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Sydney, 2000: Alex (10) faz o gol da vitória sobre o Japão e é abraçado pelo reserva Roger |
Deco: 'Como se ele treinasse.' |
Roger no Timão: 'chinelinho' |
Sydney, 2000: Alex (10) faz o gol da vitória sobre o Japão e é abraçado pelo reserva Roger |
Deco: 'Como se ele treinasse.' |
Roger no Timão: 'chinelinho' |
(Alexandra Martins / Câmara dos Deputados) |
Wellington e Carlinhos: fora do Flu? |
Chegamos à terceira rodada do Brasileirão e, apesar do campeonato ainda estar em estágio embrionário, seria possível fazer algumas previsões, não fosse a temida janela de transferência para Europa, que, começando por Neymar, já está sacudindo os bastidores de diversas equipes. Só para citar alguns dos clubes que terão suas equipes enfraquecidas, o Fluminense pode ser devastado com as possíveis saídas de Wellington Nem, Carlinhos e Samuel, enquanto o Botafogo pode perder Jefferson e Dória, este para o Cruzeiro. O Atlético-MG já está se despedindo de Bernard, o Corinthians deve negociar Paulinho, Internacional pode vender Damião, e o Grêmio deve ficar sem Fernando.
A verdade é que, mesmo com baixas sensíveis, estas devem ser as equipes que não farão apenas papel de figurantes em 2013. Particularmente, aposto nos times do Rio de Janeiro, que vêm mostrando sua superioridade nos últimos anos, com três títulos contra apenas um de São Paulo. Por falar em quantidade de títulos, abro aqui um parêntesis para dizer que vou restringir a comparação feita nesta dissertação a RJ e SP. Esta área de abrangência faz-se necessária em razão dos demais estados estarem há anos luz de distância no que tange à quantidade de títulos brasileiros. Os únicos que interrompem a dobradinha RJ/SP e fazem alguma graça a cada 10 anos são os times de Minas Gerais e Rio Grande do Sul, com três e cinco títulos, respectivamente. Títulos de times dos demais estados acontecem com menos frequência que a passagem do cometa Halley pela órbita da Terra.
Flamengo iniciou 'sequência carioca' em 2009
Apesar do RJ levar vantagem recente, historicamente SP leva a melhor. Se considerarmos apenas a era pós 1971, os times de Sampa conquistaram 18 títulos, enquanto os cariocas levantaram 13 canecos (maldito Bangu, que perdeu nos pênaltis a decisão para o Coritiba em 85...). Entretanto, se levarmos em conta a nova regulamentação da CBF, que passou a considerar campeão brasileiro todo e qualquer time que tenha vencido um torneio nacional meia-boca entre 1959 e 1970, onde em algumas ocasiões o “campeão” precisou disputar apenas quatro partidas, a diferença aumenta: SP 28 x 15 RJ. Sejam honestos, “paulistada”! Equiparar um título conquistado no atual formato do Campeonato Brasileiro com os do século passado, listados abaixo, é uma afronta!
Jornal paulista noticiando conquista do Santos após disputar 4 jogos
1960 – Palmeiras (quatro jogos, três vitórias e um empate)
1963 – Santos (quatro jogos, quatro vitórias)
1964 – Santos (seis jogos, cinco vitórias e um empate)
1965 – Santos (quatro jogos, três vitorias e um empate)
1966 – Cruzeiro (oito jogo, sete vitórias e um empate)
Estes torneios deveriam, no máximo, com muita boa vontade, terem a equivalência de uma Copa do Brasil. Se assim fosse, a diferença entre RJ e SP seria reduzida. Placar moral: SP 24 x 15 RJ. No duelo entre capitais, onde seriam descartados os títulos de Santos (8) e Guarani (1), o jogo está empatado: SP 15 x 15 RJ. Confesso que comecei a simpatizar com a visão por este prima. E para ratificar minha aposta nos times do RJ para este ano, apesar de ainda ser cedo, basta olharmos a tabela de classificação. Temos dois cariocas e um paulista no G4, sendo que o Fluminense tem um jogo a menos, tendo portanto a possibilidade de se tornar líder. Enquanto isso, na outra ponta da tabela, temos um paulista e nenhum carioca no Z4. Mero acaso?
