Destaques

quinta-feira, novembro 11, 2010

Cachaça para a China

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Até esta sexta-feira, 12, os chineses serão assediados por empresas de alimentação de todo o mundo. Do Brasil, a novidade é a investida da cachaça para os conterrâneos de Hu Jintao – tudo para o preparo de caipirinha. É que desde quarta-feira, 10, acontece a feira Comida e Hospitalidade na China (FHC, na sigla em inglês).

Não confunda Food and Hospitality com um ex-presidente da República brasileira. As siglas são mera coincidência.

A história está no Terra. Claro que entre os expositores há empresas como a Brasil Foods, de olho na exportação de frango e porco para o país asiático, Bauducco, querendo exportar bolacha e, quiçá, panetones, entre outras.

Mas aqui, o que interessa é que a Velho Barreiro está lá para representar a produção da aguardente de cana-de-açúcar. A melhor amiga do limão, pertencente à indústria Tatuzinho, honra a FHC com a cachaça. É a única do segmento.

Há ainda a preseça do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), que se não é cachaça, tampouco é "água não".

Nenhuma empresa do setor de açúcar tem posto marcado na feira. No máximo, está lá uma empresa de apicultura. Nada de limão taiti, tampouco, de modo que a confecção de caipirinha precisará de mais tempo para ser massificada por lá. Pelo menos se a estratégia foi respeitar a receita original.

Outros países também querem vender goró para os chineses. A Espanha leva uma lista de 12 bodegas de vinho, e outros países fazem o mesmo. São 25 empresas

Palmeiras vence reservas do Atlético-MG

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Depois de um empate na partida de ida, o Palmeiras venceu os reservas do Atlético-MG e está nas semifinais da copa Sul-Americana. A noite fria e de garoa no Pacaembu abrigou um gol olímpico de Marcos Assunção e outro de Luan, após um raro contra-ataque alviverde.

Os 2 a 0 mantém o Palmeiras em uma das duas competições que disputa no segundo semestre. O time vem jogando mal no Brasileirão, desencanado mesmo. Até porque, Luiz Felipe Scolari rende melhor em competições de estilo mata-mata.



O Atlético-MG jogou melhor do que o Palmeiras poderia ter permitido. Escrevendo de um jeito mais claro: o time mineiro teve boas chances de gol, com liberdade para avançar. Se o time não fosse o reserva ou se tivesse um meio-campo mais articulado, teria gerado problemas reais. Quando saiu o segundo gol, era o time de Dorival Jr. quem tinha melhores condições.

Valdívia entrou jogando, mas durou 16 minutos. Motivo para jornalistas perguntarem e para Felipão se irritar. O chileno está precisando tomar uns passes, uns banhos de cachaça ou qualquer coisa do gênero. Ô, fibrose chata.

Lincoln jogou bem, Kleber trombou bem... E Marcos Assunção bateu faltas e chutou a distância bem. Segue sendo a principal arma do ataque. E o meio de campo continua com mania de chutão, com dificuldades de sair em contra-ataques.

Depois de vencer o 16º colocado no campeonato brasileiro, o Verdão espera o vencedor entre Avaí e Goiás, respectivamente o 18º e 19º da classificação, ambos na zona de rebaixamento.

Mas o que importa é que o Palmeiras está nas semifinais, entre os quatro melhores da competição. Algo assim não acontecia desde o brasileirão de 2008. Que melhore. É com isso que contam palmeirenses como os 35 mil torcedores que se molharam no Pacaembu.

quarta-feira, novembro 10, 2010

O terno

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Depois de 15 anos sofrendo em cargos subalternos numa agência bancária de periferia, o manguaça foi promovido de repente a assessor especial da diretoria, e transferido para um prédio na região mais próspera da metrópole. Pêgo de surpresa, foi obrigado a renovar às pressas todo o guarda-roupa - e a comprar pelo menos um terno de grife capaz de frequentar os eventos sociais mais requintados da empresa. Com dor no coração, o manguaça espremeu o orçamento e parcelou em 18 meses um bonito e vistoso terno Armani. As parcelas mensais fizeram com que sua cachaça diminuísse pela metade, mas era por uma boa causa, pelo futuro profissional.

- Um espetáculo seu terno, Praxedes. Muito bom gosto.

- Obrigado, doutor Cardoso.

E assim, logo nas primeiras ocasiões em que vestiu a roupa, foi elogiado por todos, e especialmente pelos superiores. Mas sorria amarelo, pensando no desfalque mensal que o caríssimo e proibitivo terno havia lhe custado. Três meses depois, um colega de seção, todo cheio de dedos, o chamou para conversar.

- Praxedes, minha irmã vai casar com um alto figurão do governo, eu vou ser padrinho e não tenho roupa pra ir. Estou com muita vergonha de pedir dinheiro para o próprio noivo pra poder me vestir. Será que você não me empresta aquele seu terno?

- Ah, Medeiros, você vai me desculpar, mas não posso. Aquilo me custou uma fortuna, ainda tenho 15 meses pra quitar, morro de medo que aconteça alguma coisa.

- Por favor, eu prometo que nada acontecerá. Juro! Por favor, se precisar, eu ajoelho na tua frente!

Constrangido pelas súplicas do amigo, que já chamavam a atenção de outros funcionários, Praxedes, muito a contragosto, capitulou. Só impôs uma condição:

- Tudo bem, tudo bem. Mas faça uma coisa: use o terno apenas na igreja. Eu sei que na festa você vai encher os cornos e acabará me estragando a roupa, manchando de bebida e comida. Leve um terno seu no carro e troque depois da cerimônia.

- Pode deixar! Vou fazer isso. E depois mando seu terno na melhor lavanderia da cidade, vou te devolver melhor do que está. Muito obrigado! Você me salvou!

Naquele sábado à noite, enquanto rolava o casamento, o manguaça bebericava sua cerveja, encostado no balcão do português, com os piores pressentimentos possíveis. "Uma hora dessas meu terno já deve estar um trapo. E eu ainda tenho 15 parcelas pra quitar! Quem vai pagar? O próprio Medeiros admite que não tem um tostão furado no bolso! É o diabo, é o diabo!". Mas, na segunda-feira, o colega apareceu todo sorridente em sua mesa:

- Praxedes, você é mais que um amigo, é um irmão! Deu tudo certo. Usei seu terno somente na igreja, as fotos ficaram lindas. Depois me troquei no banheiro, guardei tudo direitinho e já enviei pra lavanderia. Na quarta-feira fica pronto e na quinta eu trago aqui no trabalho para você. Obrigado mesmo!

- Não há de quê - respondeu o manguaça, entre suspiros de alívio.

Na quinta-feira, porém, Medeiros não apareceu para trabalhar. "Justo no dia em que ia trazer a roupa de volta. Aí tem coisa! Eu bem que desconfiava", gemeu Praxedes, já temendo pelo pior. Mas calou sua preocupação, bateu o ponto, passou no português para beber a obrigatória e tomou o rumo de casa. No outro dia, ao chegar para mais um expediente, estranhou que, além de Medeiros, nenhum outro funcionário estivesse presente. Duas horas e meia depois, sem que ninguém tivesse aparecido, subiu dois andares e indagou os três ou quatro que ali se encontravam sobre o sumiço dos colegas.

