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quarta-feira, setembro 11, 2013

Santos pragmático vence Internacional fora de casa

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Eu sei que o DNA do Santos é jogar bonito, mas a torcida não gosta de ver o time namorando com a zona de rebaixamento, gosta de ver namorando com o g4. A gente tem que buscar coisa grande. Às vezes os jogadores que tem essa qualidade técnica, mas não tem rodagem, sentem um pouco.”

Era com essa declaração que o técnico Claudinei Oliveira assumia, após a partida contra o Goiás, início da maratona de quatro partidas em oito dias do Santos, sua opção por um esquema de jogo mais, digamos, cauteloso. Ontem, contra o Internacional, em Novo Hamburgo, tal opção estava evidente desde o início. Sem poder contar com Montillo e com Pedro Castro e Léo Cittadini não tendo ainda convencido, o meio de campo tinha os volantes Alan Santos e Alisson, e os “meio-volantes” Cícero e Leandrinho.

É preciso entender o contexto de transição do time, e Claudinei, ex-técnico da base, conhece o potencial dos jogadores que tem em mãos e sabe que alguns ainda vão precisar entrar em campo mais vezes para ganharem confiança. Contudo, às vezes o treinador exagera no defensivismo quando atua fora de casa, como ocorreu na partida contra o Bahia. Ontem, no entanto, teve a seu favor com a inteligência de Thiago Ribeiro à frente, decisivo nos lances capitais do jogo.

Além disso, Claudinei contou com o que talvez possa se chamar de sorte, pelo menos na peleja de ontem. Alan Santos se contundiu e deu lugar a Renê Júnior, volante que apareceu bem no início do ano mas logo foi preterido por Muricy, nunca mais voltando a atuar da mesma forma. Mais rápido que o jovem, Renê jogou uma partida interessante, a despeito de errar um ou outro passe, e deu opção de saída de bola para o Alvinegro.

Até o meio do primeiro tempo, o Internacional tentava, mas não conseguia criar oportunidades diante da sólida marcação santista. O Peixe também não criava, tocava a bola e mantinha o controle, tanto que terminou o primeiro tempo com 55% de posse da redonda. Mas, exceção feita a uma chance logo aos 2 minutos, com Giva, os visitantes eram pouco efetivos à frente, o ataque seguia isolado. Tanto que o primeiro gol saiu de um lance no qual Giva, que sairia minutos depois também contundido, cavou um escanteio por pura falta de opção do que fazer com a bola, lembrando o lendário atacante pela ponta irlandês Duff, craque nesse tipo de arte. E, da jogada, saiu o gol. Cícero deu uma casquinha e Thiago Ribeiro fez um gol de centroavante-centroavante.

Thiago Ribeiro comemora com Alison (Reprodução)
A equipe continuou trocando passes e os donos da casa sofriam com um meio de campo pouco criativo, dependente de D'Alessandro. Mesmo assim, criaram uma boa chance, uma finalização de dentro da área de Otávio, defendida magistralmente por Aranha. O arqueiro ainda salvaria o Peixe direcionando uma bateria antiaérea contra o bombardeio colorado na área no fim da etapa inicial, um temporal de chuveirinhos.

Estrela de Claudinei e pênalti questionável

Dunga voltou com o mesmo time para o tempo final, mas logo promoveu duas mudanças: colocou Caio na vaga de Scocco e o meia Alex no lugar do volante Jackson. O Colorado veio pra cima, principalmente à base de cruzamentos, e tornou o clima tenso para o torcedor peixeiro, comandando as ações da peleja. Mas, aos 20, Thiago Ribeiro sofre falta. Claudinei faz sua última substituição, a primeira “não forçada”, e coloca Renato Abreu no lugar de Leandrinho. No primeiro toque na bola, na cobrança da falta aos 21, Abreu contou com a barreira malfeita dos donos da casa para fazer o segundo, seu primeiro pelo Alvinegro.

O que se viu depois disso foi um Internacional desnorteado. A afobação, combinada com uma “pilha a mais” que às vezes caracterizava a seleção treinada por Dunga, em especial naquela partida contra a Holanda, piorou e o jogo dava mostras de favas contadas. Até o juizão Marcelo de Lima Henrique ver um pênalti, aos 30, na disputa de bola entre Alison e Caio, com a bola resvalando na cabeça do atacante gaúcho e tocando seu braço. O comentarista Batista, no PFC, justificava o pênalti dizendo que a bola “ia em direção ao gol” (ia mesmo, fraca). Mas o que diz a regra?

Será concedido um tiro livre direto a equipe adversária se um jogador comete uma das seguintes seis (06) faltas de uma maneira que o árbitro considere imprudente, temerária ou com o uso de uma força excessiva:

(…)
- tocar a bola com as mãos deliberadamente (exceto o goleiro dentro de sua própria área penal).

Sobre o tema, esse post do ex-árbitro Leonardo Gaciba, para ser mais didático:

Vamos aproveitar e “matar” algumas lendas que foram criadas para a interpretação de mão. NÃO EXISTE ABSOLUTAMENTE NADA ESCRITO a respeito de:
- Falta pois desviou a bola que iria em direção ao gol;
- Falta pois se a mão não estivesse ali a bola passaria ou ficaria para outro jogador;
- Os braços estavam abertos. Então foi mão;
- Ele foi imprudente no lance por isso deve-se marcar mão;

Nesse outro post, Gaciba ainda completa:

A FIFA colocou nas interpretações das regras do jogo e diretrizes para árbitros o seguinte texto auxiliar para facilitar a compreensão do que é mão deliberada.
Lá está escrito que o árbitro deverá considerar as seguintes circunstâncias:
- O movimento da mão em direção a bola (e não da bola em direção a mão);
- A distância entre o adversário e a bola (bola que chega de forma inesperada);
- Ainda, lembra que a posição da mão não pressupõe necessariamente uma infração (deve-se analisar se o movimento ou a posição dos braços são naturais, forçados pelo deslocamento no campo de jogo ou se ali estão em uma ação de defesa);



Ou seja, Alison já subiu com o braço levantado, movimento natural de quem vai para o cabeceio, entender que ele fez um movimento intencional em um átimo de segundo após a bola resvalar em sua cabeça é muita interpretação pra qualquer um... Mas tudo bem, lance difícil, tem que se tomar a decisão na hora e numseiquelá numseiquelá numseiquelá.

Voltemos ao jogo. D'Alessandro cobrou e fez. O Inter voltou pra partida de corpo e alma e passou a acuar os visitantes, que antes já estavam colocando o pé na mesa de centro da sala e agora ficavam confinados na cozinha. E é aí que aparece novamente Aranha. Em uma bola mal recuada por Cicinho, Leandro Damião chega cara a cara com o goleiro que faz uma saída mais que perfeita evitando o gol.

Com a entrada de Rafael Moura, aos 35, Dunga consolidou a opção preferencial por cruzamentos incessantes na área santista para buscar o tento de empate. Até porque, na hora do aperto, todo mundo apela para um pouco de Muricybol... Foram 40 cruzamentos colorados na partida, 33 errados, contra 6 do Santos, de acordo com o Footstats.

A peleja ainda reservaria a expulsão do arredio Fabrício, uma chance desperdiçada por Caio e uma bola na trave de Thiago Ribeiro. Em resumo, contaram para o Santos ontem a estrela/sorte do técnico, o jogo taticamente perfeito de Ribeiro e a grande forma de Aranha. Agora, ainda com uma partida a menos a ser disputada contra o Náutico, o Santos está em sétimo lugar, a seis pontos do G-4 e distante nove da zona de baixo. Vitória parcial do estilo pragmático.

Milésimo gol de Túlio. O que já era piada, ganhou um pouco mais de graça...

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Se para muitos o milésimo gol de Túlio Maravilha já é motivo de piada, a situação ficou um pouco pior após um trote recebido pelo atleta em um programa local do Espírito Santo. O jogador marcou o que seria seu 999º tento pelo Vilavelhense, mas saiu do clube sob alegação de atraso no salário.

No trote abaixo, ele tenta negociar com o o que seria um clube de bairro, o Barcelona da Serra, também do do Espírito Santo. E pede R$ 500 mil para fechar negócio. No entanto, a negociação não sai como esperado...



