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sábado, setembro 28, 2013

O fim de Breaking Bad. E por que ele não é apenas mais um enlatado americano

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Bryan Cranston como Walter White no piloto de Breaking Bad (AMC)
“Tecnicamente, a Química é o estudo da matéria, mas prefiro vê-la como o estudo da mudança. Os elétrons mudam seus níveis de energia. Moléculas mudam suas ligações. Elementos se combinam e se transformam em compostos. Mas isso é tudo na vida, certo? É a constante, é o ciclo. É solução, dissolução, infinitamente. É o crescimento, então, a decadência, depois, a transformação. É fascinante, realmente."

A fala acima é de Walter White, protagonista de Breaking Bad vivido pelo ator Bryan Cranston, no episódio piloto da trama. Na cena, ele diz a seus pouco interessados alunos o que entende pela disciplina que ensina, a Química. Mas também é a senha de como vai se estruturar o seriado que se tornou, de acordo com o Guiness Book, o mais aclamado pela crítica em todos os tempos, tendo seu capítulo final exibido no domingo (29) pela AMC, nos Estados Unidos. São inúmeros os elementos que fazem da série algo que vai muito além da produção ordinária de enlatados, desde a utilização de antigas receitas cinematográficas até sua interação com novas tecnologias, em sua produção e divulgação.

A premissa da história é aparentemente simples: White, ao ser diagnosticado com um câncer terminal, passa a produzir metanfetamina para deixar uma situação financeira confortável para sua esposa, grávida, e seu filho, que tem paralisia cerebral. E a partir daí se desenrola uma história na qual os principais personagens se transformam diante das circunstâncias, em especial o antes pacato professor de Química.

Em maio deste ano, Bernardo Bertolucci, diretor de filmes como O último tango em Paris e O último imperador, se confessou entristecido com a atual produção hollywoodiana, mas fez uma ressalva. “Minha geração teve um caso com a cultura norte-americana, sem dúvida. Um poste de rua e um hidrante de incêndio me fizeram cantar na chuva. Mas os filmes norte-americanos dos quais gosto atualmente não vêm dos estúdios de Hollywood, e sim das séries de TV, como Mad men, Breaking Bad, The Americans”.

Hoje, um seriado como Breaking Bad justifica plenamente o que muitos entendem ser a Era de Ouro da TV dos EUA. Afinal, ali pode-se contemplar uma ousadia estética e narrativa ausente nas películas de Hollywood, partindo do tema que seria impróprio para a televisão – a produção e a venda de uma droga sintética de efeitos poderosos – até a composição dos personagens. Não há o dualismo entre bem e mal exposto de forma evidente e simplista, mas uma zona cinzenta que faz com que todas as figuras principais da trama, em algum ou muitos momentos, ultrapassem o limite ético em prol de algo que consideram um valor superior, ainda que nem sempre a justificativa seja, de fato, real.

Não é possível assistir os capítulos da trajetória de Walter White de forma independente, como se faz, por exemplo, ao assistir House ou uma sitcom como Friends ou Seinfeld. Como lembra esse ótimo post, a série deve ao bem sucedido Família Soprano, produzido em 1999, uma estrutura formal que amarra cada episódio no seguinte, contando ainda com flashbacks e flahsfowards fundamentais na narração. E essa intimidade criada com a interação entre o espectador e cada protagonista é responsável pelos sentimentos distintos despertados a cada cena, sempre com um elemento em comum: a permanente tensão que pode ser expressada tanto em uma sequência de ação como em um diálogo ou mesmo em um silêncio estendido de um personagem. Nesse aspecto, por exemplo, seria cruel a comparação de qualquer episódio com um filme como Argo, vencedor do Oscar de 2013.

Com uma narrativa e personagens bem construídos, é possível realizar variações e experimentações, com um episódio lembrando Tarantino e outro remetendo a Coppola, por exemplo. Também por conta disso, mas não só, o seriado é capaz de atingir públicos de preferências distintas, desde aqueles que querem ficar nas primeiras camadas, focando mais a ação, passando por quem se envolve com o aprofundamento das transformações dos personagens e seus significados. Isso sem contar os fanáticos que descobrem (e às vezes inventam) referências em objetos de cena e outras pistas colocadas ao longo da narrativa, como enquadramentos que se repetem de forma proposital em situações diversas e cacos nas falas dos protagonistas.

O criador da série, Vince Gilligan, também chama a atenção para outro ponto relacionado ao sucesso de Breaking Bad: a internet e as redes sociais. A estreia dos episódios da segunda metade da última temporada atingiu o pico de 12 mil tuítes por minuto. "Nós ganhamos muita audiência no boca a boca. As pessoas assistiam, gostavam e contavam para seus amigos. Não fossem esses serviços, ou mesmo a pirataria, sendo honesto, ninguém teria paciência de esperar reprises na TV", avalia Gilligan.

Protagonistas da saga Breaking Bad: Mike (Jonathan Banks), Saul Goodman (Bob Odenkirk), Jesse Pinkman (Aaron Paul), Walter White (Bryan Cranston), Marie Schrader (Betsy Brandt), Hank Schrader (Dean Norris), Skyler White (Anna Gunn) e Walter White Jr. (RJ Mitte). Foto por Frank Ockenfels/AMC


Por trás de Walter White  

O texto tem spoilers a partir daqui.

No piloto da série, Walter White é apresentado como alguém tendo uma vida medíocre e a empolgação que tem pelo seu ofício, demonstrada na fala citada no início desse texto, contrasta com o desinteresse de seus alunos, evidenciada pela afronta de um deles que o encontra em seu segundo emprego, um lava-rápido. Ali, ele também é humilhado pelo seu patrão, que o desloca de sua função de caixa para limpar carros. Em seu aniversário de 50 anos, é ofuscado pelo seu cunhado Hank Schrader (Dean Norris), um agente do departamento de narcóticos que se gaba de uma apreensão de metanfetamina, conseguindo espaço em uma reportagem de TV.

(Foto Ursula Coyote/AMC)
Ali, o espectador já criou a empatia com o protagonista e a descoberta de seu câncer terminal lhe dá uma espécie de licença para poder encarar o mundo de outra forma, passando a enfrentar situações das quais fugia anteriormente e ingressando na produção de metanfetamina. Mas a fórmula fácil de cumplicidade com o personagem vai se esvaindo à medida que White ascende dentro do narcotráfico, desenvolvendo um alter ego, Heisenberg, como fica conhecido o produtor da metanfetamina mais pura do Novo México. A prática de atos abomináveis se torna uma constante, mesmo em relação a seu parceiro, Jesse Pinkman, vivido por Aaron Paul. Novamente, reina a dubiedade. Apesar de ser capaz de arriscar a própria vida pelo pupilo com o qual desenvolve uma relação paternal, White o manipula e comete atrocidades para manter sua confiança e prendê-lo ao negócio da metanfetamina.

Mesmo com isso, o protagonista continua contando com a simpatia de boa parte dos espectadores. A razão mais óbvia é o fato de entenderem que ele é crucial para a trama, mas isso não é suficiente. O personagem de Bryan Cranston pode despertar empatia por outros motivos. No limite, ele busca seu pleno potencial naquilo que faz de melhor. Só consegue isso porque ultrapassa barreiras ético-morais, encontrando Nietszche e seu conceito de super-homem. Heisenberg cria as próprias regras e valores, não obedecendo sequer os padrões morais concebidos pelo narcotráfico. Ou o personagem pode representar simplesmente a libertação diante das fontes de sofrimento definidas por Freud em O Mal Estar na Civilização: o poder superior da natureza perante o homem, a fragilidade de nossos corpos e a inadequação das regras que procuram ajustar os relacionamentos entre os seres humanos em todas as suas esferas, na família e na sociedade. Com o câncer que lhe impõe uma condição evidente de inferioridade em relação à natureza e ao próprio corpo, resta romper as barreiras no que diz respeito ao ordenamento social. Mas nem tanto.