Guarani, primeiro time do interior a vencer o Brasileirão, há 35 anos
Como não poderia deixar de ser, o gol marcado pelo goleiro sãopaulino Rogério Ceni ontem, contra o Corinthians, está na boca do povo. Aqui na InFernet, comemorações e provocações brotam aos milhares, em blogues, no Twitter, no Facebook. E nas ruas, principalmente aqui na capital paulista, não se fala de outra coisa. A maior polêmica é se o gol marcado foi, de fato, o 100º na carreira do goleiro. Ontem, o site do Corinthians tentou minimizar o feito, publicando, em seu texto sobre o jogo: "O Alvinegro procurava encontrar seu espaço dentro de campo, quando, de falta, o goleiro adversário marcou, aos 08 min. Foi o 98º gol de sua carreira segundo a Fifa, principal entidade do futebol mundial" (nem o nome do goleiro quiseram escrever - rs).
Hoje, quando almoçava com minha filha no bairro Pinheiros, e a televisão ligada no Globo Esporte só falava de Rogério Ceni, um rapaz bem gordo e forte, com o escudo do Corinthians tatuado na canela, comentava em altos brados (mesmo sem perguntar se alguém tinha algum interesse no assunto): "Ele marcou dois gols em amistoso, jogo-treino, coisa que disputaram com timecos lá no Acre, em Pernambuco. Ninguém viu isso, é tudo farsa, e agora querem contar só pra dizer que marcou o 100º contra o Timão!". Bom, que a Fifa realmente não reconhece dois dos 100 gols marcados pelo capitão do São Paulo, é fato. A entidade só contabiliza gols em competições oficiais.
Porém, as duas partidas em questão foram confrontos profissionais, com arbitragem, súmula e público presente no estádio. A primeira ocorreu no início de 1998, no Morumbi: um amistoso entre o São Paulo e um combinado Santos/Flamengo, para marcar o retorno de Raí ao Tricolor (ele jogou a partida, mas só voltaria em maio daquele ano). Confiram a ficha técnica e o gol de Rogério Ceni, o 4º de sua carreira:
SÃO PAULO 1 x 1 SANTOS/FLAMENGO
Competição: Amistoso
Data: 25 de janeiro de 1998
Estádio: Morumbi
Público: 22.869
Árbitro: Alfredo Loebeling
SÃO PAULO - Rogério Ceni; Zé Carlos, Edmílson, Márcio Santos e Marcelinho Paraíba; Capitão (Sidney), Gallo (Alexandre), Fabiano (Carlos Miguel) e Raí (Adriano Gerlim); Marquinhos (França) e Denílson. Técnico: Darío Pereyra.
SANTOS/FLAMENGO - Zetti (Clemer); Anderson Lima, Argel, Júnior Baiano (Jamir) e Athirson (Ronaldão); Narciso (Caíco), Marcos Assunção, Palhinha (Jorginho) e Zé Roberto; Lúcio e Muller (Cleisson). Técnico: Emerson Leão.
Gols: Anderson Lima (48 minutos) e Rogério Ceni (66).
Dois anos depois, no mesmo Morumbi, o São Paulo organizou e disputou um torneio triangular de pré-temporada, com o Avaí, de Santa Catarina, e o Uralan, da Rússia. Depois de vencer o time catarinense, o Tricolor conquistou o torneio goleando os estrangeiros (em jogo apitado pelo mesmo Loebeling da partida contra o combinado Santos/Flamengo). E Rogério Ceni fez, naquela ocasião, o seu 12º gol:
SÃO PAULO 5 x 1 URALAN ELISTA (Rússia)
Competição: Torneio Constantino Cury
Data: 17 de janeiro de 2000
Estádio: Morumbi
Público: Não informado
Árbitro: Alfredo Loebeling
SÃO PAULO - Rogério Ceni; Paulão (Rogério Pinheiro), Edmílson e Wilson; Luiz Paulo (Alexandre), Raí (Carlos Miguel), Vágner (Sidney), Marcelinho Paraíba e Ricardinho; Evair (Souza) e França. Técnico: Levir Culpi.