(Via Igor Carvalho)

terça-feira, setembro 10, 2013

Pode não ser 'salvador da pátria', mas é manguaça!

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- Opa! Meia dúzia no 170!
Se Muricy Ramalho vai ou não salvar o São Paulo do rebaixamento no Brasileirão deste ano, ninguém sabe. Mas o torcedor manguaça fica orgulhoso ao ler uma declaração como essas, na coletiva de sua (re)apresentação, sobre os três meses que ficou parado, depois de ser demitido do Santos:
"A saúde está bem, fiquei esse tempo todo sem fazer nada, tomando cerveja, sem stress, em Ibiúna."
Grande Muricy manguaça! Não foi à toa que, em março de 2011, quando o (então) presidente do Santos, Luís Alvaro, decidiu contratá-lo, "apelou" dessa forma:
"Quando ele quiser, acertamos isso tomando caipirinha e comendo um camarão."
Não deu outra: Muricy aceitou logo em seguida. E já deve ter tomado mais algumas com o Velho Barreiro, digo, Juvenal Juvêncio, que também entorta (muito) o bico!

Muricy e São Paulo: uma história de sucesso pode se repetir?

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No fim de novembro de 2008, um post do parceiro Bla Bla Gol saudava o tricampeonato brasileiro do São Paulo e, na ocasião, fiz o seguinte comentário:

Mudando um pouco foco dos comentários sobre arbitragens, não acho o São Paulo o clube mais bem administrado do mundo. Do Brasil, certamente, mas pouca coisa acima dos demais. O sucesso tricolor tem nome e sobrenome: Muricy Ramalho. Não é coincidência ser o único treinador tricampeão brasileiro (seria tetra, se não fosse o duvidoso torneio de 2005). O mérito do pessoal do Morumbi é conseguir mantê-lo à frente do time. Técnico que mantém a estabilidade e que possui o elenco na mão tende a ganhar quando o campeonato é por pontos corridos. Mas vamos ver se esse “Super São Paulo” vai longe na competição que ele mais ama, a Libertadores…

Passaram-se quase cinco anos e Muricy volta ao Morumbi. O clube, cujo trabalho da diretoria, basicamente em contratações, estava de fato um pouco acima dos demais à época, descambou. A embriaguez (opa) do sucesso e os elogios recorrentes da imprensa mascararam as falhas, sanadas por um tipo de esquema de jogo, apelidado pelos mais críticos de “Muricybol” que era eficiente, pois trazia títulos, algo que qualquer torcedor adora. Mas tinha limites, como acabou evidente nas competições de mata-mata que o clube disputou.

Tais limites eram menos culpa de Muricy, que adaptou um sistema àquilo que tinha na mão, se acomodando com contratações as quais o clube não pagava pelos direitos federativos, estilo elogiado então. Com a saída do treinador, que era quem indicava boa parte dos atletas, o São Paulo nunca mais se achou. A cobertura generosa da imprensa fazia o torcedor acreditar que cada vinda de jogador era certeza de sucesso. Assim, escutei na rádio comentarista defendendo Rodrigo Souto na seleção (!) e elogiando contratações de “jogadores de peso” como Léo Lima (!!), Marcelinho Paraíba (!!!) e outros similares que seriam tratados como refugo em qualquer outra equipe. Mas não no Morumbi...

Desde a saída de Ramalho, passaram Ricardo Gomes, Sérgio Baresi, Paulo César Carpegiani, Adilson Batista, Emerson Leão, Ney Franco, Paulo Autuori e, vez por outra, Milton Cruz. Tirando o primeiro, que chegou a disputar o título de um Brasileiro quase até o final, no primeiro ano sem títulos desde 2004. Depois, só a Sul-Americana de 2012 que, convenhamos, não é aquele título que faz você colar o poster do time na parede e nem te dá desculpa pra chegar atrasado no dia seguinte no trabalho. Para o Santos, o seu similar, a Copa Conmebol, não serviu nem pra tirar o time da fila.

Durante esse período, caiu o mito da diretoria superior, que contratava bem e dava respaldo ao técnico, sem trocá-lo por qualquer acidente de percurso. Muricy, por sua vez, foi campeão brasileiro pelo Fluminense, da Libertadores pelo Santos, e bi paulista na Vila, passando a impressão de que, de fato, o São Paulo havia se precipitado ao demiti-lo em 2009, ainda que a apatia da equipe que caiu na Libertadores daquele ano fosse um sinal de desgaste do treinador.

Agora, o ato de desespero de uma diretoria que negou Muricy há pouco mais de dois meses é a velha tática de quem perdeu o rumo, jogando-se toda a responsabilidade nas costas de um técnico. Que aceita. Mesmo assim, olhando para as glórias que vêm do passado conjunto de treinador e clube, o torcedor pode ficar esperançoso. Até porque o time tem que conseguir nove vitórias nos dezenove jogos que lhe restam, um aproveitamento aceitável para um clube do tamanho do São Paulo. 

O porém da escolha é que nem Muricy e nem o clube são os mesmos de cinco anos atrás. O Dom Sebastião do Morumbi saiu da Vila Belmiro como uma quase unanimidade negativa, por sua apatia na reta final de sua passagem e também por não conseguir dar padrão de jogo ao Santos durante meses, sempre dependendo de um lance genial de Neymar para salvar o time. O comandante também não vai contar com diretores que lhe garantam tranquilidade nos gramados, tornando o desafio um pouco mais penoso.

Uma mostra da atual fase de Muricy é o próprio comportamento do técnico. Não se repetiu agora o estilo de negociação arrastada que marcou suas idas para Palmeiras, Fluminense e Santos. O treinador, que sempre bateu no peito para dizer que não negociava com clube que tinha técnico, fechou no mesmo dia em que foi anunciada a saída de Autuori do Morumbi. E dois dias depois de declarar que provavelmente não comandaria nenhum time na atual temporada. “Neste momento não vai aparecer coisa boa. Fico pelo menos dois, três anos em cada time que passo." E ainda falou, sobre o fato de não ter ido para o São Paulo quando Ney Franco foi demitido. “Eu sei bem o que aconteceu, estou no futebol há muito tempo e não preciso especular. Mas não fiquei aborrecido. Às vezes também não era bom eu ir para lá, não ia me dar bem com algumas pessoas.”

Futebol é dinâmico mesmo.

segunda-feira, setembro 09, 2013

Muricy Ramalho é o novo técnico do São Paulo

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De acordo com o comentarista Vitor Birner, o São Paulo teria demitido Paulo Autuori e contratado Muricy Ramalho para seu lugar. Às 18h15, a informação ainda não havia sido confirmada oficialmente, mas a repercussão no Twitter já vale a pena ser divulgada:


Agora só falta o Muricy pedir o Jorge Wagner pra alçar bola na área de 2 em 2 min. e estamos livres da série B.

"Muricy vai salvar a gente". Quando o Muricy chega como o seu SPECTROMAN, é que a parada está séria. E eu entendo, o nosso foi PAPAI JOEL

Ney Franco, Autuori e Muricy. Três profissionais totalmente diferentes. O SP sabe bem o que quer no Brasileiro

Incrível a criatividade do São Paulo. Mas vai ser ótimo ver esse time cair com o Muricy e encerrar de vez a grande mentira.

Minha previsão de público para quinta-feira aumentou de 5 mil para 8 mil. Efeito Muricy.

Mesmo amando Muricy, é claro e nítido que a diretoria tá perdida! Não sabe mais em que apoiar. Que ele traga os bons tempos de volta!

Muricy é a última chance de salvar o São Paulo. Acredito nele... e que vai conseguir.

"Muricy não vai resolver nossos problemas dentro de campo mimimimi" Autuori também não estava resolvendo. E entre os dois, prefiro o Muricy!

Primeira atitude do Muricy; o time não pode mais tomar gols, vai retrancar o máximo. Não perde mais...porem não ganha! rebaixa assim mesmo

De longe, mas isso do Muricy agora no SP me lembra um pouco as idas e vindas de Leandro Campos no ABC. A conferir.

