Destaques

quarta-feira, outubro 22, 2008

Tem até promoção para ver Palmeiras e Argentino Juniors

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Os ingressos para a partida desta noite entre Palmeiras e Argentino Juniors, no Palestra Itália, pela Copa Sul-Americana, estão mais baratos do que no Brasileirão. A arquibancada sai a R$ 20, em vez de R$ 30. Tudo para ver o alviverde enfrentar o time que revelou Diego Maradona.

É a primeira partida da história entre os dois clubes. O mais curioso foi descobrir, ao pesquisar sobre o jogo, que o Verdão só perdeu para o Boca Juniors duas vezes em jogos oficiais, uma em casa e outra fora. Não foram computada a segunda partida da final da Libertadores de 2000 nem a da semi-final de 2001, porque os jogos terminaram empatados no tempo normal, e a decisão foi por pênaltis. Quem vai pegar o time azul e amarelo é o Inter, em Porto Alegre.

O adversário só tem em comum o "Juniors" no nome e a sede em Buenos Aires (mas em bairros diferentes). Diego Souza vai jogar no mistão preparado para entrar em campo. As perspectivas são boas para enfrentar o 16º colocado do campeonato argentino, mas a competição continua em segundo plano para os brasileiros que seguem na disputa.

terça-feira, outubro 21, 2008

Para quem acha que já viu (ou bebeu) de tudo...

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Aqui no Futepoca nenhum assunto é dogma em relação à manguaça. Nos posts, já tratamos de tudo um pouco, de vodka vagabunda misturada com tubaína idem a rum com cadáver, de feijão com pinga a cerveja de mel. Portanto, vamos subir mais um degrau na escala da bizarrice etílica: cerveja com sabor de chimarrão (foto à esquerda), criação do empresário gaúcho Eduardo Bier Corrêa, que lançou a bebida em dezembro do ano passado no Rio Grande do Sul. A DaDo Bier Ilex é a primeira cerveja no Brasil produzida com erva-mate (Ilex paraguariensis), misturada com lúpulo, água mineral e um blend de maltes importados - trabalho do mestre-cervejeiro Carlos Bolzan. "A cerveja é diferenciada, de baixa fermentação, tem alto teor alcoólico e a coloração esverdeada", resume Corrêa. A DaDo Bier Ilex é vendida como long neck e em um kit com copo em forma de cuia e um suporte para copos feito de couro. E aí? Alguém se habilita, tchê?

No butiquim da Política - 'Muro das lamentações' OU esqueceram o 2° turno da capital

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CLÓVIS MESSIAS*

"Pequeno expediente" é a denominação que se dá para a primeira fase da sessão ordinária da Assembléia Legislativa. O deputado usa a tribuna, fala sobre o que quiser, sem ser interrompido: é o momento do monólogo. Pois esse palco foi o escolhido pelos parlamentares, na volta ao "trabalho", para "muro das lamentações". O comportamento mais incisivo, nesse sentido, foi o dos tucanos. Na tribuna, pregaram vingança contra os membros do partido que se distanciaram da campanha do candidato Geraldo Alckmin na capital. O mais irritado foi o deputado Pedro Tobias (foto à esquerda), da região Lins/ Bauru, que pediu punição para o que ele chamou de "traidores", com o objetivo de que fatos semelhantes não venham a ocorrer no futuro. Depois disso, em apoio ao colega, vários membros do PSDB têm esbravejado pelos corredores do Palácio 9 de Julho.

Aqui no butiquim dizem que, se as manifestações forem acolhidas, mesmo passadas as eleições, haverá desdobramento. Parece até que nem teremos 2ª turno na capital. Vários deputados vieram derrotados de seus redutos, falaram de suas decepções, mas ninguém ostentava o mesmo amargor do deputado Pedro Tobias em suas palavras. No buteco, ninguém acredita que as coisas vão ficar paradas. Tem muito tucano de bico caído.

O contraponto a isso foi feito pelo Mário Reali, do PT (foto à direita), eleito prefeito em Diadema, que agradeceu aos eleitores que entenderam suas propostas administrativas para a sua cidade. Por outro lado, seu concorrente (e perdedor), o também deputado José Augusto da Silva Ramos, do PSDB, reclamou que houve reflexos na sua cidade e em outras da grande São Paulo das posições negativas da campanha do PSDB na capital. Enquanto isso, prosseguem as conversas sobre as candidaturas tucanas para governador do Estado e para a Presidência da República. Na bolsa de cotações, Aloísio Nunes Ferreira e José Serra seguem favoritos.


*Clóvis Messias é jornalista, são-paulino, dirigente do Comitê de Imprensa da Assembléia Legislativa e colabora com esta coluna para o Futepoca.

Zona de rebaixamento? Ameaça pra ver se funciona

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Depois das invasões de torcida em treinos, agora parece que a moda para “estimular” um time de futebol é o chilique de cartola. Ontem, em entrevista à Rádio Bandeirantes, o ex-todo-poderoso do Vasco Eurico Miranda (ao lado) foi taxativo em relação a seu rival e atual presidente do clube Roberto Dinamite.

“Pense muito no que está fazendo com o Vasco, porque você não vai sair impune disso. Garanto que, nem que seja a última coisa que eu venha a fazer na minha vida, se o Vasco cair para a Segunda Divisão, eu vou acabar com você, com a sua vida política e particular. Você só merece isso. Estou dizendo isso com todas as letras. Faça o diabo para impedir que o Vasco seja rebaixado. Pode continuar fazendo as suas lambanças, a sua auditoria, mas não deixe o Vasco cair. Se o Vasco for para a segunda divisão, eu vou acabar com você”, ameaçou Eurico.

Mas não é somente o clube carioca, que amarga a lanterna do Brasileirão e pega o Goiás no Serra Dourada na quarta-feira, que sofre com pressões, digamos, que ultrapassam o limite do bom senso. Na Argentina, o tradicional Rosário Central também se vê às voltas com uma péssima campanha no campeonato argentino. Ele é o penúltimo colocado no Torneio Apertura e seu presidente, Horacio Usandizaga, foi um pouco mais enfático que o vascaíno.

