Destaques

sexta-feira, junho 21, 2013

Uruguai quase na semifinal

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Nigéria depende de dois resultados quase milagrosos para avançar na Copa das Confederações

Em meio ao clima quente de protestos em Salvador - dois micro-ônibus da Fifa foram apedrejados no bairro do Campo Grande - Uruguai e Nigéria fizeram o duelo que valia a segunda vaga do grupo B da Copa das Confederações. A não ser, claro, que o Taiti proporcione a maior zebra da história recente do futebol mundial na peleja contra o Uruguai, no domingo.

Os 15 primeiros minutos foram de pressão uruguaia. A novidade na equipe foi a escalação do atacante Forlán, do Internacional, que estava no banco de reservas na estreia contra a Espanha. E foi em um lance do atacante que saiu o primeiro gol celeste. Após cobrança de escanteio, a bola sobrou para ele, que cruzou para a área e contou com duas furadas para que a bola chegasse em Lugano, que não desperdiçou, aos 19.

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Pinceladas cariocas - Flu na Disney, Botafogo em Paquetá

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por Enrico Castro

Mano Menezes já planeja conquista de sua 3ª Série B...
Em função da Copa das Manifestações, o Brasileirão curte seu quase parlamentar recesso após apenas cinco rodadas. À exceção dos cinco jogadores “cariocas” que estão com a seleção, a preparação dos clubes do Rio segue a todo vapor. O Flamengo descansou oito dias e retornou com mudanças significativas: contratou o técnico Mano Menezes e mandou embora, a princípio sem qualquer justificativa, Renato Abreu, um dos poucos lúcidos da equipe. A diretoria mandou às favas sua tão divulgada e elogiada política de austeridade  e optou pelo “valorizado” treinador, cujas principais conquistas são duas séries B. Estaria o rubro-negro já se planejando para 2014? Voltando a falar de Abreu, qual seria a relação entre a chegada do novo técnico e sua repentina saída da Gávea pela porta dos fundos? Quando ainda estava à frente da Seleção, para surpresa até mesmo do próprio jogador, que tem mais neurônios que a maioria de seus colegas, e certamente sabe que nunca teve condições de vestir a amarelinha, Mano o convocou para um confronto com a Argentina pela imprestável Copa Rocca. Será que o treinador se arrependeu? 
Fluminense virou atração na Disneylândia
Mesmo com a alta do dólar, o Fluminense resolveu levar o elenco para a Disney World, onde o Mickey e o Pateta poderão conhecer os patetas, digo, atletas tricolores. Abel reclama do fato de não poder contar com 11 jogadores: seis chinelinhos liderados por Thiago Neves, três servindo à  seleção brasileira, um vendido semana passada e mais o Diguinho, que não conseguiu o visto americano. Estaria o volante tricolor impedido de entrar na terra do Tio Sam por causa do processo que responde pelo envolvimento no esquema de importação ilegal de carros? O fato é que depois destas férias em Orlando, regadas a muamba da melhor qualidade, os jogadores do Flu ainda terão alguns dias de férias no Brasil. Será que a Polícia Federal vai fazer um pente fino na quando a delegação desembarcar no Galeão? Se por acaso fizer, torço para que apreendam aquelas drogas da zaga  tricolor... 
Sem grana, alvinegros não vão nem à  Paquetá
Após nove dias de férias e mais de 60 sem ver cor do dinheiro, os jogadores do Botafogo se recusaram a fazer uma intertemporada em Pinheiral/RJ. A postura dos atletas fez o vice de futebol, Chico Fonseca, vir a público negar esta informação e dizer que o período de preparação foi cancelado pela necessidade do clube de economizar, e por isso o time fará os treinamentos em General Severiano, mesmo. O dinheiro que poderia salvar o salário do elenco, proveniente da venda de Fellype Gabriel, está correndo grande risco de não chegar aos cofres alvinegro pois o clube já recebeu um mandado de penhora da Fazenda Nacional. Do jeito que está, o Botafogo não conseguirá fazer sua preparação para o restante da temporada nem na Ilha de Paquetá! 
Chicarito já sabe onde jogar daqui a 10 anos...
O Vasco não deu moleza a seus jogadores e, após apenas três dias de descanso, a equipe voltou a treinar - e com o meia colombiano Montoya (???) como novidade. Para um clube endividado pelo menos até as próximas três gerações, é de se estranhar que o outrora Gigante da Colina já tenha realizado 17 contratações apenas este ano. É bem verdade que, se juntarmos todos, não teremos, por exemplo, meio Balotelli ou Chicharito, que, a exemplo do mexicano Ochoa, foram presenteados pela diretoria com camisas personalizadas do time. A torcida dorme sonhando com nomes do porte de Balotelli e acorda com Reginaldo (???) treinando em São Januário. "É dura a vida da bailarina"... A boa novidade para o cruzmaltino foi a saída do diretor de futebol Renê Simões, que, após falar e fazer muita besteira, foi demitido. A verdade é que a diretoria e a torcida não aguentavam mais as declarações e atitudes do Super Mário, que afirmou ter pedido demissão, e não ter sido demitido. É aquela história do namorado(a) que, para sair “por cima”, termina a relação antes que o(a) outro(a) o faça. 
Por último, fui intimado pelo meu redator a cobrir o período de treinamentos do Fluminense nos EUA. Como ninguém é de ferro, vou dar uma esticadinha e retorno com a coluna na semana do dia 24/07. Até!
Enrico Castro é tricolor (do Rio!), analista de sistemas, servidor público. Entende tanto de futebol que tem certeza que o Dimba (aquele mesmo do Goiás, Botafogo e etc) é um craque e brilharia na Champions League. Não é preciso dizer mais nada.

Sobre Rede Globo, manifestações, despolitização e democracia

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Um vídeo mais que didático... (Via Twitter da Cynara Menezes)

quinta-feira, junho 20, 2013

Naviraiense? Não, Taiti...

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Seleção da Oceania conta com apoio da torcida, mas não resiste aos reservas da Espanha e perde por 10 a 0

O sonho taitiano durou por algum tempo. Para ser mais preciso, 26 minutos, tempo decorrido entre o primeiro gol da Espanha, marcado por Fernando Torres aos 5 minutos de partida, e o segundo, aos 31, de David Silva. A resistência da seleção da Oceania empolgou a torcida presente no Maracanã, que exerceu livremente o seu direito de secar o (muito) mais forte. Mas não foi suficiente.

Nos oito minutos seguintes ao segundo tento espanhol, mais dois gols, outro de Torres e um de David Villa. Virou goleada mais tarde até do que se esperava, mas virou. Pode-se culpar a linha de impedimento do Taiti, que facilitou bastante o serviço do ataque europeu, mas como a mesma linha funcionava tão bem para a Espanha? Não é tática, é técnica. E mais algumas dezenas de anos de tradição de um, contra quase nada de outro, além de um sem número de fatores que não caberiam nesse texto. 

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quarta-feira, junho 19, 2013

No melhor jogo do torneio, Itália vira sobre Japão

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Cheia de reviravoltas, partida teve sete gols e terminou com a vitória dos favoritos, para decepção do público pernambucano

Por Mauricio Ayer

Quem sentou para assistir Japão e Itália esperando a simples confirmação do favoritismo do tetracampeão mundial ficou desorientado. A equipe japonesa não tomou conhecimento do protocolo e tomou a iniciativa da partida, sob a inteligente e ousada liderança de Kagawa. O camisa 10 arriscou dribles, cadenciou o jogo e distribuiu a bola no setor esquerdo. A primeira jogada perigosa saiu de seus pés, num cruzamento para a cabeçada de Maeda, que saiu fraca para as mãos de Buffon.