O Muricy é o novo técnico do São Paulo? Nossa! Mas o não tinha dito q ele ía pro Inter? "Ta cheio de zé ruela desinformado por ai"

'Um jeito ianque/ De São Paulo...'

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 Vaga-bundando pela rede social Fêicibúqui no fim de tarde desta segunda-feira, me deparo com um depoimento surpreendente do músico, cantor e compositor Alceu Valença (foto):
"Mais uma vez me disponho a escrever sobre um assunto que pela rapidez com que as notícias se tornam caducas em nossos tempos, não deveria voltar a comentá-lo. Acontece que ontem, conversando numa roda de amigos em um bar em São Paulo sobre a espionagem americana no Brasil, eis que sou surpreendido por um vizinho de nossa mesa que entrou no nosso papo sem ser chamado e tentou justificar a arapongagem americana como algo necessário e fundamental para o resto do mundo, argumentando que o que levava a interferência do governo Obama, era evitar possíveis ataques terroristas no Brasil e no resto do mundo. Sabemos que a rede privada da Petrobrás foi invadida, lhe perguntei sorrindo: '- Você acredita que haja terroristas nos quadros na nossa empresa de petróleo?' E o rapaz, imediatamente, me respondeu: '- Os terroristas estão infiltrados em todas as nossas empresas públicas!!!' E acrescentou, fechou seu raciocino: '- Nossa presidenta não foi terrorista!? Logo, o serviço de inteligência americano está de olho no Brasil, e com toda razão, por causa dela.' Gostaria de saber a opinião de vocês. Comentem o caso de acordo com suas crenças." - Alceu Valença
Tudo bem que, como já disse ao Futepoca o ator José Dumont (neste post aqui), "O bar é o grande ato politizador. Porque, se eu não escuto opinião, como vou mostrar a minha?" Ou seja, todo mundo tem o direito de pensar e se expressar como quiser (se bem que invadir conversa alheia seja falta de educação). Mas me parece sintomático que tal cena, descrita pelo nordestino Valença, tenha acontecido na cidade de São Paulo. É óbvio que gente conservadora, reacionária, paranóica e americanófila existe em qualquer ponto desse Brasil varonil. Mas é a capital paulista justamente a mais decantada como "cosmopolita", "miscigenada", "aberta", "progressista", "moderna" etc etc. São Paulo, capital, onde nordestinos, negros e pobres sofrem um preconceito atroz, onde homossexuais são espancados em plena região da Avenida Paulista, onde os moradores de Higienópolis tentam recusar uma estação do Metrô para não atrair "gente diferenciada", onde a Polícia Militar do PSDB bate, prende, atropela, atira e joga bombas contra manifestantes. Por esse prisma, os simpatizantes de Obama e da espionagem institucionalizada acabam sendo o menor dos problemas...

E o episódio narrado me lembrou uma música do Premeditando o Breque:

"O clima engana/ A vida é grana/ Em São Paulo (...)
Gatinhas punk/ Um jeito ianque/ De São Paulo..."


Quando se diferencia o homem do menino

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Craque incontestável: aos 35 anos, Alex enfia Ganso, 12 anos mais novo, no bolso
O São Paulo perder para o Coritiba no estádio do adversário é resultado óbvio, nem merece outras considerações. Estranho seria se tivesse conquistado um (miraculoso) empate, como ocorreu contra o Corinthians, no Pacaembu, e contra o Botafogo, no Maracanã. Como disse outro dia, o único time mais fraco que o São Paulo, neste campeonato, é o Náutico. Todos os outros são mais fortes.

Agora, diante de mais uma bela exibição do mestre Alex, gostaria de recuperar o que escrevi em 26 de janeiro deste ano, quando o repatriado meia reestreou pelo Coritiba:
Em setembro de 2012, depois de longa "novela", o São Paulo acertou a contratação de Paulo Henrique Ganso. Fiquei feliz, claro. Mas, logo em seguida, no início de outubro, o meia Alex anunciou sua saída do Fenerbahçe, da Turquia, e avisou que voltaria ao Brasil. Fiquei chateado. Porque, com a contratação de Ganso, dificilmente o meu time se meteria no "leilão" por mais um grande jogador da posição. E porque, apesar do ex-santista ser muito jovem e ainda poder jogar muito mais tempo (e possivelmente dar grande retorno financeiro quando sair do clube), eu prefiro Alex. Sim: na minha seleção brasileira, o veterano meia, que encantou palmeirenses, cruzeirenses e turcos, seria titular absoluto. Mesmo ao 35 anos.
 Pois então: sete meses depois, Alex enfia o São Paulo no bolso e confirma palavra por palavra tudo o que escrevi. Fica a pergunta: CADÊ PAULO HENRIQUE GANSO?!? Alguém o viu? Ele entrou em campo ontem? Pois é. Alexsandro de Souza, prestes a completar 36 anos no dia 14 de setembro, é o terceiro maior artilheiro do Brasileirão, com 9 gols, e um dos principais responsáveis pelo Coritiba ocupar a 7ª posição na tabela, a apenas 6 pontos do G-4. Paulo Henrique Ganso, prestes a completar 24 anos no dia 12 de outubro, não tem UM gol sequer na competição e, com sua apatia e sumiço dentro de campo, é um dos responsáveis pelo São Paulo ocupar a 18ª posição, apresentando um futebol digno de rebaixamento para a Série B. Como costuma dizer o camarada Glauco, "é nessas horas que se diferenciam os homens dos meninos". Feliz de quem preferiu investir no Alex...

Drink rolando (1)

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“Para comemorar a vitória ou consolar a derrota, conhaque Presidente”, dizia um antigo comercial da tevê e do rádio. Beber o morto ou à saúde (dos vivos, é o mínimo que se espera), tomar coragem ou uma providência, beber para não roer (tanto) as unhas, pra entrar no clima, esfriar a cabeça ou aquecer os ânimos, até mesmo pra esquentar os tamborins.

Mais do que qualquer outro esporte (pelo menos que eu conheça), o futebol combina muito com a manguaça. E por que não dedicar um drink especial ao time do coração? Um drink realmente especial, que dilua com gelo a tradição, a arte e o amor que são a alma do clube do coração.

“Por que não?” é o lema do manguaça. Afinal se for explicar “por que sim” a cada vez que resolver beber vai tocar em delicadas e desnecessárias questões morais que facilmente se desfazem diante de um gentil drible retórico, seguido do prazer do primeiro gole. É a vitória da imanência, diria o filósofo, mas quem há de negar que um drink bem feito e corretamente servido transcende o mero prazer hedonista e leva o indivíduo a acreditar mais no ser humano, em si mesmo e, sem dúvida, no camarada ou na companheira ao alcance de uma prosa?

Pois bem, o Futepoca lança aqui uma nova série exclusiva, a Drink rolando, com a criação de coquetéis originais, inspirados no seu time do coração. E vai com a receita para você fazer e degustar em sua própria casa.

E o primeiro homenageado é o alvinegro que, como o meu Corinthians no ano passado, em 2013 extirpou de sua nação o tabu de não ter ainda vencido a Libertadores da América. O Atlético Mineiro mostrou um futebol ágil, bonito de se ver, sob a liderança do veterano e então desacreditado Ronaldinho Gaúcho – que já foi melhor do mundo e conduziu o Barcelona à conquista da Champions League –, acompanhado da competência do pequeno notável Bernard, dos matadores Jô e Tardelli e todo um respeitável elenco.

Quem comanda a rodada é o mestre da coquetelaria Leandro Nagata. Proprietário da Trattoria Nagattoni (que fica na estrada entre Taubaté e Campos do Jordão), é natural de Jápoli, em algum lugar na fronteira entre a Itália e Japão. Pratica jiu-jitsu e é apaixonado por futebol, corintiano desde o nascimento e sarrista eterno.

O maestro Nagata criou o coquetel Galibertas, uma tabelinha criativa com o tradicionalíssimo rabo de galo, introduzindo notas cítricas da liberdade que está na bandeira de Minas e no nome do campeonato continental.