URALAN ELISTA - Lutsenko; Oleg Tereshchenko, Zub (Millah), Sergey Shishkin e Mikhail Zharinov; Gaidamasciuk (Alexinikan), Artur Voskanyan, Yevgeny Ovshinov (Vidas Danchenko) e Cassiano (Pavel Dalaloyan); Brener (Régis) e Dmitry Semochko. Técnicos: Slava Alexiev e Alexandr Averianov.
Gols: Edmílson (29), França (37), Semotchco (47), Raí (54), Rogério Ceni (79) e Souza (90).
Como diria nosso amigo Paulo Silva Júnior, que atualmente passa um tempo na Irlanda, "há domingos de Choque-Rei". E amanhã será mais um deles. Se considerarmos o histórico de confrontos a partir de 1936, quando os dois times se enfrentaram pela primeira vez depois da refundação do São Paulo, tivemos até agora 282 jogos, com 100 vitórias do tricolor, 92 do Palmeiras e 90 empates (379 gols sãopaulinos e 366 palmeirenses). A primeira partida, válida pelo Campeonato Paulista, foi vencida pelo então Palestra Itália por 3 a 0, em 25 de outubro de 1936, no Parque Antarctica. Mathias abriu o placar e Rolando marcou mais duas vezes. A última, valendo pelo Campeonato Brasileiro, ocorreu em 19 de setembro de 2010, no Pacaembu, e teve o São Paulo como vencedor, por 2 a 0, gols de Lucas e Fernandão.
Há quem some a esses confrontos, porém, os 14 jogos do período entre 1930 e 1935, durante a - curta - existência do primeiro São Paulo. Foram 6 empates, 5 vitórias palestrinas e 3 sãopaulinas. Isso deixaria os números gerais com 296 partidas, 103 vitórias do São Paulo, 97 do Palmeiras e 96 empates (402 gols tricolores e 389 alviverdes). Neste caso, o primeiro jogo teria ocorrido em 30 de março de 1930, um empate por 2 a 2 no antigo campo da Floresta, pelo Campeonato Paulista - gols de Friedenreich e Zuanella para o São Paulo, e Serafim e Heitor para o Palmeiras. No entanto, como a história do primeiro São Paulo não é agregada oficialmente nem pela diretoria do clube atual, fica ao gosto do freguês a opção por uma das contas.
Mas vale resgatar, aqui, alguns desses confrontos históricos válidos especificamente pelo Paulistão. Clássicos que foram batizados de "Choque-rei" pelo jornalista Tomaz Mazoni, da extinta A Gazeta Esportiva:
São Paulo 6 x 0 Palestra Itália (26/03/1939) - A maior goleada do clássico, em partida válida pelo Paulistão de 1938, que foi disputado até abril do ano seguinte e teve o Corinthians campeão; São Paulo vice. Disputado num obscuro estádio Antônio Alonso, um dos muitos locais por onde o time sãopaulino perambulava antes de comprar o Canindé e, posteriormente, construir o Morumbi, o jogo (foto à direita) teve como artilheiros Armandinho (3), Elyseo, Paulo e Araken. O São Paulo tinha virado time forte poucos meses antes, após uma fusão com o Estudantes, da Mooca. Antes disso, entre 1936 e 1938, em 8 jogos contra o Palmeiras, tinha sido derrotado 7 vezes e empatado uma vez, sem uma vitória sequer.
Palmeiras 3 x 1 São Paulo (20/09/1942) - O famoso jogo em que o Palmeiras entrou pela primeira vez em campo com este nome (foto à esquerda), em vez de Palestra Itália, que foi trocado pelo fato de os italianos serem inimigos do Brasil na Segunda Guerra Mundial (dizem que a diretoria do São Paulo estava entre os que pressionaram a mudança, o que acirrou a rivalidade). Mas a partida ficou marcada, principalmente, pela fuga do São Paulo, que abandonou o gramado do Pacaembu aos 19 minutos do segundo tenmpo, por não aceitar as marcações da arbitragem. Consta que, na súmula, alguém escreveu sobre o time sãopaulino, à guisa de explicação: "Fugiu!". Palmeirenses marcaram com Cláudio, Echevarrieta e Virgílio (contra), e Waldemar descontou para o São Paulo. Com a vitória, o Palmeiras sagrou-se campeão paulista.
