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segunda-feira, novembro 23, 2009

Contra FHC, qualquer um ganharia para presidente

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O dado mais significativo da pesquisa CNT/Sensus divulgada hoje não é a diferença de apenas 10 pontos percentuais entre o preferido nas intenções de voto, José Serra, do PSDB (31,8%), para a segunda colocada, Dilma Rousseff, do PT (21,7%). Para mim, o maior aval que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva poderia receber da população é que 49,3% responderam que não votariam de forma alguma em um candidato apoiado pelo ex-presidente tucano Fernando Henrique Cardoso. Isso significa simplesmente que qualquer um, mas QUALQUER UM mesmo, até o bonecão inflável do posto de gasolina, ganharia em primeiro turno contra um candidato de FHC. Impressionante! Conhecendo o mau gênio do governador de São Paulo, eu temeria pela minha vida se fosse o Fernando Henrique...

Mas o folclórico presidente que falava francês continua dando motivos e mais motivos para amealhar a antipatia popular. Senão, vejamos:

Não fumou e não gostou, mas defende
Incomodado com a popularidade de Lula (segundo a mesma pesquisa CNT/Sensus, 51,7% dos entrevistados votariam ou poderiam votar em candidato apoiado pelo presidente da República, ao mesmo tempo que sua aprovação pessoal subiu para 78,9%), FHC arrumou mais um factóide para voltar à mídia. Como forma de rivalizar com a polêmica criada pelo filme "Lula, o filho do Brasil", que será visto pelo protagonista em São Bernardo do Campo, Cardoso resolveu tocar em um ponto melindroso de sua carreira (ops), a maconha. Mesmo jurando que não fumou e não gostou, o tucano aparece no documentário "Rompendo o silêncio", do xará Fernando Grostein Andrade, defendendo a descriminalização da Canabis sativa, como integrante da Comissão Latino Americana de Drogas e Democracia. Pois é, a democracia permite a circulação de drogas. Prova disso é o próprio FHC, que circula livre por aí.

Um pé na cozinha, outro na cozinheira
Há 15 anos, quando venceu as eleições para presidente da República, o sociólogo Fernando Henrique se enrolou ao responder questões sobre a miscigenação brasileira por afirmar que também tinha "um pé na cozinha" - o que ele tentou negar depois, mas a Falha de S.Paulo garantiu ter a frase gravada. Porém, só agora é que a afirmação ganha sentido, pois, segundo o nefasto Cláudio Humberto, o ex-presidente estaria para reconhecer mais um filho, Leonardo, de 20 anos, que teve fora do casamento, dessa vez com sua ex-cozinheira Maria Helena Pereira. Consta que a mulher teria ameaçado fazer teste de DNA no Programa do Ratinho (mais povão que isso, nem o Lula conseguiria ser!). Neste ano, FHC já havia decidido reconhecer Tomás, de 18 anos, fruto de outra pulada de cerca, com a jornalista da Globo Miriam Dutra (foto). Os reconhecimentos são um gesto nobre, mas pegam mal por acontecerem só agora, após a morte da esposa oficial do tucano, Ruth Cardoso. E pensar que Lula foi avacalhado pela mídia em 1989 por causa de sua filha Lurian...

Pois então: FHC é ou não é um mito? Bota ele na campanha já, Serra!

sábado, novembro 21, 2009

Morre Pitta. Versão brasileira: Herbert Richers

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Mais morto pra gente beber: Celso Pitta (à esquerda), 63 anos, ex-prefeito de São Paulo, morreu ontem de câncer; no mesmo dia, o produtor de cinema Herbert Richers (abaixo), 86 anos, famoso proprietário da empresa responsável pelas dublagens de quase todos os enlatados estrangeiros no Brasil, de filmes a desenhos animados, também bateu as botas, por problemas renais. O mais curioso nesses necrológios é que descobri que Richers não era estadunidense - nasceu em Araraquara, a 100 quilômetros da minha cidade. Aliás, eu sempre pensei, desde criança, que se tratasse de uma entidade imaginária, tipo David Benner, Peter Parker ou Clark Kent. Richers, paulista, foi velado e cremado no cemitério Memorial do Carmo, no Rio de Janeiro, enquanto Pitta, carioca, vestiu o pijama de madeira no cemitério Getsêmani, na cidade de São Paulo. Enfim, são informações que não vão alterar em nada o curso da sua vida mas que, no frigir das velas, dão motivo para derrubar uns goles em favor dos ilustres defuntos. Bebamos, pois.

terça-feira, outubro 27, 2009

33ª Mostra de Cinema tem futebol e transmissão online

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Até o dia 05 de novembro, São Paulo abriga a 33ª Mostra Internacional de Cinema e seus 424 filmes.
Além da overdose cinematográfica (já tradicional), a inovação deste ano fica para o primeiro Festival Online do mundo. A ideia é disponibilizar na internet 25 filmes, que integram a programação da Mostra, para o público assistir gratuitamente.
Entre os títulos que procurava para assistir, fica a recomendação dos filmes “Futebol Brasileiro”, longa produzido por uma japonesa, “Á Margem do Lixo”, a terceira parte de uma tetralogia do Evaldo Mocarzel, "Momentos de Jerusalém", que são sete documentários feitos por sete jovens diretores palestinos e israelitas e “Nós que ainda estamos vivas”, que narra o julgamento realizado em 15 de março de 2007 contra os militares argentinos responsáveis pelo genocídio durante os anos 1970. A lista completa dos filmes que estão disponíveis para ver gratuitamente está aqui.
Link
O tema boleiro também pode ser conferido nas seguintes películas: À Procura de Eric, do Ken Loach, e que foi produzido e protagonizado pelo jogador de futebol francês Eric Cantona, conhecido por suas jogadas brilhantes e pavio curto. Além do documentário "Maradona". Então para os ébrios da vez, fica a dica!

sexta-feira, julho 17, 2009

O cinema de Marguerite Duras, agora em São Paulo

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Depois do imenso sucesso no Rio de Janeiro, depois de passar por Porto Alegre, Salvador e Belo Horizonte, a mostra de cinema "Marguerite Duras: escrever imagens", com minha curadoria, chega finalmente a São Paulo. Começa hoje, 17 de julho, e vai até a quinta que vem, dia 23, no CineSesc, que fica na rua Augusta nº 2.075.

É um cinema raro, de uma mulher que soube transgredir todas as regras que a limitavam sua investigação dos sentidos e desrazões do estar no mundo. Aliás, Marguerite se aproveitou dessas transgressões para aguçar sua caneta e potencializar sua escrita. Mas isso vale não só para a sua obra, suas invenções provocadoras ultrapassam em muita as questões de linguagem e vão fundo na sua vida pessoal. Ela foi uma provocadora nos costumes (com sua vida sexual "numerosa", como ela diz), na política (com sua crítica feroz tanto ao stalinismo amordaçador do PCF quanto aos reacionários de todas as estirpes), e por onde mais passou.

Marguerite Duras, entretanto, sempre foi mais conhecida pela sua obra literária. Pouco se sabe sobre os 19 filmes que ela dirigiu. Nesta mostra, teremos nove destes filmes e mais o clássico Hiroxima meu amor, de Alain Resnais com roteiro de Marguerite Duras, que completa o seu cinquentenário neste ano. Não é um cinema fácil, pois rompe com todas as referências do que estamos habituados a chamar de cinema. Marguerite, aliás, nunca quis fazer carreira no cinema, quis sim investigar com os recursos audiovisuais regiões inexploradas de seu trabalho. E quem for, aberto à novidade que este cinema ainda é, poderá se maravilhar com a belíssima fotografia de seus filmes e com as narrativas veiculadas por vozes trabalhadas até nas mais ínfimas sutilezas sonoras.

