas na Argentina e no Brasil, do qual também participou o economista e historiador Mario Rapoport, um dos fundadores do Plano de Phoenix há 10 anos.
Claro que, para ouvir Descoings, haviam sido convidados vários colegas brasileiros. O professor Descoings quis ser agradável e didático. A Sciences Po tem uma cátedra sobre o Mercosul, os estudantes brasileiros vão cada vez mais para a França, Lula não saiu da elite tradicional brasileira, mas atingiu o maior nível de responsabilidade no país e aplicou planos de alta eficácia social.
Um dos meus colegas perguntou não havia problema premiar quem se gaba de nunca ter lido um livro. O professor manteve a calma e olhou espantado. Talvez ele saiba que essa jactância de Lula não consta em atas, embora seja verdade que ele não tenha título universitário. Tanto é verdade que quando ele assumiu o cargo em 1º de janeiro de 2003, levantou o diploma dado aos presidentes do Brasil e disse: "Pena que minha mãe morreu. Ela sempre quis que eu tivesse um diploma e nunca imaginei que o primeiro seria o de presidente da república. " E chorou.
"Por que premiar um presidente que tolerou a corrupção?" foi a pergunta seguinte.
O professor sorriu e disse: "Olhe, a Sciences Po não é a Igreja Católica. Não entra em análises morais nem tira conclusões precipitadas. Deixamos esse e outros assuntos importantes, como a chegada da eletricidade em favelas em todo o Brasil e as políticas sociais, para o julgamento histórico." Ele acrescentou: "Hoje, que país pode medir outro moralmente? Se você quer levar a questão mais longe no tempo, lembre-se que um alto funcionário de outro país teve que renunciar por ter plagiado uma tese de doutorado de um estudante." Ele falou de Karl-Theodor zu Guttenberg, ministro da Defesa alemão até que se soube do plágio. Além disso: "Não desculpamos, não julgamos. Simplesmente não damos lições de moral a outros países."
Outro colega perguntou não havia problema em premiar quem uma vez chamou Muammar Khadafi de irmão. Com desculpas devidas, que foram expressas para o professor e colegas, a impaciência argentina levou a perguntar onde Khadafi tinha comprado suas armas e que país refinava petróleo, bem como o comprava. O professor deve ter ficado grato que a questão não citou, por nome e sobrenome, a França e Itália.
Descoings aproveitou para destacar em Lula "o homem de ação que mudou o curso das coisas" e disse que a concepção de Sciences Po não é o ser humano como "um ou outro", mas como "um e outro", destacando o et, que significa "e" em francês.
Diana Quattrocchi, como uma latino-americana que estudou e se doutorou em Paris após sair de uma prisão na ditadura na Argentina graças à pressão da Anistia Internacional, disse que estava orgulhosa de que a Science Po tenha dado o Honoris Causa a um presidente da região e perguntou quais eram os motivos geopolíticos para isso.
O mundo todo se pergunta", disse Descoings. "E nós temos que ouvir todos. O mundo ainda nem sabe se a Europa vai existir no ano que vem."
Na Science Po, Descoings introduziu incentivos para que alunos presumivelmente em desvantagem pudessem passar no exame. O que é chamado de discriminação positiva ou ação afirmativa, e parece, por exemplo, com a cota exigida na Argentina para que um terço das candidaturas ao legislativo sejam de mulheres.
Outro colega brasileiro perguntou, com ironia, se o Honoris Causa a Lula era um exemplo de ação afirmativa da Science Po.
Parte da elite daqui parece ter saudades de tempos idos |
Como Cristina Fernández de Kirchner e Dilma Rousseff na Assembléia Geral da ONU, Lula enfatizou que a reforma do FMI e Banco Mundial estão atrasadas. Ele diz que essas agências, como funcionam hoje, "não servem para nada". Os Brics (Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul) ofereceram ajuda para a Europa. A China sozinha tem o maior nível de reservas no mundo. Em um artigo publicado no El Pais os ex-primeiros-ministros Felipe Gonzalez e Gordon Brown pediram maior autonomia para o FMI. Eles querem que o organismo seja o auditor do G-20. Em outras palavras, eles querem o oposto do que pensam os Brics.