São Paulo 1 x 0 Palmeiras (10/11/1946) - Jogo que deu o único título invicto de campeão paulista para o time sãopaulino. E contou com um final emocionante: contundido após dividida mais forte com um palmeirense, o zagueiro Renganeschi passou a "fazer número" na ponta, como se dizia na época, pois substuições durante a partida eram proibidas. Ou seja, na prática, o São Paulo jogava com dez no Pacaembu. Mas, aos 38 minutos do segundo tempo, o mítico goleiro Oberdan Catani espalmou uma bola no travessão e ela pingou na pequena área do Palmeiras; Renganeschi, que vinha mancando e se arrastando justamente por ali, empurrou para o gol (foto à direita). Dos 11 títulos paulistas disputados entre 1940 e 1950, São Paulo e Palmeiras ganharam cinco cada um (a exceção foi o Corinthians, em 1941).
Palmeiras 1 x 1 São Paulo (28/01/1951) - Confronto que ficou conhecido como o "jogo da lama" e que decidiu o Campeonato Paulista de 1950 para o Palmeiras. O São Paulo precisava de uma vitória simples para faturar aquele que seria o primeiro tricampeonato de sua história. E abriu o placar no Pacaembu com o ponta Teixeirinha, logo aos 3 minutos de jogo. Porém, no início do segundo tempo, o Palmeiras empatou com Aquiles - e ficou com o título. Sãopaulinos reclamaram que o palmeirense estava em total impedimento, não marcado pelo juiz inglês Alwin Bradley (que os maldosos apelidaram de Bradelli). A marca do jogo foi a raça dos jogadores palmeirenses, no campo encharcado e enlameado. No intervalo, Jair Rosa Pinto cobrou aos berros (foto) uma reação para obter o empate. Foi dele o passe para o gol de Aquiles.
São Paulo 1 x 0 Palmeiras (27/06/1971) - Famosa partida que decidiu o título paulista de 1971, no Morumbi, com um gol de Toninho Guerreiro para o São Paulo. O lance capital do jogo ocorreu no segundo tempo, quando o atacante Leivinha cabeceou para empatar aquele confronto decisivo. Isso daria novo ânimo para o Palmeiras, que precisava da vitória para conquistar o campeonato. Mas o polêmico juiz Armando Marques anulou o gol, alegando que Leivinha tinha marcado com um - imaginário - toque de mão. Nota-se, na foto à direita, que Leivinha ainda teve a camisa puxada no lance. Revoltados, os jogadores do Palmeiras não tiveram mais a calma necessária para buscar a virada no placar. E o São Paulo sagrou-se bicampeão paulista.
Palmeiras 0 x 0 São Paulo (03/09/1972) - Disputado por pontos corridos, o Paulistão de 72 foi decidido apenas na última rodada, num Choque-Rei que lotou o Pacaembu, como nos velhos tempos. Para o Palmeiras, bastava o empate para ser campeão. Mas o cruel da história é que os dois times estavam invictos, então o São Paulo tornou-se um curioso vice-campeão que não perdeu uma partida sequer na competição. Além disso, o Palmeiras impediu mais uma vez que o rival conseguisse obter seu primeiro tricampeonato. E, mesmo que indiretamente, sem disputar a decisão com o São Paulo, ainda seria campeão em 1993, abortando mais uma vez a sequência de três títulos, depois de os sãopaulinos terem ganho o Paulista em 1991 e 1992.