A razão pela qual o protagonista tenta justificar sua entrada em um mundo fora da lei é a família. Embora em dados momentos o seriado faça referência a Scarface, é em outra obra cinematográfica, cujo protagonista também é Al Pacino, que se pode encontrar uma fonte importante na qual bebe Breaking Bad. Na trilogia O Poderoso Chefão, Michael Corleone nasce com todas as facilidades que uma família envolvida e empoderada na máfia pode oferecer, mas se nega a ocupar um papel na estrutura criminosa. Até que as circunstâncias lhe dão uma chance de assumir o papel que lhe parece destinado e ele abraça seu destino tendo como estímulo e justificativa a proteção de sua família. Walter não nasce em um ninho de narcotraficantes, mas tem uma pessoa próxima, seu cunhado, que o mostra, com a visão policial, princípios básicos da atividade. Com seu alto grau de conhecimento em química, ele passa a galgar degraus na estrutura criminosa.

Assim como o personagem de Pacino, que muda seu gestual e até o modo de olhar durante a saga, o protagonista do seriado muda de postura e mesmo de aparência física à medida que vai sendo absorvido pela sua atividade. Também à semelhança do chefe do clã Corleone, White vai ter na esposa, Skyler (Anna Gunn), o superego que o impede de perder o controle sobre seus instintos de destruição. Até o momento em que ela se incorpora, não passiva ou docilmente, à ordem instituída pelo marido/parceiro. Por esse papel, a propósito, a atriz foi perseguida nas redes sociais, tendo que providenciar segurança pessoal após ser ameaçada. Mas se a justificativa da família cai diante e para o próprio Michael quando este manda matar seu irmão Freddo, a trama também reserva algo similar ao duplo White/Heinsenberg.  

A falência do modelo repressivo

Um outro aspecto importante que o seriado traz, embora não seja este o seu foco, é a questão da falência do modelo repressivo de guerra às drogas e da hipocrisia que cerca o tema. Certamente não é a toa que o policial Hank Schrader, principal responsável pela investigação da rede de produção e venda de drogas ilegais no local, aparece em quase todas as cenas em família com bebida alcoólica na mão. Aliás, ele fabrica a sua própria cerveja em casa. Diferentemente do cunhado, faz uma droga lícita. Um detalhe irônico é que, se o orgulho e a vaidade de White fazem com que ele se perca no decorrer da história, é o exibicionismo de Hank que abre a porta de entrada para o cunhado no narcotráfico.

O vídeo abaixo, produzido pelo Beyond Bars (um projeto de Brave New Foundation), em parceria com a Drug Policy Alliance, tenta mostrar esse aspecto do seriado. Breaking Bad mostra como se constrói um sistema que não evita que filhos da classe média tenham acesso a drogas ilícitas (em um episódio Jesse protege seu irmão pré-adolescente de ser flagrado com um cigarro de maconha pelos pais) como também condena os filhos de famílias pobres a um cotidiano de violência.



Publicado originalmente na revista Fórum

quarta-feira, setembro 25, 2013

Santos precisa de ajuda do árbitro para empatar com lanterna

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Um time compacto na defesa e que pressionou o rival no campo adversário, forçando erros de passe e contando também com alguns não forçados. Na partida entre Santos e Náutico, esta noite, o time descrito acima no primeiro tempo era o lanterna do Brasileirão. O que se viu foi um Alvinegro desligado, errando demais e não conseguindo achar espaço na defesa pernambucana.

Não que o Santos não tenha criado nada. Foram duas oportunidades reais de gol, ambas desperdiçadas por Giva, garoto que, depois de um bom início como profissional, sumiu e passou a jogar mal quase sempre quando entra. Entrou como titular substituindo o suspenso Thiago Ribeiro porque Gabriel, seu rival na posição, também tem oscilado.

Cícero se salvou em meio à escuridão (Foto Santos FC)
O companheiro de frente de Giva, Willian José, se esforçou para ser vaiado pelos torcedores na Vila. Em duas oportunidades recuou a bola para a defesa, dando a redonda de graça para o Náutico. Uma junção de falta de técnica com ausência de aproximação dos companheiros de time. O Santos, na etapa inicial, não trocou passes com a competência que tem feito, e os jogadores estiveram distantes uns dos outros.

Nos primeiros 45 minutos, só Cícero se salvou na articulação de lances, até a saída do meia argentino Montillo, contundido, substituído por Leandrinho aos 33. Não que o Dez alvinegro estivesse fazendo uma grande partida, mas se movimentava muito e conseguia atrair a marcação adversária. Sua ausência fez com que Cícero passasse a ser presa fácil, e o Santos não criou nada até o intervalo.

Renê Junior, que ocupava o lugar de Arouca, suspenso, ficou no vestiário. Léo Cittadini entrou e Cícero recuou para trabalhar a transição da sufocada retaguarda peixeira. Parecia até que ia dar certo. Em dois minutos o Santos chegou perigosamente duas vezes, mas logo o Náutico respondeu, com um dos gols mais perdidos da competição, mostra da atual fase da equipe, aos 5. Maikon Leite cruzou e Rogério chutou pra fora de dentro da área, com o gol livre. Dois minutos mais tarde, Giva finalizou mais uma vez dentro da área. De canela. Pro espaço.

E o jogo continuou com seu nível rasteiro, por vezes indo ao subsolo. Mas sempre com a vantagem para um Náutico mais aceso, interessado em tentar atacar com qualidade e velocidade, jogando nos (inúmeros) erros santistas. Aos 26, Claudinei finalmente faz a substituição que deveria ter feito bem antes, sacando Giva e promovendo Gabriel.

Mesmo assim, foi o Naútico que abriu o marcador. Aos 37, com um ex-santista e palestrino emprestado Maikon Leite, que os pernambucanos tentaram devolver ao Palmeiras, recebendo uma elegante recusa como resposta. Mas o treinador Marcelo Martelotte, recém-chegado ao Timbu, resolveu resgatar o atleta, com quem trabalhou no Santos. E o lance, mais uma ironia, foi iniciado por outro ex-atleta do Alvinegro, Maranhão.

Não demorou muito, no entanto, para que outro protagonista da partida desse as caras. O árbitro Francisco Carlos do Nascimento, que já havia prejudicado as duas equipes com faltas e cartões assinalados sem um critério que se pudesse descobrir, inventou uma infração próxima à área pernambucana. Cícero, até então sumido em seu novo posicionamento – já que sua função, a de fazer a transição, não existia com o afobamento e os passes longos dados pela defesa santista – realizou uma bela cobrança e empatou o jogo.


Jogando muito mal e oscilando entre o desinteresse e a ansiedade, o Santos desperdiçou a chance de se aproximar do G-4, ficando na sexta posição, agora com o mesmo número de jogos de seus rivais. Dado o nivelamento do Brasileirão, pode disputar uma vaga na Libertadores mas, infelizmente, o jogo sugere ao torcedor que a tônica do time será a irregularidade.

segunda-feira, setembro 23, 2013

SPFR: São Paulo Freguês do Rodrigo

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5/06: Rodrigo decreta o 1 x 0
No mundo como no futebol, algumas coisas mudam, outras permanecem. Um exemplo é a campanha do São Paulo no Campeonato Brasileiro deste ano: logo no início do 1º turno, vitórias contra Ponte Preta e Vasco da Gama e um surpreendente empate, fora de casa, contra o Atlético-MG. Ao contrário do que acontece agora, o técnico daquela época, Ney Franco, não foi nem um pouco festejado pelo ótimo início na competição. E aí veio o Goiás e sapecou 1 x 0 no Tricolor, em pleno Morumbi, com um gol do zagueiro - ex-São Paulo - Rodrigo. Foi o começo de uma longa série de derrotas do time e a primeira vez que a torcida gritou o nome de Muricy no estádio. Ney Franco caiu, o clube passou vexame na Recopa Sul-Americana e numa excursão à Europa e Ásia, afundou na zona de rebaixamento do Brasileirão e derrubou também o técnico Paulo Autuori. Neste cenário caótico, Muricy Ramalho retornou.