Um coquetel refrescante, de pouca persistência, redondo e agradável. Harmoniza perfeitamente com um tutu de feijão, arroz, couve refogada e bons nacos de pernil cozidos com cebola. Cada trago de Galibertas convida a mais um bocado do prato, e a recíproca é verdadeira. Pode-se substituir o pernil por torresmos crocantes e suculentos, e o resultado continuará excelente, mais ou menos como substituir Jô por Tardelli, e vice-versa, na ponta-de-lança do ataque.

Galibertas

O rabo de galo do Galo campeão da Libertadores

Com vocês, o Galibertas. Santé! 

INGREDIENTES

50 ml de cachaça branca. Não preciso dizer que, no caso, é de bom tom usar cachaça mineira. 25 ml de vermute tinto – pode ser Martini, Cinzano ou Contini. 15ml de Cointreau, para relembrar a inspiração francesa da Inconfidência Mineira, donde nasceu o lema “Libertas Quæ Sera Tamen” que contorna o triângulo da bandeira do estado de Minas Gerais [o Cointreau pode ser substituído por Curaçau triple sec ou licor de laranja transparente, que vai dar certo]. Para completar, 10 ml de suco de limão e 2 gotas de molho de pimenta, que é pra lembrar os comentários picantes do Gaúcho depois de cada provocação que recebeu ao longo do campeonato. Gelo a gosto.

MODO DE PREPARO

Colocar todos os ingredientes em uma coqueteleira e bater vigorosamente, servir em um copo americano. Decorar com um gomo de limão dentro do copo.

Agora é com você, caro torcedor do Galo, admirador do Ronaldinho Gaúcho, ou simplesmente um bêbado liberto e esperto que não vai dispensar o prazer de provar um drink diferente. Faça o seu e, por gentileza, descreva suas impressões nos comentários. 

Até o próximo brinde!

sexta-feira, setembro 06, 2013

Para aprender com os uruguaios até sobre cerveja gelada

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O Uruguai, país de 3,4 milhões de habitantes, vem dando demonstrações de medidas progressistas, como a regulamentação da união homoafetiva (casamento gay) e a descriminalização da maconha, entre outras. Antes, em 2003, ao rejeitar o fim do monopólio sobre os hidrocarbonetos e o petróleo, controlados pela estatal Ancap, garantiram também a continuidade da presença do Estado na economia, já que a Caba S/A, divisão de álcool da companhia, produz também bebidas como uísque e conhaque (uma precursora do Manguaça Cidadão).

Apesar de não vencer uma Copa do Mundo desde 1950, há muito o que aprender com este pequeno país do Cone Sul do continente americano. O amigo e jornalista Vitor Nuzzi esteve em Montevidéu para visitar o Estádio Centenário, assistir ao Peñarol e usufruir de outros atrativos da cultura gaucha e uruguaya e envia mais uma lição.

Foto: Vitor Nuzzi, de Montevidéu, Uruguai

Em um quiosque que vende de fotos 3x4 para documentos a cerveza helada, mostra que nem só de vinhos Tannat, asado e dulce de leche vivem os conterrâneos de Alcides Ghiggia e Diego Fórlan.

8ª derrota em 18 partidas; Ceni perde 3º pênalti seguido

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Dessa vez, vou cravar a verdade nua e crua: o São Paulo perdeu ontem (a 6ª derrota dentro do Morumbi nesta competição!) pura e simplesmente porque É MAIS FRACO do que o Criciúma. Ponto. Da mesma forma que venceu o Náutico porque, no Brasileirão, o time pernambucano é o ÚNICO inferior à equipe treinada por Paulo Autuori. Pode-se dizer, assim, que Ponte Preta, Portuguesa e Fluminense estão mais ou menos no mesmo nível que o São Paulo. E que Flamengo, Santos, Vitória, Bahia e o já citado Criciúma são ligeiramente superiores. Resultados como a vitória sobre o Fluminense e o empate com o Flamengo foram, portanto, perfeitamente razoáveis. Os pontos fora da  curva foram os empates com Corinthians e Botafogo, que, ao que parece, aconteceram muito mais por partidas ruins de ambos os adversários do que pela realidade do São Paulo.

Por essa ótica, o time do Morumbi ocupa hoje o lugar onde, pela sua qualidade (ou falta de), deveria estar. No máximo, com um pouco de sorte e extrema superação, poderia estar emparelhado com o Flamengo (14º), o que seria um feito heróico - mas possível, dentro dessa análise de que os cariocas estão mais ou menos no mesmo patamar futebolístico. O resumo da ópera de ontem foi o seguinte: o primeiro gol do Criciúma saiu em pênalti ridículo cometido pelo zagueiro improvisado Rodrigo Caio, em jogada que, provavelmente, terminaria em tiro de meta. Lembremos que o mesmo zagueiro perdeu uma bola bisonha no jogo contra o Botafogo, deixando atleta adversário sozinho na cara do gol sãopaulino, que, felizmente, chutou por cima (o que reforça minha tese de que aquele foi um dia atípico para o alvinegro carioca). Portanto, a falha de ontem não surpreende.

Ceni defende cabeçada fulminante: Criciúma é melhor (Eduardo Viana/Lance!Press)
 Segundo gol: bola levantada na área do São Paulo, em cima do zagueiro Rafael Tolói. Com 1,85m, ele não consegue cortar pelo alto e ela cai no pé do atacante, que dispara um petardo fulminante na pequena área, empurrando Rogério Ceni com bola e tudo para a rede. Não é a primeira vez que o goleiro sofre com Tolói; lembremos daquela atrasada horrível que entregou a bola no pé do corintiano Pato (Ceni fez pênalti e o Tricolor perdeu o confronto válido pelo 1º turno do Paulistão), da hesitação na goleada sofrida para o Atlético-MG, na eliminação da Libertadores (que permitiu a chegada de Tardelli e um golaço por cobertura) e nova hesitação ao marcar - marcar?!? - Renato Augusto na primeira partida decisiva da Recopa (outro golaço cobrindo Ceni). Ou seja, Tolói entregando gol também não surpreende. A zaga do São Paulo é HORROROSA. Prova disso é que o Criciúma perdeu chance incrível de fazer 3 x 0 logo nos primeiros segundos da etapa final, numa bola que bateu na trave, e ainda houve uma cabeçada que Ceni segurou em cima da risca.

Na frente, por mais que o time crie chances de gol, não consegue finalizar. Que o diga Luís Fabiano, que nem de longe lembra aquele que comandou a seleção brasileira nas eliminatórias da Copa da África do Sul. Negueba nada produziu de muito útil, assim como seu substituto, Osvaldo. Jadson não jogou nada, assim como seu substituto, Ganso. Fabrício sumiu, assim como seu substituto, Evangelista. O péssimo Douglas saiu (graças a Deus!) e seu substituto, Paulo Miranda, jogou muito mal. Por tudo isso, afirmo categoricamente: o elenco do São Paulo é fraco. No momento, mais fraco que Criciúma, Vitória e Bahia (perdeu para os três). O Rogério Ceni perder o terceiro pênalti seguido também não surpreende. Má fase destrói confiança e puxa erros. O que surpreende foi ele ter ido fazer a cobrança, sendo que Aloísio, que sofreu a falta, já estava com a bola nas mãos.

Após a partida, o "Boi Bandido" se atrapalhou com as palavras e respondeu a um repórter: "Só bate pênalti quem erra." Mesmo corrigindo o batido chavão logo em seguida ("Só perde quem bate"), ele acabou atestando, no engano, uma verdade: só bate pênalti no time do São Paulo quem erra - o Rogério Ceni, que errou contra o Bayern, a Portuguesa e o Criciúma, e o Jadson, que desperdiçou contra o Flamengo. Triste fase. E agora o time enfrenta o forte Coritiba, fora de casa, domingo. OREMOS AO SENHOR!