São Paulo 1 x 0 Palmeiras (17/06/1979) - O confuso Campeonato Paulista de 1978 só seria definido na metade do ano seguinte, com os "meninos da Vila" (Nilton Batata, Pita, Juari) levantando o caneco pelo Santos. A final foi disputada com o São Paulo, que conquistou a vaga de forma inacreditável. Milhares de palmeirenses já cantavam "Tá chegando a hora" no Morumbi, no final da prorrogação, pois o empate garantia o alviverde na decisão. A torcida sãopaulina, em minoria, começava a abandonar o estádio. Foi então que o lateral Getúlio cruzou uma bola na área e Serginho Chulapa (à direita) cabeceou para cima; a bola descreveu um arco improvável e, mais improvável ainda, caiu dentro do gol. São Paulo classificado, palmeirenses perplexos.
Palmeiras 4 x 4 São Paulo (18/04/1999) - Há quase 12 anos, um Palmeiras comandado por Luiz Felipe Scolari (à esquerda) e um São Paulo por Paulo César Carpegiani se enfrentaram pela primeira fase do Paulistão, no Morumbi. Parece dèjá vu, e tomara que seja, pois o resultado naquela ocasião foi uma chuva de gols. Dodô (2), Serginho e Rogério Ceni marcaram para o tricolor e Galeano (2) e Evair (2) fizeram os gols da igualdade em 4 a 4 num inesquecível Choque-Rei. Naquele ano, o Paulistão ficou com o Corinthians, mas o Palmeiras levantaria a Copa Libertadores. Já o São Paulo, nessa primeira passagem de Carpegiani, passou o ano em brancas nuvens.
São Paulo 2 x 1 Palmeiras (13/04/2008) - A polêmica mais recente entre os dois rivais, no Campeonato Paulista, ocorreu na edição de 2008. Os times se enfrentaram pelas semifinais e, logo na primeira partida, já teve confusão. Naquele semestre, o São Paulo contava com os gols do conturbado "imperador" Adriano. No clássico de ida pelas semifinais, no Morumbi, ele abriu o placar com um gol de mão (foto à direita), que foi validado pelo juiz Paulo César de Oliveira. No segundo tempo, ele ainda faria mais um e, de pênalti, Alex Mineiro diminuiu para o Palmeiras. Mas a partida de volta teria o "troco" dos alviverdes.
Palmeiras 2 x 0 São Paulo (20/04/2008) - Esse foi o "jogo do gás". Num episódio até hoje muito mal explicado, os jogadores do São Paulo ameaçaram não voltar para o segundo tempo da partida, pois um spray de gás pimenta teria sido atirado dentro de seu vestiário. Naquela altura, o time perdia por 1 a 0, gol de Léo Lima em falha bisonha do goleiro Rogério Ceni. Na etapa final, Valdívia marcou o seu e fechou o caixão sãopaulino, com direito a fazer o gesto de "fica quieto" (foto) para Ceni, que havia empurrado seu rosto em um lance de discussão. O Palmeiras, treinado na época por Vanderlei Luxemburgo, conquistaria o Paulistão de 2008, seu título mais recente.
Pois então, Valdívia e Rogério Ceni se reencontram amanhã. E mais um capítulo desse clássico será escrito no Paulistão. Com muitas emoções, esperamos nós.
Que me desculpem os amigos colorados, mas que história é essa de nomear Marcelo Dourado como Cônsul Cultural do Inter?
Eu que assisti a vitória do Inter por 3 a 0 em cima do Deportivo Quito, pela Libertadores na noite desta quinta-feira, fiquei absolutamente indignada...
Além da polêmica se o tal do Dourado é ou não homofóbico, o que o vencededor do BBB 10 fez ou faz para, na beira do gramado do Beira-Rio, receber o título de Cônsul Cultural?
No mínimo, ter propagado a máxima que homens heterossexuais não contraem o vírus HIV.
Coisa de marketeiro mesmo, que papelão!