Na próxima quarta-feira, dia 22, às 19h30, eu e o Jorge Lescano, grande especialista em Duras e em teatro, promoveremos um "colóquio" sobre os diálogos entre cinema e teatro na obra de Marguerite Duras.

Abaixo, segue a programação do CineSesc.


Marguerite Duras: escrever imagens




CINESESC
Rua Augusta, 2075 - Cerqueira César - São Paulo - SP
cep 01413-000 • telefone: 11 3087-0500 • fax: 11 3087-0501
e-mail: email@cinesesc.sescsp.org.br
www.sescsp.org.br • 0800 11 82 20


PROGRAMAÇÃO


Dia 17
19h20 Aurélia Steiner (Melbourne)
Aurélia Steiner (Vancouver)
Cesária
21h30 Índia Song

Dia 18
19h20 Destruir, disse ela
21h30 Hiroxima, meu amor

Dia 19
19h20 Agatha ou as leituras ilimitadas
21h30 O homem Atlântico
As mãos negativas

Dia 20
19h20 As crianças
21h30 Destruir, disse ela

Dia 21
19h20 Agatha ou as leituras ilimitadas
21h30 Aurélia Steiner (Melbourne)
Aurélia Steiner (Vancouver)
Cesária

Dia 22
19h20 O homem Atlântico
As mãos negativas
21h30 Hiroxima, meu amor

Dia 23
19h20 Índia Song
21h30 As crianças


Colóquio
Diálogos entre o cinema e o teatro em Marguerite Duras
Dia 22 de junho - 19h30
Hall do Café - Cinesesc

Maurício Ayer, pesquisador da obra cinematográfica de Duras e
curador da mostra, e o escritor e dramaturgo Jorge Lescano se
encontram com o público para discutir as duas faces menos
conhecidas da obra de Marguerite – o teatro e o cinema. Agatha
– obra que condensa o valor da palavra e da voz, e elementos do
Teatro No – será o fio condutor do debate.

terça-feira, junho 23, 2009

Armações do amor

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Não sou dos mais cinéfilos. Comédia romântica, então, tá longe de ser dos meus gêneros favoritos. Por causa disso, jamais havia ouvido falar de Armações do amor, filme estrelado por Mattew McConaughey e Sarah Jessica Parker. Segundo a sinopse, a película conta a história de um homem de 35 anos que não quer sair da casa dos pais, e estes contratam uma moça que luta para convencê-lo do contrário. Certo, certo.

Por que falo sobre isso? Porque esse filme será exibido pela TV Globo para os estados de São Paulo e Rio de Janeiro às 21h30 dessa quarta-feira. No horário tradicional do futebol. Quando Grêmio e Cruzeiro jogarão pelas semifinais da Libertadores.

Não quero aqui iniciar aqueles intermináveis debates sobre se a Globo (ou outras emissoras de grande porte) dão menos bola para o futebol dos outros estados e só valorizam o que venha do "eixo do mal". Quero, agora, discutir outra coisa: será mesmo que os públicos paulista e carioca não gostariam de ver um importante jogo como esse unicamente porque não há uma equipe desses estados em campo? Será que os telespectadores, tão habituados com o futebol naquele horário do dia, receberão bem o tal Armações do Amor amanhã?

Curioso é pensar que a Globo é uma empresa de ponta e, portanto, não costuma dar pontos sem nó. Se está optando por isso, acredito eu que tenha recebido algum retorno de pesquisas prévias.


De qualquer modo, não me desce. Principalmente se lembrarmos que a Libertadores é exclusividade global - ou seja, o duelo entre gaúchos e mineiros não poderá ser exibido pela Bandeirantes, ficando, portanto, de fora da TV aberta amanhã.

Com isso acaba não havendo outra alternativa senão recorrer aos sites que transmitem jogos pela internet... e, se alguém por acaso assistir a Armações do Amor e gostar, me dá um toque. Pode ser que eu venha a alugar o filme para vê-lo algum dia. Mas, pô, amanhã não!

quinta-feira, junho 04, 2009

Beatles na Irlanda – com ou sem cerveja

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Descobri hoje que na Middle Abbey Street, a rua de trás da quadra onde fica minha escola de inglês, em Dublin, havia um cinema chamado Adelphi, que foi parcialmente demolido e hoje abriga um estacionamento. Foi ali, há 45 anos, em 7 de novembro de 1963, que os Beatles fizeram sua única apresentação na cidade (na foto acima, o show). No dia seguinte estiveram, pela primeira de duas vezes, em Belfast, na Irlanda do Norte. Passei em frente ao antigo cinema e fiquei imaginando a confusão que devem ter provocado naquela estreita rua. Dizem que, na saída, se mandaram para o hotel na van de um jornal, tomando uísque. Ou cerveja, sei lá...

O cinema Adelphi na década de 1960, no centro de Dublin

A fachada hoje, entrada do estacionamento da loja Arnotts

quinta-feira, abril 23, 2009

Sequência carioca

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Saímos da sala de cinema vivamente ligados pela amizade. Os que estávamos ali sabíamos algo que outros não sabiam. Não havia nenhum orgulho poluindo de vaidade o que era apenas o sincero prazer de compartilhar algo que custou esforço e foi recompensado com uma experiência mágica. A experiência do cinema de Marguerite Duras, que não é fácil, mas que é gigantesca. A cópia em 35 milímetros do filme Aurélia Steiner (Vancouver) estava sendo estreada ali (para o contexto, leia aqui). A qualidade da imagem é brutal. E o filme é pura fotografia: a investigação do espaço, as texturas da praia, das pedras, as paisagens da Normandia, suas falésias, seu vento, suas árvores no inverno, o cemitério de troncos cortados no pátio de uma madeireira. E a voz da sereia Marguerite, sensual, com pausas tão densas quanto o chumbo.

Em meio a esse êxtase estético, pensei que havia uma coerência daquele sentimento com o lugar onde ele acontecia. A amizade soa carioca, principalmente essa amizade inconsequente, que se perde na primeira esquina. Perdemo-nos na sequência, de fato, e já só, na avenida Rio Branco, tomo o metrô no largo da Carioca até a estação Siqueira Campos, de onde caminho ao boteco Pierrot, na rua Domingos Ferreira, em Copacabana. Ali José Murillo, um filósofo chileno, deveria me encontrar. Uma cerveja e, na televisão, Palmeiras vs. LDU. Chegou meu amigo com mais dois chilenos, e outras três garrafas de cerveja agora se viam sobre a mesinha – na verdade um barril de chope com uma tábua redonda em cima.

Não íamos ficar ali. José tinha trazido três vinhos excelentes de Santiago, e uma garrafa de pisco Malpaso. Acontece um estranho evento na TV, em que a bola vence todos os esforços contrários (voluntários ou não) e cruza a linha. Gol da bola, abrindo o placar para o Palmeiras. Era a senha para irmos. Ao entrar edifício, deparamos com um distinto senhor em uniforme impecável, o porteiro:

– Olha só, subiu agora há pouco um cara, não liga não se ele começar a gritar. É que ele chegou doidão. Não pega mulher e fica enchendo a cara. Ele grita, mas não faz nada não, não precisa se preocupar. Mas se ele fizer alguma coisa você chama que a gente vai lá dar um jeito.

