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Buenas e me espalho!
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Mussum e uma garrafa: dia de homenagear o 'santo' |
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Passista: Mussum, de perfil, é o 2º a partir da esquerda |
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'Sapien in monti palavris qui num significa nadis i pareci latim.' Sensacionalzis! |
Foram dois os passageiros de dois ônibus diferentes em um só dia a mesma frase os autores da frase que intitula este post. Um, ouvi pela manhã de quinta-feira da semana passada. O outro, à noite. Os contextos vão a seguir.
O cobrador recebe o pagamento da passagem quando o coletivo entra na Xavier de Toledo rumo à Praça Ramos. O passageiro sem Bilhete Único separa R$ 2,70 mas se dá conta de que o preço já subiu há umas três semanas. Tira cincão da carteira e reclama com uma das pérolas da sabedoria popular mais repetidas em toda a história inflacionária tupiniquim:
– Três reais. O ônibus aumenta, só o salário é que não.
– É. Aumentou o ônibus, mas pergunta se o nosso salário aumentou – corrobora o cobrador, referindo-se a um dos custos que compõe a planilha usada para definir o preço. Ele próprio responde sem que ninguém aceite o desafio: – Aumentou nada.
Na sequência, um passageiro de uns 50 anos surge na catraca e discorda:
– Não é caro, por R$ 3 o cabra pega três ônibus por três horas... Sai R$ 1 por condução, tá barato.
Na realidade, pelo valor de uma passagem, usando o Bilhete Único, o passageiro pode tomar até quatro ônibus diferentes em um intervalo de três horas. Se tomar um carro só, pagará o mesmo valor. Desci antes de ouvir se alguém tinha arriscado um contra-argumento.
* * *
Na volta, depois de um dia de trabalho, o ônibus sobe a rua da Consolação e cruza com uma manifestação do Movimento pelo Passe Livre que pede a revisão do aumento na capital paulista. Em meio a gritos como "quil-pariu, é a maior tarifa do Brasil", os estudantes tinham o apoio de quem passava na rua, menos os motoristas dos carros engarrafados atrás da marcha.
Dentro do coletivo em que este autor encontrava-se (sóbrio até então), surge uma voz no esperado tom reacionário, muito comum ao se presenciar protestos:
– Tudo cambada de vagabundo. O cidadão trabalhou o dia todo, quer chegar em casa e não pode porque essa cambada de vagabundo fica aí tapando a rua. Como se fosse caro R$ 3... Passou dois anos sem aumentar, agora aumentou – justificou.
Ninguém respondeu, aparentemente ninguém concordou.
Até porque, o meliante enganava-se, já que a tarifa ficou congelada apenas em 2009, o primeiro ano da gestão de Gilberto Kassab. Era promessa de campanha. No ano seguinte, o preço subiu de R$ 2,30 para R$ 2,70 e, deste valor, para os atuais R$ 3.
* * *
Gente reclamando que tudo está caro é comum, normal. O contrário é atípico, sinal de que o pessoal tomou umas e outras ou que está ganhando bem demais.
A sequência de episódios, em um mesmo dia, me lembrou do memorável esquete dos Trapalhões em que Mussum explica para Dedé os motivos porque considera que o governo de então fazia bem de reajustar os preços dos mais variados insumos. Os valores eram tabelados e o governo tornava-se alvo de qualquer um que precisasse pagar as contas. Mussum defende o governo e os aumentos sem desfaçatez. A coisa só muda quando... Bom, aí quem não assistiu, precisa fazê-lo.
Governozinho danadis.
Hoje o G1 estampa uma matéria com o seguinte título: Brasileiros consomem menos feijão e arroz e mais cerveja, aponta o IBGE. Nenhuma mentira no caso, mas o foco na cerveja mostra um certo juízo de valor e um relativo preconceito contra os apreciadores do suco de cevadis, como dizia o saudoso Mussum. O instituto mostra, entre os alimentos ditos líquidos, que o suco negro do capitalismo, representado pelo segmento de refrigerantes de cola, e a água mineral foram os produtos cujo consumo mais cresceu nos últimos oito anos, de acordo com a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2008-2009. O consumo de cerveja também aumentou em 23,2%, mas menos do que os 27,5% da água e os alarmantes 39,3% do líquido que borbulha. Compra-se, em média, 12,6 kg de refrigeirante de cola, enquanto a cervejinha não chega a 5,6 kg. Menos da metade!
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) cassou o registro de candidatura de pelo menos sete candidatos e de cinco partidos políticos. Chacrinha, Mussum, Grande Otello, Machado de Assis e Aleijadinho tiveram os registros de suas postulações desprezadas, assim como os partidos da Música (PM), da História (PHT), da Literatura (PLT), das Artes (PAR) e da Televisão (PTV). Sem o nome do finado trapalhão, o pleito perde na qualidade do debate.