"O Rosário Central vai subir na tabela. Vai subir ou vou ter que matar estes filho da p... Jogadores, técnicos ou o que c... sejam. Se o Rosário descer mato-os a todos", praguejou Usandizaga durante a inauguração de uma filial do clube, cuja gravação vídeo com as declarações está aqui. Ele depois pediu desculpas pelas palavras destemperadas.

Em comum, os dois cartolas também tem outra característica além do descontrole emocional e de terem ficado longos anos à frente de seus clubes. Ambos já trafegaram – e trafegam - no mundo da política. Enquanto Eurico Mirando foi deputado federal, Usandizaga foi prefeito de Rosário.

Bronca do ombusdman da Folha expõe o 'trabalho sujo' da mídia nas eleições paulistanas

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No buteco, sempre comento que o "fenômeno" Gilberto Kassab, que superou Marta Suplicy no 1º turno na cidade de São Paulo, não foi nenhum fenômeno para mim. O fato de ele ter começado a campanha tão atrás da candidata petista só me fez desconfiar mais ainda das pesquisas - que davam como certa a vitória petista, mesmo que por um ou dois pontos. Furo n'água. Sempre achei que Kassab disputaria de igual para igual com quem quer que fosse no segundo turno. E não digo isso considerando apenas a fritura pública de Alckmin pelo próprio PSDB (ou melhor, pelo José Serra). Pensem comigo: além de nunca ter disputado uma eleição sequer - e, conseqüentemente, nunca ter "apanhado" de fato como Marta, Geraldo Alckmin e Paulo Maluf já "apanharam" na vida -, Kassab tem a máquina municipal e estadual a seu favor e, vantagem das vantagens em qualquer disputa eleitoral, a mídia todinha ao seu lado.

Prova disso é que, na edição do último domingo da Folha de S.Paulo, o próprio ombudsman do jornal, Carlos Eduardo Lins da Silva, criticou a berrante diferença de tratamento para os dois candidatos neste 2º turno. "Marta Suplicy recebeu nestes cinco dias uma carga de matérias negativas absolutamente desproporcional em relação a seu adversário", disparou Silva, sem rodeios. "Por exemplo, ela foi alvo de oito textos opinativos críticos; Kassab, de nenhum. Das 19 cartas publicadas, 15 foram contra Marta. Registre-se que o 'Painel do Leitor' recebeu 224 cartas contra ela e 55 a favor. Mas para o ombudsman, a relação foi inversa: 36 pró e 8 contra a ex-prefeita", prosseguiu. E, no desfecho, além de criticar a postura da Folha, ainda esculachou a concorrência: "(...) o jornal abriu mão de fomentar o debate sadio. Ele nunca deveria se prestar ao trabalho sujo que outros veículos fazem com muito prazer e competência."

Pois é: apesar de eu não ser nenhum entusiasta da função de ombudsman (e muito menos da Folha de S.Paulo), ele disse pouco, mas disse tudo. Só que essa - previsível e explícita - fuzilaria contra Marta pode ser um tiro no pé, uma percepção que talvez tenha motivado a bronca de Carlos Silva nos colegas de redação. O povo não é bobo. Vamos pra virada, Marta!

segunda-feira, outubro 20, 2008

Corinthians: está chegando a hora de comemorar o acesso

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Estamos quase lá: o Corinthians venceu o Bahia por 3 a 0 nesse sábado, em Feira de Santana, atingiu 67 pontos e pode garantir matematicamente o acesso já na próxima rodada.

Para isso, precisa vencer o Ceará, no Pacaembu, e torcer por uma derrota de Grêmio Barueri ou Vila Nova, respectivamente, quarto e quinto colocados hoje, com 51 pontos. Se tal combinação acontecer, o Corinthians, com 70 pontos, ficaria 19 pontos na frente do quinto colocado com apenas 18 pontos em disputa nas seis rodadas que restam para o fim do campeonato.

Claro que falta combinar com os russos, no caso, cearenses. E também com os outros envolvidos. Se vencer mas não se garantir na Série A já nesse sábado, o acesso pode vir com uma vitória na partida seguinte, contra o Paraná, e aí sem depender de ninguém.


O time nem jogou muito bem no pedaço que eu vi do jogo, errando muitos passes. Douglas não estava em tarde inspirada, nem o volante Christian, a quem elogiei outro dia. Sem Herrera, Mano Menezes colocou em campo um dos centroavantes que pediu e recebeu, o tal Bebeto. A ruindade do rapaz irritou profundamente meu pai. Seu substituto, Otacílio Neto, também não empolgou, mas teve um gol anulado (corretamente, pelo que vi) e tem a desculpa de estar vindo de contusão.

Morais fez o primeiro de cabeça, e Dentinho marcou os outros dois, assumindo a artilharia do time no campeonato. O rapaz jogou bem e tem evoluído bastante. Está mais objetivo e com mais faro de gol. Vamos ver como se sai ano que vem contra equipes que ofereçam mais resistência. O mesmo pode ser dito sobre todo o time do Corinthians. Por enquanto, está chegando a hora de comemorar!

F-Mais Umas - A dura vida de Marta e Massa

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CHICO SILVA*

Por dever do ofício, tive a infelicidade de perder meu sono para assistir a uma das mais enfadonhas corridas que vi nos meus 28 anos de F-1. Tenho um dispositivo que me tira do ar quando assisto a algo que não me agrada. Isso vale para filmes, peças de teatro, espetáculos cênicos e coisas que o valham. E não deu outra. Lá pela 30ª volta do GP da China, mais ou menos seis da manhã no novo horário de verão, apaguei. E quando voltei à vida tudo estava exatamente como eu havia deixado. Lewis Hamilton (foto acima) a léguas de distância na frente, Kimi Raikkonen longe, apenas escoltando o líder e Felipe Massa perdido e sem ter muito que fazer. A única mudança nessa seqüência foi a previsível ordem da Ferrari para Raikkonen inverter a posição com Massa. Nem vale a pena perder linhas questionando isso. Até porque essa mesma Ferrari já fez coisa pior, como tirar de Rubens Barrichello a vitória no GP da Áustria em 2002 e entregá-la para Michael Schumacher.