Ele me alertava pensando sem dúvida na minha mulher e meu filhinho que já estavam no apartamento, no mesmo oitavo andar que o manguaça. Foi certeiro, ao sair do elevador, um homem visivelmente alterado, meio elétrico, só de bermuda, num movimento frenético de lá pra cá, nos mirou, e seus olhos tremiam internamente. Estava mais pra cheirado que mamado.

– Vocês vão se mudar pra cá? Pô, bem-vindos, pô, certo, desculpa qualquer coisa, aí, sejam bem-vindos mesmo.

E desapareceu, sem que pudéssemos explicar que éramos apenas turistas. Entramos no apartamento, tocamos violão e degustamos vinhos excepcionais, como o Santa Rita (o único de que me lembro o nome). O problema da fartura de bebida boa é a euforia, tudo parece bom demais. Eu mesmo me sentia como um atacante em dia feliz, músicas que não tocava há anos vinham aos dedos como se as treinasse todo dia, lembrava das letras. Tocamos velhos clássicos latino-americanos, como canções de Silvio Rodrigues. A onda era tão boa que nem mesmo com a barulheira que fazíamos o bebê acordou. Brindamos com pisco, antes que os outros dois chilenos se fossem.



José e eu decidimos caminhar um pouco, até, ocasionalmente, aportar nalgum bar. Éramos dois bêbados andando pelo calçadão de Copacabana, desdobrando os mais improváveis assuntos, como fenomenologia política ou o cinema de Marguerite Duras, enquanto o olhar dançava pelas ondas de Burle Marx. Uma criança me pediu dinheiro, depois surgiu uma adolescente, como uma visão, tinha os olhos embaçados e uma voz distante pedindo algo para comer, um menino com alguma deformação facial puxava o canto da boca para baixo, rostos de zumbis que atravessavam meu percurso pelo calçadão. Um frio soprou, era como se estivesse dando os primeiros passos em um pesadelo. Noto que José não está ao meu lado, volto-me, estão todos sobre ele, uns oito, puxando a camisa, remexendo os bolsos, sacando-lhe o relógio...

– Corre, Compay – gritei em espanhol.

José se desvencilhou e os pequenos mortos vivos instantaneamente cruzaram a avenida Atlântica. Ainda atônitos, nos certificamos de que estávamos nós vivos. Vimos os meninos do outro lado, decidimos um caminho por onde voltar. Numa esquina, encontramos com uma viatura de polícia. Relatamos o ocorrido. O guarda, que na verdade queria continuar sua conversa com o senhor que passeava com seu chiuaua, deve ter se sentido constrangido, pois entrou no carro e saiu "em busca" daquelas crianças. Não tinha a menor cara de que ia fazer qualquer coisa, mas pediu para esperarmos no bar da esquina seguinte.

Pedimos duas doses, de Vale Verde e Magnífica. Estranho sabor o da madeira extraída ao tonel pela cachaça quando se mistura ao coquetel de adrenalina e outros alcoóis que circulava nas nossas veias. Não esperamos muito. Seguimos de volta ao apartamento, ainda filosofando, agora já não eufóricos, apenas um pouco mais bêbados. Não sei em que momento de meus descaminhos lógicos eu estava, mas era exatamente ali que se acabava a calçada, e eu pisei em falso no breu do asfalto. Torci o tornozelo esquerdo. Tenho larga experiência no assunto, e percebi imediatamente que era uma torção grave, tinha esgarçado os ligamentos. Era agora um amargo déjà-vu que me assolava. Uma vez, com 17 anos, torci o pé (direito) exatamente desse jeito, na porta de um bar em Santo Amaro, quando não percebi este pequeno abismo que há depois do meio-fio. Não tinha nenhuma saudade daquela dor.

José entrou no último bar da noite, para pedir gelo. Enquanto tentava conter o inchaço, fui me deprimindo nas minhas próprias histórias, contando os últimos 15 anos de minha vida, tão limitados por torções de ambos tornozelos, umas depois das outras, que acabaram me fazendo desistir do futebol, do basquete, do vôlei... Já fui um atleta que bebia, hoje do esporte só sobraram as torções.

Meu colega chamou um taxi, o que foi sensato. Eram três quadras, mas teria sido patético e, talvez, trágico tentar transpor aquele pedaço de chão confiando o agora imprescindível apoio ao equilíbrio de um bêbado. Chegamos, tomei meia garrafa de água (o que deprime também) e me joguei na cama onde dormiam minha mulher e meu filho. Entregue à dor e à momentânea mas intensa depressão, sinceramente chorei. Cris me perguntou o que acontecia, compartilhei minha dor moral, meu sentimento de recorrente derrota para um par de articulações. O bebê, que ainda não fez dois anos, acordou com o balanço do colchão. Limpou os olhinhos com as costas da mão. Me observava muito sério, enquanto sua mãe explicava “O papai está chorando, Chico, ele está muito triste”.

Ele me olha, apenas. Estou rendido, olho para ele também, sem poder interromper os soluços, que cedem agora um pouco à respiração. O Chico inclina um pouco a cabeça, e me olha mais de perto, compenetrado, sempre. Finalmente consigo uma única respiração mais longa e funda. É nessa hora que o Chico ergue as duas mãos e, sem desviar um segundo os olhos, coloca-as sobre a minha perna, como se adivinhasse que a dor nascia ali. E começa a fazer um carinho, movendo suas mãozinhas sem peso de um lado para o outro. Primeiro na perna, depois no ombro e finalmente na cabeça, com todo cuidado. Não tive como, devolvi-me ao choro e murmurei:

– Obrigado, Chico, obrigado.

terça-feira, abril 14, 2009

O cinema de Marguerite Duras chega ao Rio

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Um tempo atrás escrevi uma matéria para a revista Fórum sobre os 10 anos da morte da escritora francesa Marguerite Duras. Na verdade, nunca dediquei tanto tempo de vida a estudar alguma coisa como a ela. Rendeu um doutorado em literatura na USP, um ano em Paris... É para mim uma referência constante, não só intelectual como de vida.

Agora tive a oportunidade de fazer a curadoria de uma mostra com os filmes que ela dirigiu – sim, ela dirigiu filmes, foram 19, 16 dos quais trouxemos ao Brasil, além do clássico Hiroxima meu amor, dirigido por Alain Resnais com roteiro de Duras, que este ano completa o seu cinquentenário.

Aqui vão as informações principais:






















Mostra Marguerite Duras: escrever imagens


14 a 26 de abril

CAIXA Cultural
Av. Almirante Barroso, 25
Centro - Rio de Janeiro
(No edifício da agência da Av. Rio Branco)

Quem pensa que isso não tem nada a ver com futebol, política e cachaça engana-se. Não tenho notícias quanto ao futebol, mas Marguerite foi uma manguaça das fortes. Ela tinha a cara inchada do uísque cotidiano, mas, segundo ela, este aspecto lhe era natural: "Essa cara de alcoólatra eu tinha antes do álcool. O álcool só veio confirmá-la". Dizia também que é muito difícil passar uma noite sem uísque, e conviver com a vontade de se matar.

