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O Futepoca tem o prazer de apresentar mais um Teste Cego de Cervejas. Nesta terceira edição, foram selecionadas marcas artesanais ou premium originárias de diferentes partes do Brasil. Com representantes do Minas Gerais, Pará, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo, foram testadas 10 amostras de nove marcas.
3º Teste Cego do Futepoca: Copa do Brasil
1. De novo, no barO bar era nosso. Devido ao sucesso na gestão dos copos da
edição passada, a cerimônia do teste novamente foi o
Espetinho da Villa, bar que serve, como sugere o nome, espetos. Não sei se pela gritaria ou se por causa do jogo entre
Palmeiras e Goiás, todos os outros clientes haviam partido.
Foto: Brunna Rosa
Mais uma vez, foi o proprietário do recinto, Alexandre, quem se encarregou da separação das amostras e até por consertar uma lambança da produção do evento – cometida por este ébrio avaliador e explicada mais adiante. Diferentemente das versões anteriores, foi o primeiro teste em que o paladar não foi influenciado pela fumaça de cigarro desde a implantação da
Lei anti-fumantes no estado de São Paulo. Como ninguém tem paladar tão apurado assim, vai saber se isso fez diferença.
2. Sete sóbrios sedentos pra 70 coposEm uma opção mais modesta, foram apenas sete avaliadores, sendo que um deles só conseguiu acompanhar a metade dos acontecimentos. O Espetinho da Villa novamente providenciou um copo por dose para cada ébrio. Novamente nas contas do DataFutepoca, foram 70 copos, dos quais apenas um se quebrou. Nossos intrépidos heróis foram:
Brunna, Carol, Glauco, Maurício, Nicolau, a minha pessoa e um convidado: o jornalista
Maurício Stycer, em meio a uma entrevista sobre seu livro
História do Lance!, também caiu na rede do
Futepoca (logo a entrevista será publicada na nossa
seção especial). O Nicolau testou apenas seis das 10 amostras.
Foto: Carol
Carol
não aparece
na foto. De
baixo em
sentido
horário, o
cabelo ruivo
da Brunna,
o Glauco,
Maurício, seu
xará Stycer
(o entrevistado),
e a minha pessoa.
Todos só na água
entre uma
amostra e outra.3. Só garrafa, muitos fornecedoresMais uma vez o teste se concentrou em brejas em garrafas de vidro, mas as embalagens tinham volumes diferentes. Parte foi comprada em supermercados, parte na
Tortula, único lugar em que encontrei algumas das concorrentes. Uma delas, a Bierland, de Blumenau-SC, veio pelo correio, numa gentil cortesia do
fabricante.
4. Nove pielsen, sendo uma orgânica, e uma lagerO critério de seleção esteve muito relacionado ao que foi encontrado. Uma pesquisa prévia na internet e o conhecimento acumulado por um aprendiz de apreciador de cerveja amador (quanta modéstia).
São listadas abaixo as participantes na ordem em que foram oferecidas com o volume do vasilhame, validade e teor alcoolico.
Aqui cabe uma nota. Comprei duas Eisenbahn diferentes e só depois descobri isso alertado pelo Alexandre. A pielsen normal e a versão orgânica, chamada de natural, participaram por acidente, quer dizer, não tinha percebido isso, achei – eita! – que tinha mudado o rótulo. Pior, a Natural tinha data de validade vencida fazia 27 dias. Desculpas aos avaliadores e à fabricante.
Vol.
355ml
600ml
355ml
600ml
500ml
355ml
600ml
355ml
1L
355ml
Validade17/12/2009
28/11/2009
19/01/2010
01/03/2010
19/02/2010
03/12/2009
08/02/2010
28/10/2009
05/02/2010
02/10/2009*
Teor alc.
4,8%
4%
4,8%
4,5%
5%
4,8%
5%
5,3%
5%
4,8%
5. Copo meio cheio. Ou muito cheioA dose a que foram submetidos os progressivamente embriagados avaliadores foram maiores do que em qualquer edição. Como eram menos numerosos, os copos vinham com pelo menos metade de sua capacidade ocupada. No caso da Dado Bier, veio até a boca – e ainda sobrou na garrafa.
Foto: Brunna Rosa
Como os intervalos foram mais regulares, ficou provado que isso não interfere no palpite da turma.
6. Formulário, três notas. Ou duas, ou umaA produção das fichas de registro das notas pela primeira vez mereceu o nome. O modelo está
aqui para as futuras gerações. Os guardanapos foram abandonados, mas o espírito se manteve como mostra a foto.
Fotos: Brunna Rosa

Convidados a analisar aparência e visual, aroma e sabor e uma nota geral, quase ninguém investiu em tudo isso. Então, novamente ficamos com uma nota só para a análise. Mas há registros preciosos como "notas de manteiga", "gosto de tutifruti" e "derrubei o copo" são algumas delas.
7. Cadê os resultados?A dinâmica foi a mesma. Nada de venda nos olhos, os avaliadores eram surpreendidos com copos sem identificação que ofereciam as cervejas em ordem definida pelo Alexandre. Apenas um dos analistas conhecia o conjunto de marcas, este que escreve.
Resultado do Teste cego Copa do Brasil do Futepoca
Média8,3
7,9
7,6
7,6
7,3
7,3
7,1
6,9
6,9
6,8
Carnavalesca8,4
8,0
7,7
7,4
7,4
7,1
6,9
6,8
6,8
6,6
Média normal é aquela em que se somam as notas e divide-se pelo número de avaliadores, todos com o mesmo peso. A carnavalesca é a consagrada na disputa de escolas de samba, em que a nota mais alta e a mais baixa são excluídas. Esta última se torna ainda mais necessária com a ausência de notas de um dos jurados em algumas das amostras.

a) A vencedora inconteste, Petra Aurum. As duas variedades pielsen da Eisenbahn surpreendem ao revesarem-se na segunda e terceira colocação, porque não foram bem – para uma artesanal – nas duas outras edições. A Cerpa, vencedora da
primeira edição, amarga até uma última colocação quando adotado o procedimento carnavalesco.
b) A vencedora foi a quinta oferecida, bem no meio. Rompeu-se a mística da oitava. A segunda e a terceira colocadas foram servidas como começo e encerramento dos trabalhos.
c) Bierland, gentilmente oferecida pelo produtor, foi a mais prejudicada quando a média carnavalesca entra em ação. Isso quer dizer que houve mais divergência nessa nota.
d) O troféu paladar-ranzinza ficou com o Glauco, titular do posto de mais rigoroso nas outras edições, com média de 6,5 para as geladas. O mais generoso na avaliação foi o Maurício, com 8,1.
e) Como era menos gente, parece ter havido menos influência entre os degustadores.
f) A média geral ficou em 8,3 contra 8,4 da carnavalesca, bem superiores às outras edições, quando a coisa ficou na casa do 6. Melhor qualidade ou maior generosidade?