Tudo isso ocorreu no simulador de urna eletrônica (pode clicar, é verdade) disponível na página do TSE. Até 2008, os candidatos para exercitar o eleitorado eram os supracitados artistas, ao lado de outros, como Elis Regina, Cora Coralina e Santos Dumont.
Os partidos atuais que "concorrem" na simulação são ainda mais sugestivos. O Partido das Formas Geométricas (PFG) tem como expoentes os triângulos isóceles, obtusângulo e retângulo. O das Frutas (PF) conta com Tangerina, Pera, Uva, Açaí e Melancia, entre outros. O Limão – tão caro ao Futepoca por permitir a confecção de caipirinha – amarga apenas uma modesta suplência da Maçã.
O Partido dos Animais (PA), o dos Brinquedos (PB) e o dos Esportes (PE) contam com figuras proeminentes da mesma espécie de associação.
A Justiça Eleitoral não explicou o motivo para o abandono de candidaturas tradicionais, de amplo apelo junto à população desde o primeiro pleito em que a urna eletrônica foi adotada, em 1996, na eleição municipal. O órgão tampouco esclareceu se haveria vínculos entre os cassados PTV, PLT e PHT com o PT – mas todo mundo sempre achou que fossem dissidências ideológicas de alguma espécie.
Há ainda surpreendentes registros duplos para os cargos de governador e de senador. Para todas as legendas-fictícias, o TSE aponta os mesmos nomes aos dois cargos. Na disputa para valer, o procedimento geraria uma cassação efetiva da dupla candidatura.
Em tempo
Sem o futebol, nem o partido das Poaceae – ao qual a cana-de-açúcar poderia ser filiado – e muito menos o das bactérias anaeróbias – que produzem a fermentação – o Futepoca declara seu voto nulo no simulador para todos os cargos. Os vínculos com o Futebol de Mesa, que aceitou ser suplente de senador pelo PB, numa clara dissidência em relação ao PE, não foram suficientes para mobilizar o ébrio eleitorado.
CHICLETE DE HORTELÃ
(Composição: Zeca Pagodinho)
Mussum
Eu já mandei pedir à Odete
Para me mandar
Um chiclete de hortelã
Para tirar
Esse cheiro de aguardente
De romã do Ceará
Já cansei de implorar à minha irmã
Prá me mandar um chiclete de hortelã
Ela foi para bahia
Terra do balangandã
E numa casa de santo
Foi comprar um talismã
Que dizia ter encantos
Quebrava os quebrantos
E era de Iansã
E eu só pedi prá me comprar
Um chiclete de hortelã
Quando vem raiando o dia
Meditando em seu divã
Só penso na carestia
Que aumenta a cada manhã
Oh, meu Deus, que bom sereia
Se eu comprasse alcatra ou chã
Mas o dinheiro já nem dá
Pro chiclete de hortelã
Nos meus tempos de infância
Todo dia de amanhã
O bom velhinho do doce
Que de criança era fã
Tem cocada, mariola
Bala e doce de maçã
Olha aí
Quem quer comprar
Um chiclete de hortelã
O meu time vai domingo
Jogar no maracanã
Vou festejar a vitória
Com a torcida campeã
Se quando eu chegar em casa
Não estiver de cuca sã
Prá disfarçar eu vou mascar
Um chiclete de hortelã
(Do LP "Mussum - Água Benta", 1978) - baixe aqui
O professor de Harvard Henry Louis Gates Junior voltava de uma viagem de uma semana à China para sua casa em Cambridge, no estado de Massachusetts. Por algum motivo, o morador mais o motorista que o conduzia não conseguiram abrir a porta. A polícia teria sido chamada porque dois negros estavam tentando arrombar uma casa.
O sargento James Crowley foi ao local, abordou Gates. O professor terminou preso por desacato e a mídia dos Estados Unidos passou uma semana discutindo racismo.
A jornalistada foi ouvir Barack Obama:
– A polícia de Cambridge agiu de forma estúpida ao prender alguém quando havia prova de que ele estava em sua própria casa
"Estúpida"? Crise à vista. Como superá-la?
Foto: Pete Souza/Casa Branca
Obama chamou Joe Bidden, seu vice, e os dois envolvidos na crise. Mandou vir uma Budweiser light, da multinacional belgo-brasileira Inbev – o que causaria outra dose de polêmica – e teriam brindado a Mussum como forma de solucionar o impasse.
Manguaça-cidadão
Que Lula é "my man" para Obama, isso já rendeu demais. Mas se fosse aqui, talvez o presidente brasileiro fosse acusado de promover o consumo de bebida alcoólica ou de ser cachaceiro (que, se estivesse no Futepoca, soaria como reconhecimento de bons serviços prestados).