No meio dessa discussão, Lula chegará à França. É conveniente avisá-lo que, antes de receber um Honoris Causa na Sciences Po, ele deveria pedir desculpas para a elite do seu país. Um metalúrgico não pode ser presidente. Se por algum acaso chegou ao Planalto, agora deveria se esconder. No Brasil, a casa-grande das propriedades eram reservadas aos proprietários de terras e escravos. Então, Lula, agora silêncio, por favor.
A casa-grande tem raiva.
O original está aqui.
segunda-feira, setembro 26, 2011
A inquietação como um bom sinal no Tricolor
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Por Moriti Neto
Botafogo 2 x 2 São Paulo foi daqueles jogos de causar inquietação. Tanto melhor para o torcedor são-paulino, que vinha faz tempo aguardando uma partida menos previsível do time de coração.Neste domingo, no Engenhão, cada etapa foi de uma equipe. O Glorioso esteve melhor nos primeiros 45 minutos. Mais objetivo, criou boas chances, com direito a bola na trave de um Ceni já batido, e ataques muito velozes com Maicosuel pela esquerda do ataque. E exatamente por ali, aos 24, a bola chegou a Loco Abreu, livre, para abertura do placar: 1 x 0.
O marcador era merecido. O São Paulo tinha mais posse de bola, mas eram os botafoguenses que levavam perigo maior. Não demoraria muito para que o melhor mandante do campeonato ampliasse. Aos 38, Wellington faz pênalti em Renato. Na batida, Loco Abreu vence novamente Ceni e anota 2 x 0.
Inversão
O segundo tempo mostra um cenário inverso ao da primeira etapa. Não é mais o anfitrião deselegante que manda na partida. O visitante mais incômodo do certame é quem controla as ações.
Com Rivaldo em lugar de Juan – claramente atingido emocionalmente pela pressão da torcida adversária – Carlinhos Paraíba ocupa a lateral-esquerda. O Tricolor mantém a posse de bola, mas, dessa vez, ganha, de fato, o campo do adversário. Wellington e Denílson passam a marcar adiantados e bloqueiam as saídas rápidas do Botafogo. O esférico passa a girar com mais qualidade e o volume de jogo aparece.
Aos 15, no único contragolpe efetivo que os cariocas conseguem, Loco Abreu perde, embaixo da meta são-paulina, incrível chance de selar os destinos da peleja.
Henrique entra no lugar de Marlos. Funciona. Os paulistas, agora, além de mais inteligência na organização, têm uma referência no ataque.
Algumas oportunidades já haviam ocorrido, quando Cícero, aos 20, chuta de fora da área, o goleiro Renan rebate, e Henrique, como um centroavante deve fazer, mesmo caindo, diminui.
Daí para frente, o São Paulo pressiona, sempre com Rivaldo ditando o ritmo. O Botafogo se segura na marcação. Aos 46, uma falta perto da área carioca faz Ceni se deslocar até o campo de ataque. Ele bate. A bola viaja com muito efeito. O goleiro faz a assistência perfeita para o camisa 10, de cabeça, empatar.
No minuto seguinte, Lucas faz jogada em velocidade e a bola sobra para Rivaldo pela esquerda do ataque. Ele toca, tenta fazer um golaço por cobertura, e a redonda vai fora. Poderia até bater firme, cruzado, é verdade, mas, naquela altura, como criticar um jogador, que aos 39 de idade, num jogo duro, adverso, conferiu toda a lucidez que faltava ao Tricolor?
Bom resultado e mais clareza
Depois de um primeiro tempo que pintava a partida como um passeio botafoguense, o empate soou como vitória, até porque algumas coisas vão ficando mais claras no São Paulo: há esperança de jogar bom futebol – como mostrado em toda a segunda etapa – o talento de Rivaldo ainda pode ser decisivo em jogos difíceis (restando saber se é melhor colocá-lo de cara numa partida e esperar que manifeste o cansaço ou se ele entra para “salvar” em situações ruins) e o time que, desde março, é preparado para jogar com Luis Fabiano no ataque (vide a insistência de Carpegiani com Fernandinho, visando mais jogadas de linha de fundo) deveria ter apostado, há tempos, em alguém com características de área. Talvez Henrique. Talvez mesmo Rivaldo. Precisava era ter referência.