- Ah, "seu" Praxedes, eles vieram mais cedo e tiveram que sair. Deixaram um bilhete para o senhor.

No papel, apenas um endereço. Nervoso e cada vez mais confuso com a situação kafkiana, o manguaça pegou o primeiro táxi que viu e se mandou para um subúrbio bem distante. O endereço era o de uma pequena capela. Ao entrar, viu de longe alguns de seus companheiros de repartição. E, antes que pudesse abrir a boca, notou, a alguma distância, um caixão circundado por quatro velas e muita gente chorando. Deitado, com algodões no nariz e as mãos entrelaçadas, Medeiros. Vestido impecavelmente com o seu bonito e caríssimo terno Armani. A família do defunto ficou muito emocionada ao presenciar o choro convulsivo e desesperado do manguaça. Nunca poderiam imaginar que um colega de trabalho demonstrasse uma amizade e uma dor tão fortes...

Tipos de cerveja 56 - As Foreign Stout

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

A expressão Foreign Stout começou a ser utilizada com a Guinness Foreign Extra Stout (FES), uma versão mais forte e com mais lúpulo da clássica Guinness Extra Stout, para suportar as longas viagens às antigas colônias britânicas (algo semelhante à "fortificação" do vinho do porto). A FES ainda existe, produzida localmente em muitas das antigas províncias inglesas, como a Jamaica, o Sri Lanka e a Nigéria. De acordo com Bruno Aquino, nosso parceiro do blogue português Cervejas do Mundo, "são produtos de boa qualidade, similares à original, mas que apresentam já algumas características do local onde são produzidas. As Foreign Stouts encontram-se a meio caminho entre as Stouts normais e as Imperial Stouts. São mais doces que uma Stout mas menos robustas e complexas que uma Imperial". O volume de álcool pode variar entre 6% e 8% e elas também podem ser designadas por Export Stout. Para experimentar: Guinness Foreign Extra Stout, De Dolle Extra Export Stout e Lion Stout (foto).

terça-feira, novembro 09, 2010

Sócrates: 4 das 12 sedes terão estádios às moscas após Copa

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

O ex-jogador e comentarista esportivo Sócrates vaticina: Manaus, Natal, Brasília e Cuiabá terão estádios às moscas a partir de agosto de 2014. Construídos ou reformados para o Mundial de futebol, os templos do ludopédio nessas quatro, das 12 cidades-sede, são inúteis para a prática do futebol cotidiano.

Faltam times para jogar nesses locais, na avaliação dele. Os torcedores do América de Natal e do ABC podem reclamar. Mas duvido que os do Gama e do Brasiliense o façam.

Pode ser ressentimento de um belenense como é o também médico Sócrates Brasileiro. Na capital do Pará, com toda a certeza, uma arena esportiva seria tomada a cada Paysandy x Remo (ou a cada Remo x Paysandu).

No mesmo artigo, publicado nesta semana na CartaCapital, ele sustenta que esse fenômeno da inutilização da estrutura da Copa aconteceu na França (1998) e na Itália (1990).

No caso da terra de Nicolas Sarkozy, Sócrates lembra que o PSG manda suas partidas no Parque dos Príncipes, e não no Estádio da França, na capital do país.

Faltou lembrar...

A cidade de São Paulo não se enquadra na lista de Sócrates. Ele faz lá críticas, embora o Itaquerão, estádio do Corinthians, tenha sido encapado pela prefeitura de São Paulo e pelo governo do estado. Tudo isso se deu na segunda-feira (8), dias depois do fechamento da revista semanal.

Mas além do Morumbi, preterido num misto de projeto insuficiente com muito lobby e interesse político em outras direções, o Palestra Itália está em reformas e deve ficar pronto mais ou menos na mesma época. Não para a Copa, mas com certeza para jogos de futebol.

Há ainda a futura ex-quase-casa do Corinthians, o Paulo Machado de Carvalho, o Pacaembu. Há o Canindé, o mais bem localizado estádio da cidade do ponto de vista do transporte público e privado. E, na Grande São Paulo, a Arena Barueri, órfã de clube de futebol profissional até que o Grêmio Prudente debande do extremo oeste do estado.

Desses, o uso está garantido.

Mas a teoria dá o que pensar.

Adílson Batista e a possível volta do futebol pra frente

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

A contratação de Adílson Batista como novo treinador do Santos é daquelas que deixa o torcedor algo ressabiado. Não que não seja um bom técnico, montou um Cruzeiro bastante interessante nos últimos dois anos, mas, por outro lado, não conseguiu impor seu estilo ao Corinthians. Como dito no post abaixo, sua escolha é fruto de uma má avaliação e de uma frustração: a diretoria santista empurrou o Brasileiro com a barriga, pois o julgou perdido cedo demais, e não conseguiu fechar com Abel Braga, nome tido como o melhor para a Libertadores 2011 (a velha ansiedade besta pelo torneio continental que tanto maltrata alguns clubes brasileiros).

Mas, na prática, Adílson tem um currículo pior do que o do demitido Dorival Júnior. O que pode ser um fator a mais para estimular o técnico. Assim como o atual treinador do Atlético-MG, ele tem a chance de conquistar títulos relevantes, que possam ser mais significativos do que alguns dos estaduais menos cotados que traz no currículo.

O técnico nunca caiu totalmente nas graças do torcedor do Cruzeiro e sua última passagem pelo Corinthians também não deixou saudades. Como lembra o Edu aqui, foram 7 vitórias, 4 empates e 6 derrotas. Mas, como diria Ortega y Gasset, eu sou eu e minhas circunstâncias. No Timão, sucedeu Mano Menezes, treinador vitorioso no clube, com um estilo defensivo – ora retomado por Tite - bem distinto daquele que Adílson gosta. Com as contusões de jogadores importantes em seu período como treinador (e talvez o Corinthians tenha um elenco em que a distância entre titulares e reservas seja bem mais significativa do que em outros clubes), sofreu mais do que esperava, mas conseguiu mudar um pouco o estilo de atuar, como mostram as estatísticas: a equipe passou a driblar mais, 14,5 contra 10,35 da era Mano e a média de passes aumentou, 399,64 contra 311,2. Contudo, a média de gols feitos aumentou pouco, 1,88 X 1,80 e a de gols sofridos aumentou bem: 1,41 contra 1,09.

O que ficou evidente na passagem de Adílson no Parque São Jorge é que os jogadores não assimilarem seu estilo mais ofensivo, tanto que Tite retomou em parte o estilo Mano. No Santos, os atuais atletas se deram bem justamente com uma forma de jogar mais ofensiva, alternando o toque de bola e a velocidade, e aí a balança pesa a favor do novo comandante. Ao mesmo tempo, o ponto que talvez seja o principal de qualquer trabalho de técnico é o relacionamento com atletas e aí o atual comandante santista se deu mal no Corinthians. Mas novamente é bom ressaltar as diferenças: o perfil dos atletas era bem diferente do que ele vai encontrar no Santos, principalmente no que diz respeito à idade.