O homem que colocou o São Paulo entre os grandes

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Na década de 1940, Leônidas veio do Rio para transformar o São Paulo em 'Máquina'
Há exatos 100 anos nascia, no Rio de Janeiro, Leônidas da Silva. Muito já está sendo dito sobre esse lendário atleta, considerado "o Pelé dos anos 1930 e 1940", sensação da primeira seleção brasileira que encantou o mundo e aglutinou a torcida em nosso país, na Copa de 1938. Naquela época, foi o primeiro jogador de futebol a tornar-se uma das figuras mais populares do Brasil, ao lado do "cantor das multidões" Orlando Silva e do presidente Getúlio Vargas. Leônidas tinha fã-clube e era amigo de artistas e intelectuais. Em 1932, ao conquistar a Copa Rio Branco pela seleção brasileira em pleno Uruguai, ganhou o apelido de "Diamante Negro", que alugaria para uma marca de chocolate. No mundial da França, em 1938, ganhou outro apelido célebre, "O homem de borracha", pelos seus lances plásticos. Apesar de não ter inventado a jogada conhecida como bicicleta, foi ele quem a imortalizou, fazendo muitos gols assim.

A Segunda Guerra Mundial foi a principal vilã de Leônidas da Silva, pois naquele período deixaram de ser disputadas duas Copas do Mundo, em 1942 e 1946. Justamente o período em que o atacante, maduro e cerebral, colocou o São Paulo Futebol Clube entre os grandes clubes brasileiros. Sim, porque, antes de contratar Leônidas, em 1942, o clube, refundado em dezembro de 1935, não havia ganho nada. Para se ter uma ideia, o time terminou a primeira competição que disputou após a refundação, o Campeonato Paulista de 1936, em 8º lugar, e, no ano seguinte, ficou em 7º. Ou seja, o jovem São Paulo era um "saco de pancadas", muito abaixo de Corinthians, Palmeiras e Santos e atrás também de Portuguesa e Juventus. Não tinha estádio, campo para treinamento e nem local para concentração. Seus atletas, nessa época, eram semi-amadores. Sua ascensão começou quando fundiu-se com o Estudantes, da Mooca, no fim de 1938.

Gijo, Bauer, Noronha, Rui, Turcão, Sastre, Piolim, Leônidas, Teixeirinha, Luizinho e Remo
Mas a "maioridade" definitiva do Tricolor viria quatro anos depois, com a contratação de Leônidas. Foi chamado de "bonde", ou seja, péssima contratação, por ter custado assombrosos 200 contos de réis (o equivalente, mais ou menos, a R$ 196 mil hoje) e estar fora de forma, aos 29 anos. Tinha saído pela porta dos fundos do Flamengo, ao passar meses preso por estelionato, acusado de adulterar o certificado militar. Paulo Machado de Carvalho, dono da Rádio Record e dirigente do São Paulo, resolveu bancar a aposta no "veterano" craque carioca. E acertou na mosca: em nove temporadas, entre 1942 e 1950, Leônidas comandou a conquista de nada menos que cinco títulos paulistas (1943, 1945, 1946, 1948 e 1949), marcou 142 gols e venceu 136 das 210 partidas que disputou pelo clube. De time pequeno/médio, o São Paulo emparelhou com Corinthians, Palmeiras e Santos e multiplicou em muito a sua torcida.

Naquele final da década de 1940, os melhores times do Brasil eram o Vasco, chamado de "Expresso da Vitória", base da seleção brasileira na Copa de 1950 com Barbosa, Augusto, Danilo, Ademir, Chico, Maneca, Ely e Alfredo (mais o técnico Flávio Costa), o Internacional de Porto Alegre, conhecido como "Rolo Compressor", com Alfeu, Nena, Tesourinha, Russinho e Carlitos, e o São Paulo, a "Máquina Tricolor", de goleadas como 12 x 1 no Jabaquara e 10 x 0 no Guarani, com Luizinho, Sastre, Leônidas, Remo e Teixeirinha no ataque e Bauer-Rui-Noronha na retaguarda. Infelizmente, o bairrismo fez com que apenas Bauer disputasse a (trágica) Copa de 1950 como titular. Aposentado, Leônidas foi técnico do São Paulo no início dos anos 1950 e, depois, comentarista esportivo. Morreu em 2004, aos 90 anos e sofrendo há muito do Mal de Alzheimer. Mas estará para sempre no coração dos - agradecidos - sãopaulinos.

Para marcar o centenário do craque, os jogadores do São Paulo entraram em campo com uma camisa "retrô" ontem, contra o Criciúma, e voltarão a usá-la amanhã, contra o Coritiba. Pena que a equipe atual não faça, nem de longe, justiça ao esquadrão dos anos 1940...

Leônidas (anos 30 e 40), Pelé (anos 50, 60 e 70) e Friedenreich (anos 10 e 20): GÊNIOS

quarta-feira, setembro 04, 2013

2ª vitória na sequência de 5 jogos sem perder

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Engana-se quem pensa que o São Paulo venceu o Náutico por 1 x 0, em Recife, com um jogador a menos. Na verdade, o time terminou o jogo com nove. Com Douglas titular (por quê, meu Deus, por quê?!??), o Tricolor já começa a partida com dez. Por isso, após a (justa) expulsão do recém-contratado zagueiro Antonio Carlos, a equipe demonstrou raça e heroísmo ao buscar o gol e segurar a vitória, jogando fora de casa - mesmo que tenha sido contra o pior time do Brasileirão.

E a assistência para Aloísio marcar foi feita pelo lateral-esquerdo Reinaldo, que é, para mim, um dos maiores símbolos da "gestão" Paulo Autuori. Depois de afastar a "cobra criada" Lúcio, o técnico apostou suas fichas no garoto Rodrigo Caio (que vem jogando bem tanto como zagueiro quanto como volante), em Reinaldo e em Aloísio, que personificam o espírito de luta que um time tem que ter quando briga contra um possível rebaixamento. Ou seja: medianos, mas batalhadores.
 
Douglas salta: com ele, time entra com um a menos (Foto:Aldo Carneiro/ Lance!Press)

Porque os "medalhões" simplesmente sumiram depois que o São Paulo foi eliminado do Paulistão pelo Corinthians e da Libertadores pelo Atlético-MG, iniciando uma tenebrosa sequência de derrotas e vexames. O que produz Osvaldo, que não faz gol desde fevereiro? O que acrescenta Luís Fabiano, que, quando não está contundido ou suspenso, marca um gol a cada dois meses? Cadê o Jadson? E o Ganso? Desse grupo, que devia chamar a responsabilidade, só Rogério Ceni corresponde.

Parece que os tais "medalhões" só sabem mostrar serviço "na boa", quando o time briga pelas primeiras posições. Quando o buraco é mais embaixo, desaparecem. E, neste momento difícil, o time precisa exatamente de atletas com o perfil de Reinaldo, Rodrigo Caio e Aloísio. Porque não é pra "jogar bonito". A briga não é pelo título, mas pela permanência na Série A. Também acredito em Paulo Miranda, que devia assumir a lateral direita. E em Negueba, que segura a bola no ataque.

Nas condições ideais, sem afastados por lesões ou suspensões, este (limitado) time do São Paulo poderia definir como titulares Rogério Ceni; Paulo Miranda (ou Welington), Rodrigo Caio, Antonio Carlos e Reinaldo; Denilson, Fabrício (ou Welington) e Ganso; Jadson, Aloísio (ou Luís Fabiano ou Welliton) e Negueba (ou Osvaldo). Simples, sem invenções. A lateral direita continua exposta, sem um especialista de origem, e o meio não é lá essas coisas. Mas, para brigar sério, é o que temos.

E vamos ao Criciúma, em casa, e ao Coritiba, fora. Pedreiras. Mas esse é o "clube da fé"!


terça-feira, setembro 03, 2013

Maluf, insuperável

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O site Terra faz hoje uma imperdível recuperação das melhores frases ditas pelo - insuperável - Paulo Maluf, ampliando coletânea publicada em 2012 pelo jornalista Xico Sá, no site da Folha de S.Paulo. Reproduzo, aqui, dez das mais históricas (e impagáveis):

1) "Professora não é mal paga, é mal casada." - Em discurso proferido em 1981, quando era governador de São Paulo, nomeado pelo governo militar.

2) "No Brasil, o político é veado, corno ou ladrão. A mim, escolheram como ladrão." - Durante a escolha do Colégio Eleitoral.