Agora a decisão da temporada vai para Interlagos. Pela primeira vez na história um piloto brasileiro terá a chance de decidir um título em casa e ao lado de sua torcida. Infelizmente, o candidato em questão não é nenhum Emerson, Piquet ou Senna. Se para eles já seria difícil descontar a diferença de sete pontos que separa o líder do vice, imagine então para Massa, que apesar de bom piloto está longe desse trio de gênios. Comparo a missão de Massa com a de Marta Suplicy (foto à direita) na disputa com Gilberto Kassab pela Prefeitura de São Paulo. Muito atrás de seus adversários, ambos contam com um fato novo para mudar seus destinos. E Marta e Massa ainda têm outra coisa em comum além do vermelho, cor do PT e da Ferrari. Os dois cometeram deslizes no embate contra seus adversários. Ou a atitude de Massa de jogar seu carro deliberadamente contra a McLaren de Hamilton no GP do Japão não remete ao infeliz questionamento de Marta a respeito da vida íntima de seu rival?

De toda a forma, que Massa e Marta mantenham a serenidade e tentem virar o jogo com ética, contundência cirúrgica e equilíbrio. E se perderem, que tenham a sabedoria para cair de pé. É preciso ser grande até nas derrotas.

Parabéns, Nelsão!
Enquanto aguarda a definição sobre o futuro do filho, o tricampeão mundial Nelson Piquet teve nessa semana um bom motivo para comemorar. No último dia 15 completaram-se 25 anos de seu bicampeonato mundial. Apesar de moleque, eu me lembro muito bem. Ao volante da Brabham azul motor BMW turbo e calçada com pneus Michelin (foto à esquerda), Piquet teve uma árdua disputa contra os franceses Alan Prost, da Renault, e Renê Arnoux, da Ferrari. Passou a maior parte do campeonato atrás de Prost, que tinha um equipamento mais confiável. A Renault foi pioneira na implantação da tecnologia turbo na F-1. Começou a desenvolver esses motores em 1977. A Brabham de Piquet havia estreado esse motor apenas no ano anterior.

A quatro provas do final, Piquet estava a 14 pontos de Prost. Mas duas vitórias, uma em Monza e outra no aposentando circuito inglês de Brands Hatch, o colocaram de novo no jogo. O bi veio na última corrida da temporada, realizada no autódromo de Kyalami, na então África do Sul do apartheid. O quente circuito africano vitimou Prost e Arnoux, que abandonaram a prova com problemas mecânicos. Após as desistências, Piquet, que liderava a corrida, tirou o pé do acelerador e fechou a prova na terceira colocação, levando para Brasília seu segundo caneco. O brasileiro foi o primeiro piloto campeão do mundo com um carro equipado com motor turbo. E também o primeiro a vencer com pneus da francesa Michelin. Felipe Massa seguirá seu caminho? Difícil...


*Chico Silva é jornalista, wilderista (fanático por Billy Wilder) e nelson-piquetista. Em futebol, 60% santista, 40% timbu pernambucano. Bebe bem e escreve semanalmente a coluna F-Mais Umas para o Futepoca.

Palmeiras e São Paulo foi 2 a 2. Valeu, Lusa!

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O empate tenso no Choque Rei deixou os dois grandes da capital paulista de olho em outra partida. A Portuguesa tentava manter a escrita de não perder para o líder Grêmio no Canindé.

Deu certo.

A Lusa venceu por 2 a 0, deixou os cinco primeiros colocados embolados.

Para o Palmeiras, o empate só não foi mais trágico porque envolveu tirar uma diferença de dois gols, aberta no primeiro tempo com Rogério Ceni e Dagoberto. É que com o empate no Palestra Itália e a vitória do Cruzeiro sobre o Atlético (MG), o Alviverde caiu para a terceira posição. Depois de ser líder e devolver a condição ao tricolor gaúcho na última rodada, agora foi a vez de deixar a segunda colocação para os mineiros.



O jogo
A escalação de Léo Lima foi o maior erro de Vanderlei Luxemburgo na partida. Tudo porque além de não fazer uma grande partida, ainda cometeu uma pênaltis acintoso sobre Hernanes. Segundo o Olavo, no campeonato de pênaltis, seria o campeão, a mais faltosa das penalidades.

Rogério Ceni não desperdiçou e abriu o placar. Uma confusão não exibida na transmissão da TV ainda levaria Diego Souza e Borges para o chuveiro mais cedo. Com um gol de desvantagem e sem seu principal homem de criação, o time da casa saiu na pior com a expulsão dupla.

O placar ainda foi ampliado por Dagoberto. O lado positivo do segundo gol, na ótica alviverde, é que o Tricolor estava sem Borges. Dagoberto tendo feito sua parte por um conjunto aproximado de dez partidas (capaz de estar no contrato, uma boa jogada a cada dois jogos e um gol bem de vez em quando), significava poucos motivos de preocupação com o ataque adversário.

Naturalmente que Luxemburgo corrigiu seu erro ao sacar Léo Lima para entrar Pierre e, depois, pôr Denilson em campo na vaga de Sandro Silva.

O meia calou minha boca, já que fiquei reclamando, desesperançado, do baixo rendimento do jogador. A opção ofensiva funcionou, Denílson foi à linha de fundo e cruzou para Kleber diminuir.

O são-paulino Marcão, qual um profeta, havia dito cinco minutos antes do gol.

– O Sálvio está louco para o Palmeiras fazer um golzinho... – e depois de uma pausa arrematou – Se o Palmeiras fizer um, faz um abafa e, em dez minutos, empata.