Leio hoje sobre a entrega do polêmico troféu Copa Brasil (foto), ou "taça das bolinhas", para o São Paulo. Já escrevi sobre o que penso aqui e aqui, não vou me estender mais sobre o mérito da questão. Mas a decisão da CBF acabou causando ainda mais confusão. Afinal, o São Paulo conquistou seu quinto título brasileiro há quase dois anos e meio e, na época, a entidade até ameaçou entregar a taça ao clube, mas voltou atrás e calou-se. E a entrega para o time paulista só acontece agora, como possível represália de seu presidente, Ricardo Teixeira, contra o Flamengo, que votou a favor de Fábio Koff na eleição do presidente do Clube dos 13, há três dias. Kléber Leite, o candidato de Teixeira, foi derrotado por 4 votos. Curioso é que o São Paulo também votou contra o candidato da CBF, o que levanta a hipótese de picuinha de foro carioca ou, como preferem outros teóricos da conspiração, mais um episódio da novela "Morumbi na Copa", pois a Fifa insinuou novamente que a participação do estádio não está garantida. Disposta a apoiar a construção de um novo estádio na capital paulista, a CBF estaria dando a "taça das bolinhas" como "prêmio de consolação". Não creio. Acho que foi pancada no Flamengo, mesmo.
Buenas, confusões à parte e apesar de ser sãopaulino, fico chateado com o desfecho desta saga. Sim, porque dou valor à história do futebol brasileiro e objetos como esse troféu deveriam servir como chancela de tradição e continuidade, como acontece com a taça da Copa Libertadores. Acho que o grande erro foi a determinação de que a Copa Brasil fosse entregue ao clube que primeiro conquistasse cinco títulos, ao contrário da Libertadores, cuja posse é transitória e nunca será de ninguém. Porque a Copa Brasil tem sua história, estava lá no Maracanã quando o Atlético-MG derrotou o Botafogo, em 1971, passou pelas mãos dos gloriosos bicampeões do Palmeiras e do Inter-RS, nos anos seguintes, presenciou a batalha do Mineirão, em 1977, premiou o Flamengo de Zico, o Grêmio de Baltazar, o Fluminense de Washington e Assis. O mesmo objeto, em todas essas decisões. Deveria estar em disputa até hoje. E agora leva a pecha jocosa de "taça das bolinhas" e vai empoeirar numa sala qualquer do Morumbi, como pivô de intrigas das quais não tem absolutamente nada a ver.
Triste isso, mas puro reflexo da bagunça que era o futebol brasileiro antes da era dos pontos corridos. Ainda temos inúmeros problemas no torneio nacional, privilégios de certos clubes, manobras de bastidores, arbitragens polêmicas, prioridade do poder econômico, injustiças etc etc. Mas antes era muito pior. A lambança de 1987, centro das discussões sobre a "taça das bolinhas", é um exemplo. O torneio foi organizado pelo Clube dos 13, excluindo times como o Guarani, vice-campeão de 1986. Daí, entregraram o comando para a CBF, que mudou o regulamento no meio do campeonato. Ridículo, absurdo, estapafúrdio. Os times deveriam ter paralisado a competição. Mas se calaram e, no ano seguinte, voltaram alegres e contentes para os braços da CBF. É por isso que eu comemoro a era dos pontos corridos, apesar de tantos problemas. E é sintomático que essa democracia (quem faz mais pontos é campeão e quem faz menos é rebaixado, ponto final) tenha sido estabelecida a partir do primeiro ano de mandato do presidente Lula. Quer saber? Deem a taça para ele!
Ao converter seu 39º pênalti na carreira, domingo, contra o Mogi Mirim, o goleiro Rogério Ceni ficou bem próximo da marca de 100 gols como profissional. Segundo os dados oficiais, com os 89 marcados até aqui, ficariam faltando apenas 11. Mas o caminho poderia ser mais curto, pois, na verdade, Ceni já fez 91 gols. Acontece que dois não são considerados "oficiais", pois foram marcados em jogos amistosos. O primeiro em 25 de janeiro de 1998, no empate do São Paulo por 1 a 1 com o combinado Santos/Flamengo, jogo que contou com a participação de Raí e anunciava sua volta ao clube (que aconteceria em maio daquele ano). Me lembro que Romário foi até o Morumbi pra jogar, mas, como não recebeu os mil reais que havia pedido como cachê, deu algumas entrevistas se desculpando e foi embora. O gol de Rogério Ceni naquele jogo pode ser visto neste vídeo aqui.