3) "O que fazer com um camarada que estuprou e matou? Tá bom, está com vontade sexual, estupra, mas não mata." - Durante palestra para médicos e estudantes de medicina, na campanha para presidente da República, em 1989.

4) "Não se pode comprar deputados, porque eles saem por aí contando e você se desmoraliza com o eleitorado." - Em 1996, no seu último ano como prefeito de São Paulo.

5) "Vote no Pitta e, se ele não for um bom prefeito, nunca mais vote em mim." - Em 1996, durante programa eleitoral do candidato à prefeitura de São Paulo Celso Pitta, seu afilhado político.

6) "Ela é obediente, vota no candidato que o marido manda." - Na campanha ao governo do Estado de São Paulo, em 1998, ao referir-se à esposa, Sylvia.

7) "Nossa polícia é boa, o que atrapalha é essa política de Direitos Humanos para bandidos." - Na mesma campanha eleitoral.

8) "Já disse mil vezes e vou repetir, democraticamente, mais uma: não tenho conta na Suíça." - Em 2004, ao rebater denúncias do Ministério Público sobre ter contas ilegais no exterior.

9) "A minha ficha é a mais limpa do Brasil." - Durante convenção do PP, em 2010.

10) "Eu, perto do Lula, sou comunista." - Durante eleição para prefeito de São Paulo, em 2012.

domingo, setembro 01, 2013

Quatro jogos sem perder. Já é alguma coisa.

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O São Paulo fez uma boa partida no Maracanã, segurou o Botafogo e o empate sem gols. Mesmo que tivesse vencido, não sairia da zona de rebaixamento. Mas já significa alguma coisa quatros jogos sem derrota. Tirar Tolói da zaga foi uma decisão correta. Só não entendo o motivo de Douglas continuar sendo titular - e jogar os 90 minutos. Improdutivo, inútil, peso morto. Do outro lado, porém, Reinaldo continua bem na lateral-esquerda. E o ataque ganhou duas novas alternativas com as estreias (discretas) de Welliton e Negueba. Menos mal. Osvaldo, há seis meses sem fazer gol, está implorando pelo banco de reservas. No mais, Ganso parece querer ser mais participativo, só que ainda está muito apagado (assim como Jadson). O meio de campo, aliás, é um setor indefinido. Nem Wellington nem Fabrício podem ser considerados titulares absolutos ou peças imprescindíveis. Tem Denilson, que volta de contusão, e Rodrigo Caio, que está mostrando serviço como zagueiro mas surgiu como volante. Enfim, se o time conseguir contratar um lateral-direito decente, existe alguma luz no fim do túnel. Pelo menos o São Paulo está jogando sério. Vamos ver quantos pontos vão render a "maratona" de quatro jogos em curto período.


sexta-feira, agosto 30, 2013

Walter, o novo artilheiro na tradição do Goiás

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É impressionante como, de vez em quando, o Goiás aparece com um artilheiro de destaque. Alguns comprovam, mais tarde, que não eram "fogo de palha". Outros, pelo contrário, tiveram brilho efêmero e sumiram. A bola da vez é Walter, que, apesar do excesso de peso (segundo a revista Placar), tem 21 gols na temporada, seis gols no Brasileirão e foi decisivo para eliminar o Fluminense da Copa do Brasil nesta semana, ao dar assistências para os dois gols de seu time. Pois é, parece que o Goiás tem a sina de surpreender com atletas brigando na ponta da artilharia de competições nacionais, mesmo quando a equipe não está bem. Relacionamos, abaixo, os sete que deram mais projeção ao clube de Goiânia, incluindo Walter. E o curioso é que apenas um deles é goiano - e outro, do Distrito Federal. Mas três deles foram revelados no Goiás. Confiram:

Túlio - Precursor - e mais famoso - dos artilheiros do Goiás, Túlio Humberto Pereira Costa, mais conhecido por Túlio Maravilha, nascido em Goiânia, estreou como profissional pelo clube em 1987. Dois anos depois, foi artilheiro do Brasileirão, com 11 gols. Após uma breve passagem pela Europa, no Sion (Suiça), foi contratado pelo Botafogo, onde viveu o auge de sua carreira, chegando à seleção brasileira. Voltou a ser artilheiro do Brasileirão, em 1994 e 1995, e, neste último ano, levantou a taça da competição. Depois de boas passagens pelo Corinthians (campeão paulista em 1997) e Vitória, ambas patrocinadas pelo Banco Excel, decaiu totalmente e percorreu dezenas de clubes. Aos 44 anos, o folclórico Túlio tenta marcar o milésimo gol (em suas contas) pelo Vilavelhense, do Espírito Santo.

Araújo - O pernambucano de Caruaru Clemerson de Araújo Soares chegou ao Goiás em 1997. No início do ano seguinte, apareceu como um dos grandes destaques da Copa São Paulo de Juniores. Mas foi no Campeonato Brasileiro de 1999 que se destacou, marcando 10 gols (foi um dos poucos a se salvar na desastrosa campanha do Goiás, rebaixado à Série B - tanto que chegou à seleção brasileira). Em 2000, chamou a atenção novamente ao decidir jogos diante do Santos e do Vasco, pela Copa do Brasil. Depois de passar por Shimizu e Gamba Osaka, do Japão, jogou no Cruzeiro, Al Gharafa (Qatar), Fluminense, Náutico e Altlético-MG, até voltar a Goiás, já veterano, onde tem contrato até o fim de 2014. É o maior artilheiro da história do clube, com 136 gols até maio deste ano, quando retornou.

Dill - Exemplo clássico de "jogador de uma temporada só". E ela ocorreu em 2000, quando o maranhense (de São Luís) Elpídio Barbosa Conceição tornou-se o maior artilheiro de uma edição do Campeonato Goiano de Futebol, com 29 gols, e também foi o artilheiro da Copa Centro-Oeste e da Copa João Havelange, o Brasileirão daquele ano, com 20 gols no Módulo Azul - ao lado de Romário e Magno Alves. O prêmio foi uma transferência milionária para o Olympique de Marseille, da França, de onde seguiu para o Servette, da Suíça. Retornou ao Brasil em 2002, para jogar no São Paulo. Marcou um único gol em dois anos e ganhou o slogan "Dill: o artilheiro que sumiu". Depois de perambular por vários clubes (incluindo Botafogo e Flamengo), aposentou-se no pequeno Foz, de Portugal, em 2010. Hoje é empresário de jogadores.

Dimba - Outro atacante que fez história pelo Goiás, ao tornar-se artilheiro do Campeonato Brasileiro de 2003, com 31 gols - o primeiro a ultrapassar a barreira das três dezenas na história da competição. Editácio Vieira de Andrade, nascido em Sobradinho (DF) e revelado pelo time de sua cidade, jogou no Brasília e no Gama antes de  ir para o Botafogo, onde, em 1997, marcou o gol do título do Campeonato Carioca. Depois de passar por América-MG, Portuguesa, Bahia, Leça (Portugal), novamente Botafogo e novamente Gama, transferiu-se para o Goiás em 2002. Em 2004, foi contratado pelo Al Ittihad, da Arábia Saudita. Depois, jogou por Flamengo, São Caetano, Brasiliense, Ceilândia, Legião e novamente Ceilândia, onde está, desde 2012.

Alex Dias - Nascido em Rio Brilhante (MS), Alex Dias de Almeida só se destacou em sua segunda passagem pelo Goiás, no Brasileirão de 2004, quando balançou as redes 22 vezes, terminando a competição como vice-artilheiro, atrás apenas de Washington, que fez 34 gols pelo Atlético-PR. O jogador começou no Águia Negra, de sua cidade natal, e depois passou por Comercial-MS, Remo, Boavista (POR), Goiás, Saint-Etienne e PSG (França) e Cruzeiro, antes de retornar à equipe goiana. A vice-artilharia no nacional de 2004 o levou ao Vasco e, de lá, ao São Paulo, onde foi campeão brasileiro em 2006. Depois, jogou por Fluminense, novamente Goiás, Brasiliense, Crac, Mixto, Vila Nova, Pelotas, América-RJ e Aparecidense, até 2012, quando se aposentou.