Vem aí o Flamengo, no Morumbi, e até o problema do comando de ataque tem boas perspectivas de solução. Luis Fabiano vai estrear e a casa estará cheia. Hora de inquietar os adversários.
sábado, setembro 24, 2011
Revista Fórum completa 10 anos
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Hoje a Revista Fórum comemora 10 anos e não poderia deixar de registrar o fato. O futepoquense Glauco Faria é o seu editor executivo e todos os integrantes e ex-integrantes do Futepoca estiveram um dia nas fileiras de frente da Fórum.
A Fórum nasceu inspirada no Fórum Social Mundial, em 2001, e tem feito jus à responsabilidade de ser um veículo qualificado com olhos e ouvidos abertos para os movimentos sociais, com pautas que não são abordadas em grandes veículos ou que neles aparecem com atraso e de maneira distorcida. Mas não só, a revista tem ampla pauta política, sobretudo nacional, mas com atenção especial à América Latina, e realizou algumas entrevistas antológicas.
No evento de hoje, 10 horas seguidas de debates e a reunião de muitos profissionais, amigos e consumidores da mídia independente deste país. Destaque para o debate sobre economia, às 17h, que reunirá o professor Ladislau Dowbor, o jornalista Luis Nassif e o presidente do IPEA e colunista da Fórum Marcio Pochmann.
Festa #Fórum10
24/set/2011
Local: Casa Fora do Eixo
Rua Scuvero, 282, Cambuci
Programação de Debates
10h: Que desafios democráticos nos impõem as novas possibilidades de comunicação?
Sergio Amadeu – Ativista digital, doutor em Ciências Sociais e professor da Universidade Federal do ABC
Ivana Bentes – Doutora em comunicação e diretora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (ECO-UFRJ)
Guilherme Varella – Graduado e mestrando em Direito pelo Largo São Francisco (USP), gestor cultural e músico. Atua com advogado do Instituto de Defesa do Consumidor ((Idec)
Pablo Capilé– Produtor cultural, idealizador e co-fundador do Espaço Cubo, em Cuiabá, um dos coletivos fundadores do Circuíto Fora do Eixo, em 2005.
Renato Rovai – Jornalista, mestre em Comunicação pela ECA-USP, midialivrista, blogueiro sujo e editor da Revista Fórum
Alexandre Schneider – secretário de Educação da cidade de São Paulo
11h30: juventude, ruas e rede: o desafio da política
Carolina Rovai – Estudante de Ciências Sociais e estagiária da Revista Fórum
Cauê Ameni – Estudante de Ciências Sociais e estagiário do site Outras Palavras
Lais Melini – Coletivo Fora do Eixo
12h: O Legado do Fórum Social Mundial e dos dias de Ação Global para a era das Redes
Henrique Parra – Professor Doutor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp)
Fábio Malini – Professor da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), blogueiro e ativista da Rede Universidade Nomade.
Lia Rangel – Jornalista, fundadora da Casa de Cultura Digital, foi coordenadora da TV Brasil, Canal Integracion e coordenou a experiência de jornalismo participativo no Roda Viva, da TV Cultura.
13h: Um século para impropriedades: o comum e o sustentável
Miguel S. Vieira: Editor – Graduado em filosofia e especializado em propriedade intelectual. Cursa doutorado em educação, sobre o tema “Bens comuns intelectuais e mercantilização”.
Ale Abdo – Cientista molecular e commonista praticante, pesquisador da Fiocruz, professor convidado do departamento de computação do IME-USP e organizador de cursos livres sobre colaboração e compartilhamento.