Dois anos depois, em 17 de janeiro de 2000, o São Paulo goleou o Uralan Elista, da Rússia, por 5 a 1. O goleiro deixou mais um, como pode se ver aqui. Era o segundo e último jogo de um improvisado "Torneio Internacional" Constantino Cury. Na primeira partida, o São Paulo venceu o Avaí, de Santa Catarina, por 3 a 2 - por isso, ao ganhar também do time russo, acabou sendo "campeão". Claro, óbvio: tanto o confronto de 1998 como esses de 2000 foram amistosos de início de temporada, descontraídos e sem valor. Mas não foram jogos-treino. Quantos amistosos desse tipo o Pelé, por exemplo, não disputou pelo Santos? E seus gols foram contabilizados, bem como aqueles marcados quando defendeu a Seleção do Exército Brasileiro. Isso já deu rolo quando o citado Romário decidiu comemorar seu "milésimo" gol.
Se a soma de gols "não oficiais" de Rogério Ceni fosse grande, mais de 10 ou coisa do gênero, até entenderia a polêmica sobre contá-los ou não. Mas esses dois golzinhos, o que custa? Duas cobranças de falta bonitas, em jogos profissionais. Buenas, de qualquer forma, acredito que ele chegará aos 100 gols. Mas completar 1.000 jogos com a camisa do São Paulo, faltando 109 para isso, já será outra história...
O economista e presidente do Palmeiras, Luiz Gonzaga Belluzzo (à direita), já entrevistado por este blogue, continua sua "cruzada" pela legitimidade de títulos conquistados pelo seu time em tempos "de antanho". Como diretor de Planejamento do clube, junto com o ex-presidente Affonso Della Monica, ele conseguiu que a Fifa homologasse a polêmica Taça Rio de 1951, vencida pelo alviverde, como um "mundial". Agora, os alvos são os torneios nacionais existentes antes do primeiro Campeonato Brasileiro, que começou a ser disputado, oficialmente, em 1971. Com o apoio dos presidentes de Cruzeiro, Santos, Bahia, Botafogo-RJ e Fluminense, Belluzzo apresentou publicamente, na semana passada, um novo "dossiê", a ser encaminhado para a CBF, que pede o reconhecimento e a contagem dos títulos da Taça Brasil (disputda entre 1959 e 1968) e do Torneio Roberto Gomes Pedrosa (que existiu entre 1967 e 1970) como legítimos Brasileirões.
Nós, do Futepoca, já antecipamos essa discussão muitas vezes, como aqui, aqui e aqui. A questão tem gerado muita polêmica. Ademir da Guia (à direita), no Lance! de domingo, defende o reconhecimento dos dois torneios: "Jornais e revistas da época classificavam os vencedores da Taça Brasil e Roberto Gomes Pedrosa como verdadeiros campeões brasileiros. Os clubes vencedores daquelas competições têm o direito de brigar pela oficialização de suas conquistas". No mesmo jornal, outro palmeirense, o comentarista Mauro Beting, pondera que o Robertão até poderia ser considerado um Brasileiro, mas a Taça Brasil não. "Taça Brasil é a mãe da Copa do Brasil - torneio eliminatório, com representantes de quase todo o país; Robertão é o pai do Brasileirão - um campeonato de fato, com os melhores do país, na época de ouro do futebol brasileiro", argumenta o jornalista. "O vencedor do Robertão é tão campeão brasileiro quanto qualquer outro a partir de 1971. O vencedor da taça Brasil é tão campeão como qualquer campeão da Copa do Brasil a partir de 1989", acrescenta.
Já o treinador e ex-jogador Paulo César Carpegiani (à esquerda) tem opinião inversa à de Beting: "O Roberto Gomes Pedrosa era um torneio disputado por grandes equipes do nosso futebol, mas se caracterizou principalmente pela briga entre clubes do eixo Rio e São Paulo. (...) A Taça do Brasil, que tinha uma forma de disputa semelhante à da Copa do Brasil, é mais coerente para que seja considerada um torneio nacional por envolver equipes de todo o país desde o início". Por sua vez, Luiz Fernando Gomes, colunista dominical do Lance!, resolveu esculhambar a questão na raiz. Com o título de "Festival de Besteira que Assola o País" (plagiado intencionalmente do finado Stanislaw Ponte Preta), o colunista afirma que "cartolas que não dão conta de cuidar do presente e de planejar o futuro agora querem mudar o passado". E ridiculariza argumentos pró e contra a avalização dos torneios pela CBF, como o do santista Adilson Durante, que defende a questão simplesmente para que Pelé seja "campeão de todos os títulos", ou do sãopaulino Marco Aurélio Cunha, que é contra porque tais campeonatos significam "o fim de uma época e de uma cultura" e, por isso, "não faz sentido associar os títulos".