Adílson é uma aposta, como foi Dorival e como são quase todos (ou todos?) os técnicos brasileiros hoje em dia. Pode-se ter a garantia de bons trabalhos, nunca de títulos. Mas a possibilidade de se resgatar o futebol ofensivo que faz parte da história santista pode compensar a sensação de tempo perdido por parte do torcedor. Como disse o próprio treinador em entrevista na semana passada: "O Santos (de 2010, com Dorival Júnior) provou ser possível jogar com três jogadores na frente, o Barcelona não deixa de vencer por causa disso, o Manchester (United) joga com dois abertos e dois na frente. Não vejo problema". Também não vejo problema, mas as contratações que o Santos fizer, sob os auspícios de Adílson, é que terão um peso decisivo para saber se a possível ofensividade irá se traduzir em títulos.

segunda-feira, novembro 08, 2010

Visão de perto: pintou o campeão

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Há exatamente um ano, observando as últimas rodadas do Brasileirão de longe, lá de Dublin (Irlanda), fiz um post cravando o Flamengo como favorito para levantar a taça. Naquela data, os cariocas tinham vencido por 3 a 1 o Atlético-MG, que fazia ótima campanha, em pleno Mineirão lotado. Uma vitória daquelas, na minha opinião, dava muita moral - apesar de, na época, o Flamengo ter alcançado apenas a terceira posição na tabela, um ponto atrás do Palmeiras e dois do São Paulo, que era o líder. Faltavam só quatro rodadas mas, menos de um mês depois, no último jogo, o Flamengo confirmou meu palpite.

Pois agora, acompanhando a edição deste ano de perto, aqui no Brasil, eu volto a apostar em um favorito, e desta vez até com maior convicção: vai dar Corinthians. Como disse aqui no post da semana passada, caso os alvinegros vencessem o clássico contra o São Paulo, "na minha humilde opinião, ninguém conseguirá evitar que a taça vá para o Parque São Jorge". Não tô secando, não (antes fosse e tivesse alguma possibilidade de funcionar!). O Corinthians venceu por 2 a 0 e, mais que tudo, convenceu, jogando o fino da bola, contra um adversário que também atuou muito bem, num Morumbi lotado de sãopaulinos. É, inegavelmente, um resultado que dá muita moral - ao contrário das magras e suadas vitórias do Cruzeiro (contra o esforçado Vitória) e do Fluminense (contra o insosso Vasco), ambas por 1 a 0.

O Corinthians se recuperou e voltou a vencer na hora certa. Fatores decisivos foram a troca de técnico, que aliviou a pressão, e a volta de Ronaldo, cuja força de vontade e gana de vencer, disputando os 90 minutos de todos os últimos cinco jogos, uniu e motivou o elenco. Além disso, o time tem quatro jogadores fundamentais: Chicão na zaga, Alessandro na lateral direita e Elias e Bruno César no meio (fora o goleiro Júlio César, em fase excelente). O Corinthians pode prescindir de qualquer um dos outros titulares, menos dos quatro citados, que são a espinha dorsal do forte e convincente futebol apresentado em campo. Bruno César eu já elogiei. Elias (foto), para mim, é jogador de seleção. E eu admiro muito a raça e a eficiência de Alessandro e Chicão. Jucilei, Ralf e Roberto Carlos também merecem aplausos.

No mais, já que o exercício aqui é de palpitagem, vamos às últimas rodadas. Na próxima, nesta quarta-feira, o Corinthians deve pavimentar seu caminho ao título com vitória sobre o Cruzeiro, no Pacaembu abarrotado. Não acredito que o time de Minas, em franca decadência, consiga vencer diante de um rival tão embalado e da pressão da torcida adversária. Se acontecer, lembrará a final da Copa do Brasil de 1996, quando a Raposa bateu o Palmeiras dos 100 gols em pleno Parque Antartica. Repito: não creio em vitória cruzeirense, é muito improvável. No outro jogo, o Fluminense tem tudo pra vencer o Goiás em casa. Mas aí sim eu acho que pode dar zebra. Tratando-se do Goiás, nunca se sabe...

Já na 36ª rodada, o Vitória não será páreo para o Corinthians, mesmo jogando na Bahia. O Cruzeiro pode até vencer o Vasco em Minas, mas acho que esse jogo tá com cara de empate. Assim como o confronto entre São Paulo e Fluminense, no Morumbi. O tricolor carioca anda tão irregular que, se bobear, pode até perder. Daí vem a penúltima rodada: pra mim, o Corinthians vence o Vasco no Pacaembu, o Fluminense vence o Palmeiras em São Paulo (pois o alviverde estará mais focado na Sulamericana) e o Cruzeiro vence ou empata com o Flamengo em Minas. Na última rodada, o Fluminense vence o Guarani e o Cruzeiro vence o Palmeiras. E o Corinthians passeia contra o rebaixado Goiás.

O palpite, então, é mais ou menos o seguinte: Corinthians campeão (72 pontos), Fluminense vice (entre 69 e 71), Cruzeiro terceiro (entre 65 e 68).

Ou não (rsrs). Como diria Garrincha, "falta só combinar com os russos". Mas eu, se fosse corintiano, já estaria muito animado com o (bem provável) título do centenário. Façam suas apostas!

Atlético-MG e Santos, Dorival e a reflexão tardia

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

O empate em 2 a 2 do Santos com o Atlético-MG traz algumas reflexões. Como a disputa pelo título já havia sido praticamente sepultada após o empate como Vitória no meio de semana, restava ao Peixe fazer uma apresentação digna diante do ameaçado Galo. Garra e determinação não sobraram ao Santos (nem ao Atlético), mas faltou algo que sobrava ao time no primeiro semestre: a volúpia de ir à frente.

Claro que a comparação pura e simples com aquele time pode ser cruel, pois hoje o Alvinegro não conta com Wesley, André, Robinho e o contundido Paulo Henrique Ganso. Mas, mesmo quando jogava com o time misto ou quase todo reserva, a vontade ofensiva se fazia presente no Santos de alguns meses atrás, muito por conta da forma de jogar proposta por Dorival Junior. Na partida em Sete Lagoas, Marcelo Martelotte tinha seis jogadores fora de combate, mas tinha Alan Patrick como opção para o meio. Preferiu atuar com três volantes, estreando Possebom junto às entradas de Rodriguinho e Adriano.

Diante da escalação santista, só restava ao Atlético-MG fazer o óbvio: pressionar a saída de bola peixeira. Conseguiu se manter boa parte do jogo no campo santista, mas sofreu o primeiro gol em jogada individual de Neymar. Mesmo sem criar grandes chances, ainda que dominando as ações, a equipe mineira chegou ao empate com Diego Tardelli.


O espaço entre o gol santista e o do empate foi simbólico. Um time pressionava e o outro se defendia, sem conseguir acionar os rápidos contra-ataques que caracterizaram a equipe há alguns meses. Isso em função não apenas da escalação defensiva do técnico, mas também da falta de mobilidade de Marquinhos, que, sem a companhia de Ganso para dividir a armação, não mostrou desde a contusão do parceiro condições de exercer essa função sozinho. Fez mais uma partida pífia e sua substituição por Alan Patrick na segunda etapa foi mais que tardia.