22/09: gol de falta de Rodrigo
Início de 2º turno: novas vitórias contra Ponte Preta e Vasco da Gama e, também de forma surpreendente, sobre o Atlético-MG. Dessa vez, ao contrário de Ney Franco, Muricy foi festejado como "milagreiro", "salvador da pátria" e muitos torcedores, insuflados pela mídia esportiva (ah, a mídia esportiva!) já consideravam o São Paulo livre da degola e até com chances de brigar por algo mais, como a Libertadores (!!!). Daí, chega novamente o Goiás, e novamente com Rodrigo, pra colocar os pés dos sãopaulinos no chão: outro 1 x 0, dessa vez no Serra Dourada. Ou seja, a campanha do São Paulo no começo do 2º turno é quase idêntica à do começo do 1º. Mas, se os técnicos não são iguais (no tratamento, afinal Ney Franco saiu como "vilão" e Muricy, faça o que fizer, é "herói"), o time do São Paulo continua o mesmo: fraco. Por mais que - heroicamente! - consiga vitórias aqui e ali. Sim, o time é fraco. E o Goiás provou, duas vezes, que é melhor.

Por estar na estrada (e sem rádio) justamente no horário da partida, não assisti a primeira derrota de Muricy. Mas li, hoje, que Rogério Ceni fez mais dois ou três milagres, como faz em todo jogo, antes de ser punido com o baita azar de empurrar a falta cobrada por Rodrigo para as redes, com as costas (o ex-goleiro Carlos, da Copa de 1986, deve ter dado um meio sorriso fatalista...). Pelo o que dizem, também, apesar do jogo ter sido quase modorrento, o ataque goiano produziu mais e foi recompensado no final. Parece que Welliton desperdiçou boa chance ao perder o ângulo na melhor chance dos paulistas e que, pra variar, Luís Fabiano, Osvaldo e Aloísio não fizeram absolutamente NADA. Mas o comentário é de que a dupla Ganso e Jadson nunca jogou tão bem. Isso é bom. Derrota para o Goiás fora de casa, para mim, já estava computada. Assim como será normal se perder, no campo do adversário, para Cruzeiro, Internacional, Santos ou Atlético-PR.


O São Paulo tem que colocar os pés no chão e conquistar os 18 ou 20 pontos salvadores. E a torcida tem que entender que o time briga pra não cair - e apenas isso. E que, se conseguir, será uma façanha e tanto, considerando a debilidade da equipe. Ganhar do Grêmio em casa é fundamental. Porque, como disse, será difícil evitar derrotas em vários dos confrontos fora de São Paulo, contra os times que seguem fortes no alto da tabela. Chegou a hora de Muricy dar uma "espinafrada" nos (improdutivos) atacantes. E voltar ao 3-5-2, para criar mais chances na frente. Maicon vai voltar e isso dá mais segurança às investidas de Ganso e Jadson. Nem tudo está salvo, mas nem tudo está perdido. É ter calma, reconhecer a própria fragilidade, jogar sério e garantir os pontos dentro de casa. Vamo, São Paulo!

domingo, setembro 22, 2013

Com sufoco desnecessário, Santos bate Criciúma e passa a ser o melhor paulista do Brasileirão

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Nos dias que antecederam a partida contra o Criciúma, aventou-se a possibilidade de Claudinei Oliveira, sem poder contar com Alison e Cícero, suspensos, armaria o time com três atacantes. Não foi o que aconteceu, com Renê Júnior e Leandrinho entrando na equipe, e Willian José pondo Gabriel no banco. Em entrevista à rádio Bandeirantes, antes da peleja começar, o treinador justificou dizendo que um dos motivos da entrada de Willian, que marcou o gol de empate contra o Grêmio no meio de semana, também era “manter a altura da equipe”, principalmente nas bolas paradas. Vê-se que o discurso defensivista está presente até quando entra um atacante...

Mas muito mais interessado em não tomar gol era o treinador catarinense Sílvio Criciúma. Tanto que adotou uma formação com três zagueiros e, entre contusões, suspensões e opções táticas, a equipe entrou com cinco alterações em relação à última partida. O Peixe pressionou desde o início, com Montillo mais inspirado e também muito em função de subidas constantes de Cicinho pela direita, tirando a sobra da zaga rival.

Willian José, efetivo quando finaliza (Foto Santos FC)
Não demorou para o Alvinegro abrir o placar, aos 19 minutos, em uma jogada de escanteio muito semelhante à do primeiro tento alvinegro contra o Internacional, só que do lado oposto. Montillo cobrou pelo lado canhoto, Gustavo Henrique deu uma casquinha e Thiago Ribeiro fez, posicionado no segundo pau. Antes, Montillo já havia acertado o travessão catarinense em cobrança de falta.

O segundo tento veio em lance do volante Renê Júnior, que, quando entra, tem tido boas atuações. Ele cruzou do lado esquerdo e Montillo conseguiu dominar, rolando para William José, aos 41, acertar de primeira uma bela finalização.

Para a segunda etapa, o Criciúma desfez o sistema com três zagueiros, com a saída de Matheus Ferraz e a entrada do volante Henik. Os vistantes adiantaram a marcação e passaram a marcar melhor no meio de campo, equilibrando a partida. Chegou a ameaçar duas vezes o gol peixeiro, exigindo uma grande defesa de Aranha em bola que tocou no chão e subiu e em uma saída de bola providencial do goleiro nos pés de Wellington Paulista.

Mas Claudinei “prendeu” Arouca, que ainda não está em condições físicas ideais, mais à frente dos zagueiros e compactou a equipe. Voltando a trocar passes e aproximar mais, os santistas retomaram o domínio e criaram chances, evitando o assédio do adversário. Mas, em lance isolado, uma cobrança de falta aos 34 minutos, o Criciúma marcou. Ironicamente, com uma casquinha do zagueiro Leonardo, marcado por … Willian José, aquele que entrou também com o objetivo de melhorar a marcação nas bolas áreas. 


Àquela altura, o Santos já não tinha Leandrinho, que fez boa partida, mas saiu para dar lugar a Renato Abreu, diminuindo a mobilidade do meio de campo. Observar o meia nas pelejas é um desafio à lógica do mero torcedor. Além da cobrança de faltas e/ou escanteios, ganha um doce ou uma cerveja quem descobrir a função que o meia exerce quando entra. Aos 37, o técnico alvinegro ainda sacou Montillo e Willian José, colocando Pedro Castro e Giva. Este último poderia ter facilitado a vida do já agoniado santista se tivesse aproveitado um lançamento de Thiago Ribeiro em que o jovem fez quase tudo errado: matou mal, contou com a sorte e pegou a bola de novo, quase perdeu, e finalizou pra fora, na cara do goleiro Helton Leite.

Ao fim, a marca do pragmatismo da vitória em um lance no qual o Santos ganhou dois minutos com cobranças curtas de escanteio e lateral no campo rival. Como definiu Montillo, o time tomou um “sufoco que a gente não pode tomar”, dado que o rival esteve dominado em parte dos 90 minutos e, mesmo atordoado, o Peixe não levou o Criciúma à lona. Parte pela ansiedade, parte por, talvez, uma preocupação excessiva em defender mesmo quando tem a possibilidade de matar a peleja. Mutia retórica defensivista às vezes causa esse mal, o hábito faz o monge, mas também o treinador e o jeito de jogar do time.

Agora, como melhor paulista do Brasileirão – o que não chega a ser aqueeela vantagem, dada a campanha dos coirmãos bandeirantes, o time tem pela frente o Náutico, em partida atrasada da 11ª rodada, na Vila. Tem a oportunidade de encostar no G-4, caso vença, chegando à 5ª colocação. Se não for vitorioso, já se sabe que o destino será o pelotão intermediário. O torcedor espera que o Santos lute até o fim, das partidas e também da competição.

sexta-feira, setembro 20, 2013

Luto: a diferença entre o verbo e o substantivo

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Luto pelo Brasil

Globo, ajudando a bater em que já está no chão.


Luto pelo Brasil

Globo, ajudando a bater em que já está no chão.



Veja também: 50 tons de luto
As melhores montagens para a foto das "atrizes em luto pelo Brasil"

Trago seu amor em 7 copos

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POR ELVIS CAMPELLO, de O Bar Virtual


Só que sem a azeitona, faça-me o favor.