Foi nem isso. O lateral-esquerdo Leandro bateu falta e Dagoberto escorou, ou melhor, desviou a bola para tirar Rogério Ceni do lance. Não fosse isso, o capitão são-paulino era capaz de defender, como fez com a maior parte da produção do ataque verde.

Agora, para o Palmeiras, resta ter que voltar a torcer por um tropeço do Cruzeiro e do Grêmio e parar de dar sopa para os rivais.

Os outros detalhes da partida – foram muitos –, ficam para os comentaristas discordarem.

sexta-feira, outubro 17, 2008

Por que voto Marta, o exemplo de Dona Maria

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Dona Maria migrou de Minas com marido, dois filhos (os outros nasceram depois) lá pelo final da década de 1960 para o começo dos anos 70. Foi para Santo André, Vila Luzita, depois para a periferia Leste de São Paulo, Parque São Rafael. Ali pegou o milagre econômico dos militares numa vida pobre, numa casa de dois cômodos alugada, mas razoavelmente tranqüila com os filhos com saúde e sem faltar roupa, comida e escola. Apesar de tanto ela quanto o marido terem estudado pouco fizeram questão de que os filhos estudassem para ter um futuro melhor. Daí o direito a luxos como gibis, livros e discos com historinhas.


Passam os anos, vem a crise econômica dos anos 80, a família afetada, Dona Maria tem de arrumar emprego como costureira, trabalhar fora para que não falte comida na casa e para pagar o aluguel. A sina de não ter a casa própria, sonho de tanto tempo, só acaba no final da década de 1980, no governo Erundina. Ela, que nunca fora militante de nada em política até então, participa de ocupações de áreas, entra para um mutirão e com as próprias mãos ajuda a construir o lugar em que mora até hoje.

Além da casa, outra base plantada então foi a militância no bairro. Dona Maria, que nunca gostara tanto de política, passa a fazer campanhas, discute na rua, torna-se uma líder comunitária ao descobrir que a vida pode mudar quando as pessoas se organizam e lutam pelo que acreditam.

Mais anos se passam, acaba o governo Erundina, as casas não podem ir pro nome das pessoas, a dupla Maluf-Pitta deixa tudo esburacado, sem asfalto, sem escola, com cada dia uma desculpa diferente porque o Jardim São Francisco, lá no extremo da Zona Leste, não é prioridade para tanta obra, melhor gastar com túneis nos jardins e ganhar dinheiro na Faria Lima e nos precatórios.

Vem o governo Marta e o mutirão é regularizado, asfaltado e começa a construção de uma escola infantil lá dentro. Antes, a coisa de alguns quilômetros, é erguido o CEU do Parque São Rafael. As crianças passam a brincar, praticar esportes, nadar e Dona Maria volta a ir ao cinema, passa a ver peças de teatro junto com as pessoas do bairro.

Marta perde a eleição, assume a dupla Serra/Kassab. A escola que havia sido iniciada anos antes é inaugurada pelo atual candidato a prefeito. Kassab tenta fazer média: - Como ficou bonita a escola... Justo com quem foi falar. Dona Maria responde na cara dele: - Você está inaugurando, mas quem construiu foi a Marta.

Hoje, neste momento, ela está lá no extremo da Zona Leste fazendo campanha. Passou por cima da depressão, do cansaço dos seus 63 anos e vai para a rua ganhar votos, discutir com aqueles que moram num bairro pobre e abandonado pela atual administração, que a única coisa que fez por lá foi colocar uma guarnição permanente da Polícia Militar em barracas de campanha, como se estivesse na guerra.

Para quem mora longe de lá onde vive Dona Maria, como eu, a discussão entre um candidato e outro pode cair nas besteiras se é casado, tem filhos etc... Mas, para mim, o voto em Marta é para melhorar a vida de todas as Donas Marias.

Para quem não sabe, Dona Maria é minha mãe.

Som na caixa, manguaça! - Volume 26

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ENTRE ESPUMAS
(Roberto Muller)

Uma noite sentou-se à minha mesa
E entre tragos, lhe dei todo meu amor
Transcorreram só duas semanas
Como em sonho minha vida se acabou

Desde então, os rios do meu pranto
Confortaram a cruz da minha dor
Ninguém sabe que meus males são tão grandes
Que me partem o coração
Mas conforta e sei que está em minhas mãos
Aliviar-me desta amargura

Se um amor nasceu de uma cerveja
Outra cerveja beberei para esquecer
Um amor que surge numa mesa
Entre espumas terá que terminar

(Do CD "20 Super Sucessos", Sony, 1996)

McCain prefere música de compositores democratas

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Campanha é campanha e marqueteiro é uma desgraça. Mas tudo tem limite.

A primeira vítima foi o John Cougar Mellencamp. Our Country e Pink Houses foram incorporadas às propagandas políticas do republicano John McCain ainda em fevereiro de 2008. O ardente democrata ficou possesso. Para alguém que apoiou a bi-derrota de John Edwards na corrida dos burros, ver músicas compostas com finalidades (quase) políticas é um acinte.

Meses depois, o desconhecido Christopher Lennertz. Em junho, a campanha de McCain usou a trilha sonora do jogo Medal of Honor (abaixo), composta pelo músico, enquanto o republicano falava sobre sua família e sua participação na guerra do Vietnã. Segundo o Game Politics, Lennertz vota no democrata Barack Obama.




Foto: Reprodução








Foto: Divulgação
Em agosto, Jackson Browne achou ruim que Running on Empty fosse usada sem autorização, sempre por McCain, em anúncio bancado pelo Partido Republicano de Ohio. Lascou-lhes um processo em Los Angeles por violação de direitos autorais da canção de 1977. O roqueiro é um ativista liberal – leia-se esquerda nos Estados Unidos – e sempre votou com os democratas. Aliás, segundos os advogados do cantor, ao usar a música a campanha violou uma tal de Lei Lanham, já que a peça de propaganda dá a idéia de que o cabra apóia o candidato.