Na segunda etapa, a virada merecida fez com que finalmente o comandante santista alterasse o time. Além de Patrick, Marcel também entrou na equipe e o esquema com três volantes se desfez. O time chegou ao empate com Neymar novamente, em uma falha do goleiro, assim como no segundo gol do Galo. Uma chance ou outra de definir o jogo de cada lado, mas o empate permaneceu ao final. Justo pelas condições técnicas apresentadas por cada um, injusto pela maior vontade de vencer do Atlético-MG. Mas só vontade não ganha jogo.

*****

Foco de toda a mídia antes da partida começar, o abraço de Neymar e Dorival Junior é menos relevante do que o fato de todos os atletas santistas terem ido abraçar o ex-treinador. Fica a impressão de que não havia desgaste (além do natural) entre o comandante campeão paulista e da Copa do Brasil com o elenco. Sua demissão de fato se deu em função de um episódio que se desdobrou em vários. À quebra de hierarquia de Neymar, se sucedeu a quebra de hierarquia de Dorival, querendo punir o atelta mais do que o acertado com a diretoria. E a direção santista, assim como o ex-técnico, exagerou na punição.

Tal desprendimento dos diretores à época poderia ter mais de uma leitura, como a de que o Alvinegro tinha um técnico em vista e não queria seguir com Dorival em 2011. No entanto, a manutenção de Martelotte no cargo deixou evidente também que a diretoria do Santos tinha desistido do Brasileiro. Ou que fez a aposta de que um interino poderia dar novo gás à equipe, a exemplo do que aconteceu com o Flamengo em 2009. Contudo, a principal diferença é que aquele Flamengo era um time de cobras criadas, enquanto o Santos tem muitos garotos que não podem prescindir de um treinador com alguma tarimba.


O resultado é que, mesmo com as séries ruins de Fluminense e Corinthians, o interino santista conseguiu a medíocre marca de 39,4% de aproveitamento em 11 rodadas, índice semelhante ao do Flamengo. Dorival, mesmo assumindo um time arrasado pelo “gênio” Vanderlei Luxemburgo e pelas contratações da diretoria mineira, conseguiu até agora 50% dos pontos disputados (contra 29,8% do hoje treinador flamenguista), o que deu alento para uma equipe antes quase fadada ao rebaixamento.

Aliás, é a segunda vez seguida que Dorival tenta consertar a "obra” de Luxemburgo. No Santos do "gênio", Neymar era mais reserva do que titular, Ganso não tinha a confiança de Luxa, André mal sentava no banco de reservas e muitos na Vila não queriam a volta de Wesley, emprestado a pedido do ex-treinador. A equipe de Luxemburgo também era montada vez e outra com três volantes, assim como a que enfrentou o Atlético-MG. Por isso, a equipe que jogou contra o Galo lembra mais (em números e no jeito) o time do “profexô” do que o do primeiro semestre. Sem vontade ofensiva e igualmente sem padrão de jogo. Espera-se um técnico para 2011.

sábado, novembro 06, 2010

Uma ideia para Aécio

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

O Aécio Neves está falando aos jornais em refundar o PSDB, para que o partido “recupere o seu sentido”. Eu não estou entendendo mais nada. Mas não foi o PSDB que saiu fortalecido dessas eleições? O partido que perdeu mas levou? Que governará a maior parcela de eleitores? Não foi o PSDB que inspirou, com seu candidato e segundo o próprio, a formação de uma “trincheira pela liberdade e pela democracia”? Por que refundar o que está dando tão certo?

Pois eu achei que isso era a coisa mais surpreendente que eu poderia ler na manhã de hoje. Mas não, imaginem. Quem conduziria esse processo? Notáveis do partido. Quem seriam esses notáveis, FHC? Sim, claro, FHC, juntamente com José Serra e Tasso Jereissati. Depois de me benzer, tentei entender o que é que está passando na cabeça do Aécio. Afinal, por que chamar para recriar as bases de um partido esse trio que, além de aposentado pelas urnas, consegue ser a reunião das figuras mais desagregadoras de que já ouvi falar?

Foi essa foto mesmo, dos sem-Serra, que eu não aguento mais a cara do cidadão

Aécio é um cara bacana, deve estar preocupado em arrumar assunto para os amigos veteranos, agora desocupados. Eu tenho uma ideia melhor, Aécio: chama mais um - por exemplo, o Caetano Veloso ou o Hélio Bicudo - e arma uma caxeta, buraco, truco, dominó, porrinha...

sexta-feira, novembro 05, 2010

Globo News, previdência e a pauta do governo Dilma

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

A entrevista da GloboNews com a professora Lena Lavinas, da UFRJ, cumpre duas funções. Primeiro, mostra como a grande mídia está tentando novamente influenciar a agenda do governo eleito, inserindo uma pauta conservadora no debate, apesar da clara mensagem das urnas em favor de políticas de combate à desigualdade. Aqui, cabe lembrar que o pessoal de esquerda (também conhecido como "nóis") precisa cumprir o mesmo papel e puxar o governo para a pauta que nos interessa, especialmente uma ação mais forte no combate à desigualdade.

Aliás, já que a presidenta está falando em reforma tributária, que o debate passe pela introdução de maior progressividade nos impostos, diminuindo a carga sobre os mais pobres (e a classe média deve se beneficiar aqui, creio, do alto de minha ignorância tributária) e aumentando sobre os mais ricos. Se houver conhecedores do tema entre os leitores, por favor, contribuam.

A segunda razão para ver o vídeo é dar destaque mais uma vez à absoluta contradição entre a chamada "Dilma terá que lidar com rombo milionário na previdência" e a argumentação da professora, que nega desde o início a existência do tal rombo. Nesse ponto, destaque para o baile que as jornalistas globais levam de Lavinas, que dá uma verdadeira aula sobre previdência e seguridade social.

A terceira razão é a supracitada aula sobre um tema dos mais importantes para quem acredita na construção e consolidação de um aparato de proteção social no Brasil. Não consegui achar um jeito de reproduzir o vídeo direto aqui, por isso vai o link:

http://globonews.globo.com/videos/v/dilma-tera-que-lidar-com-rombo-bilionario-na-previdencia/1366939/

Coerência

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

O acirramento desmedido da oposição no processo eleitoral traz frutos amargos para o país após o encerramento do pleito. A aliança feita por José Serra e sua campanha com os setores mais reacionários deu fôlego para manifestações preconceituosas de um pessoal que já vinha colocando as asinhas de fora antes. Agora, então, aguenta.

A nova pedra de toque do discurso reaça é “culpar” o Nordeste pela eleição de Dilma Roussef. Os nordestinos seriam ignorantes e comprados, vagabundos que inventam filhos para ganhar o dinheiro do “Bolsa 171” pago pelo governo federal às custas dos impostos de São Paulo. Sim, é uma galerinha de São Paulo que tem difundido com mais energia esse tipo de idiotice preconceituosa.

A proposta é separatista e, em alguns casos, clama por assassinatos. São Paulo e o “sul maravilha” se separariam e viveriam felizes para sempre longe do atraso do Norte e do Nordeste. Não sei bem onde ficariam Minas e Rio de Janeiro, onde Dilma deu uma bela surra no tucano, mas também não dá pra cobrar muito poder de análise desse pessoal.

Porém, serei ousado e cobrarei outra coisa: coerência. Pois se o Nordeste é todo uma porcaria, cheio de imbecis manipuláveis, nada que venha de lá deve ser bom.