Rodrigo Savazoni – Ativista e realizador multimídia, fundador da Casa da Cultura Digital, diretor-geral do Festival CulturaDigital.Br (www.culturadigital.org.br), integrante do Grupo de Pesquisa em Cultura Digital e Redes de Compartilhamento da Universidade Federal do ABC.
14h: Orientação Sexual, gênero e um certo comportamento estúpido
Vange Leonel – cantora, compositora e escritora. Autora do livro Grrrls – Garotas Iradas.
Maria Frô – Historiadora e blogueira.
Tica Moreno – Organização Sempreviva Feminista, ONG que gerencia o escritório da Marcha Mundial de Mulheres (MMM).
15h: Política, movimentos e rede
Victor Farinelli – Jornalista, colaborou como correspondente free lancer na Argentina para diversos meios (Estadão, Lance, entre outros). Mora no Chile desde 2006, onde colabora com o portal Opera Mundi. Tem realizado reportagens sobre o movimento dos estudantes chilenos.
Bruna Angrisani – Jornalista, formada pela Universidade Católica de Santos, e pós-graduada em comunicação audiovisual pela Universidad de Santiago de Compostela. Atualmente reside em Barcelona, onde participou do Movimento dos Indignados e esteve nos acampamentos da Plaza Catalunya. Organiza o blog Naranja Orgánica.
Juan pessoa – Jornalista, participou da campanha de internet de Dilma Roussef, no Brasil, e de Ollanta Humala, no Peru.
Lino Bochinni: jornalista e blogueiro do Desculpe a Nossa Falha.
Debate 16h: Blogosfera política: seus efeitos e contornos
Luis Carlos Azenha – Jornalista e blogueiro.
Rodrigo Vianna – Jornalista e blogueiro.
Dennis Oliveira – professor da Universidade de São Paulo e blogueiro.
Eduardo Guimarães – representante comercial e blogueiro.
17h: De que economia estamos falando?
Luis Nassif – jornalista e blogueiro.
Marcio Pochmann – economista e presidente do IPEA.
Ladislau Dowbor – professor de Economia da PUC-SP.
18h30: O Caso Zara, imigração e trabalho escravo
Leonardo Sakamoto – Diretor da Repórter Brasil, blogueiro, jornalista e doutor em Ciências Sociais.
Paulo Illes – Diretor do Centro de Direitos Humanos e Cidadania do Imigrante (CDHIC).
Adriana Delorenzo – Jornalista, repórter da Revista Fórum e editora do blog das Cidades.
19h15: Arena livre e entrevistas com participantes da festa.
20h– mesa de encerramento com os provocadores e equipe da Fórum.
Reunião Paralela – Um site para São Paulo
Às 14h blogueiros e ativistas digitais paulistanos estão convidados para a reunião que vai discutir a criação de um novo site para São Paulo. Esse site vai tratar basicamente das questões de São Paulo e tem por objetivo ser construído de forma colaborativa.
Coordenação da reunião: Rodrigo Vianna, Glauco Faria, Adriana Delorenzo e Márcia Brasil.
Apresentação inicial do projeto: Renato Rovai
Esta reunião está fora da programação que será transmitida por questões técnicas.
sexta-feira, setembro 23, 2011
Um trago para vencer a morte
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Amanhecer na entrada do Vale do Elqui |
Com mais um punhado de casas, esta é Pisco Elqui. |
Nichos à esquerda, habitados pelos espíritos de manguaças ilustres. |
quinta-feira, setembro 22, 2011
O jogo do medo
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Por Moriti Neto
A base foi o medo na noite desta quarta-feira, no Morumbi. São Paulo e Corinthians fizeram uma partida aquém do que se espera de um Majestoso que tinha a liderança, mesmo que provisória, do Campeonato Brasileiro em disputa. O 0 x 0, não somente pelo placar, foi digno de nota das mais baixas. Para os dois times e técnicos.O jogo
Jogando em casa, o Tricolor até começou pressionando um Corinthians que, claramente, vinha com uma proposta defensiva, quase um ferrolho. Duas chances seguidas, antes dos 10 minutos de bola rolando, com Dagoberto e Lucas, deram a impressão de que o mandante daria tom ofensivo à metade em três cores do campo. Não foi o que se viu até o fim da primeira etapa.