Souza - O carioca Rodrigo de Souza Cardoso viveu a melhor fase de sua carreira pelo Goiás, em 2006, quando, a exemplo de Túlio, Dill e Dimba, tornou-se artilheiro do Campeonato Brasileiro, com 17 gols. Até aquele momento, depois de ser revelado pelo Madureira, o atacante havia passado sem brilho pelo Vasco, CSKA Sófia (da Bulgária), Marítimo (Portugal) e Internacional de Porto Alegre. Depois do Goiás, como artilheiro do Brasileirão, foi contratado com o status de "maior reforço" pelo Flamengo, onde faria pífios 3 gols no nacional de 2007 e outros 6 na competição do ano seguinte. Daí, foi para o Panathinaikos (Grécia) e voltou ao Brasil para jogar no Corinthians, onde também decepcionou. Desde 2011, está no Bahia, onde, habitualmente, é reserva.

Walter - A nova surpresa do Goiás é Walter Henrique da Silva, pernambucano de Recife. No momento, ocupa a terceira posição na artilharia do Campeonato Brasileiro, com seis gols, e também a vice-artilharia da Copa do Brasil, com 4 tentos - sendo um dos principais responsáveis pela equipe goiana estar nas quartas-de-final. Revelado nos juniores do São José-RS, Walter foi para o Internacional e tornou-se a principal revelação da Copa São Paulo de Juniores de 2008. Ficou no Colorado até 2010, quando foi negociado com o Porto, de Portugal, que é dono de seu passe. Jogou por empréstimo no Cruzeiro, em 2012, e, no mesmo ano, foi emprestado ao Goiás. Campeão da série B e artilheiro da equipe com 16 gols, é o atual ídolo da torcida esmeraldina. E já fala até em disputar a Libertadores em 2014...

quarta-feira, agosto 28, 2013

'Tem o Osvaldo e o... o... o... o Osvaldo, né?'

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Jadson se assusta com o 'ataque'
Para o  jogo contra o Botafogo, domingo, no Maracanã, o São Paulo não terá Luís Fabiano (suspenso), Aloísio (idem) e provavelmente Ademilson (contundido). Questionado sobre quem jogará no ataque, o meia Jadson expôs em sua resposta o quanto o elenco tricolor é carente neste setor:

- Serão perdas grandes, mas temos outros jogadores também de velocidade. Tem o Osvaldo... Temos outros jogadores... O Osvaldo, né?

É. Tem o Osvaldo. Que não faz gol desde fevereiro. E o Luís Fabiano. Que, quando não está contundido ou suspenso, marca um gol a cada dois meses. E o Aloísio. E o Ademilson. E o... o... o...

CADÊ OS ROJÕES? E A PASSEATA? - Depois do expurgo do zagueiro Lúcio, a melhor notícia que os sãopaulinos poderiam ter: o lateral-esquerdo Juan, um dos piores jogadores que já vestiram a camisa do clube em todos os tempos, conseguiu a inenarrável proeza de encontrar um time interessado nele: o Vitória, da Bahia. Assim, assinou sua rescisão com o São Paulo e não vai mais permanecer até o fim do contrato, que seria em dezembro. HALELUIA! Deus existe! E desculpa aê, Vitória...

segunda-feira, agosto 26, 2013

Tire suas conclusões

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"Inaugurado no começo de 1995, o único hospital de Arrais, um município muito pobre com apenas 12.000 habitantes fincado no Estado do Tocantins, teve de permanecer fechado por quatro anos. O motivo não poderia ser mais bizarro. Faltavam médicos que quisessem aventurar-se por aquele fim de mundo. O que o hospital oferecia não era desprezível: salário inicial de 2.000 reais e ajuda para moradia. Só há onze meses o hospital foi finalmente reaberto. O milagre veio de Cuba. Enfim, Arrais conseguiu importar cinco médicos da ilha de Fidel e, assim, abrir as portas do hospital. Não é um caso isolado. Outros hospitais de cidades que nem no mapa podem ser identificadas, como Augustinópolis, Dianópolis e Miracema, todas no Tocantins, também ficaram anos fechados e só foram reabertos após o desembarque da tropa vestida de branco de Cuba. Hoje, já existem 166 médicos cubanos espalhados por favelas de grandes cidades e nos mais distantes municípios de Estados como Roraima, Pernambuco e Acre. A maior concentração, com 56 médicos, fica no Tocantins."

Texto de Leonel Rocha (imagem acima), revista Veja, 20 de outubro de 1999.
Governo do presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB).

"Deixar o programa do Partido dos Trabalhadores comandar a política externa dá nisso. O governo brasileiro se vê obrigado a pôr os interesses nacionais em segundo lugar. Foi assim nas relações com o governo boliviano, conivente com o tráfico de drogas para o Brasil, nos aplausos ao autoritarismo venezuelano e nos milhões de reais emprestados pelo BNDES com juros camaradas à ditadura cubana, a maior pane para a reforma do Porto de Mariel. Não há sinal de que a subserviência aos planos aloprados do partido vá diminuir. Nunca os efeitos dessa afinidade entre o PT e a ditadura caribenha foram tão claramente contrários aos interesses dos cidadãos brasileiros quanto na decisão de importar 6.000 médicos cubanos. O anúncio foi feito na semana passada pelo ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, durante uma reunião com o chanceler castrista Bruno Rodríguez, em Brasília. Pelo projeto, os 'médicos' atenderão brasileiros em hospitais de regiões pobres ou distantes das grandes cidades. A medida terá no mínimo, dois efeitos negativos. Primeiro, vai pôr em risco a saúde dos pacientes. Segundo, inundará o interiorzão do Brasil com agentes de uma nação estrangeira politicamente arcaica."

Texto de Nathalia Watkins, revista Veja, 13 de maio de 2013.
Governo da presidenta Dilma Rousseff (PT).

domingo, agosto 25, 2013

Gylmar dos Santos Neves, muralha do tempo em que éramos reis

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Morreu neste domingo talvez o maior goleiro da história do Brasil, certamente um dos maiores do mundo, único arqueiro bicampeão mundial como titular por uma seleção. Gylmar do Santos Neves, 83 anos completados no último dia 22 de agosto, não resistiu a um infarto e uma infecção urinária que debilitaram o seu estado de saúde já frágil. Com parte do corpo paralisado e dificuldades de fala desde um derrame cerebral ocorrido em junho de 2000, Gilmar estava internado no Hospital Sírio Libanês desde 8 de agosto. Deixa uma vida e uma trajetória repletas de feitos e títulos.

O blogue Tardes de Pacaembu lembra o início da trajetória do ídolo, nascido em 22 de agosto de 1930 em Santos. Em sua terra natal, jogou no time de várzea Vila Hayden FC quando jovem e, sem poder treinar no time do Peixe por conta de outros goleiros que estavam lá à época, foi atuar no Portuários, time amador da Companhia Docas de Santos. Arnaldo de Oliveira, o Papa, trabalhava no Jabaquara e chamou o arqueiro para fazer testes na equipe. Aprovado nos testes, começou entre os aspirantes em 1947 e, em 1950, estreou no time titular em função de uma contusão do titular Mauro. Mesmo com a goleada sofrida contra o São Paulo, 5 a 1, o goleiro agradou.

Boa parte da história de Gilmar pode ser conferida no belo livro Goleiros (Alameda Editorial), de Paulo Guilherme. Uma de suas maiores inspirações foi o palmeirense Oberdan Cattani. Quando ainda atuava no Jabaquara, em 1951, em uma vitória palmeirense por 2 a 0 sobre o time da Caneleira (então era do Macuco, bairro onde nasceu Gilmar), o ídolo palestrino atravessou o campo para cumprimentá-lo e profetizar: “Muito bem, garoto. Continue assim que você vai vencer”.

Sendo o goleiro menos vazado daquele ano, foi contratado como contrapeso pelo Corinthians na negociação que levou o meia Ciciá ao Parque São Jorge. Tendo acima dele Bino e Cabeção, revezava na posição de titular com o segundo quando veio um jogo em que o Timão foi derrotado por 7 a 3 pela Portuguesa, em novembro de 1951. Acusaram-no de ter amolecido e acabou afastado por seis meses. Só voltou em 1952, quanto atuou em uma excursão do time na Turquia, se destacando com grandes apresentações. Contra a seleção da Dinamarca, defendeu três pênaltis, um feito, como lembra Odir Cunha no livro Times dos Sonhos (Códex).