Pouco depois, Honda entrou livre e foi atingido pelo goleiro italiano. O próprio Honda bateu o pênalti e converteu. O que parecia ser uma surpresa foi ganhando consistência dentro de campo no volume de jogo japonês.

A equipe asiática armou um ataque em arco à frente da grande área, fazendo a bola circular com rapidez, buscando o melhor momento para o bote. Não tardou a surgir uma nova oportunidade e, num rebote, o meio-campo japonês colocou na área, Kagawa pivoteou em cima da zaga italiana e virou para chutar no canto, para delírio da Arena Pernambuco, que a essa altura era 100% nipônica.

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Neymar brilha e Brasil põe o pé na semifinal

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Com belo gol e assistência sinuosa, o camisa 10 liderou o Brasil na vitória sobre a equipe mexicana

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Mesmo antes do início do jogo entre Brasil e México, o clima já era quente no Castelão. A manifestação realizada no entorno do estádio, em Fortaleza, durou pouco mais de quatro horas e reuniu cerca de 15 mil ativistas que protestaram contra os gastos públicos com a Copa das Confederações. A Polícia Militar cearense reprimiu com bombas de gás um grupo de manifestantes que tentou furar o bloqueio estabelecido para demarcar o protesto, Houve tumulto.

Em campo, o Brasil começou arrasador. Com trocas rápidas de passes e grande volume de jogo, a equipe de Felipão chegou ao gol aos 9 minutos. Daniel Alves fez o cruzamento e o defensor Rodríguez fez um corte parcial. A bola acabou sobrando para Neymar, que finalizou de primeira, fazendo mais um belo gol no torneio.

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terça-feira, junho 18, 2013

Boleiros apoiam manifestações no Brasil

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Há momentos em que boas explicações sobre o mundo surgem de onde menos se espera. Em meio à onda de protestos de segunda-feira (17), diversos jogadores de futebol manifestaram-se em seus perfis no Twitter apoiando as manifestações. Atletas de outras modalidades também participaram.

Uma delas é especialmente curiosa, a do corintiano Paulo André, que sugeriu: "Esse é o legado da Copa? Gostei!"

Se é ou não o legado, fica para o leitor responder – ou para o arqueólogo do futuro, para homenagear uma série que deixou saudades.

Ainda mais entusiasmado foi Juninho Pernambucano, o meia (ou seria terceiro volante) que era o 12º jogador da seleção de Carlos Alberto Parreira, em 2006, foi além. Dos Estados Unidos, onde defende o Nova York Red Bulls, ele deu a linha: "Uma sugestão seria neste jogo contra o México todos cantarem o hino de costas para a bandeira e assim mostrariam que eles entendem que o futebol não é mais importante que o povo brasileiro", afirmou o jogador.

Segundo a agência EFE, o protesto "seria um gesto de solidariedade em um momento de esperança numa real mudança" e "não tiraria de nenhuma maneira o foco da partida, nem influenciaria a atuação da equipe".

Na seleção extraída pelo Blog da Redação do UOL Esportes, outros boleiros palpitaram. Confira outros comentários menos ou mais perspicazes.

Robinho - @oficialrobinho

Todo mundo na luta por um Brasil melhor !!!!!!!

Daniel Alves - @DaniAlvesD2

"Ordem e Progresso" sem violência por um brasil melhor por um brasil em paz por um brasil educado por…

Ebert Amancio - @Betao03

Queria saber o q as pessoas que estão no "comando" do Brasil, estão achando de tudo isso. Se estão temerosos ou nem ligando! #forçabrasil.

William Machado - @WilliamCapita

Vamos todos para as ruas, sem violência, mas demonstrar nossa insatisfação com essa política e esse políticos q ñ representam nossos anseios.

Edmilson de Moraes - @Edmil5onOficial

Manifestações sim. Mais sem violência.

Dante Bonfim Costa - @dante_bonfim

Vamos juntos Brasil , amo meu povo e sempre apoiarei vcs.

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O povo pede passagem

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Por volta das 16h30 a concentração em torno do Largo da Batata, na zona Oeste de São Paulo, já era grande. Mas uma hora mais tarde a quantidade de pessoas já era muito maior, lotando vias de acesso próximas pouco antes de finalmente a marcha se pôr em movimento.

Cartazes, faixas e bandeiras de partidos apareciam em meio à multidão, mas enfrentavam a reação de boa parte dos presentes. “Sem partido! Sem partido!” e “Aqui não é comício”, gritavam, buscando reforçar o caráter apartidário da marcha. Um rapaz, mesmo com evidente desvantagem física, arrancou duas bandeiras de um militante do Partido Pátria Livre, quase criando uma animosidade.

Início do protesto, no Largo da Batata (Mídia Ninja)

A imagem da mídia tradicional também não era das melhores. Com palavras de ordem pouco elogiosas à Rede Globo e a Arnaldo Jabor, manifestantes conseguiram impedir a gravação de uma repórter da emissora que tentava fazer uma entrevista com uma drag queen que protestava contra a PEC 37. “Depois passa a entrevista sem editar”, teve que ouvir a jornalista.

Entre os presentes no protesto, muitos vieram motivados pela reação violenta da polícia nos últimos dias. O ator Gero Camilo contava que era a primeira das manifestações contra o o aumento da passagem a que ele comparecia. “O que me fez de fato vir para a rua, além de ser contra o aumento, foi a forma agressiva e violenta com que a polícia reagiu aos manifestantes. E mais que isso, essa manifestação é uma gota d’água de uma paciência esgotada do povo brasileiro, não são só 20 centavos”, contou.

Questionado sobre a crise de representatividade dos partidos, Camilo disse acreditar na “mobilização das pessoas”. “É evidente que um aparato policial repressivo se joga brutalmente contra a população quando o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara é o Marco Feliciano. Que possibilidade há para o povo, nesse momento, a não ser se manifestar, independentemente de seu partido ou organização?”, ponderou. “Não temos um referencial de projeto político consequente, não é à toa que esse projeto está sendo discutido na ágora, na volta às ruas. Nunca vi um Facebook tão inteligente como nesses dois dias. Nunca li tantos comentários e posts inteligentes numa tentativa de construção política, nenhum jornal me deu isso, nem Folha de S. Paulo, nem Estado de S. Paulo, nem o Jornal Nacional.”

“A polícia tá na rua agora, mas cadê a polícia nas ruas, na hora de proteger nossos filhos?”, dizia uma das Mães na Manifestação. Já outra delas, Maeve Vida, falava sobre quanto o movimento havia a animado. “Sou mãe de três filhos e estava muito preocupada com a letargia dos jovens de hoje, alienados em um mundo consumista, achando que o bacana era ter um celular novo, que ser rebelde era ter um jeans rasgado, consumir um filme de arte rebelde. Pra mim, é uma grande alegria ver os jovens saindo dessa rebeldia enlatada e se manifestaram. Isso pra mim é vida.”