Tome um chá quente por 3 motivos: Para você se acalmar, se recompor da ressaca e para queimar sua língua. Isso mesmo, queimar a sua língua! Quem sabe assim ela fica mais lenta que a sua cabeça e você passe a pensar antes de falar.

Chame uma amiga para tomar uma cerveja e conversar; pois mulheres entendem melhor umas as outras, muito mais que os homens possam entendê-las. Explique o que houve e peça conselhos para consertar o que você fez! Ouça com atenção se você quiser realmente reverter a situação.

Descanse, processe os conselhos passados pela sua amiga e somente quando se sentir seguro, ligue para o seu amor. Para não ficar encarando o telefone sem coragem de discar, tome uma cachaça! Não se intimide em virá-la na boca de uma só vez, este não é o momento para ficar analisando os aromas da cachaça, tentando descobrir “notas” da madeira onde ela foi envelhecida! A única madeira que interessa nesse momento é a sua “cara de pau” de ligar para sua ex depois do que você fez! Não procure aromas no copo, procure coragem!


Ela vai atender pois, apesar de ser mais nova é a “adulta” da relação. Diga que está arrependido e que quer preparar um jantar para você se desculpar e conversar com ela. Se ela aceitar, pule de felicidade e prepare-se, pois o jantar será amanhã.


Para acalmar a ansiedade, tome um Dry Martini, mas sem a azeitona! Se for para engolir algo com o drink, engula seu orgulho, isso te ajudará a pedir desculpas a ela! Ao tocar a campainha tire a garrafa do balde de gelo, pegue as taças e abra a porta! Abrace-a fortemente, engula à seco, estoure o Prosseco, peça desculpas olhando nos olhos dela. Explique que estava de cabeça quente, que os problemas o atormentavam e que ao invés de buscar forças nela, infantilmente descontou tudo nela! Prometa que tomará cuidado para que isso não se repita.


Leve-a até a cozinha, mostre que você preparou o prato que ela mais ama e que rodou a cidade inteira para comprar o vinho Merlot preferido dela, mesmo não harmonizando com o jantar, pois o que importa hoje é a harmonia entre vocês.


Durma agarrado a ela, fazendo cafuné! Levante bem cedo, antes dela e prepare o café! Acorde-a com um beijo, entregue a bandeja e diga que você quer que ela seja sua mulher.

Garanto que ela quer... 

Para ver o post no Bar Virtual, clique aqui 

O são-paulino Elvis Campello se autodefine como: bartender por profissão, professor por paixão, palhaço por vocação, botequeiro por opção, cozinheiro por falta de opção e escritor por enganação!

quinta-feira, setembro 19, 2013

Não nos resta outra alternativa...

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E, além de tudo isso, beber água (demais) também faz mal e pode até matar. Como nós não nos importamos com rato no bar (desde que ele não caia dentro do copo) e o álcool tem fama de exterminar germes e bactérias, BORA TOMAR UM GORÓ, cambada! Do jeito que a coisa vai, essa é a única atitude SUSTENTÁVEL!

Vitória no esquema 'MR': Muricy Ramalho/ Marcos Rocha

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Agora sim! Agora é possível comentar uma partida com trabalho substancial de Muricy Ramalho. Tudo bem que a Ponte Preta, primeira vítima deste segundo turno, venceu o Corinthians ontem; mas isso ocorreu muito mais pela péssima fase do alvinegro paulistano do que pelo futebol do time campineiro, que segue na zona de rebaixamento. E o Vasco, segunda vítima de Muricy, demonstrou que é o saco de pancadas da vez, ao perder novamente em casa, ontem, para o Vitória. Já o Atlético-MG, ao contrário, por mais que não esteja brigando lá em cima no Brasileirão, continua com o time-base que conquistou a Libertadores no primeiro semestre e o fantástico (e perigoso) quarteto ofensivo formado por Ronaldinho Gaúcho, Diego Tardelli, Jô e Fernandinho, que substituiu - e bem - o Bernard. Por isso, o 1 x 0 de ontem no Morumbi, apesar de sofrido, convenceu.

Mas é preciso salientar que outro MR, além de Muricy Ramalho, foi decisivo para a vitória sãopaulina: o lateral-direito Marcos Rocha. Trata-se de um jogador que eu gostaria MUITO de ver com a camisa do meu time. Sempre gostei do futebol desse cara e acho que ele tem grande importância no time de Cuca. Mas ontem, como é passível de acontecer com qualquer bom atleta, ele teve uma noite desastrada: se atrapalhou com o goleiro Victor no lance em que a bola sobrou livre para a cabeçada e o gol de Welliton (num lance muito parecido com o do gol de Amoroso que abriu o placar sobre o Atlético-PR na decisão da Libertadores de 2005) e depois, no lance mais inacreditável, desperdiçou o empate para os mineiros quando ficou com o gol livre, aberto, na pequena área do São Paulo - na sequência de uma linda jogada individual de Jô. Se tivesse marcado, a história seria outra...

O gol de Amoroso na decisão de 2005, contra o Atlético-PR...

...foi semelhante ao do gol de Welliton, contra o Atlético-MG

Por isso, o fator sorte também influiu para a terceira vitória consecutiva de Muricy Ramalho. O que não tira o mérito do treinador, de forma alguma. Ele entendeu, mais do que os antecessores, que o São Paulo tem quatro jogadores de alto nível (Rogério Ceni, Ganso, Jadson e Luís Fabiano) e o resto é bem sofrível. O time não tem laterais decentes e os volantes e zagueiros são bem meia-boca. Assim, o time tomava muitos gols pelos lados do campo e não tinha saída de bola nem ligação segura da defesa com o ataque. Ney Franco confiava em Wellington para sair jogando, sem sucesso. Paulo Autuori elegeu Fabrício, também sem sucesso. Muricy percebeu que os zagueiros do Tricolor não seguravam o rojão quando um dos volantes avançava. Logo, criou um esquema híbrido, com dois "líberos", ou melhor, "zagueiros/volantes".

O novo São Paulo, de Muricy, joga com apenas um zagueiro quando está com a bola (Antonio Carlos, com o lateral-direito/zagueiro Paulo Miranda na sobra) e com três quando ela está com o adversário (Rodrigo Caio volta para compor a zaga e Denílson se transforma em cabeça-de-área). Assim, quando está se defendendo, o time não fica tão exposto nas laterais. E, quando recupera a bola, aparecem três opções para ligar o meio com o ataque: Rodrigo Caio, Denílson e Maicon. Eles conseguem acionar Ganso, pelo meio, ou Reinaldo/ Welliton, pela esquerda, ou Jadson pela direita. E, daí, a bola chega em Luís Fabiano (que, quando perde o lance, tem Jadson e Welliton entrando na área para pegar o rebote). Palmas para Muricy Ramalho! Ele conseguiu o improvável: um esquema pragmático para o limitado São Paulo.

O resultado, mais do que as três vitórias consecutivas, é que o time ainda não sofreu gol neste segundo turno e, mais importante, está criando mais finalizações no ataque. Sim, a defesa continua tomando sufoco quando o adversário resolve reagir, mas agora a gente vê um "sistema de emergência" mais definido, em vez daquele "balaio de gato" que era o time no primeiro turno. Ou seja, temos um esquema defensivo planejado, temos proteção nas laterais (os setores mais carentes do time), temos saída de bola consistente, temos um esboço de funcionamento do ataque. Excelente. É claro que derrotas virão, elas são praticamente inevitáveis num campeonato em que Cruzeiro, Botafogo, Atlético-PR e mesmo o Goiás, sem esquecer Coritiba e Grêmio, estão muito bem. Se perder, é ter calma e paciência. Muricy sabe muito bem o que faz.

quarta-feira, setembro 18, 2013

Tática "bumba meu boi" no futebol alemão

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Deu no Uol. O Leipzig, da Alemanha, inventou uma tática de ataque logo na saída de bola que deixou torcedores perplexos e adversários indignados, parafraseando um ex-presidente. Durante a partida contra o Stuttgart II, válida pela terceira divisão alemã, a equipe adotou uma formação com dois defensores e oito jogadores no ataque, conseguindo um gol em sete segundos. Percebe-se uma leve inspiração na saída de jogo do futebol americano. Ou não. Confiram e tirem suas conclusões.