Aí, foi a vez dos irmãos Eddie e Alex Van Halen ficarem furiosos ao encontrarem Right Now cobrindo anúncios do senador de Arizona talvez ao saber que o filho da vice do republicano, a governadora do Alasca, Sarah Palin, é fã da banda convenceu Sammy Hagar a achar que "tudo bem".

E não pára, não pára! Em setembro, My Hero, da banda Foo Fighters foi usada sem permissão de novo pelo candidato republicano. Dave Grohl, ex-bateirista do Nirvana, e sua atual banda reclamaram, a exemplo de seus colegas, da subversão do sentido original de sua composição.

E parece que tanta chiadeira deu resultado. Quando ninguém mais acreditava que isso era possível, eis que Bon Jovi sai xingando. Democrata que só ele, o loirinho e sua banda homônima reclamam do uso de Who says you can't go home em comícios de Sarah Palin. Para alguém que arrecadou 30 mil dólares em um jantar em sua casa para o senador Obama, foi quase um tapa na cara. É que a música, segundo ele, é uma bandeira da reconstrução das comunidades de Nova Jersey. Ou algo assim.

Mas e o resultado da chiadeira? É que a composição de Bon Jovi está liberada de direitos autorais e restrições para execuções públicas na Sociedade Americana de Compositores, Autores e Editores (Ascap). O pessoal é bom.

Será isso um sinal de que, se eleito, o republicano vai ser um incentivador das licenças livres?

Com Obama é diferente
Se McCain não cansa de usar músicas de compositores democratas, Obama não faz o inverso nem sofre do mal de artistas revoltados. Stevie Wonder, Sheryl Crow e outros músicos se mobilizaram para gravar o Yes we can: voices of grassroot movements (Sim, podemos: vozes dos movimentos populares – ou de base, como queiram –, numa tradução mais que livre). O CD serve para arrecadar para a campanha do senador de Illinois. Dos indignados supracitados , só Jackson Browne participou.

quinta-feira, outubro 16, 2008

Blogueiros com Marta - o debate político na internet

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Em vista da intensa movimentação que vem acontecendo na blogosfera em função da campanha eleitoral paulistana, o Futepoca resolveu se posicionar de forma clara diante do atual cenário. O site dá seu apoio a Marta Suplicy na disputa eleitoral em São Paulo e lança o site Blogueiros com Marta, agregando outros titulares de blogue que tenham postura semelhante.

Assumir uma posição em eleições é algo absolutamente corriqueiro entre veículos da imprensa de outros países, como os estadunidenses, por exemplo. Aqui no Brasil, o Estadão já declarou seu apoio em editorial à candidatura Collor, em 1989, e Serra, em 2002, para citar dois exemplos; enquanto a revista Carta Capital apoiou Lula em 2002. Informação pode e deve ser tratada de forma honesta e transparente e o leitor, quando sabe de que lado está o site ou jornal que lê, pode julgar e ponderar melhor a respeito daquilo que consome.

Como é um blogue coletivo, dentro do Futepoca há visões de mundo diferentes e inúmeras divergências. Mas, em relação às opções que se colocam no segundo turno na capital paulista, há consenso em apontar a candidatura da ex-prefeita como a melhor opção para a cidade. Outros blogueiros que também entendem a questão da mesma forma já aderiram à iniciativa. Caso você tenha um blogue e queira participar, entre em contato pelo blogueiroscommarta@gmail.com. Se quiser divergir e debater, fique à vontade, o espaço está aberto.

José Dumont: "O bar é o grande ato politizador"

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Acabo de bater um papo arretado com José Dumont, um dos melhores atores do Brasil em todos os tempos. Falamos sobre o filme "O Homem Que Virou Suco" (foto ao lado), clássico de 1980 do diretor João Batista de Andrade, para uma reportagem da revista cearense Singular. Só que, papo vai, papo vem, e é claro que a conversa desembocou em...futebol, política e cachaça. E aí, lógico, eu falei do nosso glorioso Futepoca. "Que bacana, um nome muito apropriado", elogiou o Zé. "O bar é o grande ato politizador. Porque, se eu não escuto opinião, como vou mostrar a minha?", questionou, na seqüência. Por isso, Zé Dumont topou uma entrevista rápida para nossos leitores. Vamos a ela, então:

FUTEPOCA - As ações sociais do governo Lula representam alguma esperança, mudam alguma coisa para o Nordeste?
ZÉ DUMONT - O Lula faz o que pode, dá assistência. Mas o problema não é o governante, é o conceito que se tem para o país. O Brasil tem um presidencialismo de fachada, quem manda é o Congresso e o Senado. E nesses lugares só se faz negócio. Não quero generalizar, deve ter uns 50 ou mais que fazem um bom trabalho, mas o resto, lá, só faz negócios. É preciso fazer reformas, política, fiscal, tributária, do código trabalhista. Mas não essas que estão aí, não desse jeito. Aqui no Brasil só as grandes corporações se dão bem, tudo favorece o monopólio. O Brasil só é bom para o atravessador. As favelas chegaram a uma situação de barbárie. O governo tenta, atua, mas os camaradas que fazem as leis amarram tudo. Nossas leis são anacrônicas. Temos uma porcaria de tributação, uma péssima qualidade social. É só especulação, eles artificializam a economia. E dá no que dá, como estamos vendo. Mas, no Brasil, não é o caso de culpar o governo. A sociedade é que é culpada, porque não quer pensar nisso.

FUTEPOCA - Como mudar esse círculo vicioso?
ZÉ DUMONT - O Brasil tem reservas, tem uma natureza esplêndida, tem condições de virar primeiro mundo. Somos mestiços, resultado de três raças cruzadas, essa é a nossa grande vantagem. Falta pensar, mudar os conceitos. Quando fomos apresentar o filme "Os Narradores de Javé" ao presidente Lula (que, aliás, é meu trabalho predileto), pude conversar bastante com a Dilma Rousseff, que na época era ministra de Minas e Energia. Daí eu perguntei pra ela: "-Por que não se investe em energia solar, em energia eólica? Se unirem a inteligência do caboclo com a tecnologia, resolvemos a seca e a fome no Nordeste". Ela disse que há um plano e coisa e tal. Mas é tão simples! Acho que não se investe porque vai contrariar muitos interesses. Só pode ser. Repito: o país existe em função dos grandes conglomerados.