Sobre oportunistas

A marcha acabou se dividindo em três direções. Uma parte muito grande seguiu adiante na Avenida Faria Lima, um dos pontos financeiros mais importantes de São Paulo. Mesmo tendo alguns prédios e estabelecimentos luxuosos, que poderiam ser alvo de manifestantes anticapitalistas em qualquer lugar do mundo, nenhum deles correu riscos. E isso mesmo sem policiamento na maior parte do trajeto, o que leva à reflexão sobre o papel do aparato policial na produção da violência dos últimos atos.

Um shopping dos mais elitistas de São Paulo, o Iguatemi, está fechado. Do lado de dentro, algumas pessoas olham a marcha atrás de vidros e grades, quando uma manifestante chega perto para tirar uma foto com seu celular. Logo, um segurança surge:

– Não pode tirar foto.

– Estou na calçada, a calçada é pública – responde.

– Aqui só tem gente trabalhadora, pra tirar foto de vândalo é do outro lado.

Mas a moça continuou tirando as fotos.

Em meio à Faria Lima, dois engravatados destoam da multidão e correm em meio a ela com um enorme cartaz enrolado. Chegando à frente da marcha, abrem o material contra o ex-presidente Lula, o adjetivando como “câncer”. São dois ativistas de um grupo de direita que dificilmente consegue reunir cinquenta pessoas em suas manifestações, mas que buscava ali o melhor posicionamento para fotos e vídeos que devem circular o mundo, tentando dar um caráter que o movimento como um todo definitivamente não tem. Quinze minutos depois, são convidados a se retirar e a guardarem sua faixa. Saem recebendo alguns gritos de “fascistas”.

Não são os únicos oportunistas do movimento. Um dos presentes vê duas garotas e se sai com essa: “É a primeira vez de vocês no movimento?”. As garotas ensaiam uma resposta, mas param percebendo as segundas intenções do militante. “Depois a gente pode dar uma volta”, ainda ouviram, sem dar resposta.

Eram 19h30 e os manifestantes seguiam. Sem polícia, sem violência e ganhando ainda mais o respeito de quem viu, sem filtros midiáticos, aquilo que se passava. Filtros, aliás, que uma parte da sociedade, e a maioria dos manifestantes,  já não aceita mais.

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Ante protestos, ou Dilma e o PT viram à esquerda ou ficarão à direita


Nossa maior arma é a verdade

Ante protestos, ou Dilma e o PT viram à esquerda ou ficarão à direita

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Dia 17 de junho de 2013 foi um dia histórico para o Brasil. Protestos em nove ou onze capitais são um feito raro, comparável a poucos outros momentos – como os caras pintadas de 1992, as Diretas Já de 1984, ou, no máximo, à visita de presidente dos EUA ao Brasil. Parece bem claro que as manifestações cresceram (explodiram) depois das pancadas e dos erros da Polícia Militar de São Paulo no dia 13 e também da do Distrito Federal no dia 15.

Os protestos são por mudança. Mudança para frente, para melhor. São protestos movidos por ideias de esquerda, por direitos e inclusão. Mas não barram bandeiras de outras matizes, até porque são abertos, porque não são só por 20 centavos no preço do ônibus (mas também por isso).

Fotos: Marcelo Camargo/Agência Brasil em SP, Fabio Rodrigo Pozzebom/Agência Brasil no DF e Tomaz Silva/Agência Brasil no RJ



Entre a turma de esquerda, parece haver pelo menos três visões. De um lado, os que não dão 20 centavos pelo governo Dilma Rousseff e pelo PT, porque a gestão orienta-se mais pelos marcos regulatórios (do petróleo, da mineiração, dos portos) do que por transformação social, porque deixou-se sequestrar pela direita e pela coesão artificial de sua base no Legislativo.

De outro, os que preferem o governo Dilma e o PT ao risco de um Aécio Neves ou de um aventureiro de plantão, que possa pôr alguma conquista a perder. Essa turma se empolga e se emociona com os protestos. Participa quando consegue. Mas receia ver as marchas capturadas por forças reacionárias – talvez de modo análogo ao que aconteceu com o Palácio do Planalto.

E, por fim, há os que defendem a gestão da presidenta e a conduta de seu partido não importa qual tenha sido o recuo da vez, seja para retirar uma cartilha sobre DST para prostitutas, apostila sobre direitos dos homossexuais, disputa bairrista por royalties e demora em pôr peso na destinação da verba para educação... Nesse caso, os protestos já foram tomados pela direita, que manipula tudo por meio da mídia.

Oportunidade

Diante dos protestos e do clamor por mudança, há uma janela, uma oportunidade de ouro para Dilma Rousseff e para o PT. Virar à esquerda e escantear as alas retrógradas e tecnocráticas para encampar bandeiras sociais e de transformação.

Sem abrir mão desse tipo de guinada, o governo e o partido ficarão à direita, engessados onde estão. Contribuirão para a apropriação do ímpeto de reivindicação e de crítica que está nas ruas ser absorvido por forças conservadoras exclusivamente anti-inflação e com discurso de tom modernizante.

Ou viram à esquerda, ou permanecerão à direita demais para voltar e conseguir sequer dialogar com a população.

Se derem mais ouvidos à vaia no Estádio Nacional Mané Garrincha do que às ruas pelas onze capitais, não terá sido o protesto absorvido pela direita, mas a oportunidade desperdiçada.

Não é sempre que pinta uma chance assim a 16 meses da eleição.

(Em tempo: Copa das Confederações: O que eu ia dizer mesmo?)

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segunda-feira, junho 17, 2013

Nigéria atropela, mas comemoração é do Taiti

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Time da Oceania leva seis mas marca primeiro gol em competições oficiais fora de seu país

Por Thalita Pires

E o Taiti vai ao delírio!
Com a tranquilidade de que não tem absolutamente nada a provar nessa Copa das Confederações, a seleção do Taiti levou de seis da Nigéria e ainda saiu feliz de campo. O time não apenas fez sua estreia em competições de porte, como conseguiu um feito inesperado: um gol contra os campeões africanos, marcado pelo zagueiro Tehau.

O resultado era esperado até pela raiz do gramado do esvaziado Mineirão. Mesmo assim, os pouco mais de 20 mil torcedores que compareceram fizeram questão de apoiar o time mais fraco em todos os momentos.

A Nigéria, que não tem nada com o amadorismo quase completo do time do Taiti, começou a construiu sua vitória ainda no início do jogo. Aos 4 minutos, Echiejile chutou de longe, a bola desviou em dois jogadores e matou o goleiro Samin. Aos 9, Oduamadi aproveitou a bobeada da defesa taitiana, driblou dois defensores e tocou na saída de Samin para marcar o segundo. Aos 25, Oduamadi marcou novamente, dessa vez ajudado pelo goleiro Samin, que soltou uma bola fácil nos pés do atacante.

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Nossa maior arma é a verdade

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Por Gabriel Victal

Diante dos fatos e experiências vividas na noite de 13 de junho de 2013, das conversas com os amigos, e do acompanhamentos dos relatos e vídeos que circularam pelas redes sociais, não posso deixar de dar minha contribuição e reflexão pessoal:

Saí de casa para ir a manifestação às 18h30 já sabendo que 50 manifestantes haviam sido presos na concentração. Entre eles o jornalista da Carta Capital pelo “porte” de vinagre. Não consegui chegar à manifestação.