Seis motivos para investir em reportagem

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A Agência Pública realiza, até dia 21 de setembro, uma campanha para levantar R$ 47,5 mil para financiar o projeto Reportagem Pública. As valentes Natália Viana e Marina Amaral comandam a ação de crowdfunding, para juntar o recurso necessário para custear 10 microbolsas que permitam que jornalistas realizem reportagens sobre temas variados. São coberturas que, se não existirem por uma iniciativa como essa, de uma organização social desvinculada de empresas privadas e mesmo de órgãos de governo, dificilmente poderiam entrar na pauta.

Por meio da plataforma de crowdfunding Catarse, qualquer dois reais são bem-vindos. Mas todos que injetarem R$ 20 ou mais transformam-se em corpo editorial da Agência Pública, tendo direito a voto entre os concorrentes.

Pensando em meios objetivos de poupar R$ 20 ou mais e mantendo uma tradição do Futepoca, listamos:

6 motivos para apoiar a Reportagem Pública

Com 3 cervejas ou mais, ajudo a revelar malfeitos dos governos
1 cerveja no bar = R$ 6,50 ou mais
Condução questionável das obras de hidrelétrica já mudam a realidade do rio Santo Antônio, em Rondônia. Na hora de criar um bem-vindo corredor de ônibus expresso com a Zona Oeste, a prefeitura do Rio derrapou na Transoeste. Se deixar para a velha mídia investigar, só alguns alvos são escolhidos de cada vez. Certamente vão surgir denúncias de erros de gestão e outros mal-feitos de órgãos e instituições públicas. Criticar também ajuda a cobrar melhorias.

Com 5 cafés ou mais, ajudo a cobrar um legado melhor da Copa
1 café chique = R$ 3,00 ou mais
Com os campeões da periferia em São Paulo ou com a revitalização da Lagoa da Pampulha, em Belo Horizonte (MG), o tema da Copa do Mundo e seu legado está quicando na área. Certamente não serão poucas as propostas de pauta tendo o megaevento esportivo como cerne. Ainda que a Copa seja um momento e tanto para a vida dos brasileiros, torcer (também) por melhores legados é sempre bom.

Com 4 cachaças ou mais, ajudo a desmoralizar a Globo e a velha mídia
1 doses de cachaça artesanal no bar = R$ 5,00 ou mais
Se tem rolo entre quem vende e quem compra direito de transmissão da Copa do Mundo, se a crise da velha mídia gritante, há história para se contar. Como empresa nenhuma toparia pagar para alguém apurar essas mazelas, quem sobra?

Com 2 comerciais/PFs ou mais, ajudo a denunciar a violência contra a mulher
1 PF no restaurante ao lado da firma = R$ 12,00 ou mais
As marcadas para morrer e as vítimas ao parir a vida são mulheres, alvo de violência. Mesmo assim, nem sempre são visíveis como deveriam.

Com 10 passagens de ônibus ou mais, ajudo a descobrir onde está o Amarildo
1 passagem de ônibus em Brasília = R$ 2,00 ou mais
Desaparecido na Rocinha desde 14 de julho, Amarildo de Souza, ajudante de pedreiro, é símbolo dos questionamentos às Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) no Rio de Janeiro. Entre o "suspeito de tráfico de drogas" e o "homem desaparecido", demora até saber que se trata de um dos 12 filhos de uma mãe; do marido de casamento de 20 anos; do do pai de seis... Alguém precisa contar.

Com 5 dúzias de banana, ajudo a protestar contra o latifúndio
1/2 dúzia de banana = 1 kg = R$ 2,00
Criticar a forma como a reforma agrária chegou ou denunciar o trabalho escravo no campo. Saúde do trabalhador também tem a ver com produção de cana-de-açúcar para fazer etanol. Poderia haver menos riscos e menos exposição a doenças.

Para apoiar a Reportagem Pública, basta acessar catarse.me/pt/reportagempublica.

O Futepoca já fez a sua doação em dinheiro de uma boa quantidade de cervejas.

terça-feira, setembro 17, 2013

O melhor do Maracanã: CERVEJA!

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Novo Maracanã: a visão geral, na saída do túnel para a arquibancada, é inesquecível
Apesar do calor, a brisa gostosa do sábado, no Rio de Janeiro, convidava para um passeio noturno. Meus pais, Chico e Nair, haviam acabado de desembarcar pela primeira vez em terras cariocas. No reformulado Maracanã, jogariam Fluminense e Portuguesa pelo Brasileirão, às 21 horas. Convidei meu pai, Chico Palhares, para conhecer o estádio - onde eu também nunca tinha ido. É claro que o convite foi aceito no mesmo segundo, afinal, além de ser fanático por esportes, S.Chico é desenhista profissional e já projetou um estádio de futebol, o Taquarão, em minha cidade natal (escrevi sobre isso neste post aqui). Sua curiosidade era ver como ficou o novo Maracanã para a Copa de 2014.

Chico Palhares na frente do estádio
Chegamos em cima da hora e, quando íamos à bilheteria, três cambistas nos abordaram com aquela velha lábia de "evitar fila". Chequei os bilhetes, vi que não eram falsos (há marca d'água em alumínio e outros detalhes difíceis de reproduzir), paguei R$ 30 cada um e entramos. Olhando com atenção, notei que eram entradas "exclusivas" para sócios-torcedores do Fluminense, pelo preço unitário de R$ 10. Tudo bem, eles lucraram, nós pagamos um preço considerado justo (eu esperava pagar bem mais) e entramos rápido no estádio. Ali, S.Chico já se admirou da altura das arquibancadas e da extensa - e larga - passarela que nos levou ao nível 2, atrás do gol, onde ficaria a torcida tricolor. Havia bom público: 19 mil pessoas e 15 mil pagantes.

Na saída da passarela há bons e modernos banheiro e lanchonete. O impacto da visão geral do Maracanã, ao sair do túnel e chegar à arquibancada, é inesquecível. Não sei como era antes, mas o novo estádio impressiona, de fato. S.Chico elogiou a cobertura e os refletores. Há quatro telões gigantescos, que transmitem a partida ao vivo (mas não há replay de lances nem tempo de jogo). S.Chico só criticou o "arremate" da obra: muretas visivelmente tortas, falta de acabamento nos pequenos detalhes, enfim, resumo de um estádio reconstruído às pressas. Meu pai tem 81 anos e é do tempo em que, como ele comentou, "se é pra fazer, tem que fazer direito". Ele também reclamou da nova cadeira, dobrável - muito resistente, mas que dá dor nas costas. Após 90 minutos, também senti o incômodo.

Um dos quatro gigantescos telões
De qualquer forma, a visão do campo (e do jogo) é muito boa e, com a bola rolando, dá pra notar que a moldura do Maracanã melhora qualquer partida, por mais sofrível que seja. Nem foi o caso do jogo de sábado, no qual a Lusa partiu pra cima nos 20 primeiros minutos e, depois, o Fluminense inverteu e passou a pressionar. Quando o gol carioca parecia questão de tempo, uma bola foi alçada na área pelos paulistas e encontrou a cabeça de Diogo: Portuguesa 1 x 0. Eu e meu pai queríamos um empate, o melhor resultado para o nosso São Paulo, e por isso nossos xingamentos na hora do gol ajudaram os torcedores do Flu que nos rodeavam a pensar que torcíamos para o time deles...

No intervalo, acostumado que sou com (a ditadura nos) estádios paulistas, disse ao meu pai que ia buscar refrigerantes. Pouco antes da lanchonete, encontrei um vendedor ambulante cercado por torcedores, que vendia refrigerante e cachorro-quente (estocados em isopor). Ao me aproximar, nem acreditei: havia uma pilha de latas de cerveja! Ah, que maravilha! É incomparável assistir futebol no estádio com uma loira estupidamente gelada na mão! Voltei para perto do S.Chico e ele, franzindo a testa, perguntou: "Que refrigerante carioca é esse, que faz tanta espuma?" Quando percebeu que se tratava do bom e velho "líquido sagrado", abriu um grande sorriso. Pai e filho brindaram a visita ao Rio e ao Maracanã. O melhor do estádio, no final das contas, foi mesmo a cerveja!