Mas não só de depressão vive uma manguaça. Ela era também famosa por promover em sua casa grandes noitadas com intelectuais e artistas franceses – ou de outras procedências, de passagem por Paris. Merleau-Ponty, Blanchot, Bataille, Godard e Italo Calvino eram seus habituês. Ela tinha aliás um senso de humor fantástico, uma língua ferina... e um incrível talento para a cozinha!

Duras teve também uma atividade política intensa. Mas a pressa (a abertura é daqui a pouquinho, às 18h30...) exige que eu deixe este assunto pra uma próxima (mas não distante) oportunidade.

Assim manguaças cariocas – ou de outras procedências, de passagem pelo Rio –, não deixem de conferir esta oportunidade singular de conhecer o cinema único de Marguerite Duras.

quinta-feira, abril 02, 2009

Um filme para a Fiel Torcida

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Captar e descrever em imagens o amor da Fiel Torcida pelo Corinthians. O formato é só de entrevistas com torcedores, dos mais variados tipos, classes sociais, raças, gêneros e idades. O cara que voltou de Paris para ver a partida contra o Grêmio que definiu o rebaixamento. A menina que rezou para Nossa Senhora pedindo pelo Corinthians antes do jogo contra o Ceará que decretou o retorno. O membro da Gaviões que passou a noite do sábado ántes do jogo fatídico em 2007 bebendo para não ter que dormir. Muitas caras dessa torcida que, dizem, é a única a inverter a relação e ter um time de futebol.

Esse é Fiel, documentário dirigido pela corintiana Andréa Pasquini, com roteiro dos também alvinegros Sérgio Groisman e Marcelo Rubens Paiva, a que o Futepoca teve a honra de assistir na sessão exclusiva para a imprensa realizada nesta quarta-feira, em São Paulo.



O filme é todo feito de depoimentos de torcedores, sem narração. Os entrevistados foram escolhidos entre mais de 3 mil histórias enviadas ao site oficial do filme. Segundo os realizadores, não houve nenhum acesso aos perfis sócio-econômicos dos torcedores e a diversidade alcançada não foi um objetivo.

O pano de fundo é a saga corintiana do rebaixamento em 2007 até a volta por cima e o retorno para a Série A. Fica a pergunta: por que diabos fazer um filme tendo como pano de fundo o momento mais triste da história do clube? A diretora explica com uma constante encontrada em todos os depoimentos colhidos. “Os entrevistados chegavam antes do momento de seu depoimento e acabavam ficando o dia todo, conversando. E sempre aparecia a questão das tragédias que presenciou. Eu pensei ‘a gente é meio maluquinho mesmo’ (risos). Parece que o sofrimento faz parte da paixão do corintiano”, diz Andréa.

Luiz Paulo Rosemberg, diretor de marketing do Timão, conta que a decisão de fazer o filme foi tomada por ele e pelo presidente Andrés Sanches logo após consumado o rebaixamento. “Fizemos duas promessas: fazer um filme homenageando a torcida e estar na Libertadores em 2010. Fico muito feliz de ter cumprido uma delas”, afirma.

Ele conta também a única diretriz que foi dada para os realizadores: “não ouçam a diretoria”. De fato, nenhum mandatário ou conselheiro aparece, apenas torcedores, alguns jogadores – Dentinho, Lulinha, Felipe (os sobrevivente de 2007), Chicão, William e André Santos (os novos), e o treinador Mano Menezes.

Mas a estrela é mesmo ela, a torcida, com sua devoção ao time. Há momentos que arrepiam, entristecem, emocionam. Entre as história, destaque para a torcedora que, durante as filmagens, descobre estar com câncer.

O filme tem ainda uma música inédita dos corintianos Rita Lee e Carlos Rennó, chamada "Sou Fiel", na voz da cantora Negra Li (que também torce pelo Timão). Bela homenagem do Corinthians a seu torcedor, que deve fazer de tudo para ir aos cinemas a partir do dia 10, quando o filme estréia - eu pretendo ver de novo e comprar o DVD (pré-venda no site www.filmefiel.com.br), que trará depoimentos que ficaram de fora do corte final do filme (a primeira versão de trabalho tinha mais de oito horas, segundo a diretora).

Os planos do clube para a bilheteria são ambiciosos: esperam ser o filme de futebol mais visto do país. Sobre isso, Rosemberg – em tom de brincadeira, santistas – provocou: “Teve um filme sobre um ex-jogador, que usava a mesma camisa que o Douglas, que levou 200 mil pessoas aos cinemas. Deixo para a Fiel responder se levaremos 300 mil, 500 mil...”.

segunda-feira, março 02, 2009

Estranho no ninho

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No documentário "A vida até parece uma festa", que traz imagens raras e caseiras da trajetória da banda Titãs, há muitas cenas de consumo de álcool e porres homéricos. Mas o baterista Charles Gavin (na foto, à direita) dá uma declaração surpreendente:

- Comecei a beber muito tarde. Até os 30 anos eu só tomava suco de laranja. A primeira vodka que pus na boca foi com 31 anos.

Na sequência, o vocalista Branco Mello (na foto, à esquerda), um dos diretores do filme, comenta:

- Não sei como esse cara entrou na banda!

sábado, janeiro 24, 2009

Inovação tecnológica na Câmara

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Depois dizem que bêbado perde a inibição. Esta foto prova o contrário. 

Quando saí, sóbrio, com o camarada Gustavo Ruiz com a nossa unidade móvel de captação sonora – especialmente desenhada para a nossa missão de registrar os ambientes sonoros da Câmara dos Deputados (tudo isso por causa de um filme...) –, não entendi a cara de espanto da fauna local diante de nossa presença. Só fui me dar conta do singular dispositivo tecnológico que desenvolvemos mais tarde, quando já tinha bebido umas e revi a foto, com os olhos educados pelo álcool. 


Estando lá onde a onça bebe água, pensei que o Programa Manguaça Cidadão também deveria contemplar um programa de saúde mental. É notório o benefício do álcool neste quesito, salvo em casos de perda de controle, mas isso é residual (e pode ser tratado com educação manguaça) diante do uso massivo que socialmente se faz da cana para esfriar a cabeça. Quantos não bebem para relaxar, para superar o estresse, para aguentar a mulher, para aguentar o marido, para aguentar o/a patrão/oa?  No meu caso, trouxe-me lucidez e autoconsciência. 

Se encontrasse algum deputado, faria um esforço de lobby. Mas parece que eles respeitam à risca o recesso parlamentar. E o Manguaça Cidadão terá que esperar um pouco mais pra virar projeto de lei. 

quinta-feira, janeiro 15, 2009

Manguaças no Cinema: Doc Holliday, o amigo tuberculoso de Wyatt Earp

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Aproveitei as horas de ressaca entre as bebedeiras do final de ano para rever alguns filmes de que gosto muito. Tem clássicos, filmes mais ou menos que eu curto e outros trens mais variados. Neles, percebi um ponto em comum: sempre tem pelo menos um personagem manguaça na trama. Assim, decidi falar de alguns aqui.