O fato é que boa parte dos conflitos políticos nacionais poderiam ser mais livremente discutidos na mesa do bar. O problema seria a relatoria das conclusões...
Em tempo
Larte Braga levou a Cúpula mais a sério. Ele critica o fato de Obama não ter insistido em um pedido de desculpas ou alguma forma de retratação da parte do sargento acusado de racismo. "O presidente foi apenas o garçom", declarou Gates.
Acho que faltou mais uma rodada para Obama chegar lá.
Não é por conta de uma efeméride semi-redonda que o Futepoca vai homenagear Mussum. Em nossas idas ao bar, inevitavelmente os blogueiros de cá brindam ao grande humorista que marcou a infância de muita gente com seu humor politicamente incorreto, sempre fazendo referência à cachaça (opa!) e às vezes desfilando com uma indecente cueca samba-canção. De qualquer forma, não poderíamos deixar tal data passar batida e publicamos alguns vídeos para lembrar do nosso grande muso inspirador (outros vídeos, em post de 2008 aqui).
Cacildis! Futucando a internetis, encontrei um elepêzis de 1986 do nosso ídalo, guru e mestris Antonio Carlos Mussum. E quem é que toca violãozis de 6 e de 7 cordis? Ninguém menos que o finadis Raphael Rabello. E o repertório é caprichadis: "Because forever" (João Nogueira/ Mussum), "Filosofia de quintal" (João do Cavaco/ Zé Maurício), "Ei! Moleque" (Arlindo Cruz/ Chiquinho), "Debaixo do meu chapéu" (Nei Lopes), "O torcedor" (Dicró/ Roberto Dicró), "Verdade expressa" (Almir Guineto/ Adalto Magalha), "Madureira, Vaz Lobo e irajá" (Jorge Aragão/ Mussum/ Neoci), "Tola insensatez" (Marcos Paiva/ Franco), "Grande Gerê" (Noca da Portela/ Toninho Nascimento), "Amor sem segredo" (Adilson Bispo/ Zé Roberto/ Marquinho P.Q.D.), "Sem você tudo bem" (Dedé da Portela/ Dida) e "Festa do lava pés" (Bandeira Brasil/ Beto Sem Braço/ Serginho Meriti). Confira a capis e a contracapis do disco da Continentalzis:
Eu vô chamá meu adevogado!
Como alertou Mouzar Benedito, em artigo para a revista Fórum, o fundamentalismo está realmente tomando conta da manguacice no Brasil. Depois da Lei Seca para motoristas, querem aprovar agora um projeto que torna crime vender, fornecer, entregar ou servir bebida "a quem se acha em estado de embriaguez", entre outros casos específicos, como quem "sofre das faculdades mentais" e quem estiver "judicialmente proibido de frequentar lugares onde se consome bebida". A pena pode variar de seis meses a dois anos de prisão, além de multa. Alerta geral: a lei "Anti-saideira" já está na Câmara dos Deputados e pode ser votada ainda este mês. É mais um atentado contra o Estado de Direito Etílico defendido pelo nosso Manguaça Cidadão!Acho que seria o caso de perguntar: quem serão os "fiscalizadores de embriaguês" autorizados a proibir o prosseguimento da bebedeira e mandar os bêbados para casa? Qual será o limite para proclamar que alguém está encachaçado? A deputada federal Sandra Rosado (PSB), relatora do projeto na Comissão de Constituição e Justiça, afirma que "a embriaguez é algo evidente" e que, por isso, trata-se de "uma lei fácil de cumprir, porque a pessoa embriagada ou com problemas mentais já faz parte da comunidade, da vizinhança". Como assim, cara pálida? A deputada Rita Camata (na foto acima, após um tombo), do PMDB, autora do projeto que tramita desde 1995, acredita que o governo "já tem uma estrutura de fiscalização" que pode ser usada nos casos previstos em sua proposta.
Na cara larga, sem maiores explicações, ela empurra o abacaxi e afirma que "os detalhes da fiscalização ficarão a cargo do Executivo e serão definidos depois da aprovação do projeto no Congresso Nacional". Ah, então tá! Não contente, Rita Camata queria proibir, também, a venda de bebidas alcoólicas para menores de 21 anos. Sua justificativa era que "o amadurecimento, geralmente, só se completa nessa idade" (só se for o dos filhinhos dela!). Graças ao Deus Mussum, o artigo foi suprimido ao passar pelas comissões, pois os relatores decidiram que a questão da maioridade - de 18 anos - já estava contemplada no Estatuto da Criança e do Adolescente.