É incomparável assistir futebol no estádio com uma loira estupidamente gelada na mão!
Para terminar, Luxemburgo fez duas substituições que tiveram efeito imediato e o Fluminense virou o jogo. Após o apito final, deixamos a arquibancada tranquilamente e chamou minha atenção a atitude de um adolescente tricolor ajudando meu pai a subir as escadas. Havia muitos idosos, mulheres e crianças na torcida do Fluminense, o clima era bem familiar. A dispersão na passarela flui sem problemas. Quando os cariocas começaram a gritar "Neeenseee...", comemorando a vitória de virada, S.Chico observou: "Eles estão me imitando!" E soltou seu grito tradicional para o Clube Atlético Taquaritinga: "Caaaaatêêêê..." (veja nesse post aqui). Os tricolores do Rio não entenderam nada...

Visão do campo é muito boa, mesmo atrás do gol
'CAÔ' NO TAXISTA - Na volta, pegamos um táxi. Minha esposa Patricia, carioca, tinha dito para indicar o caminho e ficar esperto, pois os taxistas costumam esticar o trajeto. Entrei no carro e caprichei no meu (porco) "carioquêisshh": "Belê, mermão? Vamo pra Copa, avenida Nossa Senhora, bem atrás do Palace. Pega Rebouças e Túnel Velho." O motorista estava ouvindo o comentário esportivo no rádio e mandou: "Eaê, foi ver o NOSSO Fluzão vencer?" Meu pai, no banco da frente, não abriu o bico. Eu, atrás, engatei a cara de pau: "Só alegria! Fluzão mandou bem!" Aí o cara animou na conversa e falou bem de uns jogadores, mal de outros - e eu confesso que nunca tinha ouvido falar de muitos deles... Forçando o sotaque carioca, critiquei o Luxemburgo, que devia ter começado o jogo com a formação que terminou, logo de cara, e o lateral Carlinhos (que jogou mal e que é realmente odiado pelos tricolores cariocas que eu conheço). E ainda "intimei": "Aê, amanhã é torcer pro Vasshhco vencer o São Paulo!" O taxista concordou com tudo e, feliz com o passageiro "torcedor" de seu time, seguiu direitinho até o nosso destino. Depois da corrida, S.Chico riu muito.

O filho brindando com o pai, aquele que o ensinou a gostar de futebol: 'Saúde e vida longa!'

segunda-feira, setembro 16, 2013

4-4-2 de emergência e vitória muito importante

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Sem o volante Denílson, expulso no jogo contra a Ponte Preta, Muricy Ramalho passou Rodrigo Caio para o lugar dele e jogou com dois zagueiros na partida de ontem. Mas, dessa vez, preferiu deslocar Paulo Miranda para a lateral-direita e testar Rafael Tolói como companheiro de Antônio Carlos na zaga. O resultado foi que, assim como ocorria nos tempos de Paulo Autuori e Ney Franco, o time tomou sufoco pelas laterais e o ataque não criou a mesma enxurrada de finalizações como havia feito no jogo anterior. Mas, como "se não tem tu, vai tu mesmo", o time acertou a marcação e a saída de bola no meio, com Ganso e Maicon (dupla que vai se firmando) e conquistou o 2 a 0 em bolas paradas, depois de dois escanteios batidos por Jadson.

Aos 30 da primeira etapa, a bola encontrou a cabeça de Rodrigo Caio e morreu nas redes vascaínas; e, aos 24 da etapa final, o goleiro Diogo Silva errou ao rebater para trás e o zagueiro Antônio Carlos só empurrou para o gol. Vale destacar que o escanteio, no segundo gol, saiu de uma finalização errada de Luís Fabiano após excelente contra-ataque puxado por Welliton. Ou seja, além de dar opções táticas (3-5-2 ou 4-4-2) e técnicas (bolas paradas quando o ataque não funciona) ao time, Muricy também recupera atletas para posições carentes, como a lateral-direita (testou Caramelo) e a ponta-esquerda (Welliton). Assim, o São Paulo vai ganhando cara de "time", algo que não ocorria desde dezembro.

Muricy já adiantou que, contra o forte Atlético-MG, no Morumbi, retornará ao 3-5-2 (Denílson volta como volante e Rodrigo Caio vai para a zaga). É correto. A defesa fica mais protegida e o ataque, mais solto. Maicon merece a titularidade.


Bom, no frigir dos ovos, o que importam são os três preciosos pontos trazidos do Rio de Janeiro. Li em algum lugar que, no segundo turno, o São Paulo precisaria de 27 pontos para escapar do rebaixamento - o que, somados aos 18 pontos do primeiro turno, completaria 45 pontos, um limite mais ou menos salvador. Se essa conta for procedente, já matamos seis pontos e precisaríamos ainda de 21: sete vitórias ou, em outra hipótese, seis vitórias e três empates nos 17 jogos restantes (o que deixaria uma boa margem para oito derrotas, quase o mesmo número do primeiro turno). É uma campanha plausível. Porque será difícil evitar derrotas jogando fora de casa contra o líder Cruzeiro, o forte Atlético-PR, Internacional, Goiás e Santos, por exemplo (afinal, todos nos venceram dentro do Morumbi).

Dentro de casa, também, não será uma zebra perder para o Botafogo. Por isso, vou fazer aqui os palpites das seis (possíveis) vitórias e de três (possíveis) empates que poderiam salvar o São Paulo da Série B e consagrar de vez Muricy Ramalho:

Vitórias
São Paulo x Grêmio (29/09)
São Paulo x Vitória (06/10)
São Paulo x Náutico (16/10)
Bahia x São Paulo (20/10)
São Paulo x Portuguesa (03/11)
São Paulo x Flamengo (13/11)

Empates
São Paulo x Corinthians (13/10)
Fluminense x São Paulo (17/11)
Criciúma x São Paulo (01/12)

Sim, o exercício de "futurologia" ou "palpitologia" pode dar completamente errado, com derrotas (e vitórias) inesperadas. Mas não acho que seja uma campanha tão impossível. Sonhar não custa nada... Vamo, São Paulo!

domingo, setembro 15, 2013

Santos perde invencibilidade de mais de um ano na Vila Belmiro

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Há algum tempo se falava muito entre comentaristas políticos sobre um tal “liturgia do cargo”. Significava, grosso modo, que um presidente da República deveria respeitar certos protocolos e rituais, assim como ministros, deputados, senadores, juízes do Supremo etc e tal, para fazer jus e honrar a função. 

No Santos, a camisa que abrigou o maior jogador da História deveria merecer algum respeito. Claro que provavelmente nunca vai haver alguém que chegue perto do Rei, mas pelo menos o dez poderia ser um meia ofensivo. Outro dia, um volante-volante, Alan Santos, entrou no gramado com a camisa sagrada. Hoje, Renato Abreu entrou com ela. Não podia dar certo.

Não sei se foi a heresia que castigou a equipe ou se a esquizofrenia do pragmático Claudinei Oliveira. Sim, pois este deixou o retranquismo de lado quando estava atrás do placar na etapa final. De um meio de campo com dois volantes, Alison e Renato Abreu, e outro par de meias quase volantes, Cícero e Leandrinho, passou a certa altura para uma equipe com quatro atacantes. Não, não podia dar certo...

O Santos criou mais e jogou melhor no primeiro tempo. Thiago Ribeiro, mesmo mostrando um indisfarçável cansaço, perdeu duas chances, uma delas preciosa como a desperdiçada diante do Flamengo já no fim da última partida. Gabriel, titular, afobado, até levou perigo, mas fez opções erradas demais, cenário que se tornaria uma constante na sua atuação no tempo final. E foi por não ter acompanhado a descida do lateral rival Júlio César, função incumbida a ela por Claudinei, que saiu o gol carioca na etapa inicial.

Depois do tento de Elias, aos 38, o Peixe nada fez. No intervalo, esperava-se ao menos uma substituição do treinador santista na meia, onde dois jogadores estavam perdidos: Renato Abreu e Leandrinho, este, com deficiência crônica de passe, o que é crucial no sistema de jogo peixeiro. Mas o treinador não mexeu... E foi castigado.