O escolhido para iniciar a série foi Doc Holliday, do filme Tombstone – A Vingança está Chegando (aqui tem um link em português da Wikipedia), versão de 93 para uma das muitas histórias contadas e recontadas a respeito do xerife Wyatt Earp, lenda do velho oeste estadunidense. Aqui, o homem da lei é interpretado por Kurt Russel, em papel que também foi de Kevin Costner, Burt Lancaster, James Garner, Randolph Scott, Henry Fonda e outros (há filmes sobre Earp desde 1934). Talvez seja a única interpretação próxima de convincente na carreira do ator, além, é claro, do policial Gabe Cash, do inigualável Tango & Cash (Tango era Silvester Stalone, outro gênio da interpretação).

Doc Holliday foi jogador profissional e temido como um dos pistoleiros mais rápidos da época. Val Kilmer encarna o pistoleiro (que já foi vivido por Kirk Douglas e Victor Mature), numa interpretação que me fez achar que ele viria a ser um grande ator. Holliday, segundo a Wikipedia, era dentista de formação, mas, por algum motivo, começou a perder muitos clientes após contrair tuberculose. Percebeu que poderia ganhar mais dinheiro como jogador de cartas do que exercendo sua profissão. Como decorrência da convivência em bares e congêneres numa época em que o revólver era tido por muitos como saída digna para a resolução de conflitos, passou a pistoleiro. Homem culto, faz citações em latim durante discussões em saloons. O álcool que consome em grande quantidade serve para controlar a tosse constante causada pela tuberculose (claro que o cigarro que sempre tem consigo não ajuda nesse objetivo).

A história do filme é sobre a chegada dos irmãos Earp (Wyatt, Virgil e Morgan) e suas famílias à cidade de Tombstone, onde encontram Doc. O irmão famoso está procurando se afastar da vida de xerife e se tornar um pacato dono de bar. A cidade é dominada, com a conivência do xerife, por um bando conhecido como os Cowboys, liderados por "Curly Bill" Brocius e pelo violento pistoleiro Johny Ringo. em pouco tempo - e contra a vontade de Wyatt - Virgil Earp, o irmão mais velho, decide se tornar xerife e entra em choque com os Cowboys, causando o episódio da Troca de Tiros no Curral O.K. que descobri ser considerada o mais famoso episódio do tipo do velho oeste.

Mais tarde, a disputa entre os homens da lei e o bando leva à morte de Morgan Earp, o caçula. Esse é o início de outro epísódio famoso, a Vingança dos Earp, em que um pequeno grupo liderado por Wyatt Earp e Doc Holliday ataca os Cowboys, muito mais numerosos. Holliday, com a tuberculose cada vez mais avançada, segue Wyatt Earp nessa caçada quase suicida. Em certo momento, um outro participante da cruzada pergunta a Hollyday porque ele decidiu participar. Com o rosto suado e pálido por conta da doença, ele responde seco: “Wyatt Earp é meu amigo”. O outro, espantado, retruca: “Bom, eu tenho muitos amigos…”. “Eu não”, finaliza o pistoleiro manguaça. Grande personagem em um bom bangue-bangue moderno.


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quinta-feira, dezembro 25, 2008

A borracha e o mito do maluco que se desmancha

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Uma coincidência boa colocou no DVD de casa o quase clássico Fitzcarraldo, de Werner Herzog, há um mês, mas só tomei vergonha na cara para escrever agora.

A obra apresenta o auge do ciclo da borracha na Amazônia Peruana. O alemão Brian Sweeney Fitzgerald, vivido por Klaus Kinski, adota a forma como os nativos conseguem pronunciar seu nome e tenta pôr em prática um segundo sonho megalomaníaco, o de levar o tenor italiano Enrico Caruso (uma espécie de "avô" do Luciano Pavarotti em termos de fama) para Iquinos em uma casa de espetáculos que ele construiria ali. O primeiro projeto mirabolante era o de construir uma ferroria para ligar a floresta à costa, cruzando os Andes.

A loucura do personagem mantém a pose mesmo obrigado a se contentar com uma não-proeza pode render um monte de discussões no fórum adequado. É o anti self-made man, por isso a brincadeira no título do post.

Vale notar que Caruso jamais foi a Manaus cantar La Gioconda, como sugere o filme. A recusa do convite em 1896 foi por medo de febres tropicais. O verdadeiro Fitzcarraldo teria partido em sua empreitada dois anos antes, com lanchas e 2 mil índios.

Liberdades poéticas à parte, no ano em que se relembra os vinte anos do assassinato de Chico Mendes, é interessante retomar as aulas de história sobre o ciclo da borracha. A coleta da seiva da seringueira para produzir borracha foi extremamente rentável para a elite da região amazônica no final do século XIX, e deu origem a um surto de prosperidade. Foi isso que o filme despertou em mim. E tem matérias para ler e documentários para assistir sobre o líder seringueiro.

O filme conta com a participação de José Lewgoy como o fazendeiro ganancioso e cínico e pontas de Milton Nascimento como guarda do teatro municipal de Manaus e de Grande Otelo como funcionário da Transandina (uma ferrovia de nome auto-explicativo, iniciada pelo protagonista e abandonada ao léu).

Foto: Divulgação

Fazendeiro interpretado por José Lewgoy zomba até cansar do
protagonista. Na cena, ele toma champagne (ou equivalente).


Ambição
Para levar a ópera à selva, Fitzcarraldo decide entrar no ramo de exploração de borracha, consegue uma conscessão pública que precisaria ser explorada em até nove meses em uma região não desejada por nenhum dos outros donos do lugar. Ocorre que a área não era acessível pelo afluente do Amazonas que banhava a área, o Caspajali, porque seria necessário navegar rio acima e ultrapassar cascatas e cachoeiras. Ao conhecer um mapa, o alemão decide que poderia chegar ao local navegando por outro caminho, o rio Serjali. O único problema seria a necessidade de transpor uma montanha que separa dois rios. Ele leva um barco a vapor e se põe a arrastá-lo para o outro lado do morro.

As cenas são de uma devastação incrível da floresta e do próprio monte, para fazer a embarcação andar sobre a terra.

Como se não bastasse, ainda tem outros complicadores envolvendo indígenas arredios e guerreiros e uma tripulação que deserda, à exceção do cozinheiro, do capitão e do mecâmico-chefe, cada qual por seu motivo.

O bêbado
Foto: Divulgação


Klink e Bohorquez em cena, no barco a vapor.

A segunda parte da justificativa do post é a figura do cozinheiro Huerequeque, interpretado por Huerequeque Enrique Bohorquez. Ele se apresenta ao empreendedor como um bêbado capaz de cozinhar e atirar com precisão, mesmo sob efeitos do rum. O fato é que, além da coragem, a personagem protagoniza cenas bizarras, como a relação promíscua com duas ajudantes, as únicas mulheres a bordo, e ainda é o autor da idéia que permite dar esperanças a Fitzcarraldo, de pôr o motor a vapor para erguer o barco. Como um ébrio teve uma idéia dessas é uma pergunta que até os outros tripulantes se perguntam no filme.

Mas isso é um motivo definitivamente menor para assistir ao filme.

quinta-feira, novembro 13, 2008

Um bar histórico, um filme e um lugar para morar

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Vivo na cidade de São Paulo há apenas quatro anos e, por ser um jeca tatu e não saber dirigir, ainda não sei muito bem determinados itinerários ou localização precisa de bairros e regiões. Também desconheço muitos locais que o paulistano aprende a conviver desde o berço. Prova desse meu desconhecimento da metrópole e de seus costumes históricos ocorreu quando, pouco depois que cheguei, a nossa querida eminência parda Carminha perguntou: "-Marcão, você ia no Bar Riviera?". Não, nunca tinha ouvido falar. "-Mas como você não conheceu o Riviera?", insistiu Carminha, incrédula. De fato, eu poderia ter conhecido: o folclórico bar (acima, à esquerda), aberto em 1949 na esquina das avenidas Consolação e Paulista, fechou as portas em fevereiro de 2006 - dois anos depois de eu aportar na terra da garoa. Mas perdi a chance de conhecê-lo "vivo".