O que vi foi a Paulista ser fechada por policias armados enquanto a manifestação era bloqueada na praça Roosevelt. Vi também sete camburões do choque descerem a Augusta e desembarcarem as tropas assustando a população que filmava a cena de demonstração de poder. Ouvi as bombas explodirem e pessoas correndo dos tiros. Pessoas que filmavam as cenas, assustadas, agora abrigavam-se nos bares e comércios que ainda estavam abertos. Ficamos circulando entre as ruas Augusta, Frei Caneca, Herculano e Peixoto Gomide. A sensação era de estado de sítio. Estávamos cercados em cima e embaixo, impedidos de ir para casa. Repito não cheguei na manifestação. Conseguimos nos abrigar na casa de um casal de amigos.

A polícia cercava os manifestantes pra onde quer que eles corressem. Não foi uma estratégia de dispersar a manifestação, pois para isso era necessário deixar vias de escape, para que as pessoas fugissem.

Era uma estratégia de minar a integridade física dos manifestantes: o objetivo essencial era que todos nós voltássemos pra casa sob o cheiro de gás lacrimogênio, com os olhos ardendo do gás de pimenta e hematomas de bala de borracha. Também era essencial que a população que não participava dos protestos fosse coagida a entrar para as suas casas e não ficassem nas ruas registrando com suas câmeras e celulares. Era essencial que o jornalista da Carta Capital não portasse vinagre. Foi a estratégia do medo.

O que está em jogo não é apenas os R$ 0,20 centavos. O que está em jogo tem a ver também com as outras lutas e movimentos: a Marcha das Vadias, a Parada do Orgulho LGBT, a Marcha da Maconha. O que está em jogo é esse pensamento fascista que ainda resiste na corporação e no nome da polícia militar, mas também nos corações e mentes daqueles que consideram manifestantes como baderneiros e arruaceiros. Daqueles que preferem proteger o patrimônio público à integridade física e psicológica dos indivíduos. Daqueles que não conseguem ver a clara desproporção entre homens armados com bombas - protegidos por capacetes e escudos, coordenados, organizados em viaturas, camburões e motocicletas - e uma massa plural de indivíduos cantando e gritando palavras de ordem, e que, vez ou outra, precisa reagir à violência que sofre com o que tem na mão. Daqueles que acham que política se faz somente nas urnas de quatro em quatro anos e de preferência com o voto naquele candidato que é amigo do pai.

O que está em jogo é a persistência daquele sentimento de medo quando encontramos um grupo de cinco pessoas reunidas na praça, pois fomos ensinados, por um golpe militar 50 anos atrás, que reunião em espaço público é formação de quadrilha. Depois de quinta-feira ficou claro que o que ainda está em jogo é o direito de ir e vir, sendo quem somos, com autonomia sobre nossos corpos e nossas ideias.

Tudo isso foi desrespeitado. E mesmo assim saímos vencendo. Saímos vencendo porque a verdade não está mais só nas mãos de poucos. Porque as muitas verdades foram registradas, porque hoje tive contato com as histórias registradas de diversas pessoas que estavam na manifestação e que também não estavam, mas sentiram seus efeitos e compartilharam a informação. Saímos vencendo porque os jornais tiveram de se dobrar aos fatos, já que os rostos dos seus jornalistas feridos não poderiam ser escondidos dentro das redações, já que haviam sido compartilhados por milhares.

O poder de registrar e compartilhar informação nunca foi tão grande. E frente a isso os antigos poderes reagem da única forma que sabem: com truculência e brutalidade.

Saímos vencendo porque nossas histórias estão sendo contadas por nós mesmos. Registrem, fotografem, filmem e escrevam. Nossa maior arma é a verdade.

*Gabriel é artista plástico e designer

domingo, junho 16, 2013

Espanha 71%, Uruguai 29%

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Sul-americanos praticamente não vêm a bola nos mais de 90 minutos. Único chute certo a gol foi a falta batida por Suárez aos 43 do segundo tempo 

Quem duela com os espanhois?
Por Frédi Vasconcelos

Números em futebol não costumam representar muita coisa, mas, no caso da Espanha, os mais de 80% de posse de bola nos primeiros 5 minutos mostravam que o Uruguai continuaria sem conhecer a Arena Pernambuco ou pelo menos não seria apresentado à bola oficial tão cedo. Parecia a disputa de um time profissional contra os peladeiros do bairro. Para ter ideia, o primeiro ataque do Uruguai só aconteceu aos 16 minutos, e sem perigo nenhum.

Enquanto isso a Espanha já chutara bola na trave, furara em cruzamento com o jogador cara a cara com o goleiro adversário... Até chegar ao gol perto dos 20 minutos num pancada de Pedro de fora da área, que desvia em Lugano e engana o goleiro Muslera. E, depois, a partida continua sem o Uruguai conseguir trocar mais de três passes ou passar do meio de campo. Até que aos 32 minutos Fábregas dá assistência para Soldado sem marcação dentro da área, que fuzila o goleiro.

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No ritmo de Pirlo, Itália bate o México por 2 a 1

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Por Nicolau Soares

Italianos mostraram um meio de campo muito coeso, comandado por Pirlo, e um ataque dependente da força de Mario Balotelli

Itália 2 x 1 México
Pirlo, maestro do meio-campo italiano, cobra a falta que abriu o placar contra o México
A Itália venceu o México por 2 a 1 no primeiro jogo deste domingo (16) e começou a desenhar o quadro de forças do grupo brasileiro da primeira fase da Copa das Confederações. Os italianos mostraram um meio de campo muito coeso, comandado por Pirlo, e um ataque dependente da força de Mario Balotelli. Já o México pareceu não ter muito o que mostrar.

A Azurra controlou o jogo desde o início, com toque de bola e marcação bem armada no meio-campo formado por Montolivo, De Rossi e, principalmente, Pirlo. É ele quem comanda o ritmo do time, com visão de jogo e passe de qualidade rara. As jogadas foram surgindo, mas paravam na falta de contundência ofensiva do time, exceto quando caíam nos pés de Balotelli, que chuta tudo que é bola que vê pela frente para o gol. Em geral, com perigo.

Do lado mexicano, um jogo muito travado, sem criatividade. A linha de quatro jogadores no meio formada por Zavala, Torrado, Guardado e Aquino mostrou pouca movimentação. Apenas Giovanni dos Santos e Chicharrito Hernández levaram algum perigo.

Nessa toada, o controle da Itália só se manifestou no placar com uma bola parada. Pirlo cobrou com perfeição aos 26 minutos e mandou a bola no ângulo direito de Corona, que no meio do pulo até desistiu de tentar pegar. O gol coroou a bela atuação do volante, que fez seu centésimo jogo pela seleção italiana.

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Melhores da Europa e da América se enfrentam hoje

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Atuais campeões mundiais querem título inédito ( Wikimedia Commons) 
Espanha tenta confirmar sua hegemonia no futebol mundial e Uruguai quer mostrar que o quarto lugar na Copa do Mundo de 2010 não foi por acaso
Por Frédi Vasconcelos

Pelos resultados nos últimos anos, a Espanha, campeã mundial e duas vezes da Eurocopa, e o Uruguai, campeão da última Copa América e mais bem colocado das Américas no último Mundial, fazem nesta noite pela Copa das Confederações o duelo das seleções que mais obtiveram resultados em seus continentes nos últimos tempos.