Aos 10 da etapa final, mais uma vez Elias marcou. Quem puder ver a “movimentação” de Renato Abreu no lance nem precisa acompanhar o resto da peleja pra saber o quanto o técnico se equivocou ao não tirá-lo antes. Saiu três minutos depois, para a entrada de Neílton. Cícero, sempre ele, artilheiro da equipe, fez um belo gol aos 21 e até deu a impressão de que o Santos poderia empatar ou até virar. Mas o time foi alterado novamente. Saiu Alison, aos 24, um dos melhores do time, para a entrada de Arouca, que voltava de contusão. Dois minutos depois, finalmente Leandrinho deixou o gramado para dar lugar a Everton Costa.

Time ofensivo, com quatro atacantes. Onde? O problema da equipe era o meio de campo, setor castigado pela falta de inventividade desde a saída de Montillo, contundido,contra o Grêmio pela Copa do Brasil. Testou-se, sem muito afinco, Léo Cittadini e Pedro Castro na função em jogos anteriores. Léo, que deixou a lateral pra se tornar meia, até entrou bem no segundo tempo contra o Internacional, mas não parece opção válida para Claudinei. Assim, resta a ciclotimia: ou entra um meia quase volante ou um atacante. Deu no que deu.

As substituições mataram o Santos, que não conseguiu articular uma jogada ofensiva que prestasse. Um exemplo acabado do que não fazer para tentar ganhar uma partida. Tranquilo, o Botafogo até foi dispersivo nos contra-ataques, mas estava confortável com o ataque esquálido do time da Vila. Se não forçou, foi porque não precisou.

Claro que se deve levar em conta a quantidade de jogos em pouco tempo, mas a interferência do treinador hoje foi decisiva para que a equipe não fizesse quase nada na segunda metade do segundo tempo e fosse tão frágil no meio de campo na etapa inicial. Além disso, uma quebra de mais de um ano de invencibilidade na Vila Belmiro também dói mais no torcedor. É pragmatismo demais pra quem se acostumou a sonhar.

sexta-feira, setembro 13, 2013

Santo remédio!

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Afastado por "licença médica", o ministro do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, observa à distância a possibilidade de novo julgamento dos réus do "mensalão" e, para o seu (alegado) "problema crônico na coluna", toma um "remédio" numa "farmácia", em Brasília:

No clima seco do cerrado, Barbosa 'molha a palavra' (Foto: Ed Ferreira/AE)

13 de Setembro: Dia Nacional da Cachaça

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O 3-5-2 é bem vindo, mas não fará milagre

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Caramelo é opção na lateral
Não, não vou entrar na euforia da torcida pela vitória por 1 x 0 contra a Ponte Preta, na primeira partida de Muricy Ramalho em seu retorno ao São Paulo. O adversário vive momento muito semelhante ao do Tricolor, completou sete derrotas seguidas e não criou as dificuldades que, com certeza, os próximos jogos vão trazer. É preciso calma com o "milagre Muricy", porque todo mundo sabe que novas derrotas podem transformá-lo em "conto do vigário". Por isso, "devagar com o andor"...

Mas quero, nesse post, saudar as primeiras providências de Muricy dentro de campo, que interessam até mais do que o resultado. E três delas, decisivas para volume de jogo apresentado (16 finalizações nos 90 minutos), eu já tinha sugerido antes aqui no Futepoca: a mudança para o esquema 3-5-2 (liberando os laterais, que não sabem marcar, para municiar o ataque), a volta de Paulo Miranda para a zaga e a efetivação de um lateral-direito de origem (Caramelo) - que não seja o péssimo Douglas.

Cuca implantou o 3-5-2
Em sua passagem anterior pelo São Paulo, Muricy sofria muitas críticas pela manutenção, por anos a fio, do esquema com três zagueiros. À imprensa, ele sempre respondia: "Não é, necessariamente, um esquema 'retranqueiro', defensivo. É uma segurança maior para quando o time não está com a bola, mas, quando temos a posse dela, todo mundo ataca." Bom, nem sempre isso dava certo. Mas, sem dúvida, a defesa era muito menos vulnerável naqueles tempos - vide Brasileirão de 2007.

O sistema 3-5-2 foi implantado por Cuca em 2004, numa época em que o São Paulo vinha de três temporadas decepcionantes, com eliminações na reta final de várias competições - algo parecido com o que ocorre com o time de 2009 para cá. O Tricolor era chamado pelos adversários - e pelos próprios sãopaulinos, após a eliminação na Libertadores de 2004 - de "amarelão" e "pipoqueiro". Com dois laterais muito ofensivos, Cicinho e Júnior, Cuca decidiu reforçar a zaga com três jogadores.

Mineiro e Josué: bons tempos...
E deu muito certo, tanto que o esquema foi mantido nas conquistas de Emerson Leão (Campeonato Paulista) e de Paulo Autuori (Libertadores e Mundial) em 2005, e de Muricy (Brasileirão) entre 2006 e 2008. Ontem, contra a Ponte Preta, os três zagueiros permitiram proteção suficiente para soltar mais os meias e os atacantes na frente. Mas, ainda assim, o time tomou sufoco. E por quê? Porque, hoje, não temos uma dupla de volantes como Mineiro e Josué. Assim, o esquema fica "manco".

Além disso, os laterais Caramelo (ou Douglas) e Reinaldo (ou Clemente Rodríguez) não têm nem 10% da qualidade e da efetividade que tinham Cicinho e Júnior para municiar o ataque e recompor a defesa. Portanto, mesmo que Muricy esteja adotando uma tática correta de emergência, a fragilidade do elenco sãopaulino demonstra que ele vai "suar sangue" para estabilizar o time. No ataque, por exemplo, se Luís Fabiano precisa perder 50 gols para fazer um, o (grande) volume de finalizações apresentado precisa aumentar!

Resumo: o Muricy está certo, mas não faz milagres. O elenco é fraco e mesmo as "estrelas" - Ganso, Jadson, Luís Fabiano - não mantém regularidade e não rendem, há muito tempo, aquilo o que os torcedores e os treinadores esperam deles. Não é todo dia que teremos Náutico ou Ponte dando sopa. É preciso ter calma, paciência. E não se abater com a próxima (e inevitável) derrota, como ocorreu contra o Criciúma. Fé! E "vamo", São Paulo!


quinta-feira, setembro 12, 2013

Exatamente

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“Está igual ao sujeito que reza para o santo e não dá certo. Ele joga fora o santo e reza para outro. O problema é o pecado. Quando o pecado é grande, não há santo que resolva. Temos que começar a pensar se o tamanho do pedido não é maior do que o santo. Não é o santo Muricy que vai resolver todos os problemas. Eu até espero que resolva, porque o São Paulo não merece cair.” - Marco Aurélio Cunha, ao programa "Disparada no Esporte", da Rádio Gazeta AM.

O 'leitinho' das crianças

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Num site sobre recriação de fotos da infância (acesse clicando aqui), um pai dedicado demonstra como evoluiu a "alimentação" de seu querido pimpolho com o passar dos anos:


quarta-feira, setembro 11, 2013

Tem sempre o dia em que a casa cai...