Assim, os valorosos militantes destas horrorosas ideias deveriam repudiar os shows e CDs de Gilberto Gil, Caetano Veloso, Gal Costa, Raul Seixas, Daniela Mercury, Ivete Sangalo, Elba Ramalho, Chiclete com Banana, Dorival Caymmi, Zé Ramalho, Jorge Mautner, Luiz Gonzaga, Chico Science e Nação Zumbi e muitos outros. Aliás, nada de forró (universitário ou não), axé, coco, maracatu, embolada, frevo. E não esqueçamos das micaretas e trios elétricos.

Na mesma linha, é dever cívico pra essa galera repudiar o carnaval em Salvador, Recife, Olinda e qualquer outra cidade nordestina. Aliás, é de suma importância deixar de lado as férias em Porto de Galinhas, Natal, Fernando de Noronha, Lençóis Maranhenses e outros cantos dessa terra esquecida por Deus.

Deveriam também banir das bibliotecas a literatura de Jorge Amado, Castro Alves, Augusto dos Anjos, Graciliano Ramos, José Lins do Rego, Rachel de Queiroz, Ariano Suassuna, Gonçalves Dias, Manuel Bandeira e uma cacetada de outros escritores dispensáveis, demonstrando com clareza a falta de cultura da região.

Cabe também ignorar os trabalhos de Paulo Freire na pedagogia, Josué de Castro na sociologia, Celso Furtado na economia. E deixar de lado ainda o trabalho do neurocientista Miguel Nicolelis, paulista de nascimento mas que escolheu instalar em Natal seu Instituto Internacional de Neurociências Edmond e Lily Safra, referência mundial em estudos na área. Um traidor como esses deve certamente ser desconsiderado.

(Atualizado às 15h do dia 5/11)

quinta-feira, novembro 04, 2010

São Paulo ajuda - e enfrenta - o Corinthians

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Provando que, seja lá por que raio de motivo, sempre joga bem contra o Cruzeiro, o São Paulo venceu ontem por 2 a 0, em Uberlândia, e ajudou o Corinthians a ultapassar os mineiros e a assumir a vice-liderança, só um ponto atrás do Fluminense. O que dá contornos de decisão de campeonato para o clássico do próximo domingo, que reunirá justamente os dois rivais paulistas. Se o São Paulo vencer, praticamente elimina as chances do Corinthians. Caso contrário, na minha humilde opinião, ninguém conseguirá evitar que a taça vá para o Parque São Jorge.

Sobre ontem, duas observações: o Cruzeiro poderia ter matado o jogo caso tivesse um centroavante mais eficiente do que o ex-palmeirense Robert, além de a equipe demostrar ser muito "Montillo-dependente", algo semelhante ao que ocorre com o Conca no Fluminense (quando esses gringos não estão inspirados, seus times não vão bem); já o São Paulo venceu num lance de inspiração individual do instável Lucas (foto de Rubens Chiri/SPFC), auxiliado pelo sempre útil Dagoberto. O pênalti em Ricardo Oliveira, convertido por Rogério Ceni, não existiu. Foi fora da área e nem falta foi, ele se jogou.

Para o domingo, espero um jogo digno do último confronto entre São Paulo e Santos. Acho que as equipes vão para o ataque com tudo no Morumbi, pois empate é ruim para os dois. E nessas circunstâncias, e sendo um clássico, é impossível prever resultado. Caindo na vala comum, quem errar menos define a fatura. Espero que Ricardo Oliveira esteja num dia mais inspirado. Porque do outro lado o adversário é muito forte e, inegavelmente, Bruno César é o nome do campeonato. Jogador espetacular. E pensar que disputou a Copinha pelo São Paulo, em 2009, e foi dispensado. Ah, Juvenal, ah, Juvenal...

A saudação dos canalhas

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Relendo a saga "O tempo e o vento", de Érico Veríssimo (uma edição do Círculo do Livro, de 1982), atentei para uma fala do personagem Rodrigo Terra Cambará, bisneto de "um certo capitão Rodrigo" e que torna-se um político corrupto da "côrte gaúcha" no primeiro governo de Getúlio Vargas, entre 1930 e 1945. Quando o presidente é deposto, ele volta às pressas para a imaginária cidade de Santa Fé, onde convalesce de um ataque cardíaco. Uma de suas amantes, Sônia, está hospedada num hotel e o político canalha pede ao amigo e alcoviteiro Neco que leve um bilhete dele para ela (o grifo é nosso):

Dobrou o papel, meteu-o num envelope e, sorrindo, entregou-o ao barbeiro:
- Capitão Neco, aqui está a mensagem. Veja se consegue passar as linhas inimigas... Se for preso, engula a carta. Viva o Brasil!


E eis que, para minha surpresa, o discurso do candidato José Serra, do PSDB (foto), após a confirmação de sua derrota nas eleições de 31 de outubro, terminou da seguinte forma (com novo grifo nosso):

- Por isso a minha mensagem de despedida nesse momento não é um adeus, mas um até logo. A luta continua. Viva o Brasil!

Coincidência?

'É preciso criar o Partido dos Trabalhadores'

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Viciado em biografias, resolvi esta semana arriscar o "Nem vem que não tem - A vida e o veneno de Wilson Simonal", de Ricardo Alexandre (Editora Globo, 2009). E não me arrependi. Além de extremamente bem escrito e econômico, com uma pesquisa de dez anos muito completa, o livro cumpre até o fim o papel de esmiuçar a maior tragédia na vida do cantor, compositor, apresentador e showman Simonal: o nebuloso episódio em que teria mandado dois amigos seus, agentes do DOPS (um dos principais órgãos de repressão e tortura da ditadura militar), espancar e torturar um de seus ex-funcionários para que ele confessasse que desviava dinheiro. Pior de tudo é que, quando a vítima resolveu registrar a ocorrência em uma delegacia e a bomba estourou na imprensa, em agosto de 1971, Simonal achou que limparia a barra se acusasse o ex-funcionário de terrorista, em declaração oficial firmada no próprio DOPS. E nesse documento, inacreditavelmente, o artista assinou embaixo do seguinte texto:

"(...) QUE O DECLARANTE aqui comparece visto a confiança que deposita nos policiais aqui lotados e visto aqui cooperar com informações que levaram esta seção a desbaratar por diversas vezes movimentos subterrâneos subersivos no meio artístico; QUE O DECLARANTE quando da revolução de Março de Mil Novecentos e Setenta, digo Sessenta e Quatro aqui esteve oferecendo seus préstimos ao Inspetor José Pereira de Vasconcellos;"

Foi o suficiente para que Simonal fosse taxado para todo o sempre como o maior dedo-duro e informante da ditadura, o que arruinou sua (brilhante) carreira e, de maior astro nacional no final da década de 1960, campeão absoluto de venda de discos e de audiência televisiva, maior até do que Roberto Carlos e Elis Regina naquela época, único capaz de comandar um côro de 30 mil pessoas no Maracanazinho, de lançar discos nos EUA, Itália, Argentina, de dividir o palco com Sarah Vaughan e de representar oficialmente o país na Copa do México, com um prestígio igual ao de Pelé (foto acima), depois da pecha de dedo-duro, chegou a ser preso e foi banido do cenário artístico e isolado totalmente da TV e dos grandes centros urbanos entre 1975 e 1992, período em que mergulhou na depressão e no alcoolismo.