Mas as realidades atuais são bem distintas. A Espanha lidera o Grupo I das eliminatórias europeias, com 11 pontos em cinco jogos, à frente da França, não perde uma partida de futebol há três anos e conta com nomes como Iniesta, Xavi e Fábregas jogando bem. E tem uma base entrosada, formada pela maioria de jogadores do Barcelona e Real Madri, dois dos melhores times do mundo. Além de nunca ter perdido para o Uruguai. Em seis partidas disputadas, são três vitórias e três empates.

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México x Itália: opostos como bola da vez

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No futebol, os campeões olímpicos andam mal nas eliminatórias, mas vivem pujança econômica. Os italianos sofrem com a crise, e só estão no Brasil por vice na Eurocopa

Maraca, que recebeu Brasil e Inglaterra, estreia na Copa (Tânia Rêgo/ABr)
O estádio Jornalista Mário Filho, o Maracanã, recebe partida válida pela Copa das Confederações neste domingo (16), às 16h, horário de Brasília. O jogo será entre México e Itália, seleções de escolas e tradições futebolísticas sempre distintas e de países que passam por momentos econômicos especialmente antagônicos.

Com a bola nos pés, a Azzurra é tetracampeã mundial, temida e respeitada pela solidez defensiva e rapidez nos contra-ataques. Chegou à final da Eurocopa no ano passado e estaria fora do torneio no Brasil. Como a Espanha já estava classificada, por ter sido campeã, também, da Copa do Mundo de 2010, os italianos estão por aqui.

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sábado, junho 15, 2013

Seleção à la Felipão e Parreira estreia com 3 a 0

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Neymar fez um baita golaço (Jefferson Bernardes/Vipcomm)

Gol de Neymar logo aos 3 minutos do primeiro tempo e boa marcação do Brasil tornaram fácil a vitória. Paulinho e Jô completaram o placar

Por Frédi Vasconcelos

Jogos de Brasil e Japão costumam ter muita marcação, uma correria danada e contra-ataques perigosos por conta dos nipônicos. Mas o gol de Neymar logo aos 3 minutos do primeiro tempo desmontou esse enredo. Toque de peito de Fred e um chute de fora da área que entrou perto do ângulo, sem chance para o goleiro Kawashima, que passou o resto do primeiro tempo praticamente sem pegar na bola.

Porque o Brasil voltou a lembrar a seleção de 1994, de Parreira, muito toque de lado e posse de bola, que chegou a 70% no primeiro tempo. Causado em parte pela marcação do time japonês, que concentrava a maioria dos jogadores no meio de campo. Mas as chances foram poucas dos dois lados, porque o Brasil também defendia com oito jogadores, só deixando Fred e Neymar mais adiantados. Oscar, às vezes, virava um terceiro volante. Ou segundo, porque muitas vezes Luiz Gustavo recuava e fazia o terceiro zagueiro, esquema usado por Felipão em 2002. O primeiro tempo acabou sem muita emoção, mas quase sem risco para o Brasil, com boa defesa e atuação segura de Júlio César nas poucas bolas chutadas pelos japoneses.

No início da etapa complementar novo gol. Bola vem da direita, zaga do Japão não corta e sobra para Paulinho, sozinho na área, finalizar. Acalmado, a partir daí o Brasil domina a partida totalmente e as jogadas começam a aparecer pelas pontas, principalmente com Neymar e Oscar, que passa a ajudar pela esquerda.

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Manifestações marcam estreia da Copa das Confederações

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(Marcello Casal Jr./ABr)
Arredores do estádio Mané Garrincha, que sediará palco da partida inaugural do evento em poucas horas, são palco de protestos contra o gasto público e a expulsão de moradores
Os arredores do estádio Mané Garrincha, que sediará a partida inaugural da Copa das Confederações em poucas horas, estão sendo palco de manifestações contra o elevado gasto público em obras para o evento e a expulsão de moradores em várias cidades-sedes.

Na manhã de hoje (15), manifestantes partiram da Rodoviária de Brasília e se dirigiram ao estádio, mas foram impedidos pela Tropa de Choque da Polícia Militar, que formou uma barreira perto do Mané Garrincha. Os policiais chegaram a usar bombas de efeito moral, mas não ocorreu confronto. Segundo informações da agência EFE, centenas de soldados da tropa de choque da PM se dirigiram ao local e iniciaram negociações para encerrar o protesto.

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Brasil abre Copa das Confederações com desafio de convencer o mundo

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Para a cobertura da Copa das Confederações, o Futepoca está realizando uma parceria com a Rede Brasil Atual com a edição do blogue Copa na Rede. Acompanhe por lá nossos posts sobre o evento.

Preparativo para o Mundial de Futebol, a Copa das Confederações do Brasil começa nesta sábado (15), com a partida entre a Seleção Brasileira e o Japão. Como anfitriões, o Brasil tem como desafio convencer sua própria torcida e o mundo dentro e fora do gramado. Enquanto o escrete de Luis Felipe Scolari precisará mostrar coesão e capacidade como time, com a maior parte dos nomes debutando em uma competição desse porte, a organização do evento está na mira do planeta. O primeiro evento esportivo de uma série que terá a própria Copa, em 2014, e a Olimpíada, é um teste, uma prova de fogo, depois de seis anos de preparação e polêmicas.

Dentro de campo, a equipe de camisas amarelas, que tem em Neymar a principal estrela, enfrenta o Japão. Os campeões asiátivos vem à Capital Federal para, primeiro, mostrar que são bons na vida real, e não só no videogame. Falam até em ser campeões, recorrendo a um zagalístico esquema tátivo 4-2-3-1, de Alberto Zaccheron. O técnico italiano reuniu um perfil de atletas mais encorpados física e tecnicamente. Kagawa, que atua no Manchester United, é o principal nome. Na defesa, há atletas maiores e mais fortes do que o perfil correria que se via em selecionados anteriores.


Do lado de fora, as dificuldades para retirar, o clima de casa mal acabada e todas as dúvidas sobre a capacidade de organização e de planejar grandes eventos vai estar no centro das atenções. Além de Brasília e de seu Estádio Nacional Mané Garrincha, Belo Horizonte, Fortaleza, Porto Alegre, Rio de Janeiro e Salvador também abrigarão partidas. Ainda sem Fuleco, mas já com a bola Cafusa, todas as dúvidas serão sanadas (ou confirmadas).

O brasileiro médio, que torce pela seleção -- com ou sem bandeirinha no vidro do carro, com ou sem camisa amarela, com ou sem decorar a rua para a festa -- e para a vida para acompanhar uma partida que vale taça, vai estar dividido nas expectativas. De um lado, para superar o ceticismo diante de Hulk e outras incógnitas da nova Família Scolari. De outro, para ver o que o país foi capaz de fazer.

Então, parafraseando o saudoso Fiori Giglioti, que logo abram-se as cortinas e comece o espetáculo.

 Foto: Mowa Press

Foto: Norio Nakayama/Flickr

Neymar, pelo Brasil, e Nakata, pelo Japão, são bons motivos para assistir o jogo de estreia da Copa das Confederações 2013, no Brasil. Como se precisasse de razões adicionais...