Os visitantes congestionaram o meio e só saiam da defesa à base de reza braba. A não ser em raras tentativas de contragolpe, sem sequência é bom ressaltar, o Alvinegro permitiu que Ceni e até mesmo João Felipe e Rhodolfo fossem quase expectadores do fraco “espetáculo”.
No final da etapa inicial, Dagoberto ainda cobrou falta, Casemiro cabeceou na trave esquerda de Júlio César, e Piris, no rebote, chutou fora a melhor chance são-paulina. Foi pouco. Quase nada para quem aguardava um “clássico”.
O segundo tempo chega e já não há esperança de um jogo muito melhor. A justificativa se dá ao olhar para os bancos e enxergar Adilson de um lado e Tite de outro. Retratos de apatia e, pior, covardia. Se o treinador corintiano, desde sempre, apostou na postura defensiva, o são-paulino jamais abdicou dos três volantes, ainda que percebendo (???) o adversário satisfeito com o empate – em tese, o suficiente para adiar a queda do comando técnico. Aliás, apesar do jogo de baixa qualidade, pelo menos essa boa expectativa os corintianos tinham. Já aos tricolores, nem isso restava.
Daí até o final, o que se viu foi o São Paulo tendo duas chances criadas pelo volante Wellington, uma em chegada à linha de fundo e outra num bom arremate que pegou no lado de fora da rede, e um Corinthians com Emerson se matando no ataque, inclusive quase anotando de cabeça.
Encerrada a peleja, vaias dos 44 mil torcedores presentes ao Morumbi a uma das partidas mais fracas vistas num Majestoso nos últimos anos.
Algo muito errado
Rivaldo começou aquecimento aos 14 minutos da segunda etapa. Entrou aos 30. O medo de Adilson Batista não permitiu que sacasse antes o quase volante Cícero para colocar em campo o meia que poderia ter conferido alguma qualidade ao jogo se tivesse mais tempo. Erradamente, a aposta foi em Casemiro para armar. Já disse aqui que ele tem alguma qualidade para organizar jogadas, mas pode fazer isso eventualmente, já que não é, de fato, armador. Claro, Lucas prosseguiu isolado, de costas para a defesa adversária ou largado num dos lados do campo.
Dagoberto, para variar, sumiu em jogo importante. Isso já é histórico. As boas fases do camisa 25 sempre foram como coadjuvante. O atacante não pode, jamais, ser o elemento decisivo de uma equipe. Quando se depende dele para resolver, alguma coisa está muito errada.
Em dado momento, me peguei a pedir Marlos. Mais do que nunca, havia algo realmente indo muito mal. No entanto, ao acreditar que o meia/atacante, que, apesar da desinteligência, pelo menos tem talento para o drible, queria apenas quebrar o marasmo proposto por dois treinadores cagões.
quarta-feira, setembro 21, 2011
O choro em números
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terça-feira, setembro 20, 2011
20 de setembro, o dia em que o Palestra morreu líder e o Palmeiras nasceu campeão
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Por Paulo Donizetti
O palestrinos estavam com o São Paulo entalado na garganta. Segundo a reportagem apurou, a diretoria do jovem clube tricolor atuava forte nos bastidores não apenas para que o Palestra Itália mudasse de nome. Aproveitando o clima xenófobo vivido pela comunidade italiana em razão da Segunda Guerra, o desejo era que o time do então Parque Antártica fosse banido e que, de preferência, seu charmoso estádio fosse apropriado pelo clube do futuro Morumbi, então ainda em busca de endereço fixo.Era a penúltima rodada do Paulistão, os dois disputavam o título cabeça a cabeça. Para esquentar o clima de guerra, os futuros bambis preparavam apupos e vaias para quando o esquadrão palestrino adentrasse o gramado. Mas o time de Oberdan e Waldemar Fiúme foi a campo conduzindo uma bandeira brasileira, e as arquibancadas emudeceram, para em seguida irromper em aplausos. O jogo estava 3 x 1 quando o beque Virgílio derrubou Og Moreira na área aos 19 do segundo tempo. O árbitro assinalou o pênalti e expulsou o agressor. O São Paulo se retiraria de campo.