FUTEPOCA - E o futebol? Você torce pra que time?
ZÉ DUMONT - Gosto muito de futebol, acompanho, mas, na verdade, não torço pra ninguém. Tenho simpatia por dois times: o Treze de Campina Grande, que era o time do meu pai, Severino, e, por incrível que pareça, o XV de Jaú (risos). Não me pergunte por que, mas, quando cheguei a São Paulo, no início dos anos 1970, o XV de Jaú tinha um time bom, enfrentava bem os da capital. Tinha um uniforme branco, bonito. E todo time do Nordeste que vem jogar aqui no Sul e Sudeste eu torço a favor (risos). Tem que ganhar! Acho que o futebol é necessário. Se não tiver isso, vai ter o que? Eu joguei muita pelada na minha vida. Hoje, com 58 anos, não jogo mais. Lá em João Pessoa, no bairro de Mandacaru, joguei pelo Vera Cruz, pelo Globo e pelo Atlético. E fui até registrado na Liga Amadora, pela Portuguesa de Cruz das Armas, só que joguei pouco lá. Eu era lateral-direito, depois passei pra ponta-direita. Nunca fui muito bom, mas tinha noção.

FUTEPOCA - Como você analisa a situação do futebol brasileiro?
ZÉ DUMONT - A principal vocação do Brasil é o esporte. Só que é tão manipulado, falta apoio, é uma decepção. Acho estranhíssimo ter uma emissora só com direito de transmissão de um campeonato. É um desperdício de dinheiro, prejudica os clubes. Eu estou fazendo novela para uma emissora, no momento, e prefiro não entrar nessa discussão, pra não dar o que falar. Se a questão é política, não me meto. Mas é grana que os clubes deixam de ganhar. Desperdício.

FUTEPOCA - E a seleção brasileira atual? O que acha?
ZÉ DUMONT - A seleção tá bem, tá em segundo lugar. A obrigação de dar Ibope é que é uma coisa chata. Tem que ganhar toda hora, pra dar Ibope. O Brasil vai se classificar, vai ganhar, temos Ronaldinho, Kaká, um monte de craques. Não dá mais pra achar que no mundo ninguém aprende nada, que a gente sempre vai ser o melhor. É complicado isso.

FUTEPOCA - Qual é um jogador que você admira?
ZÉ DUMONT - O Rogério Ceni. Além de craque, tem postura. Ele deu outra dimensão para o São Paulo, é o mesmo que o Zico foi para o Flamengo. E ainda chuta muito bem, como os atacantes de antigamente. Devia dar aula para os atacantes de hoje (risos). E gosto dele também como gente, pela sua postura. Mas eu vi muitos craques na vida, fui ver o Zico jogar, o Romário. O Pelé eu vi só uma vez, de cima de uma mangueira, atrás do estádio, contra o Botafogo da Paraíba. Foi aquele jogo pouco antes de ele marcar o milésimo gol. É um gênio, um Leonardo da Vinci. Ninguém prestou atenção no que ele disse lá no Maracanã, sobre as crianças, sobre a educação. Se tivessem ouvido, a situação não estava desse jeito.

FUTEPOCA - E um técnico?
ZÉ DUMONT - Gosto muito do Muricy, do Luxemburgo, do Felipão, do Mano Menezes. Eles falam e pronto, o cara tem que obedecer. Não gosto de técnico que fica de conversa mole.

FUTEPOCA - Bom, pra encerrar o papo, faltou falar de cachaça...
ZÉ DUMONT - É verdade. Nós sempre tivemos essa cultura boêmia. O Juscelino Kubitschek, nosso grande presidente, gostava da boêmia, de cantar. É muito legal beber uma coisinha, cantar, dançar. Nesse país era pra todo mundo amanhecer na beira da praia, tomando uma cervejinha. Hoje eu não bebo, por questão de saúde, mas sempre gostei de uma cervejinha de vez em quando. O que tem que ter é limite, é educação. Eu sou da seguinte opinião: libere e tribute. A pessoa pode usar o que quiser, mas tem que regulamentar. Se o camarada tá embriagado ou drogado e comete um crime, tem que ter agravante. Se ficar viciado, tem que saber que o Estado não vai gastar um tostão com ele, vai ter que se virar sozinho. Tem que fazer leis muito duras. A cultura boêmia é legal, não a violência. A pessoa podia sentar lá no bar, jogar papo fora, dar uma namoradinha, cantar, compartilhar suas experiências com os outros, conhecer os outros. Mas não: hoje o sujeito discute e briga, dança e briga, bebe e briga, depois pega qualquer um ou qualquer uma que vê na frente e sai, usa e descarta. É por isso que ninguém bebe vinho no bar. O vinho estimula a conversa, o pensamento, a convivência. Já a indústria de cerveja transformou tudo num propósito só: é cerveja, briga, futebol, briga, sexo, briga, discussão, briga. Acabou com a convivência. Esse valor da violência, na nossa sociedade, foi criado para vender armas. O bar é o grande ato politizador. Porque, se eu não escuto opinião, como vou mostrar a minha? O que é preciso é beber um pouquinho, brincar um pouquinho, dizer besteira um pouquinho. Sem exagero.

Santos comemora alta do dólar para lucrar mais com porcentagem na recente transação de Robinho

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Aproveitando a pelada entre Brasil e Colômbia, a diretoria do Santos mandou um adEvogado atrás de Robinho e conseguiu que ele assinasse um documento comprovando que já tinha vínculo com o time da Vila Belmiro nos tempos da categoria sub-13. Isso caracteriza, para a Fifa, que o Santos é o clube formador do atleta. Assim, na recente venda de Robinho do Real Madrid para o Manchester City, por 42 milhões de euros, o alvinegro praiano tem direito a 4,5%. A expectativa da diretoria santista é que esta soma entre nos cofres em novembro. Por isso, a alta do dólar também foi comemorada pelos diretores, pois os valores repassados aos times formadores geralmente estão atrelados à moeda estadunidense. Há crises que vêm para o bem...