Quem é quem na Copa das Confederações

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Para a cobertura da Copa das Confederações, o Futepoca está realizando uma parceria com a Rede Brasil Atual com a edição do blogue Copa na Rede. Acompanhe por lá nossos posts sobre o evento.

Por Glauco Faria e Nicolau Soares

Torneio começa com os favoritos Brasil e Espanha em campo. Confira uma avaliação das oito seleções participantes

A Copa das Confederações começa hoje (15) com duas seleções tidas como favoritas ao título. A atual campeã mundial e bicampeã europeia, Espanha, e o Brasil, que, mesmo sem ter um time que inspire confiança, joga em casa e deve contar com o apoio da torcida, ainda que tal apoio tenha faltado em algumas ocasiões.

Felipão traz essa? (Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr)

Mas, caso as duas seleções cheguem até a final no Maracanã, dia 30 de junho, ocorrerá um fato raro. Desde que a Copa das Confederações começou a ser disputada, em 1992 (incluindo-se duas edições da Copa Rei Fahd, 1992 e 1995), apenas uma vez Europa e América do Sul decidiram um título, em 1995, quando houve a final entre Argentina e Dinamarca. Em seu formato atual, com oito seleções participantes, uma decisão dessas jamais aconteceu.

O Brasil também possui uma vantagem histórica: é a seleção que mais participou de edições da Copa, sendo também o maior vencedor, com três títulos. A França foi campeã duas vezes e o México venceu a edição de 1999. Argentina e Dinamarca possuem um título cada. Para os supersticiosos, porém, o título pode ser sinal de mau agouro. Nenhuma seleção vencedora da Copa das Confederações ganhou a edição seguinte da Copa do Mundo.

Saiba o que cada equipe pode fazer no torneio de 2013:

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sexta-feira, junho 14, 2013

Quem mandou atirar, governador?

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Ontem não estava na rua nas manifestações, mas ia para a casa da minha mãe na Zona Leste. Fiquei das 19h30 às 20h10 tentando entrar no metrô sentido Itaquera na estação República. De lá, acompanhava pelo celular o que ocorria.

Pelo que via a manifestação estava tranquila, até que o texto das 19h39 no UOL me deixou perplexo. Dizia: o major Lidio Costa Junior, do Policiamento de Trânsito da PM, disse que o protesto contra aumento da tarifa em São Paulo, que ocorre na região central na noite desta quinta-feira (13), está fugindo do controle: 'Não nos responsabilizamos mais pelo que vai acontecer' ". Pareceu-me a senha para a polícia começar a bater. Dito e feito, mas foi pior.

A polícia foi liberada para atirar nas pessoas com balas de borracha, preferencialmente na cabeça, como demonstram os ferimentos, maioria que vi em fotos nos rostos e olhos.

A questão é, alguém deu a ordem para atirar. E liberou a "elite" da PM paulista, o Choque e a Rota, a atuar. Já cobri diversas manifestações com a participação da PM e a chegada do choque. Nesses anos todos nunca vi atirarem na cabeça das pessoas e mirarem em jornalistas para impedir que registrassem as imagens.

Como conheço um pouco da estrutura militar, para atuarem assim, alguém deu a ordem. Quem foi, governador? O senhor, o chefe da PM, o comandante da operação? Alguém tem de ser responsabilizado, as imagens estão aí para provar a selvageria. Mas sei que esta resposta não existirá. O relatório da corregedoria será algo vago e burocrático incriminando as vítimas, como sempre.

quinta-feira, junho 13, 2013

Manifestações criaram momento único para debater tarifas

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Esse texto foi publicado originalmente no blog Desafios Urbanos. Agradeço visitas por lá.


Não é tarefa das mais fáceis analisar os protestos que acontecem atualmente em São Paulo por conta do aumento da tarifas de ônibus. O que em um primeiro momento podia parecer uma luta utópica de um punhado de estudantes de extrema esquerda (ênfase no "parecer"), tornou-se sem qualquer dúvida o assunto do dia, debatido por todos. Uma discussão que poderia acabar circunscrita a poucas pessoas tomou corpo e tornou-se impossível de ser ignorada. Essa visibilidade é boa. Está sendo criado um ambiente propício ao debate, coisa que não havia antes das passeatas.

Um relato do protesto de ontem pode ser lido aqui.

Algumas questões aparecem de cara. A primeira é qual a pertinência de um movimento que defende o passe livre? Se a Prefeitura afirma que não consegue nem manter as passagens no preço antigo, como a gratuidade no transporte pode ser possível? Apesar de parecer impossível, o passe livre é, em teoria, factível. Como já escrevi aqui, há várias cidades ao redor do mundo que conseguiram abolir as tarifas dos sistemas de transporte.

Nelas, os custos dos sistemas (normalmente apenas de ônibus) são cobertos por mecanismos próprios de arrecadação de impostos. Cada cidade decide qual o mix de contribuições usadas para pagar pela circulação de ônibus. Por trás dessa ideia está a noção de que deslocamentos com carro particular custam muito mais ao poder público do que aqueles feitos por transporte coletivo.

Foto Movimento Passe Livre
Aliás, por que é aceitável que toda a infraestrutura viária seja paga com impostos, enquanto os usuários de ônibus têm de pagar por cada viagem? A resposta para essa pergunta parece simplória, mas não consigo enxergar de outra maneira: escolha política. Um exercício de retórica pode ser interessante. O que aconteceria se cada proprietário de veículo particular tivesse de pagar pelo direito de circular a cada vez que sai de casa? Lembrando que o transporte individual traz muito mais prejuízos coletivos do que ônibus e metrôs, como poluição, congestionamentos e perda de tempo produtivo, por que essa escolha faz mais sentido do que subsidiar o transporte coletivo?.

A segunda questão que surge é sobre a forma do processo. As críticas aos protestos dividem-se em duas vertentes não excludentes. Uma critica o fato de as manifestações fecharem avenidas importantes, enquanto a outra foca nas ações violentas cometidas por alguns manifestantes.

A primeira crítica faz sentido apenas no âmbito individual. Uma pessoa surpreendida no caminho de uma passeata pode acabar perdendo um compromisso importante. Entretanto, a afirmação de que o direito de ir e vir dos cidadãos é desrespeitado pela passeata é uma falácia. A liberdade de ir e vir não tem nada a ver com liberar avenidas para que os motoristas de carros possam passar livremente. A conquista desse direito têm a ver com a liberdade de se locomover sem ser patrulhado (pelo Estado ou por quem quer que seja), sem ter de explicar a ninguém o que está fazendo, para onde vai e por que está na rua. Esse direito não era respeitado na ditadura e – surpresa – continua não sendo respeitado nas periferias das grandes cidades. Usar essa garantia constitucional num contexto tão estrito serve apenas para banalizar o conceito.

Em segundo lugar, poucas pessoas defendem de fato de que atos violentos sejam uma estratégia válida para pressionar o Estado a ouvir suas demandas. Pode até ser que os poucos manifestantes que quebraram vitrines e queimaram ônibus tenham algum tipo de agenda diferente do movimento como um todo. Mas não se pode desqualificar todo o protesto por isso. É desonesto. Se qualquer ato de violência bastar para desqualificar uma luta, bastaria infiltrar opositores no movimento e acabar com qualquer reivindicação.