A data entrou para a história como Arrancada Heróica e ficou famosa como "o dia em que o Palestra morreu líder e o Palmeiras nasceu campeão". Lembro como se fosse ontem.
Foto: Reprodução
Foto do Palmeiras campeão
paulista de 1942. Consta que
Og Moreira foi o primeiro negro
a vestir a camisa do clube
Campeonato Paulista de 1942
Palmeiras 3 x 1 São Paulo
Data: 20/09/1042 - Pacaembu
Árbitro: Jaime Janeiro Rodrigues
Palmeiras - Oberdan; Junqueira e Begliomini; Zezé Procópio, Og Moreira e Del Nero; Cláudio Pinho, Waldemar Fiúme, Lima, Villadoniga e Echevarrietta. Técnico: Del Debbio.
São Paulo - Doutor; Piolim e Virgílio; Lola, Noronha e Silva; Luizinho Mesquita, Waldemar de Brito, Leônidas, Remo e Pardal. Técnico: Conrado Ross.
Gols: Cláudio Pinho aos 20, Waldemar de Brito aos 23 e Del Nero aos 43 minutos do 1º tempo. Echevarrietta aos 15 do 2º.
Paulo Donizetti de Souza é parmerista por influência da nonna, dona Marcelina (1918-2007), uma sábia. Jornalista, apreciador da plataforma temática do site, não é candidato a nada, seu negócio é madrugada e seu peito é do contra.
segunda-feira, setembro 19, 2011
De passado e de futuro: a sequência Tricolor
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Por Moriti Neto
A vitória do Santos sobre o Corinthians, o empate entre Botafogo e Flamengo e mesmo os resultados de Internacional (empate em casa) e Fluminense (derrota fora) foram ótimos para o Tricolor. Não dá nem para reclamar dos 4 x 0 do Vasco em cima do Grêmio, pois era esperado o triunfo carioca.
Não sou dos que acha que o clássico de quarta define o futuro do Tricolor na competição. O que decide, creio, é a sequência que começa por ele. Depois do Corinthians, tem Botafogo (fora) Flamengo (casa) Cruzeiro (fora) e Inter I(casa). Com a dificuldade das próximas cinco rodadas, se o time se sair bem, e com a volta de Luis Fabiano – que quando este texto era fechado acabava de marcar três gols no treinamento desta tarde – as perspectivas ficam bem interessantes.
domingo, setembro 18, 2011
Corinthians 1 X 3 Santos - Peixe tira Timão da liderança
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Após 17 (guarde esse número) rodadas seguidas e várias pelejas mal jogadas há pelo menos dois meses, o Corinthians saiu da liderança do campeonato brasileiro. A vitória do Santos no Pacaembu – a primeira derrota do Alvinegro paulistano após 17 (opa, olha ele aí de novo) clássicos no estádio, sendo que a última tinha sido para o próprio Peixe – fez o ex-líder cair para o 3º lugar, a dois pontos do Vasco e um do São Paulo.
Não cai, Neymar... Ricardo Saibun/Divulgação Santos FC |
Abraço não durou 17 segundos. Ricardo Saibun/Divulgação Santos |
Ao fim, o Santos completou sete partidas sem derrota, uma sequência de cinco vitórias e dois empates, somando... 17 pontos. Para esse santista, nascido num dia 17, foi um dia numerologicamente feliz.
sexta-feira, setembro 16, 2011
A Beleza Americana e o Uno primordial: o bar
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por Maurício Ayer
A poeira da pedra filosofal, o éter onde as esferas navegam em perfeita harmonia. Que elemento mágico permeia esses dois filmes, tão distintos para um observador que se apegue a detalhes inócuos, mas que qualquer ser dotado de sensibilidade poderá identificar como emanações de um mesmo princípio, desdobramentos da Ideia, do Uno universal, ou, por que não?, o que parece óbvio, o amor que move o sol e outras estrelas?American Beauty - Flying Bag
O mais bebado de todos - bebado caindo - olha o que a cachaça faz
O emo que chora diante da dança do saco plástico não se comoveria diante do balé deste inocente cowboy de Boituva (ou de outra paragem, que importa, falamos aqui da essência), bom selvagem que se entrega de corpo e alma ao movimento do universo, que corporifica em si mesmo o ponto de mutação, seguidor involuntário de Confúcio ou Lao Tsé?