Pesquisando na internet, fiquei sabendo que, entre as décadas de 1960 e 1970, o Riviera viveu seu período de grande efervescência revolucionária, festiva e etílica. Uma miríade de artistas, jornalistas, guerrilheiros, estudantes, boêmios, hippies e desocupados passava pelas suas mesas toda madrugada. Não era difícil esbarrar em Chico Buarque, Toquinho, Vinicius de Moraes, Chico e Paulo Caruso ou José Dirceu. O Riviera existia no térreo do Condomínio Anchieta (foto à direita) e, ao seu lado, havia outro bar agitado, o Ponto 4. Os clientes iam e vinham de um para outro e, às vezes, a polícia baixava e prendia todo mundo que estava na calçada, para ver se pegava alguém da luta armada. Dizem que o próprio delegado Sérgio Paranhos Fleury, do Dops, comandou pessoalmente algumas dessas ações.

O Bar Riviera era o destino natural, também, do pessoal que saía do Cine Belas Artes (à esquerda), do outro lado da avenida Consolação - hoje reformado e rebatizado como HSBC Belas Artes. Aliás, a inauguração do cinema, em 1952, foi motivada, em grande parte, pelo movimento do boteco que já funcionava ali em frente há três anos. Bom, mas volto às minhas desventuras na Paulicéia desvairada: o mundo gira e eis que, recentemente, me mudo para um apartamento no ... Condomínio Anchieta! Sim, o prédio que abrigou o mítico Bar Riviera, cuja placa ainda está lá, pregada numa de suas gigantescas colunas de sustentação. Construído em 1941, o edifício guarda as cicatrizes de tantos moradores, freqüentadores e figurinhas do badalado - e extinto - boteco. A maioria das pessoas que passa na rua, assim como eu, há alguns anos (quando a Carminha me falou do Riviera), não faz a menor idéia.

E logo de cara já fico sabendo de uma novidade: o prédio e seu antigo bar inspiraram um filme, batizado provisoriamente de "Condomínio Jaqueline", que teve locações no velho Anchieta em junho deste ano e deve estrear nos cinemas no primeiro semestre de 2009. Além disso, o trabalho deverá se desdobrar em uma série de TV e em uma história em quadrinhos (acima, à direita), do ilustrador Papito. O filme, do diretor Roberto Moreira, conta a história de Tina, uma jovem vinda do interior (como eu) que tenta ser atriz em São Paulo e vai parar no tal Condomínio Jaqueline (ou Anchieta, que é, agora, onde também moro). Na trama, ela conhece outros jovens que batalham o futuro na metrópole e, juntos, freqüentam o bar Egotrip - arremedo do que foi o Riviera. O site do filme traz uma imagem da parte de trás do prédio, visto por quem sobe a Consolação. E aquela imagem dos quadrinhos, acima, é a mesma que vejo da sala do apartamento. Então é isso: interessante morar num local com tanta história. Pena que o bar se foi...

quarta-feira, novembro 12, 2008

Manguaças no Cinema: Vinnie Jones e a “Máquina Cruel”

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Algumas pessoas, mas não creio que muitas, devem ter visto o filme Golpe Baixo (The Longest Yard), estrelado por Burt Reynolds. Filmado em 1974, é a história de Paul Crewe, um ex-craque de futebol americano que vai preso (se bem me lembro, por dirigir bêbado e arrumar confusão) e é forçado pelo diretor da prisão a montar um time com os detentos para uma espécie de jogo-treino contra o time semi-profissional dos guardas da prisão. Os detentos começam a levar a coisa a sério e o jogo fica bastante tenso. O filme, que vi numa tarde dessas muito tempo atrás, é bem legal. Ainda me lembro dos torcedores gritando o nome do time dos presos (“Mean Machine”, cuja tradução literal seria “Máquina Cruel”, mas me lembro que a dublagem passou para “Máquina Quente”).

Algumas das pessoas que não viram o filme talvez tenham reconhecido a história. O motivo são duas refilmagens que foram feitas recentemente (uma em 2001 e outra em 2005). A mais conhecida e também a mais fiel à história original é a de 2005, com o mesmo nome, estrelada pelo comediante Adam Sandler e com Cris Rock no elenco. Sandler substitui Burt Reynolds como Paul Crewe e a coisa segue da mesma forma, mas creio (se não me falha a memória sobre o primeiro), com uma piadas mais toscas, bem ao gosto do comediante (nada contra, ficou engraçado). A cena final, inclusive, é igualzinha.

A outra é mais interessante para os manguaças deste fórum, por sua proximidade temática. Trata-se de Penalidade Máxima (Mean Machine, 2001), filme inglês que adapta a história para o significado que os ingleses dão para a palavra football. O personagem principal é o ex-craque inglês de futebol com os pés Danny Meehan, que enfrenta a mesma sina de sua contraparte estadunidense e sofre na mão do diretor da prisão. Meehan é interpretado pelo ator inglês Vinnie Jones, um grandalhão que você viu nos dois filmes do ex de Madonna Guy Ritchie, a saber Snatch – Porcos e Diamantes e Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes (ambos entre os filmes mais legais que já vi). Nos States, fez 60 Segundos, roubando carros com Nicholas Cage e Angelina Jolie, e o Fanático no terceiro filme dos X-Men.

Comecei a pesquisar para esse post intrigado em como um filme como The Longest Yard teria ganho uma refilmagem e uma adaptação, mas alguns dados sobre a carreira de Vinnie Jones me mudaram a pauta. Descobri que o mal-encarado ator foi jogador de futebol profissional na Inglaterra, tendo defendido Wimbledon, Leeds United, Sheffield United, Chelsea, e Queens Park Rangers. Era um “soccer hard-man”, na definição do site IMDB (que tem tudo sobre todos os filmes do mundo – veja aqui a filmografia de Pelé).

No Blog de Bola, descobri que o cara era meia e Galês, chegando a defender a portentosa seleção de seu país. Jogou 177 partidas pela Liga e marcou 12 gols pelo modesto Wimbledon entre 1992-1998, que é o ano em que aparece pela primeira vez num filme (o já citado Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes). Era em campo tão temido quanto seus personagens nos filmes.