Entretanto, todo esse debate não estaria acontecendo se não fossem esses atos de violência. Esse não é o mundo ideal, mas, se nada houvesse sido quebrado, é possível que os protestos ocupassem apenas o pé de página dos jornais, o que certamente enfraqueceria as demandas. Isso é apenas uma suposição, mas a história da cobertura jornalística tradicional em relação a protestos totalmente pacíficos mostra que isso não é uma fantasia. Como a reivindicação do movimento é, muitas vezes, ridicularizada, fica fácil ignorá-los. Isso não é a defesa da violência. Ela deve ser punida dentro do que diz a lei. Mas atitudes violentas fazem parte do jogo das conquistas populares históricas.

Gianluca Ramalho Misiti/Flickr
A outra face violenta dos protestos é, evidentemente, a da violência policial. Não é possível deixar de considerar que a polícia agride manifestantes constantemente, em praticamente qualquer manifestação pública. Puxando pela memória, lembro, de 2010 para cá, de policiais agredindo professores em greve, vítimas das chuvas no Jardim Pantanal, desalojados do Pinheirinho e estudantes da USP.

Na prática, o direito à livre manifestação não existe no estado de São Paulo. A qualquer momento, sob qualquer pretexto, a polícia pode jogar bombas de efeito moral e spray pimenta em uma multidão. Basta uma ordem. A reação a essa truculência não pode ser misturada com eventual vandalismo, que pode ocorrer em qualquer aglomeração de pessoas.

Isso leva, claro, ao comando da Polícia Militar paulista. Quem dá as ordens para que os policiais avancem sobre participantes desarmados é, em última instância, o governador Geraldo Alckmin. É sobre ele que deve cair o peso político dessas escolhas. A polícia paulista é historicamente violenta e, em vez de tentar mudar o espírito da corporação, adaptando-a à democracia, os sucessivos governos estaduais têm utilizado o aparato repressor em benefício próprio.

Como a maior parte da população do estado parece concordar com essa política, fica fácil. Mas esse é um posicionamento perigoso. Uma polícia que violenta manifestantes pacíficos (e que, a bem da verdade, não tem treinamento para agir quando vê um ato de violência no meio da manifestação) vai contra os princípios democráticos. Essa é uma pauta urgente.

Por último, a recepção da Prefeitura em relação às reivindicações do movimento pode não ser a mais acolhedora possível, mas tampouco fechou as portas para o diálogo. O prefeito Fernando Haddad deu declarações de que está trabalhando politicamente com outros prefeitos para municipalizar a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), que incide sobre combustíveis, para subsidiar o transporte público e baratear a passagem.

É uma boa notícia e torço para que isso se torne realidade. No entanto, há outros meios de subsidiar o transporte público. É preciso aumentar o leque de opções. Nenhum governante ganha muita popularidade criando um novo imposto, mas o debate deve acontecer. Para isso, é importante que os defensores da ideia do passe livre munam-se de argumentos e aproveitem a possibilidade de diálogo (tão rara em São Paulo nos últimos anos) e façam acontecer. O ambiente está propício para essa discussão. Que o momento não seja desperdiçado.

Luís Fabiano se despede do São Paulo com gol

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Duas frases, após o apito final de Grêmio 1 x 1 São Paulo, confirmaram a saída de Luís Fabiano do clube do Morumbi: "Estou cansado de ser culpado pelas derrotas, de xingarem meu nome no portão, isso gera muito desgaste" e "Espero que os que cuidam disso resolvam logo". Como se vê, o camisa 9 não disse em nenhum momento que gostaria de ficar e, como reza o ditado futebolístico, ninguém segura jogador que quer ser vendido. Pelo menos o centroavante marcou mais um golzinho em sua despedida, alcançando a 5ª posição entre os maiores artilheiros do São Paulo em todos os tempos, com 173 gols, empatando com Luizinho Mesquita (e ambos atrás, pela ordem, de Serginho Chulapa, Gino, Teixeirinha e França).

Falar mal de Luís Fabiano é chover no molhado. Essa sua terceira passagem pelo clube foi a mais decepcionante, com uma série de contusões, expulsões infantis e "amareladas" em momentos decisivos. Mas  eu concordo com o comentário do ex-centroavante Casagrande, durante a transmissão da Globo: atualmente, com o time fraco que o São Paulo apresenta e sem opções no banco, se é ruim ter Luís Fabiano no elenco, pior sem ele. Bem ou mal, ele é referência no ataque, puxa a marcação para liberar os colegas e, principalmente, marca muitos gols (se não me engano, foram 17 em 24 partidas neste ano). Aloísio não chega aos pés e, se o clube decidir comprar, não arranjará ninguém semelhante por preço acessível.

Por mim, já que o São Paulo não tem condições de almejar mais nada este ano além de uma suada vaga na Libertadores de 2014, o centroavante podia muito bem ficar até o fim do Brasileirão. Com sorte, faria boas partidas (como fez contra o Grêmio) e gols, o que valorizaria seu passe para uma transferência melhor. Mas não. Já era, já foi. Luís Fabiano torna-se mais um símbolo da desastrosa gestão Juvenal Juvêncio: R$ 17 milhões pagos que, quando muito, se tornarão R$ 14 milhões obtidos - fora os salários, bichos, direitos de imagem e outros gastos desde o início de 2011 até aqui. No mais, Ney Franco que se cuide. O time joga mal e outra derrota para o Corinthians, dessa vez na Recopa, acionará a guilhotina sobre seu pescoço.


quarta-feira, junho 12, 2013

Contra o Atlético-MG, Santos vence a primeira sem Neymar

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Cícero, Arouca e os moleques. O clima é outro (Foto Santos FC)
Um time formado do jeito que muito torcedor santista gosta. Da equipe campeã da Copa São Paulo de Juniores neste ano, entraram como titulares o zagueiro Gustavo Henrique, no lugar do contundido Edu Dracena; Leandrinho, que tomou o lugar de Renê Júnior; Pedro Castro, que substituiu Montillo, na seleção argentina, e Neílton. Mas, talvez mais importante que a entrada dos garotos, que deram ritmo e velocidade à equipe ainda que desentrosados, foi o posicionamento de alguns jogadores que se sentiam claramente desconfortáveis na equipe comandada por Muricy.

Um deles foi Arouca, que voltou a jogar como primeiro volante, posicionamento no qual se destacou na Vila. Ultimamente, fazia as vezes de um meia direita, deixando de ser um elemento surpresa, no ataque e marcando em uma área que não era a dele. Cícero também veio mais de trás e confessou se sentir mais à vontade atuando dessa forma. Pelo jeito, muitos boleiros alvinegros não sentem saudades do ex-técnico...

Se falta entrosamento, sobrou vontade e movimentação, principalmente na primeira etapa. O gol veio cedo, aos 3 minutos, um chute de Cícero com efeito que contou com certa colaboração do arqueiro Vítor. O Atlético-MG, desfalcado dos jogadores da seleção, chegou a achar alguns espaços na defesa santista, mas os donos da casa conseguiram várias vezes fazer uma transição rápida da defesa para o ataque, levando (pouco) mais de perigo ao gol adversário que os visitantes.

Não somente essa velocidade foi novidade no time, como também os passes trocados no ataque, como os que resultaram no gol peixeiro. O Santos nem parecia o time de pebolim de algumas semanas anteriores. 