O livro procura mostrar que, de fato, Simonal tinha amigos no DOPS, policiais que costumavam fazer bicos de segurança para vários artistas. O famigerado Sérgio Paranhos Fleury, um dos torturadores mais notórios, chefiou a segurança dos artistas na TV Record e era chamado por Roberto Carlos de "Tio Sérgio". Simonal teria se aproximado de Mário Borges - policial acusado da tortura e morte de Stuart Angel, filho da estilista Zuzu Angel, e acusado em mais nove processos semelhantes daquele período - ao ser chamado ao DOPS, em 1969, para explicar a presença de uma bandeira da então União Soviética no cenário do show "De Cabral a Simonal". Depois disso, Borges e outros asseclas passaram a fazer bicos para o cantor/compositor. Nada leva a crer que, de fato, ele fosse informante do órgão repressor.

Mas o poder que obteve e a suprema arrogância de achar que, naquele momento, podia fazer o que bem entendesse, o levou a usar policiais para "dar uma prensa" num ex-funcionário, dentro de um órgão público, e, pior de tudo, achou que se mentisse declarando que era "ajudante" do DOPS, o governo militar livraria sua cara. Foi o beijo da morte. Longe de querer inocentar Simonal, o autor do livro condena essas suas atitudes mas pondera que, junto com a fama de "dedo-duro", o "linchamento" público do artista também foi impulsionado pelo seu poder, sua arrogância, como se dissessem "tá na hora de acabar com esse negro insolente de uma vez por todas". A classe artística se esqueceu que ele teve a coragem de se solidarizar, em seu programa de TV, ao vivo, com os atores da peça de teatro "Roda Viva", espancados em 1968. Só se lembraram de suas músicas ufanistas, "Brasil, eu fico", "País tropical" etc (todas de autoria do "bonzinho" Jorge Ben). Mário Borges, o torturador, foi inocentado. Simonal escapou da cadeia, mas "morreu em vida".

Curioso é que, sem entender muito de política e sempre querendo evitar se envolver com isso, o ex-favelado Simonal declararia, em 1979, um ano antes de Luiz Inácio Lula da Silva comandar a fundação do PT:

"O MDB e a Arena são uma farsa, é preciso criar o Partido dos Trabalhadores."

Mas aí ninguém mais lembrava que ele existia. Há um documentário que foi lançado ao mesmo tempo que o livro, "Ninguém sabe o duro que eu dei". Achei um trailler, em que até o Pelé dá seu pitaco:

Pensamentos esparsos sobre Lula, Dilma, FHC e a oposição autofágica

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Lembro bem, quando Lula venceu a eleição de 2002, a primeira ação orquestrada da mídia foi tratar de “separá-lo" do PT. Isso se intensificou quando iniciou o governo com nomeações (como o Henrique Meireles) e medidas econômicas tidas como "ortodoxas", elogiadas como a continuidade de FHC – o que mostrou ser de grande prudência, já que uma mudança drástica fatalmente teria consequências indesejadas –, e ao mesmo tempo se falava em "radicais do partido" sempre desenhados como monstros rapinosos. O que se desenhou o tempo todo no discurso (e ainda permanece) foi que Lula estava acertando por continuar FHC e que isso acontecia contra a vontade de seus correligionários. A mídia, assim como a oposição, permaneceu cega quanto a todas as novidades que foram introduzidas, e acredito que haja aí uma boa dose de ilusão.

Nos tempos de FHC, aprendemos a acompanhar de perto a tal da "taxa de juros", que seria o grande instrumento do Estado para interferir na economia. Acho que muita gente chegou a acreditar (e ainda acredita) que o tal do tripé câmbio livre (praticado apenas no segundo mandato de FHC, diga-se), meta de inflação e superávit primário resuma o que o Estado pode fazer para interferir na economia. Talvez no mundo do Estado mínimo, desejado pelos tucanos, isso até seja de algum modo verdade. Não quero aqui desconsiderar que os grandes economistas tucanos ignorem a importância de outros fatores, mas é fato que a discussão ficava enrolada em torno desse ponto.

Também não há dúvida de que hoje a discussão está muito mais rica. Fala-se em infraestrutura, em microcrédito, em ampliação do mercado interno (vamos nos lembrar que foi Lula que fez os empresários brasileiros a aprenderem a lidar com a classe C e D, que passou a consumir) com o aumento do poder de compra dos salários mais baixos. Outra coisa que muitos não percebem: não creio que Lula seja contra privatizações "por princípio", mas sim porque quando o Estado não participa de igual para igual nas disputas no mercado os consumidores ficam à mercê de interesses privados (que naturalmente é o interesse das empresas). O Estado perde poder de pressão. Mas Lula mostrou, com a Vale, que o Estado deve defender seus interesses enquanto "sócio" que é da empresa (embora isso seja tratado como ingerência por muita gente).

Li isso por esses dias (não me lembro onde, que me perdoe a fonte não citada aqui). Enquanto FHC injetou dinheiro na economia pelo topo, por meio das privatizações, Lula injetou pela base, com microcrédito e aumento da renda das classes mais pobres. Por isso a política de FHC era essencialmente excludente (e o desemprego e as perdas salariais eram vistas como "o preço a se pagar pelo desenvolvimento") e a de Lula, essencialmente inclusiva. E mais segura, porque pulverizada, não concentrada.

O Bolsa Família, na verdade, embora importante, não é o grande diferencial. Dilma (e Serra também, vejam só) fala sempre nele porque sabe que é um programa que pegou, tem um potencial marqueteiro forte. Mas ela sabe muito bem que o principal está em outra parte.

Agora, com a vitória de Dilma, estão tentando consolidar o entendimento de que ela ganhou roubado, porque quem moveu as peças foi o Lula, que agiu "ilegalmente", já que "um chefe de Estado" não pode ser líder de partido. Obviamente, um dos requisitos normais de um chefe de Estado é que ele seja líder de partido. Mas o que espanta é que essa ilegalidade só existe na cabeça deles. É tão disparatado isso que me vejo obrigado a imaginar a situação de um presidente disputando reeleição sem poder fazer campanha para si mesmo, já que o hábito de chefe de Estado não permite. Ouvi de um tucano ainda que "o FHC não fez isso" quando Serra disputou pela primeira vez a presidência. Não custa lembrar que nas três últimas campanhas presidenciais, FHC foi escondido pelo "seu" candidato, já que suas aparições sempre resultaram em perda de votos por parte daqueles em cuja defesa ele vem.

Além disso, todos os olhos gordos agora estarão sobre Dilma, a tentar capturar cada um de seus deslizes, cada ameaça de titubeio que será anunciada como fraqueza e incapacidade. Não faltará veneno a cada dia. Tentarão desrespeitar Dilma, como o fizeram tantas vezes com o "presidente analfabeto". E se qualquer líder político trombar com a Dilma, isso poderá ser eventualmente ignorado, mas cada gesto do Lula será interpretado como uma mensagem para Dilma, que sem ele não saberia o que fazer. Mais ou menos como um jogo de truco político.