Seu nome, no entanto, ficou eternizado para o esporte bretão não por sua qualidade ou pela contribuição que deu à seleção de sua pátria, mas por um método de marcação pouco convencional que utilizou contra o craque inglês Paul Gascoigne, conforme vemos na imagem:

Olhando por sua carreira até então produtiva em filmes de ação, parece que Vinnie Jones fez bem em deixar o futebol. Não só para si mesmo, diga-se.

quinta-feira, outubro 16, 2008

José Dumont: "O bar é o grande ato politizador"

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Acabo de bater um papo arretado com José Dumont, um dos melhores atores do Brasil em todos os tempos. Falamos sobre o filme "O Homem Que Virou Suco" (foto ao lado), clássico de 1980 do diretor João Batista de Andrade, para uma reportagem da revista cearense Singular. Só que, papo vai, papo vem, e é claro que a conversa desembocou em...futebol, política e cachaça. E aí, lógico, eu falei do nosso glorioso Futepoca. "Que bacana, um nome muito apropriado", elogiou o Zé. "O bar é o grande ato politizador. Porque, se eu não escuto opinião, como vou mostrar a minha?", questionou, na seqüência. Por isso, Zé Dumont topou uma entrevista rápida para nossos leitores. Vamos a ela, então:

FUTEPOCA - As ações sociais do governo Lula representam alguma esperança, mudam alguma coisa para o Nordeste?
ZÉ DUMONT - O Lula faz o que pode, dá assistência. Mas o problema não é o governante, é o conceito que se tem para o país. O Brasil tem um presidencialismo de fachada, quem manda é o Congresso e o Senado. E nesses lugares só se faz negócio. Não quero generalizar, deve ter uns 50 ou mais que fazem um bom trabalho, mas o resto, lá, só faz negócios. É preciso fazer reformas, política, fiscal, tributária, do código trabalhista. Mas não essas que estão aí, não desse jeito. Aqui no Brasil só as grandes corporações se dão bem, tudo favorece o monopólio. O Brasil só é bom para o atravessador. As favelas chegaram a uma situação de barbárie. O governo tenta, atua, mas os camaradas que fazem as leis amarram tudo. Nossas leis são anacrônicas. Temos uma porcaria de tributação, uma péssima qualidade social. É só especulação, eles artificializam a economia. E dá no que dá, como estamos vendo. Mas, no Brasil, não é o caso de culpar o governo. A sociedade é que é culpada, porque não quer pensar nisso.

FUTEPOCA - Como mudar esse círculo vicioso?
ZÉ DUMONT - O Brasil tem reservas, tem uma natureza esplêndida, tem condições de virar primeiro mundo. Somos mestiços, resultado de três raças cruzadas, essa é a nossa grande vantagem. Falta pensar, mudar os conceitos. Quando fomos apresentar o filme "Os Narradores de Javé" ao presidente Lula (que, aliás, é meu trabalho predileto), pude conversar bastante com a Dilma Rousseff, que na época era ministra de Minas e Energia. Daí eu perguntei pra ela: "-Por que não se investe em energia solar, em energia eólica? Se unirem a inteligência do caboclo com a tecnologia, resolvemos a seca e a fome no Nordeste". Ela disse que há um plano e coisa e tal. Mas é tão simples! Acho que não se investe porque vai contrariar muitos interesses. Só pode ser. Repito: o país existe em função dos grandes conglomerados.

FUTEPOCA - E o futebol? Você torce pra que time?
ZÉ DUMONT - Gosto muito de futebol, acompanho, mas, na verdade, não torço pra ninguém. Tenho simpatia por dois times: o Treze de Campina Grande, que era o time do meu pai, Severino, e, por incrível que pareça, o XV de Jaú (risos). Não me pergunte por que, mas, quando cheguei a São Paulo, no início dos anos 1970, o XV de Jaú tinha um time bom, enfrentava bem os da capital. Tinha um uniforme branco, bonito. E todo time do Nordeste que vem jogar aqui no Sul e Sudeste eu torço a favor (risos). Tem que ganhar! Acho que o futebol é necessário. Se não tiver isso, vai ter o que? Eu joguei muita pelada na minha vida. Hoje, com 58 anos, não jogo mais. Lá em João Pessoa, no bairro de Mandacaru, joguei pelo Vera Cruz, pelo Globo e pelo Atlético. E fui até registrado na Liga Amadora, pela Portuguesa de Cruz das Armas, só que joguei pouco lá. Eu era lateral-direito, depois passei pra ponta-direita. Nunca fui muito bom, mas tinha noção.

FUTEPOCA - Como você analisa a situação do futebol brasileiro?
ZÉ DUMONT - A principal vocação do Brasil é o esporte. Só que é tão manipulado, falta apoio, é uma decepção. Acho estranhíssimo ter uma emissora só com direito de transmissão de um campeonato. É um desperdício de dinheiro, prejudica os clubes. Eu estou fazendo novela para uma emissora, no momento, e prefiro não entrar nessa discussão, pra não dar o que falar. Se a questão é política, não me meto. Mas é grana que os clubes deixam de ganhar. Desperdício.

FUTEPOCA - E a seleção brasileira atual? O que acha?
ZÉ DUMONT - A seleção tá bem, tá em segundo lugar. A obrigação de dar Ibope é que é uma coisa chata. Tem que ganhar toda hora, pra dar Ibope. O Brasil vai se classificar, vai ganhar, temos Ronaldinho, Kaká, um monte de craques. Não dá mais pra achar que no mundo ninguém aprende nada, que a gente sempre vai ser o melhor. É complicado isso.

FUTEPOCA - Qual é um jogador que você admira?
ZÉ DUMONT - O Rogério Ceni. Além de craque, tem postura. Ele deu outra dimensão para o São Paulo, é o mesmo que o Zico foi para o Flamengo. E ainda chuta muito bem, como os atacantes de antigamente. Devia dar aula para os atacantes de hoje (risos). E gosto dele também como gente, pela sua postura. Mas eu vi muitos craques na vida, fui ver o Zico jogar, o Romário. O Pelé eu vi só uma vez, de cima de uma mangueira, atrás do estádio, contra o Botafogo da Paraíba. Foi aquele jogo pouco antes de ele marcar o milésimo gol. É um gênio, um Leonardo da Vinci. Ninguém prestou atenção no que ele disse lá no Maracanã, sobre as crianças, sobre a educação. Se tivessem ouvido, a situação não estava desse jeito.

FUTEPOCA - E um técnico?
ZÉ DUMONT - Gosto muito do Muricy, do Luxemburgo, do Felipão, do Mano Menezes. Eles falam e pronto, o cara tem que obedecer. Não gosto de técnico que fica de conversa mole.

FUTEPOCA - Bom, pra encerrar o papo, faltou falar de cachaça...
ZÉ DUMONT - É verdade. Nós sempre tivemos essa cultura boêmia. O Juscelino Kubitschek, nosso grande presidente, gostava da boêmia, de cantar. É muito legal beber uma coisinha, cantar, dançar. Nesse país era pra todo mundo amanhecer na beira da praia, tomando uma cervejinha. Hoje eu não bebo, por questão de saúde, mas sempre gostei de uma cervejinha de vez em quando. O que tem que ter é limite, é educação. Eu sou da seguinte opinião: libere e tribute. A pessoa pode usar o que quiser, mas tem que regulamentar. Se o camarada tá embriagado ou drogado e comete um crime, tem que ter agravante. Se ficar viciado, tem que saber que o Estado não vai gastar um tostão com ele, vai ter que se virar sozinho. Tem que fazer leis muito duras. A cultura boêmia é legal, não a violência. A pessoa podia sentar lá no bar, jogar papo fora, dar uma namoradinha, cantar, compartilhar suas experiências com os outros, conhecer os outros. Mas não: hoje o sujeito discute e briga, dança e briga, bebe e briga, depois pega qualquer um ou qualquer uma que vê na frente e sai, usa e descarta. É por isso que ninguém bebe vinho no bar. O vinho estimula a conversa, o pensamento, a convivência. Já a indústria de cerveja transformou tudo num propósito só: é cerveja, briga, futebol, briga, sexo, briga, discussão, briga. Acabou com a convivência. Esse valor da violência, na nossa sociedade, foi criado para vender armas. O bar é o grande ato politizador. Porque, se eu não escuto opinião, como vou mostrar a minha? O que é preciso é beber um pouquinho, brincar um pouquinho, dizer besteira um pouquinho. Sem exagero.