A trajetória brilhante, mas conturbada, de Gilmar no Corinthians ainda envolveria uma contusão em outubro de 1953 que o afastou dos gramados por 8 meses, tirando suas chances de ir à Copa de 1954. Àquela altura, já havia sido convocado para a seleção pela primeira vez, jogando contra a Bolívia pela Copa América e chegando a defender um pênalti.

Ao se recuperar, havia outro treinador no Parque São Jorge. Oswaldo Brandão tinha sido justamente o técnico luso naquele 7 a 3 e o jogo seguinte era contra a Portuguesa. Cabeção foi sacado da equipe e pediu para ir embora, com Gilmar se firmando após aquela “revanche” contra a Lusa e sendo um dos melhores jogadores da conquista corintiana do campeonato paulista de 1954, do IV Centenário. Assumiu como arqueiro titular da seleção em 1956, colocando na reserva Castilho, que havia sucedido Barbosa. E reconhecia, em entrevista ao Jornal da Tarde no ano de 1987, passagem retratada em Goleiros, a ajuda do colega que ficou como suplente. “Eu nunca conheci um jogador de tão bom caráter. Castilho não demonstrou o menor recalque da reserva. Ao contrário, sempre me orientou, tratando-me com toda a dignidade.” Diferente de muitos ídolos do mundo da bola, Gilmar sempre foi humilde e sabia reconhecer méritos de colegas e rivais.

Gilmar afaga o emocionado garoto Pelé, após o título de 1958
Herói brasileiro como o primeiro goleiro campeão mundial em 1958, Gilmar inspirou toda uma geração de “Gilmares”, já que diversos pais resolveram batizar seus filhos com seu nome, ainda que o seu seja grafado com “y” na certidão de nascimento. Outro goleiro de seleção, o hoje empresário Gilmar Rinaldi, ex-Flamengo, São Paulo e outros, foi batizado assim em janeiro de 1959 justamente por conta do então arqueiro corintiano.

Gilmar no time dos sonhos

Com o início do jejum de títulos corintiano, vários jogadores foram pressionados no clube. Gilmar foi um deles. Após ficar fora de algumas partidas por conta de uma lesão no braço, com o médico do clube dizendo que se tratava de “corpo mole”, o goleiro caiu de mau jeito em um treino e, sem camisa, foi mostrar o braço inchado ao presidente do clube, Wadih Helou. “Olha aqui o corpo mole. Mas não se preocupe que eu vou operar por conta própria”, disse, segundo o livro Goleiros.

Assim o fez, e o clube negociou Gilmar em 1962. De acordo com o Almanaque do Corinthians, de Celso Unzelte, foram 395 jogos dele entre 1951 e 1961, 243 vitórias, 75 empates e 77 derrotas. O clube brasileiro interessado no arqueiro era o Santos, que não tinha recursos para contratá-lo, mas conseguiu um empréstimo da Federação Paulista de Futebol e uma doação do empresário José Ermírio de Moraes, como destaca o livro Time dos Sonhos. Gilmar não levou nada na negociação e recusou outro convite de time campeão para ir à Vila.

Gilmar, trajetória vitoriosa no Peixe
“O Peñarol ofereceu uns 12 milhões para o Corinthians, mais uma fortuna na minha mão, mas resolvi não ir. Não queria dar mais nenhum tostão para o Corinthians. Eles me judiaram demais”, disse. “No Santos, recuperei a alegria de jogar. Me senti rejuvenescido”, admitiu em depoimento ao Museu da Imagem e do Som de São Paulo. Substituiu Agenor Gomes, Manga, campeão paulista de 1955, 1956 e 1958, e estreou em 7 de janeiro, na goleada contra o Barcelona de Guayaquil, amistoso disputado no Equador, um 6 a 2 com Coutinho marcando quatro gols e Zito e Pepe um cada. Na partida, revezou posição com Laércio. Naquele ano, foi campeão mundial duas vezes como jogador santista. Pela seleção, na Copa do Mundo do Chile, e pelo Peixe, no estádio da Luz, contra o Benfica.

Foi na Copa de 1962, aliás, que Gilmar fez a defesa que considerava a mais importante da sua vida. Na última partida da primeira fase, contra a Espanha, os rivais venciam por 1 a 0 na metade do segundo tempo quando Gento, do mítico Real Madri, avançou pela esquerda e cruzou para Puskas, que disputou a bola com Mauro. O goleiro se antecipou aos dois e tirou a pelota, caindo após o choque triplo. No rebote, Peiró chutou de primeira, com força, para um gol aparentemente vazio. Mas Gilmar se desvencilhou do zagueiro e do atacante rival e defendeu o petardo. “Para se ter uma ideia, foi uma jogada tão importante que os próprios espanhóis justificaram sua eliminação naquela defesa”, disse. O Brasil venceu de virada por 2 a 1.
No Alvinegro Praiano, formou com outros craques o time considerado por muitos o maior detodos os tempos e colecionou uma série de títulos. Em uma de suas partidas mais famosas, brilhou na final da Libertadores de 1963contra o Boca Juniors, assegurando a épica vitória santista na Bombonera por 2 a 1. “Era a pedra de segurança de uma equipe que encantava o mundo, me fascinava”, como conta Antero Greco nesse post.

O tal tempo, implacável até com os maiores, também chegou para Gilmar. Em 1966, não foi bem nas finais da Taça Brasil contra o Cruzeiro, sofrendo seis gols na primeira partida. Na Copa do Mundo, com dores no joelho, atuou no jogo de estreia contra a Bulgária e contra a Hungria, sendo sacado para a entrada de Aílton Corrêa Arruda, Manga, na peleja contra Portugal.

No Santos, foi campeão mundial (1962/1963), da Libertadores (1962/1963), brasileiro (1962/1963/1964/1965/1968), do Torneio Rio-São Paulo (1963/1964/1966), paulista (1962/1964/1965/1967/1968), da Recopa Sul-Americana (1968) e da Recopa Mundial (1968). Sua última participação no time foi no dia 5 de outubro de1969, em uma derrota contra o Cruzeiro por 3 a 2, partida válida pelo Torneio Roberto Gomes Pedrosa, no Morumbi. Pelo Peixe, foram 330 partidas, o que faz de Gilmar o quarto arqueiro que mais vestiu a camisa alvinegra, mas, para muitos, foi o maior dentre todos.

Lendas: Yashin e Gilmar
Despediu-se da seleção em em 12 de junho de 1969, aos 39 anos, dois meses e 20 dias, um amistoso com a Inglaterra no qual se tornou o goleiro mais velho a vestir a camisa canarinha. Fez 103 jogos pelo Brasil, sendo o terceiro goleiro com mais partidas pela equipe (fica atrás de Taffarel, 108, e Leão, 107) com 104 gols sofridos. Foi eleito pela revista francesa Paris Match como o melhor goleiro da história e um contemporâneo seu, o lendário Lev Yashin, o Aranha Negra, também o tinha como o melhor de todos os tempos.

Talvez por aguardar a Gazeta Esportiva na segunda-feira só pra ver as fotos de Oberdan, Gilmar fez da elegância uma marca. Suas famosas pontes, plásticas, são lembradas com saudades por aqueles que o viram jogar e viraram uma grife sua, influenciando gerações que vieram depois. De novo é Antero Greco quem o define à frente daquele Santos dos anos 1960. “Lembro de Gilmar todo de preto, cotovelos e laterais do calção acolchoados. Uma segurança extraordinária no gol de um time temível, que rodava o mundo deixando rivais felizes e honrados com as surras que levavam. Lá atrás, estava o grande Gilmar, que crescia, ficava enorme na frente dos atacantes, e parecia não fazer força nenhuma na hora de defesas memoráveis.”
Vai mais um herói do tempo em que nós, brasileiros, no futebol, éramos reis.