Acabou a eleição, mas a campanha apenas começou, alertou o vampiresco Serra. Vem mais chumbo por aí, podemos esperar, e darão todo o espaço que Serra desejar para falar (já dão para o FHC, imagine para alguém não senil...).

Enquanto isso, fecham os olhos para o fato de que a oposição (anunciada como a grande vitoriosa dessas eleições, tipo "perdeu mas levou") está se devorando a si mesma. Serra já tenta matar o Aécio, que não é bobo mas não terá tanta bala na agulha quanto dizem. Serra também não terá tanto apoio assim de Alckmin, que não vai esquecer as rasteiras que levou do colega careca; ao contrário, o opus dei vai reduzir o serrismo em São Paulo ao "mínimo indispensável". FHC dá show de declarações non-sense, e mostra justamente a desunião do partido. Sergio Guerra e Eduardo Jorge fatalmente se enrolarão nos desdobramentos do escândalo do Arruda. "Líderes" outrora importantes como Tasso Jereissati, Arthur Virgílio, Heráclito Fortes foram excluídos da cena principal. O Kassab já fala em sair do DEM, que agoniza.

Há que trabalhar muito agora, pois ganhar espaço nas eleições municipais de 2012 será mais um passo importante para o gradual desaparecimento do DEM. Enquanto isso, estarão em estado de "vale tudo", em desesperto pela sobrevivência, apegados a um passado que não existe mais, mas que insiste em assombrar-nos.

Mais uma boa rodada pro Timão

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Eita rodadinha boa, esta! O São Paulo ajudou vencendo bem o Cruzeiro, e o Flu empatou com o Inter. O Timão, com a bela vitória por quatro gols sobre o Avaí, embolou mais a disputa com os dois rivais carioca e mineiro, e ganha fôlego para essa reta final. A tabela ainda é mais favorável ao Flu, senão por outra razão, pelo fato de que Corinthians e Cruzeiro se enfrentam. Vai ser uma final antecipada mesmo, como já havia alertado o Marcão – diga-se, mesmo que quem vença o campeonato seja o Flu, nenhum jogo será tão decisivo.

Agora, só o gol do Bruno César já deveria valer um ponto extra. E o segundo gol, com uma jogada maravilhosa do Alessandro, que eu nunca imaginei que ele fosse capaz, com o arremate muito bonito do Elias. O terceiro gol também, uma bela jogada do Dentinho, o passe correto do Roberto Carlos e um chute do Ronaldo de quem sabe. Pode descontar esse pelo quarto, um pênalti injustamente marcado.

Apreciem:



Que as rodadas continuem boas como esta.

quarta-feira, novembro 03, 2010

A piada do dia OU fala mais, FHC, fala mais!

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Na Folha de S.Paulo, materinha surreal: "FHC diz não endossar mais PSDB que não defenda a sua história" (uma pausa para o espanto: !!!!!!!!!! e outra para a gargalhada incontida: kkkkkkkkkkkk!). Minha nossa senhora, será que não tem um assessor, um parente, um amigo ou alguma outra alma caridosa pra poupar o homem de tanto vexame? Eu, sinceramente, estou ficando com vergonha alheia do Fernando Henrique Cardoso. Um ex-presidente do Brasil! Quanta papagaiada sai da boca do cidadão, Deus pai! Porém, no meio de tantos disparates, pelo menos uma verdade o tucano disse: "(Serra) Não fez diferente do que se esperaria de Serra como um candidato". Exatamente! Mas vamos aos melhores - ou piores - momentos de sua nova sequência de patacoadas estapafúrdias (os grifos são nossos):

"Não estou disposto mais a dar endosso a um PSDB que não defenda a sua história. Tem limites para isso, porque não dá certo. Tem de defender o que nós fizemos. A privatização das teles foi bom para o povo, para o Tesouro e para o país. A privatização da Vale foi um gol importante, porque, além do mais, a Vale é uma empresa nacional. A privatização da Embraer foi ótima. Então por que não dizer isso? Por que não defender? Privatizar não é entregar o país ao adversário, pegar o dinheiro do povo e jogar fora. Não. É valorizar o dinheiro do país. Tudo isso criou mais emprego, deu mais renda para o Estado." (Deu mais renda para o Estado?!!??? Como assim?!?)

"O presidente Lula desrespeitou a lei abundantemente. Do ponto de vista da cultura política, nós regredimos. Não digo do lado da mecânica institucional - a eleição foi limpa, livre. Mas na cultura política, demos um passo para trás, no caso do comportamento [de Lula] e da aceitação da transgressão, como se fosse banal." (Então o Serra avacalha vergonhosamente a campanha e, pra variar, a culpa é do Lula...)

"Aqui está havendo outra confusão. Pensar que a democracia é simplesmente fazer com que as condições de vida melhorem. Ela é também, mas não se esqueça que as ditaduras fazem isso mais depressa." (Ah, entendi: melhorar as condições de vida é só um detalhe, nada de muito essencial ou indispensável.)

"O Estado é laico, e trazer a questão religiosa para primeiro plano de uma discussão política não ajuda. Todas as religiões têm o direito de pensar o que queiram e de pregar até o comportamento eleitoral de seus fieis. Mas trazer a questão como se fosse um debate importante, não acho que ajude." (Ué, então o Serra errou? Isso não seria um bom título, senhor editor?)

"A pesquisa é útil não para você repetir o que ela disse, mas para você tentar influenciar no comportamento, a partir de seus valores. Suponha uma pesquisa sobre privatização em que a maioria é contra. A posição do líder político é tentar convencer a população [do contrário]." (Outro momento de sinceridade: pesquisa só serve para influenciar votação. Na cara larga!)

"Aqui, fora da campanha, só o governo fala. Quando fala sem parar, o caso atual, e sob forma de propaganda, fica difícil de controlar. No meu tempo, também era o governo que falava. Como não tenho o mesmo estilo e não usava uma visão eleitoreira o tempo todo, não aparecia tanto." (Nossa, o maior pavão de nossa política diz que não gostava de aparecer! Cara larga hors concours!)

"O que a mídia em geral transmitiu ao longo desses oito anos? Lula, violência e futebol." (Bom título para um blog. Aliás, trocando violência por cachaça, fica bem parecido com o nosso. O que você tem contra a gente, Fernandinho?)

"Esses 44 milhões [votação de Serra no domingo] não são do PSDB. É uma parte da sociedade brasileira que pensa de outra maneira. E não se pode aceitar a ideia de que são os mais pobres contra os mais ricos. Nunca vi uma elite tão grande: 44 milhões de pessoas." (Como se a elite, a mídia e o extremismo político de direita não influenciassem ninguém...)

"No tempo que cheguei lá, eu escrevi o que ia fazer e fiz. Nunca mudei o rumo. O Lula mudou o rumo." (Sim, não mudou "nada". Só disse, ao assumir o cargo: esqueçam tudo o que eu escrevi".)

"O Lula deixou de falar em trabalhador para falar em pobre. Mudou. Nós descobrimos uma tecnologia de lidar com a pobreza, mas estamos por enquanto mitigando a pobreza." (Mas qual o problema de o pobre ser o foco do governo? Tirar 28 milhões da linha da miséria é "mitigar" a pobreza?)