sexta-feira, setembro 26, 2008

Visita ilustre

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Aluguei novamente o filme "Pelé eterno", de Aníbal Massaini, pois antes só tinha visto uma cópia pirata com qualidade sofrível. Daí descobri os extras, que só o DVD oficial tem. No making off, há cenas cortadas da edição final e, entre elas, uma reunião caseira de Pelé com os três filhos de seu primeiro casamento, Edinho, Jennifer e Kelly. E o Rei do Futebol exemplifica as dificuldades que seus compromissos como jogador impunham à convivência familiar com uma passagem doméstica hilária:

- Um dia, quando o Edinho era bem pequeno, eu voltei de uma longa viagem e foi ele que abriu a porta. Na hora, surpreso, ele saiu gritando: "-Mãe, mãe, vem ver! O Pelé está na nossa casa!".

segunda-feira, junho 23, 2008

40 anos da tragédia de "Puerta 12" na Argentina

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O Lance! de hoje recupera uma história tenebrosa que, confesso, nunca tinha ouvido falar: a tragédia de "Puerta 12", que vitimou 71 torcedores no estádio do River Plate, Monumental de Nuñes, em 23 de junho de 1968 (há exatos 40 anos, portanto). Numa tarde de domingo, após um empate sem gols no clássico entre River e Boca Juniors, centenas de torcedores do Boca desciam os 80 degraus da escadaria entre a arquibancada e o portão 12 do estádio. Para surpresa dos primeiros que chegaram no último lance, a saída estava trancada. Sem conseguir abrir o portão, nem voltar ou avisar os que ainda desciam, sete dezenas morreram por asfixia ou esmagamento (a foto mostra o sangue na escadaria), fora um número não divulgado de feridos. O triste episódio, até hoje a maior tragédia do futebol argentino, foi recuperado recentemente no documentário "Puerta 12", do diretor argentino Pablo Tesoriere - sobrinho-neto de Américo Tesoriere, goleiro do Boca e da seleção argentina na década de 1920. Ele ouviu ex-jogadores, jornalistas, parentes das vítimas e dirigentes do Boca Juniors (a cúpula do River Plate ignorou o projeto). O governo argentino, na época, não cobrou uma investigação mais rígida. Ainda hoje, não há um culpado oficial, mas consta que o portão teria sido fechado pela própria polícia, pois a torcida do Boca tinha cantado a marcha de exaltação a Juan Domingo Perón, rival do ditador da época, Juan Carlos Onganía. Ou seja, teria sido um crime do estado. Por isso, o episódio rendeu apenas uma sanção econômica ao River e dois funcionários demitidos. A AFA (Associação de Futebol da Argentina) também é acusada de oferecer dinheiro a dirigentes para que renunciassem a seus cargos.

Trailer do documentário

quarta-feira, junho 04, 2008

As entrevistas Futepoca/Diplô

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Este glorioso blogue inaugura hoje uma nova seção, só com entrevistas especiais produzidas em conjunto com a página eletrônica do Le Monde Diplomatique no Brasil. Aqui, você poderá acompanhar conversas entre os integrantes do dois veículos e personalidades das mais distintas áreas, que falam não apenas sobre seus trabalhos mas também sobre os temas que norteiam esse espaço: futebol, política e cachaça.

Para estrear essa nova seção, dois convidados: o cineasta José Mojica Marins, o Zé do Caixão, e o economista e dirigente palestrino Luiz Gonzaga Belluzzo.

Em seu estúdio no centro de São Paulo, Mojica logo de cara nos fez uma revelação: vai emprestar o nome de seu personagem mais famoso para uma aguardente. Não demorou muito para a mesa ter mais duas garrafas da dita cuja, além da que os entrevistadores tinham levado. Aliás, esse é um padrão nos encontros realizados: com pompa e circunstância, servimos cachaça artesanal selecionada, pra soltar a língua do entrevistado e a imaginação dos entrevistadores.

Durante as quase duas horas de conversa, Mojica falou sobre seus filmes, em especial o que será lançado ainda este ano, Encarnação do Demônio, que encerra a trilogia iniciada com À meia-noite levarei tua alma e Esta noite encarnarei no teu cadáver. Contou também suas participações na vida política do país e falou de uma das suas paixões, o Corinthians, rogando uma praga a quem se atrever a falar mal do seu clube.

Já o apaixonado palmeirense Luiz Gonzaga Belluzzo, um dos principais articuladores da parceria com a Parmalat nos anos 90 e também um dos pais do Plano Cruzado, fez uma interessante análise sobre a crise econômica nos EUA e os seus possíveis efeitos no resto do mundo. Também comentou aspectos da administração do futebol brasileiro e sentenciou, para desgosto dos alviverdes: o São Paulo tem a melhor estrutura entre os clubes de futebol do país. Além disso, Belluzzo falou sobre algumas das pessoas que admira no esporte bretão: Vanderlei Luxemburgo, Valdívia, o meia Alex e aquele que considera um "anti-ídolo", o goleiro Marcos.

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Aproveitando o ensejo, o Futepoca também estréia um novo layout, a partir de uma idéia de logomarca concebida por Olavo Soares, com arte de Carmem Machado e produção de Anselmo Massad. Algumas partes da página ainda não estão funcionando, mas em breve tudo estará bem (se tudo der certo).

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Abaixo, a praga do Zé do Caixão para quem "desprestigiar" a nova seção do Futepoca.


quarta-feira, abril 16, 2008

Contas de bar, saideiras, calculadoras e moedinhas

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Sei que o combinado é não reproduzir emeios, mas acho que alguns trechos de uma mensagem que recebi até cabem aqui, como o lance do bar. Deixo claro que a intenção não é reproduzir chavões ou reduções machistas, apenas notar sutilmente que tudo tem um fundo de observação e veracidade, até mesmo o besteirol. O texto versa sobre possíveis diferenças de hábitos e/ou comportamentos entre homens e mulheres:

No bar, quatro homens pedem a conta e jogam na mesa R$ 20,00 cada um, mesmo que o rateio seja de R$ 12,50 cada. Logo, o troco será convertido em saideiras. Quando quatro mulheres recebem sua conta, surgem várias calculadoras e todas procuram pelas moedinhas exatas dentro da bolsa.

Na locadora, a mulher procura um filme em que uma só pessoa morre, bem devagarinho, e de preferência por amor. Um homem considera um bom filme aquele em que muita gente morre bem depressa, se possível com rajadas de metralhadora e grandes explosões.

No comércio, um homem pagará R$ 2,00 por um item que vale R$ 1,00, mas que ele realmente precisa. Uma mulher pagará R$ 1,00 por um item que vale R$ 2,00, mas que ela não precisa para nada e que nunca terá a menor utilidade.

Matrimônio: uma mulher costuma se casar esperando que o homem mude, mas ele não muda. Já um homem casa-se esperando que a mulher não mude. Mas ela muda.

Em casa, uma mulher tem a última palavra na discussão. Por definição, qualquer coisa que um homem disser depois disso já será outra discussão.