Brasil e Colômbia: terceiro zero a zero em casa

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Argentina, Bolívia e Colômbia. Três jogos em casa, três empates em zero a zero. Foram pouquíssimas chances de gol criadas pela seleção brasileira e pode-se dizer que a representação do país de Alvaro Uribe e das Farc só não levou mais perigo para violar a meta de Julio Cesar, o invicto em eliminatórias, por falta de um finalizador competente.

Foto: Divulgação CBF
Kaka na partida Brasil e Colômbia
De pé é mais fácil jogar


Kaká se dedicou, mas pelo jeito não é tão difícil marcá-lo. Um defensor entra para dividir e outro espera a sobra (ou para dividir com o que sobra) do melhor do mundo de 2007. Faltou ter para quem tocar e usar trocas de bola em velocidade. E cair menos, portanto.

Robinho pareceu ter ido para o sacrifício, entrado em campo sem condições de jogo. Então, para que entra em campo?

Elano procurou jogo, como em outras partidas. Ajudou Kaká, deu qualidade para o passe e para as viradas de jogo no meio de campo, pedidas pelo treinador. Sua saída na segunda etapa foi explicara por Dunga pela leitura de que o Brasil perdia no meio por falta de força, para dividir e ganhar no padrão trator.

Se não dá para discordar que o time perdia o meio de campo, Mancini mostrou que não era a resposta. Deixar a bola ser trabalhada por Gilberto Silva e Josué é uma temeridade. Lúcio e Juan fazem esse papel melhor.

E aí está o ponto: em vez de força, o time carecia velocidade, como pediram o capitão Lúcio e Kaká no fim do primeiro tempo. Não teve velocidade em contrataque, nem na retomada de jogo, nem em jogadas de ultrapassagem pelas laterais, nem em tabelas pelo meio.

Pela falta de descidas de Kléber e Maicon, deu a impressão de que a instrução foi diferente da última partida contra a Venezuela. Senão, o treinador teria que ficar se esgoelando para exigir de seus laterais idas à linha de fundo.

Aliás, entendi por que o lateral-esquerdo santista continua a ser titular de Dunga. O time precisa de alguém, nos flancos do gramado, que receba os passes-bisteca-mal-passada distribuídos pela dupla de volantes. E olha que Kleber nem foi tão mal na partida, comparativamente falando, é claro.

A contusão de Juan impediu que houvesse esperanças de o treinador tirar um volante para pôr outro meia, ou atacante.

Poderia ser pior. O Brasil continua em segundo lugar, graças à limitação prática do futebol argentino e das outras seleções. A derrota dos hermanos para os enlouquecidos e ofensivos chilenos mostrou que a goleada brazuca não foi tão tosca assim.

Mas é bem tosca a síndrome que se abala sobre os atletas de camisa amarela quando jogam no Brasil. A postura do time até foi menos ridícula do que contra a Bolívia, por exemplo. Mas ficou longe de uma boa apresentação em casa.

quarta-feira, outubro 15, 2008

Serra, Microsoft e um acordo genial

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Serra e Steve Ballmer, presidente da Microsoft. Acordo bom pra quem? (foto de Milton Michida)

O governador José Serra e a gigante com instintos monopolistas Microsoft fecharam um ótimo acordo ontem, um exemplo de sagacidade e inteligência do presidenciável tucano. A empresa estadunidense vai disponibilizar, por meio de um site do governo estadual, um serviço e-mail grátis semelhante ao seu Hotmail, com a expectativa de abrir 5,5 milhões de contas para alunos e professores da rede estadual de ensino. Assim, poderão ser feitas contas de e-mail do tipo "numseiquelá@professor.sp.gov.br" e outros, sendo que a caixa de mensagens terá os mesmos 5 Gbytes para armazenamento do Hotmail.

O governo paulista diz que, caso a Microsoft não fosse tão caridosa, gastaria R$ 5 milhões para oferecer tal serviço. Como lembra Sérgio Amadeu , portais como o Hotmail vive de visitantes únicos e acessos, além de anúncios e links patrocinados. Nesse caso, não é a empresa que faz uma doação, mas sim Serra que está “doando” mais de cinco milhões de visitantes para o portal, além de milhões de acessos por mês. Quanto isso representará em ganhos para a Microsoft?

Mas, se era o caso de contratar empresas para fazer tal serviço, será que o Google, que oferece o Gmail com 7 Gbytes de armazenamento, ou o Yahoo, que tem caixa de mensagens com capacidade ilimitada, foram consultados ou instados a fazer tal “doação”?

Mas não se pode falar de Serra sem citar também o prefeito Gilberto Kassab. A administração municipal também firmou um protocolo com a Microsoft em outubro do ano passado, no qual a empresa cedeu licenças de software para os novos telecentros. Claro que, para fazer a atualização, a prefeitura no futuro terá de pagar, além de ser obrigada a gastar com o necessário incremento na configuração dos computadores.

Só pra lembrar, quando a prefeitura implantou o Plano de Inclusão Digital e fez os Telecentros à época da gestão Marta Suplicy, a opção pelo Software Livre foi feita não somente pela redução de custos, mas também pelo combate à tendência monopolista do mercado de softwares. Kassab e Serra deram um passo atrás e ajudaram a Microsoft a expandir seu domínio.

Futebol combate, mas também explora a pobreza

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Nesta quarta-feira, 15, véspera do Dia Mundial da Alimentação, A Liga Européia de Futebol Profissional lança a campanha Futebol Profissional contra a Fome. O lançamento acontece em Roma, na Itália, sede da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO).
A medida é uma das iniciativas previstas para o dia que terá como temas os impactos das mudanças climáticas e da bioenergia para a produção de alimentos.