"Está se perfilando, no PT e adjacências, uma predominância do olhar do Estado, como se o Estado fosse a solução das coisas." (Mas se não for o Estado, quem vai olhar por nós? Os empresários?)

"A nossa tradição é de corporativismo estatizante, e isso está voltando. É uma mistura fina, uma mistura de Getúlio, Geisel e Lula. O Lula é mais complicado que isso, porque é isso e o contrário disso. Como é a metamorfose ambulante, faz a mediação de tudo com tudo." (Hã?!!?)

"A crise global deu a desculpa para o Estado gastar mais." (Sim, qual o problema disso? Foram os bancos públicos e o PAC, Programa de Aceleração do Crescimento, que nos protegeram da crise, os Estados Unidos estão tentando criar um BNDES para sair do caos.)

"Veja o discurso da Dilma de ontem [domingo]. Ela beijou a cruz." (Ah, tá: Serra desenterra a pauta medieval do aborto, dá voz aos piores e mais obscuros setores da sociedade, manda fazer santinho escrito "Jesus é a verdade", envolve a CNBB e até o Papa na campanha mais suja, pérfida e nojenta das últimas décadas e, para o FHC, o problema é a Dilma! Inacreditável.)

O círculo vicioso das eleições

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

por Djalma Oliveira

Com a vitória de Dilma Roussef para a presidência da república do Brasil, encerra-se mais uma espetaculosa campanha política, a qual, desde 1989, não era tão disputada e rasteira. Após breves conjecturas, seria a hora de reflexões, esperanças e merecido descanso do cidadão, extenuado pelo massacrante noticiário eleitoral. Primeira mulher a presidir o país; segunda política brasileira a ganhar a presidência do Brasil sem nunca ter disputado uma eleição anteriormente; fenomenal transferência de votos do presidente Lula a uma tecnocrata competente, mas desconhecida; receio inevitável ao imaginar o astuto e insípido Michel Temer vice-presidente e a avidez de seu partido (PMDB) por cargos e poder etc.

Nada diferente do que seria se o outro candidato tivesse ganhado a disputa (com o agravante de que seu partido posa de "vestais do cenário político", inclusive com a obsoleta cafajestagem de utilizar religião em assuntos laicos). Porém, preocupa a impossibilidade da reflexão tão necessária e fundamental para a evolução dos principais interessados nesse acontecimento democrático: nós, o povo. Ocorre algo parecido com a diferença entre o cinema e a televisão. Ao terminar um bom filme no cinema o próprio "apagar das luzes" nos remete a reflexão, remoem-se as mensagens num saudável exercício evolutivo. Em contrapartida, mesmo assistindo a algo profundo na televisão, com o seu término, o processo de ponderação é interrompido abruptamente por uma nova atração.

Partindo do disposto no parágrafo único do primeiro artigo da Constituição Federal, o qual diz que: "todo o poder emana do povo...", abordemos os direitos sociais previstos e tutelados por aquela carta - direito à educação, saúde, trabalho, moradia, lazer, segurança, previdência social, proteção à maternidade e infância, e a assistência aos desamparados), e vamos ao debate, às proposições, às cobranças, e brademos: estamos aqui! Por que assumirmos a posição de meros coadjuvantes nos processos eleitorais, meros espectadores do show de marketing político? Ao contrário disso, somos bombardeados imediatamente ao pleito por uma nova campanha.

Toda a imprensa dedicou quase que exclusivamente seu espaço à biografia da futura presidente e as manobras que já se iniciaram visando as próximas eleições. E o objetivo principal disso tudo, que seria nossa evolução social? A campanha para as prefeituras em 2012 já está à todo vapor: Netinho de Paula se lança candidato e força Luiza Erundina a lançar-se também. José Aníbal antecipa-se ao "cadáver insepulto" José Serra e diz que disputará a convenção do PSDB. E, para 2014 Aécio Neves (com sua raquítica biografia nem de longe comparável a de seu avô Tancredo Neves) sai fortalecido como candidato; Beto Richa assanha-se; Alckmin não convence nem o mais incauto dos cidadãos com o aceno positivo às costas de Serra, ao ouvi-lo dizer que a briga está apenas no começo.

E estamos envolvidos novamente em disputas eleitorais, relegando o sentido disso tudo à segundo plano. Basta, quero sinceramente sentir a política no meu cotidiano e não apenas o subproduto que ela infelizmente produz. Um abraço!

Djalma Oliveira se define como "brasileiro nato, contestador visceral, otimista incorrigível. Optante pelo caminho árduo, movimentado; o do homem inteiro, não o do homem mutilado. Remando contra a maré, lutando contra o 'Leviatã'. Lançando palavras ao vento, seguindo Clarice Lispector: 'Porque há o direito ao grito, então eu grito; grito puro e sem pedir esmola'. (djalmaoliveir@gmail.com)"

Olhei nos olhos da minha filha e disse: você pode

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

De tudo o que a nova presidente da República, Dilma Rousseff, falou em seu primeiro discurso depois de eleita, o que me emocionou profundamente foi:

- Eu gostaria muito que os pais e as mães das meninas pudessem olhar hoje nos olhos delas e dizer: sim, a mulher pode!

Ato contínuo, eu olhei nos olhos da minha filha Liz, de 8 anos, e disse isso. Nossos olhos se encheram de lágrimas. Liz nasceu no ano em que Lula foi eleito presidente pela primeira vez. Para mim, é muito simbólico: tudo melhorou após seu nascimento, em todos os sentidos. E a vitória de Dilma é a certeza e a confirmação de que tudo seguirá melhorando. Principalmente para a Liz e para a sua geração, que viverão num país muito mais justo, democrático e feliz. Com direitos garantidos e oportunidades para todos.

A esperança venceu o ódio.

Escrevi esse texto chorando. De alegria.

Obrigado, Liz. Obrigado, Dilma.

segunda-feira, novembro 01, 2010

Dilma venceria mesmo sem o Nordeste

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Não quero de modo algum minimizar a importância do voto nordestino, ao contrário. Mas é interessante ver que o peso do voto de estados como Minas Gerais e Rio de Janeiro, onde Dilma ganhou de lavada, já seria o suficiente para derrotar o candidato tucano.

Quer dizer, quem sustentar que foi o Nordeste que elegeu Dilma – afirmação que tem grande conteúdo de verdade, mas que geralmente é usada para reafirmar o velho preconceito contra o "voto do pobre" ou dos "analfabetos", já que nordestino por muitos "sulistas" é historicamente identificado com esses qualificativos – está intencional ou ingenuamente (sim, os tucanos também são enganados) ignorando a ampla votação que ela teve no Sudeste.

Veja os números do segundo turno:

Total de votos válidos: 99.462.514

Total de votos de Dilma: 55.752.092
Total de votos de Serra:
43.710.422

Votos de Dilma no Nordeste:
18.380.942
Votos de Serra no Nordeste:
7.673.776

Votos de Dilma excluindo o Nordeste:
37.371.157
Votos de Serra excluindo o Nordeste:
36.036.646

Assim, excluindo o Nordeste, Dilma venceria por 51% a 49%. Uma vitória apertada, mas ainda assim incontestável, por mais de 1 milhão de votos. Como o Nordeste existe, Dilma abriu a ampla vantagem de 12 milhões de votos.