Diante de tanta opressão, já tem gente gritando: o superintendente do Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja (Sindicerv), Enio Rodrigues, não crê na aplicabilidade do projeto. "A aplicação deste projeto é complicada. Vai ter um bafômetro em cada lugar para medir a embriaguez? Tem que pensar na praticidade também na hora de fazer um projeto", observa Rodrigues, com lucidez. Porém, cabe aqui a observação de que não existem mocinhos nem bandidos nesse rolo. O projeto trmitou 14 anos, a passo de tartaruga, única e exclusivamente pela influência do lobby da indústria de bebidas.
Questionado, Rodrigues abusou do cinismo: "As empresas trabalham no sentido de conscientizar os parlamentares de que existem posições contraditórias sobre o tema". Mais tucanês que isso, impossível!
Circula desde o final de novembro. Mas é divertido.
Grande Mussum! E tem até camiseta à venda. Parece que foi o Kibeloco que fez, mas não consegui confirmar ainda.
Foto: The Tales/Flickr
A inspiração é o modelito a favor de Barack Obama, o presidente eleito à prova de sapatadas. O detalhe é que há várias versões com palavras diferentes escritas sob a imagem em duas cores do democrata.
Aliás, pelas minhas contas, são 70 modelos de camisas pró-Obama na loja virtual oficial da campanha (ainda disponível para arrecadar). Vale lembrar que exemplares conforme a imagem acima não estão disponíveis para venda, então teve bem mais camisetas pró-Obama do que isso. Isso foi até motivo para um internauta criar um blogue pra destacar as mais legais na visão dele, claro.
O fato é que já tem gente falando em Mussum 2010. Uma proposta de slogan seria algo como "Calcidis! Cadê o mézis!"
Há exatos 14 anos morria um dos ícones do humor manguaça tupiniquim. O carioca Mussum, ou Antônio Carlos Bernardes Gomes, partiu desta para sabe-se lá aonde com 53 anos de idade, deixando uma legião de fãs que perpetuariam seu nome no panteão dos ídolos imortais.
Artista completo, além de ter feito parte do conjunto Originais do Samba (com quem gravou 12 LPs), foi diretor de harmonia da ala das baianas da Mangueira e fez as vezes de ator em 27 filmes com Os Trapalhões.
Em uma época em que o humor não era alvo do "politicamente correto", não era incomum Mussum aparecer em cena só de cueca samba-canção e com um litro de pinga, o "mé" ou "mézis", na mão. Invariavelmente, também vestia a camisa do Flamengo.
Para homenagear esse totem, dois vídeos já clássicos que mostram o humorista naquele que parecia ser seu habitat natural: o bar.
Sempre simpatizei com os manguaças pró-ativos, ou seja, aqueles que decidem tirar a bunda da mesa do bar (às vezes) para fazer ou criar alguma coisa - de preferência, uma coisa bizarra ou impagável. Admiro, principalmente, os que têm pendores artísticos, como o Mussum, o Paulo César Peréio, o Raul Seixas, a Maysa, Vinicius de Moraes, enfim, dezenas deles. Ano passado, fiz um post sobre a Amy Winehouse, cantora inglesa que gosta de entortar o caneco. Pois então, outros desses manguaças "criativos" fundaram há 20 anos, em San Francisco (EUA), a banda The Mummies (As Múmias).
Era uma banda punk de garagem formanda por Trent Ruane (órgão e vocais), Maz Kattuah (baixo), Larry Winther (guitarra) e Russell Quan (bateria). Mas o inusitado é que, apropriadamente, eles sempre ensaiaram e se apresentaram vestidos de múmia, como comprovam as fotos desse post. Por gravadoras de fundo de quintal, como a Hangman, a Telstar e a Pinup, lançaram vários compactos no início dos anos 1990, até que decidiram compilar tudo em um LP.
O bizarro é que, para isso, ligaram um microfone em frente a uma vitrola velha e fizeram a gravação pondo para tocar todos os compactos que tinham lançado, batizando a tosca coletânea como "The Mummies play their own records" ("As Múmias tocam seus próprios discos"). Cumprindo o pacto - ou "maldição da múmia", como convencionaram chamar - de que a banda acabaria assim que recebesse o convite de uma grande gravadora, puseram fim à diversão no Ano Novo de 1992.
Segundo o blog do Fernando Rodrigues, o presidente Lula respondeu, bem humoado, que não pretende trocar o ministro da Defesa, Waldir Pires. "Não tem troca de ministros. A reforma ministerial acabou. Se quedem 'tranquilis'."
Segundo a nota, Lula tentava falar espanhol, já que, mais adiante, mencionou a "Suprema Corte Brasileña", para responder sobre a CPI do Apagão Aéreo. Na opinião desse modesto escriba, trata-se de uma homenagem ao Mussum, conhecido por circular por programas infantis de samba-canção e uma garrafa de cachaça na mão (o mézis).