A data acontece em meio à crise financeira. Diversas autoridades, como o presidente do Banco Central sul-africano, Tito Mboweni, acreditam que a crise pode levar milhões de pessoas à pobreza em decorrência da desaceleração do crescimento econômico global.

Desde 2003, mais ou menos no mês de novembro, o brasileiro Ronaldo – outrora fenômeno e, até segundo aviso, gordo – e o francês Zidane comandam uma partida contra a pobreza. Em 2007, a equipe dos amigos de cada um disputa uma peleja no estádio La Rosaleda, em Málaga, Espanha. Apesar de ninguém querer saber, quem venceu foi a turma do francês. A arrecadação de ingressos é sempre revertida para o programa das Nações Unidas para o desenvolvimento.

Nem tudo é alegria
Apesar dos esforços para pôr o futebol a serviço do combate à pobreza, o esporte bretão também é foco de uma modalidade de exploração grave. Segundo estudo da ONG Culture Foot Solidaire jovens pobres da América do Sul e da África são vítimas de tráfico de seres humanos para a região da União Européia.

"Falsos agentes se oferecem para providenciar transporte e contratos na Europa a garotos que crêem que poderão ter bons resultados no futebol europeu e ser vendidos a algum clube por uma boa soma de dinheiro", explicou em 2007 o representante da ONG e ex-jogador da República de Camarões Jean-Claude Mbvoumin.

Foto:Divulgação Footsolidaire.org

Jean-Claude Mbvoumin, no lançamento da casa para o jovem boleiro
(numa tradução bem livre).


Segundo ele, depois de chegar à Europa e serem abandonados pelos "empresários", muitos não querem voltar, sem dinheiro ou um carrão. A organização cuida, desde 2000 na França, de jovens atletas africanos abandonados.


Traduzindo, este texto faz parte do Dia de Ação dos Blogues contra a pobreza.

terça-feira, outubro 14, 2008

"Não sou homossexual e está cheio de mulheres querendo casar comigo"

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A declaração que dá título a esse post foi proferida pelo prefeito e candidato à reeleição Gilberto Kassab (DEM) na sabatina do jornal Folha de S. Paulo. Ele fazia referência à campanha de Marta Suplicy, que questionava em uma peça de propaganda, já retirada do ar, se o alcaide "era casado e tinha filhos".

A condenação à conduta martista foi de uma quase unanimidade na mídia. Este Futepoca não fugiu à regra, sendo que tal prática, quando ainda não incorporada oficialmente pela campanha, foi rechaçada aqui . Depois de adotada, idem . Atitude equivocada dos petistas e que, sem dúvida, instiga o preconceito.

Mas o detalhe (que não é tão "detalhe" assim) é que a resposta do prefeito também é passível de condenação. Afinal, se não é homossexual, é só negar e pronto. O adendo que diz respeito às "mulheres que querem casar" com ele é uma forma machista e sexista de afirmar sua dita masculinidade. Lembra as pueris respostas a acusações de "veado" feitas na infância, respondidas com argumentos à altura do tipo "sua irmã não disse isso ontem à noite".

E se Kassab fosse homossexual, qual o problema? Talvez fosse isso que ele devesse responder. Ou, melhor, deveria dar uma resposta indignada ao jornalista que o questionou, dizendo não falar da sua vida privada porque esta não interessa (ou não deveria interessar) ao eleitor. Preferiu a saída de "macho", fez sua "defesa" para o eleitorado e colaborou com o preconceito.

E a imprensa "grande"? Essa, tão preconceituosa e que invadiu por demais a vida privada de candidatos outrora (lembram da Miriam Cordeiro em 1989?), tem o direito de fazer o que quiser. Hoje, a mídia é vestal, mesmo com um passado (e um presente) em que cansou de chafurdar na lama do preconceito, chamando políticos de analfabetos (ou insinuando), condenando divórcios – coisa que mulher "direita" não faz –, e que alimenta cotidianamente o desrespeito à diversidade em novelas e programas de humor.

Hoje, não sei o que causa mais asco, se a atitude em si ou se a repercussão que esta causou. O falso moralismo e a hipocrisia estão em alta nessas eleições.

Até o Kassab: da série separados no nascimento

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Sid, da série de animação Era do Gelo, e o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab.

No butiquim da Política - Olha o bolso!

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CLÓVIS MESSIAS*

Após a recente aprovação, na Assembléia Legislativa de São Paulo, do projeto que cria a taxa de inspeção veicular em todo o Estado, o pessoal aqui do butiquim pergunta se isso tem ligação com o IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículo Automotor) ou com os pedágios. Nada a ver. A cobrança da taxa ora aprovada deverá ser sacramentada por acordos a serem assinados entre as prefeituras e o governo estadual. E servirá apenas para analisar as condições do veículo. Por esse motivo, a arrecadação da nova taxa será distribuída metade para o Estado e a outra para as prefeituras.

Quanto ao IPVA, a matéria foi disciplinada pela Constituição de 1988 e pela LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal) como imposto. Só que a lei perdeu efeito na sua originalidade, que era de distribuir a verba entre os governos federal, estadual e municipal. As prefeituras, com o dinheiro, asfaltariam ruas e tapariam os buracos. O Estado e o governo federal usariam suas parcelas na construção e manutenção de estradas. Porém, o IPVA, hoje, está disciplinado para ser distribuído 30% para a saúde, 12% para a educação e o resto para um caixa único, com os demais impostos.

Taxas, pedágios ou contribuições têm destinação específica; imposto segue apenas as regras da Constituição e da LRF. No frigir dos ovos, todos nós, freqüentadores do buteco, vamos continuar a pagar taxas, contribuições, pedágios e IPVA, sem que haja conflito legal. Essas matérias foram aprovadas pelos legislativos federal, estadual e municipal. Para o nosso azar, o vocabulário da Língua Portuguesa é vasto. Eles criam, nós pagamos.


*Clóvis Messias é jornalista, são-paulino, dirigente do Comitê de Imprensa da Assembléia Legislativa e colabora com esta coluna para o Futepoca.