Gomes satiriza: "A partir de agora ele (Marco Aurélio - foto à esquerda) vai ter de dizer que o São Paulo não é mais tri, mas tem apenas um título mundial - o de 2005, no Mundial da Fifa no Japão. Os outros dois, daquela taça intercontinental de um jogo só, são de 'uma outra época, outra cultura'. Não se pode associar os títulos...". Mas o colunista não defende ou rechaça o reconhecimento dos torneios proto-nacionais. Ele prefere dizer que "é coisa de quem não tem o que fazer". Isso tudo ainda vai dar muito pano pra manga, mas, em minha opinião, acho que a CBF vai acabar capitulando aos desejos de Belluzzo e dos outros clubes envolvidos - visto o reconhecimento precedente (e até mais improvável) da Taça Rio como "mundial" pela Fifa. Por mim, já cheguei a pensar como Mauro Beting, na associação do Robertão com o Brasileiro e da Taça Brasil com a Copa do Brasil. Mas hoje, pensando melhor, acho que seria contrasenso reconhecer um e não outro.
Como diz o companheiro Glauco, a Taça Brasil era o único torneio nacional existente entre 1959 e 1966 e indicava os times que disputariam (e que disputaram) a Copa Libertadores. Porém, se a disputa for reconhecida e contabilizada como Campeonato Brasileiro, o que acontecerá com a Copa do Brasil? Afinal, ela também classifica times para o torneio continental. Tenho quase certeza de que todos os que venceram a Copa também vão reivindicar o reconhecimento dessa competição como Brasileirão. Daí, no "vale tudo", ou seja, na soma da Taça Brasil, Robertão e Copa do Brasil como títulos brasileiros, o novo ranking colocaria o Palmeiras como campeão absoluto, para alegria do "garimpeiro de títulos" Luiz Gonzaga Belluzzo:
1º - Palmeiras (9 títulos) - 1960, 1967 (Taça Brasil), 1967 (Robertão), 1969, 1972, 1973, 1993, 1994, 1998
2º - Santos (8 títulos) - 1961, 1962, 1963, 1964, 1965, 1968, 2002, 2004
3º - Flamengo (7 títulos) - 1980, 1982, 1983, 1987, 1990, 1992, 2006
4º - Corinthians (6 títulos) - 1990, 1995, 1998, 1999, 2002, 2005
- Cruzeiro (6 títulos) - 1966, 1993, 1996, 2000, 2003 (Copa do Brasil), 2003 (Brasileiro)
- Grêmio (6 títulos) - 1981, 1989, 1994, 1996, 1997, 2001
- São Paulo (6 títulos) - 1977, 1986, 1991, 2006, 2007, 2008
8º - Internacional-RS (4 títulos) - 1975, 1976, 1979, 1992
- Vasco (4 títulos) - 1974, 1989, 1997, 2000
9º - Fluminense (3 títulos) - 1970, 1984, 2007
10º - Bahia (2 títulos) - 1959, 1988
- Botafogo-RJ (2 títulos) - 1968, 1995
- Sport (2 títulos) - 1987, 2008
13º - Atlético-MG (1 título) - 1971
- Atlético-PR (1 título) - 2001
- Coritiba (1 título) - 1985
- Criciúma (1 título) - 1991
- Guarani (1 título) - 1978
- Juventude (1 título) - 1999
- Paulista de Jundiaí (1 título) - 2005
- Santo André (1 título) - 2004
E então, alguém concorda com ou discorda dessa nova "configuração"?