Se o princípio do belo é um só, será que ao presenciar o emotivo discurso de seu vizinho enquanto assistem às brutas mas profundamente belas imagens da dança do manguaça a menina iria com igual ternura tomar-lhe a mão como sinal do amor nascente e beijá-lo, para aplacar qualquer dúvida que pudesse macular a pureza desse instante?
Somente um garçom pode fornecer imediatamente os elementos necessários para encontrar essas respostas.
Doutor Sócrates mais vivo do que nunca
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quinta-feira, setembro 15, 2011
No 0 a 0 de Brasil e Argentina, Galvão Bueno merece uma nota
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Durante a Copa do Mundo de 2010, todo mundo se divertia com o Galvão Bueno nas transmissões da competição. Mas era um se divertir ruim, sarcástico, cheio de críticas, do Cala boca Galvão no Twitter. Nenhum problema com essa modalidade de humor mal humorado.
Mas nesta quarta-feira, 14, minha diversão na transmissão foi diferente. Achei o tantas vezes odioso Galvão Bueno divertido mesmo. Teve momentos em que me ocorreu a ideia de que Galvão tivesse tomado um vinho de Mendoza durante a cena em Córdoba, antes de ir ao Estádio Mário Alberto Kempes. Ou um Fernet Bianco, para descontrair.
O cidadão me soou mais leve e bem menos pretensioso do que o normal. Admitiu que não sabia o número do Casemiro porque "na lista não tem", mandou o comentarista de arbitragem Arnaldo César Coelho pastar (por duas vezes), tomou uns pedalas de volta, reclamou dos bons tempos em que os jogadores eram revelados na várzea, lamentou a atuação do árbitro, disse que Neymar "apanhou da bola"...
Como não assisto nem acompanho Fórmula 1, em cujas transmissões, consta, abundarem asneiras, nem sei se foi exceção ou se anda sendo nova regra.
Claro que pintaram bobagens, elogios desnecessários ao Mano Menezes, comentários sobre o futuro de Neymar (incluinco "bronca" do técnico Mourinho e as pretensas necessidades de driblar menos e de ganhar mais massa muscular). E menção a um suposto medo dos argentinos durante o jogo. Mas foi bem mais agradável do que eu imaginaria.
Jogo chato
Apesar de o Brasil ter colocado duas bolas na trave, com Leandro Damião, o jogo foi chato. Claro, se não fosse assim, o Galvão Bueno nunca teria ido parar no topo deste post. O melhor teria sido se a bola tivesse entrado na chance com direito a carretilha do atacante do Inter. Mas a defesa mostrou fragilidades, mesmo com três volantes. Enquanto o meio e o ataque tiveram dificuldade de fazer jogadas e permitir que se chegasse com qualidade no campo de ataque.
A Argentina jogou pouca bola e teve pouca vontade e disposição para ganhar. Com um pouco mais de qualidade, e o marcador teria sido alterado para o lado dos hermanos.
A ideia de ressuscitar a Copa Roca é legal, apesar de a partida só com jogadores que atuam nos respectivos países ter uma terrível aparência de vitrine para vender jogador. Ainda mais num período de crise econômica nos países ricos com falta de grana para contratações.
Dá o que pensar a história de que o troféu foi criado com nome de cartola paraguaio, Nicolás Leoz, e desenhado por um artista uruguaio, Carlos Páez Vilaró. Seria Mercosul demais?
E a rivalidade entre Brasil e Argentina já foi bem mais nervosa do que hoje. Muita cordialidade para um confronto de tanta história e tanta rusga.