Na etapa final, Cuca colocou Neto Berola, que conseguiu trazer o Galo mais perto do gol nos dez primeiros minutos, quando Claudinei Oliveira acertou a marcação pelo lado esquerdo com Cícero, que fez uma grande partida do ponto de vista tático. A partir daí, o jogo ficou amarrado, com o Atlético não conseguindo criar e o Santos não conseguindo contra-atacar. Nem mesmo a expulsão de Marco Rocha, que fez falta em outro menino da Vila, Léo Citadini (sim, parente do ex-diretor corintiano Roque Citadini) que substituiu Pedro Castro, mudou o cenário.

De resto, Galhardo, outro que parece se sentir mais à vontade hoje em dia, foi aplaudido quando saiu machucado, um momento raro do atleta na Vila Belmiro. Renê Júnior entrou em seu lugar, mostrou certa afobação e errou passes demais, justificando o banco que esquentava. Neílton foi efetivo quando pegou na bola e Ronaldinho Gaúcho foi muito apagado, entregue à marcação da defesa santista. Talvez ele também tenha sentido a falta de Neymar...


Ao que parece, Marcelo Bielsa vem a Santos no final de semana para conhecer a estrutura do Peixe e decidir se vem treinar pela primeira vez um time brasileiro. Caso não tope, consta que não existe um plano B, já que a diretoria só conversa com o argentino. Mas tudo indica que a segunda opção pode ser o próprio Claudinei. Não seria má ideia.

Sutilezas semânticas

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segunda-feira, junho 10, 2013

'Onda de retrocesso moralista'

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Há três anos, publiquei alguns posts, aqui no Futepoca, sobre o "cerco" que governos e legisladores moralistas estavam fazendo, no Estado de São Paulo, contra nós, os boêmios. Começou com a lei antitabagista de José Serra, que, se por um lado é louvável pela preocupação com a saúde dos fumantes passivos, por outro é nada menos que fascista por ser totalitária e não prever locais desobrigados de cumprir a Lei ou setores reservados nos estabelecimentos como opção aos fumantes (afinal, estamos numa democracia). Depois vieram mais medidas moralistóides e, agora, a investida é contra quem dirige alcoolizado.

Sim, claro, é completamente errado: ninguém pode dirigir bêbado. Mas a sutileza tucana sempre é a de cortar tudo, sem brechas, em vez de prever exceções e/ou dar opções - como, por exemplo, garantir transporte público de qualidade e por preço razoável ou colocar o metrô para funcionar 24 horas. Por isso, sem mais rodeios, reproduzo na íntegra o excelente artigo de Vinicius Mota, secretário de Redação da Folha, publicado hoje:

B de bêbado

Os tucanos de São Paulo acabam de contribuir para a onda de retrocesso moralista por que passa a legislação no país. O deputado estadual Cauê Macris propôs, e seus colegas aprovaram, a "ficha suja" para motoristas acusados pela polícia de dirigir embriagados.

Se o governador Geraldo Alckmin sancionar o texto - com o qual já disse simpatizar -, estará criada uma punição moral no Estado supostamente mais moderno da nação. O Detran passará a publicar o nome de todo cidadão cuja habilitação for cassada sob a acusação de conduzir com a "capacidade psicomotora alterada".

Para a humilhação pública tornar-se mais eficaz, que tal estampar também a foto do acusado? E divulgar ao final da novela e nos intervalos do "Jornal Nacional"?

Podemos adotar o método das autoridades de Ohio, nos EUA. Consiste em obrigar o apenado a usar no seu veículo uma placa de cor di-ferente, amarela e escarlate, para que todos saibam do seu crime.

Outra opção é o castigo dos puritanos que colonizaram o norte da América no século 17. Todo motorista acusado de dirigir bêbado será obrigado a ostentar, na parte da frente da roupa, uma letra B garrafal. Em azul e amarelo, cores do PSDB.

Que os execrados possam perder o emprego, ou ver explodirem seus custos com seguro, não é problema para nossos novos moralistas. Pelo contrário, esse é o efeito desejado pelo deputado Macris.

Tampouco os incomoda a perda da habilitação ser sanção apenas administrativa, que não passa por juiz. Delegados e burocratas do Detran terão o poder discricionário de expor o indivíduo à humilhação.

Isso importa menos diante da tentação de apelar aos anseios por vingança, e pela depuração de hábitos de vida, latentes em parte do eleitorado. Serve também de cortina de fumaça para o fracasso das autoridades na aplicação das leis vigentes.

Os caminhos que cruzam Muricy e o São Paulo

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Além de a torcida gritar seu nome nas arquibancadas do Morumbi, durante a derrota para o Goiás, mais um fato cruzou os caminhos de Muricy Ramalho e do São Paulo na semana passada. Dessa vez, nos bastidores. Tudo começou quando o ex-volante Teodoro, titular do clube nos anos 1970, decidiu ligar para o colega Muricy, seu parceiro de meio-de-campo naquela época, para pedir uma ajuda. Depois de morar muitos anos em Dallas, nos Estados Unidos, onde comandava uma escolinha de futebol, Teodoro está de volta ao Brasil e precisa fazer um tratamento de saúde. Acionado, Muricy passou a demanda para outro colega, o hoje vereador, ex-dirigente do São Paulo e médico Marco Aurélio Cunha. Que, por sua vez, pediu ajuda a Kalil Abdalla, manda-chuva da Santa Casa de Misericórdia da capital paulista - que também é diretor jurídico do São Paulo Futebol Clube.

Kalil Abdalla e Marco Aurélio Cunha
Teodoro foi encaminhado para aquela casa de saúde e, pelo o que dizem, foi feita uma foto dele junto com Marco Aurélio e Kalil, em agradecimento, publicada na rede social Facebook. Aí, ferrou. Marco Aurélio, que se desligou do São Paulo em 2011, por discordar da atual gestão do clube, é um dos nomes que vêm sendo especulados pela oposição sãopaulina como possível candidato à presidência nas eleições de 2014, contra o grupo do "Deus Todo-Poderoso do Morumi" Juvenal Juvêncio. Quando o "Velho Barreiro" Juvenal viu a foto de Kalil com Marco Aurélio no Facebook, deu um "passa-moleque" no diretor jurídico, que respondeu no mesmo tom. Essa briga rachou o grupo de situação entre os "cardeais" sãopaulinos, pois Kalil tem força no clube e, se passar para a oposição, pode arrastar muita gente com ele. Mas o curioso, na confusão toda, é que Teodoro residia nos Estados Unidos - justamente onde Muricy Ramalho está passando férias com a família e assistindo de camarote aos apuros de Ney Franco, em campo, e de Juvenal, nos bastidores.

TÚNEL DO TEMPO

Delegação da Ponte Preta, treinada por Cilinho, em uma viagem à Poços de Caldas (MG), no início da década de 1970:  à partir da esquerda, o lateral-direito Nelsinho Baptista, o meio-campista Pedro Paulo ("Pepê"), o goleiro Waldir Peres e o volante Teodoro. Com exceção de Pedro Paulo, os outros três seriam contratados logo em seguida pelo São Paulo, onde conquistariam o Paulistão de 1975 (Waldir e Teodoro ainda seriam campeões brasileiros jogando juntos dois anos depois). Cilinho treinaria o São Paulo na década seguinte, quando revelou Muller, Silas e Sidney, entre outros.