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Benito quer 2,5 mas Metrô oferece só 1,1
Depois de desviar pelo menos R$ 425 milhões dos cofres público com um esquema de corrupção no metrô de São Paulo, o governo do PSDB quer usar a mesma companhia de transportes para tirar mais R$ 1,4 milhão do músico, cantor e compositor Benito di Paula. Isso mesmo: segundo notícia do site G1, o artista terá sua casa no Morumbi, na Zona Sul de São Paulo, desapropriada para as obras da Linha 17-Ouro. Ele e outros quatro vizinhos do mesmo quarteirão reclamam do valor pago pelos imóveis que, segundo os moradores, está abaixo do preço de mercado. Segundo Benito di Paula, o valor de sua casa estaria em torno de R$ 2,5 milhões.
“Recebi um comunicado dizendo que ia ser desapropriado no valor de 500 e poucos mil. O que eu compro com R$ 500 mil? Não compro nada. Aí eles melhoraram e o valor passou para R$ 1,1 milhão”, contou o artista.
A propriedade onde o artista vive há 28 anos, que está no trajeto previsto do monotrilho, tem 391 m² de área construída e um terreno com área total de 538 m², incluindo um estúdio musical. Irritado, Benito di Paula parece dar na música abaixo um recado ao governo de Geraldo Alckmin, gerente da Companhia do Metrô, de que o seu povo é pacífico, mas é melhor não ameaçar com despejo:

"A turma lá de casa é toda bamba
Não é de briga, mas é de amargar...
"




Santos pragmático vence Internacional fora de casa

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Eu sei que o DNA do Santos é jogar bonito, mas a torcida não gosta de ver o time namorando com a zona de rebaixamento, gosta de ver namorando com o g4. A gente tem que buscar coisa grande. Às vezes os jogadores que tem essa qualidade técnica, mas não tem rodagem, sentem um pouco.”

Era com essa declaração que o técnico Claudinei Oliveira assumia, após a partida contra o Goiás, início da maratona de quatro partidas em oito dias do Santos, sua opção por um esquema de jogo mais, digamos, cauteloso. Ontem, contra o Internacional, em Novo Hamburgo, tal opção estava evidente desde o início. Sem poder contar com Montillo e com Pedro Castro e Léo Cittadini não tendo ainda convencido, o meio de campo tinha os volantes Alan Santos e Alisson, e os “meio-volantes” Cícero e Leandrinho.

É preciso entender o contexto de transição do time, e Claudinei, ex-técnico da base, conhece o potencial dos jogadores que tem em mãos e sabe que alguns ainda vão precisar entrar em campo mais vezes para ganharem confiança. Contudo, às vezes o treinador exagera no defensivismo quando atua fora de casa, como ocorreu na partida contra o Bahia. Ontem, no entanto, teve a seu favor com a inteligência de Thiago Ribeiro à frente, decisivo nos lances capitais do jogo.

Além disso, Claudinei contou com o que talvez possa se chamar de sorte, pelo menos na peleja de ontem. Alan Santos se contundiu e deu lugar a Renê Júnior, volante que apareceu bem no início do ano mas logo foi preterido por Muricy, nunca mais voltando a atuar da mesma forma. Mais rápido que o jovem, Renê jogou uma partida interessante, a despeito de errar um ou outro passe, e deu opção de saída de bola para o Alvinegro.

Até o meio do primeiro tempo, o Internacional tentava, mas não conseguia criar oportunidades diante da sólida marcação santista. O Peixe também não criava, tocava a bola e mantinha o controle, tanto que terminou o primeiro tempo com 55% de posse da redonda. Mas, exceção feita a uma chance logo aos 2 minutos, com Giva, os visitantes eram pouco efetivos à frente, o ataque seguia isolado. Tanto que o primeiro gol saiu de um lance no qual Giva, que sairia minutos depois também contundido, cavou um escanteio por pura falta de opção do que fazer com a bola, lembrando o lendário atacante pela ponta irlandês Duff, craque nesse tipo de arte. E, da jogada, saiu o gol. Cícero deu uma casquinha e Thiago Ribeiro fez um gol de centroavante-centroavante.

Thiago Ribeiro comemora com Alison (Reprodução)
A equipe continuou trocando passes e os donos da casa sofriam com um meio de campo pouco criativo, dependente de D'Alessandro. Mesmo assim, criaram uma boa chance, uma finalização de dentro da área de Otávio, defendida magistralmente por Aranha. O arqueiro ainda salvaria o Peixe direcionando uma bateria antiaérea contra o bombardeio colorado na área no fim da etapa inicial, um temporal de chuveirinhos.

Estrela de Claudinei e pênalti questionável

Dunga voltou com o mesmo time para o tempo final, mas logo promoveu duas mudanças: colocou Caio na vaga de Scocco e o meia Alex no lugar do volante Jackson. O Colorado veio pra cima, principalmente à base de cruzamentos, e tornou o clima tenso para o torcedor peixeiro, comandando as ações da peleja. Mas, aos 20, Thiago Ribeiro sofre falta. Claudinei faz sua última substituição, a primeira “não forçada”, e coloca Renato Abreu no lugar de Leandrinho. No primeiro toque na bola, na cobrança da falta aos 21, Abreu contou com a barreira malfeita dos donos da casa para fazer o segundo, seu primeiro pelo Alvinegro.

O que se viu depois disso foi um Internacional desnorteado. A afobação, combinada com uma “pilha a mais” que às vezes caracterizava a seleção treinada por Dunga, em especial naquela partida contra a Holanda, piorou e o jogo dava mostras de favas contadas. Até o juizão Marcelo de Lima Henrique ver um pênalti, aos 30, na disputa de bola entre Alison e Caio, com a bola resvalando na cabeça do atacante gaúcho e tocando seu braço. O comentarista Batista, no PFC, justificava o pênalti dizendo que a bola “ia em direção ao gol” (ia mesmo, fraca). Mas o que diz a regra?

Será concedido um tiro livre direto a equipe adversária se um jogador comete uma das seguintes seis (06) faltas de uma maneira que o árbitro considere imprudente, temerária ou com o uso de uma força excessiva:

(…)
- tocar a bola com as mãos deliberadamente (exceto o goleiro dentro de sua própria área penal).

Sobre o tema, esse post do ex-árbitro Leonardo Gaciba, para ser mais didático:

Vamos aproveitar e “matar” algumas lendas que foram criadas para a interpretação de mão. NÃO EXISTE ABSOLUTAMENTE NADA ESCRITO a respeito de:
- Falta pois desviou a bola que iria em direção ao gol;
- Falta pois se a mão não estivesse ali a bola passaria ou ficaria para outro jogador;
- Os braços estavam abertos. Então foi mão;
- Ele foi imprudente no lance por isso deve-se marcar mão;

Nesse outro post, Gaciba ainda completa:

A FIFA colocou nas interpretações das regras do jogo e diretrizes para árbitros o seguinte texto auxiliar para facilitar a compreensão do que é mão deliberada.
Lá está escrito que o árbitro deverá considerar as seguintes circunstâncias:
- O movimento da mão em direção a bola (e não da bola em direção a mão);
- A distância entre o adversário e a bola (bola que chega de forma inesperada);
- Ainda, lembra que a posição da mão não pressupõe necessariamente uma infração (deve-se analisar se o movimento ou a posição dos braços são naturais, forçados pelo deslocamento no campo de jogo ou se ali estão em uma ação de defesa);



Ou seja, Alison já subiu com o braço levantado, movimento natural de quem vai para o cabeceio, entender que ele fez um movimento intencional em um átimo de segundo após a bola resvalar em sua cabeça é muita interpretação pra qualquer um... Mas tudo bem, lance difícil, tem que se tomar a decisão na hora e numseiquelá numseiquelá numseiquelá.

Voltemos ao jogo. D'Alessandro cobrou e fez. O Inter voltou pra partida de corpo e alma e passou a acuar os visitantes, que antes já estavam colocando o pé na mesa de centro da sala e agora ficavam confinados na cozinha. E é aí que aparece novamente Aranha. Em uma bola mal recuada por Cicinho, Leandro Damião chega cara a cara com o goleiro que faz uma saída mais que perfeita evitando o gol.

Com a entrada de Rafael Moura, aos 35, Dunga consolidou a opção preferencial por cruzamentos incessantes na área santista para buscar o tento de empate. Até porque, na hora do aperto, todo mundo apela para um pouco de Muricybol... Foram 40 cruzamentos colorados na partida, 33 errados, contra 6 do Santos, de acordo com o Footstats.

A peleja ainda reservaria a expulsão do arredio Fabrício, uma chance desperdiçada por Caio e uma bola na trave de Thiago Ribeiro. Em resumo, contaram para o Santos ontem a estrela/sorte do técnico, o jogo taticamente perfeito de Ribeiro e a grande forma de Aranha. Agora, ainda com uma partida a menos a ser disputada contra o Náutico, o Santos está em sétimo lugar, a seis pontos do G-4 e distante nove da zona de baixo. Vitória parcial